TCC - Oliver - Rainer - Salomons

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Oliver Rainer Salomons

Proposta de um framework para implementação de iniciativas ESG na cadeia da


construção civil

Florianópolis, Junho de 2023


Oliver Rainer Salomons

Proposta de um framework para implementação de iniciativas ESG na cadeia da


construção civil

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia


Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para a obtenção do título de
Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Eduardo Lobo, Dr.

Florianópolis, Junho de 2023


Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Oliver Rainer Salomons

Proposta de um framework para implementação de iniciativas ESG na cadeia da


construção civil

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil e aprovado em sua forma final pelo curso de Engenharia Civil.

Florianópolis, 22 de junho de 2023

Prof.ª Liane Ramos da Silva, Dra.


Coordenadora do Curso

Banca examinadora:

_________________________
Prof. Eduardo Lobo, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

Prof.ª Cristine do Nascimento Mutti, PhD.


Avaliadora
Universidade Federal de Santa Catarina

Eng.a Gisele Victor Batista , Dra


Avaliadora
Harpia Meio Ambiente
AGRADECIMENTOS

Quando eu era criança, interrogado sobre o que queria ser quando crescer, respondi
“gente”. Com a conclusão deste Trabalho de Conclusão de Curso, e posteriormente de meu
ciclo universitário, me sinto cada vez mais próximo a este meu objetivo.
Fui privilegiado com o apoio que recebi nesta jornada e seria de grande egoísmo
afirmar que o mérito é só meu.
Agradeço à Deus pela vida.
Agradeço à minha família pela base, educação e formação de quem eu sou. À minha
mãe, que sempre me estimulou a ir mais longe, ser independente, buscar o meu melhor. Ao
meu pai, que sempre fez de tudo para me ver feliz, passou valiosos conselhos e compartilhou
suas paixões por esportes e leitura. Aos meus irmãos, primeiros amigos, que sempre
estiveram comigo e deram importantes “puxões de orelha” para me formar uma pessoa
melhor. À minha avó, meus tios e primos sempre de braços abertos para me receberem e
compartilharmos felizes momentos.
Agradeço aos meus amigos pelo companheirismo. Aos meus amigos de infância, que
mesmo longe nunca perdemos a proximidade. Aos amigos que fiz ao longo da graduação,
tornando este período mais leve e divertido, apoiando e compartilhando os momentos difíceis
na trajetória universitária.
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina, por me abrir portas para o
mundo, abrir minha cabeça para diversos assuntos e me formar tecnicamente com um ensino
de qualidade. Ao EPEC, minha primeira experiência de trabalho, que me apresentou ao
empreendedorismo, me capacitou tecnicamente e me deu grandes amigos. Com certeza tem
uma participação especial no profissional e pessoa que sou. Ao meu professor orientador, que
me guiou para a execução deste Trabalho de Conclusão de Curso, sempre com
profissionalismo, dedicação e boas ideias para melhorar o trabalho. Aos demais membros da
banca, gratidão pela disponibilidade e pelo conhecimento dedicados à análise desta pesquisa.
“O começo de todas as ciências é o espanto
de as coisas serem o que são.”
(Aristóteles)
RESUMO

O conceito de ESG (Environmental, Social and Governance, em português Ambiental, Social


de Governança) tem ganhado relevância no cenário empresarial e de investimentos, e sua
adoção tornou-se fundamental para empresas que buscam a redução de impactos ambientais e
sociais, conciliando com seus resultados financeiros. A cadeia da construção civil
desempenha um papel fundamental neste contexto, o setor enfrenta desafios significativos,
com participação representativa em indicadores como o consumo dos recursos naturais de
nosso planeta, taxas de emissões de gases efeito estufa, acidentes de trabalho e casos de
corrupção. Apesar disso, poucas iniciativas ESG têm sido adotadas na cadeia de construção
civil, e sua implementação efetiva enfrenta obstáculos, como a dificuldades em obter dados
comparativos sobre o tema e falhas de mensuração. Assim, este trabalho tem o objetivo de
desenvolver um modelo conceitual para auxiliar as organizações do setor a implementarem
iniciativas ESG. Para a condução deste trabalho é realizada uma revisão bibliográfica sobre
os conceitos ESG, ODS e um entendimento de seus impactos na cadeia da construção civil.
Com isso, são identificados os elementos necessários e um framework é proposto, utilizando
como referência o COBIT (Control Objectives for Information and Related Technologies),
um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação (TI). Por fim, é proposto um
método para avaliação de maturidade das organizações com a temática.

Palavras-chave: ESG. Cadeia da Construção Civil. Modelo de Governança.


Sustentabilidade. Responsabilidade Social.
ABSTRACT

The concept of ESG (Environmental, Social, and Governance) has gained relevance in the
business and investment landscape, and its adoption has become essential for companies
seeking to reduce environmental and social impacts while maintaining financial performance.
The construction industry plays a crucial role in this context, facing significant challenges
and being involved in indicators such as natural resource consumption, greenhouse gas
emissions, workplace accidents, and corruption cases. However, few ESG initiatives have
been adopted in the construction sector, and their effective implementation faces obstacles
such as difficulties in obtaining comparative data and measurement failures. Therefore, this
work aims to develop a conceptual model to assist organizations in the construction industry
in implementing ESG initiatives. To carry out this work, a literature review is conducted on
ESG and sustainable development concepts, as well as an understanding of their impacts on
the construction industry. Based on this, the necessary elements are identified, and a
framework is proposed, using the COBIT (Control Objectives for Information and Related
Technologies) as a reference, which is a governance and management model for information
technology (IT). Finally, a method for assessing the maturity of organizations regarding ESG
is proposed.

Keywords: ESG. Construction Industry Chain. Governance Model. Sustainability. Social


Responsibility.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pesquisa pelo termo “ESG” no Google ao longo dos últimos anos............. 27
Figura 2 - Maiores desafios na implementação de iniciativas ESG................................ 28
Figura 3 - Objetivos globais da ONU para o desenvolvimento sustentável...................29
Figura 4 - Agentes envolvidos na cadeia da construção................................................. 30
Figura 5 - Representatividade de faturamento dos grupos da construção....................31
Figura 6 - Consumo de minerais ao longo dos anos........................................................32
Figura 7 - Emissões globais de gases de efeito estufa por setor................................... 34
Figura 8 - Cubo COBIT.........................................................................................................46
Figura 9 - Fluxograma dos procedimentos metodológicos............................................. 47
Figura 10 - Fases de implementação de iniciativas..........................................................55
Figura 11 - Framework proposto para a implementação de iniciativas ESG na cadeia
da construção civil...............................................................................................................62
Figura 12 - Framework proposto para a implementação de iniciativas ESG na cadeia
da construção civil...............................................................................................................64
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Relação Categoria e Desafios ESG....................................................................24


Quadro 2. Evolução do modelo COBIT............................................................................... 40
Quadro 3. Classificação dos tipos de pesquisa.....................................................................44
Quadro 4: Grupos de interesse e partícipes COBIT x Empresas da cadeia da
construção civil....................................................................................................................... 50
Quadro 5: Fatores de projeto COBIT x Exemplos para empresas da cadeia da
construção civil....................................................................................................................... 55
Quadro 6 - ODS correlacionados com fatores ESG na cadeia da construção civil.......... 58
Quadro 7: Elementos do framework proposto aplicados à implementação de iniciativas
ESG na cadeia da construção civil........................................................................................62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRAINC - Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias


ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
B2C - Business-to-Consumer
B3 - Brasil, Bolsa, Balcão
CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CEO - Chief Executive Officer
CGU - Controladoria Geral da União
CHRO - Chief Human Resources Officer
CFO - Chief Financial Officer
CMO - Chief Marketing Officer
CO2 - Dióxido de Carbono
COBIT - Control Objectives for Information and Related Technologies
COO - Chief Operating Officer
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
ESG - Environmental, Social and Governance
FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GEE - Gases de Efeito Estufa
IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA - International Energy Agency (Agência Internacional de Energia)
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ISACA - Information Systems Audit and Control Association
ITGI - IT Governance Institute
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OIT - Organização Internacional do Trabalho
ONU - Organização das Nações Unidas
PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem
PDI - Plano de Desenvolvimento Individual
PIB - Produto Interno Bruto
RI - Relacionamento com Investidores
Sinduscon - Sindicato da Indústria da Construção Civil
TI - Tecnologia da Informação
UN-Habitat - Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos
WCED - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 16
1.1 Contextualização.......................................................................................................... 16
1.2 Objetivos...................................................................................................................... 18
1.2.1 Pergunta da pesquisa....................................................................................... 18

1.2.2 Objetivo Geral..................................................................................................... 18


1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................... 18
1.3 Justificativa...................................................................................................................18
1.3.1 Quanto à originalidade........................................................................................ 18
1.3.2 Quanto à relevância............................................................................................. 19
1.3.3 Quanto à viabilidade............................................................................................19
1.4 Estrutura, escopo e limitações de trabalho................................................................... 20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................................22
2.1. Introdução ao capítulo................................................................................................. 22
2.2. Desenvolvimento Sustentável e Agenda ESG............................................................ 22
2.2.1 Desenvolvimento Sustentável............................................................................. 22
2.2.2 ESG..................................................................................................................... 24
2.2.3 ODS..................................................................................................................... 28
2.3. Desafios Ambiental, Social e de Governança (ESG) no setor da construção............. 29
2.3.1 Dinâmica da cadeia produtiva da construção...................................................... 29
2.3.2 Impactos no pilar Environmental (E).................................................................. 31
2.3.2.1 Recursos Naturais.......................................................................................31
2.3.2.2 Recursos Hídricos...................................................................................... 33
2.3.2.3 Energia........................................................................................................33
2.3.3 Impactos no pilar Social (S)................................................................................ 35
2.3.3.1 Saúde e Segurança......................................................................................35
2.3.3.2 Habitação Acessível................................................................................... 36
2.3.3.3 Diversidade e Inclusão............................................................................... 36
2.3.4 Impactos no pilar Governança (G)...................................................................... 37
2.3.4.1 Governança Corporativa............................................................................ 37
2.3.4.2 Corrupção e Suborno..................................................................................37
2.4. O COBIT como alternativa para aferir Governança Ambiental, Social e Corporativa...
39
2.4.1 Definição............................................................................................................. 39
2.4.2 Histórico.............................................................................................................. 39
2.4.3 Aplicações........................................................................................................... 41
2.5. Fechamento do capítulo.............................................................................................. 42
3. METODOLOGIA.............................................................................................................. 43
3.1 Introdução ao capítulo.................................................................................................. 43
3.2 Estrutura metodológica................................................................................................ 43
3.3 Estratégias de pesquisa.................................................................................................44
4. DIAGNÓSTICO................................................................................................................. 48
4.1. Introdução ao capítulo................................................................................................. 48
4.2. Processos da organização............................................................................................ 48
4.3.1 Os grupos de interesse e partícipes do modelo................................................... 48
4.3.2. Fatores de Projeto...............................................................................................50
4.3. Implementação de iniciativas...................................................................................... 54
4.4. Requisitos ESG........................................................................................................... 57
4.5. Proposta de aplicação do COBIT para implementação de iniciativas ESG na cadeia
da construção civil..............................................................................................................60
4.7. Avaliação de maturidade............................................................................................. 62
4.6.2. Classificação Implementação de Iniciativas.......................................................63
4.6.3. Classificação Final............................................................................................. 63
4.8. Fechamento do Capítulo........................................................................................... 64

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS POSTERIORES.


