Caderno - Patologia Cirúrgica Especial

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Patologia Cirúrgica Especial

03/08/2023 – 1a Aula
 Doença Periodontal: Inflamação e destruição dos tecidos de proteção (gengiva) e suporte
(osso, cemento e ligamento periodontal) dos dentes. Atinge cerca de 90% da população
humana.
o Fatores predisponentes: Imunossupressão  Leucemia felina (FeLV), Imunodeficiência felina
(FIV) e Calicivírus felino. Diabetes (excesso de glicose na saliva, funciona como uma gasolina
para as bactérias da cavidade oral) e idade. Genética  Certas raças de cães (principalmente
os pequenos, pois tem menos espaço na cavidade oral e os dentes ficam mais aglomerados),
Dentes decíduos persistentes (extrair).

o Fases da doença periodontal


o Fase 1 – Biofilme (Placa dental): Trata-se de uma placa que se inicia o crescimento após
6horas da escovação dos dentes. Uma placa formada por bactérias, glicoproteínas e
polissacarídeos.
o Fase 2 – Cálculo dental e halitose: Biofilme calcificado pelo cálcio presente na saliva,
formando assim o tártaro. O tártaro se expande para os sulcos gengivais e começa a
degeneração do ligamento periodontal.
o Fase 3 – Perda dental:

o Sinais clínicos de animais com doenças periodontais: Halitose (bafo), Desconforto oral
(animal deixa de comer como comia ou então apresenta comportamentos de levar a pata em
direção a boca no intuito de se livrar de um incomodo), Recusa a se alimentar (por dor),
Disfagia, Salivação excessiva (sialorreia, Importante tomar cuidado com raiva), Perda de dentes.
Fístula na região das bochechas, embaixo do olho, na face. Secreção nasal (geralmente
unilateral, podendo ser bilateral em casos graves).

o Correto diagnóstico: Deve ser feito com o animal anestesiado, o plano cirúrgico e o
prognostico deve ser feito observando dente a dente.
o Diagnóstico: Não pode ser feito apenas visual, deve-se utilizar de instrumentos, como a sonda
periodontal milimetrada. Deve-se observar com a sonda milimetrada o sulco e a bolsa
periodontal, a mobilidade e a exposição de furca, também avaliação visual de gengivite e
quantidade de placa.
o Tratamento periodontal: Visa eliminar a causa principal da doença periodontal (a placa
bacteriana). O tratamento consiste na raspagem do cálculo dental, do radicular (cemento) e
polimento. E quando houver necessidade realizar extração dentaria, cirurgia periodontal e
antibioticoterapia prolongada.

09/08/2023 – 2a Aula
 Tratamento periodontal: Raspagem do cálculo dental. Ultrassom e CIA. Instrumentos manuais
como curetas de Gracey e Cureta McCall.
o Raspagem (curetagem) radicular: Raspagem supra-gengival e sub-gengival.
o Polimento: Superfície dos dentes ficam irregular após a raspagem  Facilita a retenção de
placa bacteriana. O polimento torna a superfície dos dentes lisa e remove manchas ou resíduos
de placa. Utiliza-se pasta de polimento moderadamente abrasiva + flúor gel. Pasta de dente
enzimática + pedra pomes dental.
o Adicional: Água ozonizada. Capacidade oxidativa  Biocida.
o Tratamento periodontal:
 Antibióticos: Metronidazol + espiramicina (Stomorgyl). Amoxicilina + Clavulanato. Clindamicina
(não pode utilizar em animais com insuficiência renal). Ampicilina. Em casos mais graves utilizar
metronidazol + ampicilina IV (Metronidazol IV não pode extravasar, deve ser administrado lendo
para não causar flebite). Começar 3 dias antes do procedimento e continuar até completar 7
dias.
 Antisséptico: Clorexidina e o antisséptico mais utilizado e eficaz, age por 12 horas.
 Aines: Meloxican, Firocoxib.
 Analgésicos: Tramadol, Buprenorfina e Dipirona.

o Prevenção: A melhor profilaxia da doença periodontal é a escovação diária. Utilizar escova de


dente, dedeira ou gaze (cuidado com fiapos).
 Alimento: Algas (Ascophyllum nodosum)
 Água: Xilitol (gosto de menta).
 Importante saber fazer: Odontogramas de cada espécie.

