Estudo de Caso - Psicopato - Isa, Gio, Cida e Julia

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – PSICOLOGIA

Disciplina: Psicopatologia Infanto juvenil


Professora: Mariajosé Louise Caro Schulz
Acadêmicos (as): Giovanna Lemos Coppi, Isabella Correa Carvalho, Maria
Aparecida Magalhães e Juliana Lima
Data: 27 de setembro de 2023

ESTUDO DE CASO
MARIA

1) Quais são os fatores de risco que podem ter contribuído para o aparecimento dos
sintomas de Maria? (2.0 PONTOS)

R: Diversos fatores de risco podem ter contribuído para o surgimento dos sintomas
de Maria. A proteção excessiva por parte da mãe, pode ter limitado as
oportunidades no desenvolvimento da autonomia de Maria, o que acabou gerando
uma certa tensão entre os pais, adicionando um elemento de estresse à vida da
adolescente.
A baixa autoestima, ao entrar nessa fase da vida, é um fator relevante, pois, essa
fase é propensa ao desenvolvimento de distorções de imagem corporal e ansiedade
social. Além disso, a mudança de escola no ensino médio pode ter sido um evento
estressante, agravando possíveis sentimentos de inadequação e dificultando a
adaptação social.

2) Com base no DSM 5 (ou DSM 5 -TR) defina se o caso de Maria preenche os
critérios para uma hipótese diagnóstica. Relacione os sintomas de Maria com os
critérios do diagnóstico. (4.0 PONTOS)

R: Considerando os sintomas relatados por Maria, uma hipótese diagnóstica


possível seria o Transtorno de Ansiedade Social. Os critérios do DSM-5 (APA, 2014)
para esse transtorno que se assemelham aos sintomas apresentados são:

A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em


que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos
incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas
que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e
situações de desempenho diante de outros (p. ex proferir palestras) - A
paciente apresenta extremo nervosismo ao ser exposta em situações sociais
que possa estar sendo avaliada por terceiros, como relatado por ela, quando
é questionada por algum professor em sala de aula.
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que
serão avaliados negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor;
provocará a rejeição ou ofender a outros) - Relacionado ao tópico A, ela teme
agir de forma que resulte em uma avaliação negativa, apresentando sintomas
como confusão, aumento da frequência cardíaca e tontura a ponto de sentir
sensação de desmaio.
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade - Ela
estava apresentando os sintomas em diversas relações sociais, provocando
medo e ansiedade até mesmo quando estava entre os seus amigos, colegas
de aula ou no coral.
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou
ansiedade - Maria começa a evitar qualquer contato com as pessoas, se
afastando dos amigos, saindo do coral e perdendo total interesse em ir à
escola.
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela
situação social e o contexto sociocultural - Maria não passava por nenhuma
ameaça real, sua ansiedade está relacionada com acontecimentos comuns
do dia a dia, almoçar com os amigos na cantina, responder às perguntas de
professores, acontecimentos inofensivos.
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de
seis meses - Atualmente Maria tem 17 anos, mudou de escola aos 15 e cerca
de 5 meses após esse fato os sintomas começaram a aparecer, totalizando
cerca de 1 ano e meio e intensificando-se nos últimos 6 meses.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo - Por sentir-se ansiosa e com medo, foi
relatado que ela dormia pouco e sentia-se cansada pois acabava levantando
pelo menos 2 horas mais cedo do que o necessário para os seus
compromissos. Além disso, também não participa mais do coral, nem
almoçava mais com os colegas na cantina da escola.
H. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos
de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento ou de outra
condição médica - Maria apresentava anedonia, mas não depressão. Não
foram observados sentimentos de auto culpa, inibição psicomotora, sinais de
pensamento desordenado ou características psicóticas. Não foi observada
atenção neurótica ou tendência a dramatizar. A paciente reconhece, embora
de forma hesitante, que seus medos são excessivos.
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de
outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico
corporal ou transtorno do espectro autista - Com base nas informações
fornecidas no caso de Maria, Os sintomas apresentados incluindo o medo
intenso de situações sociais, a ansiedade extrema em tais situações, a
evitação de interações sociais, sintomas físicos de ansiedade (como aumento
da frequência cardíaca e tontura) e a deterioração do desempenho
acadêmico, são características clínicas típicas do Transtorno de Ansiedade
Social.Com base nas informações fornecidas no caso de Maria, parece que
seus sintomas estão mais bem explicados pelo diagnóstico de Transtorno de
Ansiedade Social (TAS) do que por outros transtornos mentais, como
transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro
autista (TEA).
J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade,
desfigurado por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo,
ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo - No
caso de Maria, não há informações fornecidas que indiquem a presença de
outra condição médica, como doença de Parkinson, obesidade, desfiguração
por queimaduras ou ferimentos. Portanto, não podemos avaliar se o medo,
ansiedade ou esquiva estão relacionados ou excessivos em relação a essas
condições, pois elas não foram mencionadas no relato do caso.

