Esperanca Sitoi Versao 1
Esperanca Sitoi Versao 1
Esperanca Sitoi Versao 1
Supervisor:
PhD. José Penane Chibomane
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro, por minha honra, que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal com
ajuda e orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.
Maputo,_____________de________________de___________
____________________________________________
(Esperança Palmira Sitoi)
7
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
9
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
As formas do trabalho têm passado por grandes mudanças no século XXI, no que diz respeito
à presença física do trabalhador. O uso de novas ferramentas das tecnologias da informação e
comunicação (TIC) e o avanço e aperfeiçoamento de novas tecnologias têm contribuído para
estas transformações. (ANDRADE et al., 2002).
O início do ano de 2020 foi marcado com a chegada do vírus denominado por COVID-19, a
doença provocada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, pode causar infecções respiratórias
graves como a pneumonia. Este vírus foi identificado pela primeira vez em humanos, no final
de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, tendo sido confirmados casos em
outros países. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
2
No caso do CEAD, antes da pandemia nunca tinha adoptado este regime de trabalho, durante
o ano de 2020 o CEAD optou pelo regime de rotatividade de funcionários. No entanto, com o
decreto presidencial e porque não era possível manter o distanciamento social durante as
actividades, o centro adoptou pela primeira vez pelo teletrabalho, em Junho de 2021.
Diante desta necessidade de não interromper as actividades nas organizações, aliado com a
experiência do trabalho remoto devido a pandemia do coronavírus, a questão de investigação
a que se pretende dar resposta é: “Qual é o impacto da implementação do teletrabalho nas
instituições públicas em Moçambique?”
1.3 Objectivos
Sendo a relevância pessoal o facto de a pesquisa ser um meio de adquirir mais conhecimentos
sobre o assunto que foi abordado durante às aulas no curso de Gestão de Empresas na
Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Pedagógica de Maputo.
Do ponto de vista académico, o estudo pode ser importante para professores e estudantes, bem
como outros com interesse no estudo sobre o teletrabalho.
Nesta secção é apresentada a base teórica que fundamenta o estudo e propicia a melhor
compreensão do tema.
Para Delgado (2019), o teletrabalho diz respeito à realização da actividade laboral à distância,
não presencial, descentralizado e por meio de um conjunto de serviços informatizados,
fornecidos através de uma rede de telecomunicações, com a virtualização e a intangibilidade
da matéria, ou seja, o trabalho passa a ser prestado de qualquer lugar.
Para Oliveira (2019), não se pode misturar o conceito do teletrabalho com o de home office,
pois o primeiro é exequível de qualquer lugar, já o segundo seria o local escolhido para o
colaborador desempenhar suas actividades mediante uso da telemática. O home office
caracteriza-se, como aquele a base das TIC’s, acrescentando para o regime de teletrabalho a
possibilidade de sua execução em locais distintos.
Para Brik & Brik (2013), o home office é o termo genérico usado para a definição do trabalho
remoto, que também pode ser nomeado como teletrabalho ou trabalho a distância, sendo que
alguns acertos de teletrabalho podem ser previamente definidos como o local de labor,
enquanto outros contratos permitem a flexibilidade total da localização do colaborador.
6
Para uma melhor compreensão do teletrabalho, importa fazer uma breve contextualização da
sua evolução histórica.
De acordo com Oliveira (2019), o trabalho tem passado por diversas mudanças com a
globalização, sofrendo constantes alterações na busca pela competitividade e sustentabilidade.
Muitas dessas modificações têm ocorrido por via do uso intensivo das TIC’s, que potenciam o
desenvolvimento de novas modalidades e formas de organização do trabalho.
Em 1969 surgiram os primeiros relatos sobre o trabalho remoto, a partir do sociólogo italiano
Domenico de Masi, o qual organizou um seminário sobre o teletrabalho, discutindo o tema
mesmo antes da popularização dos computadores pessoais e da internet. Para além disso, a
crise do petróleo na década de 1970 teve um importante papel no surgimento da ideia de
teletrabalho. Este período foi caracterizado por preços elevados dos combustíveis e
congestionamentos nas grandes cidades, que levou às primeiras ideias de incentivo ao
trabalho em casa ou em centros de teletrabalho. (BRIK & BRIK, 2013).
