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Desafios do Ensino e da Aprendizagem

REFLEXÕES ACERCA DO PRECONCEITO


LINGUÍSTICO NO CONTEXTO ESCOLAR: AS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA EM PAUTA
Claudinea dos Reis Gonçalves
Cleber Cezar da Silva

RESUMO

O presente trabalho abarca um tema polêmico, porém reflexivo e necessário


discorrer, que busca revelar o preconceito existente entre o ensino da
linguagem formal e o ensino da língua pautado nos aportes da
sociolinguística. O artigo discute o papel da escola, do professor e dos livros
didáticos acerca da problemática: O preconceito linguístico frente ao
processo ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa. O
levantamento teórico foi realizado por meio dos portais: Google Acadêmico;
Profletras; SciELO e dos repositórios das seguintes universidades:
Universidade Federal de Goiás - UFG, Universidade Federal do Pará -
UFPA, Universidade Federal do Amazonas – UFAM e Universidade Católica
de Pernambuco - UNICAP, a fim de elencar os resultados que diferentes
pesquisas sobre o tema têm demonstrado com suas análises e apontamentos.
E para montar a proposta crítico-reflexiva deste trabalho, optou-se por um
estudo realizado sobre o tratamento da desconstrução do preconceito
linguístico, sobre as contribuições do livro didático para se trabalhar tal
problemática em sala de aula e que endossasse a pesquisa dentro do campo
da sociolinguística. Dessa forma, traria questões inerentes aos materiais de
Língua Portuguesa, bem como a formação e o exercício docente, neste
contexto, com o propósito de, mais uma vez, analisar as contribuições do
livro didático para se trabalhar o preconceito linguístico em sala de aula.
Conclui-se, por meio da análise dos materiais e atividades, que não há
trabalho sobre a desconstrução do preconceito linguístico, fator preocupante,
visto a importância destes suportes como ferramenta pedagógica para todo o
processo de ensino.
Palavras-chave: preconceito linguístico; livro didático; prática docente;
variação linguística.

RESUMEN

El presente trabajo aborda un tema controvertido pero reflexivo, que busca

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Educação Básica em pauta

develar el prejuicio existente entre la enseñanza formal de lenguas y la


enseñanza de lenguas a partir de los aportes de la sociolingüística. El capítulo
discute el papel de la escuela, del profesor y de los libros de texto frente al
problema: El prejuicio lingüístico contra el proceso de enseñanza-aprendizaje
en las clases de Lengua Portuguesa. El levantamiento teórico se realizó a
través de los portales: Google Scholar; maestros; SciELO y repositorios de
las siguientes universidades: Universidade Federal de Goiás - UFG,
Universidade Federal do Pará - UFPA, Universidade Federal do Amazonas
– UFAM y Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, con el fin de
enumerar la realidad de lo que diferentes investigaciones sobre el tema han
demostrado con sus análisis y apuntes. Y para configurar la propuesta crítico-
reflexiva de este trabajo, se optó por un estudio realizado sobre el tratamiento
de la deconstrucción del prejuicio lingüístico, que analizó las aportaciones del
libro de texto para trabajar esta problemática en el aula y que avaló un estudio
dentro del campo de la sociolingüística, ya que esto plantearía cuestiones
inherentes a los materiales de lengua portuguesa, así como a la formación y
práctica docente en este contexto, con el objetivo de analizar las
contribuciones del libro de texto para trabajar con prejuicios lingüísticos en
el aula. Se concluye a través del análisis de los materiales y actividades que no
se trabaja con la deconstrucción del prejuicio lingüístico, factor preocupante,
dada la importancia de sustentar este instrumento como herramienta
pedagógica de ayuda en todo el proceso de enseñanza.
Palabras clave: prejuicio lingüístico; libro de texto; práctica docente;
variación lingüística.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho partiu da relevância e do aprofundamento das


discussões realizadas acerca da problemática - Preconceito Linguístico e suas
consequências para a vida em sociedade. Logo, compreender o papel da
escola, do professor e dos instrumentos, que envolvem o processo de ensino-
aprendizagem, faz-se necessário, porém o objetivo aqui não é um
aprofundamento teórico sobre documentos norteadores ou sobre a prática
docente, mas sim buscar conhecer a realidade do que diferentes pesquisas
sobre o tema têm demonstrado com suas análises e apontamentos.
Para essa pesquisa, fez-se um levantamento teórico nos portais:
Google Acadêmico; Profletras; SciELO e nos repositórios das seguintes

