E-Book Fidelidade

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1ª Edição:

Agosto de 2019

As citações bíblicas foram extraídas da Edição Revista e Corrigida da


tradução de João Ferreira de Almeida, publicada pela SBB, salvo quando
outra fonte for citada.

Todos os direitos são reservados e protegidos pela lei nº 9.610 de 19/02/1998.

É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por


quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros),
sem prévia autorização, por escrito, do autor.

Autor:

Valdinei Pereira

Categoria:

Vida cristã; estudos bíblicos

ISBN: 978-65-901461-0-6

Imagem da capa:

Mnplatypus, cedida por Pixabay como “grátis para uso comercial”


(https://pixabay.com/pt/photos/b%C3%ADblia-estudo-caf%C3%A9-copa-religi%C3%A3o-896220/)

Capa, diagramação e editoração:

Valdinei Pereira
Dedicatória

Ao Pastor Luiz Fernandes Bergamin, atual


Presidente Estadual e Nacional das Igrejas O
Brasil Para Cristo, um homem de Deus, que
procura sempre ter uma vida pautada nos
princípios da Palavra de Deus, um exemplo para
mim.
Ao Pastor Isaque Neri, OBPC Taboão, em
Guarulhos/SP, um servo do Deus Altíssimo que
tem sido uma bênção em minha vida. Sua amizade
é muito importante para mim.
Ao meu amigo, Pastor Nelson Cascaes e toda
sua família, OBPC em Manaquiri, no Amazonas,
um exemplo de empenho e dedicação a Deus e ao
seu Reino. Um homem de Deus que, mesmo com
poucos recursos, realiza uma obra espetacular na
região ribeirinha.
Ao meu amigo e irmão em Cristo, Pastor
Mauro Bueno de Andrade, OBPC em Vinhedo/SP,
um amigo sempre presente em minha vida, um
companheiro, uma bênção de Deus, um baluarte
nas mãos do Todo-Poderoso.
Ao meu amigo, Pastor Edvaldo Fidelis,
OBPC em Lagoa Santa/MG, um companheiro que
em um momento difícil da minha vida esteve
presente, não medindo esforços para demonstrar
todo o seu carinho e cuidado, nunca pedindo nada
em troca, fazendo tudo por amor. Você e sua família
são uma bênção.
Agradecimentos

Sou grato a Deus por todas as suas


realizações em minha vida e ministério.
Grato pelo seu amor e cuidado com minha
vida e família. Pela inspiração nas Sagradas
Letras. Pela direção do seu Espírito Santo.
Quero bendizer ao Senhor pela minha
família, em especial, à minha esposa, Marisa, que
há tantos anos tem sido minha companheira fiel
em todos os momentos.
Louvo a Deus pela vida dos meus pais, José
e Orzila, que me ensinaram princípios de vida que
trago comigo sempre. Eles são o meu porto seguro.
Prefácio

Fidelidade (πιστότητα leia- se pistótita)


deriva diretamente da palavra fé (πίστη leia-se
písti) e pode ser definida como: exercício perfeito da
fé.
Nesse rumo, o pastor Valdinei foi feliz
demais na evolução do tema proposto ao tratar de
integridade, caráter fiel e seus resultados,
utilizando exemplos e conexões com personagens e
histórias bíblicas que, em “paralelos e paradoxos”
nos ensinam sobre esse tema tão abrangente e
essencial para a prática do evangelho no reino de
Deus.
Talvez esse seja um tema até incômodo e,
por esse motivo, abandonado por muitos púlpitos,
pois não há como meditar sobre fidelidade sem
confrontar nossos pecados e nossas falhas de
caráter.
Meu sincero desejo é que o Espírito Santo
acompanhe cada leitor durante a jornada de
aprendizado nesse livro, resultando em reflexões
de quebrantamento e arrependimento para que o
caráter da fidelidade de Cristo se gere em cada um.
Desejo-lhe uma leitura transformadora!

Daniel Sábio
Teólogo e Pastor
Igreja O Brasil Para Cristo
Triunfo/RS
Introdução

“A fidelidade é caracterizada pela firmeza e pela


certeza de propósitos, por uma atitude e uma
conduta justa, pela devoção de alguém a uma
pessoa ou a uma causa, pela incorruptibilidade,
pela sinceridade, pela confiabilidade, pelo
cumprimento das promessas e votos feitos e pela
lealdade sincera. As ideias contrárias à fidelidade
são a infidelidade, a falsidade, a volubilidade, a
duplicidade, a indignidade, etc.” (R. N. Champlin,
PhD – Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia,
volume 2 – Artigo: Fidelidade, 1. Definição Geral –
Página 725)
Quando falamos sobre fidelidade precisamos
compreender que essa personalidade necessária
em nós faz parte dos atributos divinos, pois Deus é
fiel. Tudo o que Ele fala, faz ou promete é
totalmente confiável. Suas palavras trazem
segurança ao nosso coração, pois são verdadeiras e
fiéis.
“E o que estava assentado sobre o trono disse:
Eis que faço novas todas as coisas. E disse-
me: Escreve, porque estas palavras são
verdadeiras e fiéis.” (Apocalipse 22.5)
“...Sempre seja Deus verdadeiro, e todo
homem mentiroso...” (Romanos 3.4b)

Se queremos ser fiéis, precisamos aprender


com Deus os caminhos desse tão valoroso atributo
divino. Salomão escreveu:
“Cada qual entre os homens apregoa a sua
bondade; mas o homem fiel, quem o achará?”
(Provérbios 20.6)

“O homem fiel abundará em bênçãos...”


(Provérbios 28.20a)

A fidelidade, seja ela a Deus, ou aos homens,


ou a princípios, ou a valores, sempre tem uma
recompensa.
No decorrer deste livro iremos aprender com
os exemplos de Salomão, Abisai, José, Paulo e do
nosso mestre Jesus o valor de vivermos em
fidelidade para com Deus.
Falta-me tempo para falar detalhadamente
de muitos homens fiéis citados nas Sagradas
Escrituras, como Moisés, Davi, Hananias, Abraão,
Daniel, Tíquico, Epafras, Onésimo, Silvano,
Antipas e outros.
Em nenhum momento tive a pretensão de
esgotar o assunto, mas de trazer luz a um tema tão
importante. Paulo escreve a Tito:
“Fiel é esta palavra, e quero que você afirme
categoricamente essas coisas, para que os que
crêem em Deus se empenhem na prática de
boas obras. Tais coisas são excelentes e úteis
aos homens.” (Tito 3.8 - NVI)

Que estas reflexões possam lhe ser útil e


conduzir-lhe a um tempo de intimidade com Deus,
em nome de Jesus. Boa leitura.
Capítulo

1
Por Quem Somos
Apaixonados?

Quando entendemos o caráter de Deus,


começamos a entender o nosso próprio caráter, pois
somos criados a imagem dele.
Muitos dos questionamentos do nosso
coração são compreendidos claramente quando
compreendemos quem é Deus.
Seus atributos visíveis e invisíveis revelam
muito sobre quem nós somos e porque agimos desta
ou daquela forma.
Por exemplo: Deus é amor em sua essência,
então entendemos o porquê de nós sermos pessoas
que se apaixonam por outras pessoas.
E essa paixão não se limita apenas ao plano
terreno pois, ou somos apaixonados pelo Senhor
Jesus, ou acabamos nos envolvendo com outra
paixão, praticando uma espécie de traição
espiritual, como um ato de adultério.
O que é adultério?
Juridicamente falando, adultério1 é uma
violação, uma transgressão da regra de fidelidade
conjugal imposta aos cônjuges pelo contrato
matrimonial, cujo princípio consiste em não se
manterem relações carnais com outrem fora do
casamento.
Nós assinamos um contrato de fidelidade a
Cristo, de entrega total a Ele, quando entendemos
e aceitamos o seu amor por nós demonstrado na
cruz do calvário.
É uma aliança eterna, um pacto assinado
com sangue. Se apaixonar por outra coisa que não
seja o Senhor é uma violação a esse pacto, uma
transgressão.
Uma das definições teológicas da palavra
pecado é “a transgressão da lei”. Alguém pode
questionar que não estamos mais debaixo da lei,
mas debaixo da graça.
Sim, é verdade, a Bíblia diz que “o fim da lei
é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”
(Romanos 10.4). Precisamos entender que, a partir
do momento que recebemos a Cristo, uma nova lei
passa a valer em nós: A lei do amor escrita em
nosso coração pelo Espírito Santo.
Esse foi o motivo de Jesus falar que “se a
vossa justiça não exceder a escribas e fariseus, de
modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”
(Mateus 5.20)
Quem não tem o caráter de Jesus em sua
vida é porque não está apaixonado por Ele, nem se
envolveu realmente com as coisas do Reino de
Deus.
A minha justiça não se expressa pela antiga
lei, mas pela lei do amor expressa no calvário.
Isso posto, vamos compreender melhor esse
tipo de traição. Salomão descreve o coração do
adúltero:
“Tal é o caminho da mulher adúltera: ela
come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi
maldade.” (Provérbios 30.20)

Por que agir desta maneira? Por falta de


fidelidade para com o seu esposo, falta de
comprometimento, independentemente da lei, pois,
naquela época, adultério era um crime de
apedrejamento. Neste caso específico narrado em
Provérbios, o coração falava mais forte, uma paixão
explodia em seu coração, afinal de contas, somos
seres totalmente apaixonados e, se eu não me
apaixono por uma coisa, me apaixono por outra.
Essa paixão anestesia o coração (come,
limpa a boca e diz: está tudo bem, está tudo certo).
“Mas o homem que comete adultério não tem
juízo; todo aquele que assim procede a si
mesmo se destrói.” (Provérbios 6.32 - NVI)

