Mirela Rosa
Mirela Rosa
Mirela Rosa
MIRELA ROSA
PORTO ALEGRE
2013
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN
MIRELA ROSA
Porto Alegre
2013
I
Ficha catalográfica
Catalogação na Fonte:
Bibliotecária Vanessa Borges Nunes - CRB 10/1556
II
MIRELA ROSA
Aprovado em ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________________
Componente da Banca – Instituição a que pertence
________________________________________________________________________
Componente da Banca – Instituição a que pertence
________________________________________________________________________
Componente da Banca – Instituição a que pertence
III
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Gustavo Severo de Borba, pelo incentivo, pela
compreensão e pelo apoio durante todo o percurso, pois foram essenciais para o início e para
a conclusão do Mestrado.
Ao parceiro de projeto, Dr. Rodrigo Pinto, pela paciência, pela dedicação e pelas
contribuições dadas ao trabalho.
À Profa. Dra. Karine Freire por sua dedicação nas revisões da qualificação que foram
essenciais para a evolução teórica do trabalho.
Ao meu Pai e à minha Mãe, por incentivar desde sempre o amadurecimento pelo
estudo e conhecimento.
Aos meus irmãos, aos meus amigos e ao Paulo, por compreender a minha ausência,
pelo apoio e parceria ao longo desta trajetória.
IV
EPÍGRAFE
Fernando Pessoa
V
RESUMO
VI
ABSTRACT
Service Design consists of a methodology that uses a set of tools to create solutions to
improve users perception on services, which can be applied in many fields and contexts. As
the complexity of each field, it is necessary to consider approaches that would make results of
this methodology more effective and measurable, such as health sector. Some authors have
been research application of Service Design in this sector, and suggest a possible integration
of evidence-based design (EBD) and experience-based design (ExBD) to enable a user-
oriented design on a large scale implementation. In search on the logic of evidence, we
studied a tool used in service sector called Mechanism of the Production Function, that
provides quantification of loss processes. The present study was context in Intensive Care
Unit (ICU) of a private hospital in Porto Alegre and applied a case of Service Design with the
logic of the evidence through MFP tool for the development of an integrated approach. We
used the method of action research with the description of the whole design process and
results. From the analysis it was found that (i) the look of the evidence contributes to
replication of project outcomes in future cases, (ii) MFP is an argument supporting the
realization of a Design project and (iii) to integrate experiences with evidence in the hospital
sector, we can manage the project in order to devote more time to the diagnosis and
implementation.
VII
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
4.3. Design baseado em Evidências (EBD) e Design baseado em Experiências (ExBD) .... 34
VIII
5.3.3. Pesquisa em Arquivos ................................................................................................ 53
6.3.7.2. Médicos Assistentes: principais responsáveis por indicar o serviço do CTI e medir
sua qualidade ........................................................................................................................ 82
6.4.3. Conhecer as obrigações do técnico: Mapeamento de Variáveis para Check List ...... 90
IX
6.4.5. Protótipos de Serviço .................................................................................................. 92
X
LISTA DE FIGURAS
XI
FIGURA 22: Etapas e tempos de desenvolvimento do Caso no CTI do HMD 65
FIGURA 39: Síntese das ferramentas utilizadas em todas as Etapas do Projeto 108
XII
LISTA DE TABELAS
TABELA 2: Desperdícios 44
XIII
LISTA DE QUADROS
XIV
INTRODUÇÃO
Um serviço caracteriza-se como uma oferta imaterial que pode ser acompanhada de
bens materiais e depende diretamente da articulação entre processos e pessoas envolvidas em
um determinado intervalo de tempo (VIEIRA, 2000). Com a mudança de uma sociedade
industrial para uma sociedade pós-industrial, a demanda por empregos no setor cresce, como
nas telecomunicações, nos transportes, no varejo, nas finanças, nos seguros e nos serviços
para negócios (MAFFEI, MAGER et SANGIORGI, 2005), o que tornou o setor de serviços o
centro da atividade econômica de qualquer sociedade (FITZSIMONS et FITZSIMONS,
2005).
Para possibilitar esta entrega de valor para o usuário, o Design está fundamentado na
ampla e profunda compreensão dos comportamentos, dos desejos, das expectativas e das
necessidades do ser humano. Em busca de novos caminhos para inovação embasados nesta
ideia surgiu um campo de discussão teórico-prático, o “design thinking”, que contempla
ferramentas centradas no usuário e permite desafiar os padrões de pensamento e
comportamento para produzir soluções que estimulem diversos aspectos (cognitivo,
emocional e sensorial) envolvidos na experiência humana (VIANNA et al, 2012).
1
Segundo Kelley e Littman (2001), o termo “inovação” faz referência ao valor
percebido, a soluções que impactam o cotidiano das pessoas e melhoram sua qualidade de
vida. Neste sentido, o design thinking atua na alavancagem de inovações ao possibilitar uma
abordagem para a solução de problemas que une os interesses do usuário, do negócio e da
viabilidade técnica, conforme pode ser observado na Figura 1. Tim Brown (2010), um dos
disseminadores deste método, incentiva o uso da co-criação com ferramentas criativas de
empatia e a participação dos usuários durante o processo, com o intuito de que as soluções
sejam mais adaptadas aos interesses dos diferentes atores envolvidos, e assim possuam maior
potencial de serem implementadas.
2
sua vez, esses pacientes não têm informações suficientes e conhecimentos sobre o seu
problema, o que os coloca em situação de subordinação diante do profissional de saúde e
prejudica a sua percepção de qualidade sobre o serviço prestado (DUSSAULT, 1992).
Em suas recentes pesquisas, Bate e Robert (2006) vêm investigando possíveis formas
de melhorar as aplicações do Design no contexto da reforma da saúde, visando a mudança em
larga escala e a transformação de sistemas como um todo. Suas investigações estão
relacionadas a análises de casos aplicados em instituições e nas diferentes abordagens que um
projeto em Design de Serviços pode ter para propor soluções mais eficazes para este setor. As
abordagens estudadas são o Design baseado em evidências (EBD) e o Design baseado em
experiências (ExBD).
4
CAPÍTULO 1. PROBLEMA DE PESQUISA
Dentro deste contexto, os hospitais vêm tentando entregar serviços que sejam mais
eficientes, eficazes e rentáveis. Para este fim, há uma contínua ênfase em estudos sobre como
a entrega de serviços pode ser modificada ou melhorada, de modo que aplicações de
diferentes técnicas de melhorias e metodologias têm sido testadas nestes contextos (CARR et
al, 2011; SILVA et al, 2006; ARREGUY-SENA, 2001).
5
2006). Estudos recentes verificaram que a complexidade do ambiente hospitalar demanda o
uso de ambas as abordagens para a tomada de decisão e que é necessária a investigação de
novas ferramentas e metodologias que permitam a sua aplicação na prática (CARR et al,
2011).
6
CAPÍTULO 2. OBJETIVOS
Desenvolver uma abordagem integrada, orientada pelo Design, para a inserção de uma
perspectiva baseada em evidências no processo de projeto de Serviços orientados pelo usuário
no setor hospitalar.
7
CAPÍTULO 3. JUSTIFICATIVA
8
TABELA 1: PESQUISA DE TERMOS NA BASE DE DADOS EBSCO (2012)
Embora o tema principal do estudo não tenha sido identificado nesta avaliação do
estado da arte, pode-se perceber o grande número de estudos que faz uso de métodos da
Engenharia para a quantificação de melhorias ou a padronização de processos. Considerando
os temas inovação, Design de Serviços, hospital e Saúde, foram selecionados três artigos que
apresentaram aderência ao tema proposto.
9
doenças crônicas como co-pesquisadores em um hospital, com o objetivo de avaliar a
viabilidade, os benefícios e as limitações de um projeto envolvendo estes adolescentes em
pesquisa participativa. O estudo relaciona o Design à Saúde, porém é focado em avaliar a co-
participação em si e não envolve a necessidade de implementação de projeto em hospitais.
Para Bate e Robert (2006), embora no contexto dos esforços contemporâneos para
melhorias em processos na área da Saúde se tenha consciência dos benefícios dos métodos
qualitativos e da utilização do ponto de vista do paciente como um conceito-chave, há um
1
NHS: National Health System, sistema de saúde britânico.
2
EBD: Evidence Based Design, projeto baseado em evidências.
3
ExBD: Experience Based Design, projeto baseado em experiências.
10
crescente reconhecimento de que a maneira com a qual as mudanças acontecem (incluindo a
evolução para serviços mais centrados no paciente) terá de ser diferente. E ainda: “É
necessário alargar e intensificar a busca de teorias e abordagens mais eficientes para mudança
em larga escala e transformação de sistemas como um todo.” (BATE et ROBERT, 2006).
De fato, a maioria das ferramentas apresentadas por Moritz (2005) são de áreas de
diagnóstico qualitativo. Além disso, quando apresentam um viés a partir da Engenharia, têm
como foco gerenciar tempo e recursos, diagnóstico de causa e efeito e técnicas para
organização e visualização do serviço, porém não foram identificadas ferramentas que
possibilitassem o diagnóstico preciso e mais profundo das evidências.
12
CAPÍTULO 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
São reconhecidos como mercadorias aqueles bens que são geralmente comercializados
no mercado em troca de dinheiro (CELASCHI, 2007). A lógica das mercadorias e sua
comercialização têm passado por alterações ao longo do tempo, relacionadas ao processo de
mudança de uma sociedade industrial para uma sociedade baseada em serviços e experiências.
13
Segundo Fitzsimons et Fitzsimons (2005), há mais de um século, com a evolução do contexto
industrial, houve um desenvolvimento natural dos serviços e hoje pode-se dizer que os EUA
passaram a ser uma sociedade pós-industrial, já que ali 80% da totalidade dos empregos
passaram para este setor.
Keil (2007) reforça que a centralidade dos esforços passaria a ser o conhecimento e a
forma de organizar e modular a inteligência coletiva para a criação de valor agregada ao
produto ou serviço final. Assim, a construção destas mercadorias e a satisfação do
consumidor são frutos de um complexo processo coletivo e articulado de ações, similar ao
conceito de “cadeia de valor”, ação multidisciplinar que necessita de operadores de
disciplinas diversas e “frequentemente, concorrentes profissionalmente entre si” (CELASCHI,
2007). O designer passa por um reposicionamento dentro desta cadeia de valor (conforme a
Figura 4) e pode oferecer dois diferentes tipos de contribuições: uma local, pontual e
disciplinar; e outra focando no processo de articulação destes diversos conhecimentos e
comandando o processo de geração de valor.
14
FIGURA 4: O entrelaçamento das competências que o Design pode mediar no interior da cadeia de valor
Fonte: Adaptado de Celaschi (2007)
Segundo Cravens & Piercy (2008), a distinção entre valor e inovação é importante.