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universidades: Universidade Federal de Goiás - UFG, Universidade Federal


do Pará - UFPA, Universidade Federal do Amazonas – UFAM e
Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, a fim de elencar pesquisas
que trouxessem como palavras-chave: “preconceito linguístico”; “livro
didático”; “prática docente”, “variação linguística” e que também essas
pesquisas endossassem suas análises dentro do campo da sociolinguística,
pois assim, elas trariam questões inerentes aos materiais de Língua
Portuguesa, bem como a formação e o exercício docente. E para montar a
proposta crítico-reflexiva deste trabalho, optou-se por um estudo realizado
sobre o tratamento da desconstrução do preconceito linguístico, que analisou
as contribuições do livro didático para se trabalhar tal problemática em sala
de aula.
Partindo do pressuposto que o ambiente escolar é um local de
arquitetura do conhecimento e da promoção da empatia e da criticidade do
sujeito, o professor necessita oportunizar ações pedagógicas que levem os
escolares a serem sujeitos do respeito, do acolhimento, do diálogo e do
convívio harmônico com a diversidade.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ainda em
relação à diversidade, “cabe dizer que se estima que mais de 250 línguas são
faladas no país – indígenas, de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras,
além do português e de suas variedades. Esse patrimônio cultural e linguístico
é desconhecido por grande parte da população brasileira”.
Complementando esse dado, a Base Nacional Comum Curricular -
BNCC ainda deixa claro, por meio de uma das suas diretrizes, a necessidade
de se considerar toda a diversidade do nosso país, em especial, aqui, a
diversidade linguística:
Da mesma maneira, imbricada à questão dos
multiletramentos, essa proposta considera, como uma
de suas premissas, a diversidade cultural. Sem aderir a
um raciocínio classificatório reducionista, que

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Educação Básica em pauta

desconsidera as hibridizações, apropriações e mesclas,


é importante contemplar o cânone, o marginal, o culto,
o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, a
cultura digital, as culturas infantis e juvenis, de forma a
garantir uma ampliação de repertório e uma interação
e trato com o diferente. [...]. Esse patrimônio cultural e
linguístico é desconhecido por grande parte da
população brasileira. No Brasil com a Lei nº 10.436, de
24 de abril de 2002, oficializou-se também a Língua
Brasileira de Sinais (Libras), tornando possível, em
âmbito nacional, realizar discussões relacionadas à
necessidade do respeito às particularidades linguísticas
da comunidade surda e do uso dessa língua nos
ambientes escolares. Assim, é relevante no espaço
escolar conhecer e valorizar as realidades nacionais e
internacionais da diversidade linguística e analisar
diferentes situações e atitudes humanas implicadas nos
usos linguísticos, como o preconceito linguístico. Por
outro lado, existem muitas línguas ameaçadas de
extinção no país e no mundo, o que nos chama a
atenção para a correlação entre repertórios culturais e
linguísticos, pois o desaparecimento de uma língua
impacta significativamente a cultura (BRASIL, 2016, p.
70).
Em reflexão à diretriz exposta, veremos alguns registros da pesquisa
sobre a coleção Português: uma proposta para o letramento, selecionada
como corpus para este artigo, que se referem à análise dos materiais didáticos,
seus conteúdos e abordagens.
Estudos recentes no campo da linguagem apontam para a
necessidade de um trabalho reflexivo e inovador no ensino da língua materna,
sobretudo com vistas para a desconstrução do preconceito linguístico, pois
“frente aos fenômenos da variação, não basta somente uma mudança de
atitude; a escola precisa cuidar para que não se reproduza, em seu espaço, a
discriminação linguística” (BRASIL, 1998, p. 82) e para isso, espera-se poder
contar com o livro didático.
O livro didático é um instrumento norteador de ensino e é uma
ferramenta que muito auxilia o professor no processo de ensino-
-aprendizagem. É por meio do livro didático que a ponte entre as diretrizes

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Desafios do Ensino e da Aprendizagem

dos documentos norteadores da educação é consolidada pelo professor.