Segundo Caillier (2011), na literatura, por sua vez, o conceito surgiu com a teoria de Nilles,
definindo o teletrabalho como a forma de levar o trabalho até seus colaboradores. Embora o
teletrabalho seja correntemente considerado no começo na década de 1970, esta actividade
não se tornou comum até o começo dos anos de 1990, quando aumentou a quantidade de
teletrabalhadores.
O teletrabalho tornou-se uma tendência, sendo múltiplas as razões para a sua adopção em um
grande número de países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Um forte dinamismo foi
gerado nos últimos anos, orientado para este modelo de trabalho. Como confirmação deste
facto, observa-se a crescente implementação de programas de teletrabalho pelas empresas,
introduzindo práticas de flexibilidade em suas estruturas organizacionais. Esta nova
7
A legislação laboral ainda não estabeleceu o regime jurídico do teletrabalho, mas o Decreto n.
º 12/2020, de 02 de Abril, – aprovado e com entrada em vigor no mesmo dia da publicação
(02 de Abril de 2020) com vista a concretizar e operacionalizar medidas urgentes de
excepção, necessárias, adequadas e proporcionais à situação para prevenir a propagação da
pandemia da COVID – 19, salvaguardando a vida humana, a saúde pública e assegurando o
funcionamento dos serviços –, atribuiu a competência ao empregador para definir a
modalidade do trabalho em casa.
Tratando-se de uma relação jurídica de direito privado regida pelo princípio da autonomia
privada e da liberdade contratual, apesar de algumas limitações, o empregador e o trabalhador
podem acordar e fixar regras, preferencialmente por escrito, que informam o regime de
teletrabalho.
É importante que as normas erigidas em comum acordo, e que, entretanto, vão informar os
termos e condições da execução do teletrabalho, se conformem com os princípios gerais do
Direito do Trabalho, respeitem as normas imperativas da legislação laboral e, os direitos
indisponíveis do trabalhador e respectivas garantias.
torna-se primordial, visto que a delegação de tarefas e o poder de decisão são fundamentais
para o bom funcionamento de uma equipa à distância.
Vários autores abordam o teletrabalho como uma “solução” para combater o absentismo nas
organizações e o aumento de produtividade.
Paralelamente, têm surgido algumas desvantagens, com o aumento do nível de stress até que
as pessoas se sintam confortáveis com o processo, pois muitas vezes a automação do trabalho
não significa redução da carga de trabalho. (MELLO, 2000). Desde o início da sua existência,
o teletrabalho, apresenta inúmeros desafios e benefícios, tanto para as organizações,
colaboradores e para a sociedade.
Kurkland & Bailey (1999), acrescenta que além disso, vários artigos relatam que os
colaboradores em teletrabalho pedem menos dias de baixa por doença, têm maior satisfação
9
Fon
te: Elaboração própria (2022), a partir de Kurkland & Bailey (1999)
Fon
te: Elaboração própria (2022), a partir de Kurkland & Bailey (1999)
Por outro lado, Mello (2000) relaciona as principais vantagens, desvantagens e cuidados
necessários em relação ao teletrabalho, dando uma contribuição inestimável aos
teletrabalhadores e empresas interessadas em adoptar essa nova forma de organização do
trabalho, como se pode observar no quadro abaixo:
Pode-se verificar que, apesar das vantagens, a adopção do teletrabalho, como qualquer
mudança, gera novas necessidades, tanto para a empresa quanto para o trabalhador. A fim de
evitar maiores problemas, cuidados devem ser tomados.
Rabelo (2000), apresenta como desafios para o teletrabalho o modelo contractual, a cultura
organizacional e obstáculos pela falta de contacto presencial com o grupo de trabalho. Na
implementação do teletrabalho existe a possibilidade de um choque cultural ao alterar o local
habitual de trabalho para um ambiente isolado.
Filardi et al. (2020), destaca que no sector público, na óptica dos teletrabalhadores, as
dificuldades de implementação do teletrabalho estão em sanar problemas relacionados a
motivação, o receio de má avaliação, a mudanças na estrutura organizacional, a falha na
tecnologia, o custo de equipamentos e na montagem da estrutura em casa, no aumento do
custo com água e luz, a distracção com actividades domiciliares, a falta de infraestrutura e
13
Para Oliveira (2020), a adopção do teletrabalho é impulsionada por outros factores além da
tecnologia. o teletrabalho é baseado na sociedade e não na tecnologia. O autor argumenta que
a dinámica social, cultural e política não deve ser ignorada em qualquer inspecção do
teletrabalho. Desta forma, o teletrabalho está ligado em ajustar a sociedade para esta nova
realidade.
trabalho, a organização deverá adoptar uma postura de maior clareza sobre as metas e
exigências do programa gerando uma maior confiança entre os colaboradores e gestores em
relação ao teletrabalho. (HAU & TODESCAT, 2018).
