1686770634627WCD20School20Saude Mental

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 26

WCD

CAMINO
SCHOOL
Handbook 1
Saúde Mental na Escola
Desenvolvimento Integral da Criança e do Adolescente
Handbook 1 | Saúde Mental

Autoria e Coordenação Geral:


Renata Trefiglio Mendes Gomes

Autoria:
Ederson Kelvyn Machado
Amanda Termignoni
Luhana Kruzslicz
Mariana Engracia
Ana Cecília Walder
Adriessa Santos
Adriana Timoner
Mariana Buzzato

Revisão Técnica
Juliana Spinelli Ferrari Sinzato

Revisão Geral
Leticia Albernaz Guimarães Lyle

Junho 2023
São Paulo, Brasil.

ATTRIBUTION-NONCOMMERCIAL-SHAREALIKE 4.0
INTERNATIONAL (CC BY-NC-SA 4.0)
CONTEÚDO

1
INTRODUÇÃO

2
SAÚDE MENTAL: DEFINIÇÃO

3
RESPOSTAS ÀS CRISES ESCOLARES

4
PROTOCOLOS
I N T R O D U Ç Ã O

1
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL
WHOLE
CHILD
DEVELOPMENT
O Whole Child Development (WCD), é uma área focada no desenvolvimento integral,
formada pelos núcleos de Orientação Educacional e Learning Support da Camino
School.

É um núcleo composto por uma equipe


multidisciplinar de psicólogos, neuropsicólogos e
pedagogos, que atua juntamente ao time
pedagógico, pensando e contribuindo para o
desenvolvimento integral e bem estar de nossos
estudantes no ambiente escolar.

ORIENTAÇÃO LEARNING
EDUCACIONAL SUPPORT

O time de Orientação Educacional é Já a equipe de Learning Support


responsável por acompanhar os (Suporte de Aprendizagem) realiza o
estudantes que apresentam desafios acompanhamento de nossos
comportamentais, socioemocionais ou estudantes que apresentam
outras condições que tenham necessidades específicas no processo
impactos sobre o desempenho de aprendizagem, visando o trabalho
acadêmico-escolar do estudante. Esse de individualização e diferenciação,
acompanhamento é realizado através através da elaboração dos Planos de
de intervenções dentro e fora da sala Desenvolvimento Individual (PDIs). Os
de aula, bem como o desenvolvimento PDIs são documentos vivos,
e fortalecimento de parcerias com as elaborados à muitas mãos, feitos a
famílias e profissionais externos que partir da colaboração de
acompanham os estudantes. coordenadores, professores,
profissionais externos e do próprio
estudante.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL

-6-
INTRODUÇÃO
Este Handbook de Saúde Mental é um guia prático desenvolvido para oferecer
possibilidades de atuação da equipe escolar e protocolos de como educadores podem
lidar com crises de saúde mental na escola. Reconhecendo a importância do
ambiente escolar na promoção do bem-estar dos alunos, este handbook tem como
objetivo fornecer ferramentas e orientações para apoiar o cuidado da saúde mental
no contexto educacional.

A saúde mental dos estudantes desempenha um papel


fundamental em seu desempenho acadêmico,
crescimento pessoal e qualidade de vida. Infelizmente, a
prevalência de problemas de saúde mental entre os jovens
tem aumentado significativamente nos últimos anos,
exigindo que a equipe escolar esteja preparada para
responder de maneira eficaz e sensível a essas questões.

Neste handbook, a equipe escolar encontrará informações e diretrizes para identificar


sinais de alerta e crises de saúde mental em estudantes. Serão abordados temas
como agressão física, violência, luto, depressão, ansiedade, entre outros. Além disso,
serão apresentados protocolos e estratégias que podem ser implementados no
ambiente escolar para oferecer apoio adequado aos alunos que enfrentam
dificuldades emocionais.

Compreender as necessidades e desafios específicos dos alunos em relação à saúde


mental é essencial para criar um ambiente escolar acolhedor e seguro. A equipe
escolar desempenha um papel fundamental ao oferecer suporte emocional,
identificar recursos externos e fornecer encaminhamentos adequados para
profissionais de saúde mental quando necessário.

Este handbook também enfatiza a importância da prevenção e promoção da saúde


mental no ambiente escolar, abordando estratégias para fortalecer a resiliência dos
alunos, criar uma cultura de apoio mútuo e desenvolver programas de bem-estar
emocional que possam ser incorporados à rotina escolar.

Ao adotar as práticas sugeridas neste handbook, a equipe escolar estará contribuindo


para a construção de um ambiente educacional que prioriza o bem-estar emocional
dos estudantes. Cada ação tomada pode fazer a diferença na vida de um aluno,
ajudando-o a enfrentar desafios, superar crises e desenvolver habilidades para uma
vida saudável e equilibrada.

Convidamos você a explorar este handbook e a utilizar as informações e diretrizes


nele contidas para fortalecer sua atuação como membro da equipe escolar. Ao investir
na saúde mental dos alunos, estamos investindo em seu futuro e no desenvolvimento
de uma sociedade mais saudável e resiliente.

Juntos, podemos fazer a diferença na vida dos jovens e garantir que a escola se torne
um local onde o cuidado com a saúde mental seja uma prioridade!

