Analise Das Diferentes Bíblias e Suas Traduções 2

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Analise das diferentes Bíblias e suas traduções.

A palavra Bíblia vem do grego ( bíblia=plural de biblion ou biblios=livro ), portanto é um


conjunto de livros, ou uma biblioteca. Em Hebraico, a Bíblia chama-se Otanach e constitui o
livro sagrado dos hebreus, é constituída de 24 livros que narram toda a trajetória do povo
hebreu e não possui o que nós ocidentais chamamos de “Novo testamento”. Para as religiões
ocidentais, a Bíblia divide-se em 2 grandes partes, chamadas respectivamente de Primeira
Aliança - VELHO TESTAMENTO e Segunda Aliança - NOVO TESTAMENTO, constituído,
este ultimo, dos livros sagrados do cristianismo e das religiões dele derivadas ou seja: Igreja
Católica, Protestante, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Armênia, Copta,Maronita, etc.
Existem 3 tipos de Bíblia : a hebraica ( Otanach ), a católica e a protestante.
O hebraico foi a língua utilizada para a escrita da Bíblia, ressalvando o caso dos livros de
Daniel e Esdras que foram escritos em Aramaico. A Bíblia foi escrita em um hebraico
conhecido como “hebraico consonantal”, só com consoantes, ou seja, sem sinais de
vocalização. O sistema atual de texto em uso é o da escola palestina do séc X. As edições
atuais da Bíblia, impressas em hebraico, incluem os sinais de vocalização. Os textos em
hebraico são escritos e lidos da direita para a esquerda, e como os sinais não são entendidos
pelos povos ocidentais, é usada uma forma de tradução, chamada transliteração, que permite
sabermos a pronúncia aproximada, e o sentido.
A Bíblia é o livro mais lido no ocidente e um dos mais aceitos do mundo, porém muita coisa
foi perdida nas suas traduções e por essa razão, precisa ser melhor analisada.
Durante muito tempo temos convivido com as informações dos textos bíblicos que nos são
trazidos por tradutores ocidentais, o resultado é que ficamos à mercê dos que nos transmitem
conceitos, dentro de suas interpretações pessoais.
A Bíblia passou por muitas fases até chegar a sua atual. Desde a sua língua original até
chegar ao Ocidente, passou do hebraico para o grego na famosa tradução dos Setenta ( LXX –
Septuaginta ), daí para o Latim com a Vulgata de São Jerônimo, depois para os diversos
idiomas ocidentais e, finalmente, para o português até as nossas mãos.
O interessante, nisto tudo, é que são encontradas muitas diferenças de tradução entre elas.
E porquê ? O texto que as originou não foi o mesmo ? Por que falta unanimidade em suas
traduções ?
E a única resposta encontrada é esta : a questão pessoal que cada corrente religiosa coloca
em sua tradução.
Fica difícil compreender o porquê de tantas modificações. Começaram logo com a alteração
nos nomes dos livros de Moisés. Berishit virou Gênesis, Shemôt foi traduzido como Êxodo,
Vaicrá passou a Levítico, a Bamidbar chamaram Números, enquanto Devarim tornou-se
Deuteronômio. Estas alterações continuaram por todo o seu texto, e o resultado é o que se tem
hoje, diversas versões da Bíblia, em português ( 22 ).
O rabino Moshe Grylak afirma, em sua obra “Reflexões da Tora”, que não é possível, para
nenhum de nós, avaliar os eventos bíblicos, pois a distância física e de tempo impede uma
avaliação objetiva e abrangente.
A Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas, é considerada a melhor edição da Sagrada
Escritura, em português, traz, em sua apresentação, a informação de que a sua tradução foi
realizada por uma equipe de exegetas católicos e protestantes. Entretanto traz muitos erros.
Cabe aqui um questionamento: porque precisam existir tantos tipos de Bíblias em português
, quando a Bíblia hebraica que as originou é uma só ?
Os homens criaram, através dos tempos, conceitos e adaptações dos textos bíblicos às
suas conveniências pessoais. E o resultado é que , ainda hoje, são encontradas, no ocidente,
muita discrepância, discordância e derivações da Bíblia. Começa pela diferença entre a Bíblia
Católica com 73 livros e a Protestante com 66, quando a Bíblia Hebraica tem apenas 24 livros,
apesar de alguns pensarem ter 39, o que não é exato.
Além disto, temos ainda as seguinte Bíblias conhecidas em nossa língua : A Bíblia
Sagrada , traduzida em português por João Ferreira de Almeida ( Sociedade Bíblica do Brasil )
que é a mais aceita pelos protestantes, a Bíblia de estudo Pentecostal ( Assembléia de Deus,
baseada também na tradução de João Ferreira de Almeida ), a tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas ( Testemunhas de Jeová ), a Bíblia de Jerusalém ( traduzida por exegetas
católicos e protestantes ), a Bíblia tradução Ecumênica ( traduzida por estudiosos de diversas
confissões cristãs e do Judaísmo ), A Bíblia na linguagem de hoje. Temos ainda a Bíblia
Sagrada do Centro Bíblico Católico, editora Ave Maria, A Bíblia traduzida por Antônio Pereira
de Figueiredo publicada em Lisboa, a Bíblia Viva, editora Mundo Cristão, a Bíblia Mensagem
de Deus, edições Loyola, a Bíblia Sagrada editora Vozes e editora Santuário. Cada uma delas
diz ser a mais correta e a mais digna de fé.

