Carboni TR TCC Botib

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 45

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

UNESP – Campus de Botucatu

Thaís Ribeiro Carboni

ESTUDO DE FRUTOS E SEMENTES EM ÁREA REMANESCENTE DE CERRADO


“SENSU LATO”, Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP – Brasil.

Botucatu
2009
Thaís Ribeiro Carboni

ESTUDO DE FRUTOS E SEMENTES EM ÁREA REMANESCENTE DE CERRADO


“SENSU LATO”, Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP – Brasil.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para
a obtenção do título de Bacharelado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Profª Drª Sílvia Rodrigues Machado


Co-Orientador: Prof. Dr. Renato Eugênio da Silva Diniz

Botucatu
2009
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO.
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS
Carboni, Thaís Ribeiro.
Estudo de frutos e sementes em área remanescente de: cerrado “Sensu lato”,
Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP - Brasil / Thaís Ribeiro Carboni. –
Botucatu : [s.n.], 2009.

Trabalho de conclusão (bacharelado – Ciências Biológicas) – Universidade


Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2009
Orientadora: Silvia Rodrigues Machado
Co-orientador: Renato Eugênio da Silva Diniz

1. Biodiversidade 2. Cerrados 3. Educação ambiental

Palavras-chave: Cerrado: Escola do Meio ambiente; Frutos; Sementes; Síndromes


de dispersão
Às crianças de hoje, que em um futuro bem próximo,
saberão dar o devido valor a esse bioma cheio de
encantos, já tão prejudicado pela nossa espécie...
Esta publicação não seria completa sem algumas pessoas que, direta ou indiretamente,
ajudaram neste trabalho... Agradeço aqui, de forma muito simples a todos eles...

Aos meus pais, Alberto e Cida, que me dedicaram todo o seu amor e paciência, na
esperança de entregar para o mundo alguém que pudesse fazer a diferença, respeitar o seu
semelhante e buscar incansavelmente a sua felicidade pessoal. Agradeço a eles por terem
acreditado e investido na continuação da minha formação neste ano.

Ao meu irmão Bruno que dividiu comigo, depois de muitos anos, a mesma casa. Só
assim pude perceber o quanto ele cresceu. São dele os olhos mais cheios de verdade que
conheço. Emociona a todos com seu talento incrível para atuar, e me orgulha por sua
completa ausência de preconceitos...

A todos os meus outros familiares que estão sempre ao meu lado, torcendo pelo meu
crescimento pessoal e profissional.

Ao meu namorado, Vander, que me incentivou a continuar escrevendo, mesmo quando


a cabeça pensava em desistir. Este ano tornou-se mais colorido graças a ele, que entrou na
minha vida, completamente por acaso, e agora faz parte da minha família.

A todos os meus queridos amigos, que para a minha sorte são muitos, que estão
próximos no meu dia a dia, caminhando sempre de mãos dadas comigo, ou mesmo os que
estão mais longe e que por telefone, internet, ou mesmo em pensamento, estão sempre
presentes.

A toda XL Turma de Ciências Biológicas, e todos os seus agregados, que estão sempre
no meu coração...

À Profª Drª Sílvia Rodrigues Machado pela orientação, pela paciência, pelo carinho e
pelo sorriso aconchegante a cada encontro... É uma mulher de grande competência e de
extrema simpatia...

Ao Prof. Dr. Renato Eugênio da Silva Diniz, que mais uma vez me auxilia em um
trabalho acadêmico. É um homem honesto e de uma singela simplicidade.

Ao senhor Clemente José Campos, que disponibilizou seu acervo pessoal de frutos e
sementes e pacientemente, com toda a sua experiência, muito me ensinou nas coletas e
identificações feitas esse ano.

Agradeço também a toda equipe da Escola do Meio Ambiente de Botucatu, em


especial aos biólogos Mariana Rodrigues de Almeida e Sílvio Henrique de Mattos, que me
disponibilizaram dados precisos de suas pesquisas pessoais, para que eu pudesse ter mais
sucesso e rapidez na execução deste, bem como a Profª Drª Eliana Maria Nicolini Gabriel,
Diretora da Escola por prontamente revisar e avaliar o trabalho.

Com todo o meu amor,

Thaís Ribeiro Carboni *Bigú*


29/11/2009
“A fome dos meus filhos não será a riqueza dos seus...”

“O Carcará e a Rosa”
(Natiruts)
RESUMO

O presente trabalho foi realizado em uma área remanescente de Cerrado “Sensu Lato” dentro
do espaço que abriga a Escola do Meio Ambiente - EMA, localizada no município de
Botucatu, interior do Estado de São Paulo. O objetivo principal do mesmo foi o estudo e
descrição dos tipos de frutos e sementes, e respectivas síndromes de dispersão das espécies ali
presentes. As coletas foram feitas através do método de caminhamento, no período de abril a
novembro de 2009. As espécies em frutificação tiveram seus frutos coletados e suas
características registradas. A classificação dos frutos foi feita a partir da textura (carnoso ou
seco) e quanto à deiscência (deiscente ou indeiscente). Foram analisadas 41 espécies,
escolhidas a partir do levantamento preliminar feito na área. O modo de dispersão
predominante foi a autocoria, embora secundariamente muitas espécies se dispersem por
anemocoria, por se tratar de uma região aberta onde os ventos são constantes. A dispersão por
zoocoria também foi significativa, o que pode estar associado à abundância e diversidade de
espécies de animais observadas no local.

PALAVRAS CHAVE: cerrado, síndromes de dispersão, frutos, sementes, Escola do Meio


Ambiente.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS

1. Introdução ........................................................................................................................... 10

1.1. O Cerrado ............................................................................................................. 11


1.1.1. Importância do Cerrado ......................................................................... 12
1.1.2. Problemas ambientais envolvendo o bioma .......................................... 16

1.2. A importância da dispersão e sua relação com a manutenção da vida no


Cerrado..................................................................................................................................... 17

2. Objetivo ............................................................................................................................... 18

3. Material e Método ............................................................................................................... 19

3.1. Área de estudo ...................................................................................................... 19


3.2. O Levantamento de Espécies ............................................................................... 21

4. Resultados ........................................................................................................................... 23

5. Discussão ............................................................................................................................ 36

6. Conclusão ........................................................................................................................... 38

7. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 39


LISTA DE FIGURAS

Fig. 01. Aquarela do fruto (do tipo legume) e da semente da copaíba (Copaifera langsdorfii
Desf.) ....................................................................................................................................... 13

Fig. 02. Aquarela do fruto (do tipo baga) e da semente do pequi (Caryocar brasiliense
Cambess.) ................................................................................................................................ 13

