M3 Previdencia Privada v6
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Módulo 3
Institutos e Tributação na
Previdência Complementar
2022 © Secretaria Nacional do Consumidor
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salvo com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
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DF, CEP 70.964-900
Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Módulo 3
Objetivos de aprendizagem:
Para entender melhor o que envolve um Plano de Previdência Privada, nossos objetivos, para esse
Módulo 3, são:
Olá!
Como são?
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Resgate
Portabilidade
Siga comigo!
1.1 Resgate
O Resgate é a possibilidade de o participante/consumidor solicitar a retirada de valores por ele
acumulados no plano. Neste caso, o valor acumulado ao longo dos anos deixa de ter caráter
previdenciário e retorna ao participante.
O participante pode efetuar resgates parciais (retirada de parte dos recursos por ele acumulados)
ou resgate total (retirada do valor total por ele acumulado no plano.).
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
O prazo mínimo de 60 dias é para proponentes não qualificados. Se for qualificado, o mínimo é
de 180 dias.
Proponente qualificado:
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Caso Prático
Rodrigo contratou um plano de uma entidade aberta de previdência complementar na modalidade
PGBL e optou pela tabela de tributação regressiva. O período de carência estabelecido pela entidade
foi de 90 dias. Ao longo de pouco menos de 2 anos o total de contribuições do consumidor foi de R$
10.000,00. Em função de juros incorporados a esses valores, o saldo bruto após 1 ano e 11 meses
estava em R$ 12.000,00.
Quando Rodrigo precisou resgatar o valor desse plano, em função da alíquota vigente de imposto
de renda (35%), seu gerente o informou que o valor líquido a ser creditado em sua conta seria de
R$ 7.800,00.
Esse exemplo ilustra um caso de resgate e alerta para os cuidados que o consumidor deve ter com
a alíquota de imposto!
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
1.2 Portabilidade
A Portabilidade é a possibilidade de o participante/consumidor transferir a sua reserva acumulada
para outro plano de previdência privada de seu interesse. Ela existe nos planos de previdência assim
como nas linhas telefônicas, que você consegue transferir seu número de telefone para uma nova
operadora, por exemplo. Com os planos de previdência, acontece de forma semelhante.
Este instituto, diferentemente do resgaste, visa manter a finalidade previdenciária dos recursos,
transferindo-os para a administração de outra entidade.
É importante que o consumidor saiba que não é permitida a portabilidade entre planos PGBL e
VGBL, pois é preciso que as características dos planos sejam as mesmas. Ou seja, você somente
pode portar de plano PGBL para plano PGBL e de plano VGBL para plano VGBL.
A carência mínima para a portabilidade em planos de entidades abertas é de 60 dias, mas o prazo
pode ser maior a depender do regulamento de cada plano. Isso significa que você precisa ficar
no mínimo 2 meses no plano contratado inicialmente (chamado também de plano originário)
para então migrar para outro (que nesse caso será o plano receptor).
O plano originário e o plano receptor devem possuir a mesma titularidade (nome e CPF).
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Caso Prático
Pedro contratou um plano de previdência em uma entidade aberta cuja taxa de administração era
de 1% ao ano. Pouco tempo depois percebeu que para o mesmo tipo de estratégia do seu plano
atual, outra entidade oferecia uma rentabilidade superior em função de uma taxa de administração
menor, de 0,5% ao ano.
Após aguardar o período de carência de 3 meses, definido pela entidade em regulamento, Pedro
decidiu realizar a portabilidade buscando essa vantagem.
Caso queira saber mais sobre os institutos nas entidades fechadas, consulte o ‘Guia Previdência
Complementar para Todos’, disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/
assuntos/previdencia-complementar/mais-informacoes/arquivos/prevcomptodos21-09.pdf
Não é prudente realizar resgate no plano de previdência sem antes analisar a sua consequência.
Deve-se analisar o impacto desse resgate na renda futura previamente à tomada de decisão.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Lembre-se de que a previdência complementar é a garantia para um futuro mais confortável, mas
é preciso fazer escolhas no presente. Sacar os valores antes do período de aposentadoria pode
gerar, dependendo do regime tributário escolhido, pagamento de mais imposto de renda.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
O Simplificado pode ser utilizado por qualquer contribuinte, independentemente da renda total ou
do número de fontes pagadoras. É indicado para quem não possui muitas despesas para deduzir da
base cálculo (médicas ou com educação, por exemplo), uma vez que, como padrão, o modelo utiliza
um abatimento de 20% sobre o total dos rendimentos tributáveis recebidos ao longo do ano. No
entanto, existe um limite para tal abatimento, que, atualmente, é de R$16.754,34 (valores em 2021).
Já o modelo Completo é indicado para quem possui diversas despesas dedutíveis (por exemplo,
gastos com plano de saúde, educação e dependentes). Nesta modalidade, é necessário informar
todos os gastos e rendimentos ocorridos no ano. Caso o total das deduções exceda o limite atual
aplicado à modalidade Simplificada (R$ 16.754,34), o modelo Completo é o mais indicado.