Vejamos alguns termos técnicos, para boa compreensão do que se vai ler , extraído do livro “
Sabedoria do Evangelho “ volume 1 , autor Pastorino : ( págs 2 a 5 )

EVANGELHO
A palavra grega Euaggélion significa “BOA NOTICIA” , e já era empregada nesse sentido pelos
autores clássicos, desde Homero. Jesus a utiliza pessoalmente, segundo os testemunhos de Mateus (24: 14
e 26: 13) e de Marcos (1:15; 8:35; 10:29; 13:10; 14:9 e 16:15), Além dessas passagens, a
palavra Evangelho aparece mais 68 vezes em o Novo Testamento.

TESTAMENTO
A palavra Testamento, em grego diathéke, apresenta dois sentidos: 1º o “testamento” em que
alguém designa seus herdeiros; 2º a “aliança” que define os termos de um contrato, a que se obrigam as
partes que se aliam. Neste sentido de aliança entre Deus e os homens é empregado, dividindo-se em duas
partes: o VELHO ou ANTIGO TESTAMENTO, escrito antes da vinda de Jesus; e o NOVO, onde se
reúnem os escritos a respeito de Jesus.
Essa distinção foi feita por Jesus: este cálice é o NOVO TESTAMENTO em meu sangue, que é
derramado por vós. (Lc.22:20) ; c Paulo também opõe o Novo ao Velho: fez-nos ministros idôneos do
NOVO TESTAMENTO. (2 Cor.3:6) e adiante: até o dia de hoje, na leitura do VELHO TESTAMENTO,
permanece o mesmo véu. (2 Cor. 3:14).

CÂNONE
A palavra cânone significa regra , e designa o exemplar perfeito e completo das Escrituras. O cânone
do Novo Testamento é constituído de 27 obras, assim divididas:

A) Livros históricos:
1. Evangelho segundo Mateus (Mt)
2. Evangelho segundo Marcos (Mr)
3. Evangelho segundo Lucas (Lc)
4. Evangelho segundo João (Jo)
5. Atos dos Apóstolos (At)

B) Epístolas Paulinas (de Paulo de Tarso) :


6. Aos Romanos (Rm)
7. Aos Coríntios 1.1\ (1 Cor)
8. Aos Coríntios 2.1\ (2 Cor)
9. Aos Gálatas (Gal)
10. Aos Efesios (Ef)
11. Aos Filipenses (Fp)
12. Aos Colossenses (Co)
13. Aos Tessalonicenses 1.11 ( 1 Tes)
14. Aos Tessalonicenses 2.a (2 Tes)
15. A Timóteo 1.a ( 1 Tim)
16. A Timóteo 2.a (2 Tiro)
17. A Tito (Tt)
18. A Filemon (Fm)
19. Aos Hebreus (autoria discutida)

C) Epístolas Universais:
20. De Tiago (Ti)
21. De Pedro 1.a (1 Pe)
22. De Pedro 2.a (2 Pe)
23. De João l.ª (1 Jo)
24. De João 2.a (2 Jo)
25. De João 3.a (3 Jo)
26. De Judas (Ju)

D) Livro Profético
27. Apocalipse

MANUSCRITOS
Os primeiros exemplares do Novo Testamento eram copiados em papiros (espécie de papel) , material
frágil e facilmente deteriorável. Mais tarde passaram a ser escritos em pergaminho (pele de carneiro) ,
tornando-se mais resistentes e duradouros.
Os manuscritos eram grafados em letras “capitais” ou “unciais” (ou seja, maiúsculas) . Só a partir do
8º século passaram a ser escritos em “cursivo”, ou letras minúsculas.

ROLOS
As cópias eram feitas em folhas coladas umas às outras, formando uma tira enorme, que era enrolada
em “rolos” ou “volumes”.

CÓDICES
Quando as páginas permaneciam separadas e eram costuradas como os nossos livros atuais, por uma
das margens, tinham o nome de “códices”.

COPISTAS
Os encarregados de copiar os manuscritos chamavam-se “copistas” ou “escribas”. Mas nem
sempre conheciam bem a língua, sendo apenas bons desenhistas das letras. Pior ainda se tinham
conhecimento da língua, porque então se arvoravam a .emendar. o texto, para conformá-lo a seus
conhecimentos.
Não havia sinais gráficos para separação de orações, e as próprias palavras eram copiadas de seguida,
sem intervalo, para poupar o pergaminho que era muito caro. Dai os recursos empregados, como:

ABREVIATURAS
Ou reunião de várias letras numa SIGLA, por exemplo: pq, para exprimir porque. Algumas
abreviaturas eram perigosas, como: OC, que significa “aquele que”. Mas se houvesse um pequenino
sinal no meio do O, fazendo dele um “theta”, passaria a significar “Deus”, (cfr. I Tim. 3:16).

COLAÇÃO
A colação de códices é a comparação que se faz entre dois ou mais códices, escolhendo-se a melhor
“lição” para cada “passo”.

