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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ALIMENTOS


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS
CAMPUS CAMPO MOURÃO

JÉSICA ANTÔNIA MASSON MATOS

ANÁLISE DE MATÉRIAS ESTRANHAS E SUJIDADES NO AÇÚCAR MASCAVO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CAMPO MOURÃO
2018
JÉSICA ANTÔNIA MASSON MATOS

ANÁLISE DE MATÉRIAS ESTRANHAS E SUJIDADES NO AÇÚCAR MASCAVO

Trabalho de Conclusão de curso de Graduação,


apresentado à disciplina de Trabalho de
Diplomação, do curso Superior de Tecnologia
em Alimentos do Departamento Acadêmico de
Alimentos da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná-UTFPR, como requisito parcial para
Obtenção do título de Tecnólogo. Orientadora:
Profa. Dra. Márcia Regina Ferreira Geraldo
Perdoncini.

CAMPO MOURÃO
2018
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Campo Mourão

Departamento Acadêmico de Alimentos


Curso Superior de Tecnologia em Alimentos

TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DE MATÉRIAS ESTRANHAS E SUJIDADES NO AÇÚCAR MASCAVO

Por

JÉSICA ANTÔNIA MASSON MATOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em 14 de junho de 2018


como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo de Alimentos. A candidata
foi argüida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados.
Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho APROVADO.

___________________________________________
Profª. Dra. Márcia Regina Ferreira Geraldo Perdoncini.
Orientadora

___________________________________________
Profª. Roberta de Souza Leone
Membro da banca

___________________________________________
Profª. Idinea Fernandes dos Santos Pereira
Membro da banca

___________________________________________________________________
Nota: O documento original e assinado pela Banca Examinadora encontra-se na Coordenação do
Curso de Tecnologia em Alimentos da UTFPR Campus Campo Mourão.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, a Jesus Cristo e Nossa Senhora Aparecida


por ter me dado, inteligência e força para superar todas as dificuldades e ter
conseguido chegar até aqui, me permitindo viver esse momento, trazendo alegria a
mim e aos meus familiares.
A minha família, meus pais: Antônio Vieira Matos, e minha Querida mãe
Marinalva Masson Matos que me apoiarão para não desistir apesar dos problemas
enfrentados.
A minha avó Ilda de Souza Masson, pelo carinho e incentivo, (in memorian) do
meu avô Avelino Masson que não está presente entre nós, mais que está em meu
coração eternamente, um exemplo de homem que sempre dizia para nunca desistir
dos seus sonhos apesar das dificuldades.
Ao meu Amado filho Enzo Gabriel Masson Matos Correa a minha razão de
viver, e me fazer superar os obstáculos enfrentados.
A orientadora Profa. Dra. Márcia Regina Ferreira Geraldo Perdoncini por toda
sua atenção, e carinho e dedicação, paciência, disposição e esforço, dividindo o seu
tempo e conhecimento comigo, para que eu pudesse ter confiança e segurança na
efetuação deste trabalho. À Universidade Tecnológica Federal Do Paraná a quem
devo tudo minha formação acadêmica e pela acolhida nesses anos de luta.
E a todos os meus amados professores que tive a oportunidade de conhecer
durante as disciplinas, que compartilharam de seus conhecimentos, contribuindo não
apenas com meu crescimento profissional, mas também com meu crescimento
pessoal. E a todos os colegas da UTFPR que fizeram parte dessa minha jornada. As
professoras membros da banca, pelos ensinamentos e também pelas correções e
sugestões apresentadas.
RESUMO

MATOS, J.A.M. Análise de Matérias Estranhas e Sujidades no Açúcar Mascavo.


52 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia de Alimentos) - Universidade
Tecnológica Federal Do Paraná (UTFPR) Campo Mourão, 2018.

Existem dois tipos de açúcar mascavo, tipo granulado ou batido, e açúcar


mascavo, tipo cristalizado. O açúcar mascavo é produzido geralmente por indústrias
de pequeno porte ou empresa familiar. Deve também ser isento de matéria terrosa,
de parasitas e de detritos animais ou vegetais. Nas preparações microscópicas deverá
demonstrar ausência de sujidades, de parasitas e de larvas de insetos ou de seus
fragmentos. A microscopia em alimentos é uma técnica micro analítica que pode ser
utilizada no controle de qualidade para identificação dos componentes de um produto,
permitindo constatar se os produtos estão de acordo com as especificações.
Considerando a importância da qualidade dos alimentos, este trabalho teve como
objetivo verificar a presença de matérias estranhas e sujidades em amostras de
Açúcar Mascavo comercializado. Foram avaliados os níveis de contaminação por
matérias estranhas e sujidades em 27 amostras de açúcar mascavo. Nas análises
microscópicas, 55,56% das amostras estavam com matérias estranhas e sujidades.

Palavras-Chave: Açúcar Mascavo, Matérias estranhas, Microscopia, Qualidade


Alimentos.
ABSTRACT

MATOS, J.A.M. Analysis of strange materials and dirtiness in the brown sugar.
52 f. task of course conclusion (Food technology) – Federal technologic University of
Paraná (UTFPR) Campo Mourão, 2018.

There are two kinds of brown sugar, the granulated or beaten kind, and brown
sugar, crystallized kind. The brown sugar is usually produced by small industries or
familiar companies. It must also be exempt of land materials, of parasites and of animal
or vegetal detracts. In the microscopic preparations it must show absence of dirtiness,
of parasites and of insect larvas or its fragments. The microscopy in the food is the
micro analytical technic that can be used to control the quality to identify the
components of a product; it was found that the products are according to the
specifications. Considering the importance of the food quality, this task had the aim of
verify the hygienic sanitary conditions of the brown sugar commercialized in the
market. The levels of contamination by foreign matter and dirt in 27 brown sugar
samples were evaluated. In the microscopic analyzes, 55.56% of the samples were
with foreign matter and dirt.

Key - words: Brown sugar, strange materials, microscopy, Food quality.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Moendas .................................................................................................... 15


Figura 2. Caixa de Aquecimento ............................................................................... 17
Figura 3. Tacho ......................................................................................................... 18
Figura 4. Batedeira .................................................................................................... 20
Figura 5. Peneira Giratória ........................................................................................ 21
Figura 6. Fluxograma do processo de obtenção de açúcar mascavo ....................... 23
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Informações das amostras de açúcar mascavos identificados................ 40


Tabela 2 – Matérias estranhas encontradas nas amostras de açúcar Mascavo ....... 43
Tabela 3 – Perfil de matérias estranhas em amostras de açúcar mascavo .............. 44
LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1 – Estimativa de produtividade de cana de açúcar por região .................... 06


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 01
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 03
2.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 03
2.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 03
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 04
3.1 HISTÓRICO E ASPECTOS ECONÔMICOS DA CANA DE AÇÚCAR ................ 04
3.1.1 ESTIMATIVA DE PRODUTIVIDADE ................................................................ 05
3.2 MATÉRIA-PRIMA ................................................................................................ 06
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA .................................................... 08
3.3 CULTIVO DA CANA DE AÇÚCAR ...................................................................... 08
3.3.1 CONDIÇÕES DE COLHEITA ........................................................................... 09
3.4 COMPOSIÇÃO DO CALDO DE CANA DE AÇÚCAR ......................................... 09
3.5 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO AÇÚCAR MASCAVO................................. 12
3.5.1 AÇÚCAR MASCAVO ....................................................................................... 12
3.5.2 ETAPAS DE PRODUÇÃO................................................................................ 12
3.5.3 Corte da Cana .................................................................................................. 12
3.5.4 Carregamento e Transporte da Matéria-Prima ................................................. 13
3.5.5 Limpeza da Cana ............................................................................................. 13
3.5.6 Moagem da Cana ............................................................................................. 14
3.5.7 Decantação e Filtração do Caldo ..................................................................... 15
3.5.8 Purificação e Limpeza do Caldo ....................................................................... 16
3.5.9 Concentração do Caldo .................................................................................... 17
3.5.10 Determinação do “Ponto” .............................................................................. 19
3.5.11 Arrefecimento e Cristalização ......................................................................... 19
3.5.12 Peneiragem e Resfriamento do Açúcar Mascavo .......................................... 20
3.5.13 Empacotamento e Pesagem .......................................................................... 22
3.5.14 Armazenamento ............................................................................................. 22
3.5.15 FLUXOGRAMA DA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR ............................................. 22
3.6 TIPOS DE AÇÚCAR............................................................................................ 23
3.6.1 Açúcar mascavo ............................................................................................... 24
3.7 HISTÓRICO DA MICROSCOPIA ALIMENTAR................................................... 24
3.7.1 MICROSCOPIA DE ALIMENTOS .................................................................... 25
3.7.2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................... 25
3.7.3 HISTOLOGIA E MATÉRIAS ESTRANHAS ...................................................... 26
3.7.4 MATÉRIAS ESTRANHAS DE ORIGEM NÃO BIOLÓGICA ............................. 27
3.7.5 PROCEDIMENTO LABORATORIAL ................................................................ 27
3.7.6 IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS HISTOLÓGICOS VEGETAIS .................. 27
3.7.7 PREPARO DA AMOSTRA ............................................................................... 27
3.7.8 FILTRAÇÃO ..................................................................................................... 28
3.7.9 PREPARO DA LÂMINA.................................................................................... 28
3.7.10 IDENTIFICAÇÃO HISTOLÓGICA .................................................................. 28
3.7.11 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE MATÉRIAS ESTRANHAS ................ 28
3.7.12 MÉTODOS MACRO ANALÍTICOS ................................................................. 29
3.7.13 MÉTODOS MICRO ANALÍTICOS .................................................................. 29
3.7.14 MATÉRIAS ESTRANHAS E CLASSIFICAÇÃO DE SUJIDADES .................. 30
3.8 FRAUDES EM ALIMENTOS ............................................................................... 31
3.8.1 TIPOS DE FRAUDES....................................................................................... 31
3.9 FORMAS POSSÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO POR MATÉRIAS ESTRANHAS .. 33
3.9.1 MATÉRIAS ESTRANHAS E SUAS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE
HUMANA ................................................................................................................... 35
3.9.2 LEGISLAÇÃO................................................................................................... 36
3.9.3 RESOLUÇÃO – CNNPA n°12, de 1978 ........................................................... 36
3.9.4 Normatização Brasileira relativa a açúcar mascavo, melado e rapadura,
resolução 12/33 de 1978 da comissão nacional de normas e padrões para alimentos
.................................................................................................................................. 36
3.9.5 AÇÚCAR MASCAVO ....................................................................................... 36
3.9.6 PORTARIA N° 1.248/93 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE .................................... 37
3.9.7 CONTROLE DE QUALIDADE .......................................................................... 38
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 39
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 39
4.1.1 MÉTODOS UTILIZADOS ................................................................................. 39
4.1.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ............................................................................. 39
4.1.3 AMOSTRAS UTILIZADAS E PREPARO .......................................................... 39
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 41
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 45
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 46
1

