Avaliação Pré Anestésica

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Avaliação pré-anestésica
Conceito
Obtenção de múltiplas informações do paciente de forma objetiva, dirigida
por sistemas, através da revisão do prontuário médico, anamnese, exame
físico e exames complementares (quando necessário).

Objetivos
Reduzir a morbimortalidade do paciente cirúrgico → desfechos clínicos
desfavoráveis.

Estabelecer a relação médico-paciente.

Identificar o estado clínico do paciente.

Identificar, tratar e criar planos de manejo clínico intraoperatório.

Anamnese e exame físico


Análise da história da doença cirúrgica atual.

Realização de interrogatório sintomatológico → revisão de sistemas!

Registro de medicamentos e tratamentos.

Pesquisa de comorbidades.

Avaliação cardiovascular
Eventos CV são a principal causa de mortalidade perioperatória em
cirurgias não cardíacas.

Principais fatores analisados:

Distúrbios do ritmo cardíaco.

Angina.

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Dispnéia associada aos esforços.

Dispnéia paroxística noturna.

Avaliação da capacidade funcional.

Ausculta do precórdio.

Frequência cardíaca.

Pulsação.

Preditores de risco cardíaco elevado:

História de doença arterial coronariana.

História de angina ou doença isquêmica.

História de insuficiência cardíaca.

Creatinina sérica acima de 2 mg/dL.

História de AVC.

Diabetes mellitus com insulinoterapia.

Operações de elevado risco → intraperitoneal, intratorácica ou vascular


suprainguinal.

Avaliação respiratória
Principais fatores analisados:

Frequência respiratória.

Ausculta respiratória.

Histórico de tabagismo e carga tabágica.

História de asma, bronquite, sinusite e outras complicações


respiratórias, bem como medicações para controle (ex.:
corticoesteroides).

História de DPOC, enfisema, fibrose cística ou outras patologias


pulmonares.

História de infecções respiratórias das vias superiores → tosse, dor de


garganta, febre.

História de apnéia obstrutiva do sono (AOS) → eleva a


morbimortalidade.

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Diagnosticada pelo stop-bang e confirmada pela polissonografia.

Risco maior → sexo masculino e IMC > 35.

Preditores de risco na intubação orotraqueal (IOT):

Teste de Mallampati (TM): utilizado para verificar o grau de


visualização das estruturas da orofaringe, sendo TM III e IV preditores
de risco na IOT.

1. Classe I – palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis;

2. Classe II – palato mole, fauce e úvula visíveis;

3. Classe III – palato mole e base da úvula visíveis;

4. Classe IV – palato mole totalmente não visível.

Retrognastismo ou prognastismo da mandíbula.

Dentes grandes ou proeminentes.

Abertura bucal pequena (distância interincisivos) → menor que 3 cm.

Dentes grandes ou proeminentes (especialmente incisivos superiores).

Distância tireomento < 6 cm.

Distância esternomento < 12,5 cm.

Circunferência do pescoço > 60 cm.

Preditores de ventilação difícil:

Presença de barba.

História de ronco ou apneia do sono.

TM III e IV.

IMC > 26.

Idade > 55.

Protrusão da mandíbula limitada.

Ausência de dentes.

Outros sistemas
Hematológico:

Análise da coagulação sanguínea.

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Busca de distúrbios de coagulação e metabolização.

Urinário:

Uso de diuréticos → risco de hipovolemia e distúrbios eletrolíticos.

Distúrbios na diurese.

Endócrino:

Análise de distúrbios no metabolismo → diabetes, tireopatias,


dislipidemias.

IMC → peso e altura.

Uso de drogas e álcool.

Nervoso:

Análise do estado mental e da cognição.

Histórico de vertigem e cinetose.

Análise da função sensório-motora e dos nervos cranianos e


periféricos.

Histórico de convulsões.

Distúrbios de marcha.

Reações à anestésicos previamente utilizados → náuseas e vômitos


pós-operatórios (NVPO), miopatias e neuropatias.

NVPO → maior risco em mulheres, pessoas que fazem uso de


opioides e abstinência ao tabagismo.

Sistema músculo-esquelético e pele:

Busca por atrofias, assimetrias e desvios de coluna.

Infecções no local de punção.

Distúrbios na coloração → cianose, icterícia, equimose.

Gastrointestinal:

Histórico de refluxo gastroesofágico.

Análise da alimentação prévia à cirurgia e do período de jejum a fim de


evitar refluxo.

Imunológico:

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Histórico de reações alérgicas → manifestações cutâneas, edema,
prurido, dispnéia.

Alergias alimentares ou medicamentosas.

Estratificação do risco pré-cirúrgico


Sistema de classificação do estado físico - ASA
Classifica o paciente conforme seu estado clínico geral a partir da
presença ou ausência de doenças sistêmicas.

Jejum pré-operatório
Líquidos claros → até 2 horas pré-operatório (suco de maçã, água).

Leite materno → até 4 horas pré-operatório.

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Leite animal, artificial, fórmulas infantis e refeições leves (lanches) → até 6
horas pré-operatório.

Refeições completas → até 8 horas pré-operatório.

Avaliação da capacidade funcional (MET)


Importante preditora da evolução pós-operatória.

Quanto menor o MET, maior o risco cirúrgico.

Interações medicamentosas
A maioria dos medicamentos deve ser mantido até o dia cirúrgico, EXCETO
anticoagulantes (devem ser suspensos até no máximo 4 dias antes) e
hipoglicemiantes orais.

Anti-hipertensivos, vasodilatadores coronarianos e antiarrítmicos (beta-


agonistas) NÃO devem ser suspensos, pois os anestésicos são
vasodilatadores e agentes inotrópicos negativos.

Recomenda-se a manutenção de insulina, antialérgicos, corticoides,


anticonvulsivantes e broncodilatadores.

O uso de antidepressivos e estabilizadores de humor deve ser mantido.

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Antibióticos podem interferir com ação do bloqueio neuromuscular.

Em relação aos fitoterápicos e vitaminas, deve-se considerar que nem todo


produto natural é seguro. Na dúvida, deve-se descontinuar.

Quanto aos tromboprofiláticos, deve-se analisar os benefícios em relação


aos riscos , pois aumenta-se o risco de hematomas com a continuidade.

Os antiagregantes plaquetários devem ser suspensos, exceto para aspirina


em doses baixas quando não associada à anticoagulantes.

Medicações pré-anestésicas
Ansiolíticos, sedativos e amnésia → benzodiazepínicos.

Analgesia → opioides (risco de depressão respiratória e hipotensão).

Prevenção de respostas autonômicas → ex.: clonidina (reduz a resposta


simpática).

Profilaxia da aspiração de conteúdo gástrico → antagonistas H2, antiácidos


não particulados, inibidores da bomba de prótons, gastrocinéticos (ex.:
metoclopramida).

Antieméticos.

Redução nas secreções das vias aéreas → anticolinérgicos (ex.: atropina).

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