Fig. 03. a. lobeira (Solanum lycocarpum). b. fruto da lobeira (baga). c. lobo-guará


(Chrysocyon brachyurus) ........................................................................................................ 15

Fig. 04. Vista da área por satélite. 1. Cerrado “Sensu Lato”. 2. Represa do Ribeirão Lavapés.
3. Floresta Paludosa. 4. Floresta Estacional Semidecídua. 5. Sede da Escola do Meio
Ambiente (EMA). 6. Floresta Implantada de Eucalipto. (Fonte:
http://maps.google.com.br/maps) ........................................................................................... 19

Fig. 05. Área de estudo (Escola do Meio Ambiente - Botucatu/SP) ...................................... 20

Fig. 06. Coletas (abril a novembro de 2009) .......................................................................... 21

Fig. 07. Modelo de etiqueta usada na identificação de espécies na carpoteca do herbário


“Escola do Meio Ambiente” (EMA). ...................................................................................... 22
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Número de espécies identificadas que possuem comprovadamente uso medicinal.
................................................................................................................................................. 30

Gráfico 02. Número de espécies identificadas sob ameaça de extinção. ( Fontes: IBAMA,
IUCN, Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP) ................................................ 30

Gráfico 03. Tipos de frutos encontrados. ............................................................................... 34


LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Levantamento preliminar de espécies e suas respectivas famílias, nomes populares
e hábito de vida. ...................................................................................................................... 24

Tabela 02. Uso medicinal e espécies em extinção. (Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação
Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP) ............................................................................. 27

Tabela 03. Tabela contendo o nome científico das espécies, o modo de dispersão, a unidade
de dispersão e o tipo de fruto. ................................................................................................ 31
1. INTRODUÇÃO

Segundo Saviani (2000), a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos.


Assim sendo, a compreensão da natureza da educação passa pela compreensão da natureza
humana. (...) Para sobreviver o homem necessita extrair da natureza, ativa e intencionalmente,
os meios de sua subsistência. Ao fazer isso ele inicia o processo de transformação da natureza,
criando um mundo humano (o mundo da cultura).

Os inúmeros problemas ambientais que enfrentamos hoje estão justamente


relacionados a esse mundo antropocêntrico que criamos, e embora o futuro da humanidade
dependa da relação harmoniosa estabelecida entre a natureza e o uso racional pelo ser humano
dos recursos disponíveis, aparentemente poucas iniciativas se fazem presentes para combater
e superar esses problemas há tanto tempo, a nós impostos.

Para tentar reverter este processo que se acentua, onde o bem coletivo está sempre em
detrimento das conquistas individuais, onde a industrialização acaba por definir a forma ideal
de organização de trabalho e forma de produção, onde a mídia se abstém de culpa pelas
propagandas que estimulam a um consumo irracional e indiscriminado de produtos, onde a
mecanização do campo estimula cada vez mais o êxodo rural, que por sua vez, contribui para
uma urbanização desenfreada das cidades, que sem espaço, falham nos atendimentos mais
básicos a população, é que se faz necessário práticas que promovam o desenvolvimento de
indivíduos com postura crítica, política, responsável e participativa.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional, em sua cartilha Meio Ambiente (1997),


a perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-
relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida.
Sendo assim podemos observar que ela pode ser um caminho para proporcionar ao indivíduo
uma nova visão de si mesmo, do modo como ele interage com os outros membros da
sociedade onde vive e a maneira como ele compreende a sua história. Esses são fatores
determinantes para explicar a situação do seu meio, e consequentemente isso se reflete nas
condições da paisagem que o cerca.

10
Só as pessoas sensibilizadas para a causa ambiental é que conseguem passar pela
barreira do processo de acumulação de capital, em vigor desde a ascensão do capitalismo, e
estejam dispostas a pagar pela melhoria da qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, é
preciso criar o quanto antes as condições socioeconômicas, institucionais e culturais que
estimulem não apenas um rápido progresso tecnológico poupador de recursos naturais, como
também uma mudança de postura social que valorize mais o ser do que o ter.

Dentro dessa perspectiva, encontramos inúmeras problemáticas ambientais, e dentre


elas, podemos apontar os graves problemas que enfrenta o bioma Cerrado no Brasil, e
partindo do pressuposto que só se pode preservar aquilo que se conhece, seu estudo, sob todas
as suas vertentes, se justifica, a fim de que se possa apontar para a sociedade o outro lado
desta incrível vegetação, tão presente, mas já tão esquecida e desrespeitada pelo homem.

1. 1. O Cerrado

O cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, que abriga 5% da


biodiversidade de todo o planeta, possuindo uma vasta heterogeneidade de ecossistemas, com
grandes variações de vegetação, solos e climas. Desde 1986, é considerado Sítio do
Patrimônio Mundial Natural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO).

Segundo Coutinho (2002), estima-se que a área nuclear do domínio do cerrado tenha
aproximadamente 1,5 milhão de km2. Se adicionarmos as áreas periféricas, que se acham
encravadas em outros domínios vizinhos e nas faixas de transição, aquele valor poderá chegar
a 1,8 ou 2,0 milhões de km2. Com uma dimensão tão grande como esta, não é de se admirar
que aquele domínio esteja representado em grande parte dos estados do Brasil, concentrando-
se naqueles da região do Planalto Central, sua área nuclear.

Para o Relatório de Gestão do Ministério de Meio Ambiente (2006), é uma das


maiores áreas de captação de água da América do Sul, pois abastece as bacias dos rios
Amazonas, Tocantins, Paranaíba, São Francisco, Paraná e Paraguai, além de ajudar a
abastecer o Aqüífero Guarani, o maior manancial transfronteiriço de água doce subterrânea do
mundo.

11
1.1.1. Importância do Cerrado

O cerrado é um dos biomas de maior diversidade biológica do planeta, com alto grau
de endemismo. Muitas espécies apresentam restrita distribuição geográfica. A flora do cerrado
é rica em espécies alimentícias, condimentares, corantes, têxteis, corticeiras, taníferas,
produtoras de látex, oleaginosas, medicinais, ornamentais, apícolas, utilizadas no artesanato e
outras mais (Machado et al, 2005).

