Sustentabilidade
Sustentabilidade
Sustentabilidade
ITAJAI (SC)
2014
UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAI – UNIVALI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA –
PROPPEC
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS - PMGPP
ITAJAI (SC)
2014
AGRADECIMENTOS
This work investigates the destination of electronic waste and its residues, generated in the
internal environment of the Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO and their
reuse in actions involving academics and the community. It also addresses issues related to
Sustainability in the environment of the institution, based on studies and bibliographic
research. It presents the concepts of Sustainability, Reverse Logistics, Sustainable
Competitive Tenders, and subjects related to Electronic Waste, the risks of incorrect disposal
of its residues, and the problems resulting from them, both for health and for the environment
around the institution. It makes reference to the increasingly high generation of electro-
electronic equipment, as a result of exaggerated consumerism and the increasing obsolescence
of equipment and utensils, whether for personal, domestic or professional use. It addresses
Agenda 21 and its application in the public administration, through the concepts of A3P –
Environmental Agenda in Public Administration. Complementary aims of this study are to
discuss the issue of the production of toxic waste (Electronic Garbage) in the institution; and
to investigate the interest and debates within the institution on Sustainability, and the
destination of e-garbage. The research, classified as qualitative, used the method of case
study, based on the extension project “Management of electronic waste: a technological
solution for an environmental problem”. Data were collected through a survey, with the
application of a structured questionnaire. Analysis of the results led to some suggestions for
actions to be carried out, as well as prompting improvements to initiatives that are currently
being used in the institution, with sustainable actions for the university environment.
Quadro 3. Principais compostos dos aparelhos eletroeletrônicos e seus riscos à saúde .......... 25
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13
3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................ 65
3.1 Procedimentos metodológicos .................................................................................... 66
3.2 Ambiente de estudo .................................................................................................... 66
3.3 População ................................................................................................................... 66
3.4 Instrumento de coleta de dados .................................................................................. 66
3.4.1 Questionário ............................................................................................................... 68
3.5 Análise dos resultados ................................................................................................ 69
1 INTRODUÇÃO
Ainda segundo Guanaes (2012), a universidade sustentável não pode ser uma ficção.
Para ilustrar esta afirmação, o autor cita várias ações que vêm sendo observadas, como por
exemplo, o Colóquio Global de Reitores de Universidades, realizado em Nova York, por
solicitação do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, onde participaram 25
reitores de conceituadas instituições, como Harvard, Princeton, Oxford, Sciences-Po, Indian
Institute of Tecnology, Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), Universidade de São
Paulo (USP) e El Colegio de Mexico, entre outras, quando firmou-se o compromisso de
buscar estratégias para adequar suas instituições ao desafio educacional e acadêmico,
implicando assim em enfrentar o problema da sustentabilidade aliado às mudanças climáticas.
Entende-se que, por influência das orientações abordadas no citado Colóquio, as
universidades brasileiras vêm buscando implantar nas suas estruturas os princípios de
sustentabilidade, estrutura baseada no tripé educação, pesquisa e extensão, sendo, esta última,
facilitadora do entendimento e da complexidade que se observa na realidade ambiental,
14
2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Antes de abordar o tema lixo eletrônico, necessário se faz entender também o conceito
de lixo propriamente dito. Segundo o minidicionário Aurélio (2000, p. 430), lixo é: “O que se
varre da casa, da rua, e se joga fora; entulho. Coisa imprestável”. Já o termo “resíduo sólido”
diferencia-se do termo “lixo”, pois possui valor econômico por possibilitar o seu
reaproveitamento no processo produtivo.
Magera (2012, p. 58) expõe que a palavra “lixo” origina-se do latim lix, que significa
cinzas ou lixívia. Também faz referência à definição de Calderoni (1996, apud MAGERA,
2012, p. 58)
A definição e a conceituação dos termos “lixo”, “resíduo” e “reciclagem”
diferem conforme a situação em que sejam aplicadas. Seu uso na linguagem
corrente, com efeito, distingue-se de outras acepções adotadas consoante a
visão institucional ou de acordo com seu significado econômico. Na
linguagem corrente, o termo resíduo é tido praticamente como sinônimo de
lixo. Lixo é todo material inútil. Designa todo material descartado posto em
lugar público. Lixo é tudo aquilo que se “joga fora”. É o objeto ou a
substância que se considera inútil ou cuja existência em dado meio é tida
como nociva.
Competência Ações
- Promover a gestão de resíduos sólidos em seus ter-
ritórios.
- Obter acesso a recursos da União na elaboração de
Municípios e Distrito Federal
Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
- Realizar o mapeamento da situação dos resíduos
sólidos, identificando locais para disposição final
19
adequada.
- Elaborar indicadores e desenvolver políticas de
tratamento dos resíduos sólidos.
- Prover de estrutura necessária, através de postos de
coleta para estes resíduos, promovendo a destinação
final ambientalmente adequada aos rejeitos.
- Acondicionar, disponibilizar para a coleta, coletar,
Gerador do resíduo sólido dar tratamento e disposição final ambientalmente
adequada aos rejeitos.
- Enfatizar a importância da logística reversa,
sugerindo ações que garantam o fluxo de resíduos
sólidos na sua própria cadeia produtiva ou para outras.
- Buscar o compromisso dos fabricantes na análise do
ciclo de vida do produto, desde a produção, utilização
pelo consumidor e responsabilidade do descarte e
reciclagem das embalagens.
- Enfatizar a obrigatoriedade no tratamento dos
PNRS
resíduos gerados, ou reaproveitamento destes em
novos produtos.
- Promover a inclusão dos catadores, treinando-os e
habilitando-os para o processo como um todo.
- Evidenciar a responsabilidade dos consumidores.
- Proibir o descarte dos resíduos sólidos nos corpos
hídricos, no solo, queima a céu aberto ou em
recipientes e deverão deixar de existir os “lixões”.
- Priorizar o processo de logística reversa, como
estratégico.
Fabricantes/distribuidores - Responsabilizar-se pela coleta, destinação e reu-
tilização das embalagens pós-consumo
(responsabilidade compartilhada).
- Realizar a coleta seletiva dos resíduos sólidos e
disponibilizá-los para a coleta das empresas titulares
Consumidores
dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos.
Fonte: Miguez (2010) e Tadeu et al.(2013), adaptado pelo autor.
Miguez (2010, p.34), sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, diz que:
A política nacional de resíduos sólidos, como dito anteriormente, veio para
responsabilizar todos os participantes das indústrias, como empresas
fabricantes, revendedores, governo (em todas as esferas), catadores,
recicladores e consumidores. Todas as medidas previstas nesta política
visam a preservação ambiental, em consonância com a sustentabilidade dos
envolvidos. Esta política cria a possibilidade do desenvolvimento de novos
negócios ou de reestruturação de negócios existentes. O mais importante, é
que esta política, quando entrar em vigor, seja acompanhada de perto pelas
autoridades, para que possamos de fato usufruir de seus benefícios.
Tadeu (2013, p. 156) salienta que o Brasil, ao implantar a PNRS, deu um grande passo
para a incorporação dos discursos de sustentabilidade na dimensão prática e que, além disso,
tal política inspira uma mudança nos atuais padrões de consumo, pois um dos seus principais
pontos é a redução na produção de resíduos, não se restringindo apenas ao que já foi ou será
20
1
A diretiva WEEE, aprovada em 2003 pelos Estados- membros da União Europeia têm como objetivo,
prioritariamente, a prevenção de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) e, adi-
cionalmente, a reutilização, reciclagem e outras formas de valorização desses resíduos, de modo a
reduzir a quantidade de resíduos a eliminar. Pretende igualmente melhorar o comportamento ambiental
de todos os operadores envolvidos no ciclo de vida dos equipamentos elétricos e eletrônicos, por
exemplo, produtores, distribuidores e consumidores, e, em especial, dos operadores diretamente
envolvidos no tratamento de REEE (DIRETIVA 2002/96/CE, 2003).
2
A diretiva RoHS tem por objeto aproximar as legislações dos Estados-Membros em matéria de
restrições ao uso de substâncias perigosas em equipamentos elétricos e eletrônicos e contribuir para a
proteção da saúde humana e para uma valorização e eliminação, em boas condições ambientais, dos
resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (DIRETIVA 2002/95/CE, 2003).
3
Disponível em http://www.abinee.org.br/abinee/decon/decon15.htm. (Acesso em 14/05/2013)
21
da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) do Estado do Rio de Janeiro, entre outros dessa
natureza, que, além do objetivo de promover o descarte correto desse tipo de equipamento,
promove ações de formação profissional e inclusão digital na comunidade onde estão
inseridos.
definição do destino final dos respectivos resíduos. Magera (2012) sugere a seguinte
classificação:
Quadro 2 - Classificação do lixo, sua origem e composição
Importante salientar que no Brasil ainda existe certa deficiência quanto à classificação
dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, que possuem em sua composição, variadas
substâncias, desde elementos químicos simples, até hidrocarbonetos complexos. Dentre seus
23
celulares são responsáveis pela emissão de 6,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono
(CO2) ao ano, e na fabricação dos gadgets, somente com água, observa-se os seguintes gastos:
eletrônico, observam-se no Brasil algumas ações que são de suma importância na luta em
favor do descarte correto e também do acesso à informática como um recurso disponível para
todos, como pensa o fundador e diretor do Comitê pela Democratização da Informática,
Baggio (2009), citado por TRIGUEIRO (2012, p. 76-77):
Na Europa, esse lixo tecnológico cresce três vezes mais que o lixo
convencional. E um dos nossos grandes desafios é não só a questão da
legislação para regular essa área, mas a da toxicidade desse lixo eletrônico.