Segundo Soares (2002, p. 3), até os anos 60, eram poucos os livros didáticos
oferecidos no mercado. Em consequência da grande expansão do número de
escolas, cresce a quantidade de alunos, professores e consumidores de livros
didáticos, multiplicam-se os editores e os exemplares.
Falar de políticas que envolvem o processo de elaboração, escolha,
aplicabilidade e acesso dos livros didáticos requer um olhar mais minucioso.
Para a abordagem deste trabalho, não será tratado o uso por si só desta
ferramenta, mas o diálogo dos professores com os alunos a respeito do
preconceito linguístico e das metodologias de ensino.

METODOLOGIA

A análise realizada sobre a coleção de livros didáticos, apresentará


alguns resultados sobre as atividades do uso da Língua Portuguesa, bem
como suas variações.
O corpus da pesquisa em questão, se compõe de quatro livros da
coleção Português: uma proposta para o letramento de Magda Soares
(2002), destinados aos 3º e 4º ciclos do ensino fundamental (6º, 7º, 8º e 9º
anos), que foi aprovada pelo MEC – PNLD/2008 (SILVA, 2010, p. 52).
O Manual do Professor que acompanha a coleção, e está intitulado
para uso exclusivo do professor, está dividido em três partes: “Fundamentos
da Coleção” e “Áreas e Atividades de Aprendizagem” e “Sugestões
bibliográficas”. Na primeira, apresenta sua concepção de educação e sua
fundamentação teórica. Na segunda, explica como o livro foi organizado,
apresenta os objetivos de cada área em que se distribuem as atividades. A
última parte é formada por sugestões bibliográficas. As orientações e
sugestões para o professor são apresentadas, segundo a autora, página a
página dos livros, a fim de que a interação autor-leitor ocorra no momento

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Educação Básica em pauta

em que as atividades de ensino e de aprendizagem são propostas.


Para a análise da coleção corpus, a área que nos interessa e que aborda
a variação linguística, intitula-se “Reflexão sobre a Língua”. Nesta parte das
obras é que se ressalta que o ensino de português é visto, fundamentalmente,
como uma proposta para o letramento, isto é, uma proposta de
desenvolvimento e aperfeiçoamento de práticas sociais de interação
discursiva, orais e escritas (BRASIL, 2016).
Logo, ao analisar a supracitada seção, é possível perceber de maneira
clara que as obras sugerem que as atividades se mostrarão necessárias ou
pertinentes a partir de problemas identificados nos textos orais ou escritos
produzidos pelos alunos, e que não podem ser previstas num livro didático.
Ou seja, a parte que contempla a variação linguística e, consequentemente, o
preconceito linguístico partirá das produções dos alunos e com isso, o
professor deverá dar continuidade ao conteúdo. Sendo assim, busca-se levar
os alunos a uma observação e análise de aspectos que têm relação estreita
com o uso da língua – oral ou escrita, portanto, a escrita e a fala são
representações da língua, são formas de representar todo o sistema
linguístico, são práticas discursivas e não uma representando a outra
(MARCUSCHI, 2001).
No levantamento da coleção em análise, verificou-se que só em duas
atividades da seção “Reflexão sobre a Língua”, a autora aborda o tema
variação linguística e, como acontece nos livros anteriores da mesma coleção,
estas atividades abordam apenas alguns tipos de variação, neste caso a
diacrônica e a diafásica, como forma de incentivar a desconstrução do
preconceito linguístico. Mas sabemos que é urgente que as atividades incluam
todas os tipos de variação e o máximo possível de manifestações linguísticas.
Visto que é
[...] imprescindível os professores se sensibilizarem
quanto ao fato de que não há uma variedade linguística
superior, esclarecendo que todas são legítimas e que as

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avaliações feitas sobre cada uma delas estão atreladas a


aspectos exclusivamente sociais, geográficos e/ou
econômicos. Em decorrência da estratificação das
sociedades em grupos separados
socioeconomicamente, as variedades linguísticas
faladas por grupos diferentes acabam agregando
valores que vão muito além do aspecto linguístico
(HORTA, 2016, p. 610-625).
Com isso, observou-se que a preocupação em fornecer contextos
para uma discussão em sala de aula sobre, por exemplo, modalidades mais
prestigiadas, variação regional, dialetos estereotipados, o abismo entre língua
falada x língua escrita, e todos os fatores que contribuem para a permanência
do preconceito linguístico em sociedade, ainda merecem uma atenção
especial por parte dos editores dos livros didáticos.
Vejamos o que a pesquisa e análise da coletânea apurou em relação
às atividades sobre variação linguística de modo geral, lembrando que juntas
elas contemplam todo o Ensino Fundamental II.
Quadro 1 - Atividades que apresentam o tema variação linguística

Atividades que apresentam o tema variação linguística


Livros
em relação ao total de atividades da área em análise.