Conforme um relatório da Economist Intelligence Unit, de 1999, em entrevistas com
executivos de empresas líderes no mundo todo, “O que conta é a inovação de valor. Isso é
definido com a criação de novas proposições de valor... que levem ao aumento da satisfação
do cliente, de sua lealdade e, em última análise, de um crescimento sustentável e rentável”.
Conforme Celaschi (2007), o Design é por natureza uma disciplina que lida a criação
de significados. Para materializar estes significados, as ferramentas projetuais do design
thinking permitem desafiar os padrões de pensamento e de comportamento para produzir
soluções que estimulem diversos aspectos (cognitivo, emocional e sensorial) envolvidos na
experiência humana (VIANNA et al, 2012).
16
todo, o que inclui o projeto em si, a sua estratégia e a sua tradução em evidências físicas e
sistemas de articulação entre os processos e pessoas envolvidas (MORITZ, 2005). Geralmente
um projeto em Design de Serviço envolve três fases principais: (i) Explorar, (ii) Refletir e
Criar e (iii) Implementar. Nestas fases é aplicada uma série de metodologias de diagnóstico,
projeto e implementação de acordo com a complexidade do contexto envolvido, que serão
detalhadas posteriormente.
Moritz (2005) sintetiza e agrupa em seis categorias (conforme a Figura 5) a união dos
conhecimentos envolvidos no Design de Serviços:
(ii) Pensar: dar orientação e definir tarefas estratégicas e analíticas que ajude a
identificar, planejar, definir, rever, analisar e direcionar um projeto.
17
(iii) Criar: desenvolver ideias e conceitos relevantes e inovadores e criar soluções.
Dentro deste campo há um conjunto de ferramentas que usualmente têm sido aplicadas
pelos designers de serviços, mas, por se tratar de um processo aberto, dependendo do contexto
de cada estudo é possível explorar diferentes ferramentas que se adequem melhor ao
conhecimento necessário para cada tipo de mercado. Porém, considera-se necessário manter
como fio condutor o papel do designer como conector dos desejos do cliente com os desejos
da organização, sendo um mediador que constrói uma ponte e cria valor entre os dois, dentro
do contexto em que se encontra (WHITE, 2008).
Uma das filosofias do Design de Serviços é que o usuário não deve ser compreendido
somente ao observar o ponto de venda; deve-se levar em consideração que o entendimento do
usuário está além daquele ambiente através dos seus hábitos, desejos, relacionamentos e
necessidades (PINHEIRO, 2011). Então, um dos métodos utilizados para este objetivo
durante o processo de projeto é a imersão no contexto do usuário, para gerar empatia aos
integrantes da equipe de design e levar à compreensão profunda dos valores e das
necessidades dos clientes (STICKDORN, 2010).
(i) Centrado no usuário: os serviços devem ser experimentados através dos olhos do
cliente.
(iii) Sequencial: o serviço deve ser visualizado como uma sequência de ações
interrelacionadas.
4
Stakeholders: termo utilizado para se referir aos atores interessados ou beneficiados por um determinado
serviço.
18
(iv) Tornar tangível (evidências físicas): serviços intangíveis devem ser visualizados
com artefatos físicos.
Conforme descrito anteriormente, é importante ainda observar que para uma empresa
se direcionar para o mercado (ou para o Design) faz-se necessário uma mudança mais
profunda da organização, colocando ênfase nos processos interfuncionais. Para Cravens et
Piercy (2008), um dos desafios em questão é dar sustentação a essas mudanças e iniciativas,
essência do que vem sendo chamado “competência de implementação” (pois além de
formular as estratégias essenciais ao fornecimento de valor adicional ao cliente é fundamental
adotar uma abordagem abrangente e detalhada para a implementação da estratégia).
Neste sentido, o Design de Serviços compreende que a relação do cliente com a marca
é construída em constante equilíbrio e desequilíbrio em todos os pontos de contato os quais
ele interage ao longo de sua jornada, e isso modela a percepção que forma da marca do
serviço. Assim, torna-se necessário, mais do que apenas conectar pontos de contato utilizando
sistemas ou desenhando novos processos, conectar o modelo mental dos colaboradores para
que entendam o impacto que o seu papel e a sua interação pode ter na experiência final do
cliente (VIANNA et al, 2012).
19
Como o dito anteriormente, existe um grande número de ferramentas para o Design de
Serviços (MORITZ, 2005). Considerando o complexo cenário do setor hospitalar, foram
previamente selecionadas algumas que tivessem relação com casos estudados de aplicação na
área da saúde e que possibilitassem a abordagem da compreensão sistêmica do contexto
hospitalar e a orientação centrada no usuário. Dessa maneira, a seguir serão detalhadas
algumas das ferramentas que podem ser utilizadas em cada etapa do projeto.
20
FIGURA 6: Mapa de Atores
FONTE: Chapman (2010)
21
FIGURA 7: Exemplo de aplicação da ferramenta Shadowing no ambiente hospitalar
FONTE: Parameswaran (2011)
22
FIGURA 8: Exemplo de mapa da jornada do cliente
FONTE: Material produzido em processo de co-criação no Workshop Projetando o Turismo Médico
(UNISINOS, maio de 2011).
Nesta etapa são geradas ideias de solução de problemas de forma colaborativa com os
stakeholders envolvidos. São utilizados métodos de prototipagem para recriar um ambiente
24
experimental e simular interações reais que permitam estudar, com baixo custo, o impacto das
mudanças em um serviço. O resultado é a descoberta antecipada de barreiras que poderiam
prejudicar os níveis de adoção da nova estratégia (VAN DIJK, RAIJMAKERS et KELLY,
2010). A seguir, serão descritas as ferramentas Protótipos do Serviço e Storyboard.
25
B) Protótipos do Serviço. Um protótipo simula a experiência de um serviço. Estas
simulações podem variar de encenações de conversas informais até atuações detalhadas,
envolvendo usuários ativos como participantes, com adereços e modelos de evidências físicas.
Esta ferramenta possibilita testar soluções do serviço propostas em um ambiente que
represente o “mundo real”. O protótipo é desenvolvido de forma interativa, em um processo
de constante geração de sugestões e melhorias. Protótipos de serviço geram uma compreensão
mais extensa e profunda de um serviço do que é possível com textos ou descrições visuais. O
princípio do “aprender fazendo” prevalece no todo, com o foco na experiência do usuário, o
que significa que o protótipo pode inclusive gerar novas evidências físicas e soluções (VAN
DIJK, RAIJMAKERS et KELLY, 2010).
26
FIGURA 11: Modelo de Narrativa
FONTE: Tassi (2009)
27
FIGURA 12: Exemplo de Blueprint de serviços
FONTE: Tassi (2009)
28
FIGURA 13: Modelo de negócios Nespresso
FONTE: <www.businessmodelsinc.com>. Acesso em: 30 jan. 2013
29
4.2. Design de Serviços aplicado aos Sistemas Hospitalares
30
agregam valor tanto em termos de cuidado médico como cuidados pelo seu conforto e bem
estar. Este conforto irá depender da experiência pelo ponto de vista do paciente, o qual poderá
envolver uma boa comunicação, a atenção humanizada da equipe, boas condições físicas dos
equipamentos para controle da dor, etc.
31
FIGURA 16: Representação visual de diferentes atores interagindo com o paciente
FONTE: Kolterjahn, Adolfsson et Holmlid (2009)
Bate e Robert (2007) descrevem um caso com o foco na experiência de pacientes com
câncer, realizado no NHS (National Health System), sistema nacional de Saúde da Inglaterra,
bem como os procedimentos adotados durante o seu desenvolvimento. Ao detalhar a
utilização do método story telling e o mapa da jornada do cliente, os condutores trouxeram as
questões que utilizavam com os pacientes acerca de cada ponto de contato: “Vamos começar
do início”; “O que aconteceu depois?”; “Você consegue lembrar como se sentiu neste
momento?”; “Se você tivesse que passar por isto de novo, o que você faria mais fácil ou
melhor para você?”. Os autores explicam que o foco das informações para eles pareceria
trivial ou menos importante, mas para os pacientes tinha um significado simbólico, cognitivo
e emocional maior. As ferramentas utilizadas no caso apresentado foram entrevistas
contextuais, observação participante e interativa com o usuário, prototipagem, personas, touch
points, filmagens em vídeo (shadowing), storyboard e storytelling. Bate e Robert (2007)
32
destacam que estas metodologias visuais são ferramentas poderosas para a visualização e a
mobilização dos membros da equipe.
Zimring (2004) sublinha que é preciso encontrar métodos para melhorar a resposta dos
pacientes, a segurança e a satisfação, bem como a retenção de funcionários e a eficiência do
serviço. Para Rottingen (2009) a forte ênfase em avaliações e evidências na Medicina deveria
inspirar os designers de serviço a não apenas vender ideias e processos, mas também a
demonstrar e documentar que eles realmente geram impacto. Por fim, Lovlie et al (2009)
demonstram que na Saúde, onde a informação e o conhecimento são elementos centrais, uma
abordagem liderada pelo usuário possui limitações e existe a necessidade de dados e indícios
para informar decisões (avaliações anteriores) e aprimorar a prática (avaliações posteriores).
Bate e Robert (2007) concluem que focar unicamente no usuário de forma a ignorar
necessidades e interesses dos funcionários internos é dar um passo atrás: por isso a ênfase no
codesign e no envolvimento dos prestadores e dos receptores do serviço. A experiência do
projeto mostrou que na Saúde não adianta ser orientado apenas pelo paciente: é necessário
envolver os funcionários na criação do serviço, porque as “pessoas irão se comprometer com
o que elas ajudaram a criar” e isso se torna o gargalo de uma implementação malsucedida.
33
mudança de cultura. As mudanças em larga escala em organizações de Saúde não dependem
de condutores externos, mas da habilidade de conectar e mobilizar pessoas com as suas
energias internas, criando um movimento “bottom up” para o desenvolvimento e a mudança
através de um paralelo com a forma em que acontecem os movimentos sociais, onde “a
resistência é necessária para a mudança acontecer” (BATE, ROBERT et BEVAN, 2004).
Duas abordagens vêm sido discutidas na área do Design na Saúde: o Design Baseado
em Experiências e o Design Baseado em Evidências (CARR et al, 2011), que serão
detalhados a seguir.
Durante a última década, o Design Baseado em Evidências (EBD) emergiu como uma
nova abordagem para melhorar a qualidade e capacidades do Design. Em um contexto em que
o mundo dos negócios está constantemente lutando por modelos de gerenciamento mais
eficientes e eficazes, o EBD é uma linha de pesquisa que busca “revolucionar a forma na qual
o design é aplicado” e aumentar o seu nível de qualidade (BRANDT, CHONG et MARTIN,
2010). Sua prática é baseada em seu predecessor conceitual, a Medicina Baseada em
Evidências, definida como “o consciencioso, explícito e criterioso uso de melhores evidências
para tomar decisões acerca do cuidado de pacientes”. Significa integrar a experiência
individual clínica com as melhores evidências externas existentes em pesquisas sistemáticas
sobre o tema (SAILER et al, 2008).
