20649b-IntervencaoBreve Na PrevAlcool e Drogas
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Documento Especial
Intervenção Breve na
Prevenção de Álcool e Drogas
na consulta pediátrica
João Paulo Becker Lotufo
– Doutor em Pediatria pela USP,
– Representante para o assunto de drogas na Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade de Pediatria de
São Paulo,
– Médico assistente do Hospital Universitário da USP,
– Responsável pelo ambulatório antitabagico do HU USP e
– Criador do projeto Dr. Bartô – prevenção de drogas no ensino fundamental, médio e universitário.
Rafael Yanes Rodrigues da Silva
– Médico assistente do Hospital Universitário da USP, responsável pelo ambulatório de Pediatria do HU USP.
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Intervenção Breve na Prevenção de Álcool e Drogas na consulta pediátrica
(34,5%), maconha (27,5%) e depois pelo crack material didático. Os temas mais discutidos fo-
(11,5%). Estes números de presença de drogas ram o tabaco (34,5%), seguido do álcool (31%),
nas famílias atendidas no ambulatório do HU USP maconha (15,5%), crack (8,6%) e outros (8,6%).
são extremamente preocupantes, pois o início O tempo gasto no aconselhamento breve foi em
das drogas começa dentro de casa. Se elas lá es- torno de 1 a 4 minutos (96,5%), com mediana de
tão, podemos calcular o prejuízo. 2 minutos (34%).
Relatou-se a presença de problemas respira- A opinião dos pais é que esta orientação foi
tórios nas famílias de 64,1% dos entrevistados, bastante interessante (100%) e a maioria se
sendo que 44,5% relataram presença de asma, mostrou disposta a conversar novamente sobre
21,7% bronquite e 2,2% enfisema. Este fato mos- estes temas (98,8%). A avaliação (notas de 0 a
tra a importância da prevenção do tabagismo ati-
10) atribuída pelos pais a estes aconselhamentos
vo e passivo a fim de evitar exacerbações e piora
foi nota 10 para 81,7% e nota 9 para 9,75% dos
dos quadros respiratórios. Vale lembrar que a ma-
casos. Ou seja, há uma grande adesão por parte
conha produz os mesmos malefícios que o cigarro
dos pais ao aconselhamento breve sobre drogas
a nível respiratório, além de ter 55% mais subs-
na consulta pediátrica. Estas orientações ocupam
tâncias cancerígenas do que o tabaco.
pouco tempo da consulta e foram bem aceitas pe-
Apesar do álcool ser a droga mais consumida las famílias, que gostariam de ter novos aconse-
nas famílias, não correspondeu aos temas esco- lhamentos em consultas futuras. O pediatra deve
lhidos pelos médicos residentes como tema do tornar as intervenções ou aconselhamentos sobre
primeiro aconselhamento e com a distribuição do drogas uma rotina.
Figura 1. Na ficha de atendimento, a colocação do item “Risco de drogas na família” ajuda o aluno, residente ou médico
a lembrar de incluir a questão de drogas na história.
6. Diagnóstico
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Sociedade Brasileira de Pediatria
Figura 2. Questões que podem ser investigadas na história para aí desenvolvermos a prevenção para esta família.
Figura 3. Resultados dos fatores que influenciaram a experimentação de álcool e drogas em 10 escolas da rede pública
no entorno do HU USP (n= 3500 alunos do fundamental 2 e ensino médio). O diálogo no relacionamento familiar foi o
ç signifi
fator com diferença g cativa.
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Intervenção Breve na Prevenção de Álcool e Drogas na consulta pediátrica
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Sociedade Brasileira de Pediatria
gas ou já teve relação sexual. Isto não interessa Figura 4. Material distribuido no final da consulta
no aconselhamento. Deixe estes assuntos para levando-se em conta o que foi discutido na consulta:
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Intervenção Breve na Prevenção de Álcool e Drogas na consulta pediátrica
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