Eletroterapia Cliníca - ESTUDO - Scribd

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Estudo dirigido: Eletroterapia Clínica

Introdução

O fenômeno elétrico gira em torno do conceito de carga, que pode ser positiva
ou negativa, dependendo da interação dos átomos com elétrons. Átomos se tornam íons
quando ganham ou perdem elétrons, alterando seu estado elétrico por meio de
processos como a ionização. A carga de um elétron é de -1,6 × 10⁻¹⁹ coulombs, e um
coulomb (C) corresponde à carga de 6,25 × 10¹⁸ elétrons.

Corrente e propriedades elétricas


A corrente elétrica é o fluxo ordenado de cargas (elétrons ou íons) através de
um condutor. A unidade de corrente é o ampère (A), definido como um coulomb por
segundo. Um miliampère (mA) é 1/1000 de um ampère, e um microampère (µA) é
1/1.000.000 de um ampère.

A voltagem (V), ou diferença de potencial, é a energia necessária para mover


cargas e é medida em volts (V). A diferença de potencial entre pontos define a força
eletromotriz que impulsiona a corrente elétrica.

A resistência (R) é a oposição ao fluxo de corrente e é medida em ohms (Ω).


Materiais condutores, como metais, possuem baixa resistência, enquanto isolantes
possuem alta resistência. A condutância (S) é o inverso da resistência e indica a
facilidade com que a corrente flui. A capacitância (F) é a capacidade de um material de
acumular carga e é expressa em farads (F).

A indutância (H) mede a capacidade de um circuito de gerar força eletromotriz


em resposta a mudanças na corrente. É usada para induzir corrente nos tecidos sem a
necessidade de contato físico, como em estimuladores elétricos.

Impedância (Z) é a oposição total à corrente em um circuito, combinando


resistência e reactância (oposição oferecida por capacitores e indutores). Ela é expressa
em ohms e varia conforme a frequência. Nos tecidos humanos, a impedância é um fator
importante para definir o fluxo de corrente durante a estimulação elétrica.

No contexto biológico, células têm capacitância devido à sua membrana


semipermeável. A corrente elétrica é usada para despolarizar membranas celulares, e a
impedância do tecido deve ser considerada para otimizar a eficiência e segurança do
estímulo elétrico.

Resumidamente, a eletricidade envolve conceitos de carga, corrente, voltagem,


resistência, capacitância, indutância e impedância, que são essenciais para entender o
comportamento de estímulos elétricos em sistemas biológicos e em dispositivos
eletrônicos.
Correntes terapêuticas
As correntes terapêuticas utilizadas em eletroterapia possuem classificações
específicas, sendo divididas em três tipos principais:

• Corrente Direta (CC): Caracteriza-se pelo fluxo contínuo e unidirecional de


partículas carregadas, dependendo diretamente da polaridade da força
eletromotriz (FEM).
• Corrente Alternada (CA): Apresenta fluxo bidirecional contínuo, que pode ser
simétrico (intensidade igual em ambas as direções) ou assimétrico (intensidade
diferente em cada direção).
• Corrente Pulsada (ou pulsátil): Fluxo interrompido, podendo ser de corrente
direta ou alternada, caracterizada pela presença de pulsos separados por
intervalos de tempo sem atividade elétrica.

As terminologias das formas de onda seguem as recomendações da American


Physical Therapy Association, padronizando definições como fase (fluxo de corrente em
uma única direção por um tempo específico), correntes monofásicas (pulsadas em uma
única direção) e bifásicas (correntes alternadas ou pulsadas em duas direções).

Os principais parâmetros discutidos incluem:

• Amplitude da onda: Representa a magnitude da corrente ou voltagem. A


amplitude de pico é a corrente máxima atingida durante uma fase. A amplitude
RMS (Root Mean Square) é preferida para medir a potência efetiva aplicada aos
tecidos, garantindo o controle do aquecimento.
• Duração do pulso: Inclui o tempo total de um pulso, considerando a duração da
fase, o intervalo interfase (tempo entre duas fases de um pulso) e o intervalo
interpulso (tempo entre pulsos consecutivos).
• Tempos de subida e de descida: Refere-se à velocidade com que a corrente
atinge sua amplitude máxima ou retorna à linha de base, influenciando
diretamente a resposta fisiológica dos tecidos.
• Frequência de repetição: Para correntes pulsadas, é medida em pulsos por
segundo (pps) e, para correntes alternadas, é expressa em hertz (Hz). A
frequência impacta a estimulação muscular e a acomodação tecidual.
• Carga de fase e de pulso: Refere-se à carga total transportada durante cada fase
ou pulso, medida em microcoulombs (μC).

