Aula 03
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misteriosos. Assim, já no Século XIV são registradas inúmeras escolas islâmicas
abertas que difundiam as palavras atribuídas a Alá.
Da mesma maneira, como em textos sacros pertencentes a outras
religiões, muitos versos possuem significação que permite duplo entendimento;
a partir disso surgem grupos que passam a competir entre si pela aproximação
da verdade nas interpretações corânicas.
O Alcorão não menciona hierarquias entre os muçulmanos, porém, as
relações de poder na religião criaram várias interpretações que justificavam a
criação de líderes supremos em nome da religião. Mais adiante, com o advento
da modernidade surgem os grupos extremistas como resposta às inovações da
época.
Não se pode negar que as palavras reveladas no Alcorão delinearam as
trajetórias históricas de muitas civilizações. Na atualidade, continua com grande
importância na maneira de pensar dos povos, sendo as mensagens portadoras
de fé, esperança e amor; porém, é utilizado por alguns grupos para alcançar
objetivos específicos.
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elas a cobrança de impostos e um sistema fiscal que diferenciava árabes
muçulmanos de povos de outras crenças.
A decadência do califado ocorreu em decorrência da insuficiência de
órgãos que conseguissem organizar o império de modo a superar as diferenças
existentes. Mesmo com leis baseadas no Alcorão que colocassem em pé de
igualdade muçulmanos árabes e muçulmanos convertidos, na prática isso não
ocorria, levando à desestabilização do império.
As antigas tradições tribais ainda permaneciam fortes, e o governo era
baseado em muitos acordos políticos e, principalmente, econômicos. Dentre os
grupos opositores também se encontravam os abássidas, que conseguiram
reunir vários grupos descontentes para defender o direito do califado nas mãos
dos descendentes de Abas, tio do profeta Maomé.
Os partidários de Ali, os últimos dos rashidum, ainda não haviam se
conformado com o que eles denominavam de usurpação do poder. O
descontentamento passou a causar conflitos militares, e as duas tendências que
se formavam buscavam desestabilizar o governo para mudar o califa e conseguir
mais poder.
Em meio aos conflitos surge Abu Muslim, líder militar que conseguiu reunir
uma coalizão. Ele formou um grande exército e rumou para a capital do império
para destituir o califa e formar um novo governo. Saiu vitorioso em suas
campanhas até que, em 749 d.C., o último dos omíadas fugiu para o Egito e no
ano seguinte foi assassinado.
Entre 750 d.C. e 1258 d.C., o império foi governado pela dinastia dos
abássidas, descendentes diretos do profeta Maomé, sendo o primeiro desses
califas Abu Abas. Dentre as realizações, no califado de al-Mansur, que governou
de 754 d.C. a 775 d.C., a capital do império islâmico foi transferida para uma
nova cidade, construída especificamente para abrigar o governo: Bagdá, no atual
Iraque, região mais central, objetivando facilitar a governabilidade do império que
também abrangia as regiões do Extremo Oriente.
No governo dessa dinastia, as populações convertidas tiveram mais
participação nas atividades do império, com destaque para os povos persas e os
turcos, ocasionando em maior crescimento econômico, social e cultural do
islamismo.
Esse período foi considerado a era de ouro da cultura islâmica: seus
califas, além do poder militar, destacavam-se pela pompa e pela formação de
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uma corte para expressar seu poder. Estes passaram a investir mais ainda na
burocracia e na diplomacia, e dividiram o império em departamentos, como
órgãos públicos.
Mesmo tendo causado a unificação cultural no Oriente Médio islamizado,
divergências internas entre os governadores das províncias mais ricas como Irã,
Egito, Magreb, Palestina, Síria e penínsulas arábica e ibérica ocasionaram a
fragmentação do império e o aparecimento de vários califados independentes.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
HOURANI, A. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das
Letras, 1999.