A questão do EBD é como criar produtos ou serviços mais úteis e sustentáveis e fazer
com que os designers busquem metodologias científicas como um meio de melhorar os
34
resultados do projeto (BRANDT, CHONG et MARTIN, 2010). Em princípio, o conceito
baseado em evidências implica que a demanda de projeto pode surgir de uma evidência
"científica", muitas vezes obtida através de pesquisa acadêmica, análise de risco-benefício ou
meta-análise de uma série de estudos. Geralmente o objetivo é a melhoria na qualidade ou na
gestão de risco de um serviço, produto ou processo (BECKER et PARSONS, 2007, apud
CARR et al, 2011). Quanto ao DBE, parte do princípio de que o design foi criado para se
adequar às necessidades específicas de um cliente e para atender os interesses específicos de
um usuário. Por isto, o seu conceito é o seguinte:
Designers não têm a ilusão de que experiências podem ser “engenharizadas”. Uma
experiência por si mesma é pessoal e possui fatores que fogem do controle do projeto de
Design, como o humor, o estado mental interno ou o contexto em que os usuários vivem.
Porém, conforme afirma Suri (2003, apud BATE et ROBERT, 2007): “A experiência também
36
é influenciada por fatores controláveis pelo design, que são: qualidades sensoriais formais, o
som, o atendimento, o ritmo, a sequencia, as etapas e a lógica – todas as qualidades inerentes
aos produtos, ambientes, ou serviços que projetamos”. Desta forma, o trabalho é realizado
detalhando os pontos de contato onde a experiência subjetiva do serviço se forma e onde as
necessidades de conexão emocional e sensorial são estabelecidas, trabalhando com os
funcionários da linha de frente em contato com o cliente.
39
FIGURA 17: Os 4Ps do Modelo Toyota
FONTE: Liker et Hoseus (2009)
40
ser definida como um processo de cinco passos: definir o valor do cliente, definir o fluxo de
valor, fazê-lo “fluir”, “puxar” a partir do cliente e lutar pela excelência. Conforme LIKER
(2005), “para ser uma indústria enxuta, é preciso um modo de pensar que se concentre em
fazer o produto fluir através de processos ininterruptos de agregação de valor” em “uma
cultura em que todos lutem continuamente para a melhoria”. Para melhorar os processos
empresarias deve-se eliminar o desperdício de tempo e de recursos, construir qualidade nos
sistemas do local de trabalho, descobrir alternativas confiáveis e de baixo custo para a
tecnologia nova e dispendiosa, aperfeiçoar os processos administrativos e construir uma
cultura de aprendizagem para a melhoria contínua (LIKER, 2005).
Na sequência apresenta-se uma análise detalhada das perdas nos processos produtivos.
Ohno (1997) e Shingo (1996) definem sete grande tipos de perdas sem agregação de valor e
diretamente relacionadas com o conceito do MFP:
42
1) Superprodução: A produção de itens para os quais não há demanda gera perda
com excesso de pessoal e de estoque e com os custos de transporte devido ao estoque
excessivo. É considerada a perda de maior impacto negativo no sistema produtivo,
pois gera e oculta a maioria das outras perdas. Existem dois tipos de superprodução: a
de quantidade excessiva e a de produção antecipada.
2) Espera (tempo sem trabalho): Inclui funcionários que servem apenas para vigiar
uma máquina automática ou que ficam esperando pelo próximo passo no
processamento, ferramenta, suprimeito, peça etc. Este desperdício refere-se ao
material que espera para ser processado, formando filas que visam garantir altas taxas
de utilização dos equipamentos.
Há um oitavo tipo de perda proposto por Liker (2005, p. 47) que possui relação direta
com a aplicação do envolvimento de funcionários na co-criação do Design de Serviços:
43
Robinson & Schroeder (1992) sugerem que os gerentes de produção se preocupem em
detectar as perdas invisíveis nos sistemas de produção e apontam 4 princípios gerais para sua
eliminação: a) Quando houver avaliação ou aplicação de uma nova técnica de gerenciamento,
identificar as fontes de perdas que serão expostas, eliminadas ou criadas e as técnicas
necessárias para suprir as limitações das técnicas utilizadas; b) Não limitar o treinamento ao
desenvolvimento de métodos específicos de trabalho, na medida em que os empregados
também devem aprender os pressupostos gerais necessários para a elaboração de melhorias
em suas áreas de atuação; c) Aumentar o número de perspectivas e prismas (visões) a partir da
qual os processos são geralmente observados; d) Quando são feitas mudanças significativas
em qualquer componente, o processo como um todo deve ser reexaminado para verificar as
eventuais novas perdas que possam ter sido introduzidas no sistema.
TABELA 2: DESPERDÍCIOS
Durante a exposição dos temas discutidos a respeito das abordagens orientadas pelo
Design para o setor hospitalar, puderam-se identificar as características do processo de projeto
e os resultados esperados. Ao analisar as descrições, podem-se diferenciar as abordagens
considerando as seguintes etapas do projeto: (i) o diagnóstico, (ii) a definição do problema,
(iii) o processo, (iv) a solução e (v) a implementação. A seguir esses itens serão descritos,
buscando-se identificar conexões entre os temas e sintetizar as diferenças entre as abordagens.
(i) Diagnóstico:
45
na tomada de decisões com base em informações de pesquisas de credibilidade e
avaliações de projetos (HAMILTON, 2006, p. 1; SAILER et al, 2008).
(iv) Solução:
46
(v) Implementação:
47
entregar uma melhor eficiência de cuidado ao paciente. Do ponto de vista do Design, o
objetivo principal da “experiência-hospital” é melhorar a percepção do paciente sobre o
seu cuidado. Ou seja, ambas as metodologias têm como foco a melhoria de cuidado ao
paciente, e desta forma, os objetivos se complementam.
A partir da perspectiva do MFP, quando não se está cuidando do paciente não está
sendo agregado valor. Assim, o tempo em que o paciente está recebendo os cuidados deve ser
maximizado para que o hospital aumente o padrão de produtividade. Ao mesmo tempo, se o
paciente não recebe os devidos cuidados ou se estes são executados de uma forma inadequada
sob o seu ponto de vista, ele desenvolve uma percepção negativa. No caso da Saúde, ambos
incidem no mesmo objeto. Por isso esta integração pode ser tão valiosa: pode-se minimizar as
perdas em relação ao cuidado ao paciente e ao mesmo tempo melhorar a percepção dele em
relação ao serviço oferecido.
48
CAPITULO 5. METODOLOGIA
b) Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso por meio
de outros procedimentos, aumentando o conhecimento de determinadas situações.
Conforme o mesmo autor, “todos os objetivos práticos não devem nos fazer esquecer
que a pesquisa-ação, como qualquer estratégia de pesquisa, possui também objetivos de
conhecimento que, a nosso ver, fazem parte da expectativa científica que é própria às ciências
sociais” (THIOLLENT, 1996). Para o cumprimento do objetivo proposto pelo presente
trabalho, desenvolver um método integrado para aplicação do Design de Serviços na área de
49
Intensivismo Adulto do Hospital Mãe de Deus, a pesquisa-ação permite que o Projeto em
Design de Serviços, de característica aberta e participativa entre o pesquisador e os
informantes de pesquisa, seja utilizado como “objetivo prático” a ser desenvolvido, ao mesmo
tempo em que é realizada a pesquisa-ação de análise das ferramentas dentro do contexto
hospitalar como “objetivo de conhecimento”.
50
5.2 Objeto de estudo
Este setor para o tratamento de doenças graves, responsável por salvar vidas, é um
ambiente repleto de equipamentos, drogas, alta tecnologia e corpo técnico altamente
qualificado (ROVATTI, 2010). O CTI exige da equipe assistencial5 um cuidado constante,
pois contempla pacientes com diferentes diagnósticos, dos clínicos aos cirúrgicos,
consumindo – pelo menos nas primeiras horas de internação – todos os recursos disponíveis
no local, como ventilação mecânica, monitores cardíacos, bombas de infusão, enfermagem 24
horas, farmacologia e exames adequados à necessidade de cada paciente (ROVATTI, 2010).
5
A equipe assistencial é composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos,
fisioterapeutas etc.
51
5.3. Técnicas de coleta de dados
6
Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD).
52
função/produção e perdas nos sistemas produtivos. Esse processo ocorreu durante 5 meses, na
etapa de diagnóstico.
5.3.2. Entrevistas
54
dados.
Para a análise de conteúdo, foi relevante a presença das duas visões complementares
dos pesquisadores das áreas do Design e da Engenharia. Dessa forma, foram selecionadas
ferramentas das duas áreas de conhecimento para o desenvolvimento da análise de dados. O
processo de escolha das ferramentas considerou trabalhos anteriores (LOVLIE et al, 2009;
ERICSON, 2009; ROTTINGEN, 2009; SECOMANDI et al, 2009). A seguir será descrito
como foram utilizadas as ferramentas que permitem a visualização e construção da análise de
forma coletiva.
56
um mapa com variáveis que tornem visível os conceitos e estruturas de valores
identificados.
57
QUADRO 2: QUADRO DE ATIVIDADES NECESSÁRIAS E ATORES ENVOLVIDOS
Cabe ressaltar que o Quadro 2 é ilustrativo e não foi rígido ao longo do trabalho, tendo
como objetivo a orientação e a organização da execução das etapas. A seguir, será
apresentado o caso através do olhar da pesquisadora designer de todo o processo de projeto.
58
CAPÍTULO 6. APRESENTAÇÃO DO CASO
O Hospital Mãe de Deus (HMD) está localizado na cidade de Porto Alegre, no Estado
do Rio Grande do Sul. Foi inaugurado em 1979, iniciando os serviços de internação com 40
leitos. Hoje o HMD possui 400 leitos, 2.000 funcionários e 52 mil m² de área construída. Em
um livro que relata a sua história, o jornalista Pereira (1990) resgata passos importantes da sua
implementação e revela alguns princípios que serviram como diretrizes para a sua execução.
A visão de sua idealizadora, a Irmã Jacomina Veronese, era fazer um hospital com um tipo
diferenciado de atendimento. Ela dizia que este deveria ser útil, impor-se como
estabelecimento exemplar e ter como diferencial a qualidade dos serviços oferecidos
(PEREIRA, 1990). Cláudio Seferin, atual diretor executivo do hospital, relembra que quando
iniciou os seus trabalhos, em 1984, tomou como ponto de partida a missão que a Irmã
Jacomina aspirava, de que “o hospital deveria ser um dos melhores do ramo, unindo a
eficiência técnica com eficiente atendimento físico e espiritual”. Naquela época se oficializou
a ideia de que o paciente deveria ser a prioridade máxima do HMD e “nada deveria impedir
que o ser humano esteja em primeiro lugar” (PEREIRA, 1990, p. 58).