São infinitas as possibilidades que o cerrado pode nos proporcionar. Zeyheria montana
Mart. (Bignoniaceae), por exemplo, é uma espécie medicinal endêmica do cerrado brasileiro.
O extrato aquoso de suas raízes é indicado, pela medicina popular, no combate de doenças de
pele e como agente anti- tumoral (Corrêa, 1984). Já a polpa do pequi (Caryocar brasilense)
contém uma boa quantidade de óleo comestível e é rico em vitamina A e proteínas,
transformando-se em importante complemento alimentar. Sua amêndoa, pela alta quantidade
de óleo que contém e por suas características químicas, pode ser também utilizada com
vantagem na indústria de cosmética para a produção de sabonetes e cremes (Silva & Tassara,
2001). Segundo Cascon (2004), a óleo-resina obtida pela incisão no tronco de árvores do
gênero Copaifera, família Leguminosae, sub-família Caesalpinioideae, é utilizada na
medicina popular brasileira, com a denominação de óleo de copaíba, principalmente como
cicatrizante, anti-séptico, e antiinflamatório. Atividades bactericidas, anti-helmíntica,
analgésica, antiinflamatória, gastroprotetora, antitumoral e tripanossomicida foram
confirmadas em ensaios com microorganismos ou animais.

12
Fig. 01. Aquarela do fruto (do tipo legume) e da semente da copaíba (Copaifera langsdorfii Desf.)

Fig. 02. Aquarela do fruto (do tipo baga) e da semente do pequi (Caryocar brasiliense Cambess.)

Considerado por muitos como um bioma esquecido, constitui umas das savanas
tropicais de maior biodiversidade, principalmente no que concerne a sua flora e sua
entomofauna (Pereira, 2001). Ao contrário do que se pensava há algum tempo, os dados
disponíveis indicam que a biodiversidade do bioma é elevada, com mais de 10.000 espécies

13
de plantas, 161 de mamíferos, 837 de aves, 120 de répteis e 150 de anfíbios (Myers et al,
2000).

Estudos anteriores apontavam que a fauna do Cerrado não possuía uma identidade,
que as comunidades de animais do domínio eram compostas essencialmente por espécies
generalistas e de ampla distribuição geográfica em formações abertas (Sick 1965, Vanzolini
1963, 1976, 1988), e considerava-se a fauna de lagartos do Cerrado pobre em relação a outras
regiões do continente (Vitt 1991). Mais recentemente, com a publicação de revisões
taxonômicas, com o emprego de técnicas mais eficientes na amostragem, e com a constante
descoberta de novas espécies (Colli et al. 2003b, Ferrarezzi et al. 2005, Nogueira & Rodrigues
2006), têm-se demonstrado que a fauna de répteis do Cerrado é regionalmente e localmente
muito rica, e que, ao contrário de interpretações anteriores, há um número subestimado de
riqueza e endemismos (Colli et al. 2002, Nogueira et al. 2005, Nogueira 2006).

O cerrado, além de possuir uma rica entomofauna, bem como grande número de
vertebrados, trás um mamífero em especial, já encontrado na área remanescente estudada: o
lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). A espécie é o maior representante da família Canidae
na América do Sul, com altura média de 97cm e comprimento total de 147cm (dos quais
45cm são atribuídos à cauda), pesando aproximadamente 23kg. O corpo é vermelho-dourado
e os membros e parte inferior de sua "crina" são pretos (Redford e Eisenberg, 1992).

Onívoro e generalista, o animal consome os itens mais frequentes no ambiente,


alterando os componentes da dieta em função da sua disponibilidade (Rodrigues 2002). Cerca
de 50% de sua dieta compreende itens vegetais e 50% itens animais, sendo a lobeira ou fruta-
do-lobo (Solanum lycocarpum St. Hill), na maioria dos estudos, o item alimentar e vegetal
mais frequentemente consumido (Dietz, 1984; Carvalho & Vasconcelos, 1995; Motta-Júnior
et al, 1996; Azevedo & Gastal, 1997; Motta-Júnior, 1997; Santos, 1999; Aragona & Setz,
2001; Rodrigues, 2002; Jácomo et al, 2004).

14
Fig. 03 - a. lobeira (Solanum lycocarpum). b. fruto da lobeira (baga). c. lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

Um dos principais desafios na conservação do cerrado será demonstrar a importância


que a biodiversidade desempenha no funcionamento dos ecossistemas. O conhecimento sobre
a biodiversidade e as implicações das alterações no uso da terra sobre o funcionamento dos
ecossistemas serão fundamentais para o debate “desenvolvimento versus conservação” (Klink
& Machado, 2005).

15
1.1.2. Problemas ambientais envolvendo o bioma

Mesmo diante das inúmeras vantagens que o cerrado pode nos proporcionar, a
ocupação acelerada e desordenada do bioma marcou as últimas décadas e deu origem a
problemas como o desmatamento e as queimadas, com conseqüente perda de biodiversidade,
fragmentação dos ecossistemas, redução da capacidade hídrica dos mananciais, erosão, perda
de solos e assoreamento de rios. O cerrado ainda enfrenta dificuldades com o aumento da
contaminação química do solo e das águas – decorrência do modelo tecnológico adotado por
agricultores na região (Ministério do Meio Ambiente, 2006).

O cerrado paulista ocupava, no início do século XIX, cerca de 18,2% da superfície do


Estado (Victor, 1975). Atualmente, abriga 34% do total de espécies conhecidas como típicas
desse tipo de vegetação. Está sujeito a fatores climáticos não existentes em sua maior área de
ocorrência, que é o Planalto Central, apresentando características florísticas de reprodução e
limitação ambiental, entre outras, que garantem sua sustentabilidade mesmo em fragmentos
de pequena extensão. Assim, a proteção dessas áreas garante a preservação de importante
potencial genético (Cavassan, 2000).

Segundo Machado et al (2005), as práticas agrícolas em áreas de cerrado têm


contribuído para o empobrecimento do solo; surgimento de erosões, assoreamento de
nascentes, córregos e rios; mudanças no caminho natural das águas; e para o desaparecimento
de muitas espécies que ainda não foram estudadas. Mais de 80% do cerrado já foi modificado
pelo homem e somente 1% corresponde a áreas nas quais a vegetação original ainda está em
bom estado, porém extremamente fragmentada.

Apenas 2,8% de sua área estão protegidos por unidades de conservação (UCs),
percentual que reflete a baixa atenção dada ao bioma anteriormente (Ministério do Meio
Ambiente, 2006).

Segundo a Conservation Internacional, o cerrado figura na relação dos 34 ecossistemas


mais degradados do planeta (“hot spots”) em decorrência da elevada diversidade biológica e
por se encontrar sob grande ameaça de extinção, requerendo urgentemente medidas que
compatibilizem o desenvolvimento com a manutenção de sua biodiversidade e do potencial
genético e químico (Machado et al, 2005).
16
1.2. A importância da dispersão e sua relação com a manutenção da vida no Cerrado

Segundo Raven (1988), assim como as flores evoluíram em relação à sua polinização
por muitos tipos de animais e de outros agentes, os frutos evoluíram para dispersão por
mecanismos muito diferentes. A dispersão de frutos, como a polinização, é um aspecto
fundamental da irradiação evolutiva das angiospermas. E do mesmo modo que as flores
evoluíram de acordo com as características dos polinizadores que as visitam regularmente, os
frutos evoluíram em relação aos seus agentes dispersores. Em ambos os sistemas co-
evoluídos, aconteceram muitas mudanças nos agentes dispersores dentro de uma mesma
família e muitos eventos de evolução convergente, gerando estruturas aparentemente
semelhantes em forma e função em famílias diferentes.

