Ligações Semirrigidas Momento

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LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS AO MOMENTO FLETOR NO PROJETO

DE ESTRUTURAS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO


Pitágoras Alexandre Ferreira Pinho
Universidade Federal de Uberlândia/ Faculdade de Engenharia Civil/ Bacharelado em Engenharia
Civil, [email protected]

Resumo

Este trabalho tem como objetivo avaliar a influência da rigidez das de ligações viga-pilar
ao momento fletor em estruturas reticuladas de concreto pré-moldado. O trabalho foi
realizado com base em um edifício escolhido na literatura especializada, com uma
tipologia de ligação bastante utilizada atualmente: viga pré-moldada - apoiada em
consolo de pilar pré-moldado e fixada ao mesmo por meio de chumbador - com armadura
negativa de continuidade. As forças decorrentes do vento foram calculadas de acordo
com a isopleta de velocidade básicas para a região de Uberlândia. Foram calculadas as
ações permanentes e variáveis de acordo com o uso. Para a análise estrutural com
ligações semirrígidas, foi usado o programa desenvolvido pelo professor Dr. Gerson
Moacyr Sisniegas Alva. A influência da rigidez das ligações – representada nas análises
especialmente pelo fator de restrição - sobre os esforços solicitantes, deslocamentos e
área de armadura necessária aos elementos estruturais foi analisada.
Palavras-chave: Estruturas de Pré-moldado, ligações semirrígidas, análise estrutural.

1. Introdução

Atualmente, na concepção de um projeto estrutural, as ligações viga-pilar


das estruturas de concreto pré-moldado ainda são consideradas como sendo
completamente rígidas (quando não há rotações relativas entre os elementos
conectados) ou completamente articuladas, quando não ocorre transferência de
momentos fletores entre os elementos. Porém tal configuração nas ligações entre
os elementos nem sempre acontece. Mesmo nas estruturas de concreto
monolíticas as ligações não são perfeitamente rígidas. Sempre ocorre uma perda
na transferência de momento fletor de um elemento para o outro. Essa perda se
dá devido a deformabilidade dos elementos que compõe a estrutura (concreto e
aço) bem como a acomodação dos elementos estruturais após sua construção e
surgimento de microfissuras no concreto. Dessa maneira pode-se entender que
há um comportamento entre o perfeitamente articulado e o perfeitamente rígido.
Sabendo disso pode-se classificar essas ligações de acordo com sua rigidez
rotacional (momento fletor). Elas podem ser flexíveis ou rotuladas, rígidas ou
monolíticas e semirrígidas. De posse desse conhecimento, torna-se muito
importante para um engenheiro, conhecer a rigidez das ligações dos elementos
estruturais viga e pilar. A importância de se conhecer a rigidez dessas ligações na
avaliação mais precisa dos esforços e dos deslocamentos da estrutura, evitando
problemas de segurança estrutural e de desempenho. A avaliação da rigidez das
ligações é especialmente importante para projetos de estruturas de concreto pré-
moldado, em especial em edifícios de maior altura.
Sendo assim o presente estudo visou analisar o comportamento
semirrígido dessas ligações viga-pilar no pórtico plano de um galpão de 4
pavimentos. Foi analisado, como a rigidez da estrutura muda conforme se faz as
escolhas de áreas de aços, quantidade de barras e bitolas usadas para fazer o
engastamento da estrutura. Foi analisado também como a rigidez secante e o
fator de restrição a rotação variam de acordo com as escolhas de áreas de aço.
Foi visto como ocorre a perda de momento na ligação e como isso contribui para
uma área de aço menor gerando um novo fator de restrição a rotação até que
esse ciclo se estabilize. Foi levado em conta forças horizontais devido ao vento.
Com tal situação acontecendo nas ligações viga-pilar, esperou-se uma redução
na área de aço utilizada nessas ligações. Essa redução foi consequência direta
da queda do fator de restrição a rotação que atua na ligação viga-pilar, deixando
de transmitir parte do momento fletor de um elemento pra outro. Outra
consequência vista foi o aumento na dissociabilidade da estrutura devido a queda
da rigidez da mesma.

2. Rigidez à flexão de ligações viga-pilar

A relação entre o momento e a rotação relativa na ligação viga-pilar não é


linear, como é possível notar na figura 1. É essa relação entre momento e rotação
que define a rigidez ao momento fletor em uma ligação viga-pilar.

Figura 1 – Relação entre momento fletor e giro da seção transversal na ligação viga-pilar

É possível analisar a rigidez de uma ligação utilizando a rigidez secante


mostrada na figura 1. Com esta rigidez define-se o fator de restrição à rotação 𝛼 𝑅 .
Esse fator é um indicador da capacidade ligação na transmissão de momentos
fletores e varia de 0 a 1, sendo 0 para ligação flexível (ou rotulada) e 1 uma
ligação perfeitamente rígida.
Figura 2-Fator de restrição a rotação

conforme a Equação:

1 𝜃1 (Equação 1)
𝛼𝑅 = =
3(𝐸𝐼) 𝜃2
1 + 𝑅 𝐿𝑠𝑒𝑐
𝑠𝑒𝑐 𝑒𝑓

onde:
EIsec é a rigidez secante da viga definida pela NBR 6118 (2014)
Lef é a distância efetiva de cálculo, conforme Figura 3.