CUSTOS LINEARUM
A expressão latina “custos linearum” (guarda das linhas) era empregada para designar uma letra que se
escrevia no fim das linhas, para “encher” um espaço que ficasse vazio. Por vezes o “custos” era
interpretado como uma abreviatura ,e entrava como uma “interpolação”; doutras vezes era realmente uma
abreviatura, e era interpretada como “custos”, não se copiando.

HAPAX LEGÓMENA
São duas palavras gregas que indicam uma palavra usada por um só autor, isto é, um neologismo
criado pelo autor e desconhecido antes dele, e que vem empregado uma só vez na obra, como por
exemplo a palavra “epiousion” em Mt. 6;)1, que não foi traduzida na Vulgata.

HARMONIZAÇÃO
Tentativa que faziam os copistas para “harmonizar” o texto de um livro com o de outro, acrescentando
ou tirando palavras.

INTERPOLAÇÃO
Quando um leitor anotava, na entrelinha ou na margem, um comentário seu, e o copista, julgando-o
um “esquecimento” do copista anterior, introduzia esse comentário como parte do texto.

LIÇÃO
Diz-se da maneira especifica de dizer uma frase, Isto é, da forma exata pela qual está escrita.

PASSO
É o .trecho. citado de um autor, por exemplo: .este passo de Mateus está diferente do de Marcos..
SALTO
Quando o copista pula uma letra, uma silaba, uma palavra ou até uma linha, por distração ou confusão.

SIGLAS
Abreviações usadas para poupar espaço e tempo.

VARIANTE
Quando existe uma diferença entre dois códices, diz-se que há uma “variante”.

PRINCIPAIS MANUSCRITOS
Os códices gregos unciais (ao todo, pouco mais de cem existem) , são bastante antigos. Os principais
são:

A - (alef) ou Sinaítico, no Museu Britânico (séc. IV)


A - Alexandrino, no Museu Britânico (séc. V)
B - Vaticano, no Museu Vaticano, (Séc. IV)
C - É irem, na Biblioteca Nacional de Paris (séc. V)
D - Beza, na Universidade de Cambridge, (séc. VI)
D2 - Claromontano, na Bibl. Nac. de Paris (séc. VI)

Dos códices gregos cursivos ainda existem 1.825 cópias.

Os principais códices latinos, com o texto da “vetus latina”, isto é, da primitiva tradução anterior
a Jerônimo, são:

a - Vercellensis (séc. IV) na catedral de Vercelli


b - Veronensis (séc. V) na Biblioteca de Verona
c - Colbertinus (séc V) na Bibl. Nac. de Paris
d - Beza (séc. V) na Univ. de Cambridge
e - Palatinus (séc. V) na Bibl. Nac. de Viena
f - Brescianus (séc. VI) na Bibl. de Brescia
h - Claromontanus (séc. IV/V) na Bibl. Vaticana n.o 7.223.

Quanto aos códices da Vulgata, existem mais de 2.500, remontando os mais antigos aos séculos VI e VII (
termina aqui o trecho inserido de termos técnicos do Livro de Pastorino , para facilitar nossa compreensão
)

Veremos agora um pequeno resumo dos acontecimentos que deram origem as divisões,
divergências e dificuldades no entendimento da mensagem bíblica.

A SEPTUAGINTA OU VERSÃO DOS LXX – BÍBLIA GREGA

A versão grega da Bíblia hebraica enfrentou muitas dificuldades, e entre todas a mais séria
foi a questão lingüística, senão vejamos: o hebraico é uma língua semítica oriental que se
escreve da direita para a esquerda, não tem vogais e é muito pobre em vocabulário, tendo um
princípio gramatical todo especial.
O grego é uma língua muito diferente do hebraico, possuindo além disso, os seus modismos
gramaticais e transformações.
Comparado ao hebraico que não tem vogais, o grego tem muitas, constituindo-se de sete ao
todo. É uma língua ocidental do grupo das indo-européias, escreve-se como as línguas
ocidentais, da esquerda para a direita, tem uma gramática específica.
As dificuldades enfrentadas pelos tradutores foram imensas e com certeza muita coisa se
perdeu. Vejamos um pouco da historia, para concluirmos melhor.
No séc III a.C. uma importante colônia judaica vivia no Egito, especificamente em
Alexandria, onde se falava comumente a língua grega. Havia uma necessidade premente de
que o povo judeu possuísse a Bíblia em grego, além da importância que representava para a
biblioteca de Alexandria que ainda não possuía a Bíblia nessa língua.
No reinado do rei egípcio, Ptolomeu Filadelfo II ( 285 – 247 A.C. ), a pedido de Demétrio
Falário, o bibliotecário do rei, o sumo sacerdote Eleazar, enviou de Jerusalém setenta e dois
sábios, seis representantes para cada uma das doze tribos de Israel, a fim de realizarem a
tradução da Bíblia hebraica para o grego. A tradução para o grego recebeu o nome de
Septuaginta e passou a fazer parte da biblioteca do rei Ptolomeu Filadelfo em Alexandria.
Segundo a versão talmúdica da história, enquanto a traduzia, cada sábio era confinado em
celas separadas, na ilha de Faros, e cada um completou a tradução inteira em 72 dias,
produzindo assim traduções totalmente independentes. No entanto, seus corações estavam
plenos de sabedoria divina, e eles criaram versões idênticas. Seria possível , podemos
acreditar ?
Todos fizeram as mesmas mudanças em suas traduções, para que o rei não alimentasse
qualquer dúvida que talvez existisse se as traduções fossem literais; ou seja foi utilizada
apenas uma das traduções, já que todas eram bem diferentes, e era necessário um texto
único, que preservasse a unidade cristã.
Durante essas traduções, alguns escritos novos foram acrescentados, sem que os judeus
de Jerusalém os reconhecessem como inspirados, porque não faziam parte do Tanách. Estes
livros foram escritos em grego e são os seguintes : Tobias e Judite, alguns suplementos dos
livros de Daniel e de Éster, I e II livro dos Macabeus, os livros da sabedoria, do Eclesiástico
( Sirac ), Baruc e a Carta de Jeremias, que se lê hoje no último capítulo de Baruc.
A Igreja católica admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros.
Lutero na época da Reforma, não os considerou canônicos , pelo simples fato de não
fazerem parte da Bíblia hebraica primitiva, não admitindo-os nas suas Bíblias. Daí a diferença
que ainda hoje existe entre as edições da Bíblia protestante e as da Bíblia católica que possui 7
livros a mais. Qual a conseqüência disso ? O protestante não reza pelos mortos, porque a
oração dos mortos esta no livro dos Macabeus, onde Judas Macabeu se declina sob o soldado
morto em batalha na reconquista de Jerusalém, e pede a Deus pela alma de seu soldado.
Por isso que o católico reza pelo morto, o judeu faz o seu culto, que é o Kadish, que é a
oração dos enlutados, que inclusive a igreja católica copiou, só não disse que foi de lá, missa
de sétimo dia, missa de mês, aniversário de morto, vem tudo do judaísmo.