65
5.1 Introdução ao capítulo.................................................................................................. 65
5.2 Considerações sobre os objetivos.................................................................................65
5.3 Conclusões gerais......................................................................................................... 66
5.4 Sugestões para trabalhos posteriores............................................................................67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 69
16

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A sigla ESG (Environmental, Social and Governance) refere-se às práticas e critérios


relacionados a questões ambientais, sociais e de governança que são considerados na
avaliação do desempenho e sustentabilidade das organizações. O conceito tem ganhado
relevância no cenário empresarial e de investimentos. Uma pesquisa global com investidores
apontou que 79% dos investidores consideram os riscos e as oportunidades ESG um fator
importante na decisão de investimento (PWC, 2021). Com isso, a adoção de práticas ESG
tem ganhado importância para empresas que buscam reduzir os impactos ambientais e sociais
das suas atividades, mas também a maximização dos resultados financeiros.
Neste contexto, a cadeia da construção civil é representativa: de acordo com Gomes
(2018) o setor desempenha um importante papel na evolução das cidades e tem um impacto
direto na economia de um país e na vida em sociedade. O autor destaca que a estruturação
dos países e a transformação dos centros urbanos historicamente têm sido impulsionadas pelo
setor da construção, tendo em vista sua geração de milhares de empregos e demanda de um
extenso volume de materiais, energia, água entre outras matérias-primas.
No cenário nacional a cadeia da construção civil é responsável por 7,4% do PIB
(IBGE, 2020) e emprega cerca de 2,5 milhões de pessoas (CBIC, 2022).
O setor é conhecido pelo seu impacto ambiental, consumindo aproximadamente 40%
do total de recursos naturais extraídos no planeta (JOHN, V. M, 2017). Além disso, é
responsável por 36% das emissões de carbono (IEA, 2021).
O setor também tem impacto relevante na questão social, sendo o quinto segmento
com o maior número de acidentes e o segundo mais letal em termos de fatalidades (INSS,
2013). Quanto à redução de desigualdades, Gil (2021) destaca que ainda não existem muitas
movimentações nesta frente no setor, sendo restritas a ações esporádicas com alguns cursos e
palestras sobre a temática, mas com poucas ações efetivas que reduzam as desigualdades na
prática.
No contexto de governança, é importante que o setor tenha práticas éticas e
transparentes, para evitar condutas corruptas que são recorrentes na construção. Segundo
Matthews (2016), estima-se que 10% a 30% dos custos globais na cadeia da construção civil
são perdidos por corrupção, sendo os países em desenvolvimento os mais afetados.
17

Com estes diversos desafios, é evidente a necessidade de implementação de


iniciativas ESG por parte das organizações da cadeia da construção civil. No entanto, a
implementação efetiva destas iniciativas apresenta diversos obstáculos, como a exigência de
recursos financeiros e dificuldades em obter dados da temática (Zyght, 2021). Além disso,
sabe-se que a complexidade dos projetos de construção, a diversidade de atores envolvidos e
a falta de diretrizes e padrões claros dificultam a adoção e monitoramento das práticas ESG.
Segundo Almeida Gil (2021), no Brasil, a cadeia da construção civil ainda tem
adotado poucas iniciativas no âmbito ESG, quando comparado a organizações de outros
setores. O autor destaca que há um potencial a ser explorado no contexto da construção
sustentável, mas para isso, o setor precisa desenvolver uma nova cultura voltada para a
sustentabilidade, superando conceitos mais conservadores e resistências a mudanças
inovadoras e disruptivas. E por isso se faz necessário que as organizações do setor adotem um
sistema de governança e modelos de monitoramento para a implementação de iniciativas
ESG, estabelecendo uma direção estratégica, promovendo transparência e garantindo que a
organização atinja seus objetivos de sustentabilidade e responsabilidade social.
Neste trabalho, é abordada a importância do ESG no contexto da construção civil,
destacando-se seus impactos em cada um dos 3 pilares: ambientais, sociais e de governança.
São exploradas as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas na implementação de
práticas ESG, considerando as particularidades do setor.
Utilizando como referência o COBIT (Control Objectives for Information and Related
Technologies), um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação (TI),
propõe-se um modelo conceitual aplicável na cadeia da construção civil.
18

1.2 Objetivos

1.2.1 Pergunta da pesquisa

Quais os principais requisitos para a implementação das iniciativas ESG na cadeia da


construção civil?

1.2.2 Objetivo Geral

Desenvolver um modelo, para auxiliar empresas da cadeia da construção civil a


implementarem iniciativas ESG e avaliar o seu grau de maturidade com a temática.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Abordar os conceitos de ESG relacionados à cadeia da construção civil;


b) Identificar os elementos do modelo para implementação de iniciativas ESG em
empresas da cadeia da construção civil;
c) Propor um modelo conceitual para implementação de iniciativas ESG em
empresas da cadeia da construção civil;
d) Identificar e propor estratégias para aferir o grau de maturidade das
organizações com iniciativas ESG.

1.3 Justificativa

1.3.1 Quanto à originalidade

A pesquisa proposta é original devido à sua contribuição para o campo ESG na cadeia
da construção civil, embora o conceito venha ganhando cada vez mais relevância nas
organizações, ainda há uma lacuna em modelos e diretrizes práticas para sua implementação
efetiva no setor. Este trabalho busca preencher essa lacuna ao desenvolver um framework
específico para a implementação de iniciativas ESG, considerando as particularidades e
desafios enfrentados pelas organizações da cadeia da construção civil.
19

A proposta de utilizar o COBIT, originalmente desenvolvido como um modelo de


governança de TI, como uma ferramenta de governança para orientar a implementação das
iniciativas também é uma contribuição inovadora, visto que sua aplicação na gestão de
questões relacionadas à sustentabilidade e responsabilidade social é menos explorada.

1.3.2 Quanto à relevância

A relevância deste trabalho é destacada com a crescente importância dos aspectos


ESG. Com a uma maior conscientização sobre os impactos ambientais e sociais das
atividades da construção civil, bem como a necessidade de uma gestão eficaz e responsável.
As empresas do setor estão enfrentando pressões cada vez maiores para adoção de práticas
sustentáveis e socialmente responsáveis. No entanto, a implementação dessas iniciativas é um
desafio complexo, exigindo ferramentas específicas que forneçam diretrizes claras e práticas.
A proposta da pesquisa de desenvolver um framework para a implementação de
iniciativas ESG, utilizando o COBIT como uma ferramenta de governança, fornecerá às
empresas do setor uma base para incorporar e avaliar os princípios sustentáveis e sociais em
sua estratégia, governança e operações diárias.
Ao propor uma ferramenta com o potencial de ajudar a melhorar o desempenho ESG
das organizações da construção civil, a pesquisa poderá contribuir para a sustentabilidade do
setor, aumentando a sua competitividade no mercado, fortalecendo a reputação das empresas
e promovendo o desenvolvimento sustentável da indústria.

1.3.3 Quanto à viabilidade

A viabilidade da pesquisa é justificada pela sua abordagem prática e adaptável,


tornando-a acessível e aplicável a diferentes estruturas de empresas na cadeia da construção
civil. O desenvolvimento de um framework que seja simples é fundamental para garantir sua
viabilidade e adoção pelas diferentes organizações, de estruturas organizacionais mais
simples às mais complexas.
Além disso, a flexibilidade do modelo proposto permite que ele seja ajustado de
acordo com a realidade e as necessidades específicas de cada organização, considerando suas
características e desafios individuais. Essa abordagem viabiliza a implementação efetiva das
iniciativas ESG, pois proporciona um caminho claro e adaptável para que as empresas
possam incorporar práticas sustentáveis, responsáveis e de governança em sua operação.
20

1.4 Estrutura, escopo e limitações de trabalho

Este trabalho é composto por 5 capítulos:

1. Introdução: neste primeiro capítulo, é realizada uma introdução e


contextualização do tema, além de apresentar a pergunta central da pesquisa,
os objetivos gerais e específicos, as justificativas e a estrutura do trabalho.
2. Fundamentação Teórica: este capítulo contém a apresentação e discussão dos
conceitos, teorias e estudos relevantes relacionados ao tema da pesquisa. Essa
seção pretende fornecer embasamento teórico para sustentar a abordagem e
análises realizadas no trabalho.
3. Metodologia: o terceiro capítulo descreve as características da pesquisa e os
procedimentos utilizados para atingir os objetivos propostos. Essa seção é
fundamental para que o leitor compreenda como a pesquisa foi conduzida e
como os resultados foram obtidos.
4. Diagnóstico: neste capítulo são apresentados os fatos e resultados obtidos
durante a execução da pesquisa, no caso deste trabalho, o modelo conceitual
proposto é exposto com todos os critérios descritos.
5. Considerações Finais: no último capítulo são exploradas as conclusões e
descritas as considerações finais, em que é realizada uma análise do alcance
dos objetivos gerais e específicos propostos para o trabalho, além de fornecer
recomendações para pesquisas futuras.

A pesquisa tem em seu escopo abordar os conceitos ESG relacionados à construção,


analisar as características do COBIT e sua aplicabilidade no setor, com isso identificar os
elementos necessários para implementação de iniciativas ESG no setor, propor um modelo
conceitual a partir destes elementos e propor estratégias para a aferir o grau de maturidade de
uma organização com a temática.
Com o escopo restrito à cadeia da construção, alguns aspectos ESG não são
aprofundados, devido às restrições do escopo. O modelo de avaliação de maturidade e
implementação de iniciativas ESG desenvolvido neste trabalho também tem suas limitações.
Embora tenha sido elaborado com base em conceitos sólidos e utilizando a ferramenta
COBIT como referência, é importante reconhecer que diferentes contextos organizacionais
podem requerer adaptações ou abordagens específicas para atingir melhores resultados.
21

Portanto, é recomendado realizar validações adicionais e ajustes conforme a realidade de


cada organização.
22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Introdução ao capítulo

Neste capítulo, serão discutidos os principais conceitos, teorias e abordagens que


servirão de referência para este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), fornecendo um
panorama do tema e orientando a análise dos resultados obtidos.
Para esta pesquisa foram abordados os conceitos ESG e ODS (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável), suas origens e movimentos precursores. Além disso, foi
trabalhada sua aplicabilidade no contexto da cadeia produtiva da construção, levantando os
principais desafios do setor em cada um dos três pilares ESG. Por último, foi revisado o
conceito do COBIT e suas aplicabilidades.

