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Revista Científica do Centro Universitário FAEMA - UNIFAEMA

DOI: http://dx.doi.org/10.31072. ISSN: 2179-4200

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA SÍNDROME DE WEST

Caio Cruz da Silva Introdução


Graduando em Fisioterapia pelo Centro
Universitário FAEMA- UNIFAEMA. A síndrome de West foi descrita pela primeira vez no ano de
Orcid Id: https://orcid.org/0000-0001-
7471-3896 1841 por um estudioso chamado William James West, que teve um
E-mail: [email protected]
filho afetado pela doença. Ele descreve que essa “nova” doença era
Clediane Molina de Sales caracterizada por crises epilépticas associadas a um retardo
Mestrado em Administração pela
Universidade da Amazônia-UNAMA e mental, e que seu filho não apresentava resposta a qualquer tipo
docente do Centro Universitário FAEMA-
UNIFAEMA. de terapêutica adotada na época (1).
Orcid Id: https://orcid.org/0000-0002-
4609-8643 Essa síndrome ficou definida como uma síndrome
E-mail: [email protected]
neurológica, um tipo raro de epilepsia que causa convulsões,
chamadas de mioclonias que podem ser de extensão ou de flexão,
Submetido: 31 out. 2022.
Aprovado: 10 nov. 2022.
mais comumente encontradas as de flexão. Com relação a sua
Publicado: 25 nov. 2022. etiologia, pode ser dividida em sintomático, criptogênica e
idiopática. (2).
O portador desta síndrome apresenta uma tríade de
sintomas: espasmos infantis, retardo do desenvolvimento
E-mail para correspondência:
neuropsicomotor e hipsarritmia, sendo esse último alterações que
[email protected]
aparecem no exame de eletroencefalograma. Esses sintomas
apresentam-se de forma marcante quando a criança adormece são
“crises” acompanhadas de falta de consciência (3).
Com relação ao retardo mental que acomete esses
indivíduos, acredita-se que se for detectado precocemente pode ser
evitado à progressão desse quadro em boa parte dos pacientes (4).
O principal objetivo do tratamento é diminuir os sintomas e
tentar impedir a evolução da doença, assim, é de suma importância
que o paciente seja assistido multidisciplinarmente. (5).
Este é um trabalho de acesso aberto e distribuído sob A fisioterapia se faz necessária para que estes pacientes
os Termos da Creative Commons Attribution License.
A licença permite o uso, a distribuição e a possam ter uma evolução em seu quadro motor, respiratório e
reprodução irrestrita, em qualquer meio, desde que
creditado as fontes originais.
Imagem: StockPhotos (Todos os direitos
psicoemocional. Dentre os objetivos principais da intervenção
reservados).
fisioterapêutica, destaca-se o ganho de amplitude de movimento
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(ADM), quebra de padrões espásticos, melhora na mecânica

Anais do I Encontro Científico Internacional de Ciências da Saúde do UNIFAEMA, Ariquemes, v. 13,


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respiratória, melhora do esquema corporal e equilíbrio (dinâmico e estático). Esta intervenção


é desenvolvida baseada na avaliação fisioterapêutica, atendendo as reais necessidades do
paciente definindo metas a curto e em longo prazo com objetivos de desenvolver as
habilidades funcionais do paciente. Trabalha-se também com o intuito de evitar possíveis
complicações respiratórias desencadeadas pela síndrome (6).

Objetivo
Descrever o papel do fisioterapeuta no tratamento das disfunções físico-funcionais
advindas da Síndrome de West.

Metodologia
Revisão bibliográfica realizada nas ferramentas de busca plataforma Scientific
Electronic Library Online (Scielo) e website Google Acadêmico. Foram utilizados como base
para a revisão 13 obras. Foram utilizados três tipos de descritores nas pesquisas, a saber: a)
Síndrome de West; b) Fisioterapia respiratória, c) Disfunções. O descritor “a” retornou 24.800
resultados; o descritor “b” retornou 34.600 resultados e o “c” retornou 45.300. A pesquisa teve
como critérios de inclusão referências encontradas através da associação dos descritores
selecionados, que estivessem disponibilizadas na íntegra, em língua portuguesa e
abordassem sobre o tema proposto. Já os critérios de exclusão consistiam em referências
que estivessem incompletas, em língua estrangeira e que não abordassem o tema do estudo.

Resultados e Discussões

A síndrome de West também é conhecida com Encefalopatia de West, encefalopatia


mioclônica infantil com hipsarritmia, espasmos em flexão, espasmos infantis, espasmos
infantis com retardo mental e espasmos mioclônicos maciços. Assim sendo, essa doença
possui diversas causas, sendo a mais comum às disfunções orgânicas do cérebro que
ocorrem em 80% dos casos, cujas origens podem ser pré-natais, perinatais ou pós-natais.
Desta forma, esta síndrome é conhecida como um tipo de epilepsia rara que atinge crianças
menores de um ano de idade e apresenta como principal característica a tríade de sintomas
espasmos musculares, retardo mental e hipsarritmia que associados configuram a Síndrome
(4;7)
.

