Bruna Vieira Santos Oliveira
Bruna Vieira Santos Oliveira
Bruna Vieira Santos Oliveira
São Cristóvão
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA – DECO
Orientadora
Prof.a Dr.a Ana Paula Albano Araújo
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Departamento de Ecologia da Universidade
Federal de Sergipe como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em
Ecologia.
São Cristóvão
2019
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AGRADECIMENTOS
SUMARIO
Agradecimentos............................................................................................................... i
Sumario .......................................................................................................................... ii
Lista de figuras .............................................................................................................. iii
Resumo .......................................................................................................................... iv
1 Introdução ................................................................................................................... 2
2 Material & métodos..................................................................................................... 6
2.1 Coleta dos cupins ..................................................................................................... 6
2.2 Bioensaios de sobrevivência de N. corniger em condições experimentais de
laboratório ............................................................................................................... 6
LISTA DE FIGURAS
Fig. 2. Tempo médio gasto para mortalidade do cupim Nasutitermes corniger, em grupos com
diferentes números de indivíduos.................................................................................................9
RESUMO
Bruna Vieira dos Santos Oliveira, Daniella Lúcio Santana, Amanda Teixeira dos
Santos, Jailton Jorge Marques, Joseane Santos Cruz & Ana Paula Albano Araújo
1 INTRODUÇÃO
1994, Dangerfield et al. 1998). Devido ao seu hábito de forrageio e construção de ninhos,
manutenção da biodiversidade local (Jouquet et al. 2006, 2011, Davies et al. 2015). Por
outro lado, o hábito alimentar dos cupins também pode gerar perdas em ambientes urbanos
e agrícolas, sendo estimado que 10% das espécies podem ser consideradas pragas
pela exploração do habitat por esses organismos pode ter importantes implicações. No
entanto, apesar da elevada abundância de cupins nas regiões tropicais, o hábito críptico
são essenciais para garantir que os resultados obtidos em condições de laboratório possam
Cupins são insetos eussociais, caracterizados pela vida em colônia, com a presença
Constatino, 2015). Tais colônias podem se abrigar dentro do próprio recurso (ex. espécies
mais basais) ou construírem seu próprio ninho (ex. espécies mais derivadas). Os ninhos dos
cupins mantêm a homeostase da colônia, uma vez que estabilizam as condições abióticas
& Oldroyd 2006). Este aspecto é de vital importância, uma vez que os cupins são
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esclerotizada (Noirot & Darlington, 2000). Os indivíduos das espécies que necessitam sair
o fazem protegidos por túneis (cosntruídos abaixo do solo), galerias (contruídas acima do
solo) ou realizam forrageio noturno. Esse hábito críptico é o principal fator que limita
principalmente, por sinais de odores e de vibração. As decisões das colônias são realizadas
de forma coletiva, através do esforço de vários indivíduos que interagem entre si (Sasaki &
Pratt 2012), permitindo a execução de tarefas complexas. A vida em grupo pode promover
facilitação social pode minimizar o stress dos indivíduos, aumentando a resistência dos
mesmos às infecções (Rosengaus et al. 1998) e ao efeito de inseticidas (Santos et al. 2004).
Além disso, foi verificado que o tamanho do grupo pode interferir na frequência de
(Miramontes & DeSouza 1996). Muitas dessas interações podem envolver tanto o contato
físico (ex. antenação, allogrooming), como também a percepção de pistas químicas que
colônia. Dessa forma, a transferência dos cupins para condições manipuladas deve também
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indivíduos. Alguns marcadores comumente utilizados para estudos de cupins (ex. Sudan
Red 7B, Nile Blue A, Neutral Red) são adicionados no alimento e podem ser visíveis após
ingestão devido à baixa esclerotização do corpo desses organismos (Su et al. 1991; Evans,
1997; Nobre et al. 2006). No entanto, tal técnica nem sempre é eficiente, seja por
demandar tempo, causar elevada mortalidade dos indivíduos, por nem sempre permitir um
bom contraste visual (Brunow et al. 2005), ou ainda por limitar o desenvolvimento de
estudos que exijam estarvação dos indivíduos. Outros estudos têm sugerido que o uso de
tintas pode ser uma estratégia viável (Loreto et al. 2009), porém a toxicidade das mesmas
está distribuída na região neotropical, com maior disseminação na América Central, sendo
têm papel importante não apenas na defesa da colônia, como também são responsáveis
2002). Aqui, avaliamos como a variação da umidade do substrato, tamanho do grupo, tipo
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do Brasil. O clima na região se enquadra no tipo As (clima tropical úmido com seca no
levados para laboratório e mantidos em bandejas plásticas por 24 h antes da realização dos
laboratório
operários e 4 soldados) foram mantidos sob os tratamentos: (i) controle (sem adição de
água), (ii) adição de 1 ml ou (iii) 2 ml de água destilada. As placas foram cobertas com 7g
de substrato proveniente da parte central dos seus respectivos ninhos, que foi previamente
ninhos distintos, sendo feitas três repetições/ tratamento para cada ninho, totalizando em 27
placas.
sobrevivência e o comportamento dos cupins. Para isso foram estabelecidos grupos com
fundo coberto por papel filtro. Para cada tamanho de grupo foram feitas cinco réplicas,
varia em relação ao tamanho dos grupos, para cada tratamento (grupos de 5 a 300
indivíduos) foram feitas três repetições, totalizando 45 placas. Para essa análise foi
foram filmadas uma hora após o início do experimento, durante 2 min. De cada placa
forradas com (i) papel filtro, (ii) parede do ninho e (iii) controle (sem substrato). O
ninho, que foi macerada com o auxílio de um pilão e peneirada (mesh 6mm). Em cada
placa foram adicionados dez indivíduos de N. corniger, sendo oito operários e dois
placas.