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL

-6-
S A Ú D E M E N T A L
D E F I N I Ç Ã O
2
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL
SAÚDE MENTAL:
UMA DEFINIÇÃO
A saúde mental é um estado de equilíbrio É importante destacar que a saúde mental é
emocional, psicológico e social que permite às dinâmica e pode variar ao longo do tempo.
pessoas enfrentarem os desafios da vida de Assim como a saúde física, a saúde mental
forma eficaz, adaptarem-se às mudanças, requer cuidados contínuos e atenção
estabelecerem relacionamentos saudáveis e adequada. Isso envolve a busca de apoio
alcançarem seu potencial máximo. quando necessário, a adoção de hábitos
saudáveis ​de vida, a prática de autocuidado, o
Trata-se de um componente fundamental da estabelecimento de limites saudáveis ​e a
saúde global, tão importante quanto a saúde manutenção de uma rede de suporte social.
física. Por isso, podemos dizer que a saúde Promover a saúde mental envolve não apenas
mental não se resume apenas à ausência de o cuidado individual, mas também a criação de
doenças mentais, mas abrange o bem-estar ambientes sociais, comunitários e educacionais
emocional geral. Envolve a capacidade de lidar que valorizem o bem-estar emocional. Isso
com as emoções de maneira saudável, de inclui a implementação de políticas públicas
maneira apropriada e construtiva. Isso implica que priorizem a saúde mental, a
reconhecer e expressar sentimentos, desestigmatização dos problemas mentais e o
desenvolver habilidades de enfrentamento, acesso a serviços de saúde mental acessíveis e
manter relacionamentos satisfatórios, de qualidade para todos.
equilibrar as demandas diárias e desfrutar de Em suma, a saúde mental é essencial para o
uma sensação geral de satisfação com a vida. bem-estar geral e a qualidade de vida das
pessoas. Ela se refere à capacidade de lidar
Dentro da escola, a saúde mental diz respeito a com as emoções, enfrentar desafios,
um bom relacionamento interpessoal, desenvolver relacionamentos saudáveis ​e
capacidade de lidar com conflitos e desafios alcançar uma sensação de satisfação e
cotidianos, reconhecer e nomear emoções e plenitude na vida. A escola, como instituição
sentimentos, além de conseguir vivenciar os formadora das crianças e adolescentes tem
processos educacionais e de aprendizagem de papel fundamental na promoção e cuidado da
forma integral. saúde mental, visando sempre investir no
desenvolvimento humano e na construção de
Uma boa saúde mental permite que as pessoas sociedades mais saudáveis e resilientes.
se sintam realizadas, confiantes, resilientes e
capazes de enfrentar os desafios e Ao investir na promoção e cuidado da saúde
adversidades que surgem ao longo da vida. mental, estamos investindo no
Também envolve a capacidade de: desenvolvimento humano e na construção de
estabelecer e manter relacionamentos sociedades mais saudáveis e resilientes.
saudáveis;
ter uma autoestima positiva;
desenvolver habilidades de comunicação
eficazes e adotar uma perspectiva otimista
sobre si e sobre o mundo ao seu redor.

A saúde mental pode ser afetada por uma


variedade de fatores, como estresse, traumas,
mudanças significativas, desequilíbrio químico
no cérebro, histórico familiar de problemas
mentais, entre outros. Quando a saúde mental
é comprometida, podem surgir transtornos
mentais, como ansiedade, depressão,
transtornos de humor, transtornos alimentares,
entre outros.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL

-7-
RESPOSTAS AS CRISES
ESCOLARES
3
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL
RESPOSTAS AS CRISES
ESCOLARES

Quando uma crise ocorre em um ambiente escolar, é essencial ter um plano


de resposta bem estruturado para lidar com a situação de forma eficaz. Um
fluxo geral de endereçamento de uma crise na escola, independentemente da
natureza e conteúdo, deve envolver várias etapas, como as que apresentamos
a seguir.

(1) IDENTIFICAÇÃO (2) INTERVENÇÃO


DA CRISE IMEDIATA

(3) AVALIAÇÃO (4) GARANTIA


DA SITUAÇÃO DE SEGURANÇA

(5) COMUNICAÇÃO (6) AVALIAÇÃO E


EFETIVA ACOMPANHAMENTO

(7) ENVIO DE
RECURSOS
ADICIONAIS

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


RESPOSTAS AS CRISES
ESCOLARES
Identificação da crise: dentro de um contexto de prevenção e intervenção, a
equipe escolar deve estar atenta aos sinais de alerta e aos eventos que possam
indicar a ocorrência de uma crise. Isso pode incluir comportamentos de risco,
mudanças drásticas de comportamento, incidentes de violência, ameaças ou
expressões de ideação suicida por parte dos alunos. A prontidão e a vigilância
são essenciais para uma resposta adequada.

Intervenção imediata: depois de identificar a crise e garantir a segurança e


integridade física do aluno - ou dos alunos - em crise, a equipe escolar deve agir
rapidamente para fornecer suporte imediato aos alunos afetados. O primeiro
contato com o(s) aluno(s) em crise, normalmente, é do professor, que está em
sala de aula e presencia esses momentos. Neste momento, o professor precisa
intervir imediatamente, muitas vezes separando o(s) aluno(s) do grupo,
implementando medidas de autocontrole fazendo com que o aluno se acalme.

Avaliação da situação: uma vez identificada a crise, é importante avaliar a


gravidade e a urgência da situação. Isso envolve coletar informações relevantes,
como detalhes do incidente, histórico do aluno envolvido, contexto familiar e
quaisquer outros fatores que possam impactar a resposta e as medidas a serem
tomadas. Esse processo de coleta de dados é essencial no direcionamento dos
futuros encaminhamentos.