1 INTRODUÇÃO

Com a ocorrência de doenças associados ao consumo de alimentos contendo


aditivos, pesticidas, toxinas naturais ou ainda outros tipos de substâncias tóxicas, a
população vem cada vez mais se tornando rigorosa, remodelando seus hábitos
alimentares, buscando por produtos de qualidade e que não tenham sido sujeitos à
adição de muitos produtos químicos ou processamentos industriais severos em sua
fabricação. Devido a esta procura por produtos naturais o uso do açúcar mascavo vem
aumentando (VERRUMA-BERNARDI, M. R. et al. 2010).
O açúcar é utilizado desde a antiguidade, onde a cana-de-açúcar não era
cultivada no campo em grande escala para fins comerciais e sim para o consumo
próprio. A fabricação de açúcar em escala industrial foi desenvolvida pela primeira vez
no Egito, tendo inicio no século IX. Com o reconhecimento do valor comercial do
açúcar, vários países da América Central, do continente Africano, desenvolveram
tecnologia, tornando-se Cuba a região de maior produção de açúcar do mundo. No
Brasil, a cana-de-açúcar foi trazida da Ilha da Madeira para São Vicente, Espírito
Santo, Ilhéus na Bahia, Itamaracá em Pernambuco (ARAÚJO, 2007).
A cana de açúcar pertence à família das gramíneas, sendo a espécie mais
nobre a conhecida como Saccharum officinarum L., originaria do sudeste da Ásia onde
é cultivada desde épocas remotas. Com decorrer dos tempos, a cana de açúcar
passou por diversos estágios de melhoramento, estando atualmente a sua cultura
alicerçada em variedades híbridas obtidas através de cuidadosos trabalhos de
seleção. As primeiras variedades de cana de açúcar no Brasil nas décadas de 40 a
60 foram produzidas pela estação experimental de Campos, estado do Rio de Janeiro.
O açúcar é um alimento que faz parte da dieta de todos os povos, fornecendo energia
de fácil e rápida assimilação (DELGADO A.A.; DELGADO, A.P. 1999).
Segundo a resolução 12/33 de 1978, da Comissão Nacional de Normas e
Padrões para Alimentos (CNNPA) do Ministério da Saúde define açúcar como a
sacarose obtida de cana por processos industriais adequados (ANVISA, 2017).
Existem dois tipos de açúcar mascavo, tipo granulado ou batido, e açúcar mascavo,
tipo cristalizado (DELGADO, A.A ; DELGADO, A.P. 1999). O açúcar mascavo é
composto de sacarose, frutose, glicose, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, sódio,
ferro, manganês, zinco, vitaminas A, B1, B12, B5, C, D6 e E. Sendo assim, este açúcar
é considerado um alimento rico em sais minerais e vitaminas, sendo muitas vezes
2

recomendado na dieta de pessoas anêmicas (NATALINO R, 2006). Pesquisas


comprovam que o consumo diário de açúcar mascavo vem auxiliando na prevenção
doenças crônicas (YOUNAN, F. F.; BORBA, V. S.; MARTINS, V.G. 2014).
O açúcar mascavo é produzido geralmente por indústrias de pequeno porte ou
empresa familiar (VERRUMA-BERNARDI, M. R. et al. 2010).
Em pequenos engenhos de açúcar mascavo, tipo cristalizado (Minas Gerais),
e do açúcar mascavo granulado (São Paulo, Paraná e outros Estados), a matéria
prima ainda guarda muitas tradições, sendo cultivadas as variedades existentes há
mais de 50 anos no Brasil (DELGADO A . A ; DELGADO, A. P. 1999). O açúcar
artesanal como o mascavo e a rapadura é obtido pelo corte da cana de açúcar, logo
depois de recepcionados para a limpeza e a seguir a moagem, onde é feito o
esmagamento de colmos de cana de açúcar, em moenda para a extração do caldo. O
caldo é peneirado inicialmente para eliminar matérias estranhas e sujidades que
possam ter sido incorporadas na moagem, como pedaços de bagaço. Após, a garapa
é aquecida e tratada com leite de cal para correção da acidez (VERRUMA-
BERNARDI, M. R.et al. 2010). O açúcar mascavo deve conter um mínimo de 90% de
sacarose. A fase de purificação e de limpeza do caldo de cana para a produção do
açúcar mascavo é uma das mais importantes do processo produtivo. A fase de
limpeza do caldo se limita apenas com a retirada das sujidades flotadas (bagacinho,
ceras, proteínas, gravetos, etc.), com o auxilio de uma escumadeira. É importante a
retirada de impurezas antes da fervura do caldo para não ocorrer, pela sua ebulição,
a dissolução das mesmas. Devido à presença de algumas impurezas o açúcar
mascavo pode ficar mais escuro. Portanto, tudo deve ser feito com cuidado e higiene.
Para evitar quedas de mosquitos, vespas, abelhas e outros insetos, a sala de
concentração deve ser protegida por telas, segundo exigências da anvisa com a
resolução de boas práticas de fabricação. Até a fase final em que o xarope atinja a
condição de alta concentração, o operador deve retirar continuamente as impurezas
(DELGADO A. A.; DELGADO, A. P. 1999).
O açúcar mascavo não é submetido a processo de clarificação do caldo,
neste caso não há operação suficiente para remover sujidades que poderiam estar
presentes no caldo. Dessa forma o produto apresenta um aspecto marrom claro a
escuro, é denso e pesado, com sabor semelhante à rapadura moída. Possui umidade
elevada, em geral superior a 5%, alta concentração de açúcares, conteúdo de
3

minerais e traços de vitaminas, e, sobretudo um grande valor nutricional (ARAÚJO, E.


R. et al. 2009).
A microscopia em alimentos é uma técnica micro analítica que pode ser
utilizada no controle de qualidade para identificação dos componentes de um produto,
permitindo constatarem-se os produtos estão de acordo com a legislação. O exame
microscópico fornece informações importantes sobre a qualidade do alimento quanto
à possíveis agentes contaminantes (BARBIERI, 2010; BEUX, 1997).
A legislação estabelece para açúcar mascavo, que o produto se apresente livre
de sujidades, de parasitas e larvas de insetos, assim como seus fragmentos
(DELGADO A. A.; DELGADO, A. P. 1999).
Considerando a importância da qualidade dos alimentos, este trabalho teve
como objetivo identificar e quantificar matérias estranhas e sujidades em 27 marcas
comerciais de açúcar mascavo.

2 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivos Geral

O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade de diferentes amostras de


açúcar mascavo através da análise de sujidades e matérias estranhas.

2.1.2 Objetivos Específicos

 Avaliar qualidade de diferentes amostras de açúcar mascavo;

 Fazer um levantamento de dados de análises microscópicas;

 Extrair as sujidades e matérias estranhas das amostras;

 Analisar os resultados obtidos;

 Avaliar o impacto na saúde pública.


4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta revisão bibliográfica são apresentadas considerações gerais sobre a


cana de açúcar, principal matéria-prima do açúcar produzido no Brasil. Sendo
descritas as operações unitárias do processamento da cana de açúcar e os processos
convencionais para a produção de açúcar mascavo. Além disso, destacam-se
algumas das propriedades e implicações no processamento, dos principais
componentes do caldo de cana de açúcar, considerando os itens de maior relevância
à qualidade do produto final.

3.1 HISTÓRICO E ASPECTOS ECONÔMICOS DA CANA DE AÇÚCAR

A cana de açúcar uma gramínea que se cultivou por vários séculos, tendo como
centro de origem a região leste da Indonésia e Nova Guiné e ao longo do tempo, se
disseminou para várias ilhas do sul do Oceano Pacífico, Arquipélago da Malásia,
Indochina, e Bengala, destacando-se como planta produtora de açúcar na Índia
Tropical. Técnicas foram desenvolvidas para a produção do açúcar, estabelecendo
rotas do açúcar entre os países africanos e asiáticos, os Persas foram os principais
responsáveis por esta destreza (DELGADO; CESAR, 1977). O termo açúcar tem sua
derivação primitiva na forma sânscrita sharkara, que significa “grão”, “areia grossa” e
chegou à língua portuguesa, provavelmente, pelo árabe al zukkar. A fórmula do
processamento do açúcar passou para os árabes, que assumiram o negócio e
trouxeram mudas de cana para serem cultivadas nas terras conquistadas. Durante os
séculos 15 e 16 para enfeitar cerimônias reais e eclesiásticas, eram construídas
grandes esculturas de açúcar, na forma de navios e palácios (HISTÓRIA DO
AÇÚCAR, 2002).
A lavoura de cana encontrou, no novo continente, excelentes condições para
se desenvolver, e não foi preciso muito tempo para que, em praticamente todos os
países recém colonizados, os campos se cobrissem de cana de açúcar. Com clima
adequado e solos férteis, o sucesso foi tal que, por volta de 1584, havia no Brasil cerca
de 115 engenhos funcionando, graças ao esforços de 10.000 escravos, que
produziam em média mais de 200.000 kg de açúcar por ano, cerca de 3.000 toneladas
(HISTÓRIA DO AÇÚCAR, 2002).
5

Na procura de novas fontes de energia como alternativa à crise do petróleo na


década de 1970, o governo brasileiro passou a investir grandes quantias no cultivo da
cana de açúcar, a fim de produzir o álcool a partir da fermentação da sacarose.
Portanto, a indústria açucareira se viu usufruída, devido aos investimentos na
modernização dos engenhos, compra de novas maquinas melhoria do processo de
produção e industrialização da cana de açúcar. O açúcar começou a ser difundido na
Europa a partir do século XII.
Posteriormente em 1570 os africanos tornaram-se cada vez mais comuns, uma
vez que o número de indígenas começou a declinar rapidamente e os negros se
adaptavam melhor à rotina do trabalho (HISTÓRIA DO AÇÚCAR, 2002).
No Brasil no início do século passado, existiam cerca de 140 usinas de açúcar
mascavo, e aproximadamente 10 mil engenhos rurais. Com a fundação do Instituto do
Açúcar e Álcool, que deu início à industrialização da cana de açúcar, em meados da
década de 30, os pequenos engenhos foram desativados. Após cerca de cinqüenta
anos do início da industrialização, o que se observa é o reaparecimento das pequenas
usinas de açúcar mascavo, sobretudo em regiões que apresentam solos bem
drenados, com precipitações superiores a 1.500 mm de chuva/ano e com clima quente
e úmido. As propriedades eram e continuam sendo de pequeno e médio porte e a
sobrevivência das agroindústrias rudimentares só foi possível graças à associação
com a economia de subsistência, o que é uma forte característica das regiões
rapadureiras.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana de açúcar, tendo grande
importância para o agronegócio brasileiro. O aumento da demanda mundial, oriundo
de fontes renováveis, aliado às grandes áreas cultiváveis e condições edafoclimáticas
favoráveis à cana de açúcar, tornam o Brasil um país promissor para a exportação
dessas commoditie (CONAB, 2017).

3.1.1 ESTIMATIVA DE PRODUTIVIDADE

Para temporada 2017/18 a produtividade estimada é de 73.728 Kg/ha. Em


relação à safra passada observa-se que 1,5% são decorrentes da expectativa de
recuperação das lavouras na Região Norte-Nordeste e que 7,5% correspondem em
menor escala na Região Centro-Sul, principal produtora nacional apresenta 1,3% em
comparação com observado na safra anterior. As causas estão relacionadas às boas
6

condições climáticas a partir de outubro de 2016 que favoreceram o desenvolvimento


das lavouras e o investimento tecnológico das unidades com o uso de variedades mais
produtivas e melhores tratos culturais (CONAB, 2017). A produção de cana-de-açúcar
apresenta um decréscimo de 1,7% em sua produção, em relação à safra passada.
Portanto isso equivale a uma produção de mais ou menos 646,34 milhões de
toneladas de cana de açúcar, ante aos 657,18 milhões da safra 2016/17. Mesmo com
a melhoria da produtividade, a redução de área, observada nos principais estados
produtores da Região Centro-Sul, será responsável pela expectativa de menor
produção, quando se compara com período passado.