 Afecções cirúrgicas do aparelho digestivo de pequenos animais – Cavidade Oral


o Papilomatose: Neoplasia benigna, no entanto estão relacionados a etiologia de certos tipos de
carcinomas de células escamosas na espécie canina. Causado por papilomavírus espécie-
específico. Ligado a imunidade do animal, observar doenças concomitantes. Aspecto bem
definido, séssil com aspecto de couve-flor, coloração branco/rosa. As lesões podem ser
cutâneas ou envolver a mucosa do epitélio escamoso da orofaringe, esôfago ou do trato genital.
 Papilomatose oral canina: Considerada a forma mais comum. Causa lesões em consequência
de infecção pelo papilomavírus oral canino (COPV).
 Forma cutânea: De ocorrência esporádica, é desencadeada pelo papilomavírus canino tipo 1
(CPV-1). O vírus do tipo oral e cutâneo são vírus diferentes.
 Transmissão: Contato direto ou indireto com secreções ou sangue provenientes dos papilomas.
Cuidado com transmissão iatrogênica com fômites contaminados (mesa e instrumentais
veterinários). É uma doença altamente contagiosa que pode disseminar para todos os cães de
um mesmo canil. Saliva e espirro não passam, tem que ser material proveniente do papiloma.
 Autolimitante: Normalmente as lesões regridem em 3 meses, mas podem persistir por até 2
anos. No entanto é fundamental tratar pois é uma doença de progressão rápida e possivelmente
vai prejudicar a alimentação do animal, podendo ainda causar infecções secundárias.
 Sinais clínicos: Dor intensa, sialorreia, saliva sanguinolenta, disfagia.
 Pode haver: Infecção bacteriana secundária devido ao traumatismo gerado pelos dentes.
Debilidade extrema por anorexia prolongada. Angústia respiratória em consequência de tumores
múltiplos obstruindo as vias aéreas (raro).
 Diagnóstico: Epidemiologia e na morfologia bem característica dos tumores. Biópsia.
Hemograma, Função hepática e renal. Pedir exames para investigar a imunossupressão, como
Leish (cães), fiv e felv (gatos), brucelose e babesiose (bovinos).
 Tratamento: Não é indicado em situações em que houver pequena quantidade de papilomas no
animal, devido ao caráter autolimitante da doença e os animais se tornarem imunes diante de
uma reinfecção, no entanto é fundamental tratar as doenças concomitantes. Monitorar o
paciente para que seja possível avaliar a evolução do quadro.
 Indicações para tratamentos: Tumores persistentes, que não estão se resolvendo
sozinhos e estão progredindo. Lesões grandes em tamanho ou número. Obstrução da faringe,
problemas na alimentação do animal e/ou por razões estéticas.
 Terapia ideal é incerta: Remoção cirúrgica, eletrocauterização, criocirurgia, auto vacinas,
vacina autógena, imunoestimulantes, homeopatia, quimioterápicos.

 Remoção cirúrgica: Retirar os papilomas que mais atrapalham o animal, no entanto cada
papiloma retirado virará uma úlcera. Ideal utilizar bisturi elétrico. Portanto a cirurgia é eficaz, mas
não é possível em caso de nódulos muito grandes ou muito numerosos, devido as úlceras que
se formam.
 Eletrocauterização: Cauterizar o centro dos papilomas que estão atrapalhando com a ponta do
bisturi elétrico. Em + ou – um mês os nódulos caem após a cauterização.
 Criocirurgia (crioterapia/crionecrose): Utilizar nos papilomas que mais atrapalham o animal,
mesma recomendação da remoção cirúrgica.
 Auto vacinas (auto-hemoterapia): Muito utilizada em grandes animais (papilomatose bovina).
Retirar 5ml de sangue do animal e posteriormente aplicar por via IM.
 Coleta do sangue pela veia jugular e aplicar na base dos papilomas e áreas circundantes,
com um volume variável de acordo com o tamanho dos papilomas, a cada 4 dias. Não utilizar
jamais em pacientes autoimunes.
 Imunoestimulantes: Existem vacinas imunomoduladoras que podem ser utilizadas como
auxiliares. Exemplo: Infervac – 1ml para cães até 10kg, acima deste peso, 2ml (está saindo de
linha). Via IM ou IV. Uma vez por semana até a regressão completa das lesões.
 Vacinas: Existem vacinas prontas no mercado para papilomatose, como Verrutrat (que pode ser
utilizado para bovinos, cães [1ml SC] e gatos [1ml SC, mas CUIDADO para não fazer em áreas
predispostas a desenvolvimento de sarcoma]) e Verruclin.
 Homeopatia: Alguns estudos demonstram a eficácia na utilização como tratamento principal ou
auxiliar – usar o bom senso, não tratar apenas com Homeopatia. Thuya occidentalis CH12 – 2ml
VO, BID por 15 dias.
 Quimioterapia: Não há muitos relatos de sucesso, pode ser administrado sistêmico e
intralesional. Maioria dos relatos que observaram pouco efeito foram os que utilizaram vincristina
intralesional.

o Pré e Pós-operatório
 Antisséptico: Clorexidina.
 Antibiótico: Metronidazol + espiramicina (Stomorgyl). Amoxicilina + Clavulanato. Clindamicina.
Ampicilina. Começar 3 dias antes do procedimento e continuar até completar 7 dias.
 Aines: Meloxican.
 Analgésicos: Dipirona. Em casos graves: Tramadol, morfina, fentanil.

10/08/2023 – 3a Aula
 Fraturas de mandíbula: Comuns em pequenos animais.0000,2
o Causas: Traumas (atropelamento); Briga entre animais; Consequente a perda dos dentes;
Doença periodontal severa; Osteoporose;
o Fratura de sínfise mandibular: Dor, disfagia, alteração de comportamento (estresse, animal
arisco), mobilidade na região de sínfise.
o Diagnóstico: Exame físico e radiografia.
o Soluções: Cerclagem interdental com fio de aço em formato de 8 (infinito). Outra possibilidade é
colocar fio Interdentário, entrando pela gengiva, passando a agulha e fazendo a cerclagem.
Importante fazer torção firme do fio para estabilizar a sínfise, e colocar algo para proteger a
ponta evitando incômodos e feridas, como uma esplintagem com resina acrílica
autopolimerizável - JET. A agulha (40x12) deve ser colocada entre o lábio e a mandíbula,
imediatamente atrás dos caninos.