3) Quais os métodos de investigação poderiam ser utilizados no contexto clínico


para auxiliar na confirmação da hipótese diagnóstica? Fundamente a sua resposta
com livros ou artigos científicos. (2.0 PONTOS)

R: Características do Transtorno de Ansiedade Social se assemelham a diversos


outros transtornos, o que pode dificultar a realização de um diagnóstico, um deles é
transtorno de personalidade evitativa que leva em consideração o afastamento de
outros indivíduos porém se diferencia na questão de maior frequência de
comorbidades com transtornos de humor e ansiedade. Também é comum assimilar
a timidez com o TAS, porém a timidez parte de um campo no qual é um traço de
personalidade que não causa extremo sofrimento psíquico a uma pessoa, já o TAS
encontra-se no campo da patologia, e remete a situações de grande desconforto a
ponto de atrapalhar a vida de um indivíduo. Para identificar em qual campo esse
transtorno se encaixa é necessário fazer uma vasta investigação com testes
psicológicos e utilização de instrumentos psicológicos como o Mini SPIN -(MS-P)
que identifica através de um questionário as características do TAS. (CHAGAS et
al., 2010)
É necessário também verificar os sinais e sintomas do paciente, sendo fundamental
a investigação da rotina familiar e individual do mesmo, levando sempre em
consideração a qualidade do sono, a alimentação e histórico familiar, pois
pesquisas apontam que a chance de transtornos fóbicos serem adquiridos por
familiares de 1º grau é seis vezes maior. Toda essa investigação através de uma
anamnese cuidadosa serve para descartar qualquer outro tipo de disfunção ou
transtorno que possa ser confundido com o Transtorno de Ansiedade Social
(CHAGAS et al., 2011)

4) Pensando na hipótese diagnostica que você identificou, pesquise na literatura


científica quais são as principais intervenções terapêuticas para melhorar os
sintomas de Maria (fundamente esta resposta cientificamente) (2.0 PONTOS)

R: As principais intervenções psicoterapêuticas utilizadas para o tratamento do TAS


são: a Psicoterapia, que vai focar no “problema” e os Psicofármacos, que são as
medicações que atuarão como amenizantes ou estimulantes no tratamento de um
indivíduo (LEVITAN et al, 2011). Desta forma, o tratamento é realizado de forma
individualizada, e segundo Mululu et. al (2009) pode ser utilizado as técnicas de:
● Reestruturação cognitiva: Visa ajudar o paciente a identificar pensamentos,
que são considerados “distorcidos” pela abordagem Terapia
Cognitivo-comportamental (TCC). Portanto, o paciente passa a questionar
tais pensamentos “negativos” e os altera para os pensamentos “positivos”.
● Exposição: Consiste em, fazer com que o paciente seja exposto a uma
situação, que irá gerar ansiedade de forma imaginária ou real, com o objetivo
de diminuí-la gradualmente.
● Relaxamento aplicado: Consiste em, ajudar o paciente a “controlar os
sintomas fisiológicos da ansiedade durante os eventos sociais” (MULULO et
al, 2009, pág. 3) ou seja, o paciente aprende a lidar com o desconforto
fisiológico causado pela ansiedade aliviando a tensão,
● Treino em habilidades sociais: O paciente adquire habilidades para se
relacionar de forma saudável com outras pessoas, através de, “ensaios
comportamentais, feedback de correção, reforço social e tarefas de casa”
(MULULO et al, 2009, pág. 3).
● Treino em tarefa de concentração: Trabalha o autofoco e faz com que o
paciente direcione a sua atenção para o aqui e o agora, ou seja, o mesmo
passa a focar na atividade que está executando no momento e tira a sua
atenção de si mesmo “começando com situações menos ansiogênicas”
(MULULO et al, 2009, pág. 3).
REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

CHAGAS, Crippa JAS et al. Transtorno de Ansiedade Social: Diagnóstico.


Associação Brasileira de Psiquiatria, 2011.

CHAGAS, Marcos Hortes N et al.Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o


diagnóstico e diagnóstico diferencial do transtorno de ansiedade social Brazilian
Journal of Psychiatry, 2010.

LEVITAN, Michelle N. et al. Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o


tratamento do transtorno de ansiedade social. Brazilian Journal of Psychiatry, v.
33, p. 292-302, 2011.

MULULO, Sara Costa Cabral et al. Terapias cognitivo-comportamentais, terapias


cognitivas e técnicas comportamentais para o transtorno de ansiedade social.
Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 36, p. 221-228, 2009.

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