Os monitores mais antigos têm de dois a três quilos de chumbo. Se num
desses lixões uma criança quebra o vidro desse monitor, e se fere, não
cicatriza. Quando chove, esse chumbo se infiltra no solo, alcança o lençol
freático e contamina as águas subterrâneas. A bateria da CPU do computador
é altamente explosiva. Por tudo isso, reduzir o volume desse lixo é
fundamental. Para isso, é muito importante que cada um de nós possa
exercer o consumo consciente frente à indústria de tecnologia. Ninguém
precisa sair comprando os computadores mais novos, ou mais velozes. A
gente pode comprar expansão de memória ou de HD. Quer dizer, é
importante pensar sempre na sustentabilidade no uso de tecnologia, que é
uma das formas importantes de combater o lixo tecnológico. O CDI
promove a reciclagem desses materiais, mas nosso trabalho vai além disso.
Nossa missão é usar a tecnologia como uma ferramenta cidadã, para
transformar vidas e desenvolver comunidade de baixa renda.
Por meio do conteúdo expresso na figura 1, pode-se interpretar que a composição dos
equipamentos de informática é variada, em alguns itens, como por exemplo, nos desktops a
proporção de utilização de ferro, chega a 68%, enquanto que nos notebooks, 12%. A utilização
de plástico nos notebooks chega a 31%, enquanto que, nos desktops, a proporção utilizada
chega a 8%. Nos notebooks encontra-se ainda em proporção considerável, aproximadamente
20%, a utilização de materiais não ferrosos, como alumínio, cobre, ouro e prata.
29
utilização dos “cacos” no processo de fabricação aumenta a vida útil dos fornos, que
necessitam de uma temperatura mais baixa, economizando-se também com energia elétrica,
como esclarece Miguez (2010. p. 59)
O tratamento do lixo eletrônico apresenta dois fatores importantes: em primeiro lugar
há que se ter em mente que esses rejeitos são fontes de substâncias perigosas ao meio
ambiente e à saúde humana. Além dos já mencionados metais pesados, há uma grande
quantidade de compostos que são utilizados na confecção de placas de circuito impresso que
atuam como retardantes de chama para prevenção contra a propagação de incêndios, segundo
Tange & Drohmann (2005). Deve-se levar em conta, ainda, que o tratamento adequado REEE,
além de retirar do meio ambiente substâncias tóxicas, resulta em uma oportunidade de
negócio, visto que os componentes desses resíduos possuem considerável valor agregado.
Como a taxa de geração deste tipo de resíduo apresenta elevada tendência de
crescimento, em virtude do acelerado processo tecnológico atual, a importância dos processos
de recuperação de metais provenientes desta fonte vem despertando o interesse econômico de
inúmeros investidores.
Segundo relatório da United Nations Environment Programme (UNEP), publicado em
fevereiro de 2010, os resíduos provenientes de equipamentos eletrônicos descartados
crescerão de forma dramática nos países em desenvolvimento, nos próximos 10 anos. O Brasil
é apontado como o país emergente cujo mercado de computadores pessoais encontra-se em
amplo crescimento.
Estimativas levantadas pela UNEP (2009) apontam para a geração de 40 milhões de
toneladas de lixo eletrônico por ano, onde uma grande parte ainda é observada nos países
desenvolvidos. A Europa seria responsável por 25% desse lixo. O Brasil abandona 96,8 mil
toneladas de computadores pessoais ao ano, valor somente inferior ao que é descartado pela
China, onde são abandonadas cerca de 300 mil toneladas. Na Índia, estima-se que a produção
de lixo proveniente do descarte de equipamentos eletrônicos em 2020 será cinco vezes
superior ao que foi gerado no ano de 2007.
ambientais e sociais, resultados do processo cada vez mais rápido do ciclo de descarte desses
equipamentos, oriundos de fatores como a obsolescência programada, o preço de peças de
reposição, entre outros, o que, muitas vezes, inviabiliza a recuperação em comparação com
equipamentos novos, tornando o seu descarte a opção mais “viável” para o proprietário.
O problema do descarte dos resíduos eletroeletrônicos feitos sem qualquer cuidado,
destinados para os lixões ou aterros sanitários, estabelecidos muitas vezes de forma
clandestina, resulta em impactos ambientais negativos, tanto pela demora na sua
decomposição, mas, principalmente, devido aos metais pesados presentes nesses resíduos,
que, pelo processo de lixiviação, penetram no solo, levando esses contaminantes até as fontes
de águas superficiais e lençóis subterrâneos. Aliado a esse problema, observa-se também
outro agravante, que é a demanda por recursos naturais, uma vez que os recursos que são
empregados na fabricação desses equipamentos têm sido descartados para o meio ambiente,
quando poderiam passar por processos de reaproveitamento, através da reciclagem.
O crescente consumo de equipamentos eletroeletrônicos impulsionados tanto pelas
facilidades que as novas tecnologias oferecem, ou, ainda pela crescente necessidade de
comunicação em que nos deparamos, nos remete cada vez mais para uma sociedade onde a
globalização tornou o mundo pequeno e o estilo de vida impulsionado pelo consumo se
espalhou pelos diferentes países. Fala-se, atualmente, em uma classe global de consumidores,
pois os mesmos produtos, das mesmas marcas, são encontrados e comercializados em
diferentes partes do mundo. Consumidores globais podem ser definidos como "segmentos de
pessoas que consideram uma categoria de produto da mesma maneira, independentemente do
seu país de residência" (DOMZAL; KERNAN, 1993, p. 17).
A tipologia de consumidor global, segundo Giglio (2005), tem ajudado muitas
empresas nas suas estratégias, seja de produção, na formação de preços, na distribuição e na
comunicação. Empresas com estratégias globais são aquelas que, através da criação de
propagandas globais, trazem imagens que podem ser decodificadas em qualquer parte do
planeta, como os exemplos da Coca-Cola e McDonald’s. O autor se refere, ainda, que Levitt
(1995) afirmava, em sua teoria, que a comunicação ao alcance de todos rompia os limites
culturais. E explica, em sua tese, que os seres humanos possuem necessidades semelhantes,
porém criam rituais diferentes para supri-las. O consumidor que se comporta de maneira
semelhante surge com a comunicação, que interliga os rituais, nivelando-os e aproximando-
os.
Para Trigueiro (2012, p. 40), nossa sociedade é chamada de “sociedade de consumo”,
porque consumir se tornou uma atividade cotidiana que foi além da ideia inicial de satisfazer
33
as necessidades, para se tornar até uma doença. Consumimos de forma impulsiva e “ser
alguém” passa a estar associado à posse de determinados produtos ou ao uso de determinados
serviços. Barbosa (2004, p. 7), ao recorrer a diferentes abordagens e discussões sobre
sociedade de consumo e sua caracterização sociológica, do ponto de vista de alguns
estudiosos, salienta que:
Sociedade de consumo é um dos inúmeros rótulos utilizados por intelectuais,
acadêmicos, jornalistas e profissionais de marketing para se referir à
sociedade contemporânea. Ao contrário de termos como sociedade pós-
moderna, pós-industrial e pós-iluminista – que sinalizam para o fim ou
ultrapassagem de uma época – sociedade de consumo, à semelhança das
expressões sociedade da informação, do conhecimento, do espetáculo, de
capitalismo desorganizado e de risco, entre outras, remete o leitor para uma
determinada dimensão, percebida como específica e, portanto, definidora,
para alguns, das sociedades contemporâneas.
Mccracken (2003, p. 11), falando sobre cultura e consumo, escreve que: “Por cultura,
entendo as ideias e atividades através das quais fabricamos e construímos nosso mundo.
Quanto ao consumo, amplio a definição convencional para incluir os processos pelos quais os
bens e os serviços de consumo são criados, comprados e usados”.
Para o autor, no mundo moderno, a cultura e o consumo têm uma relação sem
precedentes, mas também é uma relação extremamente complicada. O consumo é um
fenômeno totalmente cultural, nas sociedades desenvolvidas ocidentais, a cultura é
profundamente ligada e dependente do consumo, pois sem os bens de consumo, as sociedades
modernas desenvolvidas perderiam os seus instrumentos-chave para a reprodução,
representação e manipulação de suas culturas, observando que:
Os mundos do design, do desenvolvimento do produto, da publicidade e da
moda que criam esses bens são eles próprios importantes autores do nosso
universo cultural. Eles trabalham continuamente para moldar, transformar e
dar vida a esse universo. Sem eles o mundo moderno quase que certamente
se desmancharia. O significado dos bens de consumo e a criação de
significados levada a efeito pelos processos de consumo são partes
importantes da estruturação de nossa realidade atual. Sem os bens de
consumo, certos atos de definição do self e de definição coletiva seriam
impossíveis nessa cultura. (MCCRACKEN, 2003, p. 11).
4
Trata-se de um portal de compartilhamento de conhecimentos, que reúne administradores, professores
e estudantes de Administração, além de empresários, executivos e outros profissionais da área. Sua
redação é composta por jornalistas e designers, que produzem diariamente conteúdos multimídia
(notícias, artigos, reportagens, infográficos, ilustrações, vídeos etc.) relevantes e atualizados sobre
Administração e áreas afins, como Marketing, Finanças, Estratégia, Recursos Humanos, Tecnologia,
Educação etc.
36
indivíduo a jogar fora coisas que ainda são perfeitamente úteis, que em muitos casos, apenas
tiveram seu design, ou sua aparência melhorada. (Documentário: A história das Coisas) 5.