Garantia da segurança: a segurança dos alunos e da equipe escolar deve ser a


principal prioridade durante uma crise. Se houver uma ameaça iminente à
segurança, medidas de segurança devem ser tomadas imediatamente. Isso
pode incluir o bloqueio de áreas, evacuação, contato com autoridades
competentes e implementação de protocolos de emergência.

Comunicação efetiva: é fundamental estabelecer uma comunicação clara e


aberta durante uma crise. Isso envolve notificar a direção da escola, demais
professores, funcionários e outros membros relevantes da equipe escolar sobre a
situação. Além disso, é importante manter a família ou responsáveis informados,
garantindo que eles recebam atualizações precisas e oportunas sobre a crise e
as medidas sendo tomadas.

Avaliação e acompanhamento: após a resposta inicial à crise, é importante


realizar uma avaliação mais aprofundada da crise, suas causas subjacentes e seu
impacto nos alunos e na comunidade escolar. Isso permitirá que a equipe
escolar desenvolva estratégias de prevenção, identifique necessidades de apoio
contínuo e implemente medidas de acompanhamento para os alunos afetados.

Envio de recursos adicionais: dependendo da gravidade da crise, pode ser


necessário buscar recursos adicionais externos, como serviços de saúde mental,
assistentes sociais, orientação jurídica ou outros profissionais especializados. A
colaboração com esses recursos pode fornecer suporte adicional e ajudar na
recuperação e no bem-estar dos alunos.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


RESPOSTAS AS CRISES
ESCOLARES
Cada crise é única e pode exigir É essencial ressaltar que o
abordagens específicas, mas ter um gerenciamento de crises em saúde
fluxo geral de endereçamento de mental nas escolas requer uma
crises escolares ajuda a garantir abordagem colaborativa e
uma resposta rápida, coordenada e multidisciplinar, envolvendo
eficaz. A seguir, protocolos educadores, profissionais de saúde,
específicos trazem direcionamentos pais e a própria comunidade
relacionados às crises mais escolar. É justamente essa
comumente encontradas na escola. colaboração que o fluxograma
apresentado neste handbook busca
O principal objetivo desa sugestão facilitar, delineando as etapas-chave
de fluxo de resposta é fornecer a serem seguidas e destacando a
orientações fundamentais para importância da comunicação
educadores, profissionais da saúde aberta e transparente entre todos
e demais envolvidos no ambiente os envolvidos.
escolar, a fim de promover uma
abordagem eficaz e compassiva Por isso, sugerimos também que
diante de crises relacionadas à esse recurso seja constantemente
saúde mental dos estudantes. revisado e atualizado, levando em
consideração as pesquisas mais
O fluxograma aqui apresentado visa recentes, as diretrizes
não apenas identificar e responder governamentais e as boas práticas
prontamente a situações de crise, estabelecidas. O ambiente escolar
mas também estabelecer uma está em constante evolução, assim
abordagem sistematizada que como as demandas e desafios
integre a prevenção, o suporte e o enfrentados pelos estudantes.
encaminhamento adequado dos Portanto, a flexibilidade e a
alunos envolvidos. Com base em adaptabilidade desse fluxograma
práticas e recomendações são aspectos fundamentais para
atualizadas, essa ferramenta busca garantir sua eficácia contínua no
criar um ambiente escolar seguro, contexto escolar.
inclusivo e acolhedor para todos os
estudantes, proporcionando um Ao seguir as orientações aqui
apoio efetivo para aqueles que apresentadas, a comunidade
estão enfrentando desafios escolar estará melhor preparada
emocionais e de saúde mental. para identificar, intervir e apoiar os
alunos em momentos de crise,
fortalecendo assim a resiliência e
contribuindo para um ambiente
escolar mais saudável e seguro.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLOS
4
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL
PROTOCOLO 1:
AGRESSÃO FÍSICA E VIOLÊNCIA

A agressão física na escola é um fenômeno preocupante


que envolve a ocorrência de comportamentos violentos e
físicos entre os alunos. Essas formas de agressão podem
incluir empurrões, socos, chutes, mordidas e qualquer tipo
de contato físico que cause dor ou lesão a outra pessoa. A
agressão física na escola cria um ambiente hostil, afeta
negativamente o bem-estar dos alunos e interfere no
processo de aprendizagem.

É importante entender que a agressão física na escola pode


ter várias causas, como bullying, conflitos interpessoais,
falta de habilidades de resolução de conflitos, influências
sociais e familiares negativas, além de problemas de saúde
mental não tratados. Além disso, fatores ambientais, como
a falta de supervisão adequada e a ausência de medidas
DEFINIÇÃO preventivas e disciplinares eficazes, podem contribuir para
a ocorrência desse tipo de agressão.

As consequências da agressão física na escola são


significativas, tanto para as vítimas quanto para os
agressores. As vítimas podem sofrer lesões físicas, além de
efeitos emocionais e psicológicos, como medo, ansiedade,
baixa autoestima e dificuldades acadêmicas. Os agressores,
por sua vez, correm o risco de desenvolver
comportamentos violentos persistentes, problemas de
relacionamento e dificuldades futuras de adaptação social.

É importante ressaltar que a agressão física na escola é um


problema complexo que requer uma abordagem
multidimensional e um esforço conjunto de toda a
comunidade escolar. Ao promover um ambiente seguro,
acolhedor e livre de violência, a escola estará contribuindo
para o bem-estar dos alunos e para o desenvolvimento
saudável de suas habilidades sociais e emocionais.

Como endereçar agressão física e violência na escola?