A dispersão de seus diásporos confere vantagens ecológicas para a planta, como a


oportunidade de colonizar outros locais favoráveis, redução da competição e da chance de
cruzamento entre plantas geneticamente próximas (Dirzo & Dominguez, 1986). A finalidade
biológica do fruto é ser um envoltório protetor para a semente, ao mesmo tempo em que
assegura a propagação e perpetuação das espécies (Vital, 1988).

Podemos considerar a síndrome de dispersão como o conjunto de características que


permite diagnosticar qual é a estratégia usada pela planta para obter sucesso na dispersão de
suas sementes. Dentre os diversos tipos síndromes de dispersão, incluem-se a autocoria, a
anemocoria e a zoocoria (Pijl, 1982).

Durante o amadurecimento, muitos frutos adquirem cores chamativas e aromas


agradáveis ou tornam-se sucosos, e seu sabor é apreciado por animais que ao se alimentarem
deles, despejam a suas sementes a maior ou menor distância. Outros, ao contrário, tornam-se
frutos secos, porém sofrem diferentes processos de abertura que permitem a liberação de suas
sementes, havendo mesmo casos de deiscência explosiva, sendo aquelas lançadas a uma
distância relativamente grande, na dispersão. Muitas vezes os próprios frutos apresentam
configurações morfológicas que lhes permitem participar ativamente na disseminação das
sementes. Assim, são encontrados frutos com espinhos, ganchos e outras excrescências que
facilmente aderem aos corpos dos animais ou apresentam-se plumosos ou leves, o que vem,
então, facilitar o seu transporte, em virtude do vento (Raven, 1988).

17
2. OBJETIVO

O objetivo principal do trabalho foi o estudo da descrição dos tipos de frutos e


sementes, e a caracterização das respectivas síndromes de dispersão das espécies de
angiospermas, ali presentes, visando também, ao final, a confecção de uma carpoteca, para
que essa possa ser utilizada como fonte de pesquisa e ferramenta pedagógica para a população
botucatuense por meio da Escola do Meio Ambiente (EMA).

18
3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de Estudo

O presente estudo foi desenvolvido dentro de uma área de conservação ambiental


localizada no Jardim Aeroporto, zona Sul do município de Botucatu (22 º55’23”S e 48
º27’28”W), interior do Estado de São Paulo. Em sua extensa área verde, de aproximadamente
doze hectares, podemos encontrar diferentes tipos de vegetações, como Floresta Paludosa,
Floresta Estacional Semidecídua, uma pequena área implantada de eucaliptos e o próprio
Cerrado. Além disso, o espaço possui uma rica fauna e relevantes fatores ambientais, como a
nascente do Ribeirão Lavapés, rio histórico e de grande importância para o município.

Fig. 04. Vista da área por satélite. 1. Cerrado “Sensu Lato”. 2. Represa do Ribeirão Lavapés. 3. Floresta
Paludosa. 4. Floresta Estacional Semidecídua. 5. Sede da Escola do Meio Ambiente (EMA). 6. Floresta
Implantada de Eucalipto. (Fonte: http://maps.google.com.br/maps)

19
A pesquisa se limitou ao estudo da área de Cerrado “senso lato”, que de acordo com
Coutinho (1976), é o espaço que inclui os campos limpos, os campos sujos, os campos
cerrados, os cerrados “senso stricto” e também os cerradões.

Fig. 05. Área de estudo (Escola do Meio Ambiente - Botucatu/SP)

A escolha da área em questão não tem a ver somente com a importância biológica do
Cerrado, mas também com a educação para a sua preservação, pois é neste espaço que está
inserida a sede do Núcleo de Apoio a Educação Ambiental de Botucatu, ou simplesmente,
Escola do Meio Ambiente (EMA), como é mais conhecida. Desde 2005 ela foi implantada
pela Prefeitura Municipal de Botucatu, por meio da Secretaria Municipal de Educação, e tem
por objetivo desenvolver e apoiar práticas pedagógicas e pesquisas, que visam à
sensibilização, conscientização e responsabilidade socioambiental de seus visitantes. Seus
educadores ambientais trabalham sedimentados em um tripé composto por trilhas temáticas
interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas, que atendem aos alunos das
escolas da rede pública e particular de Botucatu e região, bem como alunos portadores de
necessidades especiais do NAPE (Núcleo de Atendimento Pedagógico Especializado), grupos
da melhor idade e parceiros.

Esse tipo de pesquisa dá suporte para transposição de conhecimento, dando acesso a


informações sobre esse incrível bioma a um grande número e diversidade de pessoas
atendidas, cerca de 15.000 pessoas anualmente.

20
3.2. O Levantamento de Espécies

Foi utilizado o trabalho de levantamento florístico preliminar feito pela bióloga


Mariana Rodrigues de Almeida e o levantamento fitossociológico preliminar feito pelo
biólogo Sílvio Henrique de Mattos. Eles identificaram as espécies da área em questão,
podendo estas ser encontradas em forma de exsicatas no Herbário “Escola do Meio
Ambiente” (EMA) e no Herbário “Irina Felanova Gemtchjnicov” (BOTU).

As coletas foram realizadas segundo o método de caminhamento (Filgueiras et al,


1994), no período de abril a novembro de 2009. Para toda espécie encontrada em frutificação
foram coletados exemplares de frutos, os quais foram identificados, preparados e
armazenados no herbário da escola, em uma carpoteca confeccionada especialmente para eles.
Os tipos de frutos encontrados foram caracterizados morfologicamente após observações
diretas realizadas em campo e laboratório. Foram analisadas 41 espécies no total e a
classificação dos frutos foi feita a partir da textura (carnoso ou seco) e quanto à deiscência
(deiscente ou indeiscente).

Fig. 06. Coletas (abril a novembro de 2009).

Os mecanismos de dispersão de sementes e frutos foram inferidos de acordo com a


classificação de síndromes de dispersão adotada por Pijl (1982). De acordo com as
características morfológicas descritas por ele e por meio de outras consultas (Lorenzi, 1998,
2006; Durigan, 2004; Machado et.al, 2005), os frutos foram classificados em três grupos:
zoocóricos (diásporos adaptados à dispersão por animais), anemocóricos (diásporos adaptados
à dispersão pelo vento) e autocóricos (espécies com dispersão pela gravidade e dispersão
explosiva). Para os tipos de dispersão, as denominações foram dadas em função das

21
características apresentadas pelos frutos ou suas síndromes, e não por observações efetivas no
campo da dispersão das espécies.