Gráfico 1 - Estimativa de produtividade de cana-de-açúcar por região.

Fonte: (CONAB, 2017).

3.2 MATÉRIA-PRIMA

A cana-de-açúcar pertence ao reino vegetal, da família das gramíneas poaceae


sendo a espécie mais conhecido com Sacharum officinarum, originária do sudeste da
Ásia onde e cultivada desde épocas remotas, canas dessa espécie possui colmos
grossos, muito ricos em açúcar, e são exigentes quanto ao clima e solo. São
conhecidas como canas nobres ou canas tropicais. No decorrer do tempo a cana de
açúcar passou por variados estágios de melhoramento, criando se variedades
hibridas, através da seleção e trabalhos cuidadosos (DELGADO, A. 1999).
Participa como matéria-prima em um elevado leque de produtos de significativa
importância econômica tais como: o açúcar, o álcool (anidro e hidratado), a rapadura,
7

o melado, a aguardente, e o resíduo de seu aproveitamento, tal como o bagaço,


utilizado na produção de vapor, energia elétrica, papel, plástico biodegradável, adubo,
ração animal, entre outros. Dessa forma, a cana de açúcar, e composta de um sistema
radicular, com colmos onde a sacarose e predominante e estocada, as folhas são
dispostas ao redor da cana, nos nódulos intercolmos e também na parte superior da
planta onde se localiza a gema apical (palmito) (MANTELATTO, 2005). O colmo e a
parte morfológica da cana de açúcar de maior interesse comercial, pois possui
sacarose industrializável. Fatores como: variedade da cultura; idade fisiológica,
condições climáticas durante o desenvolvimento e maturação, propriedades física,
químicas e microbiológicas do solo, tipo de cultivo entre outros, vai interferir na
composição química dos colmos (PARANHOS, 1987. et al. 2001). Em uma usina
sucroalcooleira, a escolha da variedade da cana de açúcar e de grande importância a
ser considerada, pois as variedades são responsáveis pelo fornecimento da matéria-
prima para a indústria. As variedades de cana-de-açúcar são hibridas obtidas através
de cuidados e criteriosas trabalho de melhoramento genético e seleção (MARTINS,
2004).

Existe uma grande variedade de cana de açúcar, sendo que as principais são:

 CB 45-3 (Campos - Brasil);


 SP711406 (Coopersucar - São Paulo);
 NA 56-79 (Norte da Argentina);
 CO 997 (Coimbatore-Índia);
 POJ (Proesfstation Oort-Java)
 CP 60-1 (Canal POINT-EUA);
 IANE 5517 (Instituto Agronômico do Nordeste);
 IAC 52152(Instituto Agronômico de Campinas-SP);
 RB 72454 (República do Brasil) (CENTEC 2004).

Há no Brasil 28 variedades de culturas de cana de açúcar transgênicas,


liberadas para o plantio pela comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio),
órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A cana de açúcar esta inserida
na área agrícola e industrial, estando sujeita as condições ambientais, que influenciam
8

de forma dramática na qualidade da matéria-prima, provocando uma variação ampla


de seus parâmetros de fornecimento e técnicos. Fatores como condições climáticas,
tipo de solo, tipo de colheita, maturação, determinam a qualidade da matéria-prima
que será processada (MACHADO, 2012).

3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA

Para a Produção do açúcar mascavo o produtor deve cultivar as variedades de


cana de açúcar conforme descrito abaixo:

a) Ser uma variedade rica em açúcar (sacarose);


b) Grau de maturação da cana;
c) Ter baixo teor de fibra;
d) Ter baixo teor de cinzas ou de elementos minerais;
e) Ser isenta ou de pouco florescimento;
f) Ser resistente a doenças e pragas;
g) Não emitir brotações laterais;
h) Ser de fácil despalhamento;
i) Ter baixo teor de substâncias nitrogenadas;
j) O local ou ambiente de cultivo;
k) Queima da cana;
l) Verificação das características convencionais de qualidade da cana como
o Pol, Pureza, Açúcares Redutores, pH e Acidez total (CHAVES; FERNANDES;
SILVA, 2003).

3.3 CULTIVO DA CANA DE ACÚÇAR

Para o cultivo da cana de açúcar a planta apresenta exigências bem definidas


quanto às condições climáticas para seu cultivo. A cana de açúcar se desenvolve bem
onde o clima se caracteriza por uma estação chuvosa de intensa radiação solar
seguida de período seco com menos intensidade luminosa. A temperatura ideal para
germinação é de 32°C e para o crescimento a temperatura ideal situa-se entre 20 e
28°C. Já para a fase de maturação a temperatura ótima está na faixa de 12 a 20°C, o
que influência nos teores de sacarose da cana (CASAGRANDE, 1991).
9

3.3.1 CONDIÇÕES DE COLHEITA

Para se ter bom rendimento da matéria-prima, a cana de açúcar deve ser


colhida completamente madura, para se saber o momento ideal para colheita, utiliza-
se de um refratômetro para verificar sua maturação na qual verifica o caldo se possui
uma concentração de sólidos solúveis alta. A colheita deve ser feita na época mais
seca do ano. O corte dos colmos deve ser feito rente ao solo, sendo cortada e
despalhada sem o uso de fogo, usando-se de um facão largo (goiva) ou máquinas
apropriadas. Após o corte elimina-se a ponta e as folhas secas e raízes, sendo os
colmos amarrados em feixes para facilitar no transporte. Após a cana ser cortada
deve-se ser moída dentro de 48 horas, para que não acha a inversão de açúcar
cristalizável, sendo mantida, após corte em transporte em galpões cobertos
(CENTEC, 2004).

3.4 COMPOSIÇÃO DO CALDO DE CANA-DE-AÇÚCAR

A parte morfológica da cana de açúcar de interesse comercial é o colmo, que


possui sacarose industrializável. A composição química dos colmos é extremamente
variável em função de diversos fatores como: idade fisiológica da cultura, condições
climáticas durante o desenvolvimento e maturação, propriedades físicas, químicas e
microbiológicas do solo, tipo de cultivo etc. A qualidade da cana para a indústria não
pode ser avaliada simplesmente pelo seu teor de sacarose, ainda que seja o
parâmetro mais importante, mas por todos os fatores citados, que têm conseqüências
diretas da composição tecnológica da cana (PARANHOS, 1987).
O caldo de cana está situado entre os entrenós da fase sólida na cana-de-
açúcar, considerando que esta seja um composto bifásico sólido – líquido. A fase
sólida da cana é constituída por um complexo pentoxan e lignocelulósico integrado
por fibras celulósicas que formam os entrenós. Já a fase líquida ou, o caldo de cana
propriamente dito, é uma solução aquosa contendo uma grande variedade de
compostos orgânicos e inorgânicos sendo que destes 90%, aproximadamente, são os
açúcares (SPENCER; MEADE, 1967).
Considerado como um líquido viscoso, e de cor amarela esverdeado de
aparência opaca, com uma composição química bastante complexa (PAYNE, 1989).
10

SACAROSE

A sacarose, componente de maior interesse no processamento da cana, a qual


se deseja obter na forma cristalizada, é susceptível a reações importantes. Dentre as
quais, podem ser citadas, as reações de decomposição em meio ácido e básico, por
efeito da temperatura, enzimas e microorganismos (MANTELATTO, 2005).

AÇÚCARES REDUTORES

Os açúcares redutores são monossacarídeos que possuem a capacidade de


reduzir o óxido de cobre. No caldo de cana, são representados principalmente por
glicose (dextrose) e frutose (levulose), naturalmente presentes, ou formados a partir
da hidrólise da sacarose (MANTELATTO, 2005).

ÁCIDOS ORGÂNICOS

Os ácidos orgânicos estão presentes na própria cana-de-açúcar, embora,


alguns sejam produzidos durante o processamento do caldo, por degradação alcalina
da glicose e frutose, ou ainda por degradação microbiológica (BRUIJN2, 1986, apud
DOHERTY; RACKEMANN, 2008). No caldo de cana entre os ácidos orgânicos
identificados encontram-se o cítrico, málico, oxálico, acético, mesacônico, succínico,
fumárico, seríngico e aconítico.

COMPOSTOS NITROGENADOS

O caldo de cana-de-açúcar contém, em média 200-600 ppm de nitrogênio, do


qual cerca de 60% está presente como amônia e amino-compostos. Os compostos
nitrogenados compreendem amidas de aminoácidos (asparagina e glutamina),
compostos de alta massa molecular (proteínas) e aminoácidos (ácido aspártico e
glutâmico) (SHARMA; JOHARY, 1984).
CERAS E LIPÍDEOS

Na cana de açúcar estes compostos estão presentes, em maior quantidade,


na casca e na região dos colmos. As ceras são incorporadas ao caldo de cana durante
11

o processo de extração, em maior ou menor quantidade, dependendo da temperatura


da água (HONIG, 1953; COPERSUCAR, 1987).

CORANTES

Certos componentes do caldo de cana de açúcar apresentam-se em pequenas


quantidades, porém, seu impacto no processamento e na qualidade do produto final
é de extrema significância. Neste sentido, destacam-se os corantes, os quais
representam apenas 17% de 1% dos não açúcares contidos no caldo de cana
(HONIG, 1953). Dentre os principais corantes da cana de açúcar que aparecem no
caldo misto, destacam-se as clorofilas (pigmentos fotossintéticos verdes), caroteno
(amarelo), xantofilas (amarelo) e os flavonóides (flavonas, flavonóis, chalconas,
catequinas e antocianinas) (MERSAD et al., 2003). Do ponto de vista do
processamento do açúcar o grupo dos flavonóides é o mais crítico, sendo responsável
por 30%, em pH 7,0, da cor no açúcar mascavo.

POLISSACARÍDEOS

Os polissacarídeos são compostos de alta massa molecular e têm efeito direto


na qualidade do açúcar. Eles aumentam a viscosidade das soluções de açúcar,
reduzem a taxa de filtração, retardam o crescimento do cristal e causam a distorção
do cristal de açúcar. Os principais polissacarídeos presentes no processamento da
cana-de-açúcar compreendem amido, dextranas, polissacarídeos nativos da cana –
ISP (Indigenous Sugarcane Polysaccharides, polímero de arabinose, galactose e
ácido glucurônico) e sarkaran (polímero de glicose) (ROBERTS et al., 1976).

COMPOSTOS INORGÂNICOS

Os elementos inorgânicos presentes na cana de açúcar ocorrem em forma de


sais, íons, integrantes de complexos moleculares orgânicos ou como compostos
insolúveis. Os cátions essenciais são o potássio, elemento que aparece em maior
quantidade (60% das cinzas presentes no caldo), cálcio, ferro, alumínio, sódio,
magnésio, manganês, cobre, zinco e boro. Entre os ânions destacam-se os fosfatos,
cloretos, sulfatos, nitratos, silicatos e oxalatos (CHEN; CHOU, 1993).
12

3.5 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO AÇÚCAR MASCAVO

3.5.1 AÇÚCAR MASCAVO

O açúcar mascavo era até o século XIX o principal derivado da cana de


açúcar. Durante o século XX a produção desse tipo de açúcar declinou, sendo
substituído lentamente pelo açúcar branco, cristal ou refinado. Na década de 50 a
produção de açúcar mascavo se tornou insignificante, sendo produzido
artesanalmente somente para consumo doméstico do próprio produtor. Entretanto, a
partir da década de 90 a demanda por açúcar mascavo ressurgiu e a sua produção
voltou a crescer (PÉREZ, O. et al , 2012).