59
FIGURA 20: Modelo organizacional do Mãe de Deus
FONTE: Documentos do hospital. Adaptados pela autora
60
6.2. Procedimentos de coleta junto ao Hospital
Segundo Vila e Rossi (2002), embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes
7
O Intensivismo Adulto também pode ser chamado de Centro de Tratamento Intensivo (CTI) ou Unidade de
Tratamento Intensivo (UTI)
8
Os Leitos do CTI não são quartos fechados: são nichos independentes com camas e aparelhos de tratamento;
também são chamados de Box.
9
A Alta Complexidade define os pacientes graves, que necessitam cuidado rigoroso; a Média os crônicos, que
precisam de cuidado a longo prazo; a Baixa, em geral, os do pós-operatório, que precisam de cuidado intensivo
mas não estão tão graves.
61
agudos graves recuperáveis, a UTI parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos
e traumatizantes do hospital. Os fatores agressivos não atingem apenas os pacientes, mas
também os seus familiares e a equipe multiprofissional, principalmente a enfermagem, que
convive diariamente com cenas de pronto-atendimento, pacientes graves, isolamento e morte,
entre outros.
Nesse ambiente, que envolve diversas regras contra infecção, inúmeros aparelhos e
instrumentos de controle ao redor de cada paciente, cores frias e espaços desinfetados, sons de
sirenes e regras de regulamentação, pode-se observar que os funcionários precisam criar uma
habilidade especial para lidar com a vida e a morte das pessoas, o que reflete em seu modo de
agir, conversar, interagir e se proteger.
Essa reunião foi documentada com gravação em áudio e posteriormente transcrita para
a análise de conteúdo. Na ocasião a gestora do CTI trouxe algumas questões e dúvidas sobre
como aconteceria o processo do projeto em Design de Serviços: “Uma vez que quero analisar
10
Existem três tipos de nomenclatura de médico no CTI: (i) o Médico Plantonista é contratado pelo hospital e
trabalha em turnos de 12 horas; (ii) o Médico Rotineiro é como o plantonista, mas trabalha 8 horas; (iii) o
Médico Assistente é particular e visita o CTI conforme a necessidade de seus pacientes.
62
a forma de trabalho com o olhar do técnico de enfermagem, eu preciso escolher o técnico
dentro de um processo específico como o de medicação ou eu posso escolher o técnico dentro
do CTI como um todo?” A resposta foi que, se o foco do projeto fosse a melhoria de
processos sob o ponto de vista do técnico de enfermagem, a ideia seria analisar o técnico
dentro do CTI como um todo e depois, após o diagnóstico a partir desta perspectiva, definir os
processos específicos que deveriam ser projetados. Assim, foi sublinhada pela equipe do
HMD envolvida na reunião a importância de focar o projeto no técnico de enfermagem, com
os seguintes argumentos:
A gestora argumentou:
A respeito desta escolha de foco, algumas considerações foram feitas sob o ponto de
vista do pesquisador associado, que envolve a peculiaridade de realizar o projeto dentro do
CTI, onde o paciente em geral está desacordado e não perceberia uma agregação direta de
valor. Segundo o pesquisador:
63
Após as discussões em equipe, foi definida uma proposta inicial para o projeto: “Os
processos do CTI serão analisados sob o olhar do Técnico de Enfermagem, para depois
reunir-se novamente com este grupo de gestão e definir quais focos específicos serão
desenvolvidos”. Para o gerenciamento do projeto foi ressaltada a necessidade de reuniões com
o grupo de gestão11 em etapas relevantes de tomada, mas a gestora alertou:
As primeiras reuniões com a equipe de gestão foram importantes para que o projeto
adquirisse agilidade, foco e consistência dentro do contexto do CTI. Como se tratava se um
setor em que os pesquisadores não tinham um conhecimento específico (a área da saúde),
durante toda a primeira etapa foi feito um exercício de tentar compreender profundamente a
visão de cada um dos envolvidos, a fim de sintetizar as visões e determinar aos poucos o
enfoque. A Figura 20 ilustra o contexto em que o projeto foi desenvolvido:
65
FIGURA 23: Síntese da Etapa 1 do Projeto: Diagnóstico
FONTE: Elaborado pela autora.
b) Ficha de Atividades: documento que contém um check list das informações que o
técnico de enfermagem deve receber ao ingressar no CTI, em que ele indica se recebeu
orientação sobre determinadas atividades e se as realizou (Anexo V).
Após a coleta dos documentos, partiu-se para uma imersão de 6 horas, durante a
jornada completa de trabalho do técnico de enfermagem no CTI. Foram utilizadas gravações
em vídeo e áudio e anotações de percepções da pesquisadora durante a atividade para a coleta
de dados, com o consentimento do técnico observado e da equipe. A seguir serão descritos os
procedimentos realizados e as informações coletadas.
12
Sistema de informação intranet utilizado pela área assistencial do HDM, responsável pelo gerenciamento de
processos como prescrição, aprazamento, solicitação de medicamentos, checagem e devolução.
67
pessoas entre técnicos, enfermeiros, fisioterapeuta e médicos. Foi esclarecido que naquele
turno estaria sendo realizada a filmagem de um deles, que esta fazia parte de uma pesquisa
de mestrado e que a sua utilização seria restrita: as imagens não seriam divulgadas e eles
não estariam sendo avaliados pela gestão.
68
trabalho. Com esta imersão podem-se observar interferências e relações com outros colegas e
a influência do ambiente, dos materiais de apoio, do espaço físico, das interações com outros
atores. Mesmo que no momento não se compreendesse a atividade (por ser o primeiro contato
profundo com a função), pôde-se coletar percepções e insights de possíveis melhorias para o
serviço (Anexo VII). Esta ferramenta faz com que o pesquisador que não conhece a
especialidade do hospital passe a tomar conhecimento da rotina, a fim de iniciar discussões
mais específicas e relevantes para a atividade do sujeito observado.
69
Os pontos de contato definidos e as observações serão elencados a seguir.
1) Troca de plantão: processo realizado entre os técnicos, em que o que está saindo
do plantão passa todas as informações necessárias para garantir que o que está
assumindo o plantão em seu lugar dê a continuidade adequada para o cuidado ao
paciente. Foi apresentado alto grau de informalidade na troca de informações, com
uma ausência de padrão no que estava sendo dito e comentários pessoais ao longo da
conversa. Observou-se que tal processo gera dificuldade para o técnico porque ele
precisa se concentrar para recordar tudo o que foi feito ao longo da sua jornada.
13
O box é o espaço separado em que ficam cada paciente e os seus aparelhos dentro do CTI.
14
O médico plantonista é contratado pelo hospital e fica responsável por todos os pacientes de uma
complexidade durante um turno.
15
O médico assistente é o médico do paciente particular ou convênio e atende casos específicos em horários não
programados; pode ser considerado outro cliente do hospital.
70
4) Controle de Sinais Vitais: folha em que o técnico anota e evolui16 procedimentos e
intercorrências de seu paciente de 15 em 15 minutos ao longo da jornada de trabalho
(Anexo VIII). Pode-se observar uma dificuldade de manuseio da folha (tamanho A3) e
falta de apoio para a prancheta (conforme relatado no item anterior). As observações
sobre a folha em um primeiro momento foram que ela poderia ser visualmente mais
clara ou ter mais informações para auxiliar na rotina do técnico.
7) Dieta: há uma sala no setor do CTI responsável pela elaboração das dietas. Durante
a jornada os técnicos vão até lá solicitá-las de acordo com a prescrição da nutrição.
Quando o paciente está entubado ou desacordado a dieta é infundida juntamente com a
medicação.
16
A evolução dos pacientes são registros feitos na folha de Sinais Vitais, a fim de monitorar a condição clínica
do paciente através de mensuração sistematizada da temperatura, pulso, respiração, pressão arterial etc.
17
Deixar algo pendurado: ficar devendo dinheiro ou, no caso dos técnicos, ficar devendo a prescrição, o que faz
com que eles formalizem o processo da farmácia.
71
10) Tarefas por box: os técnicos possuem uma obrigação comum dividida entre a
equipe de técnicos, chamada “tarefas por box”. Cada um responde por uma tarefa da
equipe, como controle dos kits do balcão central, organização dos lixos, limpeza dos
balcões, controle de estoque, expurgo, verificação da geladeira do setor e verificação
do carro de parada.
2) Dieta: há uma sala de dietas dentro do CTI, com entregas personalizadas por
pacientes.
72
4) Técnico de Enfermagem: há um técnico para cada paciente na alta complexidade
do CTI, responsável pelo monitoramento das medicações e do cuidado assistencial; na
baixa e na média complexidades há dois ou três pacientes por técnico.
8) Médico assistente: pode ser considerado um dos clientes do hospital, pois não
possui vínculo direto com a instituição, mas com o paciente em tratamento. Ele
frequenta o CTI conforme os seus horários.
11) Psicólogo: há uma equipe de psicólogos que atende aos familiares e à equipe do
CTI, mas que também é responsável pelo atendimento de todo o Hospital Mãe de
Deus.
73
FIGURA 26: Mapa de interação entre os atores no CTI
FONTE: Elaborado pela autora.
74
TABELA 4: DISTÂNCIAS PERCORRIDAS PELOS TÉCNICOS
O cálculo dos passos dos técnicos no CTI foi um dado quantitativo para justificar o
porquê do foco no técnico de enfermagem. Os dados demonstram que eles perdem muito
tempo se deslocando para fazer diversas atividades que poderiam ser melhor projetadas para
ficarem mais perto do cuidado ao paciente, onde realmente agregam valor.
75
FIGURA 27: Layout da planta baixa do CTI do Hospital Mãe de Deus
FONTE: Documento fornecido pelo hospital. Adaptado pela autora
(i) o layout não projetado da melhor forma, que faz com que ele se desloque para
buscar equipamentos, medicamentos e materiais de apoio;
(ii) o fato de ele assumir uma série de atividades que podem ser discutidas, uma vez
que fazem com que fique distante do paciente para realizar tarefas como pegar
medicamentos, quando alguém da área de apoio poderia pegá-los diretamente no box;
(iii) um conjunto de diversas outras perdas, que precisam ser melhor detalhadas e
fazem com que ele agregue menos valor do que poderia.
76
6.3.6. Mecanismo da Função Produção (MFP) e Perdas
77
78
FIGURA 28: Mapeamento dos processos do Mecanismo da Função Produção (MFP)
FONTE: Elaborado pela autora.
