Aula 11 - Tratamento No Caminho Certo

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Introdução

Qual é o tratamento eficaz do autismo?


Por que 40 horas semanais de ABA?
Quais medicamentos são indicados?
Quais especialidades estão envolvidas na intervenção?
Como a escola e a família participam?

O tratamento terapêutico e medicamentoso do TEA é cercado de


questionamentos — tanto de pais quanto dos profissionais. Há
mitos e muitas “fake news” que atrasam o estabelecimento do
tratamento adequado, e só existe uma forma de escapar dessas
armadilhas: o conhecimento!

Não falarei simplesmente da minha experiência como pai, vou te


orientar pelo caminho do conhecimento cientificamente
comprovado. Um caminho que exige dedicação e empenho, mas
leva seu filho, paciente ou aluno à verdadeira evolução segundo o
potencial da criança.

TRATAMENTO NO CAMINHO CERTO


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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
01 Iniciando o tratamento

A primeira etapa de um tratamento eficaz é o diagnóstico, porque sem o


laudo assertivo é inviável obter o tratamento precoce e adequado.

“Dr., meu filho não teve o diagnóstico precoce,


significa que ele não irá evoluir?”

Não! Se o laudo chegar somente aos 10 anos, a criança deve ser


submetida ao tratamento da mesma forma e, sim, é possível ter evolução.
Contudo, os estudos mostram que a precocidade do diagnóstico
possibilita a intervenção durante o “pico” de neuroplasticidade da infância.

A neuroplasticidade é a capacidade de adaptação cerebral, ou seja, é a


habilidade de remodelação do cérebro que possibilita o
desenvolvimento das habilidades motoras, psicológicas,
comunicativas e sociais da criança. (Kolb B, Gibb R).

A remodelação cerebral é mediada pelas interações, experiências e


aprendizado do indivíduo durante toda a vida, mas é maior durante a
primeira infância. Por isso, as pesquisas e estudos sobre o tratamento do
TEA destacam a importância da precocidade, a fim de aproveitar a maior
“janela” de neuroplasticidade.

TRATAMENTO NO CAMINHO CERTO


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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
Saber os marcos do desenvolvimento infantil, observar os atrasos e
sinalizar ao profissional qualificado, é função dos pais e também da
equipe escolar. Não menosprezar a preocupação dos pais, avaliar com
atenção os sinais de atraso e diagnosticar o transtorno é função de todos
os profissionais — do fonoaudiólogo ao médico.

“Mas, o plano aceita somente o laudo do médico!”

Sim, mas qualquer atraso deve ser tratado, independentemente de um


diagnóstico conclusivo. Então, é função dos terapeutas fazer um laudo e
encaminhar o paciente para um médico competente. E, antes de tudo,
orientar os pais quanto aos estímulos e a intervenção que deve ser iniciada
o mais rápido possível. Afinal, não adianta ter uma suspeita ou
diagnóstico, se não há a execução de um tratamento adequado.

Em um cenário ideal, a família deveria ter acesso a clínicas especializadas


— seja pelo plano de saúde ou financiada pelo governo, a carga horária de
trabalho dos pais seria reduzida e toda a família seria engajada no
tratamento, aplicando estratégias terapêuticas em casa.

Bem, esse é o cenário ideal. Infelizmente, essa não é a realidade da maior


parte das famílias atípicas: as empresas se recusam a reduzir a carga
horária, o plano nega as terapias prescritas, a assistência pública não
disponibiliza clínicas qualificadas e os pais ficam perdidos em meio a
inúmeras informações.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
Bem, esse é o cenário ideal. Infelizmente, essa não é a realidade da
maior parte das famílias atípicas: as empresas se recusam a reduzir a
carga horária, o plano nega as terapias prescritas, a assistência pública
não disponibiliza clínicas qualificadas e os pais ficam perdidos em
meio a inúmeras informações.