Figura 3 – distância efetiva e cálculo e rigidez secante da viga

Para o calculo da rigidez secante, a NBR 6118 (2014) fornece as seguintes


recomendações de cálculo:

Para lajes: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,3𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐


Vigas (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,4𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐 para A’s ≠ As e
(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,5𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐 para A’s ═ As
Pilares: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,8𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐

Porém no anexo A da NBR 9062 (2017), é dada como opção para o cálculo
da rigidez secante em vigas de concreto armado:

(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,5𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐 para vigas


(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,55𝐸𝑐𝑖𝐼𝑐 estruturas com ligações semirrígidas com até quatro
pavimentos.

Onde:
Eci é o modulo de elasticidade do concreto.
Ic é o momento de inercia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o
caso, as mesas colaborantes.

O módulo de elasticidade do concreto pode ser avaliado por meio das


expressões do item 8.2.8 da NBR 6118 (2014), em função da resistência à
compressão característica do concreto (fck) e do tipo de agregado graúdo:

𝐸𝑐𝑖 = 𝛼 𝐸 5600√𝑓𝑐𝑘 para 20≤fck≤50


𝑓 1/3
𝐸𝑐𝑖 = 21,5. 103 𝛼 𝐸 ( 10
𝑐𝑘
+ 1,25) para 55≤fck≤90

onde:
𝛼 𝐸 = 1,2 para basalto e diabásio
𝛼 𝐸 = 1,0 para granito e gnaisse
𝛼 𝐸 = 0,9 para calcário
𝛼 𝐸 = 0,7 arenito
Eci e fck são dados em megapascal (MPa).

A NBR 9062 (2017) determina que uma ligação pode ser considerada
rotulada quando 𝛼 𝑅 é menor que 0,15. A mesma norma estabelece ainda que, em
projetos em que a estabilidade é garantida por pilares engastados na fundação
com vigas articuladas, tendo o fator de restrição menor que 0,15, devem ser
levados em consideração os efeitos de segunda ordem, considerando-se a não
linearidade física. Para uma ligação viga-pilar ser considerada semirrígida, o fator
de restrição a rotação deve estar entre 0,15 e 0,85. Para valores de 𝛼 𝑅 maiores
que 0,85, a ligação pode ser considerada rígida, sendo que a análise estrutural
pode ser feita como pórtico contínuo com nós rígidos, conforme disposto na NBR
6118.
Em termos de rigidez, uma ligação pode ser considerada como rígida em
uma análise estrutural se a rigidez secante assumir valores maiores que o
indicado na Equação:

17(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 (Equação 2)
𝑅 𝑠𝑒𝑐 ≥
𝐿𝑒𝑓

Considerando o mínimo valor de rigidez secante da Equação 2 e


substituindo na equação de 𝛼 𝑅 , é possível encontrar justamente o limite de
classificação de uma ligação como perfeitamente rígida, conforme indicado na
Equação 3:

1 (Equação 3)
𝛼𝑅 = = 0,85
3. (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐
1+
(𝐸𝐼)
17. 𝐿 𝑠𝑒𝑐 . 𝐿𝑒𝑓
𝑒𝑓

Segundo a NBR 9062, a rigidez secante deve estar baseada em modelos


analíticos de referências técnicas ou com base em comprovação experimental.
Como modelo analítico simplificado, a NBR 9062 recomenda a Equação 4 para o
cálculo da rigidez secante à flexão negativa em ligações viga-pilar com armadura
de continuidade no local:

𝐴 𝑆 𝐸𝑆 𝑑 2 (Equação 4)
𝑅 𝑠𝑒𝑐 = 𝑘.
𝐿𝑒𝑓

onde:
K é o coeficiente de ajustamento da rigidez secante (conforme a Tabela1);
Led é o comprimento efetivo de deformação por alongamento da armadura de
continuidade (conforme Tabela 1);
d é a altuta útil da seção resistente na ligação negativa;
Es é o modulo de elasticidade do aço;
As é a área da armadura de continuidade negativa.

É importante ressaltar que esse modelo teórico se aplica a ligações viga-


pilar de seção composta com solidarizarão no local, com armaduras negativas de
continuidade passando no pilar preenchidas com graute, ou por meio de luvas
inseridas no pilar. Nessas condições, na região da ligação, tanto na zona de
transição na extremidade da viga, quanto na interface viga-pilar, que compreende
o trecho entre a face do pilar e o centro de giro no apoio da viga, atuam
mecanismos de deformação que incorrem nas rotações efetivas das ligações.

A Tabela 1 contém as tipologias de ligações abordadas pela NBR 9062.