A obsolescência planejada ou programada é observada quando há uma indução de
redução da vida útil de um determinado produto, para que este seja substituído em um período
de tempo mais curto, ou seja, o produto é criado para que seja “jogado fora”. Assim, há um
grande volume de vendas sucessivas. Sobre esse tema, destaca Carvalho (2012, p. 273):
Com os avanços nessa área e a ambição descomedida por lucros, os grandes
fabricantes, através de seu poder econômico, começaram a programar
estratégias para aumentar a produção e comercialização de novos
equipamentos tecnológicos. Surge, assim, a obsolescência planejada ou
programada, que é a condição atribuída a um produto ou serviço que deixa
de ser útil, mesmo estando funcional, devido ao lançamento de um produto
tecnologicamente mais avançado. Na prática, é um sistema que precipita o
descarte prematuro de computadores.
Carvalho (2012) faz uma crítica específica à indústria de tecnologia, ao dizer que a
mesma está inserindo na mente do usuário que seu computador é um dispositivo de consumo
descartável, que precisa ser substituído por outro mais moderno, mesmo estando ainda em
condições de uso. Entendemos que a crítica não se aplica apenas aos computadores, mas
também para os demais aparelhos eletroeletrônicos, eletrodomésticos, entre outros.
A obsolescência, além disso, deve ser vista também como oportunidade, tomando
cuidado para que a mesma não se torne abusiva para o consumidor e muito menos destrutiva
para a empresa, levando-se em consideração projetos para amenizar o impacto ambiental na
obsolescência de seus produtos (CARVALHO, 2012, p. 27).
O descarte incorreto dos equipamentos eletrônicos e de seus periféricos, seja ele
resultado da obsolescência, como foi abordado, ou ainda pelo final de vida útil dos
equipamentos, resulta na geração de resíduos. O ideal seria que esses resíduos retornassem ao
ciclo produtivo como matéria-prima, pelo processo de “logística reversa”, tema que será
abordado mais adiante. Todavia, enquanto esse tema ainda não faz parte do planejamento dos
fabricantes de eletroeletrônicos, ou, se faz parte, ainda em escala muito pequena e
restringindo-se a algumas regiões, os equipamentos descartados e seus resíduos ficam à mercê
de iniciativas locais, limitando em muito a reutilização e reaproveitamento energético do
chamado lixo eletrônico e seus resíduos; a falta de estrutura e muitas vezes de
5
“A História das coisas”. Versão dublada do documentário original em inglês “The Story of Stuff”.
Vídeo baseado em ilustrações, onde a autora, Annie Leonard, mostra os efeitos de uma economia que
valoriza o acúmulo de riquezas e de “coisas”. São apresentados os resultados de mais de dez anos de
pesquisas sobre o sistema de produção, distribuição, consumo e descarte de produtos no mundo.
Disponível em <http://sununga.com.br/HDC/index.php?topico=display>. Acesso em 31/05/13
37
comprometimento, deixa de reaproveitar, além dos materiais mais comuns encontrados nas
sucatas, também materiais de considerável valor econômico, como prata, ouro, paládio, cobre,
entre outros. Esse quadro pode mudar se houver, por parte do poder público, uma fiscalização
ambiental mais efetiva e também com a implantação de políticas de incentivos que envolvam
tanto o poder público, a sociedade e a iniciativa privada. (COSTA; CRESPO apud
TRIGUEIRO, 2012, p. 56-62).
Dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE), na publicação “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil” (2011),
mostra que a quantidade de lixo produzido no país vem aumentando, porém, a coleta e
destinação desses resíduos não evoluem na mesma proporção. Os números mostram que, no
ano de 2011, foram geradas diariamente em todo o país, 198.514 toneladas de resíduos,
resultando em um índice de 1,223 kg de lixo por habitante, em um só dia. Tais índices de
geração de lixo no Brasil estão muito próximos da média produzida pelos europeus, que é de
1,298 kg/habitante por dia. O resultado mostra também que, no ano, foram gerados 61,9
milhões de toneladas de lixo, sendo este número, 1,8% maior que o total produzido no ano
anterior, que foi em torno de 60,8 milhões de toneladas.
Segundo o relatório, são coletados 55,5 milhões de toneladas de lixo ao ano, sendo
que 58% desse total tem destino correto e outros 42% são descartados de forma inadequada.
Observa-se que em torno de 5,3 milhões de toneladas, quase 10% do total do lixo produzido
não teve sua coleta realizada, ou seja, simplesmente, foram jogados em córregos, ruas,
terrenos baldios, causando danos ao meio ambiente e à saúde da população.(ABRELPE, 2011,
p. 30-32)
Uma opção para amenizar o problema dos resíduos sólidos é a coleta seletiva, porém,
para que se efetive de fato, faz-se necessária uma política para implantação desse tipo de
serviço em locais que ainda não o possuem, bem como a ampliação onde o serviço já vem
sendo oferecido, pois no Brasil, segundo os dados do relatório da ABRELPE, dos 5.565
municípios, apenas 3.205 possuem coleta seletiva. Nota-se uma enorme lacuna que, quando
preenchida, poderá trazer inúmeros benefícios. Uma das apostas para a mudança desse
cenário está na Lei nº 12.305, de 02/08/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, em seu Capítulo II (Dos Planos de Resíduos Sólidos) e na Seção IV (Dos Planos
Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos). A citada lei sinaliza o fim dos lixões,
prevendo que todos os municípios que ainda não possuem aterros sanitários capazes de
suportar a quantidade de resíduos produzidos, disponham de locais em condições para receber
essa demanda. Municípios menores, em que os investimentos para a construção de aterros
38
Alguns bons exemplos surgem em relação ao uso consciente dos recursos de TI.
Fabricantes estão adotando políticas de sustentabilidade e processos produtivos menos
agressivos ao meio ambiente, como por exemplo o caso da Itautec, que desde 2001, conta
com o Sistema de Gestão Ambiental (SGA)6, adotando programas e práticas corporativas
dedicadas à responsabilidade socioambiental, através do uso racional de recursos materiais,
energéticos e hídricos e realizando também a separação de resíduos e a reciclagem. Em sua
publicação “Guia para o Gestor de TI Sustentável” (ITAUTEC, 2011), a Itautec foi a primeira
empresa brasileira a fabricar equipamentos livres de chumbo e desde 2007 os
microcomputadores e notebooks fabricados estão livres de substâncias nocivas ao ambiente e
à saúde humana, como cádmio, cromo hexavalente (um anticorrosivo para partes metálicas) e
a cadeia de bromobifenilas (usadas para evitar a propagação de chamas), substituindo por
outros materiais, obedecendo recomendações da diretiva europeia RoHS7, referência mundial
na restrição ao uso de substâncias que agridem o ambiente.
No final de 2008, outras linhas de produtos da Itautec também passaram a ser
fabricadas em conformidade com a RoHS, com rígidos controles ambientais. O investimento
girou em torno de R$ 3 milhões, aplicados ao longo de dois anos na adequação de linhas de
produção. A adoção de novos processos foi ampliada à cadeia de fornecedores da empresa,
fazendo com que muitos deles adequassem seus insumos segundo a diretiva ambiental
europeia. A empresa também é pioneira no desenvolvimento do que hoje é um dos projetos
mais avançados em destinação de resíduos eletroeletrônicos em operação no Brasil. Trata-se
do Centro de Reciclagem, localizado em Jundiaí, no interior de São Paulo, onde equipamentos
são reciclados ao fim de sua vida útil. Nesse espaço, os equipamentos são recebidos,
desmontados, descaracterizados, pesados e depois têm suas partes separadas por tipo de
material, que são encaminhadas a recicladores homologados pela Itautec.
6
Disponível em <http://www.itautec.com.br/pt-br/sustentabilidade/certificacao-iso-14001>. Acesso em 13/06/13.
7
RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances, Restrição de Certas Substâncias Perigosas). É uma
diretiva europeia que restringe o uso de certas substâncias perigosas empregadas em processos de fabricação de
produtos. Entre estas substâncias estão o cádmio (Cd), mercúrio (Hg), cromo hexavalente [Cr(VI)], bifenilos
polibromados (PBBs), éteres difenil-polibromados (PBDEs) e chumbo (Pb).
39
A empresa possui também uma cartilha que traz orientações através de um check-list
da compra consciente, levando o consumidor a realizar uma breve análise antes da aquisição
propriamente dita. É preocupação também da Itautec a utilização e o destino correto dos
equipamentos após sua vida útil, através de um programa chamado Pós uso consciente, onde o
cliente Itautec poderá destinar seus equipamentos para reciclagem, por meio de qualquer uma
de suas filiais.
Outra grande empresa que mostra preocupação com o meio ambiente e
desenvolvimento sustentável é a Lenovo8, que, em relatório sobre sustentabilidade, cita vários
programas que têm como alvo, o desenvolvimento de políticas preocupadas com questões
socioambientais, seja no processo de fabricação, com a utilização de matérias-primas menos
agressivas, produção de equipamentos com eficientes recursos de economia de energia,
utilização de materiais e substâncias que não agridam à saúde, programas de gerenciamento
do considerado lixo eletrônico, realizando a reciclagem de materiais em seu processo
produtivo.