Além disso, deverá enfocar o papel dos gestores e ajudá-los a desenvolver a sensibilidade
necessária às necessidades dos subordinados. Os gestores acostumados a supervisionar
funcionários de escritório podem precisar acreditar nos benefícios de estabelecer um
relacionamento de alta qualidade com funcionários que actuam em casa, com base no respeito
e confiança mútuos. (DEVRIES et al., 2018).
De acordo com Rabelo (2000), a condução desta forma flexível de trabalho dependerá do
estilo do gestor, alguns preferem o controlo mais directo, enquanto outros se sentem mais
confortáveis comunicando com menos frequência. A função do colaborador também
influencia na flexibilidade a ser adoptada por este gestor.
Neste sentido, faz se necessário a organização indicar um responsável pelo programa que
viabilize o planeamento, a coordenação e a execução das actividades. As unidades
supervisionadas reportam-se a este responsável que determina as directrizes, analisa
resultados, propõe alterações no modelo, prepara relatórios de resultados e o aceite de
recomendações. (ALVES, 2020).
Para Guerra et al. (2020), ao aperfeiçoar a competência dos gestores que lidam com as
equipas, viabiliza-se a superação de preconceitos e resistências, além de facilitar o processo
de direccionamento e alinhamento de estratégias, processos e comunicação, sempre apoiados
nas estruturas das TIC’s. Silva (2014), corrobora da ideia e afirma que a capacitação auxilia
na condução dos novos procedimentos de trabalho como distribuição de actividades,
comunicação e apresentação mensal de relatórios para a mensuração das atividades
executadas, facilitando e valorizando as entregas em detrimento do controlo de frequência.
15
Por fim, outra situação que permitiu a disseminação e o favorecimento do teletrabalho foi a
pandemia do Covid-19, demonstrando que é possível a sua implementação com custos
consideráveis e mantendo a força de trabalho. Não há dúvidas de que esta nova forma de
trabalho rompe com a forma clássica, remodelando as suas relações, permitindo a utilização
de tecnologias existentes para compreender os diversos mecanismos do processo de trabalho
sem envolver a própria existência do sujeito nesta relação. (MENDES et al., 2020).
Oliveira (2021), em seu estudo mostrou que os impactos para a gestão de uma instituição
pública com a implementação do teletrabalho são a mudança de cultura organizacional,
adaptação dos gestores e demais colaboradores, redução de custos para a administração
pública e qualidade de vida para os funcionários.
Filardi, Castro e Zanini (2020), indicaram em seu estudo a falta de comunicação, perda de
vínculo com a empresa, problemas psicológicos, infraestrutura e controle do teletrabalhador.
Em estudo desenvolvido por Peters et al. (2014), verificou-se que é necessário distinguir entre
as práticas oficialmente implementadas na organização e como os empregados as percebem.
A simples introdução de novas formas de trabalho pode não alcançar os resultados desejados
quando não considera uma cultura organizacional compatível que dê suporte a elas. Lewis
(2013) também apontou a importância de questões culturais para a funcionalidade e a
efectividade do teletrabalho, argumentando que na cultura francesa, por exemplo, em que as
interacções e comunicações cara a cara são muito valorizadas, o teletrabalho encontra mais
barreiras para se estabelecer.
O estudo de Pereira e Caetano (2009), sobre conflito trabalho e vida familiar, relata queixas
dos teletrabalhadores relacionadas com a conciliação trabalho-família, sendo desejável e
complicado por acometer uma distracção e invasão familiar em seu espaço laboral.
Com base nos estudos apontados, é possível depreender que o funcionamento e os impactos
do teletrabalho não são ponto pacífico e que variáveis organizacionais e pessoais podem
ajudar a compreender e discutir o fenómeno.
17
A presente pesquisa socorre-se do método indutivo. De acordo com Marconi & Lakatos,
(2003, p. 86), “a indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas”. Tendo em conta a índole do objecto de pesquisa, os recursos
disponíveis para o efeito e o nível de abrangência do estudo, recorreu-se ao método indutivo,
na medida em que por via de dados particulares ou proporções menores permite confirmar ou
negar hipóteses.