31/08/2023 – Xa Aula
 Afecções cirúrgicas do aparelho digestivo de pequenos animais – INTESTINO
o Intussuscepção intestinal: É a invaginação de um segmento intestinal (intussuscepto) para
dentro do lúmen de um segmento adjacente (intussuscepiente). Podem ocorrer em qualquer
porção intestinal (ileocólicas e jejunojejunal são mais comuns). Direção pode ser de proximal a
distal e vice-versa. Parecem ser mais comuns em animais jovens (75% com menos de um ano
de idade) e é mais recorrente em casos de parasitismo ou enterite (parvovirose). Deve-se
suspeitar de espessamento ou massas em cães adultos.
 Causas: Enterite (que pode ser causada por parasitismo, infecção bacteriana ou viral,
indiscrição dietética ou alteração [só comia ração e comeu churrasco], corpos estranhos
[principalmente linear], massas), Portanto qualquer coisa que irrite o intestino, leva ao aumento
do peristaltismo e predispõe a ocorrência de intussuscepção. Doenças sistêmicas também
podem causar. Na maioria das vezes detectamos o quadro de intussuscepção pelo exame de
imagem, mas não descobrimos a causa primária. Por fim são relatadas também após a
alteração do ambiente (estresse – aumenta motilidade e causa o quadro) e cirurgia (alteração de
motilidade intestinal, mas da maneira inversa ao estresse, a anestesia da cirurgia diminui o
peristaltismo e isso faz com que demore alguns dias para voltar ao peristaltismo normal, nesse
período ocorrem contrações de forma errada [como um motor querendo voltar a funcionar] e
elas causam intussuscepção, portanto ficar de olho em animais que saem da cirurgia e ficam
mais de 2 dias sem defecar, será que precisa passar um laxante? Supositório? Se nada
funcionar faz ultrassom e palpa para averiguar).
 Exame físico: No exame físico do animal com intussuscepção, dependendo do tamanho do
intestino que está envolvendo o outro, é possível palpar a alça intestinal alongada e engrossada
(massa em forma de salsicha, de consistência firme).
 Diagnóstico por imagem – Radiografia: Observa-se obstrução parcial (que podem não ser
percebidas se houver pouco gás acumulado). Massa tubular de tecido mole. Ou ainda uma
“mola em espiral” com defeitos de enchimento na radiografia contrastada.
 Diagnóstico por imagem – Ultrassom: Melhor método diagnóstico. No plano transversal
observa-se lesão como alvo (igual alvo de dardo) de múltipla camada (hiperecóica concêntrica e
anéis hipoecóico). Acúmulo de líquido proximal associado. Motilidade intestinal diminuída. No
plano longitudinal as camadas com linhas hiperecóicas e hipoecóicas alternantes.
 Alterações laboratoriais: Podem incluir  Desidratação, leucograma de estresse, anemia,
anormalidades ácido-base, hipoalbuminemia na intussuscepção crônica (por causa da perda de
proteínas da mucosa congestionada). Coproparasitologico (pode revelar infestações
parasitárias).
 Diagnóstico diferencial: Inclui todas as causas de obstrução intestinal.
 Tratamento: Em casos raros se corrigem espontaneamente, no entanto apenas se fizer no
máximo 2 dias que o quadro aconteceu (mas podem formar aderências no intussuscepto). A
maioria das intussuscepções requer redução cirúrgica e procedimentos auxiliares para evitar a
recidiva (enteroenteropexia). Corrigir os desequilíbrios de fluidos e eletrólitos e tentar determinar
qual foi a causa da intussuscepção.
 Cirurgia: Posicionar o animal em decúbito dorsal. Realizar tricotomia em todo abdome e tórax
caudal. Celiotomia na linha média ventral. Explorar o abdome e isolar o intestino envolvido com
almofadas de laparotomia (para caso haja rupturas, prevenir que contamine a cavidade. Lembrar
de sempre manter o órgão úmido). Reduzir intussuscepções manualmente, se possível,
aplicando suavemente tração no colo da intussuscepção enquanto ordenha seu ápice (bordo de
ataque) dos intussuscepiente (lembrar que é EXTREMAMENTE frágil, e é necessário ter muita
delicadeza). A redução manual só é bem-sucedida se a fibrina não formou aderências serosas
firmes. Avaliar o intestino reduzido em relação a viabilidade e perfuração. Apalpar
cuidadosamente a ponta da intussuscepção para detectar lesões de massa.
 Fazer ressecção e anastomose se: For detectada uma massa; A redução manual for
impossível; O tecido estiver desvitalizado; Os vasos mesentéricos forem avulsionados da porção
do intestino envolvido.
 Considere a realização de uma enteroenteropexia para ajudar a prevenir a recorrência. Se
não realizada, a recidiva pode ser esperada em aproximadamente um terço dos animais
acometidos.
 Enteroenteropexia: Suturas que incluam submucosa, muscular e serosa (não
contaminante, não chega na luz do órgão), com 6 a 10cm de distância entre si. Fio absorvível ou
não absorvível de monofilamento 3-0 ou 4-0.
 Avaliação e cuidados pós-operatórios: Será de acordo com a condição do paciente e de