Para avaliar se a marcação dos indivíduos interfere na sua sobrevivência dos cupins
foram estabelecidos os tratamentos: indivíduos marcados com (i) tinta branca, (ii) tinta
vermelha, (iii) cola branca, (iv) mistura de tinta branca + cola, (v) mistura de tinta vermelha
+ cola e (vi) controle (sem marcações). Para as marcações foi utilizada tinta guache à base
de água (Acrilex ®) e cola branca atóxica (Cascolar ®). As misturas foram feitas na
proporção de 2 partes de tinta:1 parte de cola. As marcações foram feitas na parte dorsal da
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metade final do abdômen dos operários de N. corniger, com o uso de um pincel. Após
serem marcados, os indivíduos foram mantidos isolados por 1 min até sua secagem
completa. Cada unidade experimental consistiu em uma placa contendo cinco indivíduos (4
isso, análises independentes foram realizadas para os dados de cada bioensaio a fim de
tempo médio para morte (obtido através da análise de sobrevivência) e o número médio de
3 RESULTADOS
239,85, g.l. = 537, P < 0,0001; Fig. 1). No entanto, não houve variação significativa entre
Dessa forma, grupos maiores se mantiveram vivos por maior intervalo de tempo.
com o tamanho do grupo (F1,43=0,51, P =0,47). Por outro lado, houve um aumento linear
Fig. 3) .
O tipo de substrato no qual os indivíduos foram mantidos nas placas de Petri também
influenciou significativamente na sobrevivência dos mesmos (2 = 235,51, g.l. = 536, P <
0,0001; Fig. 4). A proporção de indivíduos mortos ao longo do tempo foi semelhante nos
tratamentos controle e papel filtro (P = 0,45; Fig. 4), os quais resultaram em maior
dos mesmos (2 = 221,44 , g.l. = 893, P < 0,0001; Fig. 5). A utilização de cola não
(P = 0,13; Fig. 5). A adição de tinta branca ou vermelha à cola, resultou em aumento da
pura resultaram na mais rápida mortalidade dos indivíduos, sendo que os tratamentos tinta
4 DISCUSSÃO
pelos indivíduos. Nossos resultados mostraram que a sobrevivência dos cupins é maior na
grupo; o que pode estar relacionado à manutenção das condições mais próximas àquelas
dos seus ninhos. Adicionalmente, verificamos que a tinta guache, pode reduzir a
principais fatores afetando a sobrevivência dos cupins (Gautam and Henderson, 2011;
Wiltz, 2012; Zukowski and Su, 2017). Nosso resultado está de acordo com Ferreira et al.
(2019) que observaram que o cupim Constrictotermes sp., mostrou maior sobrevivência
contribuir para diminuir a dissecação corporal dos cupins (Zukowski & Su 2017, Gautam
& Henderson 2011), tornando as condições mais similares à observada dentro dos seus
ninhos.
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menores. Esse resultado está de acordo com estudos que mostram que o aumento do grupo
estresse (Santos et al. 2004; Miramontes & DeSouza 1996). Adicionalmente, a maior
coesão do grupo e a redução do estresse também podem ser as explicações para o efeito
positivo do substrato da parede do ninho na sobrevivência dos cupins. Cruz et al. (2017)
contato com a parede interna do ninho, pode ser explicada pela percepção de odores da
colônia hospedeira. Sendo assim, esse substrato poderia ser ideal para manutenção dos
cupins em grupos isolados do ninho. Por outro lado, em alguns casos experimentais
específicos, pode ser que a manutenção dos indivíduos no substrato do ninho não permita
contraste suficiente para boa visualização dos mesmos. Nesse casos, o papel filtro poderia
ser utilizado quando se necessite de maior contraste e quando o cupim tenha dificuldade de
caminhar sem a presença de algum substrato. Por outro lado, caso o experimento exija o
não consumo de alimentos (ex. o próprio papel filtro) os indivíduos poderiam ser mantidos
na placa sem substrato. A desvantagem nesses casos, seria que o tempo para execução dos
uso de marcadores. Aqui verificamos que os cupins marcados morreram mais rapidamente
do que o grupo controle ou marcado com cola somente. Apesar do uso de tinta pura ter
causado mais rápida mortalidade, a adição de cola minimizou tal efeito. Desta forma, a
tinta utilizada pode ter penetrado na cutícula dos insetos causando algum tipo de
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toxicidade, o que foi reduzido com a adição da cola que tornou a mistura mais viscosa e
com menor chance de penetração. Outro estudo utilizando tinta como marcadores também
verificou redução da sobrevivência dos cupins ao longo do tempo, sendo sugerido pelos
autores que a tinta tenha causado morte por ingestão ou erro de aplicação (Brunow et al.
2005). Já Marins et al. (2017) mostraram que a mistura de tinta guache e cola, como
utilizado aqui, obteve a mesma resposta que o controle, não interferindo assim na
específicos para uso de marcadores em estudos com diferentes espécies de cupins. Tais
resultados podem ser uteis para a padronização de trabalhos futuros desenvolvidos com N.
6 REFERÊNCIAS