O açúcar mascavo é produzido a partir do caldo de cana extraído pelo


esmagamento dos colmos maduros da cana de açúcar. Este açúcar não é submetido
a processos mais elaborados de clarificação do caldo, ou seja, não há operação
suficiente para remover impurezas que poderiam estar presentes no caldo. Assim, o
produto tem aspecto marrom claro a escuro, é denso e pesado, com sabor semelhante
à rapadura moída (CHAVES, 1998). O Açúcar mascavo é composto de sacarose,
frutose, glicose, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, sódio, ferro, manganês, zinco,
vitaminas A, B1, B12, B5, C, D6 e E. Portanto, o açúcar e considerado um alimento
rico em sais minerais e vitaminas, sendo muitas vezes recomendado na dieta de
pessoas anêmicas (SILVA, 2003).

3.5.2 ETAPAS DE PRODUÇÃO

3.5.3 CORTE DA CANA

Mais de 80% da cana colhida é cortada à mão; o corte é precedido da queima


da palha da planta, o que torna o trabalho mais seguro e rentável para o trabalhador.
Mas a mecanização avança. No Estado de São Paulo, 25% da área plantada estão
sendo colhida por máquinas. A legislação paulista estipula prazos para que o fogo
deixe de ser usado no manejo da cana. O corte da cana para produção do açúcar
mascavo deve seguir alguns procedimentos, a cana deve apresentar uma maturação
ideal que é atingida num período de 12 a 18 meses após a plantação, dependendo da
13

variedade. Os solos onde a cana é cultivada devem estar tratados corretamente


quanto ao teor de azoto, fósforo e potássio. Se a cana estiver verde ou queimada não
vai produzir a cristalização necessária para a produção deste açúcar. O corte da cana
deve acontecer no mesmo dia em que esta vai ser processada, sendo o corte feito em
bisel de modo a facilitar a entrada na moenda (CHAVES, J.B. P, FERNANDES, A.R,
SILVA, C.A. B, 2003).

3.5.4 CARREGAMENTO E TRANSPORTE DA MATÉRIA - PRIMA

Depois de cortada,a cana segue para o carregamento e transporte. A cana


quando entra na indústria é pesada para o controle de quantas toneladas são moídas
por dia e para avaliar o rendimento no campo. Um rendimento pequeno no campo
requer intervenções como a correção do solo para que produza mais cana. (CHAVES,
J.B. P, FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B 2003).

3.5.5 LIMPEZA DA CANA

No processo de elaboração do açúcar mascavo, não há operação suficiente


para remover algumas impurezas que poderão estar presentes no caldo de cana. Para
atender às exigências de qualidade, há necessidade de maior cuidado na limpeza
antes da moagem, a fim de reduzir a contaminação por terra e outros materiais
estranhos (CHAVES, J.B. P, FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B, 2003). A cana ao
chegar à unidade de processamento deve ser limpa, retirando-se o máximo de folhas.
Usam-se jactos de água para retirar a cera e outras sujidades. Nas pequenas
instalações de produção artesanal, não há condições para a lavagem da cana.
Entretanto, pequenas adaptações e pouco investimento seriam suficientes para incluir
esta operação. É evidente que há necessidade de água potável para este fim. Uma
característica importante da cana para os pequenos engenhos é a facilidade da
despalha uma vez que estas instalações não realizam a queima da cana antes do
corte. O excesso de palha na cana aumenta a sujidade no caldo, afetando a qualidade
dos produtos, além de reduzir o desempenho do engenho pelo aumento da
quantidade de fibra (SPOSITO, C.M. D, 2013).
14

3.5.6 MOAGEM DA CANA

A moagem da cana deve acontecer, no máximo 36 horas após o corte da cana.


As moendas devem ser lavadas antes e depois da moagem. O processamento da
matéria-prima se inicia com a moagem da cana para extração do caldo. A cana chega
à indústria muitas vezes já picada e segue para as moendas onde passa
primeiramente por um desfibrador que tem por objetivo o retalhamento da cana
facilitando a extração do caldo pelas moendas. A cana retalhada (rasgada) é
conduzida para a moagem, onde são utilizados na moenda (figura 1) para extração
do caldo um pré–rolo, um rolo superior e dois rolos inferiores, que exercem uma força
de compressão sobre cana. O nome dado a esse conjunto de rolos éterno de moenda.
A eficiência de extração do caldo é de 80 a 85% (SPOSITO, C.M. D, 2013).
Esse caldo segue para uma peneira giratória de bagacilho localizado acima das
moendas. Esta peneira tem por finalidade a retirada do bagacilho contido no caldo,
diminuindo a quantidade de sujidades e aumentando a eficiência do processo de
decantação. Depois de peneirado o caldo segue para o decantador, e o bagacilho
retirado volta novamente para moendas para não haver perdas no processo de
extração do caldo, e logo após segue para caldeira onde é utilizado para geração de
energia para a própria agroindústria. Esse bagaço tem em torno de 15 a 20% de
umidade e a cada tonelada de cana moída são produzidos aproximadamente 250 Kg
de bagaço. O tamanho da moenda é dado em polegadas podendo ser de 16 x 24
polegadas. A capacidade de TCH (Tonelada de Cana moída por Hora) é equivalente
a 10 toneladas de cana/H. Na figura 1 pode-se observar a figura de uma moenda
utilizada pela agroindústria (SPOSITO, C.M. D 2013). Este local é lavado 2 vezes por
dia com água quente e 1 vez por semana com água quente e soda, fazendo assim a
limpeza de todas as peças, condutores e caixa, para eliminação das bactérias.
Por ser uma etapa onde o caldo fica em contato com o equipamento, condições
inadequadas de limpeza podem causar contaminação e fermentação do caldo,
ocorrendo uma diminuição da quantidade da sacarose. Por este motivo, essa etapa
pode ser considerada um Ponto Crítico de Controle no processo. Não é indicada a
lavagem da cana picada por ter muitas partes expostas, podendo ocorrer uma perda
grande de açúcar. Éimportante frisar que o operador desse processo deve estar
15

usando os equipamentos de proteção individual adequados, por exemplo, as luvas de


aço, óculos, capacete e botas ou sapato de borracha (SPOSITO, C.M. D 2013).

Figura 1: Moendas
Fonte: (SPOSITO, C.M. D 2013)

3.5.7 DECANTAÇÃO E FILTRAÇÃO DO CALDO

Após a separação dos bagacilhos, o caldo deve ser conduzido a um decantador


para serem retiradas impurezas sólidas como terra, areias e outras. O decantador
consiste de uma caixa com seis repartições, com telas em tamanhos diferentes para
filtração. Para uma boa limpeza do caldo devem ser usadas telas intermédias (média,
fina e finíssima) entre o decantador e a tacha. O caldo passa por essas repartições,
de modo que as impurezas fiquem retidas nas telas e no fundo do tanque de
decantação, saindo apenas o caldo limpo (SPOSITO, C.M. D, 2013). O mesmo é
levado para uma caixa de reservatório de garapa com capacidade de 2 mil litros, e as
impurezas direcionadas para as lagoas de decantação. Nessa etapa ocorre o controle
de pH através de peagâmetro. Se o pH do caldo estiver abaixo de 6,0 é necessário
adicionar o leite de cal na etapa de cozimento, para a neutralização do mesmo. A
quantidade de caldo extraído por dia é controlado automaticamente por um medidor,
que fica ao lado da caixa de reservatório de garapa. Quanto mais eficaz for esta etapa,
16

mais fácil será a seguinte e mais qualidade de produto será assegurada (SPOSITO,
C.M. D, 2013).

3.5.8 PURIFICAÇÃO E LIMPEZA DO CALDO

Nesta fase do processo são retiradas as impurezas em forma de espuma. Isto


éfeito com o caldo quente, ou seja, o caldo e aquecido através de uma serpentina
(caixa de aquecimento) (figura 2) até aproximadamente 90ºC. Com este processo se
faz a remoção de substâncias que floculam pelo calor. Quando o caldo sai do
decantador ele ainda contém algumas impurezas que podem ser constituídas de
folhas, proteínas coaguladas, ceras, etc. Àmedida que essa caixa é aquecida, essas
impurezas sobem para superfície do caldo na forma de espuma (CHAVES, J.B. P,
FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B, 2003). O operador dessa etapa deve prestar muita
atenção, para que as impurezas não sejam levadas com o caldo para o evaporador,
porém antes da concentração já que nesta etapa a mistura atinge a temperatura de
ebulição, podendo ocorrer dissolução das impurezas, ocasionando problemas na
obtenção do produto final, como não atingir o ponto do açúcar mascavo ou adquirir
um produto de cor muito escura. Portanto, assim que caldo segue para o evaporador,
fica na serpentina apenas a espuma contida de impurezas, que é retirada pela
lavagem da caixa. Esse processo exige muito cuidado e higiene do colaborador. Na
figura 2 é possível visualizar a caixa de aquecimento utilizada na agroindústria.
17

Figura 2: Caixa de Aquecimento


Fonte: (SPOSITO, C.M. D 2013).

3.5.9 CONCENTRAÇÃO DO CALDO

Logo após o caldo estar totalmente limpo é direcionado para o evaporador na


qual ira evaporar a água para inicio da concentração. Essa etapa tem por finalidade a
remoção da maior parte de água existente no caldo, durando em torno de 30 minutos
a uma temperatura de 120°C. O teor de sólidos solúveis fica entre 55 a 65ºBrix
(CHAVES, J.B. P, FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B 2003). O evaporador é do tipo
vertical, com capacidade de 1000 litros, sendo que dessa quantidade de caldo é
retirada ao final uma quantidade de xarope de 600 litros. Este equipamento é lavado
de 6 em 6 horas com água quente em torno de 90ºC e 1 vez por semana com acido
cítrico com o auxilio de um escovão. A seguir o xarope grosso adquirido no processo
de concentração é direcionado para os tachos (figura 3). O volume do líquido vai
diminuindo gradualmente, o caldo vai ficando cada vez mais denso até atingir o
“ponto”do açúcar mascavo, também chamado em alguns lugares de massa cozida.
Nestes tachos, o xarope é lentamente concentrado até que se obtenha a condição de
supersaturação, o teor de sólidos solúveis nessa etapa gira em torno 82 a 85 ºBrix.
Este processo dura aproximadamente 20 minutos (CHAVES, J.B. P, FERNANDES,
A.R, SILVA, C.A. B 2003).
18

Figura 3: Tacho
Fonte: (SPOSITO, C.M. D 2013).