2.2. Desenvolvimento Sustentável e Agenda ESG

2.2.1 Desenvolvimento Sustentável

Discussões aprofundadas sobre os impactos da evolução da sociedade no meio


ambiente remontam ao século XVIII. Previa-se que a população mundial acabaria morrendo
de fome ou viveria em extrema miséria com o crescimento populacional, sem que a produção
de alimentos acompanhasse este crescimento (PAUL, 2008). Thomas Robert Malthus, em
1798, preconizou: a população, quando não controlada, aumentava em proporção geométrica
e a subsistência do homem em proporção aritmética (ROGERS et. al, 2008)
O desenvolvimento tecnológico, principalmente em técnicas agrícolas e novos
maquinários provou que eles estavam errados, com o crescimento da produção de alimentos
aumentando e seus preços caindo nos séculos seguintes, ocasionando na redução da fome
mundial mesmo com o crescimento populacional (PAUL., 2008).
Segundo Romeiro (2012), os debates sobre o progresso e meio ambiente criaram duas
correntes ideológicas na segunda metade do século XX: os desenvolvimentistas, defensores
do desenvolvimento tecnológico como solução aos problemas ambientais e os “zeristas”, que
defendiam que o planeta sofreria grandes catástrofes se o crescimento econômico não
cessasse.
23

Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou, em Estocolmo


(Suécia), a primeira Conferência com foco exclusivo no meio ambiente. A conferência teve
papel fundamental na adoção posterior de acordos e esforços internacionais relacionados ao
meio ambiente (PAUL, 2008). Os debates também amadurecem uma posição mais
conciliadora entre os opositores desenvolvimentistas e “zeristas”, trazendo um conceito
normativo sobre como deve ser o desenvolvimento da sociedade, como define Romeiro
(2012):

…é possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) no


longo prazo, acompanhado da melhoria das condições sociais (distribuindo
renda) e respeitando o meio ambiente (ROMEIRO, 2012, p. 69)

O termo de desenvolvimento sustentável consolida-se a partir de 1987, com a


publicação do relatório Our Common Future (em português, “Nosso Futuro Comum”),
conceituando que:

A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável


para garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras às suas próprias necessidades.
(WCED, 1987, p. 16)

O relatório, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento (WCED), presidida pela então presidente da Noruega Gro Harlem
Brundtland, teve por objetivo propor estratégias para alcançar o desenvolvimento sustentável
a longo prazo, recomendando meios para a comunidade internacional tratar com
preocupações ambientais (WCED, 1987).
O marco seguinte ocorreu em 1992, no Rio de Janeiro, com a II Conferência da ONU
sobre meio ambiente. O encontro envolveu mais de 10 mil representantes de 178 países que
se comprometeram a refletir e aplicar instrumentos em prol do desenvolvimento sustentável,
articulados através da Agenda 21 (PAUL., 2008). O autor destaca que a Agenda 21 foi
organizada nos seguintes temas:

● Qualidade de vida;
● Uso eficiente dos recursos naturais;
● Proteção global dos bens comuns;
● Gestão de povoações humanos;
● Crescimento econômico sustentável.
24

O autor destaca que nas primeiras conferências e discussões a grande ênfase era
pautada na proteção ambiental, já a Rio 92 trouxe uma discussão mais ampla incluindo
conceitos sociais.

2.2.2 ESG

Em 2005, uma iniciativa da (ONU, 2005), reuniu 18 instituições financeiras de 9


países diferentes (incluindo o Brasil) para elaborar o relatório “Who Cares Wins” (em
português, “Quem se preocupa ganha”). O documento é um marco importante na temática do
desenvolvimento sustentável, tendo cunhado pela primeira vez o termo ESG, trazendo
recomendações e diretrizes sobre como integrar melhor questões ambientais, sociais e de
governança corporativa no mercado de capitais.
Segundo tal relatório, a implementação destes fatores contribui com a construção de
um mercado mais forte e resiliente, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável da
sociedade. O documento também destaca que uma boa gestão dos desafios ESG pode
contribuir para criar valor aos stakeholders, reduzindo riscos de regulação, reputação perante
clientes e funcionários, novas oportunidades de negócio, acesso a capital, entre outros.
O relatório determina os desafios em cada uma das 3 esferas, conforme apresentado
no Quadro 1.
25

Quadro 1 - Relação Categoria e Desafios ESG

Categoria Definição Desafios

Questões Ambientais Refere-se aos impactos - Mudanças Climáticas;


ambientais, as - Redução de emissões
responsabilidades sobre tóxicas e resíduos;
alterações climáticas e gestão - Regulações de caráter
dos recursos naturais nas ambiental a produtos e
operações das empresas e serviços;
organizações. - Aumentar a pressão na
sociedade civil para
melhorar o desempenho,
transparência e
responsabilidade, levando
a riscos de reputação se
não gerido
adequadamente;
- Desenvolver mercados
emergentes para produtos
e serviços ambientais;

Questões Sociais Refere-se aos impactos - Saúde e segurança no


sociais, as responsabilidades local de trabalho;
sobre as pessoas e - Relações comunitárias;
comunidade envolvidas nas - Garantia de direitos
operações das empresas e humanos em empresas e
organizações. fornecedores;
- Relações governamentais
e comunitárias no
contexto das operações
nos países em
desenvolvimento;
- Aumentar a pressão na
sociedade civil para
melhorar o desempenho,
transparência e
responsabilidade, levando
a riscos de reputação se
não gerido
adequadamente;

Questões de Refere-se aos aspectos de - Conselho estruturado e


Governança governança corporativa, na com responsabilidade;
gestão de risco e prestações - Práticas contabilísticas e
de conta das operações das de divulgação;
empresas e organizações. - Compensação executiva;
- Gestão de corrupção e
suborno;
Fonte: elaborado pelo autor, com base em: Compact, U. G. (2004)
26

Por décadas, a maioria das empresas esteve focada apenas na maximização do lucro e,
por isso, as responsabilidades ambientais, sociais e de governança (ESG) não eram
consideradas tão relevantes. Acreditava-se que essas responsabilidades não tinham impacto
no desempenho financeiro e eram vistas como um possível fardo, já que poderiam resultar em
aumento de custos e desperdício de recursos. Contudo, nas últimas duas décadas, ficou
evidente que as questões ESG não só afetam a lucratividade, mas também a viabilidade
financeira de várias empresas, visto que os processos de alocação de recursos passaram a
utilizar estes conceitos na avaliação de investimentos (BILIO et al., 2021).
ECCLES et al. (2014) examinaram os impactos da sustentabilidade corporativa na
performance de empresas. O estudo descobriu que empresas com alta sustentabilidade têm
um desempenho melhor do que empresas com baixa sustentabilidade tanto no mercado de
ações quanto no desempenho contábil, especialmente em mercados que:

● Vendem produtos para pessoas físicas (B2C);


● Competem com base na reputação da marca;
● Fazem uso intensivo de recursos naturais (o que inclui alguns elos da cadeia produtiva
da construção).

A "Carta aos CEOs", redigida em 2018 por Larry Fink, CEO da BlackRock, maior
gestora de ativos do mundo, com mais de US$ 9 trilhões em ativos sob gestão, foi um dos
principais impulsionadores dos princípios ESG, transformando o termo em uma tendência no
meio corporativo. O documento afirmou que as empresas precisam ter uma visão de longo
prazo, com apelo no impacto social e ambiental, além do desempenho financeiro. A carta foi
considerada um chamada para que empresas sejam mais responsáveis e conscientes em suas
práticas de negócios (FINK, 2018).
Como resultado, muitas empresas, investidores e veículos de mídia começaram a dar
mais atenção e discutir sobre a temática. O termo tem se popularizado, como demonstra o
crescimento expressivo de pesquisas no google pelo termo “ESG” nos últimos anos. A Figura
1 representa o interesse de pesquisa, com o ponto mais alto no gráfico representando o pico
de popularidade do termo (GOOGLE TRENDS, 2023).
27

Figura 1 - Pesquisa pelo termo “ESG” no Google ao longo dos últimos anos

Fonte: Google Trends, 2023

Apesar de um conhecimento e preocupação cada vez maiores com a temática, ainda


existem desafios para implementação de iniciativas ESG nas empresas. Em relatório
elaborado pela Zyght (2021) são destacados os principais desafios para integração de
elementos ESG.

● Ineditismo do conceito: como é um conceito muito novo, existe uma dificuldade de


padronização e uniformidade dos critérios. O que pode ser considerado ESG para uma
empresa, pode não ser para outra.
● Dificuldade em obter dados: ainda existem poucas bases de dados e estudos sobre a
temática. Com dificuldade em fazer análises comparativas e de tendências.
● Exigência de recursos externos: muitas empresas não possuem a expertise ou a
capacidade interna para incorporar efetivamente os fatores ESG em seus processos e
tomadas de decisão.

De acordo com um estudo realizado pelo Capital Group (2022), com mais de 1.000
investidores globais, os maiores desafios para implementação de conceitos ESG, estão
relacionados com a dificuldade no acesso aos dados e informações sobre a temática,
monitoramento e mensuração de performance e uniformidade de conceitos e avaliações,
como destacado na Figura 2, a seguir:
28

Figura 2 - Maiores desafios na implementação de iniciativas ESG

Fonte: o autor, com base em Capital Group, 2022

2.2.3 ODS

No ano de 2015, em que a (ONU) celebrou 70 anos, líderes mundiais, chefes de


Estado e de Governo, e altos representantes se reuniram para deliberar e decidir sobre os
(ODS). O documento propõe 17 objetivos e 169 metas que são integradas, abrangendo
questões socioeconômicas e ambientais, com o intuito de promover um desenvolvimento
sustentável global até o ano de 2030. Esses objetivos incluem erradicação da pobreza, fome
zero, igualdade de gênero, acesso à educação de qualidade, ação climática e paz e justiça,
representando um chamado para a comunidade internacional agir em conjunto e enfrentar os
desafios prementes que nosso planeta e sociedade enfrentam (ONU, 2015).
A proposta dos ODS é um marco fundamental para a promoção de uma agenda de
desenvolvimento sustentável em escala mundial. Esses objetivos, contudo, exigem a
participação ativa de todos os setores da sociedade, incluindo o setor empresarial (ONU,
2015), conforme apresentado na Figura 3, a seguir:
29

Figura 3 - Objetivos globais da ONU para o desenvolvimento sustentável

Fonte: ONU, 2015

2.3. Desafios Ambiental, Social e de Governança (ESG) no setor da


construção

2.3.1 Dinâmica da cadeia produtiva da construção

Segundo o Ministério da Economia (2014), a cadeia produtiva da construção


compreende desde a fabricação e venda de materiais de construção, até a execução de obras
civis, incluindo a construção de edifícios residenciais e comerciais, obras de infraestrutura
como estradas, pontes e aeroportos, além de serviços de manutenção e reforma.
No Brasil, a cadeia produtiva da construção é um setor importante, com relevância em
diversos indicadores econômicos e sociais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, o setor participou com 7,4% do PIB do país,
evidenciando sua relevância para a economia nacional. Também é uma representativa
geradora de emprego. Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em
2022, o setor empregou mais de 2,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada,
representando 5,8% do total de empregos formais do país. Esses números ressaltam a
importância da cadeia produtiva da construção para a economia brasileira, já que a geração de
empregos é um indicador relevante para o desenvolvimento socioeconômico. Os números são
ainda mais expressivos se levarmos em conta que o setor apresenta uma alta taxa de
informalidade, com cerca de 38,2% da força de trabalho (IBGE, 2021).
30

Com diversos stakeholders e variedade de processos, a cadeia produtiva da construção


apresenta um elevado grau de complexidade. A complexidade é um dos principais fatores que
afetam o orçamento, cronograma e qualidade de um projeto. Por isso é importante mapear e
conhecer bem os agentes envolvidos em todo o processo da construção. (LIU et al., 2018).
Uma exemplificação dessa complexidade de agentes envolvidos foi desenvolvida
neste framework da FIESP (2016) (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
confome apresentado na Figura 4:

Figura 4 - Agentes envolvidos na cadeia da construção

Fonte: FIESP (2016).