Outro fabricante de produtos de alta tecnologia, a HP 9, também demonstra
preocupação com as questões ambientais, uma vez que seus relatórios e publicações abordam
com bastante ênfase a questão da pegada ecológica e suas consequências. Seus programas de
sustentabilidade ambiental direcionam-se para três áreas consideradas essenciais: eficiência
energética, incentivos para que a cadeia de suprimentos e parceiros façam mais e reutilização
e Reciclagem. Segundo a empresa, seus datacenters chegam a utilizar 50% menos energia
para refrigeração, através de processos eficientes e inovadores. É líder em sustentabilidade,
com o prêmio categoria Ouro da Electronic Product Environmental Assessment Tool
(EPEAT) que é um órgão que avalia o impacto ambiental de um produto com base em quanto
ele é reciclável, quanta energia ele consome, entre outras características. A HP busca atingir a
meta de reduzir em 20% o seu consumo de energia elétrica nos próximos anos.
2.6 TI e sustentabilidade
8
Disponível em <http://www.lenovo.com/social_responsibility/br/pt/> Acesso em 14/06/13.
9
Disponível em <http://www.hp.com/latam/br/ecosolutions/GCR_Brasil_FINAL-baixa_221010.pdf>. Acesso
em 12/06/13.
10
Programa conjunto da Agência de Proteção Ambiental e do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Em
1992, a Agência de Proteção Ambiental americana apresentou um programa voluntário de rotulagem destinado a
40
identificar e promover produtos energeticamente eficientes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa
derivadas da produção de energia elétrica. Computadores e monitores foram os primeiros produtos rotulados. Em
1995, o programa foi ampliado para incluir a rotulagem de produtos de escritório e equipamentos de
aquecimento residencial e de refrigeração. As versões já lançadas aumentam cada vez mais as exigências de
desempenho e eficiência dos produtos que fazem parte do escopo do programa Energy Star, no que se refere ao
uso eficiente da energia. Disponível em http://www.energystar.gov, Acesso em 10/06/13.
41
portátil não deixa muito a desejar em relação aos computadores de mesa. (MAURER;
LANES, 2012, p. 187-192).
O uso eficiente de energia é, sem dúvida, o ponto fundamental para qualquer política
de TI Sustentável. Apesar de sua importância econômica, vai muito além e pode ser um
eficiente instrumento para economia de recursos de uma maneira geral, o que, em outras
palavras, significa redução de custos. Além disso, poupando recursos, beneficia-se o planeta,
diminuindo a poluição e emitindo menos CO2.
TI sustentável ou verde é um conjunto de práticas para tornar mais sustentável e
menos prejudicial o uso de recursos computacionais. O exemplo mais palpável é a redução do
consumo de energia. Com a implementação de TI verde, as empresas podem reduzir o custo
de energia dos Pc's em até 50%. (IT, 2008).
Para melhor ilustrar o quadro sobre o consumo de energia, principalmente nos
datacenters, uma pesquisa realizada em 2007, pelo governo americano, publicou um relatório
mostrando que, no período de seis anos, entre 2000 e 2006, o consumo de energia pelos
datacenters, nos Estados Unidos, mais do que dobrou, chegando a 61 bilhões de kWh. Esse
dado equivale a 1,5% de todo o consumo de energia do país, ou o mesmo que a energia
consumida anualmente por 5,8 milhões de casas. O relatório apontava que este consumo iria
dobrar novamente em cinco anos e que, em 2011, os datacenters demandariam cerca 2,9% de
todo o consumo de eletricidade no país.(ITAUTEC, 2011, p. 11)
No Brasil, devido à rápida expansão da economia vivida pelo país nos últimos 15
anos, números da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) indicam que datacenters e
centros de tecnologia podem chegar a consumir cerca de 45% do total de energia usada pelas
grandes corporações. O consumo alto é amplificado pelo processo de refrigeração dos
datacenters, que, sozinho, consumiria cerca de 60% da eletricidade (ITAUTEC, 2011).
Esses dados apontam para um aspecto econômico evidente que, por si só, seria
suficiente para justificar a implantação de processos de uso eficiente de energia. Mas, existe
um aspecto ambiental também importantíssimo: a geração da eletricidade necessária para
fazer funcionar a extensa malha de computadores e equipamentos de TI contribui para o
lançamento na atmosfera de gases de efeito estufa, dando o seu quinhão para o processo de
aquecimento global (ITAUTEC, 2011, p. 12).
O uso intensivo de tecnologia pode contribuir com uma redução de mais de 25% na
quantidade de emissões anuais de CO2, até 2020, em comparação com os níveis de 2006,
aponta um recente estudo da IDC, líder em inteligência de mercado, consultoria e eventos
para as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações. (IDC, 2010)
42
O termo sustentabilidade, segundo Tadeu et al. (2013, p. 147-149), está cada vez mais
em destaque em nosso meio, seja ele resultado da preocupação da população, em geral, ou,
ainda, do meio produtor de produtos e serviços; é um termo que está na ordem do dia,
principalmente, para aqueles que se preocupam com o meio ambiente, que implantam normas
em suas linhas de produção e buscam também o descarte correto de seus resíduos, mostrando
para a sociedade e para o mercado uma imagem favorável de organização consciente e
ecologicamente correta, frente aos desafios impostos pelo mercado consumidor e, nada mais
oportuno do que trazer aqui, alguns dos conceitos mais abordados sobre o tema
Sustentabilidade.
Da coletânea de entrevistas “Conversar com os Mestres da Sustentabilidade”
(MAZUR & MILES, 2010), um de seus entrevistados, Sir Crispin Tickell, autor de Climatic
change and world affairs (Mudanças climáticas e questões mundiais), falando sobre
sustentabilidade, diz:
Essa é uma palavra muito judiada. A expressão que se usa a torto e a direito
é desenvolvimento sustentado. Isso suscita a pergunta do que se quer dizer
com desenvolvimento. O que é em si mesmo uma outra grande armadilha.
Eu fui diretor do Programa Britânico de ajuda Externa e é muito difícil saber
o que as pessoas querem dizer com desenvolvimento. Sempre fui contrário à
idéia de que todos devem seguir o mesmo padrão definido pelas nações
industrializadas do Ocidente porque cada país tem seus próprios recursos e
objetivos diversos. As pessoas acham que devem seguir o caminho dos
ocidentais. Esse é justamente um dos grandes problemas da atualidade.
Nunca gostei da expressão desenvolvimento sustentável, e a definição que
uso, tanto para isso como para sustentabilidade, mesmo não me declarando
seu autor, é “tratar a Terra como se tivéssemos a intenção de ficar”.
mudança climática, citado por Mazur e Miles (2010, p. 51), em linhas gerais, define
sustentabilidade da seguinte forma:
Existem duas definições de sustentabilidade: a primeira é a do Relatório
Brundtland e a outra é a minha. A do Relatório Brundtland diz que o
desenvolvimento sustentável é prover as necessidades das pessoas do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras fazerem o
mesmo. Mas parece que o desenvolvimento sustentável é um saco no qual
colocamos os problemas mundiais que não podem ser solucionados no
âmbito do sistema político. Parece que existe um tipo de “armário de
dificuldades”, onde as coisas podem ser guardadas e esquecidas.[...] É
possível escrever vários livros sobre o que isso significa, mas, para ser breve,
diria que é o comportamento que poderia ser definido como não suicida.
Segundo o Relatório, para que haja desenvolvimento sustentável, é preciso que todos
tenham atendidas as suas necessidades básicas e lhes sejam proporcionadas oportunidades de
concretizar suas aspirações a uma vida melhor, e que padrões de vida que estejam além do
mínimo básico só serão sustentáveis se os padrões gerais de consumo tiverem como objetivo
alcançar o desenvolvimento sustentável, a longo prazo.
Mesmo assim, muitos de nós vivemos acima dos meios ecológicos do
mundo, como demonstra, por exemplo, o uso da energia. As necessidades
são determinadas social e culturalmente, e o desenvolvimento sustentável
requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro
do limite das possibilidades ecológicas a que todos podem, de modo
razoável, aspirar. (1991, p. 47)
De acordo com a definição acima, o autor constata que a sociedade, até os dias atuais,
teve seu desenvolvimento baseado no consumo de combustíveis fósseis e que mudanças são
necessárias, as mudanças climáticas estão cada vez mais visíveis e que, para tornar a
sociedade sustentável, quatro ações precisam ser tomadas: a primeira é a elaboração de um
plano ambiental, visando à preservação das reservas de água, combater as pescas predatórias,
promover a diminuição de CO2 na atmosfera, enfim, limitar o que se pode fazer com o meio
ambiente. Em segundo lugar, o respeito mútuo, o reconhecimento dos direitos individuais à
moradia, educação, saúde. Em terceiro lugar, atenção à economia, reduzindo o desperdício e
45
Uma das ações propostas pela A3P é a campanha dos 5 R’s, priorizando a redução do
consumo e o reaproveitamento dos materiais em relação à sua própria reciclagem.
- reduzir
11
Disponível em <www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/item/8852>
50
- repensar
- reaproveitar
- reciclar
- recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos.
Os cinco R's fazem parte de um processo educativo que tem por objetivo uma
mudança de hábitos no cotidiano dos cidadãos. A questão-chave é levar o cidadão a repensar
seus valores e práticas, reduzindo o consumo exagerado e o desperdício.
O quarto R (reciclagem) é colocado em prática pelas indústrias que substituem parte
da matéria-prima por sucata (produtos já utilizados), seja de papel, vidro, plástico ou metal,
entre outros. Ainda, é preciso que se amplie o mercado para produtos advindos deste
processo.
As vantagens dessas práticas estão na redução de:
• extração de recursos naturais;
• redução dos resíduos nos aterros e o aumento da sua vida útil;
• redução dos gastos do poder público com o tratamento do lixo;
• redução do uso de energia nas indústrias e intensificação da economia local
(sucateiros, catadores, etc.), como o descrito em BRASIL (1999).