Para demais tipologias de ligação, o valor da rigidez secante deve ser obtido
experimentalmente. É recomendado uma distância entre a extremidade da viga e
a face do pilar de forma a possibilitar uma boa condição de preenchimento da
junta vertical com graute ou concreto de fck≥ 30 MPa.
Tabela 1: Obtenção da rigidez secante negativa em ligações viga-pilar
típica (NBR 6118: 2014)
3. Dimensionamento das armaduras de flexão das vigas

As equações de equilíbrio para uma seção retangular de concreto armado


submetida ao momento fletor no Estado Limite Último são descritas pelas
Equações 5 e 6:

𝑅 𝑠𝑡 = 𝑅 𝑐𝑐 + 𝑅 𝑠𝑐 (Equação 5)
𝑀𝑠𝑑 = 𝑅 𝑐𝑐(𝑑 − 0,4𝑥) + 𝑅 𝑠𝑐(𝑑 − 𝑑′) (Equação 6)

onde:
Rst é a força resultante na armadura tracionada;
Rcc é a força resultante no concreto comprimido;
Rsc é a força resultante na armadura comprimida;
Msd é o momento solicitante de cálculo;
x é a altura da linha neutra referente à região comprimida.
d é a distância do centroide das armaduras tracionadas até a borda mais
comprimida da viga;
d’ é a distância do centroide das armaduras comprimidas até a borda mais
comprimida da viga.

Para a solução do problema, cuja principal variável é a altura da linha


neutra x, devem ser empregadas as equações de compatibilidade de
deformações:
𝜀𝑐𝑐 𝜀𝑠𝑐 𝜀𝑠𝑡 (Equação 7)
= =
𝑥 𝑥 − 𝑑′ 𝑑 − 𝑥

onde
𝜀𝑐𝑐 é a deformação na fibra mais comprimida do concreto
𝜀𝑠𝑐 é a deformação nas armaduras comprimidas
𝜀𝑠𝑡 é a deformação nas armaduras tracionadas

A Figura 4 contém os domínios de deformações do Estado Limite Último de uma


seção submetida a solicitações normais.
Figura 4 – Domínios de estado-limite último de uma seção transversal

A determinação do valor de x/d permitiu determinar o domínio, inferir


sobre a necessidade de armadura dupla e verificação das condições de
ductilidade exigidas pela NBR.

4. Exemplo numérico: estrutura reticulada de concreto pré-moldado

Para aplicação dos conceitos teóricos apresentados foi utilizado como


base o edifício apresentado nas Figuras 5 e 6, analisado por Ferreira e El Debs
(2003). O objeto de estudo do presente trabalho foi o pórtico plano extraído da
estrutura apresentada na Figura 6.

Figura 5 – Carregamentos característicos e distribuição das lajes, Ferreria e El Debs

Figura 6 – pórtico e estrutura de referência, Ferreira e El Debs.


Para a finalidade deste trabalho, considerou-se apenas uma combinação
do Estado Limite Último, com duas ações variáveis, sendo as cargas variáveis
verticais como ações principais e vento como secundárias.
Na Figura 5 é possível notar que foi adotado 6kN/m² como valor de ação
acidental, 2,5 kN/m² como o peso próprio da laje alveolar e uma capa de
regularização de 5 cm sobre a laje com peso próprio de 1,25 kN/m². Para a
composição do peso próprio da estrutura, foi usado como valor de referência o
indicado pela NBR 6120-2019, adotando-se o valor de 25 kN/m³ para o peso
especifico aparente do concreto armado. Com as informações apresentadas na
Figura 5 foi realizada a distribuição dos carregamentos nos elementos do pórtico
plano. Sendo assim, obtiveram-se os seguintes carregamentos característicos por
metro linear:

2
𝑔𝑝.𝑝.𝑣𝑖𝑔𝑎 = (0,30𝑚 𝑋 0,60𝑚 )𝑋 25𝑘𝑁/𝑚 = 4,5𝑘𝑁/𝑚
2,5𝑘𝑁
𝑔𝐿𝐴𝐽𝐸 𝐴𝐿𝑉 . = 𝑋10𝑚 = 25𝑘𝑁/𝑚
𝑚2
𝑔𝑣𝑖𝑔𝑎 = 𝑔𝑝.𝑝.𝑣𝑖𝑔𝑎 + 𝑔𝐿𝐴𝐽𝐸 𝐴𝐿𝑉 . = 4,5 + 25 = 29,5 𝑘𝑁/𝑚
𝑘𝑁
𝑔𝑐𝑎𝑝𝑎 = 1,25 𝑋10𝑚 = 12,5 𝑘𝑁/𝑚
𝑚2
𝑘𝑁
𝑞 = 6,0 2 𝑋10𝑚 = 60𝑘𝑁/𝑚
𝑚

Foi considerada uma ação do vento incidindo perpendicularmente (a 0°)