Eis o motivo de dizer que se não nos


apaixonarmos intensamente por Jesus nos
apaixonaremos por outra coisa.
Entenda esse amor nestes versículos de
Cantares:
“Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me
cobrisse de beijos... Sim, as suas carícias são
mais agradáveis que o vinho. A fragrância
dos seus perfumes é suave; o seu nome é como
perfume derramado. Não é à toa que as jovens
o amam! Leve-me com você! Vamos depressa!
Leve-me o rei para os seus aposentos! Estamos
alegres e felizes por sua causa; celebraremos o
seu amor mais do que o vinho. Com toda a
razão você é amado! (Cantares 1.2-4 – NVI)
Precisamos entender essa paixão na
perspectiva espiritual, onde o beijar seria se
envolver profundamente em amor com Deus e com
a revelação de seu Eu em nós.
Como isso ocorre? Através das cartas de
amor que Deus nos deixou (a sua Palavra). Em
Cantares, a Sulamita queria um envolvimento
maior com o seu amado, o rei. Essa palavra está
viva em nós hoje, nós somos a Sulamita, Jesus é o
nosso rei.
“Se a sua boca me cobrisse de beijos”, ou seja,
se eu tivesse mais intimidade com ele.
Uma das principais estratégias maligna no
decorrer de toda a história bíblica
veterotestamentária é a infidelidade através do
adultério. Porque satanás sabe que o homem
natural é, de uma forma genérica, passional.
Uma pessoa passional é aquela que age
movida pela paixão, pela falta de controle
emocional. É aquela que tem comportamento
impulsivo e inconsequente, desprovido de razão. É
aquela que cria situações desastrosas e não
consegue raciocinar quando o assunto é
sentimento. Pessoa passional2 é a que se revela
impulsiva e descontrolada, no amor ou na raiva.
Ser passional é ser egoísta a ponto de agir sem
medir as consequências.
Não falo apenas da infidelidade conjugal,
mas de uma nação inteira. Lembra-se de Jezabel?
A filha do rei dos Sidônios, cujo casamento seria o
resultado de uma aliança que tinha como objetivo
fortalecer as relações entre Israel e a Fenícia.
“Acabe, filho de Onri, fez o que o Senhor
reprova, mais do que qualquer outro antes
dele. Ele não apenas achou que não tinha
importância cometer os pecados de Jeroboão,
filho de Nebate, mas também se casou com
Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e
passou a prestar culto a Baal e adorá-lo.”
(1 Reis 16.30 e 31)

Tal qual Salomão, agora encontramos a


Acabe caindo na armadilha diabólica. Qual foi o
seu grande erro? Por que ele caiu nesses laços?
Sedução seria a resposta. Satanás é especialista na
arte da sedução.
Falando de uma forma carnal, quem está
livre da sedução de uma mulher seminua que se
aproxima e diz que está livre para esta noite e que
você é a pessoa mais importante deste mundo?
Quem consegue se livrar da teia de Jezabel
e não cair em adultério? Somente aquele que está
comprometido com o seu casamento, não por causa
da Certidão de Casamento, mas pela paixão que
corre em suas veias por sua esposa.
Aí nos vem a pergunta: Porque Acabe não
converteu Jezabel ao judaísmo? Porque Jezabel foi
quem mudou o coração de Acabe?
Acabe nunca teve intimidade com Deus, sua
paixão era como uma pequena chama que já se
apagara. Por isso a Bíblia nos ensina:
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus,
com o qual fostes selados para o dia da
redenção.” (Efésios 4.30)

“Não extingais o Espírito.”


(1 Tessalonicenses 5.19)

Esse é o processo: primeiro o entristece,


depois o extingue. Assim estava Acabe, apagado.
Mas Jezabel não. O nome Jezabel quer dizer: “Baal
exalta”, “Baal é marido” ou "onde está o príncipe?"
Jezabel estava casada com Acabe, mas Baal
era seu marido.
O espírito de Jezabel está vivo nos dias
atuais, inclusive na igreja:
“No entanto, contra você tenho isto: você tolera
Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa.
Com os seus ensinos, ela induz os meus servos
à imoralidade sexual e a comerem alimentos
sacrificados aos ídolos.”
(Apocalipse 2.20 - NVI)

Que imoralidade sexual é essa? Seria apenas


literal? Acaso não seria a infidelidade espiritual,
fazendo com que cada um de nós perdêssemos a
paixão por Jesus e por sua Palavra?
Falando de forma geral, há igrejas que estão
se alimentando de um outro tipo de comida,
morrendo, onde a chama está se apagando, o
Espírito está se entristecendo, Baal está sendo
exaltado. Muitos pararam de buscar o batismo com
o Espírito Santo, não há avivamento genuíno,
aquele que vem acompanhado de quebrantamento,
a paixão pela Palavra de Deus está se acabando.
Quem vai domingo de manhã à igreja para
aprender na Escola Bíblica Dominical? Quantas
pessoas temos nos cultos de oração? O que é mesmo
vigília? Alguém lembra o que é jejum?
“Ah, se ele me beijasse...”

Se não formos verdadeiramente


apaixonados pelo Senhor, outra paixão tomará
conta de nós.
Siga comigo ainda no raciocínio do homem
adúltero, aquele que tem sua esposa da qual ele
não abre mão e uma outra pessoa para satisfazer
os seus sonhos eróticos. Ele tem os compromissos
de ser o provedor da sua casa, de estar presente na
educação dos filhos, de desfilar diante da sociedade
com sua esposa, mas tem uma outra pessoa que ele
destila o seu amor.
Segundo essa premissa, vemos pessoas
desfilando com sua Bíblia, fiéis nos seus dízimos,
presente nas reuniões solenes, mas com o coração
apaixonado por outras coisas, das quais elas
deixam o seu coração ali.
Precisamos aprender com Davi, que tinha
uma busca incessante por estar na presença de
Deus:
“Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei:
que possa morar na Casa do SENHOR todos
os dias da minha vida, para contemplar a
formosura do SENHOR e aprender no seu
templo.” (Salmo 27.4)

Muitas vezes não conseguimos entender o


real desejo do Salmista.
A princípio, parece-nos que o desejo dele era
de estar sempre na Casa do Senhor. Mas uma casa
não é um lar, assim como um grupo de pessoas do
mesmo sobrenome não é uma família. A casa em si
não era o mais importante. O real valor é quem
estava na casa. Quem o Salmista estaria
contemplando realmente.
Não apenas um Deus, mas um Senhor.
Quem é senhor? Senhor é aquele que é o dono, o
possuidor. E não contemplar apenas o Senhor, mas
a formosura do Senhor.
Davi tinha muitos inimigos, lutas e
provações e ele sabia que se os seus olhos
estivessem sempre no Senhor, apaixonado por Ele,
em intimidade com Ele, Deus estaria guiando todos
os seus passos e mostrando coisas grandes e
ocultas que ele não conhecia (...então aprenderia
no seu templo).
Intimidade e fidelidade estão interligadas e
sempre resultam em cuidado e revelação de Deus.
Veja o pedido da Sulamita ao seu amado:
“Coloque-me como um selo sobre o seu
coração; como um selo sobre o seu braço; pois
o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é
tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas
são fogo ardente, são labaredas do Senhor...
Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua
casa para adquirir o amor, seria totalmente
desprezado.” (Cantares 8.6 e 7)

Você consegue imaginar? Ela com a cabeça


no seu peito, sentindo o coração bater e o seu braço
envolto? Intimidade de quem está apaixonada,
selada pelo amor.
Quem tem intimidade reclina sua cabeça
sobre o amado (Exemplo: o apóstolo João), e não lhe
trai por 30 moedas de prata (Judas). Seu amor é
tão forte quanto a morte.
Quando foi a última vez que você reclinou
sua cabeça sobre o peito do seu Amado Jesus?
Quando foi a última vez que você entrou na sua
presença apenas para o adorar, só para ficar
contemplando sua beleza?
Quando entramos em intimidade com Deus,
essa intimidade é recíproca:
“Sim, as suas carícias são mais agradáveis
que o vinho.” (Cantares 1.2)

E Deus nos chama de “minha delícia”:


“Não mais a chamarão abandonada, nem
desamparada à sua terra. Você, porém, será
chamada Hefzibá (traduzindo: minha
delícia), pois o Senhor terá prazer em você, e a
sua terra estará casada.” (Isaías 62.4)
Capítulo

2
Disparando o
Coração de Deus
“Você fez disparar o meu coração, minha
irmã, minha noiva; fez disparar o meu
coração com um simples olhar, com uma
simples joia dos seus colares.”
(Cantares 4.9 - NVI)

Por que disparamos o coração do Amado?


Por que somos perfeitos? Por que não pecamos? Por
causa da nossa santidade?
Tenho certeza de que muitos vão dizer:
exatamente isso, pastor.
Ora, se somos tão bons assim, então não
precisamos de Jesus. Os sãos não precisam de
médico (Mc 2.17).
Quando alguém se apaixona por outra
pessoa, não é porque esta é perfeita ou impecável
(Gostei dessa palavra no contexto. Seria tipo,
alguém que não tem pecado?).
Nos apaixonamos por causa do carinho e
atenção que alguém nos dá, o seu amor
incondicional.
Frequentemente ouço pessoas falando a
cerca de um casal, onde um deles é muito bonito(a)
e outro, nem tanto assim, talvez bem feinho(a). As
pessoas dizem: não sei o que ele viu nela (ou vice-
versa), como pode uma coisa dessa? Então alguém
diz: realmente o amor é cego.
Na realidade, o verdadeiro amor tem visão
de raio X, consegue ver onde ninguém vê, consegue
enxergar o que não é aparente.
O que o rei viu na Sulamita? Ela fala sobre
sua pele castigada pelo sol. Mas o rei diz: “você fez
disparar o meu coração com um simples olhar”
O que atrai a presença de Deus para nós? As
vezes achamos que são aquelas longas e complexas
orações, quando que apenas um olhar dispara o
coração de Deus.
Então alguém contesta essa narrativa,
dizendo que a Bíblia diz que devemos ser perfeitos.
Vamos ao texto:
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente
por dente. Eu, porém, vos digo que não
resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na
face direita, oferece-lhe também a outra; e ao
que quiser pleitear contigo e tirar-te a
vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se
qualquer te obrigar a caminhar uma milha,
vai com ele duas. Dá a quem te pedir e não te
desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e
aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos
digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e
orai pelos que vos maltratam e vos perseguem,
para que sejais filhos do Pai que está nos
céus; porque faz que o seu sol se levante sobre
maus e bons e a chuva desça sobre justos e
injustos. Pois, se amardes os que vos amam,
que galardão tereis? Não fazem os publicanos
também o mesmo? E, se saudardes
unicamente os vossos irmãos, que fazeis de
mais? Não fazem os publicanos também
assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai, que está nos céus.”
(Mateus 5.38-48)
Se olharmos o versículo 48 de forma isolada,
temos um entendimento, mas quando olhamos o
texto completo (e aqui não está o texto completo),
nosso entendimento muda completamente.
O nosso entendimento sobre perfeição vem
da escola grega. Nosso dicionário ensina o que é
perfeito3: Que não tem defeitos; ideal, impecável;
excelente. Que está terminado; sem falhas,
lacunas; completo, absoluto, total. Que se sobressai
por ser excepcional; magistral. De aspecto belo; em
que há elegância; bonito, elegante.
Mas a visão bíblica divina é diferente. Leia
novamente os versículos 44 e 45:
“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos
que vos odeiam e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem, para que sejais
filhos do Pai que está nos céus; porque faz que
o seu sol se levante sobre maus e bons e a
chuva desça sobre justos e injustos.”