doenças concomitantes. Correção de desequilíbrios hídrico, eletrolítico e ácido-básico.
Analgésico (buscopan, dipirona, tramadol), (dipirona e meloxican pode segurar bem a dor).
Terapia antimicrobiana – o tempo depende, depende também se houve peritonite associada
(pois aí é um caso grave e vai ser necessário fazer associação antibiótica), depende se houve
contaminação abdominal e se o animal está ou não gravemente debilitado. Monitorar a recidiva
e a peritonite).
 Antibioticoterapia para o tratamento da peritonite pós-operatória: Cefazolina IV,
cefmetazol iv, cefoxitina iv, enrofloxacina iv (administrar diluído em fluidos lentamente por
30min), ampicilina iv, im, sc; amicacina iv, clindamicina PO, IV; ácido clavulânico com ticarcilina
iv.
06/09/2023 – Xa Aula
 Megacólon: Aumento do diâmetro do intestino grosso persistente. Há hipomotilidade associada
a constipação intestinal grave. É mais comum em gatos, mas pode acometer todos que
possuem intestino.
o Causas: Pode ser congênito ou adquirido. Adquirido secundariamente a inércia ou secundaria a
obstrução da saída colônica (Distenção prolongada, trauma neurológico, doença metabólica,
hipotireoidismo, estenose ou neoplasia do intestino grosso, atresia ou estenose anal, massas
extraluminais compressivas, corpos estranhos, dieta inadequada ou idiopático).
o Histórico: Os animais afetados são apresentados para avaliação da constipação ou obstipação.
Podem estar deprimidos e anoréxicos e apresentarem tenesmo, fraqueza, letargia, vomito e
perda de peso. Os sinais clínicos são muitas vezes graves e crônicos, porque muitos clientes
dão pouca atenção aos hábitos de eliminação (fezes e urina) de seu animal de estimação.
o Exame físico: Palpação abdominal (cólon distendido). Exame retal (fezes duras no trecho
pélvico).
o Diagnóstico por imagem – Radiografia abdominal: É possível observar o cólon impactado
distendido com material fecal. O alargamento do diâmetro do cólon mais de 1,5 vez o
comprimento do corpo da sétima vértebra lombar é considerado megacólon. As radiografias
devem ser obtidas para descartar doenças obstrutivas (não uniões de fratura pélvica, trauma ou
deformidades sacrocaudal da coluna e intramural ou paredes do cólon ou lesões obstrutivas
retoanais).
o Alterações laboratoriais: Alteração inespecíficas do hemograma completo e do perfil
bioquímico podem ser evidentes. O exame histológico de cólon removido da maioria dos gatos
com megacólon idiopático geralmente revela células da parede do cólon normais.
o Conduta médica: Após o desenvolvimento do megacólon é difícil de se tratar a constipação,
mesmo assim o tratamento médico deve ser tentado antes da colectomia. O cólon deve ser
evacuado com  Emolientes fecais (soluções de vaselina e água ou supositórios), enemas
(mais indicado em casos de fecaloma, pois é o melhor), evacuação digital (mas é complicado
pois caso as fezes estejam duras, pode machucar o reto, por isso deve-se usar anestesia geral
e antibioticoterapia para proteger contra a absorção sistêmica de bactérias e toxinas). Controlar
a constipação (com dietas ricas em fibras, laxantes [lactulose, sorvete, leite), enemas e drogas
pró-cinéticas [cisaprida]).
o Colectomia: Se a obstipação recidivante demandar extração fecal frequente, pode ser indicada
a cirurgia. Nem todos os animais se adaptam com a colectomia, gatos toleram melhor do que
cães. Deve-se alertar os tutores que, após colectomia, provavelmente o animal irá defecar
frequentemente e apresentar fezes pastosas (pq retirou o colon, porção responsável pela
reabsorção de água). Casos graves e tratamentos sem eficácia  Eutanásia.
o Conduta pré-operatória: A preparação intestinal pré-operatória usando múltiplos enemas para
evacuar o cólon é ineficaz e desnecessária (pois se não deu certo usa-los até o momento,
utilizar antes da cirurgia só vai deteriorar mais o tecido). Antibióticos profiláticos eficazes devem
ser administrados contra bactérias aeróbicas e anaeróbicas do cólon.
 Técnica cirúrgica: É a mesma técnica da ressecção e anastomose do intestino delgado, com
exceção de ligadura vascular. Fazer dupla ligadura de todos os vasos da vasa recta para o
segmento doente, mas não ligar os grandes vasos cólicos paralelos a borda mesentérica do
intestino.
 Avaliação e cuidados pós-operatórios: Manter hidratação com infusão intravenosa de um a
três dias após a cirurgia. Analgesia conforme necessário. Os antibióticos profiláticos devem ser
continuados se ocorrer contaminação abdominal macroscópica ou se o animal estiver
extremamente debilitado. Monitorar sinais de extravasamento anastomótico ou sinais de
peritonite. Alimentação após 24h. Manter os animais com uma dieta de baixo volume e de teor
calórico durante 10 a 14 dias.