Quando os médicos e terapeutas atendem a criança autista, é preciso


se informar sobre condição financeira familiar, se possui plano de
saúde, se a criança fica o dia inteiro na escola por conta do trabalho dos
pais ou se ela fica com os avós, etc. Por que essas informações são
relevantes?

É extremamente fácil prescrever 30–40 horas de terapias, o difícil é


conseguir ter a adesão. Existem variáveis sociais e financeiras que
afetam o tratamento! Cabe aos profissionais orientarem a família como
viabilizar o tratamento conforme a condição de cada família.

Humanizar o tratamento não é somente ser atencioso durante a


consulta; também é orientar, treinar e dar suporte à família por meio do
conhecimento.

Humanizar o atendimento é acolher a mãe exausta, instruí-la sobre a


possibilidade de um acompanhamento psicológico e médico. Porque a
carga psicológica e emocional dos pais, principalmente da mãe, é
pesada e desgastante.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
Em 2007, o estudo de Schmidt e Bosa, revelou que 70% das mães de
crianças autistas apresentavam indicadores de estresse.

Quanto aos sintomas decorrentes do estresse, 43% apresentam


predomínio na esfera psicológica (ex.: ansiedade diária,
hipersensibilidade emocional, apatia), 38% na física (ex.: hipertensão
arterial, taquicardia, sudorese excessiva) e 19% apresentam igualdade
entre sintomas físicos e psicológicos.

Outro estudo, realizado pela Universidade de Wisconsin (2010),


indicou que o estresse das mães de autistas é equivalente ao dos
soldados em guerra.

Os terapeutas são os profissionais que acompanham


de perto a criança, mas isso não exime a
responsabilidade médica de orientar a família.

O laudo médico deve ir além dos critérios de diagnóstico do DSM-5 e


classificação do CID-11.

O médico precisa orientar a família, explicar o que é o autismo (imagine o


impacto de receber o diagnóstico de um transtorno), indicar as terapias
necessárias, explicar quais são as especialidades profissionais envolvidas
e indicar materiais para os pais estudarem. Médicos bem capacitados
conseguem instruir em relação ao pedido inicial do plano, como solicitar o
benefício do BPC/Loas e outros direitos.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
“Thiago, essas não são obrigações médicas.” Será mesmo que o papel do
médico é limitado à prescrição de “um pouquinho de terapia e escola”?

Não acredito em tal limitação! Os profissionais da saúde compreendem


(ou deveriam compreender) a importância da precocidade no tratamento.

Quanto tempo os pais perderão buscando informações “soltas” na


internet, enquanto lidam com o luto pós-diagnóstico? Uma simples
informação no consultório médico pode evitar a perda de um tempo
valioso no tratamento.

“Dr. os médicos invalidaram a minha suspeita. O que faço?”


Infelizmente, alguns médicos podem falar que cada criança tem seu
tempo e minimizar a preocupação da mãe. Se isso está acontecendo com
você, leve seu filho para uma avaliação com outros profissionais
(fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo ou outra especialidade),
faça o acompanhamento e peça o laudo desses profissionais. Leve para o
médico as suas anotações e laudos dos especialistas, com certeza a
abordagem será diferente e você também estará mais preparado durante
a consulta!

Ter conhecimento, saber fazer perguntas direcionadas, ter informações


sobre a equipe interdisciplinar e conhecer o que a ciência diz sobre o
tratamento, protege o seu filho de um tratamento ineficaz — sem
intensidade, sem constância, sem fundamentação científica e assegura
que o tempo não seja perdido.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
02 Ciência ABA e as
terapias do autismo
Tão importante quanto a intensidade e a participação de uma equipe
interdisciplinar, é a aplicação do tratamento cientificamente comprovado.
Existem grandes estudos indicando a maior eficácia da ciência ABA no
tratamento do Transtorno do Espectro Autista.

A ciência ABA (Applied Behavior Analysis) é também conhecida como


Análise do Comportamento Aplicada, tem origem do campo de
Behaviorismo, nos estudos Skinner, sendo uma ciência que “observa,
analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento
humano e a aprendizagem” (Lear, 2004, p.4).