Paralelamente às coletas, desenhos e identificações, foi feita uma coleção com os frutos
e sementes mais abundantes dessas espécies encontradas e armazenados na EMA para a
confecção de uma carpoteca que será utilizada com fins didáticos e educativos e de pesquisa
científica.

Fig. 07. Modelo de etiqueta usada na identificação de espécies na carpoteca do herbário “Escola do Meio
Ambiente” (EMA).

22
4. RESULTADOS

Nem todas as espécies puderam ser analisadas em campo, em virtude da ausência de


frutos, portanto, algumas foram analisadas por meio da carpoteca do herbário, ou mesmo em
bibliografias especializadas. Foram analisadas 41 espécies, sendo que destas, a frequência das
síndromes de dispersão variou.

A listagem de espécies identificadas no levantamento preliminar pode ser visualizada


na Tabela 01.

23
Espécie Família Nome Popular Forma de Vida
01 Achyrocline satureiodes (Lam) DC. Asteraceae macela, macela-do-campo, macelinha herbácea
02 Aegiphylla sellowiana Cham. Verbenaceae tamanqueira, minura, papagaio, pau-de-tamanco árvore

03 Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex Bignoniaceae catuaba subarbusto


de Souza
04 Annona coriacea Mart. Annonaceae araticum-do-campo, cabeça de negro, marolo, arbusto ou árvore de
araticum, araticum-liso, araticum-dos-grandes pequeno porte
05 Aspidosperma macrocarpon Mart. Apocynaceae guatambu, peroba-amargosa, peroba-do-campo, árvore
peroba-mirim
06 Campomanesia pubescens Berg. Myrtaceae gabiroba, gabiroba-do-campo, guabiroba-felpuda, arbusto
07 Camptosema ellipticum (Dsv.) Burkart Fabaceae favinha-do-campo arbusto ou trepadeira
(Mimosoidea)
08 Caryocar brasiliense Cambess. Caryocaraceae pequi, pequi-do-cerrado, piqui, piquiá-bravo, arbusto
pequia-pedra
09 Chresta sphaerocephala DC. Asteraceae chapéu-de-couro subarbusto
10 Copaífera langsdorfii Desf. Fabaceae copaíba, óleo-de-copaíba, copaíba-vermelha árvore

11 Crotalaria lanceolata E. Mey. Papilionoideae-Fabaceae guizo-de-cascavel, chocalho-de-cobra, xique-xique herbácea


12 Davilla elliptica A. St – Hil. Dilleniaceae sambaibinha, muricizinho arbusto a arvoreta

13 Didymopanax vinosum (Cham. & Schltdl.) Araliaceae mandioqueiro, mandioquinha arbusto a arvoreta
Marchan (d?)
14 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Alismataceae chapéu-de-couro herbácea
Schltdt.) Michel.
15 Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Bombacaceae paineirinha-do-cerrado, paina-do-campo árvore
16 Erythroxylum campestre A. St. - Hil. Erythroxylaceae vassoura-de-bruxa subarbusto
17 Erythroxylum suberosum A. St. – Hil. Erythroxylaceae vassoura-de-bruxa arbusto
18 Eupatorium macrocephalum Less. Asteraceae charrua-grande herbácea
19 Jacaranda decurrens Cham. Bignoniaceae carobinha subarbusto
20 Jacaranda oxyphylla Cham. Bignoniaceae caroba-de-são-paulo arbusto

24
21 Kielmeyera grandiflora (Wanra) Sadelii Clusiaceae para-tudo, pau-santo árvore
22 Lippia balansae Briq. Verbenaceae - arbusto
23 Lippia lupulina Cham. Verbenaceae rosa-do-campo herbácea
24 Machaerium brasiliense Vogel Fabaceae jacaranda, pau-sangue, jacarandá-bico-de-pato árvore
25 Miconia albicans DC. Melastomataceae quaresmeira-branca, folha-branca árvore
26 Ourateae spectabilis (Mart.) Engl. Ochnaceae batiputá, folha-de-serva árvore
27 Piptocarpha rotundifolia Baker. Asteraceae coração-de-negro, candeia, paratudo arvoreta
28 Pera obovata Bail. Euphorbiaceae sapateiro,tamanqueira árvore
29 Peritassa campestris (Camben.) A. C. Sm. Hippocrataceae bacupari, bacupari-do-cerrado arbusto
30 Senna rugosa (G.Don.) H. S. Irwin & Cesalpiniaceae boi-gordo arbusto
Barneby
31 Solanum lycocarpum A. St. - Hil. Solanaceae lobeira, fruta-de-lobo arbusto
32 Solanum paniculatum L. Solanaceae jurubeba, jurubebinha arbusto
33 Stryphnodendron adstrinngens (Mart.) Fabaceae barbatimão, barbatimão-verdadeiro, barba-de- arvoreta
Coville (Mimosoidea) timão
34 Styrax camporum Pohl. Styracaceae benjoeiro, cuia-do-brejo, canela-poca, fruta-de- arvoreta
pomba, pinduíba
35 Styrax ferrugineus Nees & Mart. Styracaceae benjoeiro, limoeiro-do-mato, pindaíba, árvore
pindauvuna, pindaubuna.
laranjinha-do-cerrado
36 Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Bignoniaceae ipê-do-cerrado, ipê-amarelo,caraíba, para-tudo-do- árvore
Hook. F. ex Moore cerrado
37 Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn. Melastomataceae quaresmeirinha-do-brejo subarbusto
38 Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. Melastomataceae quaresmeira –do-cerrado arbusto a arvoreta
39 Vernonia cognata Less. Asteraceae assapeixe-roxo herbácea
40 Vockysia tucanorum Mart. Vockysiaceae pau-de-tucano cinzeiro, fruta-de-tucano, caixeta árvore
41 Zeyheria montana Mart. Bignoniaceae arapari, bolsa-de-pastor, mandioquinha do campo, arbusto
saco-de-carneiro

Tabela 01. Levantamento preliminar de espécies e suas respectivas famílias, nomes populares e hábito de vida.

25
Ressaltando a importância destas, podemos observar que muitas delas possuem
propriedades medicinais, e outras se encontram em processo de extinção.