A ocorrência de crises relacionadas à agressão física e violência na escola exige uma


resposta rápida e efetiva por parte da equipe escolar. É fundamental agir de maneira
adequada e empática, priorizando a segurança dos envolvidos e trabalhando para
solucionar a crise de forma construtiva.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 1:
AGRESSÃO FÍSICA E VIOLÊNCIA

O que fazer durante a crise O que evitar durante a crise

Intervenha imediatamente: assim que perceber ou Não ignore ou minimize a situação: agressões físicas
for informado sobre a crise de agressão física ou e violência não devem ser ignoradas ou
violência, intervenha de forma rápida e decisiva. minimizadas. Não desconsidere a seriedade do
Priorize a segurança dos envolvidos, separando os ocorrido ou rotule a situação como "brincadeira" ou
indivíduos envolvidos e garantindo que a situação "coisa de criança". Reconheça a gravidade da crise e
não se agrave. a necessidade de intervenção imediata.

Não aplique punições imediatas e sem avaliação:


Chame apoio adicional: se necessário, solicite a evite aplicar punições ou medidas disciplinares
presença de outros membros da equipe escolar, imediatas sem avaliar adequadamente a situação.
seguranças ou autoridades competentes para Embora seja necessário tomar medidas para
auxiliar na resolução da crise. Quanto mais recursos garantir a segurança, é importante investigar todos
e suporte forem disponibilizados, melhor será a os aspectos da crise e considerar os fatores
gestão da situação. contextuais antes de aplicar qualquer tipo de
punição.

Mantenha a calma e a neutralidade: é essencial Não exponha publicamente os envolvidos: evite


manter a calma e a neutralidade durante o expor publicamente os envolvidos na crise de
processo de intervenção. Evite expressar raiva, agressão física ou violência. Respeite a privacidade
frustração ou favoritismo em relação às partes dos alunos e evite expô-los a humilhação ou ao
envolvidas. Isso ajudará a estabelecer um ambiente ridículo diante dos colegas. Privacidade e dignidade
seguro e a transmitir uma mensagem clara de que devem ser preservadas durante o processo de
a violência não será tolerada. intervenção e resolução da crise.

Escute atentamente as partes envolvidas: permita Não tome partido de imediato: evite tomar partido
que todas as partes envolvidas expressem suas ou emitir julgamentos precipitados antes de obter
perspectivas e sentimentos sobre a situação. Dê- informações e evidências completas sobre a
lhes espaço para falar e mostre empatia ao ouvir situação. É importante abordar a crise de forma
suas preocupações. Isso demonstrará que suas imparcial, ouvindo todas as partes envolvidas e
vozes são valorizadas e ajudará a promover uma considerando todas as perspectivas antes de tomar
resolução mais efetiva. qualquer decisão ou ação.

Documente os incidentes: registre de forma Não negligencie o suporte emocional: além das
detalhada todos os incidentes e informações medidas disciplinares, é essencial oferecer suporte
relevantes relacionadas à crise. Isso pode incluir emocional às vítimas, agressores e testemunhas da
descrições dos eventos, depoimentos das crise. Reconheça o impacto emocional que a
testemunhas, fotos ou vídeos, se aplicável. Esses situação pode ter sobre os envolvidos e encaminhe-
registros serão úteis para avaliar a situação, tomar os a profissionais de saúde mental, se necessário.
medidas disciplinares apropriadas e, se necessário, Promova um ambiente de apoio e recuperação,
informar as autoridades competentes. visando o bem-estar de todos os alunos.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 2: LUTO

O luto caracteriza-se por um estado emocional que se inicia


a partir do rompimento de um vínculo forte, geralmente
associado à morte de um ente querido, que ocasiona um
conjunto de reações emocionais. É um processo composto
por vários sentimentos como medo, angústia, raiva, culpa,
ansiedade e insegurança.

Esses sentimentos e sensações muitas vezes se misturam


de forma pouco organizada, podendo provocar
instabilidade emocional, cognitiva e orgânica. O luto é
vivido de forma singular e o processo pode variar conforme
a cultura, com a época e com o meio no qual se vive.

Por se tratar de um processo, o luto não é classificado como


uma doença, mas devido à intensidade das situações que
desencadeiam esse processo, é possível ocorrer em
crianças, adolescentes e adultos uma sucessão de quadros
DEFINIÇÃO clínicos. Nas crianças e adolescentes, os sintomas podem
ser físicos, psíquicos, mas também podem aparecer por
meio de dificuldades escolares, seja nos aspectos
pedagógicos, seja nas relações interpessoais com colegas.

Na escola, o luto pode aparecer relacionado à morte e a


todo tipo de perda, como, por exemplo, separação dos pais,
mudança de cidade, de escola, mudanças de familiares e
amigos próximos. É preciso atenção, cuidado e
acompanhamento para que a criança ou o jovem possam
elaborar sua dor durante o luto. Ser acolhido e amparado
pelos diversos grupos sociais proporcionará a conquista de
recursos emocionais para a superação e a aceitação de sua
nova realidade.

A escola tem um papel fundamental nestas ocasiões, uma


vez que é um lugar de socialização e pode, em parceria com
a família, oferecer acolhimento e suporte para os
estudantes, ajudando-os na significação da perda e
promovendo o acolhimento do sofrimento.

Como trabalhar o luto na escola?


