TCC Etica - Crista PDF
TCC Etica - Crista PDF
TCC Etica - Crista PDF
Por:
Professor:
CURITIBA
2013
1
ÉTICA CRISTÃ: OS VALORES CRISTÃOS E A CIDADANIA.
RESUMO.
PALAVRAS CHAVES
SUMMARY.
This article, first describe on some moves 20 century who were importante in the
reflection of ethical values for man and society. Also, the field of ethical in the sense of
moral choices man-made practices differentiating thse choices in view of ethics anda
the sócia sciences. Another issue described here in this article is about the ethical
Decalogue, where Jesus in his sermon on the mount shows it as being the maximum. In
this article still discusses ethics in the reformed vision. Being the man impossible to
please God, this irresistible grace will ever need of the Lord themselves. This is the
basis of ethics reform. Finally, the last subject covered here in this article is about the
1
Mestrando em Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná. Pós Graduado em
Aconselhamento Bíblico pela Southeastern e Faculdade Teológica Batista em Campinas. Licenciado em
Sociologia pela Faculdade São Marcos SP. Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São
Paulo e Cesumar. Professor na Faculdade Teológica Batista de Campinas. Assistente de Coordenação dos
cursos de Pós Graduação na Faculdade Teológica Batista de Campinas.
2
answer that the man should give to the activities and actions of God. Gardner in his
book: biblical faith and Social Ethics, develops three important activities of God, which
man has the duty to respond to each one of them.
KEY WORDS.
Christian Ethics; The Field of Christian Ethics; Ethics and The Tem
Commandments; Reformed Ethics; Response to the Activity of God.
3
Uma das grandes revoluções na história do pensamento ético cristão vai ser a
convicção de que o Evangelho é uma fonte de transformação do mundo, não só com
vistas futuras, mas também no presente, mediante a nossa participação na ação
transformadora contínua de Deus. Surge assim o Movimento do Evangelho Social.
2
KEELING, Michael. Fundamentos da Ética Cristã. São Paulo. Ed. Aste. 2002, p.11.
3
Ibid.
4
Ibid, p.12.
3
das empresas industriais e do próprio estado5. Essas entidades coletivas tinham
potencial para promover tanto o Reino do Mal quanto o Rei de Deus.
Outro nome que surge deste movimento é o de Reinhold Niebuhr. Em seu livro
O Homem Moral e Sociedade Imoral, de 1932, ele concorda com o argumento de Marx
e Engels que diz que o problema da sociedade são os conflitos de interesse entre grupos
sociais, e não tanto o comportamento moral dos indivíduos. Niebuhr ainda afirma que as
relações entre grupos não são determinadas pela mesma moral que determina as
relações entre pessoas individuais. Pelo fato de que as relações pessoas são situadas no
plano do amor. Já as relações entre grupos situam-se no plano da justiça. Ele explica
isto da seguinte forma: “A base do amor é a auto-doação sacrificial, enquanto justiça é
distribuição do poder”. Ele ainda afirma que a ideia de que o amor pode estruturar as
relações da sociedade não passa de ilusão.
5
Ibid, p.12.
6
Ibd, p.14.
7
Ibid, p.15.
4
esfera social, Niebuhr cria uma separação entre Deus e a história que é inaceitável para
a fé cristã.
Em 1939, nas Conferencias Gifford, Niebuhr procura dar uma versão entre o
amor absoluto de Deus e a realidade da história. Para ele, o amor é o cumprimento e a
negação de todas as realizações de justiça na história. Ele nos apresenta o amor como
tendo duas facetas: “o amor recíproco” que consiste em atender ao próximo dentre das
possibilidades da história, e o “amor sacrificial”, que é o amor de Jesus na cruz. Ele
ocorre na história, mas se situa na perspectiva final do Reino de Deus. O amor recíproco
é sempre uma oportunidade para inserir o amor sacrificial na história; e a força que
permite viver destemidamente o amor recíproco nas contingencias da história provém
sempre do amor sacrificial de Jesus. Keelin faz uma observação importante aqui, onde
afirma que essas duas facetas do amor podem desencontrar-se; por exemplo, no que
concerne à religião e à política, sabe-se que a primeira enfatiza normalmente o “amor
sacrificial”, enquanto a esfera politica contenta-se quando muito com o “amor
recíproco”8.
Na Europa o cenário vai ser um pouco diferente. Se nos EUA os teólogos fazem
suas reflexões num clima relativamente descontraído, os seus colegas europeus são
obrigados a trabalhar em meio a conflitos brutais.
Karl Barth marca com seu pensamento sobre a teologia protestante liberal. Para
ele tal teologia estava a serviço dos interesses propagandistas das duas partes opostas na
guerra de 1914-1918, e dos perpetradores das barbaridades daquele conflito. Desta
constatação de Barth é que surge o que se pode considerar o mais robusto protesto
teológico do século 209. “O Evangelho não é uma mensagem religiosa sobre a
divindade da humanidade, nem sobre como essa humanidade pode tornar-se divina. O
Evangelho é a proclamação de um Deus absolutamente distinto do ser humano” (1933,
28 – citação do livro Fundamentos da Ética Cristã).