Quanto aos objectivos, a pesquisa é do tipo exploratória-descritiva. Para Cervo et al. (2007), a
pesquisa descritiva observa, regista, analisa e correlaciona factos ou fenómenos (variáveis)
sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que
um fenómeno ocorre, sua relação e conexão com os outros. Exploratório porque visa
proporcionar e desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um
18
Por usa vez, na concepção de Gil (2008), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou mais objectos de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento. Esta técnica foi usada para buscar dados sobre a empresa objecto de estudo”.
A técnica de recolha de dados para o estudo prático foram o inquérito por questionário e a
entrevista.
O questionário foi usado para obtenção de respostas parciais dos técnicos. Na visão de
Marconi e Lakatos (2003, p. 191), este é um “instrumento de colecta de dados constituído por
19
uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador.” Macaire (2020), em sua Dissertação para obtenção do Grau de Mestre de
Gestão de Empresas, utilizou o questionário para analisar o impacto do teletrabalho antes,
durante e pós COVID-19.
Por outro lado, na concepção de Gil (2002), entrevista “é um encontro entre duas pessoas, a
fim de que uma delas obter informações a respeito do assunto pesquisado, mediante uma
conversa de natureza profissional”. Severino (2013), corrobora e acrescenta que a entrevista
exige muitos cuidados do pesquisador, principalmente na sua condução, cautela na definição
da modalidade, da quantidade de entrevistados, da selecção de informantes e da negociação da
entrevista.
A entrevista é uma técnica eficaz para este tipo de pesquisa. Oliveira (2021), utilizou esta
técnica em sua pesquisa de Dissertação de Mestrado apresentado ao Instituto Superior de
Contabilidade e Administração do Porto para a obtenção do grau de Mestre em Assessoria de
Administração com o tema Impactos na implementação do teletrabalho: Estudo de caso no
Instituto Federal do Mato Grosso do Sul.
Masculino Feminino
DTM 3 6 9
DTPMI 2 4 6
Total 5 10 15
Fonte: Elaboração própria (2022), a partir dos dados da pesquisa
Após esta fase, seguiu-se o momento de mobilização dos participantes, solicitando a sua
participação na pesquisa, demonstrando claramente os objectivos da investigação. Nesta
perspectiva e, conforme referido anteriormente, é observado o anonimato de todos os
intervenientes.
21
Este capítulo foi reservado á apresentação do local de estudo, bem como a análise e
interpretação de dados.
Breve historial
A Universidade Pedagógica (UP) é uma instituição pública de ensino superior, sem fins
lucrativos que só oferecia cursos presenciais desde a sua criação em 1986 até 1999, isto é,
operava em single mode. Em 2000 e 2003 introduziu o Ensino a Distância (EaD) para a
formação de professores de Francês e de Inglês respectivamente, passando a funcionar como
uma instituição do tipo dual. A sua missão estatutária inclui a formação superior de
professores e quadros da educação a todos os níveis do Sistema Nacional de Educa<cão, a
investigação e a extensão.
O CEAD é uma unidade orgânica na estrutura da UPM, equiparada á uma Faculdade, com
alguma autonomia administrativa e financeira de modo a flexibilizar o seu funcionamento.
O perfil dos participantes desta pesquisa foi avaliado na vertente genéro, idade e habilitações
literárias.
22
Gênero
10
9
9
8
7 Masculino
6
6 Feminino
5
4
3
2
1
0
Do estudo elaborado, concluiu-se que 60% dos clientes entrevistados são do sexo femenino e
40% são sexo masculino. O CEAD é composto na sua maioria por mulheres, demonstrando
deste modo a desigualidade do gênero.
Faixa etária
9
8
8
7
7
6
5
4
3
2
1
0 0 0
0
18 a 25 25 a 35 36 - 50 51-55 mais de 55
jovens. Contudo, a instituição não possui funcionários com idade nas restantes faixas etárias
supracitadas. A instituição possui funcionários na faixa etária jovem e adulta.