Para realizar o manejo de situações que envolvem o processo de luto na escola é
muito importante que os educadores estejam preparados para falar e ouvir sobre o
assunto. É preciso que eles possam abordar a questão sem tabu, utilizando uma
escuta adequada, ativa, acolhedora e empática.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 2: LUTO

O que fazer durante a crise O que evitar durante a crise

Formação de professores: Lidar com o tema da morte


pode ser muito desafiador para os próprios educadores. É
Não faça intervenções com o estudante pautada em
importante que a escola ofereça momentos de formação,
crenças pessoais. Procure ajuda da sua equipe para
discussão e reflexão sobre o assunto. Desse modo os
construir estratégias, converse com colegas, faça
professores podem adquirir ferramentas
formações e se aprofunde no tema para ter segurança e
comportamentais e socioemocionais para fazer um
poder oferecer o acolhimento adequado.
manejo acolhedor de possíveis situações que envolvam o
tema “luto”.

Não invalide o sofrimento do estudante, evite falas


Peça ajuda: Diante de situações que envolvem o luto é
genéricas e que relativizam o que o estudante está
muito importante não agir sozinho. Peça ajuda para a
sentindo. Procure usar uma abordagem calma, se
equipe pedagógica e, se necessário, a profissionais
mostre aberto e interessado. Use uma linguagem
externos, de modo a construir coletivamente a melhor
acessível e adaptada para a faixa etária e busque auxiliar
estratégia para acolher o estudante.
na nomeação das emoções.

Evite julgar ou categorizar o sofrimento, cada família e


Ofereça acolhimento e apoio para a família que está em
cada estudante irá reagir de uma determinada maneira
situação de luto através de uma escuta acolhedora e
diante do luto. Busque sempre ouvir com empatia e a
empática. Cada família reage de modo singular ao
partir da demanda de cada um pense junto com sua
processo de luto, mantenha uma boa comunicação para
equipe em estratégias de acolhimento e cuidado que
compreender qual a melhor forma de oferecer ajuda.
visem o bem estar dos envolvidos.

Oferecer acolhimento para o estudante enlutado: O


processo de luto afeta o modo de expressão das emoções,
Não faça nenhuma proposta, individual ou coletiva,
situações do cotidiano podem causar instabilidade
baseando-se em crenças pessoais sobre o tema. Isso
emocional e reações desproporcionais. Nestes momentos
evita que os envolvidos se sintam desrespeitados e
é muito importante que o adulto se mostre disponível e
invalidados.
escute o que o estudante tem a dizer e oriente-o se
necessário.

Promover rodas de conversa com os estudantes, no


intuito de informar e conscientizar, considerando
Adeque as propostas coletivas e individuais à faixa
adaptações para a faixa etária, é uma boa estratégia de
etária da turma e do estudante, cuidando para utilizar
prevenção do sofrimento, pois oferece recursos para
uma linguagem adequada acessível e também
prepará-los para quando a situação surgir. Falar sobre o
cuidando para abordar o tema de acordo com a
tema de forma acolhedora, preparada e segura
necessidade da turma/estudante.
demonstra que a escola é um ambiente aberto para
quando o estudante precisar buscar apoio.

Utilizar recursos lúdicos como contação de histórias,


brincadeiras, filmes, vídeos, textos, vivências. Isso pode ser
um recurso para acessar os sentimentos dos estudantes e
possibilita que eles se expressem. Além disso, abre um
canal de diálogo importante, fortalece os vínculos e
possibilita elaborações sobre os sentimentos e as
mudanças que envolvem o processo do luto.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 3:
IDEAÇÃO SUICIDA

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais, 5 (DSM-5), a ideação suicida é caracterizada pela
frequência/persistência de pensamentos autodestrutivos e
sobre a morte, a ideação costuma ser associada com um
desejo intenso de escapar da dor emocional, algo extremo
que enxerga o suicido como uma saída possível. Os
pensamentos podem se apresentar como ideias vagas e/ou
planos concretos que objetivam o suicido. A ideação suicida
pode ser determinada por muitos fatores, a partir de
intrincada relação entre condições psicológicas, biológicas,
socioambientais, culturais e até mesmo genéticas. Alguns
aspectos que podem acarretar e/ou acentuar o quadro são:
isolamento, sofrimento psíquico decorrente de conflitos
familiares, agressões psicológicas ou físicas, discriminação por
orientação sexual ou identidade de gênero, perda de entes
queridos ou doenças crônicas e incapacitantes. OBS: Esses
fatores não necessariamente configuram quadro suicida, mas
podem ser importantes alertas para uma possível
investigação.
DEFINIÇÃO A preocupação com a saúde mental dos jovens é uma
questão cada vez mais importante e urgente. O suicídio é
uma das principais causas de morte entre os adolescentes, e é
essencial que as escolas desempenhem um papel ativo na
prevenção e no apoio a estudantes que possam estar em
risco. Este texto informativo visa fornecer diretrizes e
estratégias para abordar o tema do suicídio nas escolas,
promovendo um ambiente seguro e saudável para todos os
estudantes.

Pensar e falar sobre suicídio muitas vezes é visto como algo


muito sério e errado, por isso sentimos medo e vergonha de
falar sobre isso abertamente. Esse tabu, juntamente com as
dificuldades em buscar ajuda, a falta de conscientização e
atenção sobre o assunto por parte das pessoas e o equívoco
de que o comportamento suicida não é um evento comum,
constituem barreiras para a prevenção.

