Carboni TR TCC Botib
Carboni TR TCC Botib
Carboni TR TCC Botib
Botucatu
2009
Thaís Ribeiro Carboni
Botucatu
2009
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO.
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS
Carboni, Thaís Ribeiro.
Estudo de frutos e sementes em área remanescente de: cerrado “Sensu lato”,
Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP - Brasil / Thaís Ribeiro Carboni. –
Botucatu : [s.n.], 2009.
Aos meus pais, Alberto e Cida, que me dedicaram todo o seu amor e paciência, na
esperança de entregar para o mundo alguém que pudesse fazer a diferença, respeitar o seu
semelhante e buscar incansavelmente a sua felicidade pessoal. Agradeço a eles por terem
acreditado e investido na continuação da minha formação neste ano.
Ao meu irmão Bruno que dividiu comigo, depois de muitos anos, a mesma casa. Só
assim pude perceber o quanto ele cresceu. São dele os olhos mais cheios de verdade que
conheço. Emociona a todos com seu talento incrível para atuar, e me orgulha por sua
completa ausência de preconceitos...
A todos os meus outros familiares que estão sempre ao meu lado, torcendo pelo meu
crescimento pessoal e profissional.
A todos os meus queridos amigos, que para a minha sorte são muitos, que estão
próximos no meu dia a dia, caminhando sempre de mãos dadas comigo, ou mesmo os que
estão mais longe e que por telefone, internet, ou mesmo em pensamento, estão sempre
presentes.
A toda XL Turma de Ciências Biológicas, e todos os seus agregados, que estão sempre
no meu coração...
À Profª Drª Sílvia Rodrigues Machado pela orientação, pela paciência, pelo carinho e
pelo sorriso aconchegante a cada encontro... É uma mulher de grande competência e de
extrema simpatia...
Ao Prof. Dr. Renato Eugênio da Silva Diniz, que mais uma vez me auxilia em um
trabalho acadêmico. É um homem honesto e de uma singela simplicidade.
Ao senhor Clemente José Campos, que disponibilizou seu acervo pessoal de frutos e
sementes e pacientemente, com toda a sua experiência, muito me ensinou nas coletas e
identificações feitas esse ano.
“O Carcará e a Rosa”
(Natiruts)
RESUMO
O presente trabalho foi realizado em uma área remanescente de Cerrado “Sensu Lato” dentro
do espaço que abriga a Escola do Meio Ambiente - EMA, localizada no município de
Botucatu, interior do Estado de São Paulo. O objetivo principal do mesmo foi o estudo e
descrição dos tipos de frutos e sementes, e respectivas síndromes de dispersão das espécies ali
presentes. As coletas foram feitas através do método de caminhamento, no período de abril a
novembro de 2009. As espécies em frutificação tiveram seus frutos coletados e suas
características registradas. A classificação dos frutos foi feita a partir da textura (carnoso ou
seco) e quanto à deiscência (deiscente ou indeiscente). Foram analisadas 41 espécies,
escolhidas a partir do levantamento preliminar feito na área. O modo de dispersão
predominante foi a autocoria, embora secundariamente muitas espécies se dispersem por
anemocoria, por se tratar de uma região aberta onde os ventos são constantes. A dispersão por
zoocoria também foi significativa, o que pode estar associado à abundância e diversidade de
espécies de animais observadas no local.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
1. Introdução ........................................................................................................................... 10
2. Objetivo ............................................................................................................................... 18
4. Resultados ........................................................................................................................... 23
5. Discussão ............................................................................................................................ 36
6. Conclusão ........................................................................................................................... 38
Fig. 01. Aquarela do fruto (do tipo legume) e da semente da copaíba (Copaifera langsdorfii
Desf.) ....................................................................................................................................... 13
Fig. 02. Aquarela do fruto (do tipo baga) e da semente do pequi (Caryocar brasiliense
Cambess.) ................................................................................................................................ 13
Fig. 04. Vista da área por satélite. 1. Cerrado “Sensu Lato”. 2. Represa do Ribeirão Lavapés.
3. Floresta Paludosa. 4. Floresta Estacional Semidecídua. 5. Sede da Escola do Meio
Ambiente (EMA). 6. Floresta Implantada de Eucalipto. (Fonte:
http://maps.google.com.br/maps) ........................................................................................... 19
Gráfico 01. Número de espécies identificadas que possuem comprovadamente uso medicinal.