Durante as observações, pode-se notar que diversos processos existentes que não
agregam valor desencadearam-se do trabalho mal executado do técnico do turno anterior,
como por exemplo: (i) o atraso de colegas para a troca de plantão; (ii) esquecimento de
atualizar a prescrição médica de enfermagem; e (iii) a falta de organização do box. Foi
79
diagnosticado que poderiam ser trabalhadas ferramentas de gestão para que não houvesse um
alto índice de retrabalho devido ao não cumprimento de tarefas.
Neste momento do projeto foi realizada uma reunião sobre o andamento do trabalho
com os responsáveis pelo desenvolvimento da presente pesquisa e foi apresentada a
necessidade de compreender o ponto de vista do cliente, a sua percepção de valor. O primeiro
cliente citado foi o familiar de pacientes no CTI e nos questionamos: o que seria a sua
80
percepção de valor? Os pacientes são encaminhados para a CTI via Setor de Emergência
(externo) ou pelo Bloco Cirúrgico (médicos assistentes, particulares). Segundo o Gerente
Administrativo do CTI, praticamente 90% dos pacientes são provenientes de apenas 5
especialidades encaminhadas por médicos. Por isto a questão: Quem é mais cliente, o médico
assistente ou o paciente e o familiar? O que faz com que o médico prefira indicar seus
pacientes para o CTI do HMD? O que, no seu ponto de vista, o paciente espera do serviço da
CTI do HMD? Outro critério discutido foi a diferença entre Percepção do Serviço a nível
Assistencial (acompanhante e paciente leigos) e a Percepção a nível Técnico (médicos).
A. Percepção do médico assistente em relação ao CTI do HMD (para que ele utilize e
indique o serviço). Demonstraram haver carência de informações porque geralmente o
serviço de atendimento ao cliente foca a satisfação dos familiares e pacientes.
81
6.3.7. Mapa de Valor (de expectativas)
82
FIGURA 29: Mapa de Valores do médico assistente sobre o serviço do CTI
FONTE: Elaborado pela autora.
Um ganho nesta etapa foi a análise de conteúdo realizadas pelos dois olhares dos
83
pesquisadores das áreas da Engenharia e Design. Por se tratarem de dois pensamentos
diferentes, um voltado a conceitos, significados e percepções e outro voltado a variáveis,
padrões e estruturas, a discussão gerou um mapa de valores estruturado e as suas variáveis
permitiram fosse aplicado em análises de outros atores em contextos hospitalares.
Após a finalização da coleta de dados de diagnóstico, foi realizada uma reunião com a
gestora do CTI para apresentar as informações coletadas até o momento e para a definição do
foco de atuação. Na ocasião foram apresentados o mapa da jornada de trabalho dos técnicos e
algumas proposições de caminhos possíveis. A gestora da área indicou as prioridades da
gestão, visando a implementação do projeto.
85
A partir desta discussão, foram apresentadas as questões problemáticas identificadas
através da imersão na jornada do técnico: (1) os processos duplicados de prescrição; (2)
dificuldade de manuseio da medicação; e (3) a troca de plantão informal entre técnicos. Sobre
o item 1 ela comentou que já estão desenvolvendo um sistema de resolução. Sobre o item 2
ela demonstrou importância, indicando a Lei RDC 50, que serve como legislação para todo
este processo. Ela considerou o item 3 realmente um ponto crítico:
86
1) Foco 1: Estrutura de Informação. Como reduzir erros na passagem de
informações e na comunicação entre os técnicos na troca de plantão? Justificativa:
melhorar problema de comunicação, segurança e eficiência do cuidado ao paciente.
87
Após a definição dos três possíveis focos de atuação e a posterior análise com o grupo
envolvido no projeto (professores, gestores e pesquisadores), foi definido que iria ser
desenvolvido o Foco 1, pelos seguintes motivos: (i) este foco representava uma melhor
relação entre o menor esforço e o maior impacto, conforme o princípio da alavancagem de
Senge (1998), que relata a importância de identificar o ponto de origem das mudanças nas
estruturas a fim de obter melhorias significativas e permanentes, de forma a refletir na tomada
de decisão direcionada para pequenas ações específicas e de alavancagem consideráveis; (ii)
pelo tema da passagem de plantão ser uma questão crítica na área da enfermagem como um
todo (SILVA et CAMPOS, 2007), seria mais possível abordar as evidências no projeto, já que
isso possibilitaria um maior grau de generalização para possíveis aplicações em casos futuros.
88
FIGURA 32: Síntese da Etapa 2: Criar & Refletir
FONTE: Elaborado pela autora.
18
Procedimento usual para organizar o relato de informações específicas do paciente; inicia a descrição da
região da cabeça para os pés.
89
Nos dois técnicos observados do turno da noite houve atraso para a passagem de
plantão. O técnico que estava na tarde precisava sair e passou o plantão para uma outra pessoa
(que havia já recebido três passagens de plantão), para que ela passasse as informações do
paciente para o colega atrasado. Nesta segunda imersão, já com o foco de projeto, foi
importante para diagnosticar questões específicas e culturais envolvidas entre os funcionários
no processo de passagem de plantão.
A partir destes materiais, foi realizada uma síntese de variáveis possíveis para serem
abordadas no documento de check list de passagem de plantão (Anexo XI). A ideia era criar
um material físico estilo check list das atividades fundamentais deles, para que este material
se tornasse uma norma da CTI e que eles cobrem entre si as tarefas, de forma a facilitar a
troca e ficar menos vulnerável ao esquecimento de informações.
A partir deste material, foi realizada uma reunião com a Gestora do CTI e a Gestora de
Enfermagem para elencar, das variáveis listadas, as que eram de responsabilidade do Técnico
e as que eram de responsabilidade do enfermeiro. Ainda, levou-se em consideração as que
eram apenas atividades diárias do técnico e as que eram informações de passagem de plantão
e que poderiam ser mensuradas.
90
6.4.2. Reunião de co-criação
(i) A falta de disciplina com horários. muitas vezes o colega que entra para pegar o
plantão do turno anterior se atrasa e a pessoa que está saindo (e precisa cumprir sua
hora) acaba tendo que passar o plantão para outro, e não para quem realmente cuidará
do paciente.
91
Além disso, foram colocados em discussão (i) a Folha de Sinais Vitais, documento em
que os técnicos monitoram os controles assistenciais de todo o turno de trabalho; e (ii) um
check list já existente de revisão das atividades (Anexo XII), que eles geralmente não
preenchem da forma adequada. Na Figura 32 pode-se observar as discussões realizadas
durante a reunião (Em um tamanho maior no Anexo XIII).
Na reunião de co-criação foi definido em conjunto com os técnicos que seria criada
uma Folha de check list para passagem de plantão e seria desenvolvida uma melhoria na
Folha de Sinais Vitais já existente nos seus documentos de uso diário.
92
enfermeiros auxiliaram no direcionamento das informações (especialidade deles) e na
correção das informações (Anexo XVI: Versão 2 Check List). Em uma terceira reunião o
material foi levado para a Gestora de Enfermagem e a Gestora do CTI, que sintetizaram o
modelo em apenas uma folha frente e verso (otimizando a questão gerencial) (Anexo XVII:
Versão 3 Check List).
Ao longo das reuniões eram feitos protótipos rápidos de serviço para possibilitar as
discussões a respeito do melhor layout e da organização das informações. Foram
desenvolvidas também melhorias na Folha de Sinais Vitais, que resultaram no modelo do
Anexo XVIII. Nesta nova versão da Folha de Sinais Vitais os ganhos estimados pela equipe
foram: (i) mais espaço para o preenchimento da evolução dos pacientes, com um espaço
separado para as descrições do técnico em cada turno (manhã, tarde e noite) em um mesmo
dia; (ii) disposição horizontal, e não vertical, para facilitar o manuseio; (iii) mais espaço para
escrever sobre exames, pertences, visitas etc. (iv) foram retirados os itens existentes na folha
anterior que não eram preenchidos pelos técnicos.
93
documento arquivado pelo hospital que comprova o atendimento dado ao paciente e não
utilizado apenas pela equipe interna; (iii) dependia da aprovação mais detalhada do Comitê de
Prontuários. Isto demonstra a dificuldade de implantar mudanças no contexto hospitalar, em
especial quando envolve diretamente o controle e o cuidado à saúde do paciente.
Para o primeiro teste foi selecionado pela gestão um setor que serviria como piloto, a
área de média complexidade do CTI. Foram realizadas três reuniões com grupos de técnicos
de enfermagem (manhã, tarde e noite) para explicar o processo que iria ser inserido na sua
rotina, como foi diagnosticado o problema e quais seriam os ganhos para os diferentes atores
envolvidos no serviço. Foi exposto que os resultados esperados a partir da aplicação do check
list na rotina seriam: auxiliar na troca de informações dos técnicos (memória, organização);
facilitar o atendimento (recebimento do box em condições para o cuidado ao paciente);
mudança de comportamento (se responsabilizar pelo recebimento do plantão); mudança de
95
atitude (se responsabilizar pela entrega do plantão). Durante estas reuniões, foi enfatizado que
a ferramenta tinha sido criada por uma equipe que incluía alguns dos seus colegas técnicos de
enfermagem. Foi solicitado ainda que eles colocassem dúvidas ou sugestões sobre o material
que estava sendo entregue. Em todas as reuniões os técnicos sugeriram modificações, que
após a verificação da gestora foram inseridas no material, resultando na quarta versão do
check list (Figura 35, material disponível no Anexo XIX):
Em uma reunião de treinamento em que estava uma das técnicas que participaram da
atividade de co-criação inicial observou-se que no momento em que um dos integrantes
contestou negativamente ela defendeu os motivos, explicando para o colega as causas daquela
mudança. Ela estava envolvida e se sentia também “dona” da ideia.
Foi discutido que a disposição dos itens do check list estava gerando duplo sentido na
hora de os técnicos o preencherem: não ficava claro que item que tinha sido devidamente
relatado ou executado. Diante deste problema, a sugestão da pesquisadora designer foi
separar os itens na Folha de Check List, de forma que se torne mais visual.
A versão que rodou para o piloto foi a de número 4, aprovada pela gestão, que não
19
continha as últimas sugestões dos técnicos referentes ao “kit completo”. A gestora de
enfermagem, que não estava na reunião de treinamento com os técnicos, não considerou
relevante as informações sugeridas por eles. Justificou a não inserção dos itens por não querer
que eles se preocupassem com coisas pequenas, do dia-a-dia, e gostaria que eles se
preocupassem com o cuidado ao paciente de forma mais ampla. Fizemos a sugestão de um
meio-termo entre as visões e foi colocado dentro do ítem de organização do box o “kit
completo”, que era algo importante para o técnico.
19
O Kit é um conjunto de materiais de uso do técnico para executar seu trabalho e que ficam dentro de cada box:
tesoura, caneta, calculadora, etc.
97
os colegas para melhorar o atendimento ao paciente. Este tipo de mudança acaba revelando
uma espécie de conflito entre as funções, cada um defendendo os seus interesses.