Deixe-me dar um exemplo para melhorar o


entendimento:
Talvez neste instante, em alguma parte da
Terra, um homem bomba, que ama e venera um
outro deus, é casado com uma mulher que também
é terrorista. Eles, há poucos minutos, tiveram um
filho. Este pai, apaixonado por um outro deus, vai
levantar essa criança aos céus e fazer a seguinte
oração ao seu deus: “deus, faz com que está criança
cresça forte e saudável em tua presença e que, no
futuro, ao crescer forte e saudável, possa matar
muitos cristãos sobre a face da Terra. Amém”.
Sabe o que Deus vai fazer com essa criança?
Simplesmente vai dar crescimento forte e
saudável. Isso é incrível.
Jesus nos ensinou que nosso Deus é tão
perfeito, tão amoroso, que faz com que o sol se
levante sobre bons e maus e que derrama a chuva
sobre justos e injustos. Essa é a perfeição de
Deus. Ele não faz acepção de pessoas, mas ama até
os que não lhe amam.
E Jesus disse que nós devemos ser perfeitos,
como Deus é perfeito. Como?
• Se te baterem na direita, ofereça a outra face
(v.39);
• Se quiserem tirar sua veste, dê também a
capa (v.40);
• Se te obrigarem a caminhar uma milha,
caminhe duas (v.41);
• Se alguém te pedir, dê. Se pedir emprestado,
empreste (v.42);
• Ame seus inimigos, fale bem dos que falam
mal de você (v.44);
• Faça o bem aos que te odeiam (v.44);
• Ore por quem te maltrata e persegue (v.44).
Ser perfeito, em resumo, é refletir a glória de
Deus aqui na Terra. Quando olho para isso, vejo o
quão imperfeito eu sou.
Então, voltemos ao assunto da Sulamita
que, apesar de apaixonada, era imperfeita em
diversos aspectos. A mulher que disparava o
coração do Amado apenas usando as joias que Ele
as tinha dado:
“Você fez disparar o meu coração com uma
simples joia dos seus colares.”

O que mais uma pessoa apaixonada deseja?


Simplesmente que o seu amor seja correspondido.
Nada mais que isso.
Vejamos o exemplo de Saul:
“Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a
guarnição dos filisteus; e há de ser que,
entrando ali na cidade, encontrarás um
rancho de profetas que descem do alto e
trazem diante de si saltérios, e tambores, e
flautas, e harpas; e profetizarão. E o Espírito
do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás
com eles e te mudarás em outro homem. E há
de ser que, quando estes sinais te vierem, faze
o que achar a tua mão, porque Deus é
contigo.” (1 Samuel 10.5-7)

Saul era um jovem judeu simples que estava


prestes a ter uma das maiores experiências da sua
vida. Aliás, várias experiências:
• Entrar no rancho dos profetas;
• Ter o privilégio de estar no meio dos
profetas, todos cheios do Espírito Santo,
dançando e tocando;
• Estar conectado com o próprio Deus através
do Espírito Santo, um privilégio até então,
só dos profetas e sacerdotes;
• Profetizar;
• Ser transformado em um outro homem e
• Receber unção e capacitação para realizar o
que nunca realizou em sua vida.
Que experiência, que momento tremendo,
que coisa gloriosa.
Mas o tempo passou e tudo foi para o mar do
esquecimento. Não temos relatos bíblicos de uma
outra experiência profunda como esta de Saul com
Deus.
Começo a observar quantas vezes nos
portamos como Saul, vivendo de experiências do
passado e nos esquecendo do real motivo pelo qual
Deus levou Saul àquele rancho.
O rancho nada era, essa manifestação da
gloria de Deus poderia ter ocorrida debaixo de uma
figueira ou de um pé de zimbro.
Saltérios, tambores, flautas e harpas
também não eram importantes, Deus poderia usar
apenas o ritmo das palmas dos profetas.
Nem os profetas eram importantes, Eldade
e Meldade estavam sozinhos no arraial, quando
foram cheios do Espírito Santo (Números 11.26).
Permita-me chocar-lhe um pouco: nem a
experiência de profetizar era importante (Mateus
7.22 e 23).
O que realmente importava é que Deus
queria relacionar-se com Saul, não em um rancho,
não por um dia, não apenas no coletivo, nem pela
influência dos instrumentos, nem pelo prazer do
êxtase de profetizar. Deus queria disparar o
coração de Saul e desejava que Saul
correspondesse, disparando o Seu coração também.
Quantos Saul nós temos na atualidade na
igreja? Eles estão diaconando, servindo à mesa,
pregando, regendo, dirigindo grupos e
departamentos, presidindo.
Muitos só preocupados com o rancho. No
passado, pasmem, já tive que apartar uma
discussão entre 2 irmãos que disputavam o lugar
de porteiro na igreja. Quantas vezes ouvi falar de
senhoras que abandonaram a Cristo porque não
foram eleitas para a liderança de mulheres. Jovens
que abandonaram a igreja porque não tocaram na
festividade da igreja.
Síndrome de Saul, se importam mais com o
rancho, com a experiência, com o status, do que
com a intimidade com Deus. Não estão
preocupados em disparar o coração de Deus, esses
tais nunca ouvirão Deus lhes chamar de “minha
delícia” ou, se já ouviram, esqueceram como é isso.
Vejo pessoas mudando de ministério e
dizendo assim: “nesse novo ministério eu
realmente sou honrado, lá eles realmente me
valorizam”. Para eles, o mais importante é o que os
outros podem fazer por eles.
Um certo dia, um amigo tentou me explicar
isso através de uma metáfora muito doida.
Acompanhe comigo:
Quando um homem vai a uma zona de
meretrício, o desejo dele é ver o que aquele lugar
pode lhe proporcionar de uma experiência que vá
além das suas expectativas.
Mas quando um homem se deita com a sua
esposa, com a amada da sua alma, o desejo do seu
coração é fazer com que a sua esposa se realize.
No outro dia, o que foi ao prostíbulo sai
contando a todo mundo o que aconteceu com ele na
sua intimidade. Já, o que teve uma noite
maravilhosa com sua esposa, sai contando a todos
simplesmente o quanto a ama.
Isso nos faz refletir: entro na sua presença
só pelas preciosas joias dos seus colares ou porque
desejo disparar o seu coração? Só pelos benefícios
ou para uma sincera adoração?
Capítulo

3
Abisai ou Joabe?
Zeruia, meia-irmã de Davi, teve 3 filhos,
Asael, Abisai e Joabe (1 Crônicas 2.16). Asael
morreu ainda jovem, já Abisai e Joabe, sobrinhos
de Davi, serviram em seu exército. O mais
destacado foi Joabe, tornando-se comandante do
exército.
Joabe era o braço direito de Davi, mas
também era a sua maçã podre. Grande parte do
êxito do reinado de Davi era em função de Joabe e,
ao mesmo tempo, grande parte das frustrações.
Siga o relato de 2 Samuel para entender um
pouco sobre este homem: Davi faz aliança com
Abner, chamado por Davi de grande príncipe.
Joabe mata a Abner. O interessante é que a morte
ocorre no dia em que Davi chama a Abner para vir
ter com ele para celebrarem a aliança. No dia da
festa, no dia do banquete real, ocorre esse terrível
assassinato. Davi, chocado, faz a seguinte
declaração:
Eu, hoje, estou fraco, ainda que seja ungido
rei; estes homens, filhos de Zeruia, são mais
duros do que eu; o SENHOR pagará ao
malfeitor, conforme a sua maldade.
(2 Samuel 3.39)

Em outras palavras: Eu sou o rei, o líder, a


pessoa escolhida por Deus para executar sua
vontade, mas Joabe e seus irmãos gostam de tomar
a frente das coisas e fazer o que eles bem
entendem, sem submissão alguma.
Você já viu pessoas assim na igreja? Que não
aceitam serem dirigidas por ninguém, que têm,
como diz o Pr Dag Heward Mills, um espírito
independente?
Veja o que ele diz a respeito de Joabe no seu
livro Lealdade e Deslealdade:
“Haviam pessoas independentes na Bíblia? A
resposta é sim. Ao longo do segundo livro de
Samuel, Joabe é tido como alguém que fazia o que
queria fazer. Ele era parte do exército de Davi. Ele
era parte da equipe ministerial de Davi, por assim
dizer. Ele era um dos gerentes de Davi! Você
poderia dizer que ele era o primeiro-ministro ou o
braço direito de Davi. Ele era muito poderoso, no
entanto, ele tinha um espírito independente. Esse
espírito independente se manifestou muitas
vezes.”
São pessoas que estão presentes nos cultos,
mas não conseguem servir a Deus em fidelidade.
Podemos definir fidelidade como sendo a
atitude de uma pessoa fiel.
Em 2 Samuel 18 temos a triste história de
Absalão, o filho que se rebelou contra Davi. O rei
pede que ao capturarem Absalão, usem de
brandura para com ele.
O rei ordenou a Joabe, a Abisai e a Itai: "Por
amor a mim, tratem bem o jovem Absalão! " E
todo o exército ouviu quando o rei deu essa
ordem sobre Absalão a cada um dos
comandantes. (2 Samuel 18.5 - NVI)

Mas não foi isso o que Joabe fez:


“Durante a batalha, Absalão, montado em
sua mula, encontrou-se com os soldados de
Davi. Passando a mula debaixo dos galhos de
uma grande árvore, e Absalão ficou preso pela
cabeça nos galhos. Ele ficou pendurado entre
o céu e a terra, e a mula prosseguiu. Um
homem o viu, e foi informar a Joabe: "Acabei
de ver Absalão pendurado numa grande
árvore".
"Você o viu? ", perguntou Joabe ao homem. "E
por que não o matou ali mesmo? Eu teria
dado a você dez peças de prata e um cinturão
de guerreiro! " Mas o homem respondeu:
"Mesmo que fossem pesadas e colocadas em
minhas mãos mil peças de prata, eu não
levantaria a mão contra o filho do rei.
Ouvimos o rei ordenar a ti, a Abisai e a Itai:
‘Protejam, por amor a mim, o jovem Absalão’.
Por outro lado, se eu tivesse atentado
traiçoeiramente contra a vida dele, o rei
ficaria sabendo, pois não se pode esconder
nada dele, e tu mesmo ficarias contra mim".
E Joabe disse: "Não vou perder mais tempo
com você". Então pegou três dardos e com eles
traspassou o coração de Absalão, quando ele
ainda estava vivo na árvore. E dez dos
escudeiros de Joabe cercaram Absalão e
acabaram de matá-lo.”
(2 Samuel 18.9-15 - NVI)

Esse é o espírito independente de Joabe. Faz


o que quer sem se importar quem é. Machuca quem
estiver em seu caminho. Um sanguinário.
Quantas pessoas temos assim na casa de
Deus. Verdadeiros sanguinários que matam seus
irmãos em Cristo. Que, em busca dos seus
propósitos, derruba quem estiver na sua frente.
Alguém pode dizer que ele está a serviço do
rei. Poderia ser, mas não é.
Sabe aquela pessoa que não aceita ser
substituído? Então, esse é Joabe:
E a Amasa direis: Porventura, não és tu meu
osso e minha carne? Assim me faça Deus, e
outro tanto, se não fores chefe do arraial
diante de mim para sempre, em lugar de
Joabe. (2 Samuel 19.13)