Habilitações literárias
45%
40% 40%
40%
35%
30%
25%
20%
20%
15%
10%
5%
0%
0%
Ensino Básico Ensino Médio Ensino Técnico Ensino Superior
Profissional
F
onte: Elaboração própria (2022), a partir dos dados da pesquisa
Do estudo elaborado verificou-se que: 40% dos entrevistados possuem ensino superior
completo, 20% possuem nível técnico – profissional, e 40% dos participantes o ensino médio
e nenhum possui o nível . Com esses resultados pode-se afirmar que CEAD possui
funcionários com competências mínimas para exercer qualquer tipo de função.
Neste ponto o trabalho procura discutir, a forma como os supervisores e técnicos perceberam
da implementação do teletrabalho no CEAD durante o período em estudo.
Dentre outros aspectos procurou-se saber do nível de satisfação para com o teletrabalho, das
orientações dadas pelos supervisores e da relação entre os demais técnicos.
20%
20% 60%
No que diz respeito á satisfação dos funcionários em relação ao trabalho, 60% dos inquiridos
afirmou estar muito satisfeito, 20% afirmou que está satisfeito e restante 20% estava pouco
satisfeito. Os resultados indicam que a implementação do teletrabalho no CEAD gerou
satisfação nos funcionários.
resultados revelam que os supervisores orientaram bem aos demais funcionários durante o
teletrabalho.
No tocante a interacção entre colegas, a tabela 3 abaixo, mostra que 6 dos participantes
apontaram para excelente, 5 para boa, 2 para razoável e 2 não responderam. No geral, a
interacção entre colegas foi de bom agrado na percepção dos participantes.
Um dos benefícios do teletrabalho foi mencionado pelo supervisor n.°1, conforme relato:
“Especificamente no período de pandemia, o teletrabalho permitiu a continuidade das
actividades, isso é um primeiro ponto, então esse foi um benefício que o CEAD conseguiu
minimamente manter algumas actividades, mesmo diante de alguns percalços... então eu vejo
como principal benefício essa continuidade das actividades.”
Ainda destacado o momento vivido pala pandemia o supervisor n.°3 relatou: “Primeiramente
não exposição, possibilitou o andamento das actividades do Centro e consequentemente dos
cidadãos, sem colocar em perigo ou pelo menos diminuir a exposição dos funcionários aos
patógenos, mas é ao vírus em questão, que era a doença da Covid-19”. Para resguardar a
saúde dos teletrabalhadores o Técnico n.°10 relata que o teletrabalho: “Preserva a nossa
saúde, quando não se permite a aglomeração, não se transita, então o trabalhador fica na sua
residência e de lá ele executa suas tarefas, é nesse sentido.”
26
Outro benefício relatado pelo supervisor n.°2 é que o trabalho a distância beneficiou o
controlo das actividades por parte dos supervisores: “O maior benefício do trabalho remoto,
talvez seja o controlo, o controlo de algumas tarefas que são exactamente remotas, ficaram
mais fáceis, mais organizadas, mais intuitivas e é interessante isso, algumas tarefas precisa do
contacto, mas outras são mais interessantes.” Para o Supervisor n.°3 esta facilidade do
controlo das actividades decorre também da diminuição de problemas com a equipe, de ter
uma equipe mais satisfeita, satisfação de estar com os filhos é um benefício, como relata:
“para os supervisores, seja a questão de ter uma equipe um pouco mais satisfeita, assim como
o trabalho em equipe que consegue atender as demandas de maneira mais pacífica, sem ter
pressão, às vezes muitos funcionários tinham problemas com os filhos, com quem deixar os
filhos, então eu acho que é uma questão de satisfação pessoal da equipe que facilita muito”.
O Supervisor n.°2 também destacou que o controlo de frequência, de entrada e saída, não é
um bom sistema de gestão por resultados, pois o ambiente de trabalho pode ser mais propício
a ruídos e distrações. Portanto o teletrabalho pode melhorar a produtividade e os ganhos para
a instituição. O Técnico nº 9 relatou que “o sistema de controlo de frequência muitas vezes
não funciona como um bom resultado, quando registram a entrada e a saída e o ambiente não
é propicio com ruídos e distrações, não conseguindo assim render igual a outro ambiente com
mais tranquilidade e menos ruidoso, assim funcionário se organizava de forma mais propicia e
melhorar sua produtiva, refletindo em ganhos para a instituição”.