Camargo e Rispoli (2013) abordam que a ciência ABA também pode


ser “definida como uma ciência aplicada em situações de vida reais,
onde comportamentos apropriados e inapropriados podem ser
melhorados, aumentados ou diminuídos.” (Rispoli, 2013).

A Análise do Comportamento Aplicada envolve o ensino intensivo e


individualizado (um terapeuta por paciente) das habilidades necessárias
para a criança autista poder adquirir maior autonomia e qualidade de vida.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
A ABA pode ser aplicada por diversos profissionais (fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, psicólogo, psicomotricista, entre outros) através de
atividades lúdicas, interessantes e estimulantes para a criança,
aumentando o engajamento e diminuindo a “fuga”.

Além das sessões com Acompanhante Terapêutico especializado em ABA


(supervisionado), que podem ser realizadas em casa, na escola ou na
clínica. Os pais também devem ser treinados, assim as atividades serão
contínuas e generalizadas.

“Como saber se é ABA de verdade?”

Verifique a formação dos profissionais! Pais, não é indelicado pedir o


currículo dos terapeutas para verificar a capacitação e qual curso eles
fizeram, pois se trata do futuro do seu filho.

Aos profissionais, vocês não precisam esconder em qual fase da


capacitação estão. Seja honesto com os pais! “Tenho essa formação.” ou
“Estou estudando e me formando em tal curso.” Já vi vários estagiários
desempenhando um excelente trabalho supervisionado. E esse ponto é
fundamental: a aplicação de ABA deve ser supervisionada.

O supervisor deve ser um analista do comportamento, precisa ter pelo


menos um mestrado, ser um profissional experiente capaz de avaliar os
planos terapêuticos, os processos de aplicação e remodelação, instruindo
a equipe interdisciplinar.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
Os profissionais têm capacitação? Tem
supervisão? Ótimo! Agora é hora de observar
as etapas mínimas da intervenção com ABA.

A primeira etapa deve ser a anamnese — entrevista com a criança e a


família, onde será levantado todo o seu histórico de saúde (desde a
gestação), familiar e de desenvolvimento.

As informações coletadas são analisadas por meio de instrumentos


específicos, seguido por avaliação do comportamento e habilidades da
criança.

Após essas duas etapas, é elaborado um programa exclusivo,


individualizado e sistematizado para o desenvolvimento de habilidades
sociais, cognitivas, motoras, pedagógicas, autonomia em atividades
diárias e outras habilidades segundo a necessidade da criança. Esses
programas são conhecidos como Plano de ensino Individualizado (PEI)
— geralmente aplicado em ambiente escolar e Plano Terapêutico
Individualizado (PTI) — geralmente aplicado na clínica e em casa.

É importante que os planos tenham objetivos de curto e longo prazo


para direcionar o tratamento terapêutico. Por exemplo: se o objetivo é o
ensino da lavagem de mãos, quais são as etapas envolvidas na
atividade? Abrir a torneira, molhar a mão, colocar o sabão na palma da
mão, ensaboar entre os dedos, dorso e palma, enxaguar e secar.

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A criança abre a torneira, pega o sabão, mas não sabe ensaboar? Então o
objetivo a curto prazo é ensinar essa etapa, até ir evoluindo para as
demais e conseguir realizar a tarefa sem suporte. Todos envolvidos
(família, escola e terapeutas) devem seguir o plano com uma metodologia
unificada, evitando que gere confusão no aprendizado da criança.

Com o plano em mãos, os pais treinados e equipe escolar engajada, é


iniciada a aplicação prática nos ambientes de convivência da criança
(escola, casa, clínica, clube, igreja, etc.).

Os planos serão aplicados segundo uma determinada metodologia e as


sessões devem conter a análise de dados e registro. Ou seja, tudo que for
trabalhado, observado e referido deve ser registrado, gerando relatórios
apresentados em devolutivas regulares (a cada 3 meses) aos pais e à
equipe terapêutica.