A VULGATA DE SÃO JERÔNIMO

A vulgata é a tradução da Bíblia, do grego para o latim, que foi realizada por São Jerônimo a
pedido do papa Damásio – I, que desejava que se formasse um livro só, em razão das
diferenças existentes nos textos das bíblias existentes.
A Septuaginta só contém os livros da Primeira Aliança ( Velho Testamento ). O Novo
Testamento em grego não é acoplado a septuaginta, só existindo em separado. Assim, quem
quiser possuir a Bíblia completa, em grego, tem que possuir a septuaginta e o Novo
Testamento em grego. São Jerônimo fez exatamente isto, traduziu e uniu o Velho e o Novo
Testamento numa só obra, do grego para o latim.
Tudo começou com as dificuldades reinantes no séc III da era cristã. Escritos em meio das
convulsões que assinalavam a agonia de mundo judaico, depois sob a influência das
discussões que caracterizaram os primeiros tempos do cristianismo, os Evangelhos se
ressentiam das paixões, dos preconceitos da época. Grandes divergências dogmáticas agitam
o mundo cristão e provocam sanguinolentas perturbações no Império, até que Teodósio,
conferindo a supremacia ao papado, impõe a opinião do bispo de Roma à cristandade. A partir
daí, o pensamento, criador demasiado fecundo de sistemas diferentes, há de ser reprimido.
A fim de pôr termo a essas divergências de opinião, no momento em que vários concílios
acabam de discutir acerca da natureza de Jesus, uns admitindo, outros rejeitando a sua
divindade, o papa Damaso confia a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma tradução
latina do antigo e do Novo testamento. Essa tradução deverá ser, daí por diante, a única
reputada ortodoxa e tornar-se-á a norma das doutrinas da Igreja.
São Jerônimo sentiu o peso da responsabilidade, escreveu ao papa um demonstrativo de
suas preocupações, referindo-se à sua tradução latina dos Evangelhos. Eis o seu desabafo :
“ Da velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque
como árbitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo o mundo, e ,
como diferem entre si, que eu distinga os que estão de acordo com o verdadeiro texto grego. É
um piedoso trabalho, mas é também um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos
julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o
mundo já envelhecido.
Qual , de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar
( novo ), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com
o que está habituado a ler, não se oponha imediatamente a clamar que sou um sacrílego, um
falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos
livros ?
Um duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano
pontífice, me ordenais que o faça; o segundo é que a verdade não poderia existir em coisas
que divergem, mesmo quando tivessem por si a aprovação dos maus”.
Observe como São Jerônimo foi sábio e coerente diante da responsabilidade assumida,
dando-nos, assim, um testemunho das alterações que realizou na Bíblia e, com sua versão
latina, tentou por fim a estas dificuldades, surgindo , dessa maneira , a conhecida VULGATA
( a divulgada ).
Vemos , nestas declarações, o testemunho das modificações e adaptações por que passou
a Bíblia e, por isso, não se pode afirmar, categoricamente, que tudo que existe neste livro, em
português, é a pura verdade.
Santo Agostinho , bispo de Hipona, escreve a São Jerônimo no ano de 395, demonstrando
sua preocupação com relação à sua tradução e testificando a inexistência de exatidão nas
traduções bíblicas.. Vejamos a sua carta : “ A meu ver, eu preferiria que tu antes nos
interpretasse as Escrituras gregas canônicas que são atribuídas aos setenta intérpretes, pois
se há dissonância entre o latim das antigas versões e o grego da setenta, pode-se ir verificar,
mas se há dissonância entre o latim da nova versão e o texto conhecido do público, como dar a
prova de sua exatidão ? “

A TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA.