 Corpo estranho intestinal: São objetos ingeridos que podem causar obstrução intraluminal.
Mais comuns são  Brinquedos, ossos, bolas, pedras, sabugo de milho, tecidos, objetos de
metal (anzóis, agulhas), caroços de pêssego, hairballs (bola de pelo) e objetos lineares. Alguns
corpos estranhos continuam a se mover lentamente através do intestino, enquanto outros se
alojam em um segmento intestinal (portanto a maioria dos corpos estranhos saem com o tempo,
o ideal é acompanhar com radiografia e pedir para o tutor observar as fezes e procurar o objeto
que se suspeita que foi comido).
o Obstrução: Pode ser parcial ou completa.
 Parcial: Permite a passagem limitada de fluido ou de gás.
 Completa: Não permite que o líquido ou o gás avance além da obstrução. É mais grave.
o Eventos patofisiológicos associados a obstrução: Distenção de gás e fluido (fezes); Perda
de fluido e eletrólitos; Peristaltismo diminuído; Aumento do número de bactérias; Vômitos e
eructação (animal arrota peido, arrota gazes intestinais); Secreções digestivas (aumento da
secreção de parede do intestino); Diminuição da absorção de parede do intestino; Refluxo de
fluidos e eletrólitos para absorver mucosa; Ar engolido e produção de gás); Necrose pela
pressão no local da obstrução; Congestão venosa, edema, eventual quebra de barreira mucosa;
Flatulência ou diarreia após o local da obstrução.
o Corpo estranho linear: Pode se alojar na base da língua ou piloro, e o restante avança para o
intestino  Como as ondas peristálticas tentam avançar o objeto, o intestino se agrupa em torno
dele deixando um aspecto de sanfona.
o Histórico: Sinais clínicos dependem da localização, integridade, duração da obstrução, e da
integridade vascular do segmento envolvido. Sinais comuns  Vomito e anorexia agudas
(vomita coco). Outros sinais  Depressão, diarreia e dor abdominal. A defecação pode estar
ausente ou com frequência diminuída e as fezes ocasionalmente estão sanguinolentas.
o Exame físico: Distensão abdominal, diarreia, dor abdominal, postura anormal e/ou choque.
 Grandes obstruções: Observa-se quadros de desidratação grave.
 Pequenas obstruções: Tendem a ser magros (usa-se o termo “a vaca comeu plástico”, que é
quando o animal se alimenta de algo que causa uma obstrução parcial, e com o tempo
começam a surgir sinais de emagrecimento). Corpos estranhos lineares as vezes podem ser
visualizados em torno da base da língua (sedar/anestesiar), importante não tentar puxa-los.
 Diagnóstico por imagem – Radiografia: Corpo estranho radiopaco observado com mais
facilidade, radiotransparente são vistos as vezes com gás cranialmente a obstrução. Corpos
estranhos lineares  Podem fazer os intestinos parecerem agrupados ou pregueados juntos
com pequenas bolhas de gás no lúmen (forma de virgula) e sem voltas intestinais distendidas
por gás (plicatura). Contraste pode delinear o corpo estranho, revelar defeitos de enchimento do
lúmen ou demonstrar o tempo de trânsito atrasado ou deslocamento de alças intestinais.
 Diagnóstico por imagem – Ultrassonografia: Pode identificar objetos estranhos que não
podem ser vistos radiograficamente, especialmente aqueles com uma margem hiperecoica com
ou sem acúmulo de líquido. Visualização pode ser dificultada e se houver muito gás
intraintestinal. Permite avaliar a motilidade.
 Pré-operatório: As radiografias e ultrassonografias devem sempre ser repetidas logo antes da
cirurgia, mesmo que outras radiografias prévias tenham sido feitas algumas horas antes, porque
o corpo estranho pode ter se movido para o cólon ou ter sido eliminado nas fezes.
o Alterações laboratoriais: Hipoalbuminemia pode ocorrer devido a perdas gastrointestinais;
Leucocitose com desvio à esquerda ou leucopenia acompanhada por efusão abdominal séptica
indicam isquemia ou perfuração intestinal com peritonite. Alteração ácido-básica.
o Conduta médica: Alguns corpos estranhos passam através do intestino sem requerer
tratamento – monitorar radiograficamente. Bolas de pelos em gatos são tratadas através da
administração de laxantes a base de vaselina e dieta comercial para tratar bolas de pelo.
Cirurgia – Caso o corpo estranho não se mova ou animal esteja com dor/debilitado/febre/vômito
(enterotomia, enterectomia, anastomose).
o Conduta pré-operatória: Corrigir deficiências de fluidos, eletrólitos e ácido-base.
Antibioticoterapia profilática.
o Avaliação e cuidados pós-operatórios: Correção de fluidos, eletrólitos e déficits de ácido
base. Analgésicos necessário para controlar a dor. Analgésicos necessário para controlar a dor.
Antibioticoterapia prolongada caso haja peritonite ou contaminação abdominal grosseira. Se não
ocorrer vômito (água 8 a 12 horas após a cirurgia e alimento 12 a 24 horas após a cirurgia).
Monitorar sinais de vazamento e peritonite.
05/10/2023 – Xa Aula – NP2
 Hérnia diafragmática
o Numa hérnia diafragmática, o primeiro órgão a ser herniado é o fígado.
o Sinais clínicos mais comuns: Sistema respiratório (dispneia e intolerância ao exercício);
Gastrointestinal (anorexia, vomito, diarreia, perda de peso e dor após ingestão de comida);
Também podem ser inespecíficos (depressão). Muitos animais com hernias crônicas não estão
dispneicos no momento do diagnóstico. O animal também pode ter sinais relacionados ao
choque cardiogênico por tamponamento cardíaco. Mucosas cianóticas, posição ortopneica
(membros torácicos e pescoço esticados), respirando pela boca. Volume abdominal diminuído.
Auscultação (coração hipofonese [sons baixos], sons pulmonares deslocados, borborigmos).
Percussão (macicez e hiperresonância).
o Diagnóstico por imagem – radiografia: Presença de vísceras abdominais no tórax.
Deslocamento dos órgãos torácicos e/ou abdominais. Perda parcial ou completa do contorno da