I 1 de 11
II 1 de 11
III 2 de 13
IV 2 de 09
Total 6 de 44
Fonte: Adaptado do tratamento da desconstrução do preconceito linguístico no
livro didático de português. Dados de análise do livro: “Português: uma proposta
para o letramento” (SILVA, 2010, p. 84).

Verificou-se por meio da análise feita por Silva (2010, p. 84), que em
um total de 44 (quarenta e quatro) atividades propostas na área Reflexão
sobre a Língua, o tema variação linguística aparece em 6 (seis) delas, e não há

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Educação Básica em pauta

nenhuma presença, nessas atividades, do trabalho com a desconstrução do


preconceito linguístico. Fator esse preocupante visto a importância do
suporte deste instrumento auxiliar o professor em todo o processo de ensino.
Preocupação essa que é relevante e requer uma reflexão, pois para Bagno
(1999)
[...] para romper o círculo vicioso do preconceito
linguístico no ponto em que temos mais poder para
atacá-lo — a prática de ensino —, precisamos rever
toda uma série de “velhas opiniões formadas” que
ainda dominam nossa maneira de ver nosso próprio
trabalho (BAGNO, 1999, p. 108).

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O português brasileiro é uma língua carregada de variações


linguísticas em funções sociais e regionais, fatores que influenciam
diretamente no modo do uso da língua. O preconceito linguístico é um mal
presente e persistente na sociedade, mas é, no contexto escolar, que ele é mais
observável, pois o indivíduo passa a conviver com culturas distintas e grupos
sociais diversos e cabe ao professor evitar que ele se perpetue.
Não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que a escola e o livro
didático vão acabar com o preconceito linguístico, ainda hoje tão presente
em nossa cultura, mas certamente esse é o primeiro passo para mitigá-lo e ao
se promover um ensino da língua materna pluralizado e democrático na
perspectiva de desconstruí-lo.
O preconceito linguístico está ligado, em boa medida à
confusão que foi criada, no curso de história, entre
língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais
urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo
não é um bolo, o molde de um vestido não é um
vestido, um mapa-múndi não é o mundo... Também a
gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg
flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é
a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível
dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro,

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Desafios do Ensino e da Aprendizagem

tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no sentido


literal e figurado do termo) e não pode ser
autoritariamente aplicada a todo resto da língua –
afinal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas
um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação
autoritária, intolerante e repressiva que impera na
ideologia gerada pelo preconceito linguístico.
(BAGNO, 2006, p. 9).
Este trabalho abarca um tema polêmico, porém reflexivo, que
buscou revelar o preconceito existente entre o ensino da linguagem formal e
o ensino da língua pautado nos aportes da sociolinguística. Portanto, poderá
ser subsídio para outras pesquisas e trabalhos relacionados ao assunto, bem
como provocar os profissionais da área a inserir novas formas de abordar e
trabalhar a corrente da diversidade cultural e os dialetos dentro das aulas de
língua portuguesa das escolas brasileiras.
A inquietação em pesquisar esse tema partiu do princípio de que o
ensino da Língua Portuguesa ainda tem sido trabalhado de forma mecânica,
privilegiando ainda o ensino da gramática. Em resumo é como se a gramática
fosse a fonte do corpo social.
Se os falantes se subordinam à gramática da língua, para
se fazerem entender socialmente, não deixam, contudo,
de comandá-la, já que são eles que decidem o que fica
e o que entra de novo e de diferente (ANTUNES,
2003, p. 89).
Perpetuando dessa forma, o preconceito linguístico, um problema
de algumas ações promovidas pelas escolas e profissionais que nelas atuam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O preconceito linguístico continua sendo uma realidade muito


presente no contexto escolar, seja ele por meio das vozes ausentes das
culturas minoritárias, seja por que os livros didáticos não mencionam de
modo claro O QUÊ??? como deveriam e, até mesmo, através da metodologia
sintetizada que o professor utiliza, impossibilitando o aprofundamento de