na fachada de maior largura. Ou seja, nas considerações desse estudo, o vento
atuou na fachada com largura de 30 metros, estando na mesma direção do
pórtico. Para o cálculo, das forças devido ao vento, foi considerado como
velocidade básica em Uberlândia o valor de 33 m/s, conforme a NBR 6123 (1988)
O terreno da construção foi enquadrado na categoria IV da NBR 6123-1988,
terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada. Quanto a classificação, a edificação foi
enquadrada na classe “B”, uma vez que a maior dimensão horizontal ou vertical
da superfície frontal está entre 20 m e 50 m. Para o fator topográfico S1 foi
considerado que a edificação sem encontrava em um terreno plano, ou
fracamente acidentado, sendo adotado o valor S1=1,0.
Fazendo a combinação das ações verticais (em y) tem-se:
𝑘𝑁
𝐹𝑦 = 1,3(4,5 + 25 + 12,5) + 1,4𝑋60 = 138,6
𝑚
Observe-se que o fator de majoração 𝛾𝑓 adotado para as ações
permanentes foi 1,3 e não 1,4 como é mais comum. Foi possível adotar esse
valor pois o caso estudado refere-se a uma estrutura pé moldada.
Como o vento foi considerado como ação variável secundaria, usa-se o
coeficiente ψ0 de valor 0,6. Esse valor multiplica o valor de majoração dos
esforços γ, resultando em:
𝐹𝑥 = 0,6𝑋1,4𝐹𝑞 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0,84𝐹𝑞 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜
Feitas essas considerações, obtiveram-se para as ações de vento as
forças de cálculo de 26,0064 kN, 30,9288 kN, 34,23 kN e 36,7836 kN, atuando
nos nós 2, 9,13 e17 respectivamente, conforme a Figura 7.

Figura 6 – Pórtico com carregamentos de calculo


Para se realizar os estudos e análises desenvolvidos sobre o pórtico
apresentado, foi utilizado o programa desenvolvido pelo Prof. Gerson Alva em
linguagem FORTRAN para pórticos planos com ligações semirrígidas,
denominado Programa_PP_SR. Na Figura 8 indicam a numeração dos nós, das
barras e as conectividades adotados para a utilização do programa de análise de
pórticos semirrígidos.
Figura 8 – Numeração dos nós, das barras e conectividades: Programa_PP_SR, Autor

Na Tabela 2 é possível visualizar as propriedades mecânicas e


geométricas dos elementos do pórtico de referência. Nessa tabela, Ecs é o módulo
de deformação (longitudinal) secante. Para o módulo de elasticidade Eci, foi
considerado um concreto com composição de basalto como agregado graúdo,
material comum na região de Uberlândia-MG.

Tabela 2: Propriedades geométricas da seção e mecânicas do concreto


Seção
Elemento transversal Área (cm²) Ic (cm4) fck (MPa) Eci (GPa) Ecs (GPa)
(cm X cm)
Pilar 50 X 50 2500 520.833,33 40 42,50 38,25
Viga 30 X 60 1800 540.000 105 40 42,50 38,25

Para a consideração simplificada da não-linearidade física em vigas e


pilares, empregou-se a rigidez secante (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 conforme apresentado no item 2.
No programa Programa_PP_SR, as reduções globais de rigidez à flexão foram
aplicadas sobre os momentos de inércia de vigas e pilares.
4.1 Cálculo dos fatores de restrições a partir do dimensionamento das armaduras

Para o pré-dimensionamento das armaduras, considerou-se o fator de


restrição à rotação 𝛼 𝑅 igual a 1 para todas as ligações. Porém, após o
dimensionamento das armaduras de flexão das vigas, foi possível constatar que o
fator de restrição, das ligações apresentam valores bem diferentes, uma vez que
a rigidez ao momento fletor depende da área de armadura de flexão, conforme a
Equação 4. Dessa forma, foi necessário recalcular os esforços solicitantes com os
novos fatores de restrição, a fim de se obter um dimensionamento mais fiel às
solicitações reais da estrutura. Dessa forma, procedeu-se a um cálculo iterativo,
com novos valores de 𝛼 𝑅 após o dimensionamento das armaduras de flexão das
vigas com obtenção posterior dos novos esforços solicitantes com o auxílio do
programa Programa_PP_SR. Este procedimento iterativo foi realizado até ser
atingida uma certa estabilidade no valor de 𝛼 𝑅 . O esquema do procedimento
iterativo é ilustrado na Figura 9.