superfície diafragmática torácica. Assimetria ou alteração da inclinação do diafragma na
projeção lateral. Presença de fluido pleural.
o Alterações laboratoriais: Se o fígado tiver herniado, pode ter alterações de enzimas hepáticas.
o Conduta médica: Fornecer oxigênio (máscara, insuflação nasal ou uma câmara de
oxigenação). Posicionar o animal em decúbito esternal com os membros torácicos elevados.
Efusão pleural grave ou moderada (toracocentese). Choque?
o Tratamento – Não cirúrgico: Caso já faça muito tempo que o animal tenha a hérnia, e o
paciente esteja estabilizado, não deve submete-lo a cirurgia.
o Tratamento – Cirúrgico: Não adiar desnecessariamente a cirurgia em animais em condições
estáveis (urgência). Tempo x Aderências (até 1 semana realiza cirurgia na hora). Preparar-se
para a possibilidade da realização de ressecção de um órgão (ex: lobectomia parcial, ressecção
intestinal e anastomose).
 Conduta pré-operatória: Antibióticos profiláticos em animais com herniação hepática (toxinas
em casos de estrangulamento hepático ou comprometimento vascular). Eletrocardiograma
(ECG) deve ser realizado em todos os pacientes antes da cirurgia (para verificar se o paciente
não está em choque, pois se estiver é fundamental tratar antes da cirurgia). Avaliar pressão
arterial.
 Técnica cirúrgica: Todo abdome e metade a dois terços caudais da cavidade torácica devem
ser preparados para cirurgia asséptica. Posicionar o animal em decúbito dorsal. Fazer uma
incisão na linha média abdominal ventral. Reposicionar os órgãos abdominais na cavidade
abdominal. Se houver aderências dissecar cuidadosamente. Operar o quanto antes para evitar
ter que lidar com aderências. Debridar a borda do defeito antes de fechar (se a hérnia for
crônica). Realizar herniorrafia com padrão de sutura continua simples para promover
homeostasia e coaptar melhor os bordos, facilitando na hora de reestabelecer a pressão
negativa da cavidade torácica (fio absorvível ou inabsorvível 2-0 ou 0 [sempre preferir pelo fio
absorvível para não cutucar depois o animal e causar aderência entre órgãos. Mas pode-se
utilizar o inabsorvível caso o animal tenha hipoproteinemia ou inflamação crônica que demande
muita proteína para sinal inflamatório]). Reestabelecer a pressão negativa intratorácica (inflar o
AMBU no último ponto do diafragma).
 Cuidado pós-operatório imediato: Reestabelecer a pressão negativa intratorácica (para retirar
o restinho de ar que ficou após essa técnica de inflar o AMBU, pois não pode ter nada de ar).
Toracocentese no 8° ou 9° EIC, Direito ou esquerdo, inserir cateter + seringa + válvula de 3 vias.
 Avaliação e cuidados pós-operatórios: Monitorar a ventilação (se hipoventilação, fornecer
oxigênio). Se estiver hiperventilando, fornecer oxigênio e ver se volta ao normal, se não voltar
suspeitar de algo ruim (ou o ponto rompeu, ou não suturou direito ou está com edema pulmonar
por reexpansão [EPR- aparenta estar morrendo afogado]). Boa analgesia com opioides.
o Prognóstico: Se o animal sobreviver ao período pós-operatório inicial (12 a 24 horas), o
prognóstico é excelente. Mas antes disso o prognóstico é ruim.
25/10/2023 – Xa Aula – NP2
 Patologias osteoarticulares
o Displasia coxofemoral: Anormalidade do quadril que promova instabilidade. Acetábulo, cabeça
e colo do fêmur. É multifatorial podendo estar ligada a fatores hereditários, ambientais,
crescimento acelerado. Pode acometer cães jovens e idosos, sendo raro em gatos.
o Sinais clínicos: Dificuldade em levantar-se após períodos de descanso. Intolerância a
exercícios. Claudicação intermitente ou contínua. Atrofia de musculatura pélvica. Marcha
cambaleante.
o Exame físico nos pacientes jovens: Dor durante a extensão. Rotação externa e abdução da
articulação do quadril. Musculatura pélvica mal desenvolvida. Avaliação sob anestesia geral
demonstra o aumento da lassidão das articulações do quadril.
o Importante: Muitos cães jovens melhoram espontaneamente com o aumento da idade após
tratamento conservador. Isso se deve a eliminação da subluxação pela formação do tecido
cicatricial ao redor da articulação.
o Exame físico nos pacientes idosos: Observado dor durante a extensão da articulação do
quadril, redução da amplitude de movimento e atrofia da musculatura pélvica. Não há lassidão
articular detectável devido a resposta fibrosa proliferativa, mas uma crepitação pode ser
detectada durante a manipulação articular.
o Diagnóstico por imagem: Um diagnóstico correto de displasia coxofemoral como a cauda de
problemas clínicos é realizado com base na idade, raça, histórico, achados físicos e alterações
radiográficas. É importante observar que os sinais clínicos nem sempre estão correlacionados
aos achados radiográficos. Radiografia ventrodorsal com normas do colégio brasileiro de
radiologia veterinária.
o Alterações laboratoriais: Não são observadas anormalidade laboratoriais consistentes.
Citologia do fluido articular pode indicar osteoartrite.
o Conduta médica: O tratamento depende dos seguintes pontos  Da idade do paciente; Do
grau de desconforto; Dos achados físicos e radiográficos; Das expectativas e condição
financeira do cliente.
o Conduta médica: Existem opções conservadoras e cirúrgicas. A cirurgia é indicada: Para
pacientes idosos quando o tratamento conservador não é eficaz. Para pacientes jovens quando
se deseja um desempenho atlético ou o dono deseja reduzir a velocidade da progressão da
DAD e aumentar a probabilidade de uma boa função do membro em longo prazo.
o Tratamento conservador: Restringir movimentação excessiva. Fisioterapia. Acupuntura. Anti-
inflamatórios (meloxican, carprofeno, firocoxibe). Controlar o peso do animal – muito importante.
Suplementação com ômega 3, condroitina e glucosamina.
o Tratamento cirúrgico – Sinfisiodese púbica juvenil:
o Tratamento cirúrgico – Osteotomia pélvica tripla:
o Tratamento cirúrgico – Substituição total do quadril (STQ): Consiste em remover a
articulação e substituí-la por uma prótese. É realizada o mais tardiamente possível, quando o
tratamento clínico da osteoartrite do quadril não pode mais manter a função do membro e a
qualidade de vida do paciente.
 Modelos de implante para STQ: Cimentados e não cimentados.
 Modelos cimentados: O cimento (PMMA) serve como uma argamassa entre o implante e
o osso. Devem ser tomados cuidados com assepsia na preparação do cimento. As próteses
normalmente ficam frouxas com o passar do tempo devido a sobrecarga de exercício e peso do
animal.
 Modelos não cimentados: São estabilizados por diferentes tipos – encaixa de
pressão/invaginação. Ou aparafusado/invaginação. Ou parafusos monocorticais. O modelo é
escolhido com base na preferência e na experiencia do cirurgião. Em ambos os casos, a
estabilização em longo prazo é atingida pelo crescimento ósseo dentro do implante ou ao redor
dos parafusos. Cuidados com o acetábulo e o canal femoral que precisam ser preparados
corretamente para que não haja migração da prótese antes do crescimento ósseo.
 Pacientes idosos: Recebem implantes cimentados com maior frequencia, pois sua
expectativa de vida é menor do que o tempo de vida útil do implante. Sua carga de exercício é
menor comparada ao animal jovem. Podem apresentar taxas mais baixas de crescimento ósseo.
Possuem maior risco de fratura com os implantes.
 Pacientes jovens: Recebem implantes não cimentados com maior frequência, pois seu
maior metabolismo ósseo pode resultar em um crescimento ósseo interno, mas rápido e seguro.
Possui maior expectativa de vida e altos níveis de atividade, que podem levar a lassidão
asséptica das STQs cimentadas.
o Tratamento cirúrgico: A ostectomia da cabeça e do colo do fêmur (OCF) ou colocefalectomia é
a excisão da cabeça e do colo do fêmur. Esta técnica limita o contato ósseo entre a cabeça do
fêmur e o acetábulo, permitindo a formação de uma pseudoarticulação fibrosa. Utilizar esta
técnica quando houve insucesso do tratamento conservador ou quando restrições financeiras e
clínicas excluírem métodos alternativos de intervenção cirúrgica. Pacientes de pequeno porte
costumam ter resultados mais satisfatórios.
26/10/2023 – Xa Aula – NP2
 Afecções cirúrgicas de coluna vertebral em pequenos animais.
o Trauma da medula espinhal: O trauma espinhal leva a lesões como fratura, luxações ou
concussão. As vezes a fratura é menos prejudicial do que as outras, pois pode não envolver o
canal medular, diferente das outras que envolvem. As lesões são divididas em primária e
secundária. A lesão primaria ocorre imediatamente após o impacto, enquanto a lesão
secundária descreve os seguintes processos bioquímicos que potenciam ainda mais danos à
medula da coluna vertebral.
 Fratura/luxação da coluna:
 Fratura/luxação patológica: Podem ocorrer com menor trauma, em alguns casos, devido a
ossos enfraquecidos.
 Área mais comuns de fratura/luxação: A vértebra C2 e a articulação C1-C2 são as mais
comuns devido a forças opostas que se aplicam e devido a concentrações de tensões.
 Predisposição: Embora a maioria das lesões na medula espinhal ocorra em animais mais
jovens (< 5 anos devido a serem mais ativos e mais espoletas, mais associados a
atropelamentos), nenhuma idade, raça, sexo ou predileção por trauma da coluna vertebral tem
sido observado.
 Anamnese: Sempre perguntar sobre histórico de trauma (atropelamento, quedas, brigas). A
maioria dos pacientes se apresentará ao hospital logo após o trauma, com um breve histórico de
dor e níveis variáveis de déficits proprioceptivos e motores.
 Exame físico: Podem ser observados sinais de choque devido ao trauma medular. Suspeita de
trauma na coluna o animal deve ficar estabilizado o mais imóvel possível. Realizar o exame
neurológico completo e de forma rápida. A palpação suave da coluna pode ajudar a localizar a
região da lesão (é importante para saber as consequências da lesão, se afeta só membros
pélvicos ou torácicos).
 Diagnóstico por imagem: Importante obtenção de imagens de toda a coluna vertebral (fraturas
múltiplas ou luxações podem estar presentes). A tomografia é mais confiável. Para avaliar
fraturas e luxações uma radiografia simples serve, mas para avaliar medula uma mielografia
pode ser realizada em conjunto com a radiografia ou tomografia (contrastada).
 Alterações laboratoriais: pode ocorrer leucograma de estresse. Mas nada além disso que
contribua para o diagnóstico.
 Conduta médica: Se houver choque entrar com o tratamento. Imobilizar a coluna. Restringir os
movimentos do paciente. Utilizar analgésicos de acordo com a escala de dor. Uso de anti-
inflamatório (não pode haver edema muito grande pois pode comprimir a coluna e piorar o caso).
O tratamento vai variar com o grau de lesão. Tentar tratamento conservador antes do cirúrgico
(em casos não graves) – usar do bom senso.
 Tratamento cirúrgico: É feito por um Neurologista veterinário e não Ortopedista. O tratamento
tem 2 objetivos, estabilização e descompressão. O objetivo mais urgente é o de proporcionar a
estabilização. A técnica cirúrgica utilizada depende de diversos fatores – local do ferimento, tipo
e a forma da lesão, se a descompressão é necessária ou não, e a experiencia/preferência do
cirurgião. São utilizados para a estabilização da lesão: pinos, placas, parafusos e PMMA
(polimetilmetacrilato).
 Prognóstico: Para os pacientes tratados cirurgicamente, é altamente dependente do pré-
operatório e pós-operatório adequado, além do modo específico de tratamento cirúrgico
aplicado. Portanto o prognostico é muito reservado, depende muito da contribuição do tutor, pois
o animal passa a depender dele para fazer todas suas necessidades.