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Educação Básica em pauta

estudos no campo da diversidade cultural. Afinal o livro didático é tido como


ferramenta norteadora do ensino.
O preconceito linguístico só será combatido se houver um vasto
trabalho, sobretudo contra as formas de discriminação das línguas existentes.
“É necessário que o professor da Educação Básica assuma uma postura
política ao tratar dessas questões” (BAGNO, 2008, p. 11). Tal atividade
requer de maneira peculiar, que a escola e todos os profissionais envolvidos
no processo ensino-aprendizagem tenham conhecimento de quê??? e ações
positivas a favor da causa, pois o desenvolvimento do indivíduo, isto é, o
caráter de formação para o exercício da cidadania, do sujeito crítico e
formador de opinião que respeita e compreende o espaço do outro, do seu
contexto, sua história e origem começa no ambiente escolar, portanto, essa
responsabilidade não pode e não deve ser tratada apenas como uma
atribuição do professor de Língua Portuguesa.
O docente de Língua Portuguesa lida sim com muitas possibilidades
e diversidades da linguagem, ele oportuniza a discussão em sala de aula acerca
da temática, seja ela trazida no livro didático ou não, mas ele precisa
inicialmente se desconstruir dos parâmetros que a sociedade e a gramática
trazem como princípio, a fim de proporcionar um ambiente de aprendizado
linguístico democrático.
A política do livro didático precisa ser fidedigna quanto as diretrizes
do documento de caráter normativo que orienta o trabalho da diversidade
cultural em todas as esferas. Para que não haja apoio aos preconceitos
linguísticos, faz-se necessário que os materiais didáticos contemplem o
estudo das variações linguísticas, bem como a reflexão contínua do exercício
docente sobre a prática exercida.

REFERÊNCIAS

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Desafios do Ensino e da Aprendizagem

ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo:


Parábola Editorial, 2003.
BAGNO, M. Preconceito linguístico. São Paulo: Loyola, 1999.
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 40. ed. São
Paulo: Edições Loyola, 2006.
BAGNO, M. Preconceito Linguístico. Revista Presença Pedagógica, v. 14,
n. 79, jan./fev. 2008.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Introdução aos
parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília: Ministério da Educação, 2016.
HORTA, B. D. Sociolinguística em sala de aula: visão e postura docente ante
as variedades desprestigiadas do português. Palimpsesto, Rio de Janeiro, v.
15, n. 23, jul./dez. 2016. Disponível em:
http://www.pgletras.uerj.br/palimpsesto/num23/dossie/palimpsesto23dos
sie09.pdf. Acesso em: 23 de dez. de 2022.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização.
São Paulo: Cortez, 2001.
SILVA, P. R. G. da. O tratamento da desconstrução do preconceito
linguístico no livro didático de português. 2010. 93f. Dissertação
(Mestrado em Ciências da Linguagem) - Universidade Católica de
Pernambuco, Recife 2010.
SOARES, M. B. Português: uma proposta para o letramento. São Paulo:
Moderna, 2002. 7 v. em 2, 3, 4 e 5.

SOBRE OS AUTORES

Claudinea dos Reis Gonçalves


Possui graduação em Normal Superior pela Universidade Federal de Goiás
(2006). Especialização em Linguística Aplicada à Língua e à Literatura (2016).
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino para a Educação
Básica pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano -
Campus Urutaí - Goiás (2022). É gestora educacional em instituição de
ensino privada, iniciou sua carreira docente em 2005. Atua na área da
Coordenação Pedagógica do Ensino Fundamental II e Ensino Médio desde

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Educação Básica em pauta

2010. Servidora Pública Efetiva (2015). Possui experiência na área de Letras,


com ênfase em Língua Portuguesa. Habilidades em liderança de projetos
educacionais, planejamento escolar, gestão de pessoas e políticas internas do
campo educacional.
E-mail para contato: [email protected]
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1918354659303348

Cleber Cezar da Silva


Possui graduação em Normal Superior pela Universidade Federal de Goiás
(2006). Especialização em Linguística Aplicada à Língua e à Literatura (2016).
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino para a Educação
Básica pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano -
Campus Urutaí - Goiás (2022). É gestora educacional em instituição de
ensino privada, iniciou sua carreira docente em 2005. Atua na área da
Coordenação Pedagógica do Ensino Fundamental II e Ensino Médio desde
2010. Servidora Pública Efetiva (2015). Possui experiência na área de Letras,
com ênfase em Língua Portuguesa. Habilidades em liderança de projetos
educacionais, planejamento escolar, gestão de pessoas e políticas internas do
campo educacional.
E-mail para contato: [email protected]
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6785390145821148
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0114-3666

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