Em um estudo publicado pela FIESP (2022), foi apresentado uma segmentação do


setor em 4 grandes grupos, apresentando também sua representatividade de faturamento,
representado na Figura 5:

● Indústria: envolve a produção dos materiais e equipamentos a serem utilizados na


construção.
● Comércio: compreende ao setor varejista da construção, responsável pela transação
dos materiais entre a indústria e os construtores.
31

● Construção: envolve a execução das obras ou etapas de engenharia. Neste escopo


estão tanto construtores e incorporadores, quanto empresas de reforma ou a
autoconstrução.
● Serviços: representa as atividades de prestação de serviços na cadeia da construção
(compra e venda de imóveis, aluguel de equipamentos e serviços técnicos
profissionais).

Figura 5 - Representatividade de faturamento dos grupos da construção

Fonte: FIESP (2022).

2.3.2 Impactos no pilar Environmental (E)

2.3.2.1 Recursos Naturais

O crescimento populacional e a urbanização têm sido fatores críticos que exigem uma
maior extração de recursos naturais para atender às necessidades humanas. Como a
população global continua a crescer, e a urbanização segue acelerada, resultando em um
32

aumento na demanda por recursos naturais, como os materiais de construção, energia e água.
Segundo Krausmann et al. (2009):

Estima-se que, no século XX, a população do planeta tenha quadruplicado,


enquanto a demanda por recursos naturais cresceu 8 vezes e o PIB, 20 vezes.
(KRAUSMANN et al., 2009, p. 20743).

A cadeia produtiva da construção tem um impacto significativo na extração dos


recursos naturais do planeta. Os minerais de construção, rochas naturais, agregados e
minérios utilizados para produção de cimento, cerâmica, entre outros materiais,
correspondem a aproximadamente 40% do total extraído. A indústria da construção ainda
consome outros materiais não renováveis, como metais e biomassa. É possível estimar que a
construção seja responsável por mais da metade dos recursos naturais extraídos no planeta,
destacando assim a importância de se pensar em soluções mais sustentáveis para a construção
civil (JOHN, 2017).
O consumo de minerais para a construção também tem crescido em um ritmo mais
acelerado em relação à extração de outros materiais, como evidenciado na Figura 6, a seguir:

Figura 6 - Consumo de minerais ao longo dos anos

Fonte: KRAUSMANN et al. (2009, apud John 2017)


33

Além do alto consumo de recursos naturais, o setor ainda detém altas taxas de
desperdício, a perda de blocos e tijolos em um canteiro, por exemplo, atinge uma média de
17%, enquanto o desperdício de concreto usinado é de 9% (AGOPYAN, 1998).
Uma alta taxa de desperdício tem impactos não apenas na questão ambiental, mas
também na economia do setor. Por isso, é importante adotar práticas sustentáveis na
construção e investir em tecnologias e métodos mais eficientes e inovadores para reduzir esse
desperdício. Embora a reciclagem seja uma alternativa, ainda é um mercado pouco
desenvolvido no setor da construção, principalmente em cenário nacional. Com baixas taxas
de reciclagem o setor fica vulnerável à escassez e alta flutuação nos custos dos materiais de
construção (JOHN, 2017).

2.3.2.2 Recursos Hídricos

Os recursos hídricos são de vital importância para a sobrevivência humana, sua


disponibilidade, contudo, não é universal. O estresse hídrico afeta mais de 2 bilhões de
pessoas ao redor do planeta (UNESCO, 2021). Neste contexto, de acordo com a UNESCO, o
setor da construção civil consome 21% de toda a água tratada do planeta, sendo que 14%
desse consumo é atribuído às edificações.
No Brasil, de acordo com o comitê temático da água do Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS, 2009), em média, 50% da água potável fornecida para áreas
urbanas é destinada à cadeia da construção civil.

2.3.2.3 Energia

O clima do planeta está mudando por ações antropogênicas, estas mudanças


climáticas estão relacionadas ao crescimento vertiginoso das emissões de gases estufa no
período pós revolução industrial, impulsionada pelo maior consumo de combustíveis fósseis
(IPCC, 2013).
O crescimento populacional e econômico continua sendo um dos principais fatores
que intensificam as emissões de CO2. Isso pode ser observado ao constatar que as emissões
de CO2 por combustíveis fósseis e processos industriais têm aumentado significativamente
desde a década de 1970 (SOUZA, 2017).
34

A Figura 7, apresenta os setores econômicos classificados de acordo com suas


respectivas contribuições para as emissões globais de gases de efeito estufa, calculadas para o
ano de 2010.
Figura 7 - Emissões globais de gases de efeito estufa por setor

Fonte: SOUZA (2017)

A representatividade do setor da construção tem relevância tanto nas emissões diretas


quanto indiretas, estas relacionadas a aquisição de eletricidade e calor na forma de uso final
de energia. Em 2010, levando em conta as emissões diretas e indiretas de CO2, o setor de
edificações utilizou cerca de 32% da energia final. Por isso, o setor precisa de ferramentas
para mitigar seu impacto ambiental, buscando alternativas direcionadas a todas as fases de
uma edificação, como a modernização de códigos de obra e padrões de eficiência energética
(SOUZA, 2017).
Tendo em vista que a maior parte do impacto ambiental de uma edificação está
relacionado com seu uso e operação, incluindo o consumo de energia primária, foram criadas
certificações para avaliar a eficiência energética e identificar o potencial de redução desse
consumo através de mudanças no projeto, adoção de novas tecnologias e conscientização dos
usuários (SILVA, 2019). Algumas das organizações que realizam estas certificações:
35

● BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method);


● EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies);
● HQE (Haute Qualité Environnementale);
● LEED (Leadership in Energy & Environmental Design);

No Brasil, temos o PBE Edifica, modelo de etiquetagem, desenvolvido recentemente


pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que também coordena a etiquetagem de
eletrodomésticos e veículos (SILVA, 2019).

2.3.3 Impactos no pilar Social (S)

2.3.3.1 Saúde e Segurança

Tradicionalmente, o setor da construção civil tem sido marcado pela presença de


condições desfavoráveis para os trabalhadores. Com alta rotatividade, informalidade,
subcontratação e baixos salários, os trabalhadores são frequentemente acometidos por
doenças relacionadas ao trabalho e acidentes são uma ocorrência comum no dia a dia
(FILGUEIRAS, 2016).
Neste contexto, um dos principais aspectos a ser considerado no pilar Social é a
segurança e saúde no trabalho. A construção é uma das atividades econômicas que apresenta
maiores riscos de acidentes e doenças ocupacionais aos trabalhadores envolvidos, segundo
dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2015), cerca de 60.000 trabalhadores
da construção civil morrem anualmente devido a acidentes relacionados ao trabalho e
doenças ocupacionais.
No Brasil, de acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social foram
registrados 5 milhões de acidentes de trabalho entre os anos de 2007 e 2013. Com o setor da
construção sendo o quinto com maior número de acidentes e o segundo mais letal, com 450
mortes registradas em 2013, o que representa 16% do montante total (INSS, 2013).
Segundo dados do Ministério do Trabalho (2013), os principais causadores de
acidentes de trabalho na construção de edifícios são concentrados em fontes semelhantes
(impacto, quedas, aprisionamento e exposição a energia elétrica).
36

Em relação ao número absoluto de mortes, a situação geradora com


maior número foi o impacto (33%), seguido de queda (28%), aprisionamento
(15%), e exposição a energia elétrica (14,8%). Dessa forma, notamos que 4
das 17 categorias de situações geradoras de acidentes respondem por 90%
das mortes na indústria da construção. (MTE, 2013).

2.3.3.2 Habitação Acessível

O direito à habitação adequada não só é reconhecido na Declaração Universal dos


Direitos Humanos de 1948, mas também é essencial para o desenvolvimento humano. Este
direito não é garantido a uma grande parte da população mundial, de acordo com o banco de
dados da UN-Habitat, cerca de 1/4 da população mundial vive em favelas ou assentamentos
informais. No Brasil, a Fundação João Pinheiro estimou em 2021 que o déficit habitacional
(qualitativo e quantitativo) afete mais de 30 milhões de pessoas.
O déficit habitacional é causado, principalmente pela marginalização econômica de
parte da sociedade, essa marginalização traz consequências como a falta de infraestrutura
urbana, de acordo com o Instituto Trata Brasil (2022) aproximadamente 45% da população
brasileira não possui acesso à coleta de esgoto e quase 16% não têm acesso à água tratada. A
ausência de saneamento básico e infraestrutura, contribui contribui para a propagação de
doenças e reduz a produtividade, causando afastamentos por motivos de saúde e aumentando
os custos governamentais com o sistema de saúde (Terracotta Ventures, 2022).

2.3.3.3 Diversidade e Inclusão

A diversidade e inclusão é um aspecto importante no pilar Social, podendo ser uma


boa ferramenta para a promoção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e inovador,
reduzindo as desigualdades sociais. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2019, apenas 13,6% dos trabalhadores da
construção civil no Brasil são mulheres, enquanto negros e pardos representam cerca de 65%
da força de trabalho no setor, principalmente em atividades com os menores salários.
Algumas iniciativas têm sido implementadas para promover a diversidade e inclusão na
construção civil, como programas de capacitação e contratação de mulheres e pessoas negras,
além de políticas de igualdade salarial (IPEA, 2019).
37

2.3.4 Impactos no pilar Governança (G)

2.3.4.1 Governança Corporativa

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define governança


corporativa como:

...é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas,


monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios,
conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e
demais partes interessadas (IBGC, 2009).

