Ficha de Apoio para Redações

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Disponibilizado por Minerva.

Realismo
Para a Redação e para a vida
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REALISMO
PARA A REDAÇÃO E PARA A VIDA

“O Vagão da Terceira Classe”, de Daumier (1862-1864).

“Os Quebradores de Pedra” - Gustave Coubert - 1849 –


óleo sobre tela (159 x 259 cm)

“Mulheres peneirando trigo” - Gustave Courbet (1854-1855)

2 ARTES • FERNANDA PESSOA


Disponibilizado por Minerva.
O ATELIÊ DO ARTISTA
É a declaração dos princípios políticos e artísticos de Courbet e do movimento.

O quadro combina o estilo gran-


dioso das pinturas históricas
com a representação realista
do estúdio de pintura.

A obra satiriza o idealismo da


arte acadêmica, mostrando, à
esquerda, pessoas de diversas
camadas sociais e à direita,
patronos de arte e filósofos que
eram amigos de Coubert.

“O ateliê do artista” - Gustave Coubert (1854-1855)

“O pensador”- Auguste Rodin (1904)

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FERNANDA PESSOA • ARTES 3


Disponibilizado por Minerva.
“O Violeiro”, Almeida Júnior (1899) “Moça com livro” – Almeida Júnior - entre 1850 e 1899

“Caipira Pitando”, de Almeida Júnior (1895) “Caipira picando fumo”, Almeida Júnior (1893)

“Cena da família de Adolfo Augusto Pinto” - Almeida Júnior (1891) “A Leitura”, Almeida Júnior (1892)

4 ARTES • FERNANDA PESSOA


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A MALDIÇÃO SOBRE CAM
E A SUA REDENÇÃO
O título do quadro remete ao mito bíblico da maldição lançada
por Noé sobre seu filho Cam (ou Cã). Diz a história que Noé dor-
miu embriagado de vinho. Cam, seu filho, expôs a nudez do pai
aos irmãos como zombaria. Ao acordar, o pai então amaldiçoou
Canaã, filho de Cam, a ser “servo dos servos”.

Há, inclusive, versões que descrevem Canaã e os descendentes


de Cam como negros.

O contexto de difusão do mito bíblico sobre a maldição de Noé é


o do início da chamada Era Moderna, quando a cristandade eu-
ropeia buscava formas de justificar a escravização de habitantes
do continente africano, sob o marco do cristianismo.

O mito é reinterpretado por Brocos que aponta, seguindo as


teorias da sua época, que a salvação – ou “redenção” – dos des-
cendentes de Cam se daria por meio da sua extinção, por efeito
“A Redenção de Cam” (1895) - Modesto Brocos do branqueamento.

“Uma das associações que aparecem com mais frequência na


imprensa do período, em textos escritos por intelectuais reno-
Em um verbete do livro Dicionário Crítico da Pintura no mados, como Olavo Bilac e Coelho Neto, entre outros, é justa-
Brasil (1988) dedicado ao quadro mente a da morte como redenção, para as pessoas negras. São
textos de muita violência, pois concebem que a extinção dessas
“A Redenção de Cam ”(1895), de Modesto Brocos, o jor-
pessoas – inclusive pela via do embranquecimento – é o caminho
nalista, crítico e professor José Roberto Teixeira disse que
para a emancipação”.
ela era “muitíssimo bem pintada”, mas indubitavelmente
também “uma das pinturas mais reacionárias e precon- “O quadro de Brocos, ao apelar para a
ceituosas da Escola Brasileira”. ideia de redenção, faz a mesma coisa.
É sem dúvida uma tela racista e con-
A crítica carregada sobre a tela do espanhol Modesto
cordo plenamente com os autores que
Brocos (1852-1936), radicado no Brasil por mais de 40
a definem como preconceituosa. Creio
anos, tem sua razão de existir.
que entender como a pintura mobiliza
A pintura foi feita pouco depois de declaradas a abolição suas ferramentas para reforçar esse
da escravidão e da instituição da República no país. No tipo de argumento é importante, pois ajuda a ver como outras
caminho para um suposto progresso, o Brasil adotava a imagens podem fazer uso próprio das mesmas ferramentas,
Europa branca como referência. Sua população, no entan- sinalizando caminhos de ruptura crítica frente ao racismo”.
to, pouco se assemelhava à europeia. Tatiana Lotierzo

O negro representava, aos olhos de boa parte da intelec-


tualidade, o passado e o atraso.

Surgiram, no século XIX, as chamadas teorias científicas Anote aqui


do branqueamento, propondo, como solução para o
problema, misturar a população negra com a branca, in-
cluindo os imigrantes europeus, geração por geração, até
mudar o perfil “racial” do país, de negro a branco.

O quadro “A Redenção de Cam”, reverenciado e premiado


em sua época, é considerado uma representação visual
dessa tese. Literalmente, no caso do médico e diretor do
Museu Nacional, João Batista de Lacerda (1846-1915). No
Congresso Universal das Raças, realizado em Londres, em
1911, a pintura ilustrou um artigo de sua autoria sobre
branqueamento. Ele assim descreveu a imagem: “O negro
passando a branco, na terceira geração, por efeito do
cruzamento de raças”.

FERNANDA PESSOA • ARTES 5


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