Davi troca de general. Mas a história não


continua assim. Revoltado, Joabe assassina a
Amasa:
E disse Joabe a Amasa: Vai contigo bem, meu
irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da
barba de Amasa, para o beijar. E Amasa não
se resguardou da espada que estava na mão
de Joabe, de sorte que este o feriu com ela na
quinta costela e lhe derramou por terra as
entranhas; e não o feriu segunda vez, e
morreu; então, Joabe e Abisai, seu irmão,
foram atrás de Seba, filho de Bicri. Mas um
dentre os moços de Joabe parou junto a ele e
disse: Quem há que bem queira a Joabe e
quem seja por Davi, siga a Joabe.
(2 Samuel 20.10-12)

Quando Davi estava velho e já passando o


seu reinado para Salomão, Joabe faz um complô,
uma rebelião contra o novo rei. Esse era Joabe.
Abisai, seu irmão, tinha um coração
diferente. Não encontramos muitas citações sobre
ele. O maior destaque é no texto em que Davi
estava para morrer na batalha, quando Abisai
aparece para socorrê-lo:
Tiveram mais os filisteus uma peleja contra
Israel; e desceu Davi, e com ele os seus servos,
e tanto pelejaram contra os filisteus, que Davi
se cansou. E Isbi-Benobe, que era dos filhos
dos gigantes, e o peso de cuja lança tinha
trezentos siclos de cobre, e que cingia uma
espada nova, este intentou ferir Davi. Porém
Abisai, filho de Zeruia, o socorreu, e feriu o
filisteu, e o matou; então, os homens de Davi
lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás
conosco à peleja, para que não apagues a
lâmpada de Israel. (2 Samuel 21.15-17)

O nome Abisai tem vários significados, mas


um deles é “aquele que acende a lâmpada”.
Abisai acompanhava a Joabe pois os dois
estavam no mesmo exército (Joabe era o líder). Mas
Abisai escolheu não ir pelos caminhos do seu
irmão, não se deixar ser influenciado por ele.
Decidiu honrar o nome que sua mãe
profeticamente lhe deu e ser aquele que acende a
lâmpada.
Nossa vida é feita de decisões. Qual o
caminho que você decide andar? Por onde você vai
trilhar? As decisões que você tomar hoje irão
definir o seu futuro.
Não importam as peças que a vida lhe
pregou, os rumos que as coisas tomaram na sua
história. Você é quem tem o controle das suas
decisões. Você pode decidir ser um “espírito
independente” ou decidir trilhar o caminho da
fidelidade e lealdade.
Só você pode definir sua história.
Capítulo

4
Um Exemplo de
Fidelidade
Podemos afirmar, sem sombra de dúvidas
que José foi um dos grandes exemplos de fidelidade
do Antigo Testamento. Um exemplo claro de
Romanos 8.28:
“E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados por seu
decreto.”

Quantas coisas ruins ocorreram na vida


deste jovem, a partir dos seus 17 anos de idade (Gn
37.2):
• Jogado em um poço pelos irmãos;
• Vendido como escravo;
• Vendido a Potifar, um importante oficial do
faraó e capitão da guarda;
• Falsamente acusado de estupro e, como
consequência, entregue à prisão;
Mesmo em meio a tantas dificuldades, ele
revela uma fidelidade inigualável que pode servir
de base para nossa vida.
1º Um exemplo de fidelidade para com sua
família – (Gn 37) Aos 17 anos Deus deu um sonho
(Uma direção do seu futuro) e até os 110 anos (Gn
52.22) ele cuidou da sua família:
“Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a
vós e a vossos meninos.” (v.21)

Precisamos lembrar que tudo passa, fama,


poder, prestígio, carreira e, até mesmo, ministério.
Conheço pastores que, atualmente, estão
jubilados do ministério. Um desses companheiros
que não dirige mais igreja, perdeu sua esposa, está
em uma cadeira de rodas, com muitas dificuldades
devido ao alto nível de diabetes. Desprovido da
visão, é cuidado pela sua filha.
Ela leva-o para igreja com todo amor e
carinho, todo bonito, charmoso, bem perfumado e
com o cabelo impecavelmente penteado. A igreja
que este homem um dia cuidou lembra-se dos seus
feitos, ora por ele, liga de vez em quando para dizer
que ainda se lembra do seu pastoreio e das grandes
realizações, mas quem realmente cuida dele é a sua
família.
Precisamos aprender a valorizar os da nossa
família pois, no final, na curva da vida, são eles
quem estarão do nosso lado.
Porque Jesus mudou todo o seu trajeto de
aproximadamente 44 km, de Cafarnaum para
Naim, mais ao Sul? Porque uma mulher que
outrora perdera o seu esposo, agora fica sem a
única pessoa que poderia cuidar dela, um filho
único (Lucas 7.12). Naquele tempo não havia
“Previdência Social”, nem qualquer outro tipo de
seguridade social ou algum tipo de ação por
iniciativa do império romano ou judaico, destinado
a assegurar o direito à saúde ou bem-estar de uma
viúva.
Jesus não se dirige diretamente ao defunto.
Primeiro dirige-se à mãe enlutada, dizendo: Não
chores. Essa era a grande preocupação de Jesus,
cuidar da mãe que estava chorando.
Deus tem uma grande preocupação com a
família.
Na cruz, nos momentos finais, ante a uma
dor alucinante, Jesus preocupa-se com sua mãe,
pedindo para o seu discípulo amado para que cuide
dela:
“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a
irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e
Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua
mãe e que o discípulo a quem ele amava
estava presente, disse à sua mãe: Mulher, eis
aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis
aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a
recebeu em sua casa.” (João 19.25-27)

Voltemos ao personagem da Antiga Aliança:


José é um antítipo de Cristo (um modelo perfeito,
uma figura que representa a outra). Aos 110 anos,
ou seja, assim como Jesus, ao final da sua vida, ele
continua fielmente cuidando da sua família.
O Apóstolo Paulo, orienta a Timóteo nunca
se esquecer de sua família:
“trazendo à memória a fé não fingida que em
ti há, a qual habitou primeiro em tua avó
Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de
que também habita em ti.” (2 Timóteo 1.5)
2º Um exemplo de fidelidade nas provações –
Ao analisarmos friamente sua história, vemos
duas coisas muito interessantes
A) Quanto mais José era provado, mais ele
demonstrava fidelidade;
B) Quanto mais fidelidade ele mostrava, mais as
coisas pioravam e isso durante 13 anos, pois sua
prova começa aos 17 (Gn 37.2) e segue até os 30
anos (Gn 41.46).
O Apóstolo Tiago nos ensina sobre nos
sentirmos alegres, quando temos de passar por
provações, pois estas cumprem o propósito que
Deus tem de desenvolver nosso caráter e fazer-nos
amadurecer (Tg 1.2-4).
Quanto a José, sua fidelidade sempre
resultou em graça de Deus em sua vida. Quando
levado como escravo à casa de Potifar, encontramos
a seguinte declaração:
“O SENHOR, porém, estava com José”
(Gênesis 39.2)

Quando levado em prisão, vemos uma


declaração, no mínimo, intrigante:
“O SENHOR, porém, estava com José, e
estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-
lhe graça aos olhos do carcereiro-mor... E o
carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma
coisa que estava na mão dele, porquanto o
SENHOR estava com ele; e tudo o que ele
fazia o SENHOR prosperava.”
(Gênesis 39.21 e 23 - NVI)

Você consegue imaginar? José prosperando


na prisão? O que seria prosperar em prisão? Não
posso dizer precisamente, mas podemos afirmar
que se formos fiéis ao Senhor, mesmo em meio a
grandes provações, sentiremos a boa mão do
Senhor sobre nós.
Pedro explica aos crentes da “diáspora”
(deslocamento, normalmente forçado ou
incentivado, de grandes massas populacionais
originárias de uma zona determinada para várias
áreas de acolhimento distintas), que estavam
sendo perseguidos por Nero, o imperador, que toda
provação tem um propósito, neste caso específico,
revelar a glória de Deus:
“Amados, não estranheis a ardente prova que
vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa
estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no
fato de serdes participantes das aflições de
Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis.”
(1 Pedro 4.12 e 13)

No caso de José, as dificuldades tinham um


propósito divino bem maior:
• Cuidar do povo de Israel num momento de
grande dificuldade, conduzindo-os para uma
terra onde eles pudessem ser protegidos e
preservados;
• Ser testemunha, a um povo que não
conhecia o Deus de Israel, da Soberania de
Deus e
• Saciar a fome de toda a Terra (os povos de
outras regiões), através das provisões
armazenadas por ele.
José entendeu o propósito divino e, por isso,
declarou aos seus irmãos:
“Agora não fiquem tristes nem aborrecidos
com vocês mesmos por terem me vendido a fim
de ser trazido para cá. Foi para salvar vidas
que Deus me enviou na frente de vocês... Deus
me enviou na frente de vocês a fim de que ele,
de um modo maravilhoso, salvasse a vida de
vocês aqui neste país e garantisse que teriam
descendentes. Portanto, não foram vocês que
me mandaram para cá, mas foi Deus. Ele me
pôs como o mais alto ministro do rei. Eu tomo
conta do palácio dele e sou o governador de
todo o Egito.” (Gênesis 45.5, 7 e 8 - NTLH)

Todos nós precisamos entender que as


provações que passamos não são para nossa queda,
destruição ou miséria, mas para algo muito maior
que, talvez, ainda não entendemos, mas que todas
as coisas cooperam para nosso bem (Romanos
8.28). Deus nunca perdeu o controle da situação,
ele continua soberano.
3º Um exemplo de fidelidade na sua
sexualidade – Segundo estudiosos, no passado,
era comum aos escravizados praticarem sexo com
seus senhores e/ou senhoras4. José recusou
cometer tal ato:
“...como, pois, faria eu este tamanho mal e
pecaria contra Deus?” (Gênesis 39.9)

Gostaria de lembrar ao leitor que essa


tentação não ocorreu apenas um dia, mas
constantemente José era tentado, até o dia que ela
passou dos limites:
“Todos os dias ela insistia que ele fosse para a
cama com ela, mas José não concordava e
também evitava estar perto dela.”
(Gênesis 39.10)

As pessoas, em regra geral, em algum


momento da sua vida, estão ou estarão sendo
tentadas na sua sexualidade. Quando tentado, não
quer dizer que pecou, mas que é um forte candidato
ao pecado.
E o que fazer, ao sermos tentados? Como ser
fiel nos momentos em que nossos desejos carnais
falam mais alto? Como vencer nossos desejos
quando não somos tão fortes e firmes como José?
A melhor das respostas é: Procure ajuda.
Seja do seu cônjuge, seja de um irmão ou obreiro de
confiança, seja do seu pastor. Pastor André
Valadão, Igreja Batista da Lagoinha, em uma de
suas pregações disse:
“Melhor confessar a tentação do que confessar
o pecado.”