Após esta reunião foi decidido pela equipe finalizar o mês com esta versão do
documento e elaborar uma segunda versão para aplicação no mês seguinte. Antes de finalizar
a segunda versão, a pesquisadora designer foi conversar com os técnicos no local de trabalho
e apresentar as melhorias da folha, para que eles dessem as suas opiniões.
98
Alguns sim, outros não. Eu chego e deixo a folhinha ali em cima da mesa quando o
colega esta chegando para receber o plantão, para ele marcar. Até carimbo meu
nome antes. Mas depende deles também, eu fiz isso vários dias e eles pegavam a
folha e não perguntavam os itens, eles já são bem grandinhos para saber que precisa
fazer isso, mas acontece que eles não fazem se ninguém está em cima cobrando.
Então ela afirmou que achava relevantes as informações do check list e foi
questionada sobre qual o motivo que fazia com que alguns técnicos não preenchessem. Ela
respondeu:
É, por preguiça né... Alguns dizem pelos corredores: ah, acho que é bobagem... acho
que é perda de tempo... Daí eu acho que se tu tornar o mais simples possível é
melhor. Quem sabe o pessoal consegue ver que é importante. Aí também o pessoal
esta questionando, o que é organização de box pra uns, não é pra outros. Cada um
tem um jeito de se organizar e tal (...) é que na verdade é muito difícil o pessoal
aceitar uma coisa nova, né...
E então ela comentou os pontos positivos: “Ao mesmo tempo, no dia que faltou a
folhinha, a colega da tarde veio pra mim e disse: tu não sabe da folhinha? Não tem mais!” No
dia seguinte ela tinha providenciado a impressão com a secretaria: “é uma forma de auxílio da
memória, querendo ou não tudo que está aqui é o que tu tem que passar para o teu colega de
mais importante...”
Quando apresentada a nova versão (Figura 38; material disponível no Anexo XX) os
técnicos do turno a consideraram muito melhor e mais clara por ser mais direta e objetiva.
99
FIGURA 38: Versão 5 do Check list: Documento utilizado no segundo mês de implementação
FONTE: Documento do projeto
100
CAPÍTULO 7. ANÁLISE DO CASO
101
(ii) O percentual de trocas de plantão realizadas da forma correta: o técnico que
cuida do paciente neste turno passa o plantão para o técnico que cuidará no turno
seguinte. Os critérios utilizados para esta análise foram: quando a pessoa não preenchia
nenhum nome ou o nome de quem recebeu o plantão não coincidiu com quem passou o
plantão seguinte, foram consideradas passagens de plantão “erradas”. Referente ao Piloto 1,
de um total de 564 trocas preenchidas, 141 foram consideradas erradas. Ou seja, 25% das
trocas preenchidas não foram realizadas pela pessoa que cuidou realmente do paciente no
turno anterior. Referente ao Piloto 2, de um total de 306 trocas preenchidas, 60 foram
consideradas erradas. Ou seja, 19,6% das trocas preenchidas não foram realizadas pela pessoa
que cuidou realmente do paciente no turno anterior. Em primeiro lugar pode-se observar que
o percentual de trocas erradas foi alto, o que indica a importância de um maior rigor na gestão
das trocas de plantão dos técnicos de enfermagem. Em segundo, apesar do percentual de
aderência ter reduzido no Piloto 2 em relação ao 1, o conteúdo da Versão 2 do check list
demonstrou melhorias positivas, pois gerou menos erros nos preenchimentos por parte dos
técnicos.
Pode-se observar que, embora o percentual de adesão aos check lists tenha sido baixo,
a segunda versão do Piloto, mais clara e visual e sem dubiedade de interpretação, possibilitou
102
que os técnicos mais comprometidos com as suas atividades relatassem questões relevantes,
como o comprometimento dos colegas com horário e os itens Organização do box e kit
completo e Revisão dos rótulos nos equipamentos, entre outros. Isto demonstra o potencial
desta ferramenta se houvesse o comprometimento da maioria dos técnicos de enfermagem.
Poderia se ter informações relevantes a respeito de quais técnicos precisam respeitar mais os
horários ou realizar as trocas da forma correta, a gestão poderia trabalhar itens específicos de
treinamento, etc.
Após a compilação dos dados, foram realizadas algumas entrevistas e discussões com
os gestores e os pesquisadores envolvidos no projeto, que serão relatadas a seguir. Do ponto
de vista da gestora do CTI e da gestora de enfermagem, há uma questão muito forte de
resistência à mudança de cultura. Segundo a gestora de enfermagem,
Uma questão colocada pela gestora do CTI é que eles não têm a cultura de ser
avaliados:
Então não tem a ideia do feedback, a área da saúde não tem isso. Todo mundo
aprende na faculdade que a área da saúde é uma doação, de estar fazendo um bem
para o mundo, mas não é isso, é um trabalho como qualquer outro e requer
avaliações. Mas é difícil inserir esta cultura.
Por mais que a gente tenha avaliações institucionais uma vez por ano, tem a questão
do dia-a-dia e, em torno do enfermeiro, também em entender a importância disso e
fazer de uma forma mais sistemática, para que os técnicos percebam que aquilo é
importante para a liderança.
103
A informação da passagem de plantão é muito difícil para eles visualizarem, porque
são questões de comunicação que não se aprende na faculdade, em cursos de
técnicos de enfermagem, a questão da comunicação. Nós sabemos que está muito
vinculado à segurança do paciente, mas na prática do dia-a-dia eles não aprenderam
a fazer. É muito novo a incorporação da qualidade da informação na prática para a
segurança do paciente. A comunicação é uma das mais difíceis.
(...) a gente quer que eles vejam as coisas de uma forma diferente, mas a gente vive
“apagando os incêndios”. Por exemplo, dizemos para eles: “Não quero que
conversem aqui dentro sobre assuntos de fora”. Mas não dizemos como fazer
diferente. Dizem: “Mas eu sempre fiz assim e sempre deu certo, por que mudar
agora?”.
104
Esse tempo maior para a implementação possibilitaria um envolvimento de mais
técnicos dentro do processo e uma maior elaboração do trabalho de conscientização para
esclarecer os impactos desta mudança no trabalho deles.
Outra análise foi realizada com o pesquisador associado da área de Engenharia, que
argumentou que o principal objetivo da ferramenta foi minimizar os erros de comunicação
entre os técnicos, pois este problema surge de uma série de causas e raízes. Os ganhos
principais analisados da ferramenta foram:
(iii) Garantir que o técnico de enfermagem que vai receber o seu posto de trabalho,
além desta parte informacional, com condições mínimas e checadas para ele dê
continuidade ao processo de cuidado ao paciente. Por isso perguntamos no check list:
está conferido o equipamento? Ou seja, os recursos mínimos necessários estão ok?,
pode ser trabalhado?
105
eficiente. Ou seja, se eles forem mais produtivos pode-se agregar mais atividades ao
trabalho deles.
A partir destas reflexões foram geradas algumas contribuições para o caso. A respeito
de uma possível análise de que os técnicos possam não ter percebido o valor do check list
como um instrumento efetivo de gestão da rotina, capaz de apoia-los na execução das
atividades e na solução dos problemas existentes, foram realizadas algumas proposições. Em
algumas entrevistas notou-se uma falta de crença por parte deles de que isto geraria realmente
alguma mudança por parte da gestão. Esta constatação nos permite concluir que, além de um
tempo maior destinado à implementação, pode ter faltado o desenvolvimento de um método
para criar a rotina de gestão em torno da passagem de plantão. De fato, o projeto realizado
envolveu a construção de uma ferramenta de passagem de plantão, mas para que ocorra a
implementação é preciso um método de gestão em relação ao processo de passagem de
plantão.
106
A partir da análise do caso realizado, sugere-se a criação de um método de gestão para
melhoria contínua dentro do ciclo PDCA em relação ao processo de passagem de plantão,
utilizando os seguintes questionamentos:
Dentro de cada uma destas etapas poderiam ser utilizadas ferramentas do Design de
Serviços para a conscientização dos funcionários e a visão global do serviço. Esta
metodologia visa a geração de um ciclo de melhoria contínua, de modo que após a finalização
da etapa de ação corretiva pode-se retornar para a etapa de planejamento e prosseguir na
melhoria do processo.
107
CAPITULO 8. ANÁLISE DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DO
DESIGN BASEADO EM EVIDÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS
108
Serviços é aberto e cíclico e abre intervenções ao longo do processo. Durante a aplicação do
caso, a influência principal da visão das evidências para o processo global do Design de
Serviços (através da Engenharia) foi a preocupação constante em replicar o caso em novos
estudos ao buscar a geração de “evidências científicas” ao longo do projeto. O Design de
Serviços, quando baseado em experiências, tem como objetivo demonstrar da melhor maneira
possível uma determinada realidade cultural, com a percepção de valor do cliente inserido
naquele contexto específico (CARR et al, 2011; BATE et ROBERT, 2006). Portanto, este
olhar complementar das evidências, que visa buscar formas de categorizar as informações
coletadas, por exemplo, nas estruturas do Mapa de Valores, pensando em futuras replicações
deste caso para outros contextos hospitalares, é válido: os designers podem aprender com
casos anteriores, já aplicados, antes de entrar em um novo contexto cultural. Desta forma,
com este olhar integrado, podem ser geradas formas de categorizar e organizar a análise do
contexto cultural dentro dos hospitais (Figura 38).
Um dos ítens a destacar nesta estruturação de mapa de valores para o setor hospitalar é
a relevância da existência de uma boa “estrutura afetiva” para apoiar os atores.
Diferentemente de outros contextos empresariais, foi verificado que no ambiente hospitalar os
atores envolvidos lidam com questões de insegurança, falta de controle, constrangimento ou
enfrentamento da relação entre a vida e a morte e, por isso, demandam uma maior
necessidade de estruturas relacionadas à área da Psicologia.
109
contribuições do Mecanismo da Função Produção, avaliada para o Design ao longo do caso, é
fazer com que o foco de priorização para a proposição das melhorias de um projeto de Design
ocorra a partir da ótica de processos e, depois, passe para as operações. Constatou-se que no
projeto de Design são observados a linha completa da experiência do sujeito e os pontos de
contato existentes ao longo de toda a jornada de trabalho. Toda esta jornada, do ponto de vista
do MFP, não é dividida em evidências físicas, mas sim em pequenos processos a serem
discriminados e avaliados de forma independente, para diagnosticar perdas ou falhas que
determinem a raiz do problema. No caso do hospital observado, cada ponto de contato ou
processo identificado desencadeia diversos outros fatores internos essenciais para o
atendimento, pois cada profissional tem funções específicas ao longo de sua jornada e, para
que tudo funcione, todos os processos precisam estar em sintonia. Nesse sentido não seria
possível melhorar a jornada completa do técnico desde que ele chega ao serviço e vai embora,
mas poderiam ser diagnosticados diversos processos que impedem que ele cuide melhor do
paciente e da sua segurança.