αR

RSEC Portico
SR

As Msd

Figura 9 – Esquema interativo de dimensionamento, Autor


Resultados e Análises

Para a primeira interação 𝛼 𝑅 foi admitido com o valor de 1. Nas tabelas a


seguir, Msd1 é o momento fletor de dimensionamento na ligação esquerda da
viga e Msd2 é o momento fletor de dimensionamento na ligação direita da viga.
Com os carregamentos apresentados e valores de rigidez das ligações
calculados, obteve-se o seguinte resultado:
Tabela 4: Resultado programa
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
337,20 2 580,46
434,78 4 547,95
455,75 6 474,35
367,87 9 560,33
438,49 11 540,97
450,22 13 487,09
407,86 16 533,28
452,85 18 520,27
461,97 20 484,79
332,26 23 544,43
482,36 25 511,40
512,81 27 368,27
Tabela 5: Condição de simetria
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
474,35 2 580,46
580,46 4 580,46
580,46 6 474,35
487,09 9 560,33
560,33 11 560,33
560,33 13 487,09
484,79 16 533,28
533,28 18 533,28
533,28 20 484,79
368,27 23 544,43
544,43 25 544,43
544,43 27 368,27
Na Tabela 4 é possível ver os valores gerados pelo programa
Programa_PP_SR. Porém para uma melhor analise de uma condição real, é
preciso considerar que o vento pode atuar nas duas frentes e não apenas em
uma, colocando a estrutura em uma condição de simetria de esforços para
dimensionamento. Ou seja, é preciso considerar que um mesmo esforço que
estatuando em uma face da viga, poderá atuar na face de outra viga
simetricamente oposta, do outro lado do pórtico quando o vento inverter. Tal
consideração para o dimensionamento, confere ao pórtico uma condição de
simetria de esforços apresentada na Tabela 5. Naturalmente foi usado para o
dimensionamento o maior valor de esforço entre as partes simétricas
correspondentes.
Utilizando uma tabela devidamente programada EXCEL e preparada para
o dimensionamento das armaduras de flexão das vigas, foram calculadas as
áreas de aço necessárias. Na Tabela 6, abaixo, é possível verificar as áreas de
cálculo e efetivas, quantidade de barras e bitolas utilizadas na primeira interação.
Na Parte esquerda da tabela estão os valores referende a ligação esquerda das
vigas e do lado direito as informações referentes ao lado direito da viga. Astcal é a
área de aço calculada, necessária para o equilíbrio da seção, calculada a partira
da tabela devidamente programada. Astef é a área de aço efetiva que foi
escolhida para se fazer o equilíbrio da seção.
Tabela 6: Armaduras de flexão das vigas: Iteração 1
bitola (mm) qtd Ast ef (cm²) Astcal (cm²) viga Astcal (cm²) Ast ef (cm²) qtd bitola (mm)
20 7 21,99 22,08 2 28,03 27,10 7 22,2
22,2 7 27,10 28,03 4 28,03 27,10 7 22,2
22,2 7 27,10 28,03 6 22,08 21,99 7 20
20 7 21,99 22,77 9 26,86 27,10 7 22,2
22,2 2 7,74 26,86 11 26,86 27,10 7 22,2
22,2 7 27,10 26,86 13 22,77 21,99 7 20
20 7 21,99 22,64 16 25,32 24,13 3 32
32 3 24,13 25,32 18 25,32 24,13 3 32
32 3 24,13 25,32 20 22,64 21,99 7 20
32 2 16,08 16,59 23 25,95 25,13 8 20
20 8 25,13 25,95 25 25,95 25,13 8 20
20 8 25,13 25,95 27 16,59 16,08 2 32
Com os valores de área de aço efetivas da Tabela 6 foram calculados os
valores da rigidez secante e do fator de restrição 𝛼 𝑅 de cada ligação viga-pilar do
pórtico. Tais valores podem ser vistos na Tabela 7 abaixo:
Tabela 7: Resistencia secante e 𝛼 𝑅 Iteração 2
Rsec Tipologia viga Tipologia Rsec Lef αr viga αr
14482490,81 3 2 1 18908345,56 650 0,713 2 0,764
18908345,56 1 4 1 18908345,56 650 0,764 4 0,764
18908345,56 1 6 3 14482490,81 650 0,764 6 0,713
14482490,81 3 9 1 18908345,56 650 0,713 9 0,764
5402384,446 1 11 1 18908345,56 650 0,481 11 0,764
18908345,56 1 13 3 14482490,81 650 0,764 13 0,713
14482490,81 3 16 1 12276867,68 650 0,713 16 0,678
12276867,68 1 18 1 12276867,68 650 0,678 18 0,678
12276867,68 1 20 3 14482490,81 650 0,678 20 0,713
7004819,397 3 23 1 19097790,07 650 0,546 23 0,766
19097790,07 1 25 1 19097790,07 650 0,766 25 0,766
19097790,07 1 27 3 7004819,40 650 0,766 27 0,546

Com os novos valores de 𝛼 𝑅 foram calculados novamente os esforços


solicitantes com o auxílio do programa Programa_PP_SR. As tabelas 8 e 9
apresentam os valores de momentos solicitantes negativos nas vigas.

Tabela 8: Resultado do programa interação 2


MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
272,81 2 482,15
351,54 4 461,88
369,46 6 390,00
290,88 9 470,84
353,54 11 459,17
363,91 13 401,01
329,19 16 401,23
334,64 18 401,45
332,23 20 403,78
223,22 23 463,65
395,07 25 433,04
427,67 27 257,35
Tabela 9: Condição de simetria interação 2
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
390,00 2 482,15
482,15 4 482,15
482,15 6 390,00
401,01 9 470,84
470,84 11 470,84
470,84 13 401,01
403,78 16 401,45
401,45 18 401,45
401,45 20 403,78
257,35 23 463,65
463,65 25 463,65
463,65 27 257,35
Novamente foi aplicada a condição de simetria explicada e foram
utilizados para dimensionamento os valores da Tabela 9. Com esses valores de
momento e novamente com a mesma tabela de dimensionamento, foram
novamente calculados os valores de áreas de aço necessárias e efetivas bem
como bitolas e quantidades de barras de aço.