4º Um exemplo de fidelidade na
administração dos recursos – Os recursos não
eram dele, não pertenciam a José, mas ele soube
administrar muito bem o que não era dele.
Jesus nos ensina que Deus só pode prosperar-nos
quando aprendemos a ser fiéis no que é dos outros:
"Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito,
e quem é desonesto no pouco, também é
desonesto no muito. Assim, se vocês não forem
dignos de confiança em lidar com as riquezas
deste mundo ímpio, quem lhes confiará as
verdadeiras riquezas? E se vocês não forem
dignos de confiança em relação ao que é dos
outros, quem lhes dará o que é de vocês?
(Lucas 16.10-12 - NVI)

Para poder lhe explicar melhor isso, vamos


usar como base as duas multiplicações de pães,
baseadas em Marcos 6.38-44 e Marcos 8.5-21 (por
favor, leia esses textos antes de continuarmos o
estudo).
Na primeira multiplicação, quando uma
multidão de quase 5.000 pessoas estava desprovida
de alimento para saciar sua fome, alguém
comunica ao Senhor Jesus que um menino tinha
pães.
Jesus é bem enfático: “Ide ver” (Mc 5.38). Por
que verificar? Porque se trata de uma criança e
criança pode não estar falando a verdade. Os
discípulos dão o retorno: já vimos, são 5 pães e 2
peixes.
O Mestre então ordena que organizem a
multidão, assentando-os em grupos de 50 e de 100
pessoas sobre a relva. Ele levanta os pães aos céus,
abençoa-os e dá aqueles 5 pães e 2 peixes aos
discípulos para repartirem entre a multidão. O
milagre da multiplicação acontece nas mãos dos
discípulos. A bênção é tamanha. Sobram 12 cestos
cheios de pães e peixes.
Certo. Agora vamos para a segunda
multiplicação. Jesus pergunta aos discípulos:
Quantos pães tendes? E eles respondem: Sete (Mc
8.5). Diferentemente da primeira multiplicação,
Jesus não manda ninguém verificar a veracidade
da informação, haja visto que não se está falando
com criança, mas com seus discípulos.
Jesus toma os pães nas mãos, levanta-os aos
céus, dá graças ao Senhor e distribui à multidão.
Outro detalhe curioso: ele não organiza a multidão
como da primeira vez.
Novamente o milagre acontece: 7 pães
distribuídos para quase 4 mil pessoas resultam em
uma sobra de 7 cestos cheios. Em Marcos 8.9 lemos
que, após o povo saciar sua fome, Jesus despede a
multidão. Não há mais milagres, acabou a
pregação, nem enfermo foi curado. Simplesmente
comeram e foram embora. Jesus entra no barco
parte para as regiões de Dalmanuta
imediatamente.
Naquela região, algumas pessoas pedem um
sinal do seu poder e vemos uma narrativa um
pouco estranha:
“Ele suspirou profundamente e disse: ‘Por que
esta geração pede um sinal miraculoso? Eu
lhes afirmo que nenhum sinal lhe será dado’.”
(Mc 8.12 - NVI)

Segundo a Vulgata Latina, o texto seria


traduzido assim: “Porém Jesus, arrancando do
íntimo do coração um suspiro, disse: Por que pede
esta geração um sinal?...”
Vemos que Jesus está em guerra, seus
sentimentos estão abalados. Continue a narrativa
comigo:
“Então se afastou deles, voltou para o barco e
atravessou para o outro lado. Os discípulos
haviam se esquecido de levar pão, a não ser
um pão que tinham consigo no barco.
Advertiu-os Jesus: ‘Estejam atentos e tenham
cuidado com o fermento dos fariseus e com o
fermento de Herodes’. E eles discutiam entre
si, dizendo: ‘É porque não temos pão’.”
(Marcos 8.13-16 – NVI)

Resumindo: Jesus está profundamente


triste, volta ao barco e exorta os discípulos a
tomarem cuidado com o fermento em suas vidas.
Tentando achar uma explicação a tudo que está
acontecendo, um deles disse: é porque não temos
pão.
Nesse momento, a conversa torna-se mais
acalorada:
“Jesus ouviu o que eles estavam dizendo e
perguntou: —Por que vocês estão discutindo
por não terem pão? Vocês não sabem e não
entendem o que eu disse? Por que são tão
duros para entender as coisas? Vocês têm
olhos e não enxergam? Têm ouvidos e não
escutam? Não lembram dos cinco pães que eu
parti para cinco mil pessoas? Quantos cestos
cheios de pedaços vocês recolheram? Eles
responderam: —Doze. Jesus perguntou outra
vez: —E, quando eu parti os sete pães para
quatro mil pessoas, quantos cestos cheios de
pedaços vocês recolheram? Eles responderam:
—Sete. Então Jesus perguntou: —Será que
vocês ainda não entendem?
(Marcos 8.17-21 – NTLH)

Jesus está falando que os números descritos


não estão aqui por acaso. Tem um por que de tudo
isso. Acompanhe comigo a conta abaixo:

1ª Multiplicação 2ª Multiplicação
Quase 5.000 pessoas Quase 4.000 pessoas
5 pães 7 pães
12 cestos 7 cestos

Observe bem as colunas: na primeira


multiplicação temos mais pessoas e menos pães e
acabam sobrando mais cestos. A lógica seria que
sobrassem mais cestos na segunda multiplicação,
onde temos menos pessoas e mais pães. E é
exatamente por causa disso que Jesus está
dizendo: como vocês ainda não entenderam?
Para compreendermos melhor, precisamos
voltar ao menino, quando Jesus manda ver se
realmente ele tinha os 5 pães. Por que verificar?
Porque era uma criança e criança pode mentir. Na
segunda, Jesus não manda verificar nada porque
se trata de discípulos, que aprenderam a viver de
maneira diferente, longe do fermento dos fariseus
que o seu exterior era limpo mas o seu interior (seu
coração), estava totalmente sujo.
Jesus pergunta: Quantos pães tendes? E
Eles disseram: Sete. Mas isso não é uma verdade.
Leia novamente o versículo 14:
“Os discípulos haviam esquecido de levar pão
e só tinham um pão no barco.”

Na realidade, eles tinham 8, mas um dos


pães eles deixaram no barco.
Essa era a tristeza de Jesus. Por isso Ele
suspirava no íntimo do seu coração. Por isso a
palavra sobre se guardarem do fermento dos
fariseus. Jesus os chama de duros de coração:
“...Tendes ainda o vosso coração endurecido?”
(Marcos 8.17c)

Vamos “tentar” entender o motivo para eles


terem escondido um pão no barco (tentar, porque
não estávamos lá para afirmarmos tal
pensamento).
Na primeira multiplicação eles estavam
totalmente desprovidos de qualquer alimento.
Precisou um menino apresentar os pães. Na
segunda eles tinham pão no barco, mas... e se
tivesse uma terceira multiplicação? E se não sobrar
pão na segunda multiplicação? E se faltasse pão
para eles comerem? Melhor deixar um pão no
barco, não é mesmo?
Isso trouxe a tristeza ao coração do nosso
Provedor, daquele que supre todas as nossas
necessidades em glória.
Na primeira multiplicação, Jesus estava
mostrando que, de quase nada, Ele pode fazer
grandes coisas. Na segunda, Ele estava mostrando
que se não confiarmos totalmente no Senhor, a
bênção não virá como Deus gostaria que viesse.
Essa era a tristeza de Jesus. Por isso a
palavra: como vocês ainda não entenderam, como
vocês não observaram os detalhes de na segunda
multiplicação o resultado ser menor do que a
primeira.
Temos exemplo disso no decorrer da história
e eu quero fazer aqui uma alegoria com a narrativa
do oitavo pão.
Na narrativa do Êxodo, Deus tira o povo do
Egito e os conduz para uma nova terra:
“E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos
filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos
pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu
nome eternamente, e este é meu memorial de
geração em geração. Vai, e ajunta os anciãos
de Israel, e dize-lhes: O SENHOR, o Deus de
vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de
Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos
tenho visitado e visto o que vos é feito no
Egito. Portanto, eu disse: Far-vos-ei subir da
aflição do Egito à terra do cananeu, e do
heteu, e do amorreu, e do ferezeu, e do heveu, e
do jebuseu, a uma terra que mana leite e mel.”
(Êxodo 3.15-17)

Viajem comigo na imaginação: O povo de


Israel está vivendo como escravo no Egito, seus
algozes lhes dão apenas a pequena provisão de
cada dia e um lugar para morar, a terra de Gózen
(Ex 9.26). Mas Deus promete uma terra que mana
leite e mel. Eles viviam com 5 pães, mas Deus
queria colocá-los com 12 cestos cheios.
No meio do caminho, duvidaram das
promessas de Deus e sentiram saudade do Egito
(Igual aos discípulos que esconderam o oitavo pão).
Como consequência, peregrinaram por 40 anos,
mas chegaram finalmente a Canaã (ao invés de
terem 12 cestos, só tiveram 7, em nossa alegoria.
Perderam 5 cestos, ou seja, peregrinaram por 40
anos).
Dentro desse parâmetro que estabelecemos,
vamos a conquista da terra por Josué: Deus
promete toda aquela terra para Israel (doze cestos
cheios). Mas pede-lhe apenas 8 pães (a cidade de
Jericó).
“E sucedeu que, tocando os sacerdotes a
sétima vez as buzinas, disse Josué ao povo:
Gritai, porque o SENHOR vos tem dado a
cidade... Porém toda a prata, e o ouro, e os
vasos de metal e de ferro são consagrados ao
SENHOR; irão ao tesouro do SENHOR.”
(Josué 6.16 e 19)

Um certo homem, chamado Acã (e quero


chamá-lo de Sabotador de Bênçãos), não cumpriu a
ordenança do Senhor:
“E respondeu Acã a Josué e disse:
Verdadeiramente pequei contra o SENHOR,
Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi
entre os despojos uma boa capa babilônica, e
duzentos siclos de prata e, uma cunha de ouro
do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-
os; e eis que estão escondidos na terra, no meio
da minha tenda, e a prata, debaixo dela.”
(Josué 7.20 e 21)

Acã achou que ninguém estava vendo e que


Deus não se importava com esse tipo de coisa. Que
fidelidade não tinha nada a ver com isso.
Ele escondeu o oitavo pão e, como
consequência, não vieram os 12 cestos cheios para
Israel, mas somente 7: Na primeira conquista (a
cidade de Ai), ocorreu a derrota. Eles saem à
batalha em uma vitória garantida, mas ela não
ocorre:
“Sucedeu que Josué enviou homens de Jericó
a Ai, que fica perto de Bete-Áven, a leste de
Betel, e ordenou-lhes: "Subam e espionem a
região". Os homens subiram e espionaram Ai.
Quando voltaram a Josué, disseram: "Não é
preciso que todos avancem contra Ai. Envie
uns dois ou três mil homens para atacá-la.
Não canse todo o exército, pois eles são
poucos". Por isso cerca de três mil homens
atacaram a cidade; mas os homens de Ai os
puseram em fuga, chegando a matar trinta e
seis deles. Eles perseguiram os israelitas
desde a porta da cidade até Sebarim, e os
feriram na descida. Diante disso o povo
desanimou-se completamente.
(Josué 7.2-5 – NVI)

Alguém sabotou a bênção, perderam 5


cestos, ou seja, homens morreram e aquilo que, até
então, era só alegria, agora tem gotas amargas de
tristeza.
Continuando nesta linha de raciocínio,
vemos Jesus chegando em Nazaré, sua terra natal,
e entrando na sinagoga (Marcos 6). Ele começa a
ensinar e a admiração pelas suas palavras é
imensa. O que viria depois dessa pregação? Marcos
16.20 nos ensina:
“E eles, tendo partido, pregaram por todas as
partes, cooperando com eles o Senhor e
confirmando a palavra com os sinais que se
seguiram. Amém!”