Os relatórios de desempenho e as devolutivas são fundamentais para a


eficácia das intervenções. Durante as devolutivas entre a equipe
interdisciplinar e os pais, são determinados os próximos objetivos para
remodelação e atualização do PEI ou PTI, conforme a criança for
evoluindo.

Por que 40 horas de ABA?


Desde o começo do curso reforço que o tratamento do autismo deve ser
intenso e constante, demandando uma extensa carga horária. Não existe
resultado terapêutico com apenas 3 meses de intervenção ABA!

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Um estudo de Lovaas (1987), verificou a eficácia de intervenções
comportamentais, avaliando a intensidade e a carga horária como
uma variável importante no tratamento.

O experimento comparou 2 grupos que receberam intervenções em


quantidades distintas: o primeiro grupo recebeu um tratamento
considerado intensivo — 40h semanais, e o segundo recebeu uma
intervenção de 10h semanais ou menos.

Os resultados demonstraram que 47% das crianças que receberam o


tratamento intensivo, atingiram o desenvolvimento em diversas
áreas, como na linguagem, em habilidades acadêmicas e em
habilidades adaptativas. Enquanto, entre as crianças que receberam
tratamento de 10h, o resultado foi de apenas 2%.

Alguns pais ficam desesperados ao ver essa carga horária, entretanto a


criança pode fazer somente de 10 a 20h de ABA na clínica e mesmo assim
atingir às 40h semanais. Como?

Através das abordagens complementares aplicadas pelo mediador escolar


e pais, em diversos ambientes e oportunidades. Com o engajamento
familiar, estímulos regulares, ajuste de rotinas, melhora do sono e
diminuição do uso de telas, a evolução no desenvolvimento terá resultados
significativos. Por isso, é fundamental que pais e cuidadores também se
capacitem, entendam o que é ABA e façam o treinamento parental.

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Orientação e Treinamento parental

O ideal seria que os pais não aplicassem as 40h de intervenção, porque


existem alguns vieses que podem interferir. Além da sobrecarga
emocional e psicológica dos cuidadores, que pode ser provocado pelo
árduo processo.

Contudo, existem várias regiões do Brasil onde o acesso aos profissionais


da saúde é limitado, com um longo período de espera por uma vaga na
clínica pública e famílias que não conseguem manter o custo do plano de
saúde. Nesses casos, os pais e cuidadores precisam receber orientação e
treinamento parental para prosseguir o tratamento domiciliar.

Orientação Parental, como o próprio nome sugere, consiste numa


instrução geral aos pais sobre como é a intervenção terapêutica e
como eles devem agir diante de certos comportamentos em casa e
em outros ambientes.

Treinamento Parental difere da orientação, por treinar e modelar os


pais, capacitando-os para aplicar estratégias terapêuticas, analisar os
dados e realizar os registros. Esse treinamento é realizado pelo
Analista do comportamento, que deve realizar a anamnese completa,
compreender profundamente a organização familiar (quem são os
cuidadores, suas funções, rotina e recursos), a fim de organizar um
planejamento que faça sentido na dinâmica familiar.

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Módulo 3 - Do diagnóstico ao tratamento
Lembrando que, tanto a equipe interdisciplinar quanto o acompanhante
terapêutico (responsável pelo treinamento parental), devem ser
supervisionados por um analista do comportamento capacitado e
experiente.

Quais profissionais devem compor


a equipe interdisciplinar?

São diversas especialidades que podem compor a equipe:


psicólogo, psicopedagogo, psicomotricista, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, profissional de
educação física, musicoterapeuta e acompanhante terapêutico.

De quais atendimentos terapêuticos a criança precisa? Depende


dos prejuízos sociais, motores, cognitivos, comportamentais e
comunicativos de cada indivíduo , bem como o nível de suporte.
Os fatores que determinam as especialidades, a carga horária e
a formulação do plano terapêutico devem ser avaliados pelo
médico e terapeutas. Portanto, não existe um plano terapêutico
que pode ser “copiado e colado” — a intervenção deve ser
individualizada e humanizada.