A prevenção do suicídio nas escolas requer um esforço


conjunto e contínuo. Ao conscientizar, identificar, oferecer
apoio e estabelecer parcerias, as escolas podem desempenhar
um papel crucial na promoção da saúde mental e no bem-
estar dos estudantes. É essencial que essa abordagem seja
integrada às práticas educacionais e que seja dada a devida
atenção ao tema, garantindo um ambiente seguro e
acolhedor para todos os jovens.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 3:
IDEAÇÃO SUICIDA

Como trabalhar a ideação suicida na escola?

É importante ficar atento aos sinais de alerta do comportamento suicida,


como: agravamento de conduta ou manifestações verbais acerca da morte,
visão negativa do futuro, desesperança e pessimismo, bem como
demonstrações de autodepreciação. Principalmente observar manifestações
verbais, produções acadêmicas e mudanças comportamentais.

É interessante ressaltar que geralmente as pessoas em questão, dão alguns


sinais e oportunidades para intervenção, que podem ser aliados à prevenção
do suicídio. OBS: Esses fatores não necessariamente configuram quadro
suicida, mas podem ser importantes alertas para uma possível investigação.

Outro fator importante da prevenção/remediação é de que sejam


identificados alunos com ideação suicida e estabelecer comunicações com
eles de forma separada do restante dos outros alunos, para não desencadear
o efeito contagioso em que pessoas com conflitos e sofrimento psíquico se
identificam com a ideia de suicídio por lhes parecer uma alternativa razoável.

O efeito Werther, também conhecido como contágio suicida ou imitação


suicida, diz respeito a um fenômeno social em que o suicídio de uma pessoa
pode influenciar a um aumento da taxa de suicídio entre os demais. O termo
deriva de um romance alemão de Goethe, publicado em 1774, que ocasionou
aumento da taxa de suicídios na Europa.

O fenômeno se dá quando o suicídio e divulgado pela mídia ou outros meios


de comunicação, o que pode fazer com que pessoas em situações difíceis,
considerem o suicídio como opção. Para minimizar o efeito, é recomendado
que o tema seja abordado com cautela, somente com as pessoas envolvidas
na situação.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 3:
IDEAÇÃO SUICIDA

O que fazer durante a crise O que evitar durante a crise

Não desrespeite ou considere levianas


Sendo uma pessoa de confiança, ouça sem julgamentos, verbalizações/expressões sobre sofrimento ou suicidio,
de forma empática, é provável que esta seja a única mesmo que aparentem ser inofensivas/brincadeiras, a
maneira que o aluno encontrou de lidar com sua aflição. maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias
de morte.

Não invalide o sofrimento pelo qual o aluno está


Verbalize que se importa e que está tentando oferecer
passando, evite dizer coisas como: "Isso é apenas uma
apoio, isso pode diminuir o sentimento de isolamento e
fase" ou "Você está exagerando". Tais comentários
desesperança, que muitas vezes está presente em um
podem fazer com que a pessoa se sinta
quadro de ideação suicida.
incompreendida ou desvalorizada.

Deixe claro que as informações sobre a situação são


confidenciais e que não serão compartilhadas com Não converse com o aluno na presença de outras
ninguém, a não ser com seus responsáveis e autoridades pessoas que não sejam pertinentes à intervenção.
escolares.

Durante a conversa, é importante ressaltar a conduta de


Não divida sua atenção enquanto escuta o aluno, isso
acolhimento dos sentimentos e a isenção de culpa da
pode fazer com que ele se sinta pior.
pessoa em questão.

Mantenha a calma e seja paciente: É essencial transmitir


uma sensação de calma e segurança durante a conversa.
Evite transparecer reações como choque ou pânico.
Permita que a pessoa compartilhe seus pensamentos no
ritmo dela.

É normal que pessoas com ideações suicidas


Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato,
apresentem comportamento ambivalente em relação a
não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais como
receptividade da ajuda, não entenda como rejeição,
seguranças ou autoridades competentes para auxiliar na
geralmente essas pessoas encontram-se hipersensíveis
resolução da crise.
e com os pensamentos desorganizados.

Quando o assunto for trazido até você, pelo próprio


Caso precise indicar onde obter ajuda:CAPS e Unidades
aluno, não trate como um 'tabu' pois isso pode significar
Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de
aumento de tensão psíquica na pessoa e o afastamento
Saúde);UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro;
da possibilidade de prevenção do suicidio, em
Hospitais;Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação
contrapartida, conversar sobre isso pode gerar alívio da
gratuita).
angústia que esses pensamentos trazem.

Não prometa manter segredo absoluto: É importante


garantir a segurança da pessoa em risco. Explique que
em situações como essa, você precisa comunicar aos
pais e autoridades escolares.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 4: AUTOLESÃO E
AUTOMUTILAÇÃO

A automutilação ou autolesão são fenômenos complexos e


multideterminados, resultantes de uma interação
complexa entre fatores biológicos, ambientais, psicológicos
e sociais.

Ainda que não haja uma conceituação uniforme, podemos


defini-la como qualquer comportamento que envolva a
DEFINIÇÃO agressão intencional ao próprio corpo, sem que haja
intenção consciente de suicídio. Caracterizam-se por
estratégias de alívio para lidar com emoções e sentimentos
em que o sujeito não consegue lidar e suportar e veem
nessa prática a saída mais rápida para aliviar o sofrimento. É
uma troca da dor emocional pela dor física.

Alguns exemplos são a ingestão de objetos cortantes,


prática de arrancar peles e pelos, bater em si próprio,
interferir na cicatrização de ferimentos, inserir objetos nas
feridas, auto-sufocação e morder-se. As práticas autolesivas
mais comuns são as queimaduras e os cortes nos pulsos,
pernas e braços, bem como arranhões.