Como o pH do caldo da cana de açúcar que chega na indústria normalmente


está entre 4,0 e 5,0, faz-se necessário a adição do leite de cal ao xarope na etapa de
cozimento nos tachos, até que se atinja um pH em torno de 6,0. Esta é uma etapa
crítica para o processo, já que, se uma quantidade de leite de cal menor que a
quantidade necessária for adicionada, o caldo pode ficar ácido e turvo e assim ocorrer
à perda de açúcar por inversão da sacarose; já a adição de leite de cal em excesso
pode deixar o produto com cor muito escura. O operador deve ter muita atenção nesse
processo, para não deixar que ocorra a queima de açúcar. Por isso, a massa deve ser
mexida sem parar. Qualquer descuido operacional pode levar à inversão da sacarose,
o que gera muita dificuldade para se obtiver o açúcar mascavo. A massa de açúcar
assume a forma de puxa – puxa e não adquiri o ponto de esfarelamento. Este caso
ocorre devido à grande porcentagem de açúcares redutores formados (glicose e
frutose). Por outro lado, os açúcares redutores em teores aceitáveis na massa de
açúcar, além de contribuírem para maior insolubilização da sacarose, facilitam a sua
aglutinação quando chegar à fase de resfriamento. A cor é um parâmetro importante
da aparência, pois é percebido logo no primeiro contato do consumidor com o produto
e pode fornecer informação sobre o processamento. De acordo com (LOPES;
BORGES, 1998), durante a fabricação do açúcar mascavo formam – se muitas
19

matérias colorida como a melanoídinas (cor amarela). Se a temperatura de cozimento


for muito alta ou o tempo de cozimento muito longo, podem ser formados compostos
denominados caramelos, que possuem cor escura. Os caramelos escurecem o açúcar
(açúcar preto), porém também um sabor especial de açúcar queimado que pode
agradar alguns consumidores. Existem diversas maneiras práticas de se verificar esse
processo, uma delas é a prova da bala, a qual consiste em se retirar umas gotas do
xarope e colocá-las em uma vasilha com água. Pelo manuseio com os dedos, o
xarope, sendo resfriado, transforma-se em uma bala de consistência dura. O cheiro
de queimado também serve como um indicativo para o final do cozimento. Neste setor,
os operadores devem estar usando, touca, avental, bota de borracha, calça comprida
e camiseta de manga longa, para evitar qualquer risco de acidente causado pelo
açúcar quente como pequenas queimaduras. O ambiente deve-ser lavado diversas
vezes e o local deve-se protegido por telas, evitando a entrada e queda de mosquitos,
vespas, abelhas e outros insetos (CHAVES, J.B. P, FERNANDES, A.R, SILVA, C.A.
B, 2003).

3.5.10 DETERMINAÇÃO DO “PONTO”

A determinação do ponto do açúcar mascavo e um fator importante, e para sua


determinação e realizado o seguinte procedimento, coloca-se uma porção de xarope
em forma de fios, numa vasilha com água fria, a massa torna-se vítrea e quebradiça
quando este ponto for atingido (CHAVES, J.B. P, FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B,
2003).

3.5.11 ARREFECIMENTO E CRISTALIZAÇÃO

Nesta etapa a massa de açúcar mascavo ao atingir o “ponto” o xarope é


transferido para a as batedeiras (Figura 4), onde é batido e ocorre o esfarelamento da
massa, ou seja, até se dar a sua total cristalização. Através da agitação rápida e
constante, para que a massa não endurece e se obtenha um esfarelamento perfeito.
Essa operação leva em torno de 5 minutos, até que a massa passe para o estado
sólido produzindo um açúcar solto. A figura 4 mostra o momento que o xarope é
colocado nas batedeiras para o esfarelamento da massa (CHAVES, J.B. P,
FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B, 2003).
20

Figura 4: Batedeira
Fonte: (SPOSITO, C.M. D 2013).

3.5.12 PENEIRAGEM E RESFRIAMENTO DO AÇÚCAR MASCAVO

Nesta fase a massa deve ser peneirada para separar os torrões e obter os
pequenos grãos de açúcar. Depois de ser esfarelada, nesta fase a massa deve ser
peneirada em uma peneira giratória (Figura 5), para separar os torrões e obter os
pequenos grãos de açúcar sendo que desta peneiragem sobram alguns caroços de
açúcar. Esses caroços retornam ao processo de concentração e cozimento para
serem reprocessados para que não haja perdas no processo (CHAVES, J.B. P,
FERNANDES, A.R, SILVA, C.A. B, 2003). Assim, o açúcar mascavo é levado para
uma mesa de resfriamento, e quando resfriado, volta novamente para peneira para
ficar mais fino. O açúcar passa por duas peneiras antes da mesa de resfriamento
(JESUS, S 2007).
21

Figura 5: Peneira Giratória


Fonte: (SPOSITO, C.M. D 2013).

Uma observação relevante que pode ser feita em relação a este processo é
que a peneira contém muitos parafusos e pequenas peças de metal. Uma possível
maneira de se evitar a presença de sujidades metálicas no produto final seria a
utilização de ímãs ao final do processo. Este controle não é realizado na agroindústria
(JESUS, J. 2007).
Segundo este órgão “a presença de fragmentos metálicos é uma irregularidade
de interesse sob o aspecto de saúde pública, pois a depender da dimensão e formato
desses fragmentos, pode haver lesão no trato gastrointestinal do consumidor. É
importante esclarecer que o ferro metálico apresenta baixa biodisponibilidade
(capacidade de absorção) e o risco de lesão do consumidor é o aspecto mais
relevante”. Ao que se refere às irregularidades denunciadas, a ANVISA orientou as
vigilâncias sanitárias a intensificar a atividade de fiscalização das unidades
beneficiadoras de açúcar. Em complementação, determinou a interdição cautelar, em
todo território nacional, dos produtos irregulares (JESUS, J. 2007).
22

3.5.13 EMPACOTAMENTO E PESAGEM

Após a peneiragem, e com o açúcar já resfriado é transportado até uma


maquina empacotadora que fica no setor da embalagem onde é embalado em sacos
de polipropileno e pesado para ser comercializado. O açúcar mascavo não pode ser
embalado quente para evitar a condensação de água e vire um melaço, evitando ainda
crescimento microbiológico. Neste processo, os operadores devem utilizar toucas,
aventais, camisetas manga longa e botas de borracha de cano longo, o chão e os
maquinários são lavados diariamente (JESUS, J. 2007).

3.5.14 ARMAZENAMENTO

O açúcar mascavo deve ser armazenado num local seco e arejado. Deve ser
colocado sobre estrados ou grades e empilhado com espaço entre as embalagens. O
armazém deve ter um piso asfaltado preferencialmente, não se devem conter janelas
e poucas portas. É preferível que seja um local de mínima ventilação, com umidade
relativa de ambiente baixa (JESUS, J. 2007).

3.5.15 FLUXOGRAMA DA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR

A Figura 6 ilustra o processo de obtenção de açúcar mascavo.


23

Figura 6: Fluxograma do processo de obtenção de açúcar mascavo

3.6 TIPOS DE AÇÚCAR

(PAQUETE, 2008), informa que de acordo com o tipo de refino recebido pelo
açúcar, e do resultado das análises feitas das suas amostragens, o açúcar pode ser
24

classificado das seguintes formas: açúcar de confeiteiro, açúcar branco, açúcar


orgânico, açúcar cristal, açúcar refinado, açúcar vanille, açúcar líquido, açúcar light,
açúcar demerara, açúcar refinado granulado, açúcar refinado amorfo, xarope
invertido, frutose, açúcar VHP, açúcar VVHP, açúcar mascavo tema em estudo.

3.6.1 AÇÚCAR MASCAVO

Um açúcar de cor escura, e com gosto de melado de cana, com sabor forte e
mais úmido que outros açúcares. Contendo um alto teor de ferro, cálcio e outros sais
minerais. E um açúcar muito recomendado por nutricionistas, apesar de não agradar
a todos, e utilizados em tortas e bolos e Pães. E um açúcar mais saudável de todos
os açucares. E extraído depois do cozimento do caldo de cana, que se transforma em
melado e açúcar mascavo, sendo quase bruto. Por não passar pelas etapas de
refinamento, ele conserva as vitaminas e os minerais como cálcio, o ferro, magnésio,
o fósforo e o potássio. O grau de pureza de sacarose neste açúcar gira em torno de
90%, e ele e muito recomendado. Segundo (MACHADO, S.S, 2012), o consumo do
açúcar mascavo traz muitos benefícios, o açúcar mascavo possui vitaminas e minerais
em sua composição. Entretanto o que interfere na glicemia são as calorias e os
carboidratos. Portanto ao consumir o açúcar mascavo, o diabético deve utilizar as
mesmas instruções quanto ao consumo do açúcar comum. Porém, o açúcar mascavo
não traz malefício algum à saúde, devendo apenas se atentar para o fato de que ele
não deixa de ser um açúcar, portanto, fonte de glicose, devendo ser consumido
moderamente (MACHADO, S.S, 2012).

3.7 HISTÓRICO DA MICROSCOPIA ALIMENTAR

Em meados do século XIX na Inglaterra, com os trabalhos do DR. Arthur Hill


Hassall deu inicio a utilização do microscópio como principal ferramenta para análise
sistemática das características dos alimentos, ingredientes estranhos, drogas a fim de
detectar adulteração e verificar as condições higiênicas sanitária desses produtos
(VILLELA, M.L.R, 2004).
Em uma apresentação à sociedade Botânica de Londres, em 1850, com o
auxilio do microscópio era possível se diferenciar misturas no café moído (CLAYTON,
1909). Nessa época, a adulteração do café era tema de investigação, na qual o
25

ministro da fazenda já havia declarado que não era possível detectar por meios
químicos, nem por nenhuma outra técnica, a mistura de chicória no café. Com isso o
Dr. Hassal, ao examinar amostras variadas de café foi capaz de identificar a presença
não apenas de chicória como de trigo tostado e outros adulterantes (VILLELA, M.L. R
2004).
O editor do periódico “Lancet” se interessou em publicar em sua revista os
estudos e avaliações do Dr. Hassal, esta parceria resultou numa série de artigos
publicados. Estes artigos que deram origem ao primeiro livro de microscopia aplicada
aos alimentos, “Food and its Adulterations” publicado em 1855. Neste período também
surgiu outros pesquisadores na Alemanha e França, utilizando métodos de
investigação microscópica na análise de alimentos (VILLELA, M.L R 2004).
Enquanto isso, metodologias de separação e isolamento de matérias estranhas
foram sendo combinadas, adaptadas, desenvolvidas e testadas por vários autores, na
qual deu origem a métodos mais específicos para análise de vários tipos de sujidades.
Os métodos atualmente mais aceitos e utilizados, internacionalmente, são aqueles
validados e publicados através da “Association of Analytical Chemists International”
(AOAC). No Brasil a microscopia se deu inicio, na década de 1940 no instituto Adolfo
Lutz na cidade de São Paulo, onde vários métodos de sujidades e analise histológica
foram desenvolvidas (VILLELA, M.L. R 2004).