O Design traz um olhar mais horizontal e global e a visão do MFP traz a verticalização
das melhorias na raiz dos problemas. O olhar sobre as perdas do técnico no cuidado ao
paciente e a separação em processos, mais do que em pontos de contato, gerou um foco mais
profundo e mensurável ao projeto em Design de Serviços.
Com esta visão, o diagnóstico passa a ser melhorar o processo de gestão da troca de
110
plantão dos técnicos, e não somente um material de apoio para a comunicação. O check list
foi uma forma padronizar a gestão e controlar o processo. Se este modelo for aplicado em
outro setor do hospital, onde o paciente está consciente, após aplicar a separação dos
processos (visão de evidências), poderia partir para um olhar direcionado ao usuário e à sua
percepção (visão de experiências), de forma a projetar valor tanto para o usuário quanto para a
gestão da organização. Esta visão integrada auxilia a desmembrar as diversas jornadas dos
usuários e/ou funcionários para a visualização de uma ampla rede de processos a serem
melhorados pelo Design.
Desta forma, é possível determinar que será feito um projeto em Design no foco “X”
porque tem um índice de perda muito elevado, o re-trabalho (refugo) é alto etc. Esta lógica
ajuda a justificar o “por quê”. Depois, quando queremos determinar o “como fazer”, entram
as ferramentas do Design, a criatividade etc.
O presente projeto destinou grande parte do tempo para o diagnóstico e pouco tempo
para a implementação. Uma das análises do caso foi a importância de destinar mais tempo e
envolvimento na implementação. Segundo Biehl (2007) é necessário considerar o momento
do projeto em que ocorre o envolvimento dos usuários (ou funcionários) no projeto, pois caso
não aconteça nas fases iniciais pode levar ao insucesso do projeto de implantação, pois eles
terão maior resistência e isto irá constituir um obstáculo. No mesmo sentido, diversos autores
da área da Implantação de Sistemas, como Somers e Nelson (2001), Yang, Ting e Wei (2006)
e Murray e Coffin (2001), defendem a ideia de que o treinamento e o envolvimento
111
insuficiente de todos os usuários (ou funcionários) envolvidos pode ser uma falha que
repercute negativamente na implantação.
FIGURA 41: Integração das evidências e experiências no projeto em design de serviços no setor hospitalar
FONTE: Elaborado pela autora.
113
CONSIDERAÇÕES FINAIS
114
de criação, porque é na fase de implementação que se torna possível a conscientização dos
atores, e as ferramentas do Design para empatia se tornam um grande diferencial para facilitar
a mudança de cultura. Desta forma, foi possível avaliar, complementarmente, o uso das
ferramentas orientadas pelo usuário do Design e o Mecanismo da Função Produção,
observando em qual das etapas do processo elas devem ser evidenciadas.
Cabe dizer que o presente projeto foi realizado ao longo de dois anos e, ao longo do
primeiro, foi um desafio entrar no ambiente hospitalar do CTI, conviver com pessoas lutando
entre a vida e a morte, além de compreender todos os termos técnicos, a realidade cultural, os
interesses dos atores, a organização, as normas etc. Foi feito um esforço para tentar transmitir
para o papel todas estas percepções e informações da pesquisadora para que o leitor
acompanhe e compreenda o desenvolvimento e evolução do projeto. Uma limitação do estudo
foi a dificuldade de acesso a este ambiente e aos funcionários do hospital, pois as demandas
do seu trabalho eram imprevisíveis ao longo do seu turno. Por vezes, foram difíceis os
agendamentos de reuniões, as interrupções e o envolvimento dos funcionários no projeto.
Cabe ressaltar que o ambiente definido para a realização do projeto limitou a aplicação
de um caso orientado efetivamente pelo paciente (usuário) porque no caso do CTI a maioria
dos pacientes estavam inconscientes e entubados e, então, trabalhou-se com os funcionários
da Linha de Frente (técnicos), para que eles entregassem uma experiência e uma eficiência
melhores ao tratamento dos pacientes. Neste sentido, seria interessante a continuação da
pesquisa para integrar o olhar da Engenharia ao processo do Design no Foco 3, por exemplo,
onde os familiares poderiam ser envolvidos no processo de co-criação e na projeção da
experiência.
Cabe ressaltar ainda que se o paciente estivesse acordado talvez fosse essencial o
trabalho junto à Psicologia no hospital, pois desta forma seria possível gerar argumentos
relativos à percepção do paciente que fossem baseados em evidências. A Psicologia poderia
auxiliar no diagnóstico dos “problemas reais” e o Design poderia gerar soluções para
melhorar a percepção dos pacientes baseado nas evidências da psicologia. Por exemplo, no
caso realizado no HMD, a psicóloga trouxe a questão:
Os familiares estão muito estressados e ficam muito ansiosos por não conhecer o
ambiente, começam a fantasiar que o paciente está morrendo, não conhecem os
sons, os aparelhos, tudo é muito desconhecido. Toda a vez que alguém chega nós
temos que explicar tudo como funciona porque a informação dá para eles a fantasia
de controle da situação. E isto minimiza a ansiedade.
115
Então, se fossemos trabalhar com este foco, a Psicologia daria subsídios fortes para
diagnosticar o problema e embasar a melhoria da percepção, para fazer mudanças reais no
contexto. Neste caso, poderia ser feito um “Manual de Apoio ao Familiar ao paciente
internado” que tivesse as informações ditas pela Psicóloga de uma forma clara e visual,
fazendo com que não precisasse de tantos atendimentos individuais na chegada do familiar.
Ainda, alguns contatos posteriores à realização da presente pesquisa com ex-pacientes
internados no CTI, demonstraram o quanto seria relevante o foco profundo do projeto na
experiência do paciente e no seu aprimoramento (no que envolve a qualidade do atendimento
da equipe, a comunicação, o conforto, etc). Não há evidências ainda de o quanto estas
melhorias poderiam gerar de impacto na minimização de dores do paciente e até a uma
possível motivação e impulso para a cura de uma doença.
Por isso, essa abordagem conjunta do Design com outras áreas especializadas para
auxiliar a embasar as evidências para mudanças no contexto hospitalar demonstrou ser
produtiva. A partir dos achados deste trabalho, recomenda-se a investigação de um caso
aplicado de análise com a Psicologia hospitalar para embasar a questão da percepção para
uma mudança neste ambiente.
116
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122
ANEXOS
123
Anexo I: Análise das ferramentas utilizadas pelo Design de Serviços (segundo Moritz, 2005)
Este gráfico teve como objetivo principal uma análise qualitativa sobre as áreas de
conhecimento principais utilizadas nas ferramentas do Design de Serviços, através da descrição da
quantidade de ferramentas utilizadas pelo Design de serviços em cada área de conhecimento.
Moritz (2005) classificou as ferramentas como Existentes em outras áreas (E), Existentes e
Adaptadas pelo Design (A) e Ferramentas do Design (N). A categorização por área de
conhecimento foi estabelecida pela autora a partir das características de cada ferramenta e da
revisão teórica sobre o uso das mesmas em diferentes campos do conhecimento.
Fase 1: Compreender
124
Área de Conhecimento Nome da Ferramenta Características
125
Psicologia profundas sobre um tema
de projeto
Marketing Market segmentation (E) Subdivisão dos clientes
por idade, gênero,
localização ou outros
critérios para projetar de
forma direcionada um
serviço
Marketing Mystery shoppers (E) Técnica de pesquisa para
medir a qualidade do
serviço e verificar
problemas
Pesquisa Quali e/ou Net scouting (E) Pesquisar informações
Psicologia sobre um tema na internet
para verificar estudos
anteriores e discussões
prévias sobre um tema
Pesquisa Quali e/ou Observation (E) Verificar comportamentos
Psicologia no usuário em contato com
protótipos ou serviço, com
filmagens ou fotografias
Criatividade e/ou Probes (E) Coleta de informações e/ou
gestão de projeto objetos que caracterizem o
ponto de vista do usuário,
para ser analisado e
interpretado pela equipe
Pesquisa Quali e/ou Reading (E) Aprender sobre o tema
Psicologia para poder conversar com
os atores e projetar em um
mercado específico
Usabilidade Service status (E) Diagnóstico que determina
se o serviço precisa ser
aprimorado ou se deve
criar um novo serviço
Pesquisa Quali e/ou Shadowing (E) Pesquisa para identificar
Psicologia comportamento, cultura e
percepção do usuário
durante o uso do serviço
Usabilidade Thinking aloud (E) Clientes são questionados
para falar sobre o que
pensam enquanto estão
utilizando o serviço
Marketing Trend scouting (E) Identificação de tendências
em observações holísticas
de comportamento, feiras,
opiniões de especialistas
sobre cultura, sociedade,
política e tecnologia
Pesquisa Quali e/ou User surveys (E) Pesquisas com clientes
Psicologia para identificar razões de
126
satisfação e propósitos ou
verificar padrões,
necessidades e prioridades
Engenharia 5 why’s (E) Diagnóstico da relação
causa e efeito sobre um
problema para verificar a
sua origem
DESIGN DE Insight matrix (N) Forma de organizar e
SERVIÇOS visualizar os insights sobre
o serviço
DESIGN DE Test & Tried components Testar ideias na prática
SERVIÇOS (N) para desenvolver um
conceito novo de serviço
DESIGN DE Inspirational specialists Identificar questões-chave
SERVIÇOS (N) do serviço e chamar
especialistas relacionados
para aprender sobre o tema
2. Pensar
Criatividade e/ou gestão Affinity diagram (E) Processo criativo coletivo
de projeto para organizar insights,
ideias e opiniões; auxilia a
organizar e visualizar ideias
Gestão/Negócios CATWOE (E) São iniciais de conceitos
para estimular a pensar
sobre formulação do
problema: Clientes,
Atores, Transformação,
Visão global, Gestores e
Ambiente
Criatividade e/ou gestão Brutethink (E) Técnica de associações de
de projeto palavras para estimular
criatividade do grupo
Engenharia Fishbone diagram (E) Diagrama de causa e
efeito, para identificar a
origem do problema,
ferramenta heurística para
organizar pensamentos
para melhorar a qualidade
Criatividade e/ou gestão Lateral thinking (E) Abordar um problema de
de projeto diversos ângulos, ampliar a
visão sobre um problema
Criatividade e/ou gestão LEGO serious play (E) Incentivar o pensamento
de projeto criativo na cultura das
empresas, levar membros
da equipe a criar metáforas
e narrar experiências
utilizando peças da LEGO
127
Criatividade e/ou gestão Mind map (E) Visualizar os pensamentos
de projeto relativos ao problema e as
suas conexões para
auxiliar na visão global.