Antes de abordar sobre Licitações sustentáveis, convém uma breve explanação sobre a
legislação básica sobre as licitações no Brasil, a qual está amparada na Constituição Federal
de 1988 que, em seu inciso XXI, do Artigo 37, traz a previsão legal que obriga que as obras,
serviços, compras e alienações públicas sejam realizadas por meio de processo licitatório,
assegurando a igualdade de condições a todos os participantes do processo. Foram então
elaboradas normas gerais sobre licitações e contratos com a administração pública, descritas
na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, atualizada pelas Leis nºs 8.883, de 8 de junho de
1994; 9.032 de 28 de abril de 1995 e 9.648 de 27 de maio de 1998 e, mais recentemente, a Lei
nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que instituiu a sexta modalidade de licitação, denominada
pregão e, também, pela Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010, que altera a Lei 8.666,
trazendo critérios de desenvolvimento sustentável aos processos licitatórios.
Tais critérios também se evidenciam e são propostos na Agenda Ambiental na
Administração Pública (A3P), em respeito às licitações públicas, orientando que Órgãos
governamentais deverão adotar em suas licitações, seja de bens, serviços ou obras, o conceito
51
de Licitação Sustentável, também chamada de licitações verdes, que derivam da interação dos
conceitos de licitação pública e desenvolvimento sustentável.
No Brasil, as compras públicas representam um montante de 10% do Produto Interno
Bruto (PIB)12, mobilizando vários setores da economia, que buscam ajustar-se às exigências
previstas nos editais licitatórios, onde estão asseguradas as regras da livre concorrência,
mantendo o interesse do setor público em obter o melhor produto ou serviço, com o menor
preço; porém, segundo a publicação citada, o modelo de licitação adotado pela maioria dos
editais, é omisso em relação ao tema sustentabilidade. Mudanças vêm sendo observadas e as
licitações sustentáveis estão encontrando guarida no atual momento político e econômico do
país. Gestores públicos estão percebendo que essa modalidade de licitação é uma solução que
busca integrar as questões ambientais e sociais, em todos os estágios do processo da compra e
contratação pública, trazendo, entre outros, o benefício de reduzir impactos à saúde humana,
ao meio ambiente e aos direitos humanos. A licitação sustentável permite o atendimento das
necessidades específicas dos consumidores finais, por meio da compra do produto que oferece
o maior número de benefícios para o meio ambiente e a sociedade; é um importante
instrumento à disposição dos gestores públicos, que permite a adoção de medidas concretas
em favor do desenvolvimento sustentável. Seguindo a mesma tendência, o setor privado deve
estar atento para as oportunidades de negócios que se apresentarão e os cidadãos, com suas
atitudes fiscalizadoras, deverão cobrar dos gestores públicos a adoção de medidas positivas
em prol do meio ambiente, da sociedade e do uso racional dos recursos.
Referindo-se às compras sustentáveis, Baungartner (2005), escreveu que “as compras
governamentais podem desenvolver a economia sustentável, proporcionando competitividade,
estímulo ao mercado formal, proteção à concorrência, fomento à tecnologia, arrecadação de
tributos, entre outros”. Na mesma linha, Justen Filho (2010, p. 60) refere-se à licitação como
“um instrumento jurídico para a realização de valores fundamentais e a concretização dos fins
impostos à Administração”. Observa-se, então, que os processos licitatórios vêm sendo
utilizados como instrumentos de regulação de mercado e promotores de políticas públicas,
tornando a observância das exigências, neles contidos, obrigatórios para aqueles setores
interessados em se tornar fornecedores para as compras do Estado. As alterações na Lei nº
8.666 contidas na Lei nº 12.349, citadas por Ferreira (2012, p. 41), trazem como uma das
funções da licitação pública, a promoção do desenvolvimento nacional sustentável,
observando que “outrora, os processos licitatórios podiam servir de instrumento para fomentar
12
BRASIL. Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. NETO. Ana Maria V. S. Contratações Públicas e
Sustentáveis. Disponível em: <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/?p=1407>. Acesso em 22. jan. 2014.
52
13
Disponível em <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-content/uploads/2013/11/Relatorio_Diretrizes_
MP_Final_30set13.pdf
54
Comissão Interministerial de
Sustentabilidade na Administração
Pública – CISAP
Instrução Normativa nº 1, de Regulamentação das compras pela Artigos 4º, 5º e 6º
19 de janeiro de 2010 administração pública federal.
Dispõe sobre os critérios de
sustentabilidade ambiental na
aquisição de bens, contratação de
serviços ou obras pela
Administração Pública Federal
direta, autárquica e fundacional e dá
outras providências
Lei nº 9605/98 Lei de Crimes Ambientais Art. 72, § 8º
Dispõe sobre a impossibilidade de
empresas contratarem com o poder
público caso tenham sido
condenadas por crimes ambientais
Decreto nº 4.131 de 14 de Dispõe sobre medidas emergenciais Artigos 1º a 5º
fevereiro de 2002 de redução do consumo de energia
elétrica no âmbito da
Administração Pública Federal
Fonte: Betiol et. al, 2012 (adaptado pelo autor)
para que tais princípios sejam adotados e façam parte das metas para que a instituição seja
também disseminadora de mudanças, tanto nos atuais padrões de consumo e, ainda, como
fomentadora do consumo consciente e do desenvolvimento sustentável, tendo o processo de
compras sustentáveis como uma de suas propostas de ação.
14
Disponível em <http://hotsite.mma.gov.br/foruma3p/wp-content/uploads/Cartilha-4%C2%BA-
Pr%C3%AAmio-A3P.pdf> . Acesso em 30 jan. 2014.
57
Como uma das alternativas para o correto gerenciamento do lixo eletrônico gerado
dentro das IES, está a Logística Reversa. Para melhor entendimento, convém citar antes o
conceito de logística direta, ou, simplesmente, logística. MIGUEZ (2010) aborda o tema
dizendo que a logística, utilizando-se de planejamento, organização e controle, é o caminho
para se obter melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e
consumidores, otimizando ainda as atividades de movimentação, armazenagem e o fluxo de
produtos. Já, Logística Reversa, dentre as várias definições encontradas, e por entender-se que
a mesma traz uma definição mais completa do termo, descreve-se:
Logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e
controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos
bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo, através dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor
de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem
corporativa, entre outros (LEITE, 2003, apud MIGUEZ, 2010, p. 8).
Autores como Tadeu (2013, p. 152) fazem uma importante observação, esclarecendo
que, ao contrário do que muitos pensam, a logística reversa é um processo com foco
empresarial, com a finalidade de agregar valor ou tentar recuperar o máximo de valor possível
de um produto, não sendo invocados inicialmente os princípios de sustentabilidade, mas, sim,
a busca de redução de custos e obtenção de lucro; logo, nem todo o processo de logística
reversa é sustentável: porém, existem casos em que os pressupostos de sustentabilidade estão
evidenciados, resultando na chamada “logística verde” ou “logística ecológica”, que surge
como alternativa de interação entre as dimensões sociais, econômicas e, principalmente,
ambientais, na logística reversa, procurando mostrar às empresas que além dos custos dos
seus negócios, elas devem considerar os custos externos que, em grande parte, são causados
por elas mesmas. Mais uma vez cita-se um aliado para que as empresas e organizações
tenham também a logística reversa como um dos seus objetivos, que é a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos (PNRS), que cria diretrizes gerais aplicáveis em todo o território nacional
no manejo de resíduos, estabelecendo a obrigatoriedade dos produtores em implementar a
logística reversa em sua cadeia de produção, pois, a responsabilidade pelo seu produto
estende-se mesmo após o fim de sua vida útil, quando os mesmos deverão ser corretamente
destinados para a coleta seletiva, em locais apropriados, identificados pelos comerciantes e
distribuidores, para posterior encaminhamento ao produtor para os procedimentos de
59
está sendo desenvolvido, visto que o cuidado com o meio onde se está inserido e a
conscientização para o desenvolvimento de ações sustentáveis devem ser parte integrante na
pauta de instituições como a UNICENTRO, uma universidade pública, vista como modelo a
ser seguido, não somente pela comunidade acadêmica, mas também como fator multiplicador,
já que conta com pessoas oriundas de várias regiões do Estado e também de localidades mais
distantes.
65
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
com a adoção de tais medidas, poder-se-á colaborar nas questões referentes à redução do lixo
eletrônico e de seus resíduos, nessas instituições.
3.3 População
A coleta de dados foi efetuada por meio de questionário estruturado com seis
perguntas, utilizando-se de formulário eletrônico para envio das questões e recebimento das
67
respostas. A participação dos entrevistados foi solicitada por meio de mensagem eletrônica,
contendo o link para o formulário hospedado na plataforma GoogleDocs, encaminhadas aos
colaboradores do projeto de extensão “Gerenciamento do lixo eletrônico: Uma solução
tecnológica e social para um problema ambiental”, com perguntas abertas, buscando
evidenciar a atual percepção dos entrevistados em relação ao projeto e de que forma o mesmo
contribui para as questões sociais e ambientais.
Em relação às variáveis da pesquisa, Marconi e Lakatos (2010, p. 175) observam que:
Portanto, uma variável pode ser considerada uma classificação ou medida;
uma quantidade que varia; um conceito, constructo ou conceito operacional
que contem ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator, discernível
em um objeto de estudo e passível de mensuração. Finalmente, os valores
que são adicionados ao conceito, constructo ou conceito operacional, para
transformá-lo em variável, podem ser quantidades, qualidades,
características, magnitudes, traços etc., que se alteram em cada caso
particular e são totalmente abrangentes e mutuamente exclusivos. Por sua
vez, o conceito operacional pode ser um objeto, processo, agente, fenômeno,
problema, etc (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 175).
