Devocional Acamp 2024
Devocional Acamp 2024
Devocional Acamp 2024
“Então peço que me deem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo
amor e sendo unidos de alma e mente. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos
tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês
mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos
outros.”
Inicialmente precisamos refletir sobre a palavra Kenose ou Kénosis, (palavra que intitula o nosso
acampamento deste ano) que significa: esvaziar, extenuar, reduzir a nada; estado de
humilhação. A sua significação teológica está ligada ao fato de o Novo Testamento utilizá-la para
expressar a realidade de Jesus Cristo, Filho/Verbo de Deus que, sendo Deus, a Segunda Pessoa
da Trindade, aniquilou-se, humilhou-se e assumiu a condição humana, pela sua própria escolha.
Sendo humano, tornou-se servo. Kénosis é o sair de si sem deixar de ser o "si" mesmo. É se
esvaziar para se encontrar no outro, sem perder a própria identidade, pois quando
desenvolvemos relacionamentos descentralizando do nosso “EU” passamos a nos doar de forma
despretensiosa aos outros. Somente assim, poderemos servir ao Reino de Deus, de modo a nos
tornarmos imitadores de Cristo.
Quando estamos cheios de nós mesmos não permitimos que Deus nos conduza nesse processo
de conhecimento, pois estaremos sempre focados na nossa caminhada de conquistas,
centralizando sempre nas ambições determinadas pelo nosso coração, de modo a não se
importar com as necessidades daqueles que nos rodeiam. Por isso cresce dentro de nós o ciúme,
a desconfiança, o orgulho, o egoísmo, a mentira, a malícia, a murmuração, a ira, a ansiedade,
dentre vários outros sentimentos que se reproduzem em ações que acabam por desconsiderar
os ensinamentos de Cristo, dentro dos nossos relacionamentos.
Não há ninguém que esteja tão vazio quanto aquele que está cheio de si mesmo.
O apóstolo Paulo entendeu isso e disse: "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a
fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim." (Gálatas 2:19:20).
Jesus é Deus. Mesmo assim, Ele se tornou homem e se submeteu a participar dos mesmos
sofrimentos que todos nós, seres humanos. Limitações, dores, dificuldades, humilhações,
pressão etc. Além disso, sobre ele pesava a responsabilidade de redimir a humanidade. Então,
ele se fez pecado por nós (atitude de maior humilhação que ele poderia viver na terra),
enfrentou o Getsêmani e a dor da crucificação, por sua própria escolha.
Então, é importante que passemos a entender que uma vida de esvaziamento requer de nós
renúncias, não retribuições, posturas, continuidade e certeza da nossa identidade celestial. Caso
contrário, seremos levados a reproduzir atitudes tomadas por outras pessoas.
Ao contemplar a humildade radical de Jesus, somos chamados a seguir seu exemplo. Cultivar a
humildade significa colocar os interesses dos outros acima dos nossos, abrir mão do orgulho e
da vaidade, buscar servir a Deus e ao próximo com amor e entrega. Dessa maneira, o Senhor
nos pede, por meio do apóstolo Paulo, no livro de Filipenses, que nós, como membros do corpo
de Cristo, satisfaçamos o Seu coração vivendo em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo
unidos de alma e mente.
Que hoje possamos identificar e nos libertar de todas as atitudes que não estejam focadas em
abrir mão do nosso “EU”, aquelas que nos fazem buscar lugar de destaque ou reconhecimento,
aquelas que me impedem de me submeter a qualquer autoridade, aquelas que nos fazem sentir
superiores ao ponto de menosprezar outros, daquelas que nos fazem requerer benefícios,
aquelas que nos fazem investir na mera aparência exterior; pois essas, podem estar nos
impedindo de ter Cristo como o total governante das nossas vidas.
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando
entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.”
Bom dia acampantes, chegamos no nosso último dia de retiro e esperamos que até aqui o Senhor
já tenha ministrado ao seu coração, ainda temos muito no dia de hoje e oramos para que
continuemos sensíveis àquilo que Deus tem reservado para nós.
Quando ouvimos ou falamos a respeito do “ser cheio do Espírito Santo” ou ser “batizado com o
Espírito Santo” muitos incorrem no equívoco de relacionar somente aos dons espirituais e
principalmente ao dom de línguas estranhas ou “língua dos anjos”, não digo que os dons não
provém do Espírito, pelo contrário, a bíblia nos prova por diversas vezes que a capacitação pelo
batismo no ou com o Espírito Santo se manifesta também através dos dons que Ele dá
livremente, porém precisamos atentar nesse tempo para as preocupações que a palavra do
Senhor deixa para nós com relação ao verdadeiro propósito em sermos cheios de Deus.