27
Um dos motivos que tem leva a estimulação a adopção do teletrabalho são os resultados
favoráveis alcançados com a redução de custos,
Além disso, destacaram que os recursos economizados podem ser utilizados em outras acções
pela instituição o Supervisor n.°1 relatou que: “são muitos, o de energia elétrica, água e
também equipamentos. (...) menos depreciação de equipamentos pesados, como
arcondicionado que não se usa tanto, além de economizar energia, talvez não tenha o mesmo
desgaste de ar condicionado, então assim eu acho que tem ganhos em custeio muito grandes, o
custeio como um todo na instituição vai reduzir e vai gerar benefícios para aplicação desses
recursos de outra forma, então talvez até mesmo a melhorar o próprio ambiente, comprando
computadores melhores, ou então, então assim é uma economia que vai vir desses itens.”
A redução de utilização de ambientes físicos foi retratada pelo técnico n. º5 da seguinte forma:
“Se falando de um Centro associado a uma unidade universitária haja vista sempre a rotina
constante de estudantes, de funcionários, de docentes, de visitas, então muitas vezes é preciso
estar a alocar ambientes que não se tem.
Deste modo, os resultados indicam que os custos da instituição que foram ser reduzidos com a
implementação do teletrabalho e que foram mencionados pelos três Supervisores e doze
Técnicos são apresentados na tabela 4, a seguir.
O aumento do tempo com os membros da família foi abordado pelo Técnico n.°3 como
benefício para os teletrabalhadores: “aumentou a presença em casa com a família eu vi que foi
algo positivo”, para o Técnico n.°7 “a aproximação da família e isso tem a ver com qualidade
de vida”. Corrobora com esta ideia de benefícios trabalhofamília o Técnico n.°16: “O
teletrabalho não só dentro do CEAD, mas em qualquer lugar, ele dá uma maior
disponibilidade para o funcionário, porque estando em casa o funcionário conseguiu,
principalmente as mulheres, além de fazer o trabalho, elas conseguem muitas vezes também
atender os filhos.”
Em se tratando de benefícios para sociedade o Supervisor n.°1 relata: “A redução dos custos
de consumo, não é a redução da máquina administrativa, digamos assim já terá um impacto de
sustentabilidade natural, essa questão dos funcionários estar em casa e reduzir o número de
trabalhadores na rua, em transporte público ou privado, a emissão de gases poluentes é
reduzido”. Corrobora deste entendimento o Supervisor n.°3: “há um menor deslocamento,
uma economia de combustível, economia de tempo, ou seja um menor gasto calórico”,
29
Para o supervisor n.°1: “um problema que teve foi o excesso de reuniões, antigamente o que
se resolvia num curto tempo, durante a pandemia resolveu-se através de reuniões, isso, eu
acho que sobrecarregou a todos os funcionários, tanto da supervisão quanto dos técnicos em
geral.”.
Abordando sobre conectividade e concentração o Supervisor n.°3 relata: “as dificuldades foi a
conectividade, a acessibilidade especialmente no início, houve funcionários que tiveram
dificuldade com sinal de internet, e foi necessária uma curva de aprendizagem bastante
elevada, assim de três a quatro meses.”
30
Outra dificuldade identificada foi a ergonomia deficitária mencionada pelo Técnico n.°9:
“essa questão do ambiente, eu tive uma cadeira desconfortável e gerava um problema de
coluna”.
Entre as mulheres que tem filhos a grande maioria reconheceu a dificuldade de conciliação do
trabalho com a família, com exceção das mães de filhos maiores, que já tem sua
independência. Em se tratando de filhos menores que demandam atenção do responsável, ao
abordar o assunto a Técnica n.°5 relatou: “... quando eu estou no Centro, não. Quando eu
estou em casa sim, porque eu sou a mãe, eu sou esposa..., mesmo que eu vá para o meu canto
de trabalho, eles escutam um barulho e que ir lá.”
Para além disso, a Técnica n.°3 mencionou: “O teletrabalho, principalmente no início, ele foi
bem difícil, ...porque inicialmente meu marido veio trabalhar em casa..., então era todo mundo
em casa e o meu filho, no caso, era o tempo inteiro a pedir atenção foi difícil conciliar a casa,
o serviço doméstico e o serviço do CEAD. Então nós demoramos muito tempo para nos
organizar também, assim eu acho que foi com os demais colegas também, um tempo para se
organizar.” Outra Técnica, citou que dificuldade de “concentração, gerestão do lar, da parte
profissional foi impactante no começo, porque nos primeiros três meses, nós ficamos bem
confinados mesmo, aí depois melhorou a abertura, então essa reorganização do trabalho foi
interessante”.