Tabela 10: Armaduras de flexão das vigas: Iteração 2


bitola (mm) qtd Ast ef (cm²) Astcal (cm²) viga Astcal (cm²) Ast ef (cm²) qtd bitola (mm)
16 9 18,10 17,68 2 22,50 20,11 10 16
16 10 20,11 22,50 4 22,50 20,11 10 16
16 10 20,11 22,50 6 17,68 18,10 9 16
16 9 18,10 18,24 9 21,89 21,99 7 20
20 7 21,99 21,89 11 21,89 21,99 7 20
20 7 21,99 21,89 13 18,24 18,10 9 16
16 9 18,10 18,38 16 18,27 18,10 9 16
16 9 18,10 18,27 18 18,27 18,10 9 16
16 9 18,10 18,27 20 18,38 18,10 9 16
12,5 9 11,04 11,24 23 21,51 21,99 7 20
20 7 21,99 21,51 25 21,51 21,99 7 20
20 7 21,99 21,51 27 11,24 11,04 9 12,5

Com os novos valores de área de aço efetivas da tabela 10 foram


calculados os novos valores da rigidez secante e de 𝛼 𝑅 de cada ligação viga-pilar.
Tais valores podem ser vistos na tabela 11 abaixo:
Tabela 11: Rigidez secante e 𝛼 𝑅 : Iteração 3
Rsec tipologia Viga tipologia Rsec Lef αr viga αr
14288445,94 3 2 1 18185294,83 650 0,710 2 0,757
18185294,83 1 4 1 18185294,83 650 0,757 4 0,757
18185294,83 1 6 3 14288445,94 650 0,757 6 0,710
14288445,94 3 9 1 16710566,31 650 0,710 9 0,741
16710566,31 1 11 1 16710566,31 650 0,741 11 0,741
16710566,31 1 13 3 14288445,94 650 0,741 13 0,710
14288445,94 3 16 1 16366765,35 650 0,710 16 0,737
16366765,35 1 18 1 16366765,35 650 0,737 18 0,737
16366765,35 1 20 3 14288445,94 650 0,737 20 0,710
10530446,39 3 23 1 16710566,31 650 0,644 23 0,741
16710566,31 1 25 1 16710566,31 650 0,741 25 0,741
16710566,31 1 27 3 10530446,39 650 0,741 27 0,644
Com os novos valores de 𝛼 𝑅 foram calculados novamente os esforços
solicitantes nos elementos estruturais. Sendo assim, os novos valores de
momentos fletores nas vigas obtidos pelo programa para a terceira iteração estão
indicados nas Tabelas 12 e 13:
Tabela 12: resultados do programa interação 3
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
273,12 2 477,92
349,10 4 458,86
365,55 6 390,46
292,72 9 457,80
345,22 11 448,23
352,87 13 402,04
321,67 16 434,89
358,09 18 428,75
363,52 20 395,61
259,09 23 439,98
383,19 25 418,47
404,61 27 296,04
Tabela 13: Condição de simetria interação 3
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
390,46 2 477,92
477,92 4 477,92
477,92 6 390,46
402,04 9 457,80
457,80 11 457,80
457,80 13 402,04
395,61 16 434,89
434,89 18 434,89
434,89 20 395,61
296,04 23 439,98
439,98 25 439,98
439,98 27 296,04
Depois de novamente aplicada a condição de simetria foram utilizados,
para dimensionamento, os valores da tabela 13. Nesse ponto foi possível
observar uma estabilidade nos valores de 𝛼 𝑅 e nos valores de momento que
estavam efetivamente atuando nas seções. Por essa razão, desse ponto em
diante, foram feitas apenas mais duas interações com o objetivo de definir a
viabilidade da aplicação das quantidades de barra de aço na seção de 30 X 60
das vigas. Sendo assim, na próxima interação, foram mudadas as configurações
de barras que aço que não apresentavam viabilidade pratica de ser executada.
Na interação seguinte foi feita mais uma adequação devido a mudança nos
valores de momento, testando-se a utilização de bitolas de 32 mm e 25 mm.
Tabela 14: Armaduras de flexão das vigas: inclusão de bitolas de 32mm
(Iteração 1)
bitola (mm) qtd Ast ef (cm²) Astcal (cm²) viga Astcal (cm²) Ast ef (cm²) qtd bitola (mm)
20 6 18,85 17,71 2 22,27 24,54 5 25
25 5 24,54 22,27 4 22,27 24,54 5 25
25 5 24,54 22,27 6 17,71 18,85 6 20
20 6 18,85 18,30 9 21,20 24,54 5 25
25 5 24,54 21,20 11 21,20 24,54 5 25
25 5 24,54 21,20 13 18,30 18,85 6 20
20 6 18,85 17,97 16 19,99 19,35 5 22,2
22,2 5 19,35 19,99 18 19,99 19,35 5 22,2
22,2 5 19,35 19,99 20 17,97 18,85 6 20
20 4 12,57 13,07 23 20,26 19,35 5 22,2
22,2 5 19,35 20,26 25 20,26 19,35 5 22,2
22,2 5 19,35 20,26 27 13,07 12,57 4 20