É importante frisarmos que a atitude de encher-se do Espírito Santo vem de Deus para conosco,
nenhum ser humano pode se encher de Deus sem que o próprio Deus o encha. O homem deve
buscar intencionalmente ser cheio de Deus, mas apenas o próprio Deus pode nos encher por
completo. A atitude de esvaziamento também provém de Deus quando nos capacita a tirarmos
de nós o que não o agrada, não podemos esquecer que tudo provém do Senhor para as nossas
vidas (Tg 1. 17, 18), Ele é a fonte da nossa existência e para Ele vivemos.
No texto de hoje observamos que o autor usa de uma alegoria (o vinho) para falar de coisas que
geram desgastes nas relações e nos afastam das pessoas através dos conflitos gerados por elas,
mas também nos revela o quanto é importante estarmos cheios do Espírito para que, uma vez
capacitados, possamos viver da forma que o Senhor quer que vivamos. A vida em comunidade
de forma a enxergar o outro como maior que nós mesmos se mostra como uma derivação do
ser cheio do Espírito Santo.
Sempre que observamos momentos onde o Espírito Santo se manifesta ao homem e enxergamos
as consequências práticas disso, conseguimos identificar de forma clara a ação direta do Espírito
Santo em usar tais pessoas para abençoar de alguma forma a vida de outras. Tudo o que o Senhor
tem a derramar sobre a nossa vida diz respeito ao Seu caráter e ao serviço que precisamos
oferecer à vida do próximo. A obra de Cristo consiste em agradar ao Pai e trazer salvação e
propósito a vida do homem pecador. Não podemos achar que o enchimento do Espírito consiste
em benefício unicamente para a nossa vida, mas principalmente para a vida daqueles que nos
cercam. Os dons espirituais são para a edificação da igreja (1Co 14. 12) e precisamos ter
consciência disso quando pedimos capacitação do alto.
O Senhor nos chamou à reconciliação de vidas e precisamos estar dispostos a viver segundo esse
chamado todos os dias (2Co 5. 18). O negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz diz respeito à
renúncia da própria vontade para vivermos a vontade do Senhor em dedicação às necessidades
do próximo, na primeira epístola de João, no capítulo três no verso dezesseis, a palavra do Senhor
vai declarar que o conhecimento ou a expressão do amor se resume na entrega de Cristo por
nós e na nossa entrega por nossos irmãos nos mostrando que de maneira prática que só
podemos dizer que amamos e conhecemos a Deus se estivermos entregando voluntariamente a
nossa vida em favor do próximo.
Dessa maneira, um princípio deve ser observado em toda a escritura, e também nos nossos dias
é o da obediência. No antigo testamento lemos um registro onde o rei Saul segundo a direção
do Senhor enfrenta os Amalequitas, porém não obedecendo toda a ordem de Deus, traz consigo
o melhor das ovelhas e do gado daquela cidade para oferecer em sacrifício a Deus quando o
Senhor tinha ordenado que destruíssem tudo. Nesse momento o profeta Samuel chega até o rei
Saul e declara que “…eis que obedecer é melhor do que sacrificar…” (1Sm 15. 22). Nada que
façamos para o Senhor ou em Seu nome se compara com aquilo que fazemos direcionados por
sua palavra, nenhum culto ou programação em nome do Senhor supera a posição de um coração
obediente e temente a Deus. Temos muito a viver no Senhor, mas nenhuma dessas coisas
procede de um coração autossuficiente ou desprovido de obediência, mas sim de uma total
dependência.
O nosso desejo é que esse tempo de retiro nos ajude a enxergarmos o verdadeiro valor da nossa
vida e do evangelho que nos alcançou e nos deu sentido. Enxergarmos que a vida vivida para a
autossatisfação é a forma mais vazia de se viver e que agradarmos a Deus não é algo complexo,
porém é algo que requer sensibilidade e disposição para entregarmos aquilo que nos pesa e
recebermos de Deus uma responsabilidade que nos trará propósito.
“Senhor, me ajuda a enxergar as cargas que têm pesado em minha vida e a colocá-las aos teus
pés. Me ajuda a te adorar com minha vida muito mais do que apenas palavras podem expressar.
Enche a minha vida com a tua presença e com todos os atributos que satisfaçam teu coração.
Me dá mais amor para que eu possa enxergar o próximo e suas necessidades muito mais do que
as minhas demandas, na confiança e certeza que o Senhor tem cuidado de mim. Que Teu nome
seja exaltado e conhecido através do meu simples viver. Em Cristo Jesus eu te peço, amém!”