Na cadeia produtiva da construção, a governança inclui a necessidade de garantir


transparência e ética nos negócios, principalmente na gestão de fornecedores. Como as obras
são projetos de longo prazo, é comum que ocorram muitas incertezas e imprevistos durante o
processo de execução. A cooperação e governança contratual são fatores críticos para o
sucesso da obra e têm um impacto significativo e reflete positivamente no desempenho
financeiro e operacional da cadeia (TEIXEIRA, 2022)

2.3.4.2 Corrupção e Suborno

Estima-se que 10% a 30% dos custos globais na construção são perdidos por
corrupção, causando um problema significativo, principalmente em países em
desenvolvimento, visto que o crescimento econômico e desenvolvimento humano são
influenciados pela construção e infraestrutura (MATTHEWS, 2016).
O Global Corruption Report, material produzido pela Transparency Internacional, em
2005, identificou 13 fatores que deixam o setor da construção propenso à corrupção e ao
suborno:

1. Tamanho dos empreendimentos: projetos grandes são mais fáceis para ocultar
subornos e emendas contratuais inflacionadas.
2. Singularidade dos projetos: projetos únicos dificultam a comparação de custos,
tornando mais fácil inflar custos ou esconder subornos.
3. Envolvimento governamental: projetos de infraestrutura normalmente são de
propriedade estatal, que com uma fiscalização falha facilita a extração de subornos
por parte de funcionários públicos.
38

4. Contratos longos e complexos: a estrutura contratual pode ter mais de 1000 cláusulas,
cada um fornecendo uma oportunidade para subornos.
5. Número de fases: projetos têm várias fases, dificultando a supervisão e fiscalização.
6. Complexidade dos projetos: frequentemente os projetos possuem subcontratados, o
que facilita a terceirização da culpa e a reivindicação de pagamentos injustificados.
7. Sazonalidade dos projetos: com poucos projetos de grande porte, muitas empresas
dependem de poucos projetos para sobrevirem, gastando esforços para ganhar a
licitação, mesmo que por meios irregulares.
8. Difícil fiscalização: a indústria depende muito daqueles que certificam e fiscalizam o
trabalho a ser realizado. A falha na fiscalização ou “vista grossa”, incentiva a
realização de processos construtivos defeituosos ou uso de materiais inferiores,
buscando reduzir custos.
9. Cultura de sigilo: não há cultura de transparência na indústria da construção.
10. Interesses nacionais enraizados: empresas locais muitas vezes têm posições
privilegiadas em seu próprio mercado, cimentadas por suborno.
11. Governança centralizada na indústria: a construção reúne uma ampla variedade de
profissões, ofícios e empreiteiros especializados, o que leva a padrões variados de
habilidade, integridade e supervisão.
12. Falta de "due diligence": o volume de fundos envolvidos em projetos dá grande
influência às instituições financeiras que determinam se um projeto é aprovado e
quais empresas ganham os contratos. A frequente falta de diligência com os
participantes dos projetos de construção permite que a corrupção persista.
13. O custo da integridade: o suborno é frequentemente um custo rotineiro de negócios
que muitas empresas esperam incluir no preço do contrato.Muitas empresas se
encontram em um círculo vicioso no qual se envolvem em corrupção, de maneira
paradoxal, como medida defensiva contra as práticas corruptas de outras empresas.
39

2.4. O COBIT como alternativa para aferir Governança Ambiental,


Social e Corporativa

2.4.1 Definição

O COBIT é uma ferramenta de governança de TI (Tecnologia da Informação)


amplamente utilizada por organizações para garantir a efetividade e eficiência de seus
processos de TI. O framework foi desenvolvido pela ISACA (Information Systems Audit and
Control Association) e ITGI (IT Governance Institute) para auxiliar as organizações a
alcançarem seus objetivos de negócios por meio da governança e gerenciamento efetivo de TI
(LOBO, 2021).
O framework passou por significativas mudanças desde de seu lançamento no ano de
1996, projetado inicialmente para ser uma simples ferramenta de auditoria, o modelo evoluiu
para uma robusta ferramenta de governança corporativa, com grande foco na governança de
TI (RUBINO et al., 2017).
De acordo com Lobo (2021), o princípio de governança apresentado pelo framework
COBIT busca equilibrar os conceitos de conformidade e rendimento. Sendo a conformidade o
cumprimento de políticas internas, aspectos legislativos e auditorias e o rendimento aspectos
que melhoram o desempenho da instituição, como lucro, crescimento ou eficiência.

2.4.2 Histórico

O COBIT conta com 7 edições, que evoluíram diversos aspectos até se tornar a
robusta ferramenta com a proposta para gestão de TI, as edições são resumidas a seguir no
Quadro 2:
40

Quadro 2. Evolução do modelo COBIT


Edição Ano de Resumo
Lançamento

COBIT 1.0 1996 Conjunto de objetivos de controle para a gestão de TI,


organizados em quatro categorias: planejamento e
organização, aquisição e implementação, entrega e
suporte, e monitoramento. Incluiu orientações para a
avaliação do desempenho de TI e a medição do
sucesso dos controles de TI.

COBIT 2.0 1998 Abordagem baseada em processos, com 34 processos


de TI agrupados nas mesmas 4 categorias do COBIT
1.0 introduziu o conceito de "objetivos de negócios"
para garantir que a governança de TI estivesse
alinhada com as necessidades do negócio.

COBIT 3.0 2000 Continuou utilizando a abordagem baseada em


processos das edições anteriores, mas introduziu
alterações significativas, como a adição de processos
de gerenciamento de segurança da informação e a
incorporação de práticas de TI. Apresentou o conceito
de "modelos de maturidade" para ajudar as
organizações a avaliar a eficácia de seus processos.

COBIT 4.0 2005 Introduziu a estrutura em domínios. Os domínios são


agrupamentos lógicos de processos de TI que abordam
diferentes áreas de governança e gestão, incluindo
governança, gestão de serviços, gestão de segurança e
gestão de riscos. Também introduziu o conceito de
"mapas de auditoria", que são ferramentas que ajudam
os auditores a avaliar os controles de TI de uma
organização

COBIT 4.1 2007 Manteve a mesma estrutura em domínios do COBIT


4.0. Forneceu mais orientações sobre como
implementar as práticas de governança de TI em uma
organização e sobre como avaliar a maturidade dos
processos e efetividade dos controles de TI.

Fonte: o autor (2023) (continua)


41

Quadro 2. Evolução do modelo COBIT (continuação)


Edição Ano de Lançamento Resumo

COBIT 5.0 2012 Projetado para ser uma


estrutura mais abrangente,
integrada e orientada para o
negócio, com integração da
governança de TI à
governança corporativa e
recomendações de como
gerenciar a complexidade
dos sistemas de TI. Também
incluiu a introdução do
modelo de maturidade de
processos (Process
Capability Model - PAM)

COBIT 2019 2019 Fornece uma abordagem


mais integrada, abrangente e
atualizada para a governança
e gestão de TI, com foco na
criação de valor, gestão de
riscos e conformidade. O
novo modelo traz uma
orientação mais forte para a
transformação digital e a
inovação, com a inclusão de
novos conceitos como a
governança de dados,
inteligência artificial e
automação.

Fonte: o autor (2023)

2.4.3 Aplicações

Embora o framework esteja mais presente nos estudos de governança de TI, existem
pesquisas descrevendo os benefícios e oportunidades que empresas de outros segmentos,
sejam públicas ou privadas, podem obter ao usar a estrutura COBIT para avaliar e
implementar o controle interno (RUBINO et al., 2017).
É possível destacar alguns exemplos de aplicações da ferramenta em outras esferas de
conhecimento além da governança de TI. Zortea (2022) utilizou o cubo do COBIT como
referência para desenvolver um modelo de Acompanhamento e Fiscalização de Obras no
42

Cenário da Construção 4.0. Já Martendal (2023) propôs um framework de apoio à mobilidade


urbana sustentável, a partir de Sistemas de Transportes Inteligente e utilizando o modelo
proposto no COBIT.

2.5. Fechamento do capítulo

Neste capítulo, foi explorado o conceito de desenvolvimento sustentável e sua


relevância no contexto atual. Em seguida, foi abordado sobre as principais características e
elementos ESG, ressaltando sua relevância na avaliação do desempenho corporativo e na
tomada de decisões dos investidores e demais stakeholders. Além disso, foi discutido sobre as
ODS, como uma iniciativa global que busca abordar os principais desafios socioambientais
enfrentados pela humanidade.
Posteriormente, foram destacados os desafios específicos do setor da construção em
relação ao ESG, explorando a dinâmica da cadeia produtiva da construção e os impactos nos
pilares ambiental, social e de governança.
Por fim, introduziu-se o COBIT, apresentando sua definição, histórico e aplicações.
43

3. METODOLOGIA

3.1 Introdução ao capítulo

Este capítulo tem o objetivo de descrever a estrutura metodológica da pesquisa,


destacando sua natureza, seus meios e fins. Também são detalhadas as estratégias
metodológicas utilizadas para alcançar os objetivos da pesquisa.

3.2 Estrutura metodológica

Para fins de classificação da pesquisa, foram utilizadas as categorias propostas por


Oliveira e Giraldi (2020), cujos resultados são apresentados no quadro 3, com destaques em
negrito, a seguir:
Quadro 3. Classificação dos tipos de pesquisa
1. Quanto à utilização dos Pesquisa pura;
resultados Pesquisa aplicada;
2. Quanto à natureza do Qualitativa;
método Quantitativa
3. Quanto aos fins Exploratória;
Descritiva;
Explicativa;
Intervencionista;
4. Quanto aos meios Pesquisa de campo;
De laboratório;
Documental;
Bibliográfica;
Experimental;
Ex post facto;
Participante;
Pesquisa-ação;
Levantamento (survey);
Estudo de caso.
Fonte: Oliveira e Giraldi (2020).
44

Quanto à utilização dos resultados, a pesquisa é pura. Segundo Oliveira e Giraldi


(2020) este método visa resolver problemas de natureza teórica. Nesta pesquisa foi
desenvolvido um framework, contudo, o modelo não foi aplicado na prática, por isso a
pesquisa é teórica.
Quanto à natureza, a pesquisa é qualitativa. Oliveira e Giraldi (2020) afirmam que a
pesquisa qualitativa permite ao pesquisador estudar as questões em profundidade e detalhe,
sem empregar um instrumental estatístico nas avaliações. Na presente pesquisa foi utilizado o
método qualitativo com o objetivo de compreender a complexidade do tema e obter
informações detalhadas sobre as práticas e desafios relacionados ao ESG na construção e sua
implementação em empresas do setor.
Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva. A pesquisa descritiva busca caracterizar algo,
em uma tese em que já há conhecimento prévio sobre o assunto. (Oliveira e Giraldi, 2020).
Esta pesquisa buscou descrever as práticas e modelos de avaliação existentes na indústria da
construção civil relacionados aos fatores ESG, para então propor um modelo de avaliação e
implementação que possa ser aplicado pelas empresas do setor para medir seu desempenho
em relação aos critérios ESG.
Quanto aos meios, a pesquisa é documental e bibliográfica. Segundo Oliveira e
Giraldi (2020), a pesquisa documental analisa diversos documentos, sejam públicos ou
privados, para embasar suas conclusões. Já a pesquisa bibliográfica também trabalha com
referências e documentos já publicados para explicar um problema ou fundamentar algo. Para
esta pesquisa, foram utilizadas diversas fontes de dados, incluindo documentos oficiais,
relatórios de empresas e organizações não governamentais, artigos científicos e livros. Foram
utilizadas ferramentas online como o “Google Scholar” e repositórios de artigos acadêmicos
para buscar os estudos que referenciam este trabalho.