Criatividade e/ou gestão Parallel thinking (E) Abordar um problema de
de projeto diversos ângulos, focando
em “o que poderia ser”
mais de “o que é” hoje
Pesquisa Quali e/ou Personality matrix (E) Identificar a personalidade
Psicologia de uma marca para que
pontos de contato e
comunicações estejam de
acordo
Criatividade e/ou gestão Specification (E) Documento que formaliza
de projeto escopo e o foco do projeto,
pode estar sempre em
atualização mas toda a
equipe deve compartilhar
para permanecer no foco
Gestão/Negócios System thinking (E) Técnicas para estudar
sistemas e a forma como
um elemento influencia o
outro. Pensamento
sistêmico auxilia a
compreender problemas
complexos que envolvem
múltiplos atores em grande
número de interações
Criatividade e/ou gestão Think tank (E) Discussão aberta entre
de projeto especialistas e gestores,
para desenvolver soluções e
compartilhar suas
expertises. Usado para
determinar objetivos,
critérios e direção do
projeto em design de
serviços
Gestão/Negócios Touchpoints (E) Pontos de contato do
usuário com o serviço que
formam a jornada da
experiência completa
Engenharia Total quality flow charting Método com pensamento
(E) visual utilizado para
analisar a sequencia de
eventos e pensar a linha do
serviço com símbolos para
simplificar o processo do
negócio ao eliminar passos
que não agregam valor
Criatividade e/ou gestão Priority matrix (E) Avaliar problemas e
128
de projeto escolhas de caminhos pelas
prioridades do projeto
Criatividade e/ou gestão Visual thinking (E) Compartilhar pensamentos
de projeto com clientes e equipe
através de desenhos,
selecionando e
combinando imagens ou
outros materiais.
3. Gerar ideias
Criatividade e/ou Gestão Body-storming (E) Imaginar e interagir com o
de Projeto objeto como se ele já
existisse para tentar chegar
a soluções
Criatividade e/ou Gestão Brainstorming (E) Tempestade de ideias a
de Projeto partir de objetivos pré-
determinados, para
explorar a potencialidade
criativa do grupo
Criatividade e/ou Gestão Brain-writing, -shaping, Técnica criativa para
de Projeto etc. (E) coletar ideias inovadoras de
um grupo para resolver
problemas
Criatividade e/ou Gestão Experience sketching (E) Utilizado para os membros
de Projeto da equipe se imaginarem
usufruindo o serviço e
pensarem como reagiriam
diante de cada situação
Criatividade e/ou Gestão Group sketching (E) São rascunhos simples
de Projeto para explicar ideias de
forma rápida e econômica,
a fim de encorajar os
participantes do grupo a
compartilhar insights
quando são de origens
culturais diferentes
Criatividade e/ou gestão Idea interview (E) Entrevistas com
de projeto especialistas para mostrar
uma ideia de projeto ou
mock up para aprimorar e
evoluir o resultado
Criatividade e/ou gestão Open space technology (E) Espaço com mais pessoas
de projeto que tem interesse sobre o
tema de projeto para um
amplo brainstorm e
discussão em pequenos
grupos sobre tópicos
diversos
129
Criatividade e/ou Gestão Parallel design (E) Dois ou mais grupos
de Projeto trabalhando de forma
simultânea com o mesmo
brief. Os resultados podem
ser comparados e
repensados em conjunto
Criatividade e/ou Gestão Randomiser (E) Combinar diferentes
de Projeto elementos ou ideias para
criar conceitos para
soluções complexas
Criatividade e/ou Gestão Unfocus group (E) Entrevistar diversos tipos
de Projeto de grupos de pessoas, os
que são muito familiares
ao problema ou que não
tem nenhuma relação com
ele para gerar ideias novas
Engenharia Feature tree (E) Diagrama em árvore para
mostrar as diferentes
funções, necessidades e
elementos do serviço.
Utilizado para visualizar e
combinar ideias em uma
parte específica do serviço
4. Filtrar
Usabilidade Card sorting (E) A equipe escreve ideias e
conceitos em cartões e
trocam entre grupos de
projeto. Participam
clientes e representantes da
organização e avaliam as
ideias melhores
Criatividade e/ou Gestão Character profiles (E) Uma curta descrição do
de Projeto perfil do cliente, utilizando
uma descrição de um
estereótipo de público alvo
da empresa. Para utilizar ao
longo do projeto: “O que a
Sara estaria pensando
agora?” “E o John?”
Usabilidade Cognitive walkthrough (A) Um grupo de avaliadores
(engenheiros ou outros
especialistas) utilizam um
protótipo de serviço ao
longo da jornada do cliente
para medir a percepção do
cliente (fictício)
Usabilidade Constructive interaction Gravar duas pessoas
(A) utilizando algo e
130
comentando a respeito
para avaliar suas
percepções
Usabilidade Diagnostic evaluation (A) Avaliações baseadas no
usuário sobre problemas
de usabilidade em um
projeto de serviço como
forma de mensurar a sua
satisfação
Usabilidade Evaluation review (E) Testes e avaliações de
serviços já existentes para
compreender e melhorar os
sistemas como um todo e a
experiência do serviço.
Feito por especialistas ou
usuários
Usabilidade Expert evaluation (E) Testes e avaliações feitos
por experts antes do
serviço ser testado por
clientes, para avaliar
rapidamente problemas de
usabilidade e
funcionamento
Engenharia Feasibility check (E) Experts internos e externos
são questionados para
verificar viabilidade e
possibilidades em uma
ideia de serviço
Usabilidade Heuristic evaluation (A) Especialistas em
usabilidade utilizam
heurística para avaliar o
serviço de forma rápida
para fornecer ideias de
melhoria do serviço
Marketing Personas (E) Criação de arquétipos de
usuários a fim de
representar padrões de
comportamento baseado
nas pesquisas
Gestão/Negócios PEST analysis (E) Checklist dos aspectos
políticos, econômicos,
socioculturais e
tecnológicos do ambiente.
Visão global dos diferentes
aspectos que a organização
deve levar em conta
Usabilidade Pluralistic walkthrough Método de inspeção em
(A) que um variado grupo de
stakeholders é colocado
junto para avaliar o
131
conceito do serviço
Usabilidade Retrospective testing (A) Mostrar uma filmagem
feita com o cliente para
que ele comente questões
adicionais enquanto se vê
utilizando o serviço.
Possibilita parar a fita e
perguntar algo específico
Criatividade e/ou Gestão Sticker vote (E) Diferentes ideias são
de Projeto escritas em cartões e
colocadas na parede. Cada
integrante da equipe tem
que pegar 3 a 5 que
considerem as melhores.
Utilizado para transparên-
cia da equipe e permanecer
no foco do projeto
Marketing SWOT analysis (E) Análise dos pontos fortes e
fracos, oportunidades e
ameaças para
planejamento estratégico
Usabilidade Task analysis (A) Analisa as ações e
processos cognitivos que o
cliente esta sendo
requisitado para fazer para
cumprir as etapas do
serviço
5. Explaining
6. Realizar
134
ajudar na implementação
Gestão/Negócios Intranet (E) Plataforma online utilizada
para fornecer informações
dos últimos projetos que
estão sendo desenvolvidos
na organização para
compartilhar as
informações na empresa
Engenharia Line of balance (E) Processo de controle para
coletar, mensurar e
apresentar fatos
relacionados ao tempo,
custo e implementação –
mensurado através de um
plano. Mostra o processo,
status, background, tempo
do projeto e fases. Usado
para gerenciar os tempos e
recursos de cada parte do
projeto
Gestão/Negócios Role script (E) Documento que especifica
as responsabilidades e
funções para a
performance do serviço.
Simula diferentes cenários
e situações para serem
entregues aos funcionários
Usabilidade Service prototype (E) Testar como as ideias e
componentes funcionam
no contexto da vida real
Gestão/Negócios Templates (E) Documentos e ferramentas
que auxiliam a
implementar um serviço de
forma consistente. São
fáceis de usar, auxiliam a
traduzir o conceito em
ações praticas do dia-a-dia
Usabilidade Wizard of Oz (A) Experiência de pesquisa em
que usuários interagem
com um sistema de
computador que acreditam
ser autônomo, mas na
verdade está sendo operado
por um ser humano. Simula
a implementação do serviço
135
Anexo II: Parecer do Comitê de Ética (CEP) do Hospital Mãe de Deus e Folha de Rosto
136
137
Anexo III: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
138
Rua Luiz Manoel Gonzaga, 744 ou no telefone (51) 8228-7007. Se você tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) – Hospital Mãe de Deus.
9 – O (A) senhor (a) pode desistir de participar a qualquer momento. Suas decisões
de não participar ou de deixar a pesquisa depois de iniciada, não afetará
à continuidade de seu tratamento no Hospital Mãe de Deus;
10 – As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a de outros
pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente;
11 – Durante todo o processo da pesquisa, o (a) senhor(a) será atualizado sobre os
resultados parciais das pesquisas ou de resultados que sejam do conhecimento dos
pesquisadores;
12 – Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há
compensação financeira relacionada à sua participação.
13 – Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou
tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem
direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente
estabelecidas.
14 - O pesquisador compromete-se em utilizar os dados e o material coletado
somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Aplicação da metodologia do
Design de Serviços nas áreas de Pronto Atendimento e Intensivismo Adulto do
Hospital Mãe de Deus”.
Eu discuti com a pesquisadora Mirela Sousa da Rosa sobre a minha decisão em
participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo,
os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que
minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou
durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que
eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
139
-------------------------------------------------
Assinatura do paciente/representante legal
Data / /
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha
Data / /
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura do responsável pelo estudo
Data / /
140
Anexo IV: Manual do Novo Colaborador – Técnico de Enfermagem
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Anexo V: Ficha de Atividades
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Anexo VI: Perfil da Função
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Anexo VII: Rascunho pós execução da ferramenta shadowing
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Anexo VIII: Folha de Sinais Vitais existente (Tamanho A3 – Frente e Verso)
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153
Anexo IX: INEFTI
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Anexo X: POT para passagem de plantão da Equipe de Enfermagem
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158
Anexo XI: Estudo para a definição das variáveis para a elaboração do check list
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165
Anexo XII: Check list existente
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Anexo XIII: Anotações da Reunião de Co-criação
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168
Anexo XIV: Rascunho inicial de uma primeira ideia de check list
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Anexo XV: Versão 1 Check List de Passagem de Plantão
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Anexo XV: Versão 2 Check List de Passagem de Plantão (Frente e Verso)
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172
Anexo XVII: Versão 3 Check List de Passagem de Plantão
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Anexo XVIII: Modelo de melhorias na Folha de Sinais Vitais (Folha A3 Frente e Verso)
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Anexo XIX: Versão 4 Check List de Passagem de Plantão (Piloto 1)
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Anexo XX: Versão 5 Check List de Passagem de Plantão (Piloto 2)
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Anexo XXI: Documentos preenchidos no Piloto 2 por técnicos de enfermagem
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