Como trabalhar a autolesão e automutilação na escola?


As escolas precisam estar atentas aos possíveis sinais – como blusas de frio em altas
temperaturas, isolamento, sintomas de baixa autoestima ou depressão - e uma vez
identificado um caso, é preciso com urgência chamar o estudante e responsáveis
para conversar. Aliás, é comum que os familiares não percebam isso dentro de casa,
o que pode agravar o quadro enquanto o tempo passa. Muitos acham que usar
roupas de mangas longas, se isolar, ou ficar deprimido é "coisa de adolescente”, mas
não é.

Quando for conversar com um estudante que se automutila, é necessário ter uma
atitude acolhedora, sem julgamentos, mostrar-se disposto a ouvi-lo e tentar
entender o que está acontecendo. A atitude acolhedora também vale para as
famílias que, geralmente, não sabem como reagir à situação. A escola também pode
sugerir o encaminhamento a um especialista - psicólogo ou psiquiatra - para análise
do caso e, se necessário, iniciar um tratamento até que o quadro seja estabilizado.

E, cabe a escola trabalhar essa temática mesmo sem identificar um caso de


automutilação? Sim. Esse é um assunto que deve fazer parte das discussões na
escola, mesmo antes do problema. É fundamental realizar um trabalho antibullying
e atividades que melhorem a autoestima, desenvolvendo habilidades para expor
ideias e lidar com as diversidades e adversidades. Atividades assim melhoram a
habilidade de expressão e o sentimento de pertencimento dos estudantes durante
essa fase da vida.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 4: AUTOLESÃO E
AUTOMUTILAÇÃO

O que fazer durante a crise O que evitar durante a crise

Formação de professores: É importante que


todo corpo docente esteja preparado para
identificar sinais de automutilação em seus Não trate o tema como um tabu - quando
estudantes. A capacitação de profissionais que surgir um estudante com sinais de
atuam na escola devem considerar o automutilação os profissionais devem manter
desenvolvimento de habilidades de escuta a calma e acolher os sentimentos que o
empática, o acolhimento das demandas estudante está trazendo.
emocionais de estudantes e identificação
precoce de estudantes em risco.

Acolher o sentimento do estudante e validar o


Não leve suas crenças pessoais como crenças
que está sentindo de forma geral para que o
imutáveis. Permita que o seu conhecimento
estudante possa encontrar em você uma pessoa
esteja a favor do estudante.
segura para compartilhar seus sentimentos.

Converse com o estudante - Se perceber algum


Não julgue ou tente simplificar: priorize
sinal preocupante. Diga que você percebeu
perguntas abertas e sem conselhos
comportamentos diferentes nele e que quer
disfarçados.
ajudá-lo.

Não fazer Interpretações como a


Ficar atento a mudanças de comportamento e
automutilação é um ato para chamar a
rendimento escolar.
atenção.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 5: ANSIEDADE
GENERALIZADA

A ansiedade generalizada é um transtorno de saúde mental


caracterizado por preocupação excessiva e persistente em
relação a várias áreas da vida, no contexto escolar surge
uma preocupação sobre desempenho na escola,
relacionamento com colegas, atividades extracurriculares,
testes e avaliações e outras preocupações cotidianas. As
pessoas que sofrem de ansiedade generalizada tendem a
sentir-se ansiosas na maioria dos dias, por um período
prolongado de tempo, geralmente pelo menos seis meses.

DEFINIÇÃO Os sintomas da ansiedade generalizada no contexto escolar


incluem inquietação, irritabilidade, dificuldade em
concentrar-se, tensão muscular, fadiga, problemas de sono,
perturbações gastrointestinais e preocupações constantes
sobre o desempenho e a aceitação social. A criança ou
adolescente com ansiedade generalizada pode ter
dificuldade em controlar suas preocupações e pode sentir
uma sensação constante de apreensão ou antecipação de
desastres iminentes.

É importante ressaltar que a ansiedade generalizada difere


de preocupações normais, pois é mais intensa e persistente,
afetando significativamente a vida diária da pessoa. Pode
interferir em relacionamentos, desempenho no trabalho e
bem-estar geral.

Como trabalhar a ansiedade generalizada na escola?


A ocorrência de crises de ansiedade na escola, envolvendo alunos que possuem o
transtorno de ansiedade generalizada (TAG) exige um acolhimento rápido e
empático. É essencial validar a maneira pela qual o aluno está se sentindo,
priorizando a sua imagem (não o expondo) e lhe ajudando a se acalmar. Segue
abaixo algumas dicas do que ser feito e do que não ser feito com os alunos em crise
de ansiedade:

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


PROTOCOLO 5: ANSIEDADE
GENERALIZADA

O que fazer durante a crise O que evitar durante a crise

Acolhimento imediato: Ao identificar que um Não tentar forçar ações como dar um abraço
aluno está tendo uma crise de ansiedade, validar ou obrigá-lo a falar sobre o que está
a maneira pela qual ele está se sentindo e acontecendo imediatamente, assim como não
acolhê-lo. proferir frases como “não chora, tá tudo bem”

Manter a calma: É muito importante manter a


calma durante o acolhimento pois o aluno
Expressar ansiedade e fala acelerada por não
precisa estar acompanhado de uma presença
saber lidar com a situação.
tranquila, que esteja disposta a lhe
compreender e lhe ajudar a se acalmar.