3.3 Estratégias de pesquisa

O primeiro passo foi a definição dos objetivos do trabalho e validações junto ao


professor orientador. Inicialmente, a busca do autor era identificar ferramentas tecnológicas
que facilitassem a implementação de iniciativas ESG no ambiente da construção civil. Após
discussões com o orientador, percebeu-se que o trabalho poderia se tornar muito específico e
com menor aplicabilidade a curto prazo, visto que a inovação em produtos e serviços é
45

apenas um dos requisitos ESG aplicáveis à cadeia da construção civil. Por isso foi decidido
pela ampliação do escopo do trabalho, desenvolvendo um modelo conceitual que atinja todos
os requisitos ESG relacionados à cadeia da construção civil e dê um enfoque maior na
implementação destas iniciativas, sendo aplicável de maneira mais abrangente e não apenas
através de ferramentas tecnológicas.
Para embasar os elementos necessários para a pesquisa, foi desenvolvida uma revisão
bibliográfica, que trabalhou com o entendimento e evolução dos conceitos de
desenvolvimento sustentável, ESG e ODS. Através da bibliografia, também foi estudado a
dinâmica da cadeia da construção civil e sua complexidade, compreendendo melhor os
agentes envolvidos e principais impactos socioeconômicos no Brasil e com isso os impactos
da cadeia da construção civil em cada um dos 3 pilares da agenda ESG. Por último, o modelo
COBIT foi analisado, entendendo sua evolução e aplicações.
Para esta etapa de revisão bibliográfica utilizou-se pesquisas online, principalmente o
Google Scholar e repositórios de Teses e TCC. Foram utilizados diversos estudos
acadêmicos, documentos e relatórios de organizações sem fins lucrativos que abordam a
temática. Além disso, foram considerados alguns relatórios de mercado, tendo em vista o
propósito da pesquisa é trazer um modelo conceitual a todas organizações, incluindo
instituições privadas.
O desenvolvimento do modelo conceitual proposto neste trabalho teve como base a
ferramenta do COBIT, em suas versões mais atualizadas. Com as características do modelo
conservadas, a maioria dos elementos são similares ao Cubo COBIT original, ajustando-os
para o propósito deste trabalho. Após um estudo aprofundado da ferramenta do COBIT 2019,
foram identificados os elementos necessários para compor o modelo conceitual proposto e
posteriormente validadas com o professor orientador.
A face destinada para a compreensão da estrutura organizacional, contém os agentes
envolvidos e fatores de projeto, ambos elementos são descritos no modelo do COBIT. Para a
construção do modelo e trazer exemplificações coerentes a este estudo, foram mapeados
portais de relacionamento com investidores (RI) de empresas da cadeia da construção civil
listadas na bolsa de valores brasileira (B3), foram pesquisadas as empresas de incorporação
imobiliária Cyrela, MRV e Tenda. A escolha se deu pela maior amplitude de informações e
estruturas de governança mais completas.
Em seguida foi desenvolvida uma face do cubo voltada às fases de implementação de
iniciativas, os elementos são embasados nas 7 fases de implementação propostas no COBIT
2019. Nesta etapa cada fase foi descrita para melhor compreensão.
46

A última face do modelo conceitual proposto, com os requisitos ESG, foi


desenvolvida a partir das metas propostas pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e com os fatores da agenda ESG. Para o modelo proposto, foram
selecionados apenas fatores de grande influência na cadeia da construção civil, conforme
descrito na fundamentação teórica.
Com os elementos descritos e explicados, foi proposto o modelo conceitual, na versão
do Cubo COBIT, facilitando a visualização para sua posterior aplicação em organizações da
cadeia da construção civil. O modelo utilizado como base é o cubo COBIT, apresentado na
Figura 8, a seguir:

Figura 8 - Cubo COBIT

Fonte: COBIT 2019

Para a avaliação de maturidade de uma organização frente a implementação de


iniciativas ESG na cadeia da construção, utilizaram-se as faces referentes à “Implementação
de Iniciativas” e “Requisitos ESG” como base para o cálculo.
47

A Figura 9 apresenta o procedimento metodológico escolhido no desenvolvimento


deste trabalho:

Figura 9 - Fluxograma dos procedimentos metodológicos

Fonte: o autor (2023)


48

4. DIAGNÓSTICO

4.1. Introdução ao capítulo

Neste capítulo, será apresentado o diagnóstico realizado para o desenvolvimento do


framework proposto. Serão abordados os elementos necessários para a elaboração do modelo,
a proposta do modelo e estratégias para a aferição da maturidade.

4.2. Processos da organização

Quanto aos processos da organização, conserva-se os elementos do modelo do COBIT


(2019), trazendo os domínios da organização, representados pelos grupos de interesse
(internos e externos), os processos, representados pelos fatores de projeto e atividades
necessárias, que são inter relações dos agentes envolvidos com os fatores de projetos.
O principal objetivo desta face é fornecer à organização uma ferramenta eficiente que
possibilite um diagnóstico e análise de sua estrutura, identificando os elementos necessários
para a implementação de iniciativas ESG. Como os responsáveis pelos processos decisórios,
os documentos e processos de apoio nestes projetos.

4.3.1 Os grupos de interesse e partícipes do modelo

Os grupos de interesse utilizados no modelo conceitual, foram classificados a partir


da base fornecida pelo COBIT 2019, que se divide entre os grupos internos, isto é, atuando
diretamente na organização, e os grupos externos, com impacto na organização, mas não
estão diretamente vinculados à sua operação, também atendendo a interesses de terceiros.
Com base na classificação sugerida pelo COBIT 2019 para gestão de processos de TI
e ajustando os grupos de interesse à realidade de algumas empresas da cadeia da construção
civil, construiu-se o quadro 4, a seguir. Para deixar o modelo mais acessível e claro, foi
realizado um exercício de simulação, exemplificando o modelo para uma construtora. As
informações base são provenientes de portais de relacionamento com investidores de grandes
empresas do setor (Cyrela, Tenda, MRV, Gerdau e Votorantim), estas, foram selecionadas por
apresentarem uma estrutura mais completa e maior riqueza de informações, visto que são
empresas de capital aberto.
49

Conforme o próprio COBIT, o objetivo desta tabela não é prescrever um organograma


universal para todas as empresas, mas sim ser um guia para o levantamento da estrutura
organizacional, podendo ser ajustado de acordo com as particularidades de cada empresa. Os
elementos propostos são apresentados a seguir, no Quadro 4:

Quadro 4: Grupos de interesse e partícipes COBIT x Empresas da cadeia da


construção civil
COBIT 2019 Empresas da cadeia da construção civil Exemplo de uma construtora
Ambiente Interno
Boards: Conselho de Administração Conselho de Administração
Conselhos Conselho Fiscal (Presidente, Vice-presidentes,
membros, membros independentes)
Conselho Fiscal
(Presidente, membros)

Executive Órgão e Equipes de gestão (alta Presidente (CEO)


management: administração) Diretor(a) Financeiro (CFO)
Gestão Diretor(a) de Operações (COO)
executiva Diretor(a) de RH (CHRO)
Diretor(a) de Marketing (CMO)

Executive Comitês executivos estatutários Comitê de Governança, Riscos e


Committees: Comitês executivos não-estatuários Compliance
Comitês Comitê de Pessoas
executivos Comitê de Operações
Comitê de Inovação
Comitê Jurídico
Comitê de Auditoria
Comitê de Sustentabilidade

Business Órgão e Equipes de gestão (média Gerente de Projetos


managers: administração) Gerente de Engenharia
Gerentes de Gerente Administrativo
negócio Gerente de Suprimentos
Gerente de Qualidade
Gerente Ambiental

IT managers: Órgão e Equipes de operação Projetistas


Gerentes de Analistas de Planejamento
TI Analistas de Suprimentos
Analistas de Qualidade
Engenheiro Civil
Técnico de Segurança do Trabalho
Almoxarife
Pedreiro
Fonte: o autor (2023) (continua)
50

Quadro 4: Grupos de interesse e partícipes COBIT x Empresas da cadeia da


construção civil
(continuação)
COBIT 2019 Empresas da cadeia da construção civil Exemplo de uma construtora
Assurance Equipes de controle, auditores internos Auditores
providers:
Seguradores,
garantidores
Ambiente externo
Suppliers: Qualificação e listagem de fornecedores Fornecedores de Materiais da
Fornecedores por processo construção
Fornecedores de Equipamentos
Fornecedores de Serviços de
Engenharia e Arquitetura
Fornecedores de Serviços
Especializados

Shareholders: Capital aberto ou fechado Investidores Private Equity


Acionistas Investidores Family Offices
Acionistas da Bolsa de Valores

Regulators/go Ministério relacionado Ministério do Desenvolvimento,


vernment: Secretaria específica Indústria, Comércio e Serviços
Reguladores e Controladoria Geral da União – CGU Ministério do Planejamento e
Governo Orçamento
Corpo de Bombeiros
ANVISA

Standardizatio Entidades de classe CBIC


n Representantes Institucionais CREA
organizations: ABRAINC
Organizações Sinduscon
de classe
External Empresas de auditoria PwC
auditors: Deloitte
Auditores
Externos
Fonte: o autor (2023)

4.3.2. Fatores de Projeto

Para definição dos fatores de projetos, utilizou como base o COBIT 5 (2012), que traz
10 elementos, que são descritos a seguir. Para enriquecer o detalhamento desses elementos,
foram considerados exemplos corporativos e vinculados à cadeia da construção civil, de
51

modo a uma melhor contextualização e compreensão. Com esta visualização já é possível


fazer um breve diagnóstico de maturidade da organização, identificando os gargalos em
fatores de projetos ausentes. Para exemplificação são utilizados os documentos de
relacionamento com investidores (RI) de empresas de capital aberto, citadas no tópico
anterior.

1. Ética e cultura: referem-se aos valores, princípios e comportamentos esperados dentro


de uma organização. Isso inclui o respeito aos direitos dos trabalhadores, a integridade
nas relações comerciais, a preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade
social.

Exemplo: Código de Conduta Ética.

2. Leis, regulamentos e políticas aplicáveis: refere-se às regulações governamentais que


devem ser seguidas no setor. Isso inclui leis trabalhistas, regulamentos de segurança,
normas ambientais e legislação de licenciamento.

Exemplo: Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº


307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para o gerenciamento de
resíduos da construção civil.

3. Missão, visão e valores: são elementos que definem a identidade e a direção


estratégica de uma organização. A missão define o propósito central, a visão descreve
a aspiração futura e os valores representam os princípios orientadores.

Exemplo: Declaração de Missão, Visão e Valores

4. Políticas e práticas de governança: refere-se às regras, diretrizes e processos que


regulam a tomada de decisões e o controle nas organizações. A governança abrange a
responsabilidade, transparência, prestação de contas e gestão eficiente.

Exemplo: Política de Governança Corporativa


52

5. Plano de negócios e intenções estratégicas: um plano de negócios define os objetivos,


estratégias e ações para alcançar o sucesso empresarial. As intenções estratégicas
referem-se às metas e direcionamentos de longo prazo para o crescimento e a
competitividade da organização.

Exemplo: Planejamento Estratégico

6. Modelo operacional e nível de maturidade: o modelo operacional descreve como a


organização executa suas atividades e processos de negócio. O nível de maturidade
refere-se ao grau de eficiência, eficácia e padronização alcançado pela organização
em suas práticas e processos.

Exemplo: Playbook dos processos

7. Estilo de gestão: refere-se à abordagem e filosofia adotadas pelos líderes e gestores na


condução das atividades de uma organização na construção civil. O estilo de gestão
pode variar de autoritário a participativo, e pode afetar a cultura, o clima
organizacional e o desempenho da equipe.

Exemplo: Relatório de Diretrizes de Gestão

8. Tolerância ao risco: refere-se à disposição da organização para assumir riscos em suas


atividades e projetos. A tolerância ao risco é influenciada pela cultura organizacional,
pelo contexto regulatório e pela avaliação dos benefícios e consequências associados
aos riscos.