 Afecções cirúrgicas oftalmológicas


o Prolapso da glândula da terceira pálpebra: É causada por defeitos nos anexos entre a
glândula da terceira pálpebra e periórbita. É errado dizer que a 3° pálpebra está prolapsada,
pois quem está prolapsada é a glândula da terceira pálpebra.
o Introdução: Mais frequente em cães do que gatos. Raças mais observadas são os
braquicefálicos e gatos da raça birmanês. A maioria é primeiramente afetada nas idades mais
jovens (geralmente menos de 1 ano de idade). Pode ser uni (mais frequente) ou bilateral.
o Sinais clínicos: Óbvia massa avermelhada protundindo-se de trás da terceira pálpebra, próximo
ao canto medial. Conjuntivite, que deve ser tratada juntamente com a glândula. Epífora (olhos
lacrimejando) e irritação local.
o Diagnóstico por imagem: Não há necessidade de exames de imagem para se diagnosticar
essa condição.
o Alterações laboratoriais: A citologia da glândula prolapsada pode revelar inflamação. Mas não
é necessário outros exames.
o Conduta médica: Tentar diminuir a inflamação (edema) para permitir que a glândula volte a sua
posição e tamanho normais (normalmente não da certo, sendo necessário cirurgia). É
importante não demorar pra resolver pois a glândula tende a fibrosar. Pode-se utilizar
colírios/pomadas oftálmicas com antibióticos e corticosteroides – usar em casos leves e
precoces sem ulceração da córnea.
 Tratamento clínico: Neomicina + dexametasona (Decadron); Ciprofloxacino + dexametasona
(Maxiflox-D); Tobramicina + dexametasona (Tobradex). Instilar 1 ou 2 gotas no saco conjuntival
a cada 4 a 6 horas. A frequência deve ser gradativamente diminuída com a melhoria dos
sintomas (que deve ocorrer no máximo em 10 dias, se não acontecer  CIRURGIA). Jamais
utilizar anti-inflamatórios em casos de úlceras de córnea.
o Tratamento cirúrgico: Pode ser feito o reposicionamento (mais recomendado) ou a remoção da
glândula prolapsada. Reduz a incidência de ceratoconjuntivite seca (CCS) mais tardiamente
durante a vida.
 Cirurgia: Fazer incisões paralelas de 1cm de comprimento através da conjuntiva bulbar,
ventrais e dorsais, a margem livre da glândula. Dissecar levemente a conjuntiva para facilitar a
sutura. Retornar a glândula para a posição normal pela justaposição das incisões. Suturar com
padrão simples contínuo, fio 6-0 absorvível de poliglactina 910.
 Avaliação e cuidados pós-operatórios: Uso de colírio/pomada antibiótica por 14 dias
(Regencel ou Epitezan) – Para aplicar a pomada o tutor deve lavar bem as mãos, colocar 1cm
de pomada no dedo indicador, abaixar o saco conjuntival e colocar a pomada dentro, colocar a
pomada no centro ou no canto contrário a cirurgia e dar uma leve massageada. Colírio de
tobramicina é uma outra alternativa mas não se compara as anteriores pois elas auxiliam na
cicatrização e possuem ainda vitamina A. Colírio AINE por 5 dias (Still – diclofenaco sódico).
Usar colar elizabetano pois incomoda e o animal tende a coçar. Observar se há mobilidade ou
distorção da membrana nictitante e a recorrência.
 Prognóstico: É bom se a saliência é aguda e suave. Ceratoconjuntivite seca é muito mais
provável se a glândula for parcialmente removida ou se o prolapso já ocorra há algum tempo –
tratar. Se o olho ficar mais seco usar colírio lubrificante.

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