3.4.1 Questionário
Metodologia da pesquisa
Procedimentos Metodológicos
Questionário
A busca por processos sustentáveis na gestão de uma universidade tende a ser vista
por muitos como um exemplo a ser seguido, pois, nesse contexto, as faculdades,
universidades, ou seja, o campus universitário, pode representar a estrutura de uma pequena
cidade, já que envolve diversas atividades, como ensino, pesquisa, extensão e atividades
necessárias ao seu funcionamento, como restaurantes, alojamentos, agências bancárias,
centros de convivência, entre outros, os quais necessitam de infraestrutura adequada para seu
funcionamento, como abastecimento de energia e água, comunicação, rede de coleta de águas
pluviais e de esgoto. Toda essa estrutura, certamente, levará também à geração de resíduos de
todos os tipos e também ao consumo de recursos naturais. As instituições precisam estar
atentas a essas questões, buscando soluções adequadas para as demandas e as necessidades
que se apresentarem. A Unicentro, instituição objeto deste estudo, não pode ficar à margem
dessa discussão, sendo este o elemento motivador para que se lançasse a discussão da
observação e aplicação dos conceitos de sustentabilidade, no meio em que está inserida. O
projeto “Gerenciamento do Lixo Eletrônico”, ora analisado e discutido, que teve seu início em
2011, continua em andamento e pretende-se que o mesmo seja ampliado e melhorado, após a
análise e discussões oriundas das observações levantadas pelos próprios participantes do
projeto, em respostas às entrevistas anexadas neste trabalho. Os resultados positivos do
projeto, analisando o contexto em que a instituição está inserida, podem ser considerados não
muito expressivos, porém deve-se considerar que, após a implantação do mesmo, os
equipamentos que deixaram de ter sua aplicação dentro da instituição, tiveram seu destino
adequado, através do reaproveitamento total ou de partes utilizadas na readequação de outros
equipamentos, que foram repassados para instituições menos favorecidas, reforçando a
71
Com o objetivo de buscar junto aos participantes do projeto, quais seus pontos
positivos e quais as situações em que o mesmo apresenta necessidade de melhorias e com a
intenção de levantar informações relevantes relativas ao andamento do mesmo, elaborou-se
um questionário, com questões que objetivam obter dos entrevistados suas opiniões e anseios
sobre o desenvolvimento das atividades que se referem ao andamento do projeto.
XW23hahS4VEpwk/viewform.
Análise:
Evidencia-se que os participantes do projeto estão familiarizados com seus objetivos,
79
que envolvem desde a coleta dos materiais considerados lixo eletrônico, resultando em sua
reciclagem e reaproveitamento, colaborando tanto nas questões sociais, quando da doação dos
equipamentos recuperados, como ambientais, quando proporciona o descarte correto de seus
resíduos.
Para ilustrar sobre a importância que a destinação correta do lixo e consequentemente
do lixo eletrônico, Magera (2012, p. 61) expõe que segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), atualmente, a geração de lixo no planeta está próxima de 0,5 quilogramas por
habitante ao dia, ou seja, 3 bilhões de quilos de lixo por dia, e que o valor médio verificado no
Brasil, principalmente nas cidades mais populosas, é de 220 kg/hab/ano e no caso do lixo
eletrônico, a geração está próxima de 40 milhões de toneladas por ano, segundo relatório do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)(ONU, 2009). Dados como
esses evidenciam a importância da reciclagem do lixo, tanto em valores econômicos, mas
principalmente quando se leva em conta a preservação dos recursos naturais que o processo
evidencia (MAGERA, 2012, p. 61-62).
segundo além de deixar de ir para os aterros, pode ser reaproveitado por entidades que não
tenham recursos financeiros, e o excedente pode ser reciclado.
R6 - O correto direcionamento do chamado lixo eletrônico, evitando que tais
materiais sejam simplesmente descartados de forma incorreta no lixo, o que levaria a
contaminação do solo e consequentemente poderiam surgir problemas relacionados a essa
contaminação, como doenças, entre outros.
R7 - O projeto colabora com o meio ambiente evitando que o lixo eletrônico seja
depositado em local inadequado, cuasando danos irreparáveis à natureza.
R8 - O projeto colabora com o meio ambiente, evitando que o lixo eletrônico seja
descartado em locais inadequados, causando danos não só ao meio ambiente mas também à
saúde da população.
R9 - O Projeto colabora com o meio ambiente porque evita que o lixo seja
descartado de maneira incorreta, diminuindo os riscos para a saúde e o meio ambiente.
R10 - Entre as ações do projeto, estão a coleta, triagem e reaproveitamento do e-lixo.
O reaproveitamento desses equipamentos impede que tais materiais sejam lançados no meio
ambiente sem o devido cuidado.
Aos materiais que não podem ser recuperados é dado o destino adequado aos
mesmos.
Análise:
As respostas mostram que as questões de cunho ambiental fazem parte das
preocupações dos entrevistados, que consideram que o descarte de forma incorreta, seja
através de lixões ou aterros sanitários, resulta em riscos tanto para a saúde como para o meio
ambiente. Magera (2012, p. 67) expõe que sem um reaproveitamento e uma gestão
responsável, todo o lixo continua sendo irracionalmente jogado na biosfera e as consequências
serão sentidas pelas gerações futuras. Observa ainda que a Terra já começa a responder às
agressões da modernidade, evidenciado pelas crises ecológicas, pelos novos problemas
ambientais, com os quais o homem ainda não sabe direito como lidar e nem tem certeza das
causas de anomalias climáticas como efeito estufa, degelo das camadas polares, aquecimento
global, desertificações. Considera ainda que a recuperação/reciclagem é um importante aliado
para a minimização desses problemas, pois tanto impede que os resíduos sejam descartados
incorretamente, como também reduz a necessidade de extração de matéria prima necessária
para a produção.
81
Análise:
A conscientização dos entrevistados referente ao tema “responsabilidade social e
ambiental” pode ser observada quando as respostas indicam as ações que são desenvolvidas
por meio do projeto, como a criação de palestras, minicursos, oficinas, que objetivam
disseminar entre os participantes os cuidados para com o meio ambiente, os benefícios sociais
quando da doação de equipamentos recuperados para entidades carentes e, também,
proporcionam aos participantes do projeto aprimorarem seus conhecimentos, com sua
participação em viagens técnicas, palestras, semanas de estudos e demais atividades
relacionadas ao tema.
ramo.
R3 - Pontos positivos:
- Engajamento dos alunos do curso em problemas ambientais e sociais
- Melhoraria da compreensão por parte dos membros do projeto com relação aos
equipamentos
- Ampliação da conscientização da comunidade com relação a problemas ambientais
gerados pelo Lixo Eletrônico.
Pontos a serem melhorados:
- Maior participação da Universidade com investimentos no projeto.
Maior espaço de divulgação do projeto.
R4 - Ideia da conscientização através de eventos sobre o lixo eletrônico é algo muito
bom e importante pois assim deixamos mais em evidencia, algo que a sociedade nem imagina
que ocorre!
R5 - Positivos:
- Desafogamento dos aterros
- Ajuda a entidades carentes
- Não poluição por resíduos.
Negativos:
- Espaço Físico
Falta de envolvimento (principalmente financeiro) das secretarias de meio
ambiente (municipal e estadual)
R6 - Positivos: Destinação correto de materiais prejudiciais ao meio ambiente; A
busca por conscientização ambiental e social; Aprendizagem extracurricular; Interação com
a comunidade e convívio com acadêmicos de outros cursos.
Negativos: Estrutura inadequada; falta de apoio de Órgãos governamentais; pouca
participação da comunidade acadêmica.
R7 - Pontos Positivos: Envolvimento de vários públicos.
Pontos a melhorar: Maior apoio da Instituição e divulgação do projeto.
R8 - Pontos positivos:
- conscientização da comunidade em relação aos problemas ambientais
- envolvimentos da comunidade
Pontos a serem melhorados:
- maior divulgação do projeto
maior apoio da instituição
84
Análise:
Os pontos positivos e as fragilidades do projeto, colocados em evidência, poderão se
tornar um importante instrumento na busca de melhorias, seja na estrutura, na divulgação das
ações desenvolvidas e também na relação de apoio entre o projeto em si e a administração da
instituição, o que poderá resultar no aumento das atividades oferecidas, em propiciar
condições adequadas para um melhor aprendizado dos voluntários envolvidos, colocando em
prática, as atividades-fins da universidade, que são o ensino, a pesquisa e a extensão,
tradicionalmente os três pilares nos quais se assentam as universidades brasileiras, conforme
expõem Marcomin e Silva (2010, p. 173).
dos equipamentos destes departamentos. Ao todo foram oito fontes (seis ATX e duas T), 20
teclados e 45 disquetes ¾. Os setores atendidos foram: Departamento de Física, INTEG e
Departamento de Computação (1 docente e projeto de artesanato com lixo eletrônico).
R4 - Não tenho conhecimento pleno, lembro que foi doado uns 6 micro para projeto
jovem daniel! Acredito que seja esse o nome.
R5 - Sim, das entidades, mas não do número de equipamentos.