Para maiores esclarecimentos, colocamos aqui algumas observações sobre a tradução da


Bíblia, feita por João Ferreira de Almeida.
João Ferreira de Almeida, foi pastor protestante nascido em Torres de Tavares, Portugal.
Aprendeu hebraico e o grego, e assim usou os manuscritos dessas línguas como base de sua
tradução, ao contrario de outros tradutores que fizeram suas traduções a partir da Vulgata
Latina de são Jerônimo.
A tradução de João Ferreira de Almeida foi muito discutida e controvertida, porque
apresentava muitos erros. Ele traduziu primeiramente o Novo testamento, publicando-o em
1681, em Amsterdam, na Holanda. O título do Novo Testamento era “ O Novo Testamento, isto
he o Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redemptor Iesu Christo, traduzido da língua
portuguesa” , o qual por si mesmo revela o tipo arcaico que foi usado.
Essa tradução tinha numerosos erros e o próprio Almeida compilou uma lista de dois mil
( 2.000 ) . Muitos desses erros foram feitos pela comissão holandesa, que procurou harmonizar
a tradução de Almeida com a versão holandesa de 1637.
Almeida baseou-se no Textus Receptus feito por Erasmo, em 1516 ( considerado um texto
inferior) , pois ele representa o Texto Bizantino, o mais fraco e mais recente entre os
manuscritos gregos. Devemos observar, que na época de Almeida não existia nenhum papiro,
razão pela qual ele lançou mão de fontes inferiores.
Almeida só conseguiu a sua tradução e publicação completa da Bíblia no séc XVIII. Apesar
de texto inferior por ele usado, bem como dos muitos erros e das edições e correções, essa é a
tradução que tem sido mais bem aceita pelos nossos irmãos protestantes de língua
portuguesa. Sua Bíblia já teve revisões e mais revisões, correções e mais correções. Por
exemplo : Revisão de 1945, por uma comissão, sob os auspícios da sociedade Bíblica do
Brasil, revisão da tradução de Almeida da imprensa Bíblica Brasileira, publicada em 1967,
Bíblia de estudo Pentecostal, revista e corrigida na Edição de 1995.
No entanto, apesar de todas estas correções, encontramos alguns irmãos protestantes mais
entusiastas, afirmando que o conteúdo de suas Bíblias, em português, representa “ a
expressão inquestionável da verdade”. O que, pelo que temos visto até agora, representa um
exagero.

INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA – HERMENÊUTICA E EXEGESE.

A hermenêutica e a exegese são dois princípios ocidentais utilizados pelos teólogos como
meio de entendimento da mensagem Bíblica. Isto decorre do fato de que nem sempre os textos
Bíblicos se apresentarem de uma forma clara e precisa. A linguagem Bíblica é uma linguagem
divina e, as vezes figurada. Adaptar esses textos para nossa realidade atual é uma tarefa que
exige um conhecimento todo especial.
Hermenêutica é uma palavra grega que significa interpretação.A hermenêutica indica o
sentido literal do texto. A interpretação literal tem sido a mais preferida pelos homens,
derivando disto verdadeiros absurdos. É preciso que se busque, no texto, a mensagem divina,
desprovida de cunho e interesses pessoais. Deriva daí a necessidade da utilização da
EXEGESE que é o significado Moral do texto. Observemos os exemplos a seguir para melhor
entendimento e diferenciação : “ No princípio criava Deus as águas e a terra” . ( Gn 1:1 ). Aqui
a hermenêutica indica a criação do Universo. O sentido literal está claro e não deixa dúvidas no
seu entendimento. No entanto, ao lermos : “ Por que reparas no cisco que está no olho do teu
irmão e não percebes a trave que está no teu” ? ( Mt. 7:3 ), vemos que o sentido literal ou a
Hermenêutica faz uma alegoria que só pode ser compreendida através da Exegese.
A Exegese vai nos levar à compreensão de que vemos os pequenos defeitos dos outros e
não enxergamos os nossos.
Existe uma história, que esclarece o perigo de alguém querer se orientar pelo sentido literal
do texto Bíblico, Veja o exemplo:
Conta-se que 2 jovens eram amigos inseparáveis, onde um estivesse, sempre se
encontrava o outro.
Ocorre, porém, que um dia, um dos jovens comete, de uma forma inexplicável , o suicídio. O
outro sofreu tremendo choque e ficou inconsolável. Como poderia o amigo ter praticado
tamanho ato de insensatez ?
Aconselhado por alguém, procurou o líder religioso de sua comunidade, que , após tomar
conhecimento do fato perguntou-lhe:
- Você tem a Bíblia em casa ?
- Sim, possuo!
Então você tem o remédio. Pegue a sua Bíblia e abra aleatoriamente em qualquer versículo,
que aí terá a resposta e consolo de que precisa.
O jovem aflito chega em casa, pega sua Bíblia e medita sobre o gesto do amigo. Por que
fazer aquilo ? O suicídio não é a solução. Abre sua Bíblia após esta breve meditação, e o que
encontrou no versículo o surpreendeu bastante. Estava escrito, em Lucas 10, no final do
versículo 37: “ Vai, também tu, faze o mesmo” . Pelo exemplo, podemos ver como não é
possível seguir a aplicação da hermenêutica bíblica de forma irrefletida. O texto citado faz parte
da parábola do “ Bom Samaritano “.
Quando você analisa o texto como um todo, encontra coerência neste versículo. No entanto,
isoladamente não define o conteúdo da mensagem em que está inserido.
Para os rabinos, análise oriental, existem 4 categorias básicas de interpretação da Bíblia.
Eles utilizam a palavra Pardês que é de origem persa, e é usada na literatura hebraica para
significar “ jardim” , ou “ pomar “ e posteriormente !” paraíso “ . As quatro consoantes desta
palavra ( P-R-D-S ) são usadas como mnemônica das quatro categorias de interpretação
Bíblica, como segue abaixo:
1 – Peshat – o significado simples e muitas vezes literal, corresponde à realidade histórica, ao
significado objetivo, óbvio e comum.
2 – Remez – o significado alegórico, oculto nas entrelinhas do texto, examinado no seu sentido
mais profundo, como se fosse composto de símbolos alusivos a novos significados. Esses dois
caminhos de entendimento ( Peshat e Remez ) “ cuidam” do interior da Tora, já que ocultam
mais do que revelam.
3 – Derush – o significado moral, que analisa o texto, interpretando-o com intuitos pedagógicos
e éticos de ensinamento, para aplica-los às circunstâncias. Derush provém do verbo hebraico
exigir ( lidrosh ), encerra uma busca, pela qual o homem exige um significado mais profundo do
texto do que nas perspectivas anteriores.
4 – Sod – o significado esotérico, que interpreta o texto no seu sentido pretensamente oculto,
secreto ou místico e cabalístico. Sod significa segredo. O Zôhar define o Sod como causa, já
que quem conhece a causa, conhece a conseqüência, ou seja, o segredo. Só os grande
mestres do judaísmo conhecem, é o sentido chamado cabalístico.
Os grandes sábios judaicos dizem que o primeiro e o segundo nível, que é o que nós temos
acesso, servem exatamente para esconder o terceiro e o quarto.
Os sábios dizem : “ Quem lê e busca só o sentido simples ou literal do texto Bíblico,
assemelha-se ao homem que vai colher o trigo, come a palha e joga fora os grãos” .
Observemos trecho do livro “ Sabedoria do Evangelho” volume 1 , autor Pastorino,
onde ele faz analise semelhante das formas de interpretação dos textos bíblicos ( pagina 10 ) :