3.7.1 MICROSCOPIA DE ALIMENTOS

3.7.2 DEFINIÇÃO

É uma técnica micro analítica utilizada no controle de qualidade para identificar


componentes de produtos, permitindo constatar se estes produtos estão de acordo
com a legislação.
A metodologia para a pesquisa de matérias estranhas e sujidades e a
microscopia de alimentos e uma análise de fundamental importância no controle da
qualidade física, sanitária dos alimentos ( TOMAZINI; STROHSCHOEN, 2012);
(VILLELA, 2004). Através das pesquisas de matérias estranhas e de elementos
histológicos característicos é possível verificar a qualidade da matéria-prima, as
condições higiênico-sanitárias no processo de fabricação, armazenamento, transporte
e distribuição dos gêneros alimentícios, verificação da designação correta do produto
26

no rótulo; constatar se o produto é puro ou contém alguma mistura estranha; identificar


se estas misturas são impurezas acidentais (sujidades) ou de adição intencional
(fraudes) visando a um fim econômico (BARBIERI et al. , 2001).
Matéria estranha pode ser caracterizada como qualquer material diferente e
indesejável ao produto que pode estar presente devido a falhas na cadeia produtiva
(AOAC, 2006; ZIOBRO, 2000). Dentre as matérias estranhas que podem estar
presentes em alimentos, consideram-se as sujidades biológicas: insetos inteiros ou
seus fragmentos, ovos, teias, pupas, dejeções, ácaros, fungos, parasitas, pêlos de
animais e bárbulas de aves e as sujidades físicas: pedras, areia, cascalhos, vidro,
plásticos, fibras sintéticas, borracha, partículas magnéticas ou metálicas, além de
outras impurezas estranhas à sua composição.
Além das sujidades, existem também as adulterações e fraudes, as quais
dependendo de sua natureza ou origem podem resultar em agravos a saúde do
consumidor se apresentar algum componente tóxico ou nocivo (MACÉ, 1891), sua
detecção é comprovada pela inexistência dos elementos de origem vegetal ou animal
comum ao produto ou pela adição intencional de elementos estranhos ao produto
(BEUX, 1997). Atualmente existe uma tendência por parte dos consumidores de
optarem por nutrição balanceada e saudável, daí a necessidade de se avaliar a
qualidade e a sanidade dos produtos alimentícios comercializados.
No entanto, a qualidade não está apenas relacionada ao valor nutricional e
atributos sensoriais do produto, mas também à segurança sanitária do mesmo. Neste
caso, existem legislações específicas, quanto à segurança e aos padrões de
identidade e qualidade de produtos alimentícios, com vistas à proteção da saúde da
população. Dentre estas normas destacam se a Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) Nº14 da ANVISA (BRASIL, 2014) e a Instrução Normativa (IN) Nº52 do MAPA
(BRASIL, 2011). A RDC Nº14 dispõe sobre matérias estranhas macroscópicas e
microscópicas em alimentos e bebidas, e fixa seus limites de tolerância (BRASIL,
2014).

3.7.3 HISTOLOGIA E MATÉRIAS ESTRANHAS

A análise microscopia de um produto alimentício tem como objetivo identificar


os elementos histológicos que compõem o produto (análise histológica) e isolar e
identificar matérias estranhas ou sujidades (análises de matérias estranhas). A análise
27

histológica visa garantir ao consumidor adquirir produtos que contenham os


ingredientes declarados no rótulo, enquanto na análise de matérias estranhas, a
ausência destas (ou baixo níveis para alguns contaminantes) indica que os alimentos
foram produzidos atendendo as boas práticas de fabricação (CORREIA, M 2007).

3.7.4 MATÉRIAS ESTRANHAS DE ORIGEM NÃO BIOLÓGICA

Além das matérias estranhas de origem biológica como fragmentos, insetos,


excrementos, larvas e ovos de insetos; ácaros e pêlos de roedores podem ser
encontrados outro como vidro, metal, plástico, madeira, areia, pedra, borracha, etc.
A presença de objetos cortantes ou duros em alimentos pode causar laceração
da boca ou garganta, laceração ou perfuração do intestino e injúria dos dentes ou
gengiva, entre outros (CORREIA, M 2007).

3.7.5 PROCEDIMENTO LABORATORIAL

3.7.6 IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS HISTOLÓGICOS VEGETAIS

Como em grande parte dos produtos alimentícios o vegetal está fragmentado


ou triturado, não é possível fazer cortes histológicos (CORREIA, M 2007).

Para a análise histológica são realizadas as seguintes etapas:

3.7.7 PREPARO DA AMOSTRA

De acordo com o tipo de produto, o preparo da amostra pode ser realizado


utilizando um ou mais dos seguintes procedimentos:

 Hidratação (com água filtrada): para produtos que precisam ser dispersos
ou amolecidos como balas, leite em pó, café moído, farinhas, geléias, cereais, açúcar
e outros;
 Desergorduramento (com éter etílico e álcool etílico): para alimentos
gordurosos como misturas em pópara sopas, embutidos cárneos, chocolate, molhos
de tomate, etc.:
28

 Clareamento (com hipoclorito de sódio): para vegetais em folhas como


condimentos, vegetais para infusos, etc.:
 Hidrolise alcalina (com hidróxido de sódio): para produtos com grande
quantidade de amido o qual precisa ser destruído para poder visualizar outros
elementos vegetais, como misturas para sopas, condimentos preparados e outros
(CORREIA, M 2007).

3.7.8 FILTRAÇÃO

Após o preparo, a amostra é filtrada em papel de filtro de filtração média


utilizando funil de Buchner e bomba de vácuo (CORREIA, M 2007).

3.7.9 PREPARO DA LÂMINA

Com uma espátula, são retiradas pequenas porções do material presente no


papel de filtro e são preparadas lâminas com água filtrada, água glicerinada a 2% ou
solução de lugol como meio de montagem e cobertas com lamínulas (CORREIA, M
2007).

3.7.10 IDENTIFICAÇÃO HISTOLÓGICA

O material da lâmina é observado em microscópio biológico, com aumento de


100 a 400 vezes.
Na lâmina são visualizados células e outros constituintes vegetais isolados ou
em pequenos agrupamentos espalhados pelo campo microscópico, que são
identificados através de comparação com vegetais padrões, desenhos ou
fotomicrografias.
Devem ser consideradas possíveis alterações ocorridas nas células durante o
processamento do produto como, por exemplo, tratamento térmico do vegetal que
altera a forma do amido (CORREIA, M 2007).

3.7.11 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE MATÉRIAS ESTRANHAS


29

Para o isolamento e identificação de matérias estranhas são utilizados métodos


macroanalíticos e microanaliticos (CORREIA, M 2007).

3.7.12 MÉTODOS MACRO ANALÍTICOS

Na primeira etapa da análise de matérias estranhas são utilizados métodos


macro analíticos, por serem mais simples e demandarem menos tempo, podendo ser
exame direto ou Peneiração seca (CORREIA, M 2007).

 Exame direto: a amostra é homogeneizada, espalhada em recipiente


apropriado e observada a olho nu, com lupa de mão ou microscópio estereoscópico.
Podem ser detectadas matérias estranhas biológicas como insetos, larvas e placas
de fungos, e não biológicas como terras, vidro e fragmentos metálicos, entre outros.

 Peneiração seca: a amostra é homogeneizada, colocada em um conjunto de


peneiras com diferentes aberturas de malhas e bandeja e agitadas manualmente ou
em agitador mecânico de peneiras. Os tamanhos das malhas das peneiras são
escolhidos de acordo com o tipo de produto como cereais, folhas de condimentos,
condimentos em pó. Etc. Na bandeja e nas peneiras inferiores (que têm aberturas de
malha menores) ficam as matérias estranhas como insetos, ácaros, etc., que são
transferidos para placa de Petri e examinadas ao microscópio estereoscópico em
aumento de 10 a 40 vezes (CORREIA, M 2007).

3.7.13 MÉTODOS MICRO ANALÍTICOS

Os métodos microanalíticos são utilizados para as amostras em que não é


possível a detecção de matérias estranhas pelos métodos macroanaliticos ou quando
estes deram resultado negativo. São utilizados principalmente os métodos da AOAC,
que têm como principio a característica das matérias estranhas biológicas serem
oleofílicas e os tecidos vegetais, hidrofílicos (CORREIA, M 2007).

As principais etapas dos métodos são:


30

 Dispersão: a amostra é dispersa em água, em solução de álcool etílico ou


isopropílico ou em solução de ácido clorídrico, com ou sem aquecimento.
 Desengorduramento: são usados agentes desengordurantes como igepal,
solventes orgânicos e outros.
 Peneiração úmida: após as etapas anteriores a amostra é peneirada
utilizando água filtrada quente, para remover os elementos vegetais solúveis em água
e o detergente ou ácido, que podem interferir na extração.
 Agentes tensos ativos/seqüestrantes: são utilizados para ajudar na
sedimentação dos vegetais.
 Agitação magnética com óleo mineral: o óleo adere nas matérias estranhas
possibilitando a flutuação destas.
 Extração: em percolador ou em frasco armadilha, a camada oleosa contendo
as matérias estranhas é separada da aquosa e extraída para béquer.
 Filtração: o material do béquer é filtrado em papel de filtração média
utilizando funil de Buchner e bomba de vácuo.
 Identificação e contagem: as matérias estranhas presentes no papel de filtro
são identificadas e contadas em microscópio estereoscópico com aumento de 10 a 30
vezes (CORREIA, M 2007).

3.7.14 MATÉRIAS ESTRANHAS E CLASSIFICAÇÃO DE SUJIDADES

Matérias estranhas podem ser definidas como qualquer material indesejável


presente no produto, que estejam associados a condições ou praticas inadequadas
de produção, estocagem ou distribuição, como sujidades, material de composto
(material em decomposição devido a causas parasíticas ou não), ou outros elementos
(areia, terra, vidro, metal etc.). Excluindo-se as bactérias (association of Official
Analytical Chemists international: AOC International) (CORREIA, M 2007).

Segundo (DENT,1977), matérias estranhas ou sujidades podem também ser


classificados levando em conta alguma característica de comportamento químico ou
físico durante o seu processo de isolamento, em:
31

 Sujidade: qualquer elemento estranho ao produto, proveniente de


contaminação animal (roedores, insetos ou pássaros) ou outro material indesejável
devido às condições inadequadas de manipulação, processamento e distribuição
(VILLELA, M.L.R 2004).

 Sujidade leve: a sujidade que, por ser lipofílica e formada por elemento mais
leve que o constituiente do alimento, é isolada por flutuação em um sistema contendo
óleo e água. Exemplo: insetos, seus fragmentos, larvas, ovos, ácaros, pêlos de
roedores e outros animais e bárbulas de penas de aves (VILLELA, M.L.R 2004).

 Sujidade Pesada: a sujidade formada por elemento mais pesado que o


constituinte do alimento, que se separa do produto por sedimentação quando imersa
em solventes orgânicos como clorofórmio e outros. Exemplo: excrementos de
roedores e seus fragmentos, dejeções de insetos e seus fragmentos, areia, terra,
particula metálica e vidro (VILLELA, M.L.R 2004).

 Sujidade separada por peneira: a sujidade de tamanho especifico, separada


quantitativamente do produto, usando-se peneiras com malhas de aberturas
adequadas (VILLELA, M.L.R 2004).

3.8 FRAUDES EM ALIMENTOS

Constitui fraude em alimentos alterações, adulterações e falsificações


realizadas sem o consentimento oficial, resultando na modificação do produto, com a
intenção de obter maiores lucros ilícito e que não fazem parte de uma prática
universalmente aceita. Estas alterações podem ser feita por meio de processos que
visam atribuir aos produtos qualidades e requisitos que não possuem ou ocultar más
condições estruturais e/ou sanitárias deles. (KOLICHESKI, 1994). Quase todos os
alimentos possuem uma Norma Técnica Especial (NTA), onde constam as
especificações padrão que devem ser seguidas. Portanto qualquer alimento que
apresente características fora das especificações legais é considerado fraudado.
(KOLICHESKI, 1994).