Entre os homens percebeu-se que alguns dos entrevistados alegaram não ter passado por
dificuldades na conciliação trabalho e família, no entanto quando considera-se os que são
pais, percebe-se que alguns dos Técnicos tiveram dificuldades nesta conciliação, relatando um
dos entrevistados. Nas palavras do Técnico n.°4 “... tive alguns pontos de tensão, com relação
até a logística de ambientes, para que eu pudesse seguir de uma forma pacífica uma reunião...
a parte externa muitas vezes atrapalhou em
casa, eu também tenho essa questão dos cães, de vez em quando não se tem controlo dessas
variáveis...”. Outro Técnico (entrevistado n.°5) mencionou: “...eu tenho dificuldade de
trabalhar em casa por causa das crianças, e as demandas que tem lá, então para render mesmo
o trabalho é no Centro”.
cultura do que é primeiro, antes tinha um trabalho remoto e depois teve teletrabalho, que são
acções distintas, então não se pode imaginar que qualquer funcionário vai ficar em casa a
trabalhar, então essa cultura teve que ser bem sedimentada”.
V CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 Conclusões
O estudo mostra ainda, na visão dos supervisores e demais técnicos, as dificuldades e desafios
com a implementação do teletrabalho para os colaboradores, apontando: cuidar das tarefas de
casa e dos filhos; aumento de custos de manutenção e de aquisição de equipamentos; falta de
compreensão dos familiares residentes na casa do funcionário; ausência de um espaço
34
Diante destes benefícios e dificuldades, observou-se que os ganhos para o CEAD foram muito
superiores aos desafios durante o teletrabalho. Conclui-se que os impactos para o CEAD com
a implementação do teletrabalho foram a mudança de cultura organizacional, adaptação dos
supervisores e dos demais técnicos, redução de custos para a administração pública e
qualidade de vida para os funcionários. Com estes resultados, responde-se a questão levantada
no problema: “Qual é o impacto da implementação do teletrabalho nas instituições públicas
em Moçambique? Assim sendo, valida-se a H 1, segundo a qual: A implementação do
teletrabalho teve impacto positivo no CEAD no período de 2020 a 2021.
Contudo, o trabalho não esgotou todas as possibilidades de pesquisa, devendo ser lido e
compreendido tendo em conta as suas limitações: Tempo da pesquisa e extensão do próprio
trabalho.
5.2 Sugestões
Diante dos resultados e conclusões apresentados, sugere-se ao CEAD, para as próximas vezes
fazer um planeamento da implementação do teletrabalho; Indicar um responsável para
comandar e monitorar a implementação do teletrabalho; e procurar aumentar e/ou melhorar os
recursos computacionais existentes.
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TEXEIRA, Sebastião. Gestão das Organizações. 3 ͣ Ed. Lisboa: Escolar Editor, 2013.
1. Género?
Masculino ( ) Feminino ( )
2. Idade?
18-25 ) 25-35 ( ) 36-50 ( ) 51-55 ( ) mais de 55 ( )
3. Habilitações literárias?
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7. Teve dificuldades em concilhiar diferentes meios de comunicação?
Sim ( ) Não ( ) Não respondo ( )
8. Como classifica a orientação que recebeu do supervisor durante o teletrabalho?
Péssima ( ) Má ( ) Razoável ( ) Boa ( ) Excelente ( ) Não respondo ( )
9. Como classifica a interacção com os colegas durante o teletrabalho?
Péssima ( ) Má ( ) Razoável ( ) Boa ( ) Excelente ( ) Não respondo ( )
10. Na sua Opinião o teletrabalho trouxe algum benefício individual?
Sim ( ) Não ( ) Não respondo ( )
10.1. Se sim,
indique_____________________________________________________________________
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11. Encontrou alguma dificuldade durante a realização do teletrabalho?
Sim ( ) Não ( ) Não respondo ( )
11.1 Se sim,
indique_____________________________________________________________________
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Apêndice C: Guião de entrevistas
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10. Quais as possíveis desvantagens para os supervisores e demais técnicos do CEAD com a
implementação definitiva do teletrabalho?
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13. Como o CEAD estabeleceu um ambiente de feedback e comunicação junto aos demais
técnicos?
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ANEXOS
Anexo-I: Credencial para recolha de dados