Técnicas Radiográficas
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Técnicas Radiográficas
Resumo Texto (PT) PDF
Medicina Veterinária • Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 64 (1) • Fev 2012 •
https://doi.org/10.1590/S0102-09352012000100010
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Mielografia em ouriço-cacheiro (Sphiggurus
villosus)
Resumos
Relata-se o procedimento de mielografia em um ouriço-cacheiro Sphiggurus villosus, adulto,
procedente de vida livre. Após o exame e com o animal sob anestesia geral, evidenciou-se
um desvio dorsal do contraste na altura da sétima vértebra torácica (T7), causado por com-
pressão em região ventral dessa vértebra, sugestivo de edema ocasionado pela hemorragia
intramedular secundária ao trauma sofrido pelo animal em vida livre. Assim sendo, a mielo-
grafia em ouriço-cacheiro mostrou ser bastante válida e eficiente ao apresentar como vanta-
gens a maior precisão para delimitar e localizar a lesão presente na coluna vertebral.
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
O ouriço-cacheiro (Sphiggurus sp.) pertence à maior ordem da classe dos mamíferos, os roe-
Brasil Nesta classe, atualmente se encontram 2.021 espécies, 443 gêneros e 29 famílias
dores.
(Wilson e Reeder, 1993), sendo o gênero Sphiggurus (F. Cuvier, 1823) composto por cinco
espécies encontradas no Brasil. Na região Sul, são encontradas duas espécies, S. spinosus
Arquivo Brasileiro
e S. villosus de Medicina
(Oliveira Veterinária
e Bonvicino, e Zoo…
2006).
O conhecimento da anatomia é fundamental para a avaliação das radiografias, sendo o des-
conhecimento um dos elementos que dificultam a interpretação dos exames de animais sel-
vagens. Exames contrastados, como urografia excretora, uretrocistografia, fistulografia, mie-
lografia, sinografia, peritoneografia, angiografia, traqueografia, broncografia e artrografia,
também podem ser realizados em animais selvagens, todavia suas descrições na literatura
ainda são escassas (Pinto, 2007).
O exame pode confirmar a lesão vista ou suspeita em radiografias simples, definir a extensão
da lesão, ou identificar pacientes que possam ser beneficiados por meio de procedimento
cirúrgico (Thrall, 2002). A mielografia está contraindicada quando o diagnóstico é obtido me-
diante radiografia simples, ou quando as informações por ela obtidas não alterarem o curso
do tratamento (Slatter, 1998), e em quadros de doença inflamatória (Kealy e McAllister,
2005).
Este trabalho tem como objetivo relatar o procedimento de mielografia em um indivíduo adul-
to de ouriço-cacheiro procedente de vida livre.
CASUÍSTICA
Foi realizado, então, um exame físico completo, estando o animal sob anestesia geral por
meio do protocolo de administração de zoletil 50 na dose de 5mg/kg/IM, associado ao butor-
fanol no volume de 0,12mL/SC, quando foi constatado que o animal se apresentava com
prostração, anorexia, secreção nasal bilateral, paresia de membros pélvicos e lesões em
pele severamente contaminadas. Havia uma lesão de cinco centímetros de diâmetro em dor-
so, localizada em região pélvica, bastante profunda e com um odor fétido, além também de
algumas lesões perfurantes com secreção purulenta na região da cauda, sugestivo de ata-
que por carnívoros. A auscultação cardiorrespiratória mostrou-se dentro dos parâmetros nor-
mais para a espécie. Não foi detectada crepitação em nenhum segmento vertebral durante o
exame ortopédico realizado. O paciente demonstrou resposta à dor profunda em membros
pélvicos.
Devido à inexistência de diagnóstico preciso até o momento do exame clínico, o animal foi
encaminhado para exames radiográficos.
Uma agulha 25mmx0,7mm (22G 1) foi inserida na cisterna magna, com o animal posicionado
em decúbito lateral e a saída de líquido cefalorraquidiano (LCR) constatou o correto posicio-
namento dela. Após a saída de quatro gotas de LCR, procedeu-se à administração de 0,4mL
do meio de contraste à base de iodo não iônico, ioversol, lentamente, por um período de dois
minutos. Após tal procedimento, o animal teve sua cabeça e pescoço elevados para que o
contraste fluísse caudalmente no interior do canal medular. Ao término da injeção do meio de
contraste, iniciaram-se, então, exames radiográficos em intervalos de cinco minutos cada.
Foram obtidas duas incidências radiográficas, decúbito lateral e dorsal, dos segmentos verte-
brais cervical, torácico e toracolombar. Foi evidenciado desvio dorsal da coluna de contraste
na altura da sétima vértebra torácica (T7), causado por compressão em região ventral desta
vértebra. A coluna de contraste não alcançou a região da cauda equina (Fig. 1).
O animal, após o procedimento radiográfico, foi monitorado até o seu completo retorno da
anestesia efetuada e não apresentou qualquer indício de alteração de comportamento.
DISCUSSÃO
Como alguns casos de fatalidades traumáticas envolvendo animais selvagens não podem
ser tratados de maneira satisfatória, a eutanásia é uma opção de escolha. Os fatores que de-
vem ser levados em consideração incluem a severidade das lesões, a espécie animal, as exi-
gências e a perspectiva a longo prazo (Cooper, 1996). No presente caso, a eutanásia foi rea-
lizada devido às condições desfavoráveis de tratamento, recuperação e sobrevivência do pa-
ciente em seu hábitat.
CONCLUSÕES
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Datas de Publicação
» Publicação nesta coleção
23 Mar 2012
» Data do Fascículo
Fev 2012
Histórico
» Recebido
09 Maio 2011
» Aceito
21 Jun 2011
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