Exemplo: Política de Gestão de Riscos

9. Capacidades e recursos disponíveis: refere-se às competências, habilidades e recursos


disponíveis dentro da organização para executar efetivamente as atividades de
construção civil. Isso inclui a qualificação da equipe, o acesso a fornecedores e
parceiros confiáveis, bem como a disponibilidade de equipamentos e tecnologias
adequadas.
53

Exemplo: Plano de Desenvolvimento Individual (PDI)

10. Práticas da indústria: refere-se às normas, padrões e boas práticas estabelecidas na


indústria do setor. Essas práticas são desenvolvidas para garantir a qualidade, a
segurança, a eficiência e a sustentabilidade das construções.

Exemplo: Manual de Boas Práticas

Com o detalhamento dos fatores de projeto, é possível entender a estrutura da


organização e suas iniciativas. Esses documentos ajudam a estabelecer diretrizes claras,
fornecer orientações e promover a conformidade com os princípios, regulamentos e padrões
éticos na construção civil, contribuindo para um ambiente de trabalho seguro, sustentável e
eficiente.

Quadro 5: Fatores de projeto COBIT x Exemplos para empresas da cadeia da


construção civil
Fatores de projeto Exemplo de Documentos
Ética e Cultura Código de Ética
Leis, regulamentos e Resolução CONAMA nº
políticas aplicáveis 307/2002
Missão, visão e valores Declaração de Missão, Visão
e Valores
Políticas e práticas de Política de Governança
governança Corporativa
Plano de negócios e Planejamento Estratégico
intenções estratégicas
Modelo operacional e nível Playbook dos processos
de maturidade
Estilo de gestão Relatório de Diretrizes de
Gestão
Tolerância ao risco Política de Gestão de Riscos
Capacidades e recursos Plano de Desenvolvimento
disponíveis Individual (PDI)
54

Práticas da indústria Manual de Boas Práticas


Fonte: o autor (2023)

4.3. Implementação de iniciativas

O modelo conceitual proposto define que uma das faces do cubo COBIT é voltada
para Implementação das Iniciativas, sua composição é realizada com as 7 fases do roadmap
de implementação propostas pelo COBIT 2019, apresentado na Figura 10
As fases contém atividades necessárias para a organização ir evoluindo na
implementação de iniciativas, iniciando em uma fase mais exploratória até chegar em um
estágio em que as iniciativas já estão implementadas e é necessário apenas alguns ajustes e
revisões.
55

Figura 10 - Fases de implementação de iniciativas

Fonte: COBIT 2019

Fase 1 - Definição dos drivers:

Começa reconhecendo e concordando com a necessidade de uma iniciativa de


implementação ou melhoria. Ela identifica os pontos problemáticos e os gatilhos
atuais, criando o desejo de mudança nos níveis de gestão executiva.

Fase 2 - Avaliação do estado atual:

Concentra-se em definir o escopo da iniciativa de implementação ou melhoria


usando o mapeamento do COBIT dos agentes envolvidos e fatores de projeto,
considerando também como cenários de risco podem destacar os processos-chave nos
56

quais se concentrar. Em seguida, é realizada uma avaliação do estado atual,


identificando problemas ou deficiências através de uma avaliação da capacidade dos
processos. Iniciativas em larga escala devem conter várias iterações no seu ciclo de
vida, pois qualquer iniciativa de implementação com duração superior a seis meses
corre o risco de perder impulso, foco e apoio dos interessados.

Fase 3 - Definição dos objetivos:

É estabelecido um objetivo de melhoria, seguido por uma análise mais


detalhada que aproveita a orientação do COBIT para identificar lacunas e soluções
potenciais. Algumas soluções podem ser de rápida implementação, enquanto outras
podem ser mais desafiadoras e exigir atividades de longo prazo. A prioridade deve ser
dada às iniciativas mais fáceis de alcançar e aquelas que provavelmente trarão os
maiores benefícios.

Fase 4 - Definição das atividades:

Planeja soluções práticas, definindo projetos apoiados por justificativas de


negócios válidas. Também é desenvolvido um plano de mudança para implementação.
A definição das atividades ajuda a garantir que os benefícios do projeto sejam
identificados e monitorados.

Fase 5 - Implementação das atividades:

As soluções propostas são implementadas nas práticas operacionais. Medidas


podem ser definidas e o monitoramento estabelecido. O sucesso requer o
envolvimento e comprometimento demonstrados pela alta administração, bem como a
apropriação pelos interessados afetados nos negócios.

Fase 6 - Monitoramento das atividades:

Concentra-se em avaliar a operação e no monitoramento das atividades e


objetivos propostos. Avaliando os indicadores propostos e seu atingimento ou não.
57

Fase 7 - Revisão e ajustes:

É feita uma revisão do sucesso geral da iniciativa, identificando-se mais


requisitos para a governança e reforçando a necessidade de melhoria contínua.

4.4. Requisitos ESG

Um dos pilares do modelo conceitual proposto são os Requisitos ESG. Nesta etapa
foram relacionados os fatores ESG com as ODS, estes 2 modelos foram utilizados para a
uniformização de conceitos. Sendo os conceitos mais difundidos, o objetivo de relacioná-los
é tornar o modelo mais acessível e padronizado às diferentes realidades das empresas, que
podem ter mais familiaridade com cada termo. Na prática, o modelo utiliza os fatores ESG
em sua composição, mas pode-se espelhar nos ODS caso prefira.
Após a classificação, os conceitos foram priorizados de acordo com a maior aderência
aos desafios vividos na cadeia da construção conforme apresentado no Quadro 6, utiliza-se a
fundamentação teórica desenvolvida neste trabalho como referência.

Quadro 6 - ODS correlacionados com fatores ESG na cadeia da construção civil

ODS Fatores ESG

1. Erradicação da Pobreza Impacto na pobreza e na comunidade

3. Saúde e Bem-Estar Saúde e segurança no local de trabalho

4. Educação de Qualidade Treinamento e educação

Promoção de diversidade e igualdade de


5. Igualdade de Gênero
oportunidades

Fonte: o autor (2023) (continua)


58

Quadro 6 - ODS correlacionados com fatores ESG na cadeia da construção civil


(continuação)

ODS Fatores ESG

6. Água Potável e
Uso e reciclagem de água
Saneamento

7. Energia Limpa e
Eficiência energética
Acessível

8. Trabalho Decente e
Liberdade de associação dos trabalhadores
Crescimento Econômico

9. Indústria, Inovação e Inovação em produtos e serviços


Infraestrutura ambientalmente amigáveis

11. Cidades e
Comunidades Produção e gestão de resíduos
Sustentáveis

12. Consumo e Produção Emissões de GEE, produção e gestão de


Responsáveis resíduos

13. Ação contra a


Emissões de GEE
Mudança Global do
Clima

14. Vida na Água Impacto e dependência da biodiversidade

15. Vida Terrestre Impacto e dependência da biodiversidade

16. Paz, Justiça e


Suborno e corrupção
Instituições Eficazes

17. Parcerias e Meios de Engajamento das partes interessadas,


Implementação transparência e divulgação

Fonte: o autor (2023)


59

A eficiência energética é importante tendo em vista que a parcela significativa que a


construção civil representa no consumo de energia. Adotar medidas para reduzir o consumo e
aumentar a eficiência energética nas construções, através de tecnologias e materiais
sustentáveis, contribui para a mitigação dos impactos ambientais e para a redução dos custos
operacionais.
O uso e reciclagem de água, da mesma maneira são necessários para a conservação
desse recurso. A construção civil consome água em abundância nos seus processos, como
mistura de concreto, limpeza de equipamentos e uso em instalações.
Promover a inovação em produtos e serviços que sejam ambientalmente amigáveis na
construção civil é fundamental para reduzir os impactos negativos no meio ambiente. Isso
inclui o desenvolvimento de materiais sustentáveis, sistemas de energia renovável e soluções
de construção ecológicas.
Sendo a cadeia da construção civil um dos setores de maior consumo de
matérias-primas, é necessário adotar práticas de produção e gestão de resíduos adequadas,
como a redução na geração de resíduos, reciclagem e disposição correta, contribui para a
redução do impacto ambiental e para a promoção da economia circular.
As emissões de gases de efeito estufa na construção civil, principalmente relacionadas
ao consumo de energia e produção de insumos, contribuem para as mudanças climáticas.
Reduzir as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) por meio da adoção de tecnologias
limpas, eficiência energética e materiais mais sustentáveis é crucial para mitigar os impactos
ambientais.
A cadeia da construção civil apresenta diversos riscos ocupacionais, por isso garantir
a saúde e segurança dos trabalhadores é fundamental para prevenir acidentes, lesões e
doenças relacionadas ao trabalho, promovendo um ambiente de trabalho seguro e saudável.
A diversidade e a igualdade de oportunidades são importantes para criar um setor da
construção civil mais inclusivo e justo. Isso envolve a promoção da igualdade de gênero,
inclusão de pessoas com diferentes origens étnicas, culturais e socioeconômicas, bem como a
implementação de políticas de não discriminação no local de trabalho.
A construção civil pode ser suscetível a práticas corruptas, como suborno, fraude e
nepotismo. Combater o suborno e a corrupção é essencial para garantir a justiça e a
integridade nos processos de licitação, contratação, pagamentos e relacionamento com
agentes públicos. Isso é especialmente importante considerando que a construção civil
envolve interações com governos, órgãos reguladores e entidades públicas.
60

O engajamento das partes interessadas, incluindo comunidades locais, trabalhadores,


fornecedores, clientes e sociedade civil, é crucial para estabelecer uma cadeia da construção
civil responsável. Envolver as partes interessadas nas decisões e processos-chave, como
planejamento de projetos, impacto ambiental e social, e tomada de decisões, permite que suas
vozes sejam ouvidas e suas preocupações sejam abordadas.
A transparência na cadeia da construção civil envolve a divulgação adequada de
informações relevantes sobre projetos, contratos, desempenho ambiental e social, além das
práticas de governança corporativa. A divulgação transparente promove a confiança das
partes interessadas, possibilita uma análise crítica dos impactos e resultados, e incentiva a
responsabilidade das empresas envolvidas.

4.5. Proposta de aplicação do COBIT para implementação de


iniciativas ESG na cadeia da construção civil

O framework proposto, que tem o objetivo de apoiar organizações da cadeia da


construção civil a implementarem iniciativas ESG, é inspirado no cubo COBIT, apresentado
na metodologia da pesquisa.
As características tridimensionais e com multicamadas do modelo COBIT original
são mantidas no framework proposto, com uma face representando os processos da
organização, outra a implementação de iniciativas e uma terceira os requisitos ESG, conforme
descrito no quadro 7.

Quadro 7: Elementos do framework proposto aplicados à implementação de


iniciativas ESG na cadeia da construção civil
Estrutura da organização Domínios (agentes envolvidos)
Fatores de projeto
Atividades internas & externas
Implementação das Definição dos drivers
iniciativas Avaliação do estado atual
Definição dos objetivos
Definição das atividades
Implementação das atividades
Monitoramento das atividades
Revisões e Ajustes
Requisitos ESG Uso e reciclagem da água
Eficiência energética
61

Inovação em produtos e serviços que sejam


ambientalmente amigáveis
Produção e gestão de resíduos
Emissão de gases efeito estufa
Saúde e segurança dos trabalhadores
Diversidade e igualdade
Suborno e corrupção
Engajamento dos stakeholders
Divulgação e transparência
Fonte: o autor (2023)

Com a consolidação dos elementos, foi proposto o framework para a implementação


de iniciativas ESG na cadeia da construção civil, conforme a Figura 11:
62

Figura 11 - Framework proposto para a implementação de iniciativas ESG na cadeia


da construção civil

Fonte: o autor (2023)

4.7. Avaliação de maturidade

Para realizar a avaliação de maturidade utilizando o modelo proposto, utiliza-se as


faces “Fatores ESG” e “Implementação de Iniciativas”, enquanto a primeira visa avaliar a
amplitude de iniciativas ESG de uma organização, a segunda visa avaliar a capacidade de
implementação destas iniciativas na organização.
Com a avaliação da maturidade é possível observar os gargalos da organização e
priorizar as principais frentes de trabalho.