................................................................................................................................................. 30
Gráfico 02. Número de espécies identificadas sob ameaça de extinção. ( Fontes: IBAMA,
IUCN, Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP) ................................................ 30
Tabela 01. Levantamento preliminar de espécies e suas respectivas famílias, nomes populares
e hábito de vida. ...................................................................................................................... 24
Tabela 02. Uso medicinal e espécies em extinção. (Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação
Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP) ............................................................................. 27
Tabela 03. Tabela contendo o nome científico das espécies, o modo de dispersão, a unidade
de dispersão e o tipo de fruto. ................................................................................................ 31
1. INTRODUÇÃO
Para tentar reverter este processo que se acentua, onde o bem coletivo está sempre em
detrimento das conquistas individuais, onde a industrialização acaba por definir a forma ideal
de organização de trabalho e forma de produção, onde a mídia se abstém de culpa pelas
propagandas que estimulam a um consumo irracional e indiscriminado de produtos, onde a
mecanização do campo estimula cada vez mais o êxodo rural, que por sua vez, contribui para
uma urbanização desenfreada das cidades, que sem espaço, falham nos atendimentos mais
básicos a população, é que se faz necessário práticas que promovam o desenvolvimento de
indivíduos com postura crítica, política, responsável e participativa.
10
Só as pessoas sensibilizadas para a causa ambiental é que conseguem passar pela
barreira do processo de acumulação de capital, em vigor desde a ascensão do capitalismo, e
estejam dispostas a pagar pela melhoria da qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, é
preciso criar o quanto antes as condições socioeconômicas, institucionais e culturais que
estimulem não apenas um rápido progresso tecnológico poupador de recursos naturais, como
também uma mudança de postura social que valorize mais o ser do que o ter.
1. 1. O Cerrado
Segundo Coutinho (2002), estima-se que a área nuclear do domínio do cerrado tenha
aproximadamente 1,5 milhão de km2. Se adicionarmos as áreas periféricas, que se acham
encravadas em outros domínios vizinhos e nas faixas de transição, aquele valor poderá chegar
a 1,8 ou 2,0 milhões de km2. Com uma dimensão tão grande como esta, não é de se admirar
que aquele domínio esteja representado em grande parte dos estados do Brasil, concentrando-
se naqueles da região do Planalto Central, sua área nuclear.
11
1.1.1. Importância do Cerrado
O cerrado é um dos biomas de maior diversidade biológica do planeta, com alto grau
de endemismo. Muitas espécies apresentam restrita distribuição geográfica. A flora do cerrado
é rica em espécies alimentícias, condimentares, corantes, têxteis, corticeiras, taníferas,
produtoras de látex, oleaginosas, medicinais, ornamentais, apícolas, utilizadas no artesanato e
outras mais (Machado et al, 2005).
São infinitas as possibilidades que o cerrado pode nos proporcionar. Zeyheria montana
Mart. (Bignoniaceae), por exemplo, é uma espécie medicinal endêmica do cerrado brasileiro.
O extrato aquoso de suas raízes é indicado, pela medicina popular, no combate de doenças de
pele e como agente anti- tumoral (Corrêa, 1984). Já a polpa do pequi (Caryocar brasilense)
contém uma boa quantidade de óleo comestível e é rico em vitamina A e proteínas,
transformando-se em importante complemento alimentar. Sua amêndoa, pela alta quantidade
de óleo que contém e por suas características químicas, pode ser também utilizada com
vantagem na indústria de cosmética para a produção de sabonetes e cremes (Silva & Tassara,
2001). Segundo Cascon (2004), a óleo-resina obtida pela incisão no tronco de árvores do
gênero Copaifera, família Leguminosae, sub-família Caesalpinioideae, é utilizada na
medicina popular brasileira, com a denominação de óleo de copaíba, principalmente como
cicatrizante, anti-séptico, e antiinflamatório. Atividades bactericidas, anti-helmíntica,
analgésica, antiinflamatória, gastroprotetora, antitumoral e tripanossomicida foram
confirmadas em ensaios com microorganismos ou animais.
12
Fig. 01. Aquarela do fruto (do tipo legume) e da semente da copaíba (Copaifera langsdorfii Desf.)
Fig. 02. Aquarela do fruto (do tipo baga) e da semente do pequi (Caryocar brasiliense Cambess.)