Ambiente calmo: é essencial que o aluno esteja


em um lugar com poucos estímulos, mais Manter ou levar o aluno para ambientes com
silencioso para que o ajude a se acalmar. Além muitos estímulos, ou manter muitas pessoas
da segurança que o espaço oferece, para que o por perto, o que faz com que ele possa ficar
aluno se sinta mais confortável para falar ainda mais ansioso e exposto.
também.

Escuta empática: na conversa com o aluno, é


Evitar o uso de frases genéricas como: “fica
importante validar a maneira pela qual ele está
calmo”, “vai ficar tudo bem” e utilizar de
se sentindo, se disponibilizar para entender o
comparativos rasos e genéricos da situação,
que pode ter causado a crise e respeitar o
diminuindo o problema.
tempo dele.

Respiração profunda: um ponto chave, que


ajuda muito durante uma crise de ansiedade é a
inspiração profunda pelo nariz, segurar um
pouco o ar e soltar lentamente pela boca,
repetidas vezes até o aluno se acalmar.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Arlington,
VA: American Psychiatric Publishing, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Comissão de Estudos e Prevenção do Suicídio. Suicídio: informando para
prevenir. Brasília: CBM/ABP, 2014.

BIAS, Rubens; REIS, Silvia. Orientações para a atuação profissional frente a situações de suicídio e automutilação.
Organizado pela Comissão Especial de Psicologia na Saúde do CRP 01/DF. Brasília: CRP, 2020. Disponível em:
https://conselho.saude.gov.br/images/CRPDF-Orientacoes_atuacao_profissional.pdf. Acesso em: 11 jun. 2023.

BRADSHAW, C. P.; SAWYER, A. L.; O’BRENNAN, L. M. Bullying and peer victimization at school: Perceptual differences
between students and school staff. School psychology review, v. 36, n. 3, p. 361-382, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Assuntos. Suicídio (Prevenção) em 2023. Brasília, 2023.

CORRÊA, H.; BARRERO, S. P. Suicídio: uma morte evitável. São Paulo: Atheneu, 2006.

DA VIDA, Comitê Estadual de Promoção. Prevenção do Suicídio do Estado do Rio Grande do Sul. Guia intersetorial de
prevenção do comportamento suicida em crianças e adolescentes [Internet]. Porto Alegre: Comitê Estadual de
Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, 2019.

ESPELAGE, D. L.; SWEARER, S. M. Research on school bullying and victimization: What have we learned and where do
we go from here?. School psychology review, v. 32, n. 3, p. 365-383, 2003.

GINI, G.; ESPELAGE, D. Peer victimization, cyberbullying, and suicide risk in children and adolescents. JAMA
pediatrics, v. 168, n. 5, p. 435-442, 2014.

KOVÁCS, M. J. A morte no contexto escolar: desafio na formação de educadores. In: FRANCO, M. H. P. (Org.).
Formação e rompimento de vínculos: O dilema das perdas na atualidade. São Paulo: Summus, 2010.

KOVÁCS, M. J. Educação para a morte. Psicologia Ciência e Profissão, v. 25, p. 484-497, 2005.

KOVÁCS, M. J. Educadores e a Morte. Psicologia Escolar e Educacional, v. 16, n. 1, p. 71-81, 2012.

MARQUES, P. R. M. Luto na escola: Um cuidado necessário. Monografia (Mestrado em Educação) - Universidade


Metodista de São Paulo, São Paulo, 2012.

MERHY, Janaína. Temas Gerais em Psicologia 2. Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2018.

NATIONAL ASSOCIATION OF SCHOOL PSYCHOLOGISTS. Best practices in bullying and violence prevention.
Disponível em: https://www.nasponline.org/resources-and-publications/resources/school-safety-and-
crisis/preventing-bullying-and-school-violence/best-practices-in-bullying-and-violence-prevention. Acesso em: 11 jun.
2023.

OLWEUS, D. Bullying at school: What we know and what we can do. Wiley-Blackwell, 1993.

OLWEUS, D.; LIMBER, S. P.; MIHALIC, S. F. Blueprints for violence prevention, book nine: Bullying prevention program.
Center for the Study and Prevention of Violence, 1999.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Transtornos Mentais e Comportamentais. Departamento de Saúde Mental.


Genebra, 2000.

PEREIRA, A. M.; LOUREIRO, S. R.; OLIVEIRA, M. A. Prevalence of generalized anxiety disorder among children and
adolescents in the state of Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 36, n. 3, p. 218-225, 2014.

PHILLIPS, David P. The influence of suggestion on suicide: Substantive and theoretical implications of the Werther
effect. American sociological review, p. 340-354, 1974.

QUESADA, Andrea Amaro. Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio: orientações para educadores e
profissionais da saúde. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020. 124 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_prevencao_automutilacao_suicidio_orientacoes_educadores_pr
ofissionais_saude.pdf. Acesso em: 11 jun. 2023.

SARTORI, A. A. K. Luto na escola: Uma realidade a ser enfrentada. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Educação)
- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. p. 93.

SMITH, P. K.; BRAIN, P. Bullying in schools: Lessons from two decades of research. Aggressive behavior, v. 26, n. 1, p. 1-
9, 2000.

SWEARER, S. M.; ESPELAGE, D. L.; VAILLANCOURT, T.; HYMEL, S. What can be done about school bullying? Linking
research to educational practice. Educational researcher, v. 39, n. 1, p. 38-47, 2010.

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HANDBOOK 1 | SAÚDE MENTAL


CONTINUE APRENDENDO
COM A CAMINO SCHOOL
www.caminoschoolopenlearning.com

-11-

Você também pode gostar