4.6.1. Classificação Fatores ESG

Para classificar os Fatores ESG, atribui-se pesos 0 para os fatores ESG ausentes e peso
1 quando os fatores ESG estão presentes na organização, com iniciativas práticas relacionadas
63

ao fator em operação ou em testes. O resultado final da categoria é uma média entre os 10


fatores, com resultados variando entre 0 e 1.
Por exemplo, se a organização apresentar iniciativas em 7 fatores, seu resultado nesta
categoria será 0,7.

4.6.2. Classificação Implementação de Iniciativas

Para classificar a categoria Implementação de Iniciativas, avalia-se a organização em


relação à temática ESG de 1 a 7, de acordo com as sete fases de implementação descritas no
item 4.3.
Para calcular o valor final deve-se normalizar os valores para deixá-los
parametrizados em escala de 0 a 1, portanto utiliza-se a equação 1:

Equação 1: normalização de escalas


(𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎)
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 = (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎)

No caso deste trabalho:

(𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 − 1)


𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 = (7− 1)

Por exemplo, se a organização se situar na 4 fase de implementação, seu resultado


normalizado será 0,5, conforme descrito a seguir:

(4 − 1)
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 = (7− 1)

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 = 0. 5

4.6.3. Classificação Final

Por fim, para obter a classificação da maturidade ESG da organização, utilizando o


modelo conceitual proposto, faz-se uma média dos 2 critérios, já normalizados em mesma
escala, conforme descrito anteriormente. Os resultados de grau de maturidade estarão em uma
64

escala de 0 a 1, com os valores próximos a 0 representando uma menor maturidade e os


próximos a 1 uma maior maturidade. conforme a figura a Figura 12. Com base no resultado a
organização pode entender seu posicionamento de maturidade com a temática e buscar
estratégias para elevar o seu grau de maturidade e consequentemente implementar as
iniciativas ESG.

Figura 12 - Framework proposto para a implementação de iniciativas ESG na cadeia


da construção civil

Fonte: o autor (2023)

4.8. Fechamento do Capítulo

No capítulo, foram discutidos os elementos essenciais do modelo conceitual proposto,


sua proposta e estratégias de avaliação da maturidade.
Primeiro foram descritos os elementos da estrutura da organização, contendo os
grupos de interesse e fatores de projeto. Em seguida foram detalhadas as fases de
implementação das iniciativas. Por último, foram elencados os requisitos ESG vinculados à
cadeia da construção civil.
Com a consolidação destes elementos, o modelo conceitual foi proposto e na
sequência sugerido um modelo de avaliação da maturidade da organização.
65

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA


TRABALHOS POSTERIORES

5.1 Introdução ao capítulo

Este capítulo traz as conclusões gerais alcançadas com o desenvolvimento da


pesquisa, serão discutidos os resultados, destacando o cumprimento e a maneira como os
objetivos propostos foram atingidos. Também são debatidas as conclusões gerais construídas
a partir do referencial teórico e do modelo conceitual e sugestões para trabalhos posteriores,
de forma que outros autores possam dar continuidade à temática.

5.2 Considerações sobre os objetivos

O desenvolvimento deste trabalho permitiu responder a pergunta central da pesquisa:


“Quais os principais requisitos para a implementação das iniciativas ESG na cadeia da
construção civil?”. Ao longo da execução da pesquisa foi possível identificar os conceitos
ESG, suas aplicabilidades e relações com a cadeia da construção e a partir disso relacioná-los
à implementação em organizações da cadeia da construção.
O objetivo geral proposto neste trabalho: “Desenvolver um modelo, para auxiliar
empresas da cadeia da construção civil a implementarem iniciativas ESG e avaliar o seu grau
de maturidade com a temática” também foi cumprido. Com a entrega do framework, que traz
os elementos de uma organização da cadeia da construção civil, os fatores ESG vinculados ao
setor e suas fases de implementação, é possível identificar o grau de maturidade em uma
organização do setor e priorizar as iniciativas de maior relevância a cada tipo de organização.
Pode-se afirmar que os os objetivos específicos também foram cumpridos, conforme
descrito à seguir:

a) Abordar os conceitos de ESG relacionados à cadeia da construção civil: com a


fundamentação teórica descrita neste trabalho, considera-se que é possível
compreender os conceitos ESG e seus impactos e aplicações na cadeia da construção
civil.

b) Identificar os elementos do modelo para implementação de iniciativas ESG em


empresas da cadeia da construção civil: o cumprimento deste objetivo é observado
66

no diagnóstico desta pesquisa, em que os elementos necessários para a elaboração do


framework são descritos.

c) Propor um modelo conceitual para implementação de iniciativas ESG em


empresas da cadeia da construção civil: o framework apresentado no capítulo de
diagnóstico comprova o atingimento deste objetivo, em que o modelo é descrito e
apresentado na versão adaptada de um cubo COBIT.

d) Identificar e propor estratégias para aferir o grau de maturidade das


organizações com iniciativas ESG: os elementos necessários para a aferição do grau
de maturidade são descritos ao longo do diagnóstico do trabalho. O cálculo e
particularidades necessárias para a avaliação do grau de maturidade também foram
descritos.

Dentro do escopo e das limitações apresentadas anteriormente, a presente pesquisa foi


capaz de atingir o objetivo geral e os objetivos específicos estabelecidos no início deste
trabalho.

5.3 Conclusões gerais

Ao responder à pergunta da pesquisa “Quais os principais requisitos para a


implementação das iniciativas ESG na cadeia da construção civil?” e ao desenvolver um
framework aplicável ao setor, foi possível chegar a algumas conclusões.
O primeiro ponto a se destacar é que apesar do tema ganhar maior preocupação e
relevância recentemente, não é necessariamente novo, com um histórico que remonta ao meio
do século passado, evoluindo do contexto ambiental, para a esfera social e de governança.
A relevância da cadeia da construção civil na temática ESG é evidenciada, sendo o
setor um dos mais impactantes dentre as atividades econômicas. Apesar de representar pouco
menos de 10% da economia do país, possui um impacto expressivo em diversos aspectos,
como o consumo de materiais e energia, sendo responsável por quase metade destes
indicadores, ou acidentes de trabalho, sendo o segundo setor com maior número de
fatalidades. Esta relevância também é evidenciada na quantidade dos fatores ESG
relacionados à cadeia da construção civil, 64% dos fatores avaliados têm convergência direta
com o setor.
67

Apesar da relevância, entretanto, ainda existe uma carência de pesquisas e estudos


relacionada à ESG no setor, no desenvolvimento desta pesquisa o autor teve dificuldades para
encontrar artigos e estudos mais práticos sobre a temática. A maioria dos estudos revisados
neste estudo são relacionados ao mercado financeiro, avaliando os índices de sustentabilidade
do mercado de capitais e seu desempenho financeiro, em poucos casos restringindo-se às
empresas da construção. Tal fato, pode estar relacionado à brevidade da temática, o conceito
começou a ganhar mais relevância no ambiente corporativo nos últimos anos.
O ineditismo do conceito também contribui para a dificuldade das organizações em
implementarem iniciativas que efetivamente contribuam para a minimização dos impactos
ambientais, sociais e de governança no setor. Some-se a isso a falta de padrões e
uniformização de conceitos relacionados à temática, tornando a missão de adoção de
iniciativas ainda mais complexa.
Outro fator observado ao longo do desenvolvimento do trabalho foi que as discussões
referentes à temática ainda têm pouca capilaridade a organizações de menor porte, sendo
mais concentradas em instituições públicas e corporações de capital aberto. Nas empresas de
capital aberto cresce a prática de elaboração de relatórios de responsabilidade ambiental e
social, compartilhados com seus acionistas anualmente, tornando-se quase uma regra no
mercado, sem que sejam necessariamente obrigados. Já na esfera pública são observados, por
exemplo, regras mais rígidas com questões ambientais para licitações ou políticas de
diversidade em contratações de servidores públicos.
Quanto ao uso do modelo do cubo COBIT como referência, este trabalho comprova
sua versatilidade além da esfera da governança de TI. O modelo já foi utilizado em outros
contextos, conforme destacado anteriormente, para a segurança de trabalho ou avaliação de
sistemas de transportes. Esta pesquisa demonstra que também pode ser utilizado como uma
ferramenta para implementação de iniciativas ESG na cadeia da construção.

5.4 Sugestões para trabalhos posteriores

O presente trabalho buscou propor um modelo mais amplo e generalista, que pudesse
atender a toda a cadeia da construção, elencando os principais fatores ESG que podem ser
adotados no setor. A simplicidade e fácil aplicabilidade também foi uma premissa para o
desenvolvimento do trabalho.
Sugere-se utilizar a metodologia proposta e aplicá-la com maior profundidade em um
elo específico da cadeia da construção, como construtoras de médio porte, por exemplo.
68

Limitando o escopo de trabalho com um público alvo específico, pode-se obter resultados
mais assertivos e com maior profundidade.
A partir desta análise, pode-se inclusive aperfeiçoar a metodologia proposta,
concentrando-se em uma ou mais faces específicas. Por exemplo, explorar em maior
profundidade a face referente à implementação das iniciativas, propondo novas técnicas de
coleta e classificação das organizações de acordo com as fases de implementação.
Ainda, sugere-se utilizar o modelo conceitual proposto, para avaliar a maturidade do
setor, elencando um público alvo e testando o modelo para verificar a maturidade com as
iniciativas ESG. Estes estudos de caso podem ajudar a compreender as particularidades de
cada elo da cadeia da construção civil e identificar os principais desafios e oportunidades para
implementação de iniciativas ESG em cada um deles.
Também pode-se desenvolver uma pesquisa para avaliar as soluções tecnológicas que
facilitem a adoção dos fatores ESG na cadeia da construção. Utilizando os fatores descritos
neste trabalho e seus desafios de implementação.
Essas sugestões de trabalhos futuros visam contribuir para o avanço do conhecimento
na temática ESG na cadeia da construção civil. Com o aprimoramento da metodologia
proposta e iteração do modelo conceitual proposto, organizações do setor se beneficiam com
uma ferramenta para a implementação de novas iniciativas, promovendo um setor, e
consequentemente, uma sociedade melhor nos aspectos ambientais, sociais e de governança.
69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOPYAN, V. et al. Alternativas para redução do desperdício de materiais nos canteiros de


obra. Coletânea Habitare 2, 1998. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/235152/000382204.pdf?sequence=1#page
=234.
Acesso em: 04/05/2023.

GIL, L. A. Análise da conjuntura de incorporadoras e construtoras frente ao movimento


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