A Gigante (E Invisível) Uberização Do Cuidado
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TÍTULO ORIGINAL:
Plataformas de trabalho de cuidado: um olhar interseccional necessário
No Brasil ainda pouco se sabe sobre as vivências e os perfis das pessoas que
trabalham nas plataformas de cuidado. Pouco se sabe também sobre suas
condições de trabalho e sobre as formas de governança das empresas-plataforma.
Para o nosso argumento vamos citar algumas plataformas deste setor, que estão a
mais tempo nos mercados regionais e locais: por exemplo, a Home Angels, a Zelo, a
Hugs,a Befine e a Seu Cuidador. Entre aquelas que oferecem o trabalho de cuidado
com pessoas, e o cuidado com o espaço doméstico, temos a Mary Help, a Na
Vizinhança e a Maria Brasileira.
No que se refere aos ganhos das plataformas, além da cobrança de taxas nos preços
dos serviços prestados pelas/os trabalhadoras/es, da cobrança de mensalidades
das/os trabalhadoras/es, da venda de dados de consumidores e trabalhadores/as a
outras empresas4, elas também vendem às/aos trabalhadoras/es a possibilidade de
colocar seus perfis em destaque no site, dando-lhes maior visibilidade. É como se
trabalhadoras/es alugassem espaços para conteúdo patrocinado, como o esquema
da Google Ads. Entretanto, como numa empresa “tradicional”, são as plataformas de
trabalho que definem todas as regras da relação que estabelecem com as/os
trabalhadoras/es e entre estas/es e as/os clientes. Sobretudo, são elas que admitem
e demitem (desconectam) as/os trabalhadoras/es.
Apesar de muitos dos problemas tratados aqui não serem novos, eles se
intensificam com a entrada das plataformas de trabalho no cenário; e a ausência de
regulação do trabalho entre trabalhadoras/es e as empresas-plataforma
impossibilita a responsabilização jurídica destas. Entendemos que esse processo de
precarização laboral causado pelas plataformas de trabalho de cuidado só pode ser
superado a partir da aplicação de leis e políticas que regulamentem o emprego, o
trabalho doméstico, o de cuidado e, ao mesmo tempo, as empresas-plataforma de
uma forma geral. Nesse sentido, bastaria aplicar as legislações que já existem, a
exemplo da Constituição Federal, da Consolidação das Leis do Trabalho e da Lei
complementar 150/2015, que regulamentou os direitos das/os trabalhadoras/os
domésticas/os, estendendo esses direitos para as/os trabalhadoras/es em
plataformas digitais de trabalho.
________
1 Fonte <http://www.generonumero.media/pec-das-domesticas-7-anos-golpeada-
empregadores-economia-coronavirus/>
TAGS
CUIDADO, EMPRESAS-APLICATIVO, FACES DA PRECARIZAÇÃO, MULHERES NEGRAS, PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO,
TRABALHO, TRABALHO DOMÉSTICO, TRABALHO FEMININO, UBERIZAÇÃO
Maria Júlia Tavares Pereira: mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF);
Ana Claudia Moreira Cardoso: doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo - USP e Universidade de Paris 8 e
pós-doutora pelo Centre de Recherche Sociologique et Politique de Paris – CRESPPA. Atualmente é pesquisadora da
Universidade Federal de Juiz de Fora e do GT Trabalho Digital da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma
Trabalhista (REMIR).
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