Cada Escritura pode apresentar diversas interpretações, no mesmo trecho. A vantagem disso é que, de
acordo com a escala evolutiva em que se acha a criatura que lê, pode a interpretação ser menos ou mais
profunda.
Os principiantes compreendem, de modo geral, a letra e a ela se apegam. Mas, além do sentido literal,
temos o alegórico, o simbólico e o espiritual ou místico.
O sentido alegórico faz extrair numerosas significações de cada representação, compreendendo,
por exemplo, a história de Abraão como uma alegoria das relações entre a matéria e o espírito.
A interpretação simbólica é mais elevada: dá-nos a revelação de uma verdade que se torna, digamos
assim, transparente e visível, através de um texto que a recobre totalmente; basta-nos recordar a
CRUZ, para os cristãos: é um símbolo muito mais profundo, que os dois pedaços de madeira super-
postos.
A interpretação espiritual é aquela que dificilmente poderá ser expressa em palavras, mas é sentida e
vivida em nosso eu mais profundo, levando-nos, através de certas palavras e expressões, à união mística
com a Divindade que reside dentro de nós. Quase sempre, a compreensão espiritual ou mística da
Escritura leva ao êxtase, e portanto à Convivência com o Todo.
Podemos ver, no texto acima, que Pastorino parece se referir as formas de interpretação acima
mencionadas, pois a semelhança é absoluta.

EXEMPLO DE DIVERGÊNCIAS NAS TRADUÇÕES BÍBLICAS – O SALMO 19:8


( em outras 18:7 )

Vejamos um exemplo das diferenças de tradução que podemos encontrar , quando


comparamos um mesmo versículo nas diferentes bíblias existentes em português. O Salmo 19,
em seu versículo 8, serve como parâmetro, para o que acabamos de salientar. Vejamos a
análise da tradução literal deste texto no original, para que possamos observar as diferenças.

No versículo 8, do Salmo 19, David se refere à TORÁ como ENSINAMENTO Divino de


alento e conforto para a alma, no entanto, parece que os tradutores, por desconhecimento
destes preceitos Divinos, alteraram o seu significado a partir da tradução grega da Septuaginta
ou tradução dos setenta. Existem ainda muitas outras citações que também foram desvirtuadas
, e que podem ser vistas no trabalho do Professor Severino Celestino da Silva, aqui ainda
veremos umas poucas, pois para vermos varias este pequeno estudo ficaria por demais
extenso.

Texto Transliterado do hebraico do Salmo 19:8

“torát Iahvéh termimá mshibat Nefésh. ‘Edut Iavéh neemanoáh machkimat péti”.

As traduções :

1 – “A lei do senhor é perfeita, e refrigera a alma . O testemunho de Deus é fiel, e dá sabedoria


ao simples”. João Ferreira de Almeida – Bíblia protestante da Sociedade Bíblica do Brasil.