26
Espécie Uso Medicinal Espécie em Extinção

01 Achyrocline satureiodes (Lam) DC.

02 Aegiphylla sellowiana Cham.

03 Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza X X

04 Annona coriacea Mart. X

05 Aspidosperma macrocarpon Mart.

06 Campomanesia pubescens Berg. X X

07 Camptosema ellipticum (Dsv.) Burkart

08 Caryocar brasiliense Cambess. X X

09 Chresta sphaerocephala DC.

10 Copaífera langsdorfii Desf. X

11 Crotalaria lanceolata E. Mey.

12 Davilla elliptica A. St – Hil. X

13 Didymopanax vinosum (Cham. & Schltdl.) Marchan

14 Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdt.) Michel. X

15 Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns X


27
16 Erythroxylum campestre A. St. - Hil.

17 Erythroxylum suberosum A. St. – Hil.

18 Eupatorium macrocephalum Less.

19 Jacaranda decurrens Cham.

20 Jacaranda oxyphylla Cham. X

21 Kielmeyera grandiflora (Wanra) Sadelii

22 Lippia balansae Briq.

23 Lippia lupulina Cham.

24 Machaerium brasiliense Vogel

25 Miconia albicans DC.

26 Ourateae spectabilis (Mart.) Engl. X

27 Piptocarpha rotundifolia Baker. X

28 Pera obovata Bail.

29 Peritassa campestris (Camben.) A. C. Sm.

30 Senna rugosa (G.Don.) H. S. Irwin & Barneby

31 Solanum lycocarpum A. St. - Hil. X

32 Solanum paniculatum L. X

33 Stryphnodendron adstrinngens (Mart.) Coville X X

34 Styrax camporum Pohl. X


28
35 Styrax ferrugineus Nees & Mart.

36 Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. F. ex Moore

37 Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn.

38 Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn.

39 Vernonia cognata Less.

40 Vockysia tucanorum Mart. X

41 Zeyheria montana Mart. X X

Tabela 02. Uso medicinal e espécies em extinção. (Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP).

29
Gráfico 01. Número de espécies identificadas que possuem comprovadamente uso medicinal.

Gráfico 02. Número de espécies identificadas sob ameaça de extinção. ( Fontes: IBAMA, IUCN, Fundação
Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP)

30
Dentre essas espécies, encontramos uma grande diversidade de frutos e sementes, que por sua vez nos apontam para as suas respectivas
síndromes de dispersão.

Família/Espécie Modo de Dispersão Unidade de Dispersão Tipo de Fruto

Alismataceae
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdt.) Michel. Autocoria F Cápsula

Annonaceae
Annona coriacea Mart. Zoocoria F Sincarpo

Apocynaceae
Aspidosperma macrocarpon Mart. Anemocoria S Legume

Araliaceae
Didymopanax vinosum (Cham. & Schltdl.) Marchan Zoocoria F Drupa

Asteraceae
Achyrocline satureiodes (Lam) DC. Anemocoria S Aquênio
Chresta sphaerocephala DC. Anemocoria S Aquênio
Eupatorium macrocephalum Less. Anemocoria S Aquênio
Piptocarpha rotundifolia Baker. Anemocoria S Aquênio
Vernonia cognata Less. Anemocoria S Aquênio

Bignoniaceae
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza Autocoria S Cápsula
Jacaranda decurrens Cham. Autocoria S Cápsula
Jacaranda oxyphylla Cham. Autocoria S Cápsula
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. F. ex Moore Autocoria S Cápsula
Zeyheria montana Mart. Autocoria S Cápsula

Bombacaceae
Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Anemocoria S Cápsula

31
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense Cambess. Zoocoria F Baga

Cesalpiniaceae
Senna rugosa (G.Don.) H. S. Irwin & Barneby Autocoria S Legume

Clusiaceae
Kielmeyera grandiflora (Wanra) Sadelii Autocoria S Cápsula

Dilleniaceae
Davilla elliptica A. St – Hil. Autocoria S Cápsula

Erythroxylaceae
Erythroxylum campestre A. St. - Hil. Zoocoria F Drupa
Erythroxylum suberosum A. St. – Hil. Zoocoria F Drupa

Euphorbiaceae
Pera obovata Bail. Autocoria S Cápsula

Fabaceae
Camptosema ellipticum (Dsv.) Burkart Autocoria S Legume
Copaífera langsdorfii Desf. Zoocoria S Legume
Machaerium brasiliense Vogel Anemocoria F Sâmara
Stryphnodendron adstrinngens (Mart.) Coville Autocoria S Legume

Hippocrataceae
Peritassa campestris (Camben.) A. C. Sm. Zoocoria F Baga

Melastomataceae
Miconia albicans DC. Zoocoria F Baga
Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn. Autocoria S Cápsula
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn Autocoria S Cápsula

Myrtaceae
Campomanesia pubescens Berg. Zoocoria F Baga
32
Papilionoideae-Fabaceae Autocoria S Legume
Crotalaria lanceolata E. Mey.

Ochnaceae
Ourateae spectabilis (Mart.) Engl. Zoocoria F Drupa

Solanaceae
Solanum lycocarpum A. St. - Hil. Zoocoria F Baga
Solanum paniculatum L. Zoocoria F Baga

Styracaceae
Styrax camporum Pohl. Zoocoria F Drupa
Styrax ferrugineus Nees & Mart. Zoocoria F Drupa

Verbenaceae
Aegiphylla sellowiana Cham. Zoocoria F Drupa
Lippia balansae Briq. Anemocoria F Esquizocárpico
Lippia lupulina Cham. Anemocoria F Esquizocárpico

Vockysiaceae
Vockysia tucanorum Mart. Autocoria S Cápsula

Tabela 03. Tabela contendo o nome científico das espécies, o modo de dispersão, a unidade de dispersão e o tipo de fruto.

33
Gráfico 03. Tipos de frutos encontrados.

34
Por meio dos gráficos acima, podemos observar que 34,2% das espécies possuem
algum tipo de uso medicinal comprovado e que 17,1% das espécies estão em risco de
extinção, segundo a lista da Flora Ameaçada de extinção no Brasil (Fontes: IBAMA, IUCN,
Fundação Biodiversitas MG, SEMA-PR e SEMA-SP).

35
5. DISCUSSÃO

A diversidade de frutos e formas de dispersão pode ser interpretada como uma


estratégia evolutiva utilizada pelas plantas para permitir o seu sucesso reprodutivo (Raven,
2001). E a observação da diversidade de tipos de frutos e síndromes indica que as espécies
encontradas em frutificação na área do estudo estão altamente adaptadas aos seus agentes
dispersores, sejam eles bióticos ou abióticos.

Morfologicamente, os frutos amostrados na área do estudo apresentaram um alto


padrão de diversidade, com grande variação na forma e modo de dispersão. A análise da
morfologia dos frutos e sementes mostrou-se eficiente na determinação das síndromes de
dispersão.