Na Tabela 14 é possível notar que algumas áreas de aço efetivas


continuam levemente abaixo do calculado. Isso foi possível pois mesmo mudando
a área de aço ainda foi possível escolher um valor que continuasse abaixo do
calculado. Tal situação econômica pode ser mantida nas do lado esquerdo nas
vigas 2,11, 13, 16 e 23 e do lado direito nas vigas 6, 9, 11,20 e 27. Por
coincidência, a área de aço do lado esquerdo na viga 2 e direito na viga 6
mantiveram-se iguais, porém mudou-se a bitola e a quantidade de barras. Com os
novos valores de área de aço efetivas da Tabela 14, foram calculados os novos
valores da rigidez secante e de 𝛼 𝑅 de cada ligação viga-pilar. Tais valores podem
ser vistos na Tabela 15:
Tabela 15: Rigidez secante e 𝛼 𝑅 : nova configuração de barras de aço (iteração 1)
Rsec tipologia Viga tipologia Rsec Lef αr viga αr
12413563,55 3 2 1 15502741,38 650 0,681 2 0,727
15502741,38 1 4 1 15502741,38 650 0,727 4 0,727
15502741,38 1 6 3 12413563,55 650 0,727 6 0,681
12413563,55 3 9 1 15502741,38 650 0,681 9 0,727
15502741,38 1 11 1 15502741,38 650 0,727 11 0,727
15502741,38 1 13 3 12413563,55 650 0,727 13 0,681
12413563,55 3 16 1 13505961,11 650 0,681 16 0,699
13505961,11 1 18 1 13505961,11 650 0,699 18 0,699
13505961,11 1 20 3 12413563,55 650 0,699 20 0,681
8275709,03 3 23 1 13505961,11 650 0,587 23 0,699
13505961,11 1 25 1 13505961,11 650 0,699 25 0,699
13505961,11 1 27 3 8275709,03 650 0,699 27 0,587

Comparando a Tabela 15 com a Tabela 11 é possível ver a necessidade


de pelo menos mais uma interação. Com os novos valores de 𝛼 𝑅 foram obtidos os
novos esforços solicitantes no pórtico. Notou-se uma mudança nos valores dos
momentos negativos das vigas devido à queda do fator 𝛼 𝑅 . Os momentos fletores
nas vigas para esta nova iteração estão indicados nas Tabelas 16 e 17:
Tabela 16: Resultados do programa interação 1
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
265,94 2 463,37
337,61 4 446,00
352,87 6 380,81
281,65 9 453,88
339,08 11 443,43
348,53 13 389,84
312,53 16 417,23
342,71 18 412,98
346,22 20 386,26
244,31 23 421,27
365,45 25 401,48
385,56 27 280,80
Tabela 17: condição de simetria interação 1
MSd1(kNm) Viga Msd2(kNm)
380,81 2 463,37
463,37 4 463,37
463,37 6 380,81
389,84 9 453,88
453,88 11 453,88
453,88 13 389,84
386,26 16 417,23
417,23 18 417,23
417,23 20 386,26
280,80 23 421,27
421,27 25 421,27
421,27 27 280,80
Observando-se a condição de simetria e utilizando os valores da Tabela
17, foram dimensionadas novamente as áreas de aço. Na Tabela 16 é possível
verificar as áreas de aço necessária e efetiva bem como bitolas e quantidade de
barras.
Tabela 18: Armaduras de flexão das vigas: inclusão de bitolas de 32mm
(iteração 2)
bitola (mm) qtd Ast ef (cm²) Astcal (cm²) viga Astcal (cm²) Ast ef (cm²) qtd bitola (mm)
20 6 18,85 17,22 2 21,49 24,54 5 25
25 5 24,54 21,49 4 21,49 24,54 5 25
25 5 24,54 21,49 6 17,22 18,85 6 20
20 6 18,85 17,68 9 20,99 24,54 5 25
25 5 24,54 20,99 11 20,99 24,54 5 25
25 5 24,54 20,99 13 17,68 18,85 6 20
20 6 18,85 17,49 16 19,08 18,85 6 20
20 6 18,85 19,08 18 19,08 18,85 6 20
20 6 18,85 19,08 20 17,49 18,85 6 20
16 6 12,06 12,34 23 19,28 18,85 6 20
20 6 18,85 19,28 25 19,28 18,85 6 20
20 6 18,85 19,28 27 12,34 12,06 6 16
Na Tabela 18 é possível notar que em alguns casos ainda foi possível
manter os valores de área de aço efetiva abaixo da área de aço calculada. Tal
situação foi mantida do lado esquerdo das vigas 18, 20, 23, 25, e 27. Do lado
direito o mesmo ocorreu nas vigas 16, 18, 23, 25 e 27. Com essa configuração de
bitolas e quantidade de barras de aço, foram calculados novamente a rigidez
secante e o fator de restrição 𝛼 𝑅 das ligações. Os valores podem ser conferidos
na Tabela 19:
Tabela 19: Rigidez secante e 𝛼 𝑅 : nova configuração de barras de aço (iteração 2)
Rsec tipologia Viga tipologia Rsec Lef αr viga αr
12413563,55 3 2 1 15502741,38 650 0,681 2 0,727
15502741,38 1 4 1 15502741,38 650 0,727 4 0,727
15502741,38 1 6 3 12413563,55 650 0,727 6 0,681
12413563,55 3 9 1 15502741,38 650 0,681 9 0,727
15502741,38 1 11 1 15502741,38 650 0,727 11 0,727
15502741,38 1 13 3 12413563,55 650 0,727 13 0,681
12413563,55 3 16 1 14323342,56 650 0,681 16 0,711
14323342,56 1 18 1 14323342,56 650 0,711 18 0,711
14323342,56 1 20 3 12413563,55 650 0,711 20 0,681
9525630,62 3 23 1 14323342,56 650 0,621 23 0,711
14323342,56 1 25 1 14323342,56 650 0,711 25 0,711
14323342,56 1 27 3 9525630,62 650 0,711 27 0,621