R6 - As entidades que receberam os equipamentos foram: APAE, Colégio Ana
Vanda, SESI, Projeto Jovem Daniel. Algumas peças foram destinadas para departamentos da
própria universidade, como Depto de Química, Ciência da Computação.
Não sei ao certo o número de equipamentos destinados.
R7 - Tenho conhecimento de que várias Entidade foram beneficiadas, porém nao
tenho conhecimento da quantidade de equipamentos entregues.
R8 - Entidades como APAE, SESI, Colégio Ana Vanda Bassara, Escola Santa Cruz e
projeto Jovem Daniel. Não tenho conhecimento de quantos equipamentos foram distribuídos,
R9 - APAE, SESI, Colégio Ana Vanda Bassara, Escola Santa Cruz e Projeto Jovem
Daniel. Não tenho conhecimento do número de máquinas doadas.
R10 - Entrei no projeto como bolsista a pouco tempo e até então não tinha
conhecimentos de quais instituições foram beneficiadas. No período que participo ativamente
do mesmo, ainda não foi realizada nenhum encaminhamento significativo.
Análise:
Pelo exposto, constata-se que os envolvidos no projeto participam ativamente de seus
resultados, tanto na distribuição de equipamentos recuperados para entidades menos
favorecidas, como no repasse de alguns itens para reutilização dentro da própria instituição.
Concretizam-se as ações propostas pela A3P (Agenda Ambiental na Administração Pública)
com a campanha dos 5 R’s – reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e recusar consumir
produtos que gerem impactos socioambientais significativos. Isso demonstra que o projeto,
como um todo, está atento aos eixos temáticos da A3P, que tem a PNRS como um dos
instrumentos para a “prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a
prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos” (BRASIL – MMA, 1999)
Análise:
A integração dos participantes do projeto com a comunidade pode ser percebida
quando se procura conscientizar sobre o descarte correto do lixo eletrônico, proporcionado
pela realização de oficinas, campanhas de conscientização, minicursos, realizados tanto no
ambiente da universidade, como também para aquelas entidades, escolas e associações que se
tornaram receptoras dos equipamentos recuperados.
87
periféricos para entidades sociais e carentes, cumprindo, em parte, seu objetivo social. Nesta
ação, foram encaminhados equipamentos à APAE Guarapuava, ao Colégio Estadual Ana
Vanda Bassara, ao Colégio SESI, à Escola Municipal Santa Cruz, ao Projeto Jovem Daniel
(projeto este desenvolvido em uma comunidade carente de nosso município, onde são
ministrados cursos de informática básica, processadores de texto, planilhas eletrônicas,
internet e também uma rápida noção de hardware, com a intenção de transmitir às pessoas
participantes dos cursos condições para que as mesmas possam ser inseridas no mercado de
trabalho. As atividades são desenvolvidas em uma sala que funciona como um pequeno
laboratório de informática, montado com equipamentos recuperados e doados pelo projeto
“Gerenciamento de Lixo Eletrônico" e "Uma solução ambiental para o E-Lixo". As aulas de
informática e os minicursos são também resultado de trabalhos voluntários de acadêmicos).
O segundo benefício, e que pode ser considerado o de maior importância, é evitar que
esses materiais sejam depositados incorretamente no lixo e tenham, como destino final, os
aterros ou os lixões, o que acarretaria uma série de problemas, tanto para o meio ambiente
como para a saúde, já que seus resíduos tendem a contaminar o solo, chegando também aos
rios e mananciais de água. Em resposta a esta questão, quando questionado de que forma o
projeto colabora com questões ambientais, o entrevistado nº 1 expôs que:
“O projeto colabora desde a sua coleta até o encaminhamento do E-lixo para
o correto destino, já que o processo de coleta é o único que se encontra na
cidade, deste modo podemos encontrar equipamento que estão em bom
estado de utilização e reaproveitar ele, fazendo reformas e trocando peças,
após o processo de reforma as maquinas são destinadas a entidade publicas
para que possam ser usadas para a educação da população carente. Nesse
sentido o projeto está evitando que um equipamento seja descartado em local
impróprio e dando um novo destino para o mesmo”.
maior quantidade, realizou-se a pesagem dos mesmos, sendo que no primeiro lote foram
encaminhados aproximadamente 7.500 Kg e, no segundo lote, aproximadamente 4.000 kg de
equipamentos. Recentemente, foram encaminhados também para o projeto, 53 monitores de
tubo (CRT) que, após a triagem, serão repassados para doação e os que não apresentarem
condições de reaproveitamento, serão destinados para uma empresa parceira que realiza o
descarte correto.
A integração dos participantes com a comunidade é outro aspecto importante
evidenciado no projeto; essa integração ocorre por meio de palestras, minicursos, oficinas,
campanhas de conscientização, semana de estudos, onde a participação dos envolvidos no
projeto acontece de várias formas, não só pela simples participação, mas como colaboradores
na organização de eventos relacionados ao tema. Isso reforça o papel da instituição como
disseminadora de conhecimentos, demostrando ações de integração, proporcionando o contato
dos acadêmicos com a comunidade e oportunizando a externalização de seus conhecimentos.
A participação dos acadêmicos como ministrantes em oficinas, minicursos, palestras tem um
efeito extremamente importante em sua formação, pois o contato com o público lhes
proporciona uma maior segurança, tornando-os melhor preparados para enfrentarem os
desafios futuros, já que o mercado de trabalho e a convivência em sociedade será seu próximo
passo.
calouros para que façam parte da equipe de voluntários, contribuirão para que ocorra uma
divulgação mais expressiva e efetiva sobre o Projeto.
15
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/02/1229878-burocracia-trava-os-investimentos-
do-setor-publico-diz-ministra-da-casa-civil.shtml> . Acesso em 03 Fev. 2014.
96
Prof. Aldo Nelson Bona, que, em entrevista, forneceu uma visão ampla de todas as ações que
a instituição vem desenvolvendo. Segundo suas palavras, as ações ainda não são muitas, mas
são ações importantes e precisam ser coordenadas e contínuas.
Segundo o Professor Aldo Nelson Bona,
Existem ainda algumas ações isoladas, que denotam essa preocupação mas
que a universidade, até por falta de continuidade das iniciativas, ainda não
tem um programa que agregue todas essas atividades e possam construir
muitas outras que venham caracterizar essa preocupação com o agredir
menos o ambiente externo e garantir o quanto possível trabalhar com a ideia
de sustentabilidade (informação verbal)16.
Em sua explanação, o professor Aldo Nelson Bona ainda enumerou as seguintes ações
que foram desenvolvidas dentro da instituição:
- conscientização, por meio de panfletos, adesivos, folders sobre ações sustentáveis,
quando da realização do XIX Encontro de Iniciação Científica, entre os dias 28 e 30 de
outubro de 2010;
- distribuição de canecas confeccionadas em material rígido, aos professores e pessoal
técnico, com mensagem de incentivo para a substituição ao uso de copos descartáveis;
- separação e fragmentação de todo o papel descartado na instituição, com repasse
desse material para a Associação de catadores;
- projeto de extensão “Lixo Eletrônico”;
- adoção de bicicletas elétricas para locomoção no interior dos campi Cedeteg e Irati;
- em parceria com a Receita Federal, é realizada a destilação e reaproveitamento de
bebidas apreendidas, resultando em: álcool combustível (utilizado para abastecer veículos da
Unicentro); álcool gel, utilizado para assepsia, distribuído em todos os ambientes da
universidade e também repassado para todas as escolas municipais de Guarapuava-PR, para as
delegacias da Receita Federal da 9ª região; e ainda álcool 70%, utilizado para limpeza geral.
As embalagens (vidro resultante das garrafas, após serem inutilizadas para o reuso como
vasilhame), o papelão das caixas e demais materiais são repassados também para a
Associação de Catadores;
- implantação da coleta seletiva, com a instalação de estações de coleta, com lixeiras
identificadas de acordo com as normas ambientais vigentes;
- retomar o projeto “Comissão Ambiental do Campus”, inicialmente implantado no
campus Irati, para os demais campi; esse projeto tem o objetivo de coordenar qualquer ação
16
Entrevista concedida por BONA, Aldo Nelson. Mar. 2014. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no
Apêndice C desta dissertação.
98
que necessite ser realizada no campus, como construção, reforma, ajustes, e mesmo o
cotidiano do dia a dia, após discussão por parte dessa Comissão, formada por professores,
funcionários e alunos.
O professor Aldo Nelson Bona concluiu sua entrevista tecendo considerações a
respeito da realização deste trabalho de conclusão de mestrado e da importância do mesmo
nas futuras ações que a instituição venha a desenvolver, transformando em aplicações práticas
as abordagens e teorias nele levantadas.
Pelo exposto, até o momento, pode-se concluir que o objetivo principal do presente
trabalho, que teve como tema a investigação sobre o destino do lixo eletrônico gerado na
instituição e o correto destino dos resíduos dele resultantes, está sendo alcançado,
necessitando certamente de melhorias, o que se evidenciou através das respostas ao
questionário, descritas anteriormente. Considera-se também que os objetivos complementares,
como a discussão envolvendo a problemática da produção de resíduos tóxicos (Lixo
Eletrônico) na instituição, a investigação acerca do interesse e dos debates no interior da
instituição sobre Sustentabilidade e a destinação do e-lixo e ainda a busca, através de
entrevistas, para que se possam identificar pontos positivos, fragilidades e limites do projeto
de extensão “Gerenciamento do lixo eletrônico: uma solução tecnológica e social para um
problema ambiental”, também foram alcançados, pelo demonstrado nas palavras do Reitor da
instituição que, ao concluir sua entrevista, fez referência à retomada ou à criação de uma
equipe de trabalho com o objetivo de tratar sobre o presente tema, no ambiente da
UNICENTRO .