Na prática isso significa que sobre os seus investimentos em previdência privada o governo está
abrindo mão de cobrar o imposto de renda hoje, pois está te devolvendo isso através da dedução
permitida, para cobrar apenas quando você resgatar ou receber o benefício do plano de previdência.
Confira!
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Como já falamos, só tem direito a essa dedução se você também contribui para o RGPS/INSS ou,
quando for o caso, para RPPS dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios.
Mas como fica se eu tenho uma renda que não precisa ser declarada
no imposto de renda ou a minha declaração é no formulário
simplificado?
• Progressivo; ou
• Regressivo.
Então aqui veremos o segundo benefício fiscal que você pode obter
com previdência privada, além da dedução permitida que vimos no
tópico anterior.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Para facilitar o cálculo, a Secretaria da Receita Federal disponibiliza, junto à tabela de IR, a parcela
a deduzir, que simplesmente considera a progressividade dos valores e das alíquotas e deve ser
aplicada no cálculo a fim de se chegar ao valor líquido de seu salário, considerando-se apenas o
desconto de IR.
Portanto, para o caso em questão, deve-se “devolver” o valor de R$ 636,13, referente à faixa de
alíquota 22,5%. Assim, o seu salário líquido será de R$ 3.736,13 (R$ 4.000,00 - R$ 900,00 + R$ 636,13).
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Vamos verificar!
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Caso Prático
Imagine que o Sr. Leonardo, de 45 anos de idade, esteja planejando iniciar suas contribuições para
ter uma renda mensal de R$ 2.500,00 aos 65 anos, proveniente de sua previdência complementar,
e que esta seja sua única renda tributável. Seu planejamento pessoal aponta que os aportes serão
realizados até os 55 anos. Neste caso, a tabela de imposto de renda mais indicada seria a Progressiva.
Embora ele tenha 10 anos de aportes pela frente, o prazo médio de suas
contribuições quando da aposentadoria (ou do início da fase de recebimento
de renda) será superior a 10 anos, o que o colocaria em uma alíquota de 10%
na tabela Regressiva que você verá no próximo tópico da unidade. No entanto,
sua faixa de renda tributável seria de 7,5%, justificando a escolha pela tabela
Progressiva.
Se a soma do valor mensal total estimado para recebimento do benefício e de outras rendas for
pequena e se enquadrar na faixa de isenção ou de 7,5% da tabela progressiva, este regime será
uma boa opção.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Caso Prático
Imagine agora que o mesmo Sr. Leonardo do exemplo anterior, de 45 anos de idade, altere seu
planejamento de aposentadoria e queira iniciar suas contribuições para ter uma renda mensal de
R$ 5.000,00 aos 65 anos, proveniente de sua previdência complementar, e que esta seja sua única
renda tributável. Os aportes serão realizados até os 55 anos. Neste caso, a tabela de imposto de
renda mais indicada seria a Regressiva.
Como ele terá 10 anos de aportes pela frente, o prazo médio de suas contribuições
quando da aposentadoria (ou do início da fase de recebimento de renda) será
superior a 10 anos, alocando-o na faixa de 10% da tabela Regressiva. Caso optasse
pela Progressiva, em função do montante da renda a ser recebida (acima de R$
4.664,68), a alíquota de imposto de renda seria de 27,5%, bastante superior e,
portanto, não indicada.
Caso você não pretenda fazer resgates no seu plano de previdência em um prazo menor de 10
anos, ou seja, tenha objetivo de acumular sua reserva por longo prazo e pretenda receber um
valor mensal de benefício acima da faixa de tributação de 7,5% da tabela progressiva, a tabela
regressiva pode ser uma boa opção para você.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Então, os valores que você vai receber de resgates ou de benefícios já serão depositados na sua
conta líquidos do imposto devido. Portanto, diferentemente do regime progressivo, não haverá
ajuste sobre isso na declaração anual de imposto de renda.
É importante que você saiba que, em relação aos resgates, a tabela Regressiva obedece ao método
PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai –, ou seja, os resgates do saldo de aposentadoria são
feitos considerando sempre os valores mais antigos. O primeiro valor de contribuição é o primeiro
que sai quando começa a receber o benefício da aposentadoria. Desse modo, o imposto de renda
também será aplicado conforme o histórico das contribuições.
Ou seja, a cobrança do tributo será feita da contribuição mais antiga para a mais recente, sendo os
aportes realizados há mais tempo com alíquotas menores de imposto de renda, de acordo com a
tabela Regressiva.