Como os valores do fator de restrição à rotação apresentaram relativa


estabilidade (convergência), decidiu-se parar com as interações, adotando-se o
último valor de áreas de aço efetivas, quantidades de barra de aço e bitolas. Os
valores finais de 𝛼 𝑅 das ligações são os apresentados na tabela 17.

4.2 Análise da deslocabilidade da estrutura em função dos fatores de restrição


Neste item, a fim de verificar a influência da rigidez à flexão das ligações
viga-pilar sobre a deslocabilidade horizontal da estrutura, foi feito uma análise dos
deslocamentos horizontais do topo do edifício variando-se 𝛼 𝑅 entre 0 a 1. Para
essa análise, foi usado o mesmo pórtico com os mesmos carregamentos.
Nas análises deste item, não foi realizado dimensionamento. Apenas
observou-se o deslocamento da estrutura conforme a diminuição da rigidez das
ligações, ou seja, conforme a diminuição do fator 𝛼 𝑅 de 1 a 0. Os resultados
dessa análise são expressos no gráfico da Figura 10.
Analisando a Figura 10 é possível verificar que os deslocamentos
começam a ter um crescimento mais pronunciado a partir de valores de 𝛼 𝑅
próximos de 0,4. Para valores inferiores a este valor, os deslocamentos passam a
aumentar de forma vertiginosa, notando-se um caráter hiperbólico do
comportamento do deslocamento em função do fator de restrição.
Deslocamento x αr
25

20
DESLOCAMENTO (CM)

15

10

0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
FATOR DE RESTRIÇÃO A ROTAÇÃO

Figura 10 – Deslocamento horizontal do topo do edifício em função de 𝛼 𝑅


5. Conclusão

Analisando a tabela 5 e a 16 é possível notar que houve significativa


queda nas áreas de aço efetivas utilizadas nas ligações decorrente do
comportamento semirrígido das ligações viga-pilar. Apesar de não ter considerado
o aumento do momento no meio de vão da viga é possível concluir que se pode
obter economia nas ligações das vigas com pilares. É possível concluir também a
não necessidade de toda área de aço calculada considerando a estrutura ligações
perfeitamente rígidas. Esta hipótese pode ser útil para fins de pré-
dimensionamento ou para auxiliar a escolha das armaduras de continuidade.
Dessa forma é possível reduzir a área de aço na ligação viga-pilar sem
comprometer a segurança desses elementos, podendo-se obter, quando possível,
economia e otimização da utilização dos materiais.
Apesar de não analisados os efeitos gerados pelos deslocamentos,
causados pela situação semirrígida das ligações, fica claro a necessidade de se
considerar efeitos provenientes de tais deslocamentos. Com o efeito de
composição, proveniente dos outros pavimentos, essa necessidade se mostra
ainda mais pujante. Como o foco do presente estudo foi as ligações viga-pilar, fica
como sugestão para novos estudos a análise dos efeitos proveniente de
deslocamentos causados pela semirrigides das ligações.
Analisando-se o gráfico da Figura 10 é possível compreender os limites
da NBR 9062 para os fatores de restrição a rotação𝛼 𝑅 : 0,15 para ligações
articuladas e 0,85 para ligações rígidas.
Agradecimentos
O presente trabalho foi resultado da paciência e compreensão do
professor orientador Dr. Gerson Moacyr S. Alva. Muito obrigado pela calma
e compreensão com as dificuldades encontradas e superadas por esse
orientando. Agradeço aos meus familiares por todo o apoio durante a
graduação, especialmente minha mãe, vó e tios, a todos minha eterna
gratidão.
Referências bibliográficas
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Estruturas de Concreto Pré-moldado, Uberlândia – MG, FECIV-UFU.
FERREIRA, M. A. EL DEBS, M. K. (2003). Analise de Estrutura Pré-
Moldada Com Ligações Semirrígidas Para Múltiplos Pavimentos. 45º
CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO – IBRACON, Agosto, Belo
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CARVALHO, Roberto C. FIGUEIREDO FILHO, Jasson R. (2015). Calculo
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6118:2014. 4ª ed. São Carlos – SP. EdUFSCar
LACERDA, M. M. S. (2016). Análise da Influencia do Grauteamento e da
Posisão Das Armaduras Na Ligação Viga-Pilar Em Estruturas de Concreto Pré-
Moldado. Uberlândia – MG, 173 pp, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Feciv-UFU.
ABNT NBR 9062:2017 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-
moldado. 3ª ed. Rio de Janeiro – RJ. ABNT 2017
ABNT NBR 6118:2014 Projeto de estrutura de concreto – Procedimento.
3ª ed. Rio de Janeiro – RJ. ABNT 2014

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