Baseado nesse versículo, podemos entender


que depois da ministração viriam os sinais da sua
glória, seria o momento da multiplicação, dos 12
cestos cheios. Maravilhas aconteceriam.
Mas os Sabotadores de Bênçãos estavam
presentes naquele lugar:
“De onde lhe vêm essas coisas? E que
sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se
fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é
este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de
Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E
não estão aqui conosco suas irmãs? E
escandalizavam-se nele.” (Marcos 6.2 e 3)

Não é o propósito, no momento, de falar


sobre a questão da falta de honra, isso farei em
outro livro, mas quero falar a respeito da
consequência das palavras sabotadoras. Leia
comigo:
“E não podia fazer ali obras maravilhosas;
somente curou alguns poucos enfermos,
impondo-lhes as mãos.” (Marcos 6.5)

Observe que o versículo fala que ele “não


podia” fazer obras maravilhosas (entregar 12
cestos cheios). Em nenhum momento encontramos
Marcos dizendo: E ele não queria fazer, mas sim,
ele não podia fazer.
Resultado: apenas 7 cestos cheios (somente
curou alguns poucos enfermos). Cinco cestos
perdidos por causa da falta de honra.
O último exemplo que quero dar está nos
tempos da igreja primitiva em Atos 5:
“Mas um certo varão chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
e reteve parte do preço, sabendo-o também sua
mulher; e, levando uma parte, a depositou aos
pés dos apóstolos. Disse, então, Pedro:
Ananias, por que encheu Satanás o teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo
e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida,
não estava em teu poder? Por que formaste
este desígnio em teu coração? Não mentiste
aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo
estas palavras, caiu e expirou. E um grande
temor veio sobre todos os que isto ouviram.”
(Atos 5.1-5)

Permita-me, com muito temor a Deus,


mudar um pouco essa narrativa:
“Mas um certo varão chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
e reteve o oitavo pão, sabendo-o também sua
mulher; e, levando apenas 7 pães, os
depositou aos pés dos apóstolos. Disse, então,
Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo
e retivesses o oitavo pão? Guardando-os,
não ficava para ti? E, vendendo, não estava
em teu poder? Por que formaste este desígnio
em teu coração? Não mentiste aos homens,
mas a Deus.”

Todas as vezes que somos infiéis ao Senhor,


sabotamos nossas bênçãos, porque Satanás, como
observamos na narrativa acima, enche o nosso
coração de dúvidas e incertezas com respeito ao
Deus provedor e podemos perder nossas conquistas
por causa disso.
Um dos discípulos teria guardado um pão no
barco e sabotado a bênção plena da multiplicação
de Deus.
O interessante é que ninguém estava
entendendo sobre a multiplicação menor que
ocorrera na segunda vez e Jesus é obrigado a
exortá-los:
“...Ainda não compreendem nem percebem?
Seus corações estão endurecidos? Vocês têm
olhos, mas não vêem? Têm ouvidos, mas não
ouvem? Não se lembram?...”
(Marcos 8.17 e 18 - NVI)

Acompanhe comigo a narrativa de Lucas


sobre o mordomo infiel:
Jesus disse aos seus discípulos: "O
administrador de um homem rico foi acusado
de estar desperdiçando os seus bens. Então ele
o chamou e lhe perguntou: ‘Que é isso que
estou ouvindo a seu respeito? Preste contas da
sua administração, porque você não pode
continuar sendo o administrador’. "O
administrador disse a si mesmo: ‘Meu senhor
está me despedindo. Que farei? Para cavar
não tenho força, e tenho vergonha de
mendigar... Já sei o que vou fazer para que,
quando perder o meu emprego aqui, as
pessoas me recebam em suas casas’. "Então
chamou cada um dos devedores do seu senhor.
Perguntou ao primeiro: ‘Quanto você deve ao
meu senhor? Cem potes de azeite’, respondeu
ele. "O administrador lhe disse: ‘Tome a sua
conta, sente-se depressa e escreva cinquenta’.
"A seguir ele perguntou ao segundo: ‘E você,
quanto deve? Cem tonéis de trigo’, respondeu
ele. "Ele lhe disse: ‘Tome a sua conta e escreva
oitenta’. "O senhor elogiou o administrador
desonesto, porque agiu astutamente. Pois os
filhos deste mundo são mais astutos no trato
entre si do que os filhos da luz. (Lucas 16.1-8 -
NVI)

Esta história é conhecida como “A Parábola


do Mordomo Infiel”. Nós somos os mordomos das
coisas do Senhor. E Jesus conclui:
“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito,
e quem é desonesto no pouco, também é
desonesto no muito. Assim, se vocês não forem
dignos de confiança em lidar com as riquezas
deste mundo ímpio, quem lhes confiará as
verdadeiras riquezas? E se vocês não forem
dignos de confiança em relação ao que é dos
outros, quem lhes dará o que é de vocês?
(Lucas 16.10-12 – NVI)

Quem não é fiel na casa alugada, não pode


ser na casa própria. Sabe aquela pessoa que
quando sai da casa alugada leva até as lâmpadas
que não comprou, leva até a tampa do vaso
sanitário que já tinha na casa? Como pode Deus
colocar a bênção na vida dele se ele é infiel?
Como Deus pode entregar um ministério
para uma pessoa assim? Cuidar da casa de Deus.
Mas ele nem cuida bem da casa dos outros.
Ele empresta e não devolve. Sua casa está
cheia de TapeWare dos outros; CDs e DVDs
emprestados que nunca foram devolvidos;
guardanapos da cantina da igreja; empresta o
carro do pastor com o tanque cheio e devolve com
ele vazio. Mordomos infiéis no que é alheio. Como
Deus dará aquilo que realmente é deles?
Eis aí a causa de José ser tão abençoado por
Deus. Ele era fiel no que era dos outros e Deus pôde
colocá-lo sobre toda a riqueza do Egito e, ainda, no
final, acrescentar bens sem medida à sua vida.
“Antes dos anos de fome, Azenate, filha de
Potífera, sacerdote de Om, deu a José dois
filhos. Ao primeiro, José deu o nome de
Manassés, dizendo: "Deus me fez esquecer
todo o meu sofrimento e toda a casa de meu
pai". Ao segundo filho chamou Efraim,
dizendo: "Deus me fez prosperar na terra onde
tenho sofrido". (Gênesis 41.50-52)

Quando somos fiéis no que é dos outros (nos


dízimos, por exemplo), Deus entrega aquilo que é
nosso em nossas mãos. A fidelidade abre portas
que jamais imaginamos. Em qual melhor dos
sonhos de José ele poderia imaginar-se como
governador do Egito? Qual o momento que ele
poderia pensar em se transformar de um
presidiário, pobre e desprovido de qualquer bem
material, em uma pessoa próspera e bem-
sucedida? Mas a sua fidelidade o levou até lá.
Existem pessoas que dizem: Quando Deus
me abençoar e prosperar eu serei fiel a Deus.
Deixe-me encerrar com uma história
contada pelo meu grande amigo, Pastor Wilson
Thinonin, de Londrina/PR:
Um certo homem chegou até ele e disse:
pastor, ore para eu prosperar, talvez ganhar na
loteria, que eu vou ajudar muito o senhor e a igreja.
- Como você ajudaria a mim e à igreja?
Perguntou o Pastor.
- Eu daria uma parte dos meus bens a você e
outra a igreja. Respondeu o simpático senhor.
- Muito bem, disse o pastor, deixe-me
entender melhor. Se o senhor prosperasse e
ganhasse 5 casas, o que o senhor faria com elas?
- Eu daria uma para o senhor, uma para a
igreja e ficaria com as outras três.
- Ok... E se fossem 5 carros? Continuou o
pastor.
- Um carro para o senhor, um para a igreja e
três para mim.
- Maravilha – exclama o pastor – Então, se
fossem 5 milhões, seria um para mim, um para a
igreja e três para o senhor?
Sorridentemente, aquele senhor diz: é claro,
pastor.
E se fossem 5 galinhas que o senhor tivesse?
Conclui o pastor.
- Bom... É... Cinco galinhas? Então... Poxa...
Entendi pastor, não precisa falar mais nada. Diz
aquele homem já cabisbaixo. Ele tinha 5 galinhas.
Somos bons para prometermos aquilo que não
temos, mas nem sempre somos fiéis com o que
temos.
Seja sempre fiel ao Senhor e nunca deixe que
alguém ou alguma coisa sabote a sua bênção.
Capítulo

5
Integridade

“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que


há em Cristo Jesus.” (2 Tm 2.1)

Apesar desta orientação ter sido de pastor


para pastor, esta ainda é uma mensagem viva para
todos aqueles que desejam estar com sua vida
escondida em Cristo.
Todos nós temos um chamado em Cristo
Jesus, o chamado da Grande Comissão:
“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-
me dado todo o poder no céu e na terra.
Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas
as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até à
consumação dos séculos. Amém!”
(Mateus 28.18-20)