Para a elaboração do presente trabalho, algumas dificuldades surgiram, podendo ser
observados dois momentos importantes: o primeiro, com relação à pesquisa bibliográfica,
sendo ainda tímida a oferta desse material específico, se considerar-se o livro como o
principal instrumento; por essa razão, buscaram-se fontes variadas de pesquisa como:
publicações em revistas, dissertações, relatórios técnicos, entrevistas e artigos, transformando
o que inicialmente era considerado obstáculo em uma fonte variada de conhecimentos,
possibilitando o alcance dos objetivos propostos no início do trabalho.
O segundo ponto faz referência à aplicação da pesquisa aos participantes do projeto de
extensão, onde percebeu-se certa relutância em fornecer as respostas ao questionário que lhes
foi enviado. Após várias solicitações e insistências, as pesquisas foram sendo respondidas,
certamente em um percentual abaixo do esperado, contudo pelas respostas apresentadas,
pode-se considerar que a essência do projeto como um todo foi revelado, possibilitando o
conhecimento tanto de seus pontos positivos, como também das vulnerabilidades e aspectos
99
em que o mesmo merece maior atenção, tanto por parte da administração da instituição, como
também por parte de seus coordenadores.
Como contribuição e resultado prático sobre os temas abordados, elaborou-se uma
cartilha denominada: “Sustentabilidade na Unicentro” (Apêndice B), com algumas
orientações práticas a serem observadas e com a finalidade de que o referido material seja
distribuído no ambiente da instituição e seja amplamente disseminado pela comunidade
acadêmica nos seus locais de origem e de trabalho, possibilitando uma abrangência maior na
divulgação dos conceitos ali descritos.
Finalizado este trabalho, espera-se que o mesmo possa contribuir na elaboração de
futuros projetos, tendo a sustentabilidade como meta e que a conscientização da comunidade
acadêmica sobre o descarte correto do lixo eletrônico e seus resíduos seja melhor vivenciada.
100
REFERÊNCIAS
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1992, Rio de Janeiro-Brasília: do Ministério do Meio Ambiente, 1992
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http://www.malima.com.br/article_read.asp?id=347. Acesso em: 31/0712.
*Obrigatório
nós. Essa campanha tinha um pouco esse mote, era um pouco algo dessa preocupação, antes
disso, quando ainda ocupava a função de vice-reitor, tinha trabalhado essa ideia, e ao final do
ano, como é tradição da instituição em dar um pequeno brinde à comunidade acadêmica, nós
tentamos lançar uma iniciativa, que por falta de uma continuidade, acabou por não ter os
resultados esperados. Na oportunidade foi presenteado cada servidor com uma caneca
reutilizável, confeccionada em plástico rígido, tendo a intenção de que paulatinamente fosse
substituindo a utilização de copos descartáveis por materiais duráveis, foi-se então buscado
motivar sua utilização, através da distribuição e ainda com um texto que a acompanhava,
contendo uma mensagem de incentivo e das razões para o seu uso, porém acabou ficando
somente em uma ação isolada e a ideia acabou se perdendo. Além disso, a instituição conta
com algo mais permanente, já com mais tempo, que é a separação do papel, onde todo o papel
coletado é separado na universidade, após sua classificação, esse material é fragmentado e
entregue a associação de catadores. Inicialmente esse material era vendido, e logo firmou-se
uma parceria com a associação de catadores, para quem esse material é repassando
atualmente. Essa é uma ação permanente, com mais de dez anos de duração e tem dado bons
resultados. Inicialmente o papel era descartado inteiro, mas por questões de segurança e com
recursos do próprio projeto, foram adquiridas as fragmentadoras e ainda com recursos do
próprio projeto, paga-se a mão de obra do pessoal que faz a coleta e a fragmentação,
disponibilizando o material já fragmentado à Associação. Contamos ainda com outro projeto,
um pouco mais recente, com algumas ações de bom resultado, que é o projeto de coleta do
lixo eletrônico, sendo esse um projeto uma iniciativa de um grupo de professores, que possui
todo o aval da administração, onde é efetuada a coleta desse material para posterior utilização
tanto na formação dos acadêmicos, como também para o atendimento da comunidade, na
medida em que se montam equipamentos ainda em condições de utilização e são distribuídos
a entidades que necessitam, trazendo a noção de responsabilidade social aos participantes do
projeto. O que não é reaproveitado, realiza-se a separação e destinação final, observando para
isso, as normas ambientais adequadas. Outra inciativa tomada recentemente tem como
objetivo o uso racional dos meios de transporte interno, procurando estabelecer uma
possibilidade de trânsito dentro dos dois campi que possuem estruturas mais espalhadas,
como é o campus Cedeteg e Irati, com o uso de bicicletas elétricas, evitando que esses
deslocamentos internos sejam realizados com veículos normais. Foram então adquiridas 4
bicicletas elétricas, e coincidentemente, depois dessa aquisição, a instituição recebeu uma
doação da Receita Federal, como resultado de apreensões, mais 4 bicicletas elétricas, de modo
que hoje existem 4 bicicletas elétricas no campus Cedeteg e 4 bicicletas elétricas no campus
111
de Irati, que servem tanto para as rondas de vigilância, quanto para o deslocamento do pessoal
de suporte audiovisual, imprensa, e pequenos deslocamentos internos que são feitos com esses
veículos elétricos. Temos também um projeto que trabalha com resíduos que não são
propriamente da universidade, mas apresentou-se como uma alternativa bastante inteligente
criada pela universidade, é uma solução para um problema enfrentado pela Receita Federal,
que realiza a apreensão de mercadorias, dentre elas, muitas bebidas, que após apreendidas,
responsabilizava-se pela sua destruição, e consistia em espalhar todo esse material no chão e,
com o uso de um rolo compactador, fazer sua destruição, misturando líquidos e demais
resíduos diretamente no solo e consequentemente, resultando na contaminação do lençol
freático. Em Foz do Iguaçu, a receita tinha uma licença especial para lançar determinados
volumes diários de bebidas no lago da Itaipu, o que certamente gerava grandes impactos
ambientais. Atentos à essa questão, a universidade, através dos professores do departamento
de química, em uma ação da gestão da instituição, idealizaram uma usina, a qual foi
construída em uma empresa especializada, com todas as adaptações e ajustes necessários, o
que resultou em um equipamento em condições de processar toda a bebida, misturando álcool,
cerveja, vinhos, whisky, ou seja, todas as bebidas com teores alcoólicos diversos, após a
mistura e destilação, tem-se como resultado, tanto o álcool combustível, utilizado para
abastecer veículos da instituição, como também retira álcool para limpeza e álcool gel, muito
utilizado para a prevenção da gripe H1N1, para assepsia das mãos etc. Esse álcool gel é
repassado para todas as escolas municipais, pelo 3º ano consecutivo, e é também
disponibilizado para todas as delegacias da Receita Federal da 9ª região. O fato é que, dentro
da universidade, todo o álcool utilizado, tanto para limpeza, como o álcool gel, é resultado
desse processo. A partir do momento em que o projeto entrou em operação, a instituição não
fez mais a aquisição de álcool para essas finalidades. Ainda todo o papel, papelão e metal
resultante das embalagens das bebidas são destinados à associação de catadores, que faz a
separação e reaproveitamento. Também em relação aos vasilhames, para evitar que essas
embalagens retornem ao mercado, é feito nas mesmas um corte profundo, inutilizando-as,
esse material também é repassado para a associação de catadores que faz a sua destinação
correta. Essa é uma solução ambientalmente correta de um material que inicialmente não teria
muita ligação com a universidade, mas que a instituição buscou e criou uma solução dentro
dessa ideia da preocupação com a sustentabilidade. Existem ainda algumas ações isoladas,
que denotam essa preocupação mas que a universidade, até por falta de continuidade das
iniciativas, ainda não tem um programa que agregue todas essas atividades e possam construir
muitas outras que venham caracterizar essa preocupação com o agredir menos o ambiente
112
externo e garantir o quanto possível trabalhar com a ideia de sustentabilidade. Sua fala e o seu
depoimento e a ciência de que está fazendo um trabalho a este respeito, já nos enseja a ideia
de, em torno dos seus estudos e do teu trabalho, possamos constituir uma comissão que venha
discutir e propor enfim políticas de gestão na universidade que visem atingir sempre melhor
essa ideia de sustentabilidade. Enquanto diretor do campus de Irati, no período de final de
1999 até inicio de 2004, constituímos no primeiro ano da gestão, um grupo de pessoas que
chamamos de Comissão Ambiental do Campus, com a ideia de que toda e qualquer ação que
fosse realizada no campus, como construção, reforma, ajustes, e mesmo o cotidiano do dia a
dia, tivesse uma discussão por parte de uma Comissão, envolvendo professores, funcionários,
alunos, já que o campus de Irati é um campus que possui áreas de preservação ambiental,
então essa comissão fazia essa gestão e também discutia soluções, ações, e outras
preocupações. Foi implantado projeto de coleta seletiva, através da implantação de estações
de coleta, hoje observado em toda a universidade, mas que teve seu início através dessas
ações no campus de Irati. Cientes de que o trabalho que está sendo desenvolvido para a
conclusão do mestrado refere-se à Sustentabilidade no ambiente universitário, nos desperta a
ideia de constituir ou de retomar essa comissão de trabalho, com o objetivo de conduzir
futuras discussões sobre o tema no contexto da Instituição.