8
Ibid,15.
9
Ibid,16.
5
Fundamentos da Ética Cristã). Assim, pode ser afirmar que a ética cristã nunca pode ser
reduzida a um preceituário. “A Sagrada Escritura recusa-se a ser transformada em
código de regras; e é errado usá-la como tal” (1960, 85 – citação do livro Fundamentos
da Ética Cristã). Quando seres humanos ousarem fazer exigências éticas uns aos outros,
devem fazê-lo com humidade e sempre tendo em conta a liberdade do outro e sobretudo
a liberdade de Deus10.
Bonhoeffer, no ano novo de 1943 escreve uma analise sobre o impacto que os
acontecimentos dos últimos dez anos tiveram em sua vida. “Será que nossa força
interior permanecerá suficientemente forte, e nossa honestidade suficientemente livre de
remorso para podermos reencontrar o caminho da simplicidade e da retidão?” (1971, 17
– citação do livro Fundamentos da Ética Cristã). A questão levantada aqui por
Bonhoeffer visa uma reflexão sobre a obediência à vontade de Deus. No seu livro O
Preço do Discipulado (1937), ele aborda com veemência essa questão. “Só quem
abandona tudo para seguir a Cristo é que pode dizer ter sido justificado pela graça”
(1959, 43 – citação do livro Fundamentos da Ética Cristã). Em suas reflexões encontra-
se uma frase muito interessante: “o sofrimento pessoal é um caminho mais promissor e
mais seguro para se penetrar no mundo do pensamento e da ação, do que as condições
de uma vida confortável” (1971, 17 – citação do livro Fundamentos da Ética Cristã).
Emil Brunner aparece como outro nome neste cenário da ética cristã no século
20. No seu livro Imperativo divino, publicado pela primeira vez em 1932, ele tenta
resolver a tensão entre a situação presente do mundo e as exigências do evangelho
estabelecendo duas categorias de imperativos morais11. Uma consiste dos mandamentos
que derivam da natureza humana inerente à criação. É as instituições básicas e práticas
como a família, o governo, a indústria, a igreja. A outra tem a forma de mandamento
específico que é dirigida ao individuo situado na encruzilhada de uma decisão vital12.
Brunner apresenta o desafio sobre a decisão da salvação do individuo. Diz ele: “É
10
Ibid,17.
11
Ibid, p.21.
12
Ibid, p.21.
6
exatamente nessa linha divisória entre o passado e o futuro que se encontra o momento
presente, o momento da decisão” (1937, 122 – citação do livro Fundamentos da Ética
Cristã). Tal decisão é essencialmente propulsionada pelo fato que a experiência do
passado e a esperança do futuro convergente no momento presente.
A ética judaica sempre entendeu que o mundo, desde a sua criação por Deus,
contém uma estrutura moral fundamental. Quando Brunner, à semelhança de Lutero,
argumenta que certas instituições são necessárias para o bom funcionamento da vida
coletiva, sua lista dessas instituições é visivelmente condicionada culturalmente.
13
Ibid, p.22.
14
Ibid, p.23.
7
do futuro15. “A cruz desafia o cristão a entrar esperançosamente no âmago do drama
humano atual”. O que se pode concluir sobre o trabalho de Moltmann de reconstruir
uma teologia da sua Europa é a falta de um enraizamento histórico explícito e uma
análise em profundidade de um contexto mais concreto.
15
Ibid, p.24.
16
Ibid, p.25.
17
Ibid, p.25.
8
diz que ela não passa de uma “espiral da violência”. Segundo Dom Helder, a
“libertação” requer uma análise e uma estratégia mais aprofundada.
Esse vai ser então o trabalho de Gutiérrez. Ele trata de formular uma
compreensão teológica da libertação que, sendo fiel à Bíblia e ao ensino da Igreja
Católica, também respondesse às exigências da situação humana no continente18. Dois
critérios tornam-se característicos em sua teologia da libertação: Primeiro, o seu
empenho para que a teologia fosse verdadeiramente bíblica: “A Palavra é o fundamento
e o significado de toda a existência; esse fundamento se confirma e esse significado se
concretiza através da ação humana”(1974, 283 – citação do livro Fundamentos da Ética
Cristã).
18
Ibid, p.26.
19
Ibid, p.29.
9
de desenvolvimento e justiça social20. Discorrendo sobre o tema “Transição para uma
sociedade justa, participativa e sustentável”, o cientista nuclear John M. Francis
caracterizou a situação vigente: “A ilusão do domínio, que impregnou a busca de
tecnologias cada vez mais poderosas, caiu por terra por um período indefinido” (1980,
vol. I, 178 – citação do livro Fundamentos da Ética Cristã).
A ética vai ocupar-se com as escolhas morais práticas que os homens fazem,
mas também, com os alvos e princípios ideais que reconhecem estarem impondo
exigências sobre eles22.
20
Ibid, p.31.
21
Ibid, p.36.
22
GARDNER, E. Clinton. Fé Bíblica e Ética Social. São Paulo. Ed. ASTE. 1965, p. 19.
23
Ibid, p.21.
10
A ética vai se diferenciar