Mas, como disse um certo pregador, para


muitos, a Grande Comissão é apenas uma “Grande
Opção”. Como se Deus estivesse olhando para nós
e dizendo: Olha, se você tiver como arrumar um
tempinho na sua agenda e, é claro, se estiver
disposto, fale do amor de Deus para alguém. Mas
se estiver muito ocupado, tudo bem, deixe que o seu
pastor vai fazer isso por você.
A realidade é que, ainda que estejamos
apaixonados pelo Senhor, muitos estão
escandalizados e assustados com os
acontecimentos. Temos visto nos últimos tempos
coisas terríveis. Pastores se suicidando, pastores
surtando.
Algum tempo atrás, ouvi um relato de uma
pastora que exortou alguém na igreja e essa pessoa
não gostou do que ouviu. A pastora chegou em casa
e contou o fato ao seu marido. Ao ouvir o relato, seu
esposo disse que a sua atitude de exortar aquela
pessoa talvez não estivesse correta. A pastora não
suportou a pressão psicológica, pegou uma faca e
cometeu suicídio.
Mais ou menos na mesma época, uma
pastora comete suicídio no Rio de Janeiro, pulando
da ponte Madureira. Motivo: depressão profunda.
Segundo relatos, ela era uma pessoa alegre por
fora, mas triste por dentro.
Eu gastaria muito tempo contando a
respeito de obreiros com alto grau de estresse que
já me procuraram.
Mas observe o pano de fundo da escrita
dessa carta: Paulo está preso e passando por
dificuldade. Sua vida está por um fio e o apóstolo
que está sofrendo fisicamente também sofre
ministerialmente, pois muitos o abandonaram e
outros lhe causaram grande males:
“Porque Demas me desamparou, amando o
presente século, e foi para Tessalônica;
Crescente, para a Galácia, Tito, para a
Dalmácia. Só Lucas está comigo... Alexandre,
o latoeiro, causou-me muitos males...
Ninguém me assistiu na minha primeira
defesa; antes, todos me desampararam.” (2
Timóteo 4.10,11,14 e 16)
Mesmo sofrendo tudo isso, Paulo motiva a
Timóteo: fortifica-te na graça que há em Cristo
Jesus. (v.1)
Encontramos, no decorrer deste primeiro
capítulo, três orientações valiosíssimas de Paulo ao
seu discípulo amado para uma vida de fidelidade a
Deus:
1º Uma vida em fidelidade tem como base a
graça de Deus (v.1-13).
Timóteo foi cheio do Espírito Santo. Deveria
manter viva esta chama do Espírito em si:
“Por isso quero que você lembre de conservar
vivo o dom de Deus que você recebeu quando
coloquei as mãos sobre você.” (2 Tm 1.6 - NVI)

Paulo estava querendo ensinar ao jovem


pastor que nenhuma tarefa seria bem executada se
ele não buscasse constante fortalecimento no
Espírito. Instruindo que se Timóteo deixasse o seu
tempo de intimidade com Deus de lado, poderia ir
ao suicídio como os pastores dos nossos dias,
poderia abandonar a fé com Demas o fez, poderia
causar grande prejuízo ao ministério, como
Alexandre, o latoeiro ou, até mesmo, poderia
abandonar o ministério, como fizeram os que
estavam acompanhando Paulo.
O imperativo do fortificar na graça, dito por
Paulo, é uma orientação para que Timóteo jamais
se esquecesse de que fora salvo pela graça e não por
lei ou obras e que só essa graça poderia lhe
fortalecer para ter um ministério saudável.
Viver pela graça é entender que aquelas
orientações ao povo de Israel no Antigo Testamento
não serviriam mais para o presente, pois estamos
na graça de Deus.
Por exemplo, Deuteronômio 28 fala sobre
obedecer a Palavra ou não. Se obedecer serei
bendito, se não obedecer, serei maldito.
Como pode alguém que se rendeu a Cristo,
que teve o seu nome escrito no livro da vida (e isso
exclusivamente por graça, que não vem de mim, é
presente de Deus – Efésios 2.8), ao falhar em um
dos mandamentos da lei (sendo que não está mais
debaixo da lei, mas debaixo da graça – Romanos
6.14), receber como punição o que está escrito em
Deuteronômio 28.16-45?
Antes de continuar essa narrativa, quero
apenas ressaltar que não há nenhuma intenção de
fazer apologia ao pecado, mas simplesmente trazer
luz à realidade da visão soteriológica bíblica.
Peço que você leia atentamente esse texto.
Ele fala sobre nada dar certo na nossa vida, sobre
viver em perdição, sobre ser literalmente
destruído, ter chagas malditas, como febre, tísica,
queimaduras, ardor, secura. Fala sobre Deus
nunca mais ouvir nossas orações, sobre a chuva
não descer mais sobre a terra, sobre você viver
fugindo, ter hemorroidas, sarna e coceira e nunca
ser curado, sobre ficar cego.
Fala que o adultério prevalecerá em sua
casa, sobre ter uma casa e não conseguir morar
nela. Sobre a perdição dos filhos... Enfim, se eu
acreditar que as bênção de Dt 28 são para mim se
eu for fiel, tenho que aceitar que, no meu vacilo, as
maldições também me pertencem (e isso não é
verdade, pois não vivo debaixo da lei, mas debaixo
da graça).
Muitos não entendem essa graça de Deus e
vivem ainda na visão veterotestamentária, onde se
eu faço, Deus me recompensa, não por que me ama,
mas como retribuição dos meus atos.
Este capítulo de Deuteronômio, por
exemplo, não deve ser tomado como base para
detectar se estou sendo abençoado ou não por Deus.
Deuteronômio é a lei, nós vivemos na graça. Não é
para nós o conceito de que Deus tem uma planilha
onde anota os nossos pontos positivos e os
negativos (acertos e erros).
Dependendo do acúmulo de pontos
negativos, vou perdendo carro, casa, saúde,
emprego e dinheiro, mas, se começar a positivar,
começo a receber tudo de volta, até o dia que eu
deslizar um pouquinho e começar a perder tudo de
novo.
Paulo está orientando a Timóteo a não
colocar seu foco nisso, mas fortalecer-se na graça
que há em Cristo Jesus.
Segundo o Dicionário Almeida, podemos
considerar graça como o amor de Deus que salva as
pessoas e as conserva unidas com ele (Sl 90.17; Ef
2.5; Tt 2.11; 2Pe 3.18), a soma das bênçãos que uma
pessoa, sem merecer, recebe de Deus (Sl 84.11; Rm
6.1; Ef 2.7) e a influência sustentadora de Deus que
permite que a pessoa salva continue fiel e firme na
fé (Rm 5.17; 2Co 12.9; Hb 12.28).
Encontramos pessoas frustradas e
decepcionadas, porque cantavam “Quem tem
promessa de Deus não morre” e viam crentes
morrendo a cada dia, alguns até de maneira
trágica, como eu já presenciei em minha vida
ministerial, alguns atropelados e outros
assassinados.
No momento que reviso este livro recebo a
notícia de uma jovem, filha de missionários na
Angola, que foi brutamente assassinada. Essa
notícia chocou meu coração e trouxe muita tristeza
e comoção ao povo de Deus. Todos nós estamos
orando pela família enlutada.
Quem pecou para que ela morresse assim?
Na visão de Deuteronômio, isso seria consequência
do erro de alguém.
Não há culpados, nem consequências de
erros, mas, neste caso, uma perseguição religiosa
por eles serem pregadores do Evangelho.
Quem vai sustentar essa família na
presença de Deus? A graça divina na qual eles têm
se fortalecido durante a vida toda.
Paulo está falando de filosofia de vida, de
sofrer aflições como bom soldado de Cristo (v.3),
dizendo que ele mesmo sofria “como” um malfeitor
(v.9), que sofria pelos escolhidos (v.10), que sofreria
hoje, mas reinaria com Cristo (v.12).
Não está apresentando um Evangelho de
barganha, mas de filosofia de vida, de
entendimento de que graça é um caminho sempre
norteado pelo amor de Cristo derramado em nós.
Muitos consideram o sofrimento com o um
castigo de Deus para a sua vida, alguns,
displicentemente, dizem que o sofrimento de Paulo
é por causa das muitas vezes que ele perseguiu os
cristãos. Ora, se todo o sofrimento de Paulo é um
tipo de punição, porque ele chama Timóteo para
sofrer com ele (v.3)?
Uma filosofia cristã de vida na graça de
Cristo é baseada na beleza de Cristo, que ainda que
Ele nunca nos desse nada na vida, mesmo assim,
ele continuaria sendo Maravilhosíssimo,
continuaria sendo o meu Senhor e meu Deus.
Se Paulo e Timóteo vivessem nos dias de
hoje, em meio a tantas mentiras e enganos no meio
evangélico, inclusive de alguns que pregam a
Palavra de Deus, a orientação de Paulo continuaria
sendo a mesma: “Fortifica-te na graça que há em
Cristo Jesus.”
Lembro-me do texto de Hebreus 11, que cita
os heróis da fé, serrados ao meio, apedrejados,
mortos ao fio da espada, desamparados, aflitos e
necessitados. O autor os considera como “homens
dos quais o mundo não era digno”.
Porque Paulo está dizendo: sofra comigo?
Paulo era um agente multiplicador de Deus, que
fazia discípulos.
A palavra discípulo em português, vem do
latim, que significa “aluno” ou “aprendiz”. Em
grego é mathetés e, em hebraico, talmid, ambas
também significando aprender.
Paulo estava falando a Timóteo sobre a
importância de se multiplicar pessoas com o
caráter cristão autêntico, verdadeiro, pessoas fiéis
em todas as circunstâncias, quer sejam boas ou
ruins. Pessoas que aprendam o verdadeiro
evangelho, que sofram como bons soldados de
Cristo.
Nos dias atuais, o Evangelho de Cristo está
gritando a plenos pulmões, perguntando: Onde
estão os heróis da fé, onde estão os homens dos
quais o mundo não é digno, os fiéis, os bons
soldados que sofrem as aflições e continuam firmes
no seu propósito? Paulo afirma:
“...eu estou pronto não só a ser ligado, mas
ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do
Senhor Jesus.” (At 21.13b)

2º Uma vida em fidelidade tem seus


conteúdos de vida como base sólida (v.14-
19a).
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade. Mas
evita os falatórios profanos, porque
produzirão maior impiedade.”
(2 Timóteo 2.15 e 16)

Paulo não falou para o seu discípulo saber


como se apresentar ao povo, mas, sim, a Deus.
Nunca podemos nos esquecer de que quando
falamos ao povo sobre Deus, Ele está presente.
Logo, existem algumas posturas que devemos ter
diante dEle.
Primeiro, foque na verdade (v.15):
“...e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.” (João 8.32)

A melhor maneira de Deus honrar alguém


que sobe no altar para pregar a Palavra, é quando
esta está firmada na verdade. Não é conveniente
alguém começar a inventar histórias ou começar a
falar de coisas cuja fonte é duvidosa.
De repente essa pessoa estará trazendo para
o altar uma Fake News (notícia falsa), e
comprometendo o altar pois, biblicamente, a igreja
é a coluna e firmeza da verdade. Paulo disse a
Timóteo:
“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te
bem depressa, mas, se tardar, para que saibas
como convém andar na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da
verdade.” (1 Timóteo 3.14 e 15)

Segundo, foque na graça de Deus:


“E eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não
fui com sublimidade de palavras ou de
sabedoria. Porque nada me propus saber
entre vós, senão a Jesus Cristo e este
crucificado.” (1 Coríntios 2.1e2)