Considerado por muitos como um bioma esquecido, constitui umas das savanas
tropicais de maior biodiversidade, principalmente no que concerne a sua flora e sua
entomofauna (Pereira, 2001). Ao contrário do que se pensava há algum tempo, os dados
disponíveis indicam que a biodiversidade do bioma é elevada, com mais de 10.000 espécies
13
de plantas, 161 de mamíferos, 837 de aves, 120 de répteis e 150 de anfíbios (Myers et al,
2000).
Estudos anteriores apontavam que a fauna do Cerrado não possuía uma identidade,
que as comunidades de animais do domínio eram compostas essencialmente por espécies
generalistas e de ampla distribuição geográfica em formações abertas (Sick 1965, Vanzolini
1963, 1976, 1988), e considerava-se a fauna de lagartos do Cerrado pobre em relação a outras
regiões do continente (Vitt 1991). Mais recentemente, com a publicação de revisões
taxonômicas, com o emprego de técnicas mais eficientes na amostragem, e com a constante
descoberta de novas espécies (Colli et al. 2003b, Ferrarezzi et al. 2005, Nogueira & Rodrigues
2006), têm-se demonstrado que a fauna de répteis do Cerrado é regionalmente e localmente
muito rica, e que, ao contrário de interpretações anteriores, há um número subestimado de
riqueza e endemismos (Colli et al. 2002, Nogueira et al. 2005, Nogueira 2006).
O cerrado, além de possuir uma rica entomofauna, bem como grande número de
vertebrados, trás um mamífero em especial, já encontrado na área remanescente estudada: o
lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). A espécie é o maior representante da família Canidae
na América do Sul, com altura média de 97cm e comprimento total de 147cm (dos quais
45cm são atribuídos à cauda), pesando aproximadamente 23kg. O corpo é vermelho-dourado
e os membros e parte inferior de sua "crina" são pretos (Redford e Eisenberg, 1992).
14
Fig. 03 - a. lobeira (Solanum lycocarpum). b. fruto da lobeira (baga). c. lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
15
1.1.2. Problemas ambientais envolvendo o bioma
Mesmo diante das inúmeras vantagens que o cerrado pode nos proporcionar, a
ocupação acelerada e desordenada do bioma marcou as últimas décadas e deu origem a
problemas como o desmatamento e as queimadas, com conseqüente perda de biodiversidade,
fragmentação dos ecossistemas, redução da capacidade hídrica dos mananciais, erosão, perda
de solos e assoreamento de rios. O cerrado ainda enfrenta dificuldades com o aumento da
contaminação química do solo e das águas – decorrência do modelo tecnológico adotado por
agricultores na região (Ministério do Meio Ambiente, 2006).
Apenas 2,8% de sua área estão protegidos por unidades de conservação (UCs),
percentual que reflete a baixa atenção dada ao bioma anteriormente (Ministério do Meio
Ambiente, 2006).
Segundo Raven (1988), assim como as flores evoluíram em relação à sua polinização
por muitos tipos de animais e de outros agentes, os frutos evoluíram para dispersão por
mecanismos muito diferentes. A dispersão de frutos, como a polinização, é um aspecto
fundamental da irradiação evolutiva das angiospermas. E do mesmo modo que as flores
evoluíram de acordo com as características dos polinizadores que as visitam regularmente, os
frutos evoluíram em relação aos seus agentes dispersores. Em ambos os sistemas co-
evoluídos, aconteceram muitas mudanças nos agentes dispersores dentro de uma mesma
família e muitos eventos de evolução convergente, gerando estruturas aparentemente
semelhantes em forma e função em famílias diferentes.
17
2. OBJETIVO
18
3. MATERIAL E MÉTODOS
Fig. 04. Vista da área por satélite. 1. Cerrado “Sensu Lato”. 2. Represa do Ribeirão Lavapés. 3. Floresta
Paludosa. 4. Floresta Estacional Semidecídua. 5. Sede da Escola do Meio Ambiente (EMA). 6. Floresta
Implantada de Eucalipto. (Fonte: http://maps.google.com.br/maps)
19
A pesquisa se limitou ao estudo da área de Cerrado “senso lato”, que de acordo com
Coutinho (1976), é o espaço que inclui os campos limpos, os campos sujos, os campos
cerrados, os cerrados “senso stricto” e também os cerradões.