3.8.1 TIPOS DE FRAUDES


32

Os fraudes em alimentos são praticados em diversas modalidades, desde à


mais astuta na qual e difícil de ser identificada, a mais grosseira que nos leva a
imediata percepção. (EVANGELISTA, 1989).
Existem quatro classificações base para a fraude em alimentos. São elas:

- Fraudes por alteração;


- Fraudes por adulteração;
- Fraudes por falsificação;
- Fraudes por sofisticação.

FRAUDE POR ALTERAÇÃO

Segundo (EVANGELISTA,1989) entende-se por alteração em alimentos todas


as modificações que neles se operam, destruindo parcial ou totalmente suas
características essenciais, por comprometimento de suas qualidades físicas e
químicas, estado de higidez e capacidade nutritiva.
É um tipo de fraude que ocorre sem a interferência de indivíduos. Ocorre pela
ação de agentes físicos, químicos, microbianos e enzimáticos. Estas alterações
podem ser produzidas por negligência, ignorância, desleixo ou desobediência às
normas estabelecidas durante a etapa de processamento, de conservação e de
armazenamento do produto (KOLICHESKI, 1994).

Segundo (EVANGELISTA, 1989), as alterações podem ser classificadas em


cinco (5) grupos:

- Alterações enzimáticas (ranço hidrolítico e escurecimento enzimático);


- Alterações por agentes químicos (escurecimento químico e ranço oxidativo);
- Alterações por agentes físicos (temperatura e luz solar);
- Alterações macrobianas (roedores, insetos, etc.);
- Alterações por microrganismos (fungos, bactérias e leveduras).

FRAUDES POR ADULTERAÇÃO


33

As fraudes por adulteração de alimentos são realizadas intencionalmente.


Embora este tipo de fraude influêncie poucos os caracteres sensoriais dos alimentos,
afeta profundamente o seu valor nutritivo (REISSIG, G.N 2009).
Por afetar pouco o característico sensorial dos alimentos, a fraude por
adulteração se torna difícil para o consumidor visualizar, sendo necessárias
geralmente análises específicas para sua detecção (REISSIG, G.N 2009).

FRAUDE POR FALSIFICAÇÃO

Segundo o Código Alimentares Argentino alimento falsificado “é o que tenha a


aparência e caracteres gerais de um produto legítimo, protegido ou não por marca
registrada e se denomina como este, sem sê-lo, ou que não proceda de seus
verdadeiros fabricantes ou zona de produção conhecida e/ou declarada”
(EVANGELISTA, 1989). A falsificação consiste em enganar o consumidor, induzindo-
o a adquirir produto de nível inferior, julgando-o superior. Exemplo: polaca salgada
vendida como bacalhau (REISSIG, G.N 2009).

FRAUDE POR SOFISTIFICAÇÃO

A sofisticação é uma variante da falsificação, porém como o próprio nome já


diz mais sofisticado. Muita usada em bebidas, os compradores não conseguem
perceber sua falta autenticidade (REISSIG, G.N 2009).

3.9 FORMAS POSSÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO POR MATÉRIAS


ESTRANHAS

NO CAMPO

Seja no cultivo ou na colheita das plantações elas estao sujeitas a sofrer


variados tipos de contaminações seja por ácaros, insetos, roedores, pássaros, pêlos,
penas, excrementos, fungos, areia, terra e pedras. Nem sempre e possivel plantar e
colher um vegetal totalmente isento de matérias estranhas, mesmo com as melhores
condições técnicas de cultivo. Algumas contaminações podem ser evitadas ou
34

reduzidas quando se prática as boas práticas agricolas (VASQUEZ; EISENBERG,


1977).
A matéria prima vegetal, quando inadequadamente manuseada, pode ter a sua
contaminação bastante aumentada (GORHAN, 1989).

NO TRANSPORTE OU ESTOCAGEM

Durante o transporte ou estocagem os produtos alimenticios podem ser


contaminados, seja com contato com produtos já infestados ou pela presença de
contaminantes no veiculo de transporte ou na onde ficara armazenado (VILLELA,
M.L.R 2004).

NO PROCESSAMENTO

Durante o processamento do produto a cana-de-açúcar pode ser contaminada


pelos equipamentos utilizados e também pelos seus manipuladores. Com o uso
contínuo aliado juntamente com uma manutenção escassa, causa desgaste nos
equipamentos permitindo, assim, contaminação do produto com particulas métalicas
ou porções de graxa (VASQUEZ, 1977ª). Embalagens de vidro ou lâmpadas mal
posicionadas e desprotegidas podem quebrar, contaminando a produção com seus
fragmentos que, dependendo do tamanho, podem causar danos à saúde quando
ingeridos (OLSEN, 1998ª).
Embora que os pêlos humanos e as fibras têxteis não sejam considerados
prejudiciais à saúde eles são difíceis de serem removidos depois de incorporados,
sendo ocasionalmente encontrados nos produtos acabados. Para que estas
ocorrências não ocorram deve-se fazer o uso de vestimentas adequadas, como
toucas e aventais, fazendo com que elimine tais transtornos que pode vir prejudicar o
alimento.

NA ARMAZENAGEM DO PRODUTO PRONTO

No período de armazenagem pós-processamento, os insetos e roedores


causam sérios prejuizos ao homem consumindo e contaminando, com excrementos e
pêlos, os alimentos (GORHAM, 1985).
35

NA DISTRIBUIÇÃO

No transporte, para a distribuição no varejo e no atacado, os alimentos estão


novamente sujeitos àcontaminação por insetos, roedores, fungos e partes de
embalagem (VILLELA, M.L.R 2004).

PELO CONSUMIDOR

O consumidor também pode, involuntariamente, contaminar com matérias


estranhas um alimento. Os contaminantes mais comuns são o mofo, proveniente de
outros produtos, pêlos de animais de estimação ou humanos, fragmentos metálicos
advindos da abertura das embalagens, fragmentos de madeira, fibras têxteis de
vestuário ou toalhas, cerdas de pincel e insetos que entram no alimento por acidente
(VASQUEZ, 1977b ; PEACE; GARDINER,1990).

3.9.1 MATÉRIAS ESTRANHAS E SUAS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES NA


SAÚDE HUMANA

Fraudes e adulterações, dependendo de sua origem ou natureza, podem


causar danos à saúde humana, principalmente se apresenta algum componente
tóxico ou nocivo ao organismo (MACÉ, 1891).
A maioria dos alimentos pode conter fragmentos ou insetos, pois embora a
utilização de boas práticas de higiene, em todos os níveis da produção, seja capaz de
reduzir, em grande parte, essa contaminação, é quase impossível plantar, colher e
armazenar alimentos sem que eles ocorram. Durante o transporte, mistura ou
processamento do alimento, os insetos são freqüentemente, partidos em pedaços
bem pequenos. Assim, na maioria das vezes, a identificação deve ser feita nos
fragmentos, ao invés de nos insetos inteiros. Algumas espécies de insetos são mais
danosas que outras, pois estão associados com más condições sanitárias, podendo
transmitir doenças (PEACE, 1985).
Ratos e camundongos, animais cujo hábito é freqüentar lixos e esgotos, são
conhecidos vetores de doenças como a leptospirose (Spirochaeta SP.), a
moniliformíase (Moniliformes moniliformes) e a salmonelose (EISENBERG, 1985).
36

Além disto, são capazes, através da urina, de aumentar consideravelmente a


carga de partículas alergênicas presentes no ar (KORUNIC, 2001).
As baratas e suas carcaças mortas, também, podem estar envolvidas na
transmissão de doenças como a toxoplasmose e a salmonelose.
Várias espécies de moscas, conhecidamente associadas a condições
higiênicas deficientes, podem ser um perigo potencial à saúde humana, como agentes
causadoras de “myasis” de origem alimentar ou como portadoras de Escherichia coli
enteropatogênica, Salmonella, Shigella e outros patógenos alimentares. Baseado em
critérios estritamente científicos, já existem onze espécies de moscas integrando a
categoria de “moscas causadoras de doenças” (OLSEN, 1998c). A Salmonella
enteritidis e outras espécies de Salmonella, incluindo Salmonella infantis e Salmonella
heidelberg foram isoladas de moscas domesticas e de lixo. A Salmonella mandaka
também já foi isolada de um coleóptero da família Tenebrionidae (Alphitobuis
diaprerinus), conhecido como “mealworm”(OLSEN; HAMMACK, 2000).

3.9.2 LEGISLAÇÃO

3.9.3 RESOLUÇÃO - CNNPA nº12, de 1978

Através desta resolução a Comissão Nacional de Normas e Padrões para


Alimentos, (CNNPA), em conformidade com o artigo nº64, do Decreto-lei nº986, de 21
de outubro de 1969 e de acordo com o que foi estabelecido na 410ª, realizada em
30/03/78, resolve aprovar para efeito em todo território nacional, as seguintes
NORMAS TÉCNICAS ESPECIAIS, revistas pela CNNPA, do Estado de São Paulo
relativo a alimentos (e bebidas), para efeito em todo território brasileiro. Existem
variados tipos de alimentos que faz parte desta Resolução mais iremos destacar
somente sobre o que nos interessa que será sobre o açúcar nos itens referentes à
identificação histológica e de matérias estranhas (BRASIL ,2014).

3.9.4 NORMATIZAÇÃO BRASILEIRA RELATIVA A AÇÚCAR MASCAVO,


MELADO E RAPADURA RESOLUÇÃO 12/33 DE 1978 DA COMISSÃO NACIONAL
DE NORMAS E PADRÕES PARA ALIMENTOS

3.9.5 AÇÚCAR MASCAVO


37

O decreto 12/33 de 1978, da Comissão Nacional de Normas e Padrões para


Alimentos (CNNPA), do Ministério da Saúde defini o açúcar como a sacarose obtida
de cana, por processos indústriais adequados. O fabrico é designado “açúcar”,
seguido da denominação correspondente ao tipo “açúcar cristal”, “açúcar refinado”,
“açúcar demerara”, “açúcar mascavo”, “açúcar mascavinho”, “açúcar cande”. O açúcar
mascavo deverá conter 90 % de sacarose no mínimo.
O produto é elaborado a partir de caldo de cana livre de fermentação, isento de
matéria terrosa, de parasitas e de detritos animais ou vegetais. Nas análises
microscópicas terá de demonstrar ausência de parasitas e sujidades, e de larvas de
insetos ou de seus fragmentos. Nesta resolução não há especificações
microbiológicas para o açúcar mascavo. Entretanto, ela chama a atenção para a
necessidade de serem efetuadas determinações de microrganismos ou de
substâncias tóxicas de origem microbiana, sempre que se tornar necessária a
obtenção de dados adicionais sobre o estado higiênico sanitário do produto. Para o
controle da qualidade microbiológica sugere-se observar e seguir as características
da rapadura. O rótulo deverá trazer a designação do produto, razão social e endereço
do fabricante, além do peso líquido, ingredientes a data de fabricação e o período de
validade. Para a produção do açúcar mascavo é necessários também a limpeza de
toda a instalação, dos equipamentos e utensílios e a higiene do pessoal (BRASIL,
2014).