Caso Prático
Tomem como exemplo a Sra. Vitória, que realizou 3 aportes em um VGBL de uma seguradora de
sua preferência em 3 datas específicas. De acordo com seu planejamento financeiro e seu nível
de educação financeira e previdenciária, ela optou pela tabela Regressiva, por
identificar corretamente que somente resgataria o saldo após o prazo de 10
anos, de modo a beneficiar-se pela menor alíquota de imposto de renda a
recolher.
Como o produto escolhido foi o VGBL, lembre-se que a tributação incide somente
sobre os rendimentos (juros) auferidos ao longo da vida útil do investimento
em previdência. Destaca-se que a participante não tem outras rendas brutas
tributáveis.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Passado 1 ano e meio, a Sra. Vitória resolveu resgatar todo o seu saldo
previdenciário de seu VGBL, novamente respeitando seu planejamento
de previdência.
Confira, no vídeo a seguir, quais eram os valores apresentados após esse
período.
A tabela regressiva só está disponível para planos nas modalidades de Contribuição Definida (CD)
e Contribuição Variável (CV), dentre os quais se encontram – PGBL e o VGBL.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
A opção pela tabela Progressiva ou Regressiva deve ser realizada pelo participante no início
do plano, mais especificamente até o último dia útil do mês seguinte ao ingresso no plano de
previdência, lembrando que não pode ser nem sábado e nem domingo. É importante você refletir
sobre o seu futuro e de que forma você pode ter uma renda na velhice, quando se aposentar.
Os planos de previdência podem ser uma opção para que você não fique desprovido. Analise os
planos, compare com outros produtos de investimento como, por exemplo, o Tesouro Direto, e
diversifique o investimento de seus recursos, lembrando que os planos de previdência privada
podem te oferecer algumas vantagens tributárias.
Faça o seu investimento para, no futuro, não passar por apertos financeiros!
Saber poupar, diversificar seus investimentos e ter disciplina (fazer isso todo mês ou de forma
mais frequente possível) é importante e necessário!
Caso o participante opte pela tributação progressiva, é possível alterar sua escolha para a tabela
regressiva, não há custos para essa mudança. No entanto, a opção pelo regime de tributação
regressiva é irreversível, não sendo possível a alteração para a tabela progressiva. Então caso
tenha dúvidas, você tem o mês subsequente para pensar melhor e decidir.
E se, por acaso, você esquecer de fazer essa escolha nesse prazo?
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Caso Prático
Aline é analista de telemarketing há 10 anos, ganha R$4.000,00, tem
35 anos, casada, 3 filhos e, pensando na sua aposentadoria, resolveu
pesquisar sobre planos de previdência. Pesquisou no site da Susep
diversos planos e taxas de produtos previdenciários, e optou por aderir
a um plano comercializado pela seguradora “poupe mais” do grupo da
instituição financeira de que já era cliente.
Conforme a legislação vigente, ela teria até o final de maio de 2020 (mais especificamente o dia 29,
pois dia 30 foi sábado!) para optar pela tabela Progressiva ou Regressiva. Na data de adesão, ela já
optou pela Progressiva. No entanto, após melhor estudar sua realidade financeira e reprogramar
seu planejamento previdenciário, em 18 de maio de 2020, decidiu alterar o regime de tributação
para Regressivo, tendo sido acatado pela seguradora.
Caso houvesse optado inicialmente pela Regressiva, tal alteração posterior de escolha não teria
sido acatada pela entidade!
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Na unidade 2 do módulo anterior ficou claro que os planos oferecidos pelas Entidades Abertas de
Previdência Complementar, PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre e VGBL – Vida Gerador de
Benefício Livre, possuem algumas diferenças, sendo a principal delas a tributação.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Mas atenção!
Caso você faça a declaração completa do IRPF e queira investir mais de 12%
da sua renda bruta anual em um plano de previdência, o ideal será investir
12% dela em um PGBL e o restante em um VGBL, pois o imposto de renda
será cobrado apenas sobre o rendimento.
Para maiores informações sobre tributação consulte Lei nº 11.053/2004 e a IN Conjunta SRF, SPC e
SUSEP nº 524, de 11 de março de 2005.
E é sempre importante verificar junto à Receita Federal a tributação vigente para previdência
complementar.
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PREVIDÊNCIA PRIVADA PARA CONSUMIDORES - MÓDULO 3
Conclusão
Você chegou ao final do Módulo 3!
Neste módulo você conheceu direitos importantes garantidos nos planos de previdência privada,
como o resgate e a portabilidade, por exemplo. Para efetuar resgates no seu plano de previdência é
preciso estar atento ao prazo de carência e ao imposto de renda.
Aprendeu ainda como as alíquotas de imposto de renda podem interferir no seu plano de
previdência e a importância de escolher a tabela progressiva ou tabela regressiva de acordo com os
seus objetivos.
Lembre-se que retiradas precoces podem ser onerosas, além de te desviar do objetivo de poupar
no longo prazo, pensando no futuro da aposentadoria.
Até lá!
Referências
1. Lei nº 11.053, de 29 de dezembro de 2004.
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