Encontro 13 E 14 - Trabalho E Consumo Na Sociedade Contemporânea

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ENCONTRO 13 E 14 - TRABALHO E CONSUMO NA SOCIEDADE

CONTEMPORÂNEA. PRÉ-IF.

A UBERIZAÇÃO DO TRABALHO
O capitalismo de plataforma e a precarização das relações de trabalho “Economia do
compartilhamento”, “economia da viração”, “economia dos bicos” e “consumo
colaborativo” são termos utilizados para designar um fenômeno que ficou 209
conhecido como “uberização”. Nessa modalidade de atividade econômica, as
empresas plataformas — a maior parte delas transnacionais, com suas matrizes
localizadas no Norte Global — exploram a mão de obra de um grupo de trabalhadores
precarizados, sem vínculos empregatícios e sem seguridade social, a partir da
mediação de aplicativos e sites de internet. Trata-se, portanto, de uma combinação
perversa da alta tecnologia dos aplicativos de smartphones com a superexploração de
uma classe trabalhadora que já não tem mais direitos sociais garantidos pelo Estado
— classe esta que chamaremos, provisoriamente, de precariado, infoproletariado ou
cybertariado. Essas empresas geram, de um lado, alguns poucos bons empregos para
os engenheiros, programadores e marqueteiros, dotados de alta qualificação
profissional. Por outro lado, no entanto, geram uma quantidade enorme de
subempregos para os trabalhadores com baixa qualificação. Em outras palavras, a
economia do compartilhamento é capaz de gerar, simultaneamente, intelectualização
do trabalho para uma minoria e precarização e informalidade do trabalho para uma
maioria. Todos nós desempenhamos três papéis nessa rede de relações: Somos (1)
consumidores, (2) trabalhadores e (3) cidadãos. A economia do compartilhamento é
ótima para nós enquanto consumidores (nós realmente pagamos menos e
economizamos nas viagens da Uber!), mas ela também pode ser péssima para nós
enquanto cidadãos e pior ainda para nós enquanto trabalhadores. Enquanto cidadãos,
porque essas empresas burlam leis trabalhistas e urbanas, estabelecem uma relação
parasita com as cidades e geram impactos graves sobre o funcionamento delas. No
caso da Uber, os motoristas do aplicativo, ao contrário dos taxistas, não passam por
inspeções nas prefeituras, a empresa não precisa pagar impostos pela oferta dos
serviços e simplesmente ignora uma série de normas de segurança. A Uber consegue
se livrar de regras que são impostas às empresas de transporte porque ela não se
considera como uma. Em vez disso, ela se considera como uma empresa de
tecnologia, que liga fornecedores de serviços (os motoristas) a consumidores de
serviços (os passageiros). A Uber recusa o status de empregadora de motoristas,
afirmando que os motoristas são, na verdade, microempreendedores, pessoas que
escolheram trabalhar de maneira independente. A empresa não paga impostos sobre
os ganhos obtidos em cada um dos países em que atua. A 210 sua parte no valor total
cobrado por corrida vai integralmente para as suas contas bancárias na Holanda. A
lógica desse tipo de empreendedorismo funciona como sustentação ideológica do
capitalismo de plataforma. De acordo com esta lógica, o trabalhador precarizado é, na
verdade, um pequeno empresário, um burguês-de-si, o seu próprio chefe.
Classificando seus funcionários como “autônomos”. Uma sociedade guiada apenas
por consumidores nos conduz a formas muito precárias de emprego e de cidadania. A
economia do compartilhamento é um modelo de negócios construído sobre brechas
regulatórias, sobre falhas nas leis. E quem realmente ganha com isso são apenas os
— já milionários — proprietários dessas plataformas. E, vale lembrar, a maioria deles
no Norte Global.
ATIVIDADE EM GRUPO
Trabalhe os conceitos correlatos ao tema:

Trabalho, Consumo e capitalismo. Fazendo a relação entre produção, trabalho


e consumo e, também, a relação entre capitalismo e divisão do trabalho,
consumismo na contemporaneidade, dentre outros aspectos que sejam
pertinentes à discussão proposta.

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