Rejeitar A Violencia
Rejeitar A Violencia
Rejeitar A Violencia
Rejeitar a Violência
Assim que se vê livre da casca do ovo, a tartaruga marinha corre para o mar.
Imediatamente pronta para a vida, não tem dúvidas sobre o que fazer, nem se
engana no caminho para o seu destino natural.
Quem nos dera que fosse assim com os humanos!
Nós, não só precisamos de muita ajuda e treino até conseguirmos ficar em pé,
como, por vezes, levamos anos para encontrar a melhor direcção a seguir.
O ser humano, não há dúvida, não se cria nem se forma sozinho.
Somos alimentados, cuidam de nós quando ficamos doentes, dão-nos o afecto
que acaba por ser o alicerce de nossa identidade, ensinam-nos a descobrir um
passado com outras culturas e civilizações que nos fazem entender as relações
humanas.
Relações essas testadas diariamente, na família, na escola, no trabalho, no
lazer.
Mas se está claro que dependemos dos outros para viver, que sempre
estaremos junto pertencendo a um qualquer grupo já não é tão simples
administrar essa convivência.
Não é fácil funcionar em sociedade de forma que todos possam crescer e
expressar os seus desejos, sem ferir o direito dos outros a fazerem a mesma
coisa.
Ou seja, estar juntos exige cuidados, concessões mútuas, reciprocidade,
confiança. Todos esses pilares do convívio social sofrem abalos (algumas vezes
fatais) quando atingidos por atitudes de violência, destruição, exploração,
humilhação. Nesses momentos, todos perdem, ninguém beneficia.
Mesmo quando a curto prazo pareça haver um “vencedor”, ele próprio pode ser
o “perdedor” no próximo confronto. E assim se delineia o infernal ciclo da
violência, comprovado pelos casos de vinganças e retaliações noticiados todos
os dias na televisão e nos jornais.
Recorrer à violência significa abrir mão de tudo o que aprendemos e
conquistámos durante o processo milenar de evolução da civilização. Significa
ignorar avanços como a abolição da escravatura; o derrube de regimes
opressivos; a Declaração Universal dos Direitos do Homem, com o
reconhecimento de que todas as raças, culturas e expressões religiosas têm o
mesmo valor e enriquecem a diversidade humana; o direito universal à
Educação e a usufruir o património cultural de nossa espécie; a justiça que
garante às mulheres o exercício pleno de suas capacidades; os direitos dos
trabalhadores de reivindicar melhores condições para o exercício de suas
profissões; a opção constitucional de garantir cidadania plena à infância e à
juventude, são tudo passos que abriram caminhos sem precedentes para
assegurar direitos individuais e sociais.
Sabemos que essas conquistas, entre outras, ainda não são suficientes para
atender às nossas necessidades de segurança, oportunidades, conhecimento,
lazer, exercício de cidadania, liberdade, criatividade. Porém, a maior parte
dessas vitórias foi possível porque houve pessoas que se dispuseram a
negociar, argumentar, dialogar, buscar consensos, resistir e não cooperar com
injustiça e abuso de poder.
Na História, temos vários exemplos de compromissos com a liberdade e com a
justiça sem apelo à força física: Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Silo.
Cada um deles, em contextos sócio-políticos e geográficos distintos, enfrentou
a opressão, a humilhação e a mentira. Cada um escolheu, à sua maneira,
métodos não-violentos de libertar os seus povos, restabelecer o direito e
encontrar saídas para o convívio pacífico. Esses homens provocaram
transformações irreversíveis porque as suas propostas não eram destruir o
opressor, e sim libertar as pessoas da opressão.
Até sempre e, por favor, não esqueçam que, quase sempre, basta um simples
sorriso para tornar o mundo melhor.