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03 Tratamento medicamentoso

Não existe medicamento para tratar o autismo. A prescrição de medicações


visa minimizar os comportamentos excessivos que comprometem o
desenvolvimento e não são controlados por meio das terapias.

Particularmente, discordo da prescrição de risperidona para crianças de 2 -


3 anos que acabaram de receber o diagnóstico. Muitas vezes, a criança está
com uma rotina desorganizada, alta exposição às telas, alterações no sono
e ainda não recebeu o tratamento terapêutico correto — é praticamente
impossível ela não apresentar um comportamento desafiador e disruptivo.

Agora, por exemplo, a mesma criança recebeu intervenção terapêutica, a


rotina e sono foram ajustados, houve uma redução no uso de telas, os pais
e escola estão engajados no tratamento; mas, aos 5 anos, os resultados
estão aquém do esperado e o comportamento continua extremamente
inquieto, aversivo e desatento. A criança precisa tomar medicamento!

Vejo muitos pais e cuidadores receosos em relação ao tratamento


medicamentoso.

Porém, quando existe uma indicação assertiva, a medicação ajuda a


“estabilizar” o comportamento, permitindo que a criança consiga ter maior
tempo de atenção e aprender as habilidades fundamentais para o
desenvolvimento.

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No tratamento comportamental, o medicamento amplamente conhecido é
a risperidona. Seguido da melatonina, a qual é um hormônio que ajuda a
regular o sono. Em casos específicos, a periciazina (neuleptil) pode ser
usada em crianças menores. Estudos recentes estão mostrando a eficácia
do canabidiol nos casos de crise epiléptica refratária. A ritalina também é
utilizada em casos de pacientes (crianças maiores) com diagnóstico
comórbido de TDAH.

Existem várias medicações, utilizadas em diferentes quadros e


comorbidades. Meu intuito não é divulgar os fármacos como “solução”
para seu filho, mas sim, como um tratamento complementar em casos
específicos — criteriosamente avaliados por médicos capacitados.

E a suplementação? Como disse anteriormente, as crianças autistas


podem apresentar distúrbios gastrointestinais, seletividade alimentar,
dificuldade na absorção de nutrientes e outras alterações fisiológicas que
impactam na evolução. Assim como no uso de medicamentos, a
suplementação deve ser precedida por uma avaliação criteriosa por meio
de exames laboratoriais, verificando a carência nutricional da criança.

Por exemplo, o ômega 3 ajuda na melhoria da função cognitiva. O


magnésio ajuda no sono e relaxamento muscular. O ferro participa da
síntese proteica, melhora a hemoglobina que transporta o oxigênio e
nutrientes para cada célula. A vitamina D (em doses adequadas) é
essencial no crescimento infantil.

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O tratamento no autismo engloba ajuste da base da infância (explicado
nas primeiras aulas), terapias com ciência ABA (casa, escola e clínica),
administração de medicamentos e suplementação — em casos
específicos.

O conjunto das estratégias associado ao engajamento familiar é o


caminho para a evolução no espectro.

Ainda há um abismo para que isso aconteça em todos os lares, porém


cada vez mais temos cursos e treinamentos que podem mudar essa
realidade, capacitando pais e profissionais.

A base do tratamento é amor, resiliência


e o máximo que você pode fazer.

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Referências
Kolb B, Gibb R. (2011). Brain plasticity and behaviour in the developing
brain. J Can Acad Child Adolesc Psychiatry.

Lear, Kathy. (2004). Ajude-nos a aprender, Manual de treinamento em ABA


parte 1. Ed. Toronto.

O.Ivar Lovaas. (1987). Behavioral Treatment and Normal Educational


Functioning in Young Autistic Children. Journal of Consulting and Clinical
Psychology. Vol 55.

Schmidt, C.; Bosa, C. (2007). Estresse e auto-eficácia em mães de pessoas


com autismo. Arq. bras. psicol. [online]. vol.59.

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