No geral, a autocoria foi o tipo de dispersão predominante no fragmento, com 39% das
espécies, seguido pela zoocoria (23%) e anemocoria (22%). No entanto, a maioria das
espécies autocóricas apresentam secundariamente dispersão zoocórica como é o caso da
lobeira (Solanum lycocarpum A. St. – Hil.) e anemocórica como a paineirinha-do-cerrado
(Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns), logo isso faz com que aumentem as
porcentagens de zoocoria e anemocoria existentes na área, com um aumento maior para a
primeira, podendo ser observado claramente pelo considerável número de frutos
potencialmente zoocóricos encontrados. Por esse motivo, as proporções das síndromes de
dispersão encontradas no cerrado, em outros estudos, foram semelhantes às encontradas neste
trabalho. Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger (1983) encontraram, para plantas lenhosas de
um cerrado em Botucatu - SP, zoocoria em 65% das espécies, anemocoria em 33% e
autocoria em 2%. Batalha & Mantovani (2000) observaram zoocoria em 62% das espécies,
anemocoria em 26% e autocoria em 12%. Para um cerrado no Distrito Federal, Oliveira &
Moreira (1992) encontraram anemocoria em 41% das espécies.

A cápsula, fruto potencialmente autocórico, foi o tipo mais freqüente dentre os


analisados (32%). Todavia, as drupas e bagas, potencialmente zoocóricas, foram,
respectivamente, o segundo (17%) e o terceiro (15%) tipos de frutos mais freqüentes.

36
A importância da zoocoria demonstra a contribuição dos animais para a manutenção
dessa área. Os animais frugívoros dependem da disponibilidade de frutos para sua
permanência em determinada área (Innis, 1989; Wright et al., 1999). Com a devastação, os
frutos disponíveis para os animais diminuem possivelmente fazendo com que diminuam as
populações animais que ficam sem alimento. Isso deve levar a alterações nos padrões de
dispersão das espécies zoocóricas, comprometendo a manutenção e a diversidade dessa área.

A anemocoria é uma característica de grande parte das espécies do cerrado. Ao


eliminar a palha seca que se acumula sobre o solo, o fogo ajuda a propagação dessas espécies,
pois remove a macega que impede ou embaraça o deslocamento das sementes. Isso é
particularmente evidente para aquelas espécies do estrato herbáceo-subarbustivo, cujos frutos
desenvolvem-se bem próximo a superfície do solo. A própria germinação pode ser facilitada
pelo fogo. Há espécies em que a testa das sementes é impermeável à água. A brusca e rápida
elevação da temperatura em uma queimada que pode provocar o aparecimento de fissuras na
casca da semente e assim torná-la permeável, favorecendo sua germinação (Coutinho, 2002).

Embora o risco de incêndios seja sempre alto em situações como essas, Coutinho
(2006) acredita que realizar queimadas programadas em áreas limitadas e sucessivas, poderão
até mesmo ser benéficas. Tudo depende de sabermos manejar o fogo adeqüadamente, levando
em conta uma série de fatores, como os objetivos do manejo, a direção do vento, as condições
de umidade e temperatura do ar, a umidade da palha combustível e do solo, a época do ano, a
freqüência das queimadas etc.

Para Coutinho (2006) se em uma área de proteção ambiental a fauna for dizimada por
grandes incêndios, ela não terá como ser naturalmente repovoada, uma vez que essa fauna já
não mais existe nas vizinhanças, e manejar o fogo em unidades de conservação é uma
necessidade urgente, sob pena de vermos perdida grande parte de sua biodiversidade.

37
6. CONCLUSÃO

Podemos concluir com este trabalho que embora o cerrado possa aparentar ser uma
formação pobre, em uma pequena área pudemos de forma preliminar identificar 41 espécies,
embora existam outras, ainda sem identificação, e para tanto, novas coletas, principalmente,
de espécies herbáceas serão necessárias.

Foi observado que em conjunto com a polinização, a dispersão das sementes é chave
para o movimento dos genes das plantas, logo seu estudo, principalmente em um
remanescente de cerrado, visto que é um dos biomas de maior diversidade biológica do
planeta, com alto grau de endemismo, e que figura na relação dos 34 ecossistemas mais
degradados do planeta (“hot spots”), seu estudo é primordial para pensarmos em preservação.

O modo de dispersão predominante foi a autocoria, embora secundariamente muitas


espécies se dispersem por zoocoria principalmente, o que pode estar associado à abundância e
diversidade de espécies de animais observadas no local. A dispersão por anemocoria também
foi muito significativa, possivelmente por se tratar de uma região aberta onde os ventos são
constantes.

O fragmento estudado está, em partes, protegido, já que está inserido dentro de uma
área de proteção ambiental, que compreende a área da Escola do Meio Ambiente (EMA),
logo, o cuidado com seu manejo, deve ser intenso, para que não se percam informações sobre
as espécies vegetais e sua fauna a elas associada e o cuidado com o fogo acidental, e não
direcionado, seja frequente.

A carpoteca confeccionada pode ser encontrada no Herbário “Escola do Meio


Ambiente” (EMA), e atualmente serve como fonte de pesquisas científicas e ferramenta
pedagógica de ensino para os alunos da rede municipal de Botucatu/SP.

38
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares


nacionais: meio ambiente. Brasília: MEC/SEF. 59p. 1997.

CASCON, V. Copaíba. In: CARVALHO, J.C.T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos


químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd. 2004. p.
221-256.

CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção.


Campinas: Editora Fundação Cargill. 1988.

COLLI G.R., BASTOS, R.P. & ARAÚJO, A.F.B. The character and dynamics of the
Cerrado Herpetofauna. In The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a
Neotropical Savanna. (Oliveira, P.S. & Marquis, R.J., eds.). Columbia University Press, New
York. 2002. 223-241p.

COLLI, G.R. et al. A new species of Cnemidophorus (Squamata, Teiidae) from the
Cerrado biome in central Brazil. Occ. Pap. San Noble Mus. Nat Hist. 14. 2003. 1-14p.

CORRÊA, M. P. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de


Janeiro: Ministério da Agricultura-IBDF, 1984. v. 3, 646 p.

COUTINHO, L.M. O cerrado do Estado de São Paulo. In Eugen Warming e o cerrado


brasileiro: um século depois (A.L. Klein, org.) Editora UNESP, São Paulo. p. 93-106. 2002.

COUTINHO, L.M. In. http://eco.ib.usp.br/cerrado/aspectos_fogo.htm. Acessado em


01/12/2009.

DIRZO, R.; DOMINGUEZ, C. A. Seed shadows, seed predation and the advantages of
dispersal. In: Estrada, A., Fleming, T.H.(eds.).Frugivores and Seed Dispersal. Dr. W.Junk
Publishers, Dordrecht, 1986. p.237-249.