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Em relação a etiologia dessa doença pode ser dividida em três grupos, a saber,
Sintomáticos: são aqueles em que a causa é definida, sendo uma delas a hipóxia neonatal
com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; Criptogênica: são aquelas com fortes
suspeitas de causa orgânica identificados com anormalidades no exame neurológico, sem ter
uma causa específica, onde a criança apresenta-se normal até o início dos espasmos; e
Idiopática: são os casos que não se define como uma doença de base podendo às vezes ter
o desenvolvimento neuropsicomotor normal. Já etiologia dos espasmos infantis está
associada a diversos fatores, dentre eles: teratogênicos, perinatais, genéticos, fatores
adquiridos e pós-natais. Diversas teorias com o passar dos anos vêm sendo estudadas,
incluindo a autoimune, a disfunção cerebral e a microdisplasia cortical (2;8).
Conforme a evolução típica da doença, os abalos são do tipo breves, seguidos de uma
fase tônica e, logo em seguidos de uma atonia generalizada, sendo que os ataques epiléticos
duram cerca de um minuto, e com espasmos do tipo flexão-extensão. Um dado importante é
que de uma maneira geral cada paciente costuma apresentar um período bastante preciso do
dia em que os espasmos ocorrem com uma maior frequência, sendo que em alguns deles
(9;10)
costuma-se ser no período pré-sono, e em outros é comum ocorrer ao despertar .
Em conjunto com os espasmos, costuma-se observar na maioria dos casos alterações
do exame neurológico, sendo que o mais frequente é a hipotonia. Em alguns casos a mesma
é tão intensa que faz com que a criança perca toda a sua movimentação espontânea, no
mesmo tempo em que se instala uma deficiência mental caracterizada por perturbação com
o meio ambiente (10).
Pelo fato de a criança apresentar características como hipotonia, falta de controle de
tronco e cabeça, encurtamento dos membros superiores e inferiores, faz com que a
fisioterapia seja um tratamento necessário para toda a vida desses pacientes. Apesar de não
ter cura, a fisioterapia irá atuar para minimizar e/ou retardar a instalação do quadro clínico
característico da síndrome (11).
Em função disto, o tratamento fisioterapêutico tem como principal objetivo melhorar o
equilíbrio de tronco, da cabeça e a normalização do tônus muscular que se encontra alterado.
Desta forma, o tratamento de fisioterapia realizado nessa síndrome é o mesmo realizado em
pacientes portadores de paralisia cerebral (11).
O fisioterapeuta irá realizar adaptações no tratamento conforme o crescimento da
criança e as necessidades que o portador dessa síndrome apresentar. A respeito das técnicas

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fisioterapêuticas que são realizadas com mais frequência nesses pacientes, são:
alongamento, mobilização articular, método de bobath, equoterapia e hidroterapia. (4;12).
Outro objetivo da fisioterapia na síndrome de West é tentar reduzir as sequelas adquiridas
pelos pacientes. No caso das complicações respiratórias, deve-se realizar a fisioterapia
respiratória para a minimização das possíveis complicações, e como medida profilática é
essencial realizar mobilizações passivas e alongamentos, e também decorrente do fato da
hipotonia ser uma característica bem marcante é necessário realizar o fortalecimento dos
músculos acometidos (13).

Conclusão

A Síndrome de West trata-se de uma complicação neurológica que ocasiona diversos


distúrbios como psicomotores, os quais podem afetar quadros cognitivos e emocionais, além
de interferir na mobilidade e influenciar no período de vida do paciente. Portanto, a
participação do fisioterapeuta para a melhora do quadro desses pacientes é importante, uma
vez que este vai atuar tanto no tratamento para reversão de disfunções já existentes, como o
encurtamento muscular, a diminuição da ADM e os padrões característicos, além de prevenir
possíveis outras complicações provenientes desta anomalia, como distúrbios respiratórios ou
até mesmo progressões dos sintomas pertencentes a síndrome.

Palavras-chave: Síndrome de West; Modalidades de fisioterapia; Disfunções físico-


funcionais.

Referências

1. Kamiyama MA, Yoshinaga L, Tonholo-Silva ER. Síndrome de West: a propósito de nove


casos. Arq. neuropsiquiatr, v. 51, n. 3, p. 352-7, 1993.

2. Moraes MH, Montenegro MA, Franzon RC, Ávila JQ, Guerreiro MM. Avaliação da eficácia
e tolerabilidade da vigabatrina na Síndrome de West. Arquivos de Neuropsiquiatria Scielo
Brasil. São Paulo, v.63, n.2, p.659-662, jun. 2005.

3. Matta APC, Chiacchio SVB, Leyser M. Possíveis etiologias da Síndrome de West:


avaliação de 95 pacientes. Arquivos de Neuropsiquiatria Scielo Brasil. São Paulo. v.5.
n.3, p.659-662 set. 2007.

4. Sanvito WL. Síndrome Neurológica. 3ª edição. São Paulo: Ed. Atheneu, 2008.

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5. Diament A, Cypel S. Neurologia Infantil. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. p.1813.

6. Zimmermann AR. Fisioterapia na síndrome de west. [Monografia]. Santo Ângelo (RS).


Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA, 2008.

7. Filho AL, et al. Avaliação dos achados ao exame dos potenciais evocados do tronco
cerebral em indivíduos com síndrome de West. Rev Bras Otorrinolaringol, v. 70, n. 1, p.
90-3, 2004.

8. Rotta NT, Silva ARD, Ohlweiler LR, Riesgo R. Vigabatrina no tratamento da epilepsia de
dificil controle em pacientes com Sindrome de West e esclerose tuberosa. Arch
Neuropsiquiatr, v. 61, n. 4, p. 988-90, 2003.

9. WAJNSZTEJN R. Patologias neurológicas da Infância e Adolescência: Aspectos Práticos.


São Paulo: Athneu, 2003. p.231.

10. Renato TBA. Equoterapia na Síndrome de West: um estudo de caso. [Monografia].


Criciúma (SC). Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, 2012.

11. Morandi IK, Silveira DP. 15º Congresso de iniciação cientifica Síndrome de West. São
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12. Fonseca LF, Oliveira AL. Espasmos Infantis: Experiências em treze casos. Arquivos de
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2005.

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