A mensagem da cruz sempre será o tema do


bom pregador. Ela nunca estará desatualizada.
Cristo morreu por nós e nos garantiu vida eterna.
Essa é a mensagem central da Bíblia.
O autor aos Hebreus escreveu:
“Pelo que, deixando os rudimentos da
doutrina de Cristo, prossigamos até a
perfeição, não lançando de novo o fundamento
do arrependimento de obras mortas e de fé em
Deus, e da doutrina dos batismos, e da
imposição das mãos, e da ressurreição dos
mortos, e do juízo eterno. E isso faremos, se
Deus o permitir.” (Hebreus 6.1-3)

Muitos ficam correndo atrás dos detalhes e


esquecem de buscar a perfeição em Cristo Jesus, a
busca pelo moldar-se em Deus para que todos
vejam que somos seus filhos (se não entendeu o que
é ser perfeito, releia o capítulo 2).
Em pleno século XXI, ainda estamos
brigando pelo que comemos ou pelos dias que
guardamos (Romanos 15.2-5)
Paulo adverte tanto a Timóteo, quanto a Tito
para tomarem cuidado com fábulas (narrativa
mentirosa, inverossímil, imaginária ou
mitológica ):
5

“nem se ocupem com fábulas e genealogias


sem fim, que, antes, promovem discussões do
que o serviço de Deus, na fé”. (1 Timóteo 1:4)
“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas
caducas. Exercita-te, pessoalmente, na
piedade”. (1 Timóteo 4:7)

“e se recusarão a dar ouvidos à verdade,


entregando-se às fábulas”. (2 Timóteo 4:4)

“e não se ocupem com fábulas judaicas, nem


com mandamentos de homens desviados da
verdade”. (Tito 1:14)

Em resumo, que o seu foco sempre seja o


Evangelho verdadeiro para não se desviar da
verdade.
“...Deus quis fazer conhecer quais são as
riquezas da glória deste mistério entre os
gentios, que é Cristo em vós, esperança da
glória;” (Colossenses 1.27)

Ricardo Gondim, em uma de suas pregações,


disse o seguinte:
“Não importa que a gente esteja pregando o arroz
e feijão do evangelho, importa que a vida de
homens e mulheres estejam honrando o nome de
Jesus Cristo”.
3º Uma vida em fidelidade tem foco nos seus
valores (v.19b-26).
“Todavia, o fundamento de Deus fica firme,
tendo este selo: O Senhor conhece os que são
seus, e qualquer que profere o nome de Cristo
aparte-se da iniquidade.”

Deus está à procura de pessoas íntegras


para a sua obra.
Integro vem do latim Integrare, “tornar
inteiro, fazer um só”, de Integer, “inteiro, completo,
correto”. Ou somos corretos ou vivemos em
iniquidade. Não tem como servir a dois senhores.
Por isso a expressão bíblica:
“E disse-me: Não seles as palavras da profecia
deste livro, porque próximo está o tempo.
Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem
está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça
justiça ainda; e quem é santo seja santificado
ainda.” (Apocalipse 22.10 e 11)

Quais as iniquidades Paulo estava se


referindo?
1. Dos desejos da mocidade (v.22)
Essa palavra “desejo” (ou paixão, em outras
traduções), tem um sentido muito amplo. Podemos
entender que Paulo está exortando com respeito
aos seus impulsos sexuais, pois o próprio Apóstolo
adverte o jovem pastor:
“Ninguém o despreze pelo fato de você ser
jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na
palavra, no procedimento, no amor, na fé e na
pureza.” (1 Tm 4.12 – NVI)

“Não repreenda asperamente ao homem idoso,


mas exorte-o como se ele fosse seu pai; trate os
jovens como a irmãos; as mulheres idosas,
como a mães; e as moças, como a irmãs, com
toda a pureza.” (1 Tm 5.1 e 2 - NVI)

Veja o que Hans Bürki escreve no


Comentário Esperança, em Cartas aos
Tessalonicenses, Timóteo, Tito e Filemom:
“com sensibilidade pastoral ele agora aponta para
o risco que Timóteo enfrenta surgido de seu próprio
íntimo: as paixões juvenis... No entanto, no caso de
Timóteo as paixões da mocidade não se referem
apenas a desejos sexuais, mas igualmente ao
orgulho espiritual e à apaixonada impaciência e
dureza, que não contradizem necessariamente seu
gênio predominantemente hesitante e tendente ao
desânimo.”
Paulo está exortando ao jovem pastor para
tomar cuidado com seus ímpetos. Não ser muito
afoito em querer convencer as pessoas dos seus
erros e das suas ignorâncias.
O jovem, em comum, é impetuoso e
destemido. Ele enfrenta uma guerra com
facilidade, pois não tem medo do perigo, é
inconsequente por força da idade. Gosta de cantar
pneu e desafiar o farol vermelho nos semáforos.
Encara as paixões da mocidade sem medir seus
atos.
Quais são as paixões, os desejos a que Paulo
se refere? Ainda que a princípio nossa mente nos
leva a pensarmos na sexualidade explosiva do
jovem, o versículo seguinte explica claramente:
“Rejeita as questões loucas e sem instrução,
sabendo que produzem contendas.” (v.23)

O jovem obreiro gosta de estar no meio das


“tretas”, nos debates, nas intrigas dos bastidores da
igreja.
Paulo fala sobre o autocontrole, sobre saber
o domínio próprio:
“De sorte que, se alguém se purificar destas
coisas, será vaso para honra, santificado e
idôneo para uso do Senhor e preparado para
toda boa obra.” (v.21)

Estou realmente assustado com alguns


pastores que ultimamente tem ensinado que para
implantar o Reino de Deus, se necessário, devem
jogar algumas pessoas para fora. Como assim? Isso
me assusta.
Devemos tomar cuidado com o ímpeto.
Exortar os mais velhos como se fossem nossos pais
(1 Tm 5.1), e até aqueles que resistem a palavra
com mansidão (2 Tm 2.25)
Os valores do Reino devem ser maiores que
nossos desejos e paixões.
Muitas vezes o nosso impulso é por
resultados rápidos e atropelamos pessoas para
conquistarmos coisas grandes.
Deixamos de ser íntegros para nos
tornarmos empreendedores de igrejas. Deixamos a
santidade, em troca da superficialidade. Trocamos
a oração pelo ativismo. Trocamos o “ser” santo pelo
“fazer” coisas. Precisamos tomar cuidado com os
impulsos da mocidade.
Para entender melhor o que estou dizendo,
leia os versos 22 a 26 na Nova Tradução na
Linguagem de Hoje:
“E você, Timóteo, fuja das paixões da
mocidade e procure viver uma vida correta,
com fé, amor e paz, junto com os que com um
coração puro pedem a ajuda do Senhor. Fique
longe das discussões tolas e sem valor, pois
você sabe que elas sempre acabam em brigas.
O servo do Senhor não deve andar brigando,
mas deve tratar todos com educação. Deve ser
um mestre bom e paciente, que corrige com
delicadeza aqueles que são contra ele. Pois
pode ser que Deus dê a eles a oportunidade de
se arrependerem e de virem a conhecer a
verdade. E assim voltarão ao seu perfeito
juízo e escaparão da armadilha do Diabo, que
os prendeu para fazerem o que ele quer.”
(2 Timóteo 2.22-26 NTLH)

Que o lugar onde você frequenta esteja


sempre aberto para o pecador, onde ele possa
encontrar as mãos estendidas e os braços
acolhedores de obreiros fiéis.
Se seguirmos esses maravilhosos conselhos
do grande apóstolo Paulo de nos fortalecermos na
graça, de vivermos pautados na verdade e na graça
e de conservamos os verdadeiros valores cristãos, o
mundo saberá que servimos a um Deus vivo e
verdadeiro, pois refletiremos sempre a majestade
dele.
Paulo escreve aos filipenses acerca da
importância do nosso testemunho de despenseiros
fiéis:
“...para que sejais irrepreensíveis e sinceros,
filhos de Deus inculpáveis no meio duma
geração corrompida e perversa, entre a qual
resplandeceis como astros no mundo; retendo
a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo,
possa gloriar-me de não ter corrido nem
trabalhado em vão.” (Filipenses 2.15 e 16)
Conclusão

Que o Senhor nos ensine a viver em


fidelidade porque isso tem uma recompensa.
Meu desejo é que, em cada leitor, um novo
tempo esteja começando pela reflexão das palavras
deste singelo livro, um tempo de reclinar a sua
cabeça sobre o peito de Jesus, um tempo para fazer
disparar o coração de Deus, de relacionamento
íntimo com Ele.
Uma intimidade que faça desprezar todas as
seduções malignas para sermos totalmente do
Amado, a ponto dEle nos chamar de “minha
delícia”.
Um relacionamento perfeito, não segundo a
visão da escola grega, mas segundo a visão de
Deus, onde o amor é o ápice da perfeição.
Minha oração é que sejamos transformados
pela glória de Deus, não para sermos apaixonados
pelo status ou pela experiência, mas pelo Deus que
a tudo transforma e que quer se relacionar conosco.
Que esta leitura tenha lhe ajudado a definir
seus caminhos, deixando de ser um “espírito
independente” para trilhar o caminho da fidelidade
e lealdade. Ainda que a vida não tenha sido muito
justa com você, que os seus caminhos tenham
tomado rumos que você nunca imaginou ou
desejou, assim como José, você possa ressignificar
sua vida e entender que há um propósito muito
maior para tudo o que você está passando.
Em meio a um mundo de mentiras e
trapaças, de infidelidade e egoísmo, que possamos
aprender com José os caminhos da fidelidade,
sabendo que o que estamos passando hoje é apenas
um processo para o resultado final.
Que sirvamos a Deus em fidelidade para
com Ele, com a família, nas provações, na
sexualidade e na administração dos recursos que
são colocados em nossas mãos, sejam nossos, sejam
alheios.
Que as bênçãos da fidelidade e confiança em
Deus resultem em uma colheita tão abundante
quanto a bênção da multiplicação, com 12 cestos
cheios de vitórias.
Meu desejo e oração é que estas palavras te
fortifiquem na graça que há em Cristo Jesus, para
poder viver os bons momentos e ficar firme e fiel
nos momentos de aflição, tendo como base sólida a
verdade, uma das colunas da igreja, e a graça de
Deus.
Referências

1. Adultério - definição dada pelo dicionário


Google - https://www.google.com
2. Passional -
https://www.significados.com.br/passional/
3. Perfeito - https://www.dicio.com.br/perfeito/
4. Fonte: National Humanities Center Resource
Toolbox on Slaveholders’ Sexual Abuse of
Slaves / Slave Narratives / Slavery in the
United States by John Simkin
5. Fábula - https://www.dicio.com.br/fabula/

Versões bíblicas usadas:


NVI – Nova Versão Internacional
NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
RA – Edição Revista e Atualizada
RC – Edição Revista e Corrigida

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