3.9.7 PORTARIA N°1.248/93 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Tendo em vista a conformação tecnológica para aperfeiçoamento do controle


de qualidade o Ministério da Saúde decretou a Portaria 1.428/93-MS, em vigência
desde 1993 em caráter compulsório, e que ainda não e exigida obrigatoriamente para
registro de produtos e renovações neste órgão de governo. Consiste de um conjunto
de normas que se destinam ao estabelecimento de boas práticas de produção e de
prestação de serviços, inspeção sanitária de alimentos e padrões de qualidade e
identidade para serviços e produtos na área de alimentos. As normas que
estabelecem as chamadas Boas Práticas de Processamento envolvem condições
fundamentais que vão desde as instalações da fábrica, passando por rigorosas regras
de higiene pessoal e limpeza do local de trabalho (tais como lavagem correta e
freqüente de mãos, utilização adequada de uniformes, disposição correta de todo
38

material utilizado nos banheiros e o uso de sanizantes) até a descrição, por escrito,
dos procedimentos envolvidos no processamento do produto.
O sistema ARPCC (Análise de Risco e Pontos Críticos de Controle) é
reconhecido internacionalmente como o melhor programa para garantir segurança dos
alimentos em termos de riscos à saúde, e também é exigido pela Portaria 1.428/93.

3.9.7 CONTROLE DE QUALIDADE

A qualidade é uma maneira de se obter vantagem competitiva e um diferencial


estratégico. Por isso, investir em qualidade nos dias atuais é tão importante ou até
mais do que investir nas outras áreas funcionais da empresa. De acordo com
(PALADINI, 2000) , a qualidade passou a ser considerada legítima, esperada,
desejada. As preocupações dos clientes não podem mais orbitar sobre defeitos ou
erros, porque a qualidade transformou-se numa arma estratégica para vencer a
concorrência, visando mais que a satisfação do cliente. Para a gestão da qualidade,
é relevante o conhecimento sobre o que define a segurança para o produto em estudo
e a aplicação da gestão da segurança e de ferramentas tais como Boas Práticas de
Manufatura (BPM), Boas Práticas de Higiene (BPH) e Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle (APPCC). (TOLEDO, 2000).
A indústria de alimentos é uma das grandes causadoras de contaminação e de
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) devido à falta de aplicação de
procedimentos de limpeza e do comportamento das pessoas que manipulam os
alimentos. A OMS estima que, anualmente, mais de um terço da população mundial
adoeçam devido a surto de DTA e somente uma pequena proporção são notificados
(BRASIL, 2010). Uma das formas de diminuir esses casos de DTA é através das BPF
sendo corretamente empregadas. O consumo do açúcar artesanal, como o mascavo,
por exemplo, teve crescimento por ser um produto isento de aditivos químicos, além
de altamente nutritivo, podendo substituir o açúcar cristal e o refinado na alimentação.
A indústria alimentícia vem se reformulando através de uma eficiente Gestão de
Qualidade, desde o recebimento da matéria-prima até o mercado final, buscando ter
melhorias em seus setores tornando-se competitiva em seu diferencial e se
preocupando com a segurança e satisfação do seu consumidor.
39

4. MATERIAL E METÓDOS

4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho foi desenvolvido no laboratório de Engenharia e Tecnologia de


Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Campo Mourão-
PR, Brasil. Os equipamentos necessários para a realização da análise foram balança
semi-analitica, placa de aquecimento, bomba a vácuo, microscópio luminoso e
microscópico estereoscópico.

4.1.1 MÉTODOS UTILIZADOS

4.1.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

A metodologia utilizada para a extração das sujidades e matérias estranhas


foram A.O.A.C. n. 972.35, 17ª ed., 2000 e A.O.A.C. no. 945.80 17ª ed., 2000. Tais
metodologias extraem e agrupam as matérias estranhas, recolhendo-as em papel de
filtro, as quais são identificadas e contadas em microscópio estereoscópico e luminoso
em aumentos de 10 a 400 vezes. Os resultados são expressos por 100 gramas de
amostra e avaliados de acordo com a legislação (CNNPA, 1978). As análises foram
realizadas no Laboratório de Microbiologia da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Campo Mourão, o qual possui os equipamentos, reagentes e demais vidrarias
necessários para a realização do trabalho.

4.1.3 AMOSTRAS UTILIZADAS E PREPARO

Foram Utilizadas 27 amostras de Açúcar Mascavo, nas quais estão


identificados na tabela 2, produzidas no mercado nos estados do Paraná, Goiás,
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande Do Sul, Mato Grosso, Acre,
Santa Catarina. As amostras foram identificadas de A1 a A27 e em seguida pesadas.
Após dissolução em 400 ml de água aquecida (cerca de 70°C), as amostras foram
passadas por peneira n° 230 e os resíduos retidos foram transferidos para um béquer
com auxílio de água destilada, sendo, passando em seguida por filtração a vácuo
através de papel filtro em funil de Büchner. O material recolhido no papel de filtro foi
40

examinado em microscópio estereoscópico e luminoso, para a identificação e


quantificação da matéria estranha e sujidades. Obs. Se excesso de resíduo
permanecer na peneira, lavar com água destilada transferindo para o béquer.

Tabela 1: Informações das amostras de açúcar mascavo identificadas

Amostra PESO (g) Estado

A1 57, 293 Goiás

A2 52, 173 Paraná

A3 53, 718 Minas Gerais

A4 55, 961 Minas Gerais

A5 54, 513 São Paulo

A6 54, 476 Paraná

A7 50, 781 Paraná

A8 52.838 Paraná

A9 51, 706 Paraná

A10 57, 338 Rio de Janeiro

A11 57, 433 Paraná

A12 59, 224 São Paulo

A13 58, 108 Paraná

A14 55, 124 Rio de Janeiro

A15 58,37 São Paulo

A16 62, 929 São Paulo

A17 60, 927 Paraná

A18 60.119 Rio de Janeiro

A19 53, 822 Rio Grande do Sul

A20 48, 032 Paraná

A21 64, 738 Paraná

A22 59, 675 Paraná

A23 52, 885 Mato Grosso

A24 63, 891 Acre


41

A25 59, 045 Goiás

A26 34.5 Santa Catarina

A27 58.311 Santa Catarina

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados das análises estão apresentados nas tabelas 2 e 3. Dentre as


amostras analisadas algumas apresentaram matérias estranhas a nível macroscópico
como pedaços de vidro e fragmentos de nylon e algodão e fragmentos de insetos. As
demais sujidades e matérias estranhas foram identificadas e contadas
microscopicamente. Os resultados foram avaliados de acordo com a legislação
vigente, que determina ausência de parasitas e sujidades, e de larvas de insetos ou
de seus fragmentos (LEGISLAÇÃO, 1978).
As sujidades são encontradas em todos os produtos e ambientes, e variam de
acordo com o resíduo disposto e as formas de conservação. Em ambientes limpos e
bem cuidados, o efeito nocivo é reduzido; porém, podem, quando deterioradas,
provocar graves lesões ao homem (BARBIERI, 2001). Os fragmentos de insetos são
acastanhados, com detalhes peculiares: pêlos, articulações, olhos compostos,
antenas, etc. Os ácaros são quase esféricos, incolores e têm quatro pares de patas.
O pêlo de roedor tem medula estriada, detalhe que o distingue do cabelo humano,
cuja medula é contínua. O exame microscópico serve para identificar de que tipo de
matéria estranha se trata (BARBIERI, 2001).
42

Tabela 2 - Matérias estranhas encontradas nas amostras de açúcar Mascavo

Matérias Estranhas
Amostras Outras sujidades
Fragmentos de Insetos Pêlo
inseto Inteiros Humano
A1 - - - -
A2 2 1
A3 - - - 1 Fragmento vidro; 1
Fragmento Nylon
A4 1 - - -
A5 1
A6 3 - - 3 Fragmento de Vidro
A7 1 - - -

A8 - - - -

A9 - - - -

A10 - - - -

A11 3 - - -

A12 - - - -
A13 1 - - -
A14 1 - - 1 Fragmento de Vidro

A15 2 - - -
A16 - - - -
A17 - - - -
A18 - - - -
A19 1 1 Formiga - -
A20 - - - -
A21 - - - -
A22 - - - -
A23 - - - -
A24 2 - - -
A25 1 - - -
A26 - - - -
A27 1 - - 1 Fibra de Algodão
43

O exame microscópico serve para identificar de que tipo de matéria estranha


se trata. No entanto problemas com as Boas Práticas de Fabricação, nos produtos
mais manipulados e/ou oriundos de algumas pequenas ou microempresas,
continuaram a ocorrer, o que reafirma a necessidade de uma verificação periódica,
pelas autoridades competentes, da existência e aplicação das normas de produção e
sistema de análise de perigos e pontos críticos, a fim de avaliar o cumprimento da
Portaria n°.1428/MS, de 26/11/93, cujo objetivo é proteger e defender a saúde do
consumidor, em caráter preventivo. Quando as Boas Práticas de Produção são
seguidas desde a lavoura até a mesa do consumidor, o nível de matérias estranhas e
sujidades tende a ser menor. Tanto a identificação histológica quanto o isolamento e
detecção de sujidades em alimentos são parâmetros para a avaliação das condições
de sanidade e higiêne da produção, sendo importantes na melhoria da qualidade dos
processos envolvidos. A sanidade de um produto é obrigação do fabricante, a sua
qualidade é um direito do consumidor, segundo a Lei n°. 8078 (Código de Defesa do
Consumidor), e compete à autoridade governamental fiscalizar e manter esta relação.
A Tabela 3 resume o perfil das matérias estranhas encontradas nas amostras.

Tabela 3 - Perfil de matérias estranhas em amostras de açúcar mascavo.


Ocorrências Quantidade de Materiais Encontrados
Fragmentos de Insetos 20
Insetos Inteiros 1
Inseto Inteiro não Identificado 0
Pêlo de Cachorro 0
Pêlo Humano 0
Pêlos de Roedores 0
Cabelo Humano 1
Sujidade do Próprio Vegetal 1
Ácaros 0
Larvas 0
Fragmentos Físicos 7
Outras Sujidades 0
Amostras sem sujidades 12
Total de sujidades 30

De acordo com a legislação vigente (LEGISLAÇÃO, 1978) das amostras de


açúcar mascavo analisadas 55,56 % estão em desacordo e 44,44% estão de acordo
com a legislação.
44

6 CONCLUSÃO

Considerando os resultados obtidos, conclui-se que as diferentes marcas de


açúcar mascavo comercializados no Estado de Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio
de Janeiro, Rio grande do Sul, Acre, Góias, Santa Catarina, apresentaram sujidades
e matérias estranhas em sua composição, sendo 2 amostras a A3 - A4 de Minas
Gerais, 5 amostras A2 - A6 - A7 - A11 - A13, do Estado do Paraná, 2 amostras A5 -
A15 do Estado de São Paulo, 1 amostra A14 do Estado do Rio de Janeiro, 1 amostra
A19 do estado do Rio Grande do Sul, 1 amostra A24 do estado do Acre,2 amostra
A25 - A1 do Estado de Góias, 1 amostra A27, Santa Catarina. Estavam em desacordo
55,56% das amostras com os padrões estabelecidos pela legislação brasileira na qual
deve estar isento de matéria terrosa, de parasitas e de detritos animais ou vegetais.
Apenas 44,44% das marcas de açúcar mascavo avaliadas atenderam aos padrões,
sendo 5 marcas A8 - A9 - A17 - A20 - A21 - A22 do Estado do Paraná, 2 amostras
A10 - A18 do Estado de Rio de Janeiro; 2 amostras, A12 - A16 do Estado de São
Paulo, 1 amostra , A23 do Estado de Mato Grosso e 1 Amostra, A26 do Estado de
Santa Catarina.

F
45

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