2 – “A lei do senhor é perfeita, reconforta a Alma. A ordem do senhor é segura, instrui o


simples. Bíblia católica – Editora Ave Maria.

3 – “Sim a lei do Senhor é sem defeito, ela conforta a alma. Seguro é o testemunho do Senhor,
torna sábios os simples”. Bíblia mensagem de Deus, Edições Loyola, São Paulo, 1989.
4 – “A lei do Senhor é perfeita; ela devolve à nossa alma as forças perdidas. A revelação da
vontade de Deus é digna de confiança; ela dá sabedoria a quem tiver disposto a aprender”.
Bíblia Viva – Editora Mundo Cristão 11a edição – São Paulo , 1999.

5 – “A lei do Senhor que é imaculada, converte as almas: o testemunho do Senhor é fiel, e dá


sabedoria aos pequeninos”. Bíblia Sagrada – Tradução direta da Vulgata feita por Antônio
Pereira de Figueiredo – Lisboa, 1879.

6 – “A lei do Senhor é perfeita, ela dá a vida. A lei do Senhor é segura, torna perspicaz o
simples”. Bíblia Tradução Ecumênica, Edições Loyola, 1994.

7 – “A lei de Iahvéh é perfeita, faz a vida voltar; o testemunho de Iahvéh é firme, torna sábio o
simples”. Tradução da Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas, São Paulo 1985.

Esta ultima é a tradução mais literal, no entanto, foge muito do sentido real do texto.

Texto Transliterado do hebraico do Salmo 19:8

“torát Iahvéh termimá mshibat Nefésh. ‘Edut Iavéh neemanoáh machkimat péti”.

Tradução Literal :

Torát = revelação divina, ensinamento; Iahvéh = Deus ; temimáh = perfeita, completa, reta;
néfesh = espírito; ‘edut = testemunho, prova; Iavéh = Deus; neemanoáh = verdadeiro;
machkimat = sábio; péti = ingênuo, tolo.

A tradução correta, segundo o hebraico, fica então assim:


“O ensinamento de Deus é perfeito, faz o espírito voltar. O testemunho de deus é verdadeiro,
transforma o simples em sábio”. ( Salmo 19:8 ).
Nas 22 bíblias em português, não temos a parte da frase que diz : “faz o espírito voltar”,
portanto houve uma preocupação grande em ocultar ou esconder esta passagem, em todas
elas.
Se podemos encontrar tanta divergência num só versículo, o que pensar com relação ao
texto bíblico completo?

COMO APARECE SATANÁS NA BÍBLIA

Satanás é uma figura muito controvertida na Bíblia. A palavra “Satã”significa acusador.


Aparece, pela primeira vez no livro de Jô, sendo como um promotor celestial. A sua
intimidade com Deus e o direito de entrar no “Céu”, de ir e vir livremente e dialogar com ele,
torna-o uma figura de muito destaque. Veja o livro de Jô 1:6 “Um dia em que os filhos de Deus
se apresentavam diante do Senhor, veio também Satanás entre eles”.
O livro de Jô foi escrito depois do Exílio Babilônico. Sabemos que o povo judeu, tendo
retornado a Israel com a permissão de Ciro, rei persa, no ano de 538 a. C. , assimilou muitos
costumes dos persas. Isto ocorreu devido à simpatia e apoio que receberam de rei, que
inclusive permitiu a construção do segundo Templo judaico e ainda devolveu muitos de seus
tesouros, que haviam sido roubados.
A religião dos persas o Zoroastrismo, influenciou sobremaneira o judaísmo. No
Zoroastrismo, existe o Deus supremo “Ahura-Mazda”que sofre a oposição de uma outra força
poderosa, conhecida como “Angra Mainyu, ou Ahriman “, “o espírito mau”. Desde o começo da
existência, esses dois espíritos antagônicos têm-se combatido mutuamente.
O Zoroastrismo foi uma das mais antigas religiões a ensinar o triunfo final do bem sobre o
mal. No fim, haverá punição para os maus, e recompensa para os bons.
E foi do Zoroastrismo que os judeus aprenderam a crença em um “Ahiman”, um diabo
pessoal, que, em hebraico, eles chamaram de Satanás. Por isso, o seu aparecimento na Bíblia
só ocorre no livro de Jô e nos livros escritos após o exílio Babilônico, do ano de 538 a. C. para
cá. Nestes livros, já aparece a influência do Zoroastrismo persa. Observe que a tentação de
Adão e Eva é feita pela serpente e não por Satanás, demonstrando assim, que o escritor do
Gênesis não conhecia Satanás.
Uma outra observação interessante é que o livro de Samuel foi escrito antes da influência
persa no ano de 622 a. C. e, no II livro de Samuel em seu capítulo 24:1, você lê com relação ao
Recenseamento de Israel o seguinte : “A cólera de IAHVÉH se inflamou novamente contra
Israel e excitou David contra eles, dizendo-lhe : Vai recensear Israel e Judá “.
Vejamos esta mesma passagem no I livro das Crônicas, que foi escrito no começo do ano
de 300 a. C. , portanto, já sob a influência do Zoroastrismo persa, com o já conhecimento de
“Ahiman” ( Satanás ). No capítulo 21:1 desse livro, está escrito : “e levantou-se Satã contra
Israel, e excitou David a fazer o recenseamento de Israel”. Portanto o que era IAHVÉH no livro
de Samuel aparece agora no livro Crônicas como Satanás.
Assim, está evidenciado que Satanás não é um conceito original da Bíblia, e sim,
introduzido nela, a partir do Zoroastrismo persa.
A palavra demônio não implica na idéia de Espírito mau senão na sua significação moderna,
porque a palavra grega – “daimon”, da qual se origina, significa, “Deus”, “poder divino”,”gênio”,
“inteligência “, e se emprega para designar os seres incorpóreos, sem distinção.
Lúcifer, do latim, lux, fero = que traz luz, que dá claridade. Luminoso.
O versículo 12 do capítulo 14 de Izaías deu origem à palavra Lúcifer quando da tradução da
VULGATA de São Jerônimo. Alguns teólogos citam ainda Ezequiel 37: 2-11, como referentes a
ele. No entanto, nos textos da Bíblia hebraica e grega, esta palavra ( Lúcifer ) não aparece.
Vejamos as diferentes traduções:

TEXTO HEBRAICO ISAÍAS 14:12 ,

Eicha nafaltá mishamain heilel bem-shachar nigda’tá Iaárets cholêsh ‘al goim

Tradução Literal :

Eich = como; nafaltá = caíste; mishamaim = dos céus; heilel bem-shachar = estrela filha da
manhã, Vênus; nigda’tá = foste atirado; Iaárets = para a terra; cholêsh = vencer, vencedor;
‘al goim = sobre as nações, sobre os pagãos.
Tradução correta :

“Como caíste dos Céus, estrela filha da manhã. Foste atirada na terra como vencedora das
nações”.
Vejamos o versículo em latim, onde São Jerônimo coloca a palavra Lúcifer : “quomodo
cecidisti de caelo LUCIFER ( astro brilhante, ou luz matutina ) qui mane oriebaris corruisti in
terram qui vulnerabas gentes”. “Como caíste do céu, ó estrela d’alva, filha da aurora! Como
foste atirada à terra, vencedora das nações “.
Assim vemos que o termo é latino, lançado por São Jerônimo, quando da tradução da
VULGATA, no séc III da era Cristã. Alguns tentam ligar esta passagem ao apocalipse 8,10
como sendo aí a queda de Lúcifer, mas a história de que seria o chefe dos anjos caídos,
citados na II epístola de Pedro 2:4 e Judas 6, não tem fundamento comprovado no Antigo
Testamento, como podemos observar.
O capítulo 14 de Isaías do versículo 3 ao 22 refere-se a queda e destruição de
Nabucodonosor da Babilônia. Foram os padres e teólogos da igreja católica que lançaram o
versículo 14:12 como sendo referente a queda do príncipe dos demônios Lúcifer.
Uma vez mais nos deparamos com a questão das traduções, dos folclores e das crenças
pessoais!

Algumas conclusões de Severino Celestino da Silva no seu estudo sobre a Bíblia .

1 – Deus não castiga.

E como é que as pessoas sofrem ? As pessoas colhem o que plantaram. Temos 56


passagens na Torá que falam que cada um colhe segundo as suas obras.

2 – O inferno não é eterno.

O rei David no Salmo 16, diz : Louvo Deus, porque tu colocas minha alma no Sheol
( inferno ) e de lá tu retiras, se retira, é porque não é eterno; para os judeus Sheol é uma região
temporária, e segundo a crença judaica todo mundo passa por lá.

3 – Satanás não existe.

Como vimos antes, Satanás foi influência do Zoroastrismo persa, por ser a religião do rei
Ciro da Pérsia, que libertou o povo hebreu dos Egípcios. Se Satanás existisse, seria ele e não
a serpente a tentar Adão, na história de Adão e Eva.

4 – A Bíblia não condena o Espiritismo.

O Espiritismo tem 146 anos, foi codificado por Allan Kardec, o termo Espírita é uma
criação ocidental da França, criado por Kardec, como poderia estar na Torá que foi escrita há
quatro mil anos atrás. Nada na Bíblia identifica o espiritismo, na original hebraica. Em algumas
traduções em português, podemos encontrar o termo colocado pelos tradutores de algumas
religiões.

OBS: Os textos originais em hebraico não foram aqui colocados em razão da impossibilidade
de fazer os símbolos hebreus, mas podem ser enviados sob a forma de copia por scaner
( figura ), se houver desejo dos colegas.

Assim podemos ver claramente, que cada Bíblia atende a orientação que mais lhe convém.
Mas que a hebraica ( original ) guarda os ensinamentos em sua forma genuína, em relação ao
Antigo Testamento ou Primeira Aliança. Notamos também que se não existisse a figura do
Diabo, muitas igrejas fechariam suas portas.

Pelo presente estudo observamos, que devemos ter precaução com o que se diz,
atribuindo-se a Bíblia, pois muitas passagens foram alteradas nas suas diversas traduções e
interpretações; algumas vezes mutilando completamente o texto original.

Bibliografia :
Analisando as Traduções Bíblicas – 3a Edição - Severino Celestino da Silva
Sabedoria do Evangelho - volume 1 , Carlos Torres Pastorino

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