Além disso, as modulações da corrente (variações na amplitude, duração e


frequência) e a estimulação em "bursts" (sequências curtas de pulsos) influenciam a
intensidade e os efeitos clínicos durante a aplicação da eletroterapia.
Estimuladores
Os estimuladores têm evoluído consideravelmente, assim como a maioria dos
equipamentos eletrônicos. A incorporação de componentes computadorizados tornou
esses dispositivos mais seguros, versáteis e confiáveis. Apesar das variações nos nomes
e nas formas de onda geradas, todos os estimuladores compartilham os mesmos
componentes funcionais

Fonte de energia

Os estimuladores utilizam baterias ou rede elétrica como fontes de energia.


Baterias fornecem corrente contínua (CC) de baixa voltagem, que precisa ser aumentada
por circuitos reguladores para uso terapêutico. Já a rede elétrica requer conversão para
CC por meio de transformadores, retificadores e filtros. Baterias oferecem portabilidade
e segurança, mas têm vida útil limitada. A rede elétrica proporciona maior potência e
estabilidade, mas com maior risco de choque elétrico.

Geração de forma de onda e controle de tempo

Atualmente, a geração e controle de formas de onda são realizados por


componentes computadorizados, substituindo os antigos circuitos analógicos. Isso
proporciona maior precisão e flexibilidade, permitindo a criação de formas de onda
complexas e o monitoramento da saída do estimulador, mantendo a carga dentro de
limites seguros.

Amplificador de saída

O amplificador de saída aumenta a potência do sinal para a amplitude necessária


no tratamento. Existem dois tipos de controle de amplificação: voltagem constante e
corrente constante. No circuito de voltagem constante, a forma de onda da voltagem é
mantida, enquanto a corrente varia com a impedância. No circuito de corrente
constante, a corrente se mantém estável, e a voltagem varia conforme a impedância do
tecido.

Eletrodos

Os eletrodos convertem a corrente elétrica do estimulador em corrente iônica


nos tecidos. Para completar o circuito, são necessários ao menos dois eletrodos. A
interface eletrodo-eletrólito é o local onde ocorrem as trocas de elétrons por íons. O
cátodo (eletrodo negativo) atrai íons positivos dos tecidos, enquanto o ânodo (eletrodo
positivo) atrai íons negativos. A densidade de corrente é maior nos pontos de contato
dos eletrodos, afetando o potencial de repouso das fibras musculares e axônios
próximos.
Impedância dos tecidos

Os tecidos apresentam diferentes impedâncias. Pele, gordura e ossos têm maior


impedância comparados aos tecidos muscular e nervoso. A pele, composta por
queratina e com pouca água, oferece a maior resistência ao fluxo de corrente. Lesões
ou irritações cutâneas podem diminuir a impedância, enquanto condições como ictiose
aumentam essa resistência. Técnicas como hidratação e aquecimento da pele ajudam a
reduzir a impedância, facilitando a passagem da corrente elétrica.

Conclusão

A eletroterapia clínica é uma abordagem terapêutica baseada em princípios


elétricos fundamentais, que abrange a interação entre carga elétrica, corrente,
voltagem e impedância nos tecidos humanos. A compreensão desses conceitos é
essencial para a aplicação eficaz das diferentes correntes terapêuticas, como a corrente
direta, alternada e pulsada, cada uma com suas características e efeitos clínicos
específicos. O avanço na tecnologia dos estimuladores, que agora incorporam
componentes computadorizados, tem melhorado a precisão, segurança e versatilidade
dos tratamentos eletroterápicos. Além disso, a escolha adequada dos eletrodos e o
manejo da impedância dos tecidos são fatores críticos para otimizar a eficácia do
tratamento. Em suma, a eletroterapia, ao utilizar a eletricidade de forma controlada e
direcionada, representa uma ferramenta valiosa na reabilitação e recuperação de
pacientes, com potencial para promover benefícios significativos na recuperação
funcional e alívio da dor.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

NELSON, Roger M.; HAYES, Karen W.; CURRIER, Dean P. Eletroterapia Clínica. 3. ed.
Barueri: Manole, 2012. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520447420/pageid/0

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