39
DURIGAN, G. et al. Plantas do Cerrado Paulista: Imagens de uma paisagem ameaçada.
São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2004.

FERRAREZZI, H., BARBO, F. E. & ALBUQUERQUE, C. E. Phylogenetic relationships of


a new species of Apostolepis from Brazilian Cerrado with notes on the assimilis group
(Serpentes: Colubridae: Xenodontinae: Elapomorphini). Pap. Avulsos Zool. 45. 2005.
215-229p.

FILGUEIRAS, T.S.; BROCHADO, A.L.; NOGUEIRA, P.E.; GUALA II, G.L.


Caminhamento – um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Rio de
Janeiro. Cad. Geoc., v.12, p.39-43, 1994.

FRANÇA, L.F. RAGUSA-NETTO, J., PAIVA, L.V. Consumo de frutos e abundância de


Tucano Toco (Ramphastos toco) em dois hábitats do Pantanal Sul. Biota
Neotrop. vol.9 no.2 Campinas Apr./June. 2009.

INNIS, G. J. Feeding ecology of fruit pigeons in subtropical rainforests of southeastern


Queensland. Australian Journal of Wildlife Research 16. 1989. 365-394p.

JORDANO, P., M. GALETTI, M.A: PIZO, AND W .R. SILVA. Ligando Frugivoria e
Dispersão de sementes à biologia da conservação. In:Duarte, C.F., Bergallo, H.G., Dos
Santos, M.A., and V a, A.E. (eds.). Biologia da conservação: essências. Editorial Rima: São
Paulo, Brasil. 2006. 411-436p.

KLEIN, A. L. et al. Eugen Warming e o cerrado brasileiro: um século depois. São Paulo:
Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado, 2002.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade.


v. 1. n. 1, 2005.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas


nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Editora Plantarum, 1998. 2.ed. v.1. e v.2.

40
LORENZI, H. et al. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas: (de consumo in natura). São
Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006.

MACHADO, S.R.; BARBOSA, S. B.; CAMPOS. C. J. Cerrado Palmeira da Serra. São


Carlos: RiMa, 2005. 150p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Ambiental Integrada para o


Desenvolvimento Sustentável. Relatório de Gestão 2003:2006. 2006. 113p.

MYERS, N. R.A. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403. 2000.
853-858p.

BATALHA, M.A. & MANTOVANI, W. Reproductive phenological patterns of cerrado


plant species at the Pé de Gigante Reserve (Santa Rita do Passa Quatro, SP, Brazil): a
comparison between the herbaceous and woody floras. Revista Brasileira de Biologia 60.
2000. 129-145p.

GOTTSBERGER, G. & SILBERBAUER-GOTTSBERGER, I. Dispersal and distribution


in the cerrado vegetation of Brazil. Sonderbänd des Naturwissenschaftlichen Vereins in
Hamburg 7. 1983. 315-352p.

OLIVEIRA, P.E.A.M. & MOREIRA, A.G. Anemocoria em espécies do cerrado e mata de


galeria de Brasília, DF. Revista Brasileira de Botânica 15. 1992. 163-174p.

NOGUEIRA, C., RODRIGUES, M.T. The genus Stenocercus (Squamata: Tropiduridae)


in Extra-Amazonian Brazil, with the description of two new species. South American
Journal of Herpetology, 1. 2006. 149-165p.

NOGUEIRA, C. Diversidade e padrões de distribuição da fauna de lagartos do Cerrado.


Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006.

NOGUEIRA, C., VALDUJO, P.H. & FRANÇA, F.G.R. Habitat variation and lizard
diversity in a Cerrado area of Central Brazil. Stud. Neotrop. Fauna Environ. 40. 2005.
105-112p.

41
PEREIRA, H.S. Cambio em el uso de la Tierra, Tema: Conservação de Áreas Florestais,
Brasil.Proyecto Infomacion y Analisis para el Manejo Forestal Sostenible: Integrando
Esfuerzos Nacionales e Internacionales en 13 Paises Tropicales en America Latina. Santiago,
Chile. 2001. 18p.

PIJL, V. der. Principles of dispersal in higher plants. Springer-Verlag: New York. 1982.
161p.

RAVEN, P.H.; EVERT, R.F. & EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. 6ed. 2001.

REDFORD, K. H., E J. F. EISENBERG. Mammals of the neotropics: the southern cone.


University of Chicago Press, Chicago. v.2. 1992. 430p.

ROCHA. G. O., MOREL C. B. NETTO, LOSI. L.R.P. Diversidade, riqueza e abundância


da entomofauna edáfica em área de cerrado do Brasil Central. Universidade Estadual de
Goiás, Anápolis, GO.

ROMA. J.C. A fragmentação e seus efeitos sobre aves de fisionomias abertas do Cerrado.
Brasília, DF. 2006.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas, SP:


Autores Associados, 2000. 7ªed. (Coleção polêmicas do nosso tempo; v.40). 122p.

SICK, H. A Fauna do Cerrado. Arquivos de Zoologia 12. 1965. 71-93p.

SILVA, S.; TASSARA, H. Frutas no Brasil. Livraria Nobel S. A. Brasil, 2001. p 30-209.

VANZOLINI, P.E. Problemas faunísticos do cerrado. In: Simpósio sobre o Cerrado.


EDUSP, São Paulo. 1963. 305-321p.

VANZOLINI, P.E. On the lizards of a Cerrado-Caatinga contact: evolutionary and


zoogeographical implications (Sauria). Pap. Avulsos Zool. 29. 1976. 111-119p.

42
VANZOLINI, P.E. Distributional patterns of South American lizards. In Proceedings of a
workshop on Neotropical distributional patterns. 1988.

VIDAL, W. N.; VIDAL, R.R.M. Botânica – organografia; quadros sinóticos ilustrados de


fanerógamos. Viçosa : UFV, 2003. 4.ed.rev.ampl. 124p : il.

VICTOR, M.A.M. A devastação florestal. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura,


1975. 47p.

VIEIRA, D.L.M. et al. Síndromes de dispersão de espécies arbustivo-arbóreas em


cerrado sensu stricto do Brasil Central e savanas amazônicas. Revista Brasil. Bot., V.25,
n.2. 2002. 215-220p.

VITT, L.J. An introduction to the ecology of the Cerrado lizards. J. Herpetol. 25. 1991.
79-90p.

WRIGHT, S. J., C. CARRASCO, O. CALDERÓN, & S. PATON. The El Niño Southern


Oscillation variable fruit production, and famine in a tropical forest. Ecology 80. 1999.
1632- 1647p.

43

Você também pode gostar