A escolha da área em questão não tem a ver somente com a importância biológica do
Cerrado, mas também com a educação para a sua preservação, pois é neste espaço que está
inserida a sede do Núcleo de Apoio a Educação Ambiental de Botucatu, ou simplesmente,
Escola do Meio Ambiente (EMA), como é mais conhecida. Desde 2005 ela foi implantada
pela Prefeitura Municipal de Botucatu, por meio da Secretaria Municipal de Educação, e tem
por objetivo desenvolver e apoiar práticas pedagógicas e pesquisas, que visam à
sensibilização, conscientização e responsabilidade socioambiental de seus visitantes. Seus
educadores ambientais trabalham sedimentados em um tripé composto por trilhas temáticas
interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas, que atendem aos alunos das
escolas da rede pública e particular de Botucatu e região, bem como alunos portadores de
necessidades especiais do NAPE (Núcleo de Atendimento Pedagógico Especializado), grupos
da melhor idade e parceiros.
20
3.2. O Levantamento de Espécies
21
características apresentadas pelos frutos ou suas síndromes, e não por observações efetivas no
campo da dispersão das espécies.
Paralelamente às coletas, desenhos e identificações, foi feita uma coleção com os frutos
e sementes mais abundantes dessas espécies encontradas e armazenados na EMA para a
confecção de uma carpoteca que será utilizada com fins didáticos e educativos e de pesquisa
científica.
Fig. 07. Modelo de etiqueta usada na identificação de espécies na carpoteca do herbário “Escola do Meio
Ambiente” (EMA).
22
4. RESULTADOS
23
Espécie Família Nome Popular Forma de Vida
01 Achyrocline satureiodes (Lam) DC. Asteraceae macela, macela-do-campo, macelinha herbácea
02 Aegiphylla sellowiana Cham. Verbenaceae tamanqueira, minura, papagaio, pau-de-tamanco árvore
13 Didymopanax vinosum (Cham. & Schltdl.) Araliaceae mandioqueiro, mandioquinha arbusto a arvoreta
Marchan (d?)
14 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Alismataceae chapéu-de-couro herbácea
Schltdt.) Michel.
15 Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Bombacaceae paineirinha-do-cerrado, paina-do-campo árvore
16 Erythroxylum campestre A. St. - Hil. Erythroxylaceae vassoura-de-bruxa subarbusto
17 Erythroxylum suberosum A. St. – Hil. Erythroxylaceae vassoura-de-bruxa arbusto
18 Eupatorium macrocephalum Less. Asteraceae charrua-grande herbácea
19 Jacaranda decurrens Cham. Bignoniaceae carobinha subarbusto
20 Jacaranda oxyphylla Cham. Bignoniaceae caroba-de-são-paulo arbusto
24
21 Kielmeyera grandiflora (Wanra) Sadelii Clusiaceae para-tudo, pau-santo árvore
22 Lippia balansae Briq. Verbenaceae - arbusto
23 Lippia lupulina Cham. Verbenaceae rosa-do-campo herbácea
24 Machaerium brasiliense Vogel Fabaceae jacaranda, pau-sangue, jacarandá-bico-de-pato árvore
25 Miconia albicans DC. Melastomataceae quaresmeira-branca, folha-branca árvore
26 Ourateae spectabilis (Mart.) Engl. Ochnaceae batiputá, folha-de-serva árvore
27 Piptocarpha rotundifolia Baker. Asteraceae coração-de-negro, candeia, paratudo arvoreta
28 Pera obovata Bail. Euphorbiaceae sapateiro,tamanqueira árvore
29 Peritassa campestris (Camben.) A. C. Sm. Hippocrataceae bacupari, bacupari-do-cerrado arbusto
30 Senna rugosa (G.Don.) H. S. Irwin & Cesalpiniaceae boi-gordo arbusto
Barneby
31 Solanum lycocarpum A. St. - Hil. Solanaceae lobeira, fruta-de-lobo arbusto
32 Solanum paniculatum L. Solanaceae jurubeba, jurubebinha arbusto
33 Stryphnodendron adstrinngens (Mart.) Fabaceae barbatimão, barbatimão-verdadeiro, barba-de- arvoreta
Coville (Mimosoidea) timão
34 Styrax camporum Pohl. Styracaceae benjoeiro, cuia-do-brejo, canela-poca, fruta-de- arvoreta
pomba, pinduíba
35 Styrax ferrugineus Nees & Mart. Styracaceae benjoeiro, limoeiro-do-mato, pindaíba, árvore
pindauvuna, pindaubuna.
laranjinha-do-cerrado
36 Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Bignoniaceae ipê-do-cerrado, ipê-amarelo,caraíba, para-tudo-do- árvore
Hook. F. ex Moore cerrado
37 Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn. Melastomataceae quaresmeirinha-do-brejo subarbusto
38 Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. Melastomataceae quaresmeira –do-cerrado arbusto a arvoreta
39 Vernonia cognata Less. Asteraceae assapeixe-roxo herbácea
40 Vockysia tucanorum Mart. Vockysiaceae pau-de-tucano cinzeiro, fruta-de-tucano, caixeta árvore
41 Zeyheria montana Mart. Bignoniaceae arapari, bolsa-de-pastor, mandioquinha do campo, arbusto
saco-de-carneiro
Tabela 01. Levantamento preliminar de espécies e suas respectivas famílias, nomes populares e hábito de vida.
25
Ressaltando a importância destas, podemos observar que muitas delas possuem
propriedades medicinais, e outras se encontram em processo de extinção.
26
Espécie Uso Medicinal Espécie em Extinção
32 Solanum paniculatum L. X
Tabela 02. Uso medicinal e espécies em extinção. (Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP).
29
Gráfico 01. Número de espécies identificadas que possuem comprovadamente uso medicinal.
Gráfico 02. Número de espécies identificadas sob ameaça de extinção. ( Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação
Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP)
30
Dentre essas espécies, encontramos uma grande diversidade de frutos e sementes, que por sua vez nos apontam para as suas respectivas
síndromes de dispersão.
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdt.) Michel. Autocoria F Cápsula
Annonaceae
Annona coriacea Mart. Zoocoria F Sincarpo
Apocynaceae
Aspidosperma macrocarpon Mart. Anemocoria S Legume
Araliaceae
Didymopanax vinosum (Cham. & Schltdl.) Marchan Zoocoria F Drupa
Asteraceae
Achyrocline satureiodes (Lam) DC. Anemocoria S Aquênio
Chresta sphaerocephala DC. Anemocoria S Aquênio
Eupatorium macrocephalum Less. Anemocoria S Aquênio
Piptocarpha rotundifolia Baker. Anemocoria S Aquênio
Vernonia cognata Less. Anemocoria S Aquênio
Bignoniaceae
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza Autocoria S Cápsula
Jacaranda decurrens Cham. Autocoria S Cápsula
Jacaranda oxyphylla Cham. Autocoria S Cápsula
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. F. ex Moore Autocoria S Cápsula
Zeyheria montana Mart. Autocoria S Cápsula
Bombacaceae
Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Anemocoria S Cápsula
31
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense Cambess. Zoocoria F Baga
Cesalpiniaceae
Senna rugosa (G.Don.) H. S. Irwin & Barneby Autocoria S Legume
Clusiaceae
Kielmeyera grandiflora (Wanra) Sadelii Autocoria S Cápsula
Dilleniaceae
Davilla elliptica A. St – Hil. Autocoria S Cápsula
Erythroxylaceae
Erythroxylum campestre A. St. - Hil. Zoocoria F Drupa
Erythroxylum suberosum A. St. – Hil. Zoocoria F Drupa
Euphorbiaceae
Pera obovata Bail. Autocoria S Cápsula
Fabaceae
Camptosema ellipticum (Dsv.) Burkart Autocoria S Legume
Copaífera langsdorfii Desf. Zoocoria S Legume
Machaerium brasiliense Vogel Anemocoria F Sâmara
Stryphnodendron adstrinngens (Mart.) Coville Autocoria S Legume
Hippocrataceae
Peritassa campestris (Camben.) A. C. Sm. Zoocoria F Baga
Melastomataceae
Miconia albicans DC. Zoocoria F Baga
Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn. Autocoria S Cápsula
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn Autocoria S Cápsula
Myrtaceae
Campomanesia pubescens Berg. Zoocoria F Baga
32
Papilionoideae-Fabaceae Autocoria S Legume
Crotalaria lanceolata E. Mey.
Ochnaceae
Ourateae spectabilis (Mart.) Engl. Zoocoria F Drupa
Solanaceae
Solanum lycocarpum A. St. - Hil. Zoocoria F Baga
Solanum paniculatum L. Zoocoria F Baga
Styracaceae
Styrax camporum Pohl. Zoocoria F Drupa
Styrax ferrugineus Nees & Mart. Zoocoria F Drupa
Verbenaceae
Aegiphylla sellowiana Cham. Zoocoria F Drupa
Lippia balansae Briq. Anemocoria F Esquizocárpico
Lippia lupulina Cham. Anemocoria F Esquizocárpico
Vockysiaceae
Vockysia tucanorum Mart. Autocoria S Cápsula
Tabela 03. Tabela contendo o nome científico das espécies, o modo de dispersão, a unidade de dispersão e o tipo de fruto.
33
Gráfico 03. Tipos de frutos encontrados.
34
Por meio dos gráficos acima, podemos observar que 34,2% das espécies possuem
algum tipo de uso medicinal comprovado e que 17,1% das espécies estão em risco de
extinção, segundo a lista da Flora Ameaçada de extinção no Brasil (Fontes: IBAMA, IUCN,
Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP).
35
5. DISCUSSÃO
No geral, a autocoria foi o tipo de dispersão predominante no fragmento, com 39% das
espécies, seguido pela zoocoria (23%) e anemocoria (22%). No entanto, a maioria das
espécies autocóricas apresentam secundariamente dispersão zoocórica como é o caso da
lobeira (Solanum lycocarpum A. St. – Hil.) e anemocórica como a paineirinha-do-cerrado
(Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns), logo isso faz com que aumentem as
porcentagens de zoocoria e anemocoria existentes na área, com um aumento maior para a
primeira, podendo ser observado claramente pelo considerável número de frutos
potencialmente zoocóricos encontrados. Por esse motivo, as proporções das síndromes de
dispersão encontradas no cerrado, em outros estudos, foram semelhantes às encontradas neste
trabalho. Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger (1983) encontraram, para plantas lenhosas de
um cerrado em Botucatu - SP, zoocoria em 65% das espécies, anemocoria em 33% e
autocoria em 2%. Batalha & Mantovani (2000) observaram zoocoria em 62% das espécies,
anemocoria em 26% e autocoria em 12%. Para um cerrado no Distrito Federal, Oliveira &
Moreira (1992) encontraram anemocoria em 41% das espécies.
36
A importância da zoocoria demonstra a contribuição dos animais para a manutenção
dessa área. Os animais frugívoros dependem da disponibilidade de frutos para sua
permanência em determinada área (Innis, 1989; Wright et al., 1999). Com a devastação, os
frutos disponíveis para os animais diminuem possivelmente fazendo com que diminuam as
populações animais que ficam sem alimento. Isso deve levar a alterações nos padrões de
dispersão das espécies zoocóricas, comprometendo a manutenção e a diversidade dessa área.
Embora o risco de incêndios seja sempre alto em situações como essas, Coutinho
(2006) acredita que realizar queimadas programadas em áreas limitadas e sucessivas, poderão
até mesmo ser benéficas. Tudo depende de sabermos manejar o fogo adeqüadamente, levando
em conta uma série de fatores, como os objetivos do manejo, a direção do vento, as condições
de umidade e temperatura do ar, a umidade da palha combustível e do solo, a época do ano, a
freqüência das queimadas etc.
Para Coutinho (2006) se em uma área de proteção ambiental a fauna for dizimada por
grandes incêndios, ela não terá como ser naturalmente repovoada, uma vez que essa fauna já
não mais existe nas vizinhanças, e manejar o fogo em unidades de conservação é uma
necessidade urgente, sob pena de vermos perdida grande parte de sua biodiversidade.
37
6. CONCLUSÃO
Podemos concluir com este trabalho que embora o cerrado possa aparentar ser uma
formação pobre, em uma pequena área pudemos de forma preliminar identificar 41 espécies,
embora existam outras, ainda sem identificação, e para tanto, novas coletas, principalmente,
de espécies herbáceas serão necessárias.
Foi observado que em conjunto com a polinização, a dispersão das sementes é chave
para o movimento dos genes das plantas, logo seu estudo, principalmente em um
remanescente de cerrado, visto que é um dos biomas de maior diversidade biológica do
planeta, com alto grau de endemismo, e que figura na relação dos 34 ecossistemas mais
degradados do planeta (“hot spots”), seu estudo é primordial para pensarmos em preservação.
O fragmento estudado está, em partes, protegido, já que está inserido dentro de uma
área de proteção ambiental, que compreende a área da Escola do Meio Ambiente (EMA),
logo, o cuidado com seu manejo, deve ser intenso, para que não se percam informações sobre
as espécies vegetais e sua fauna a elas associada e o cuidado com o fogo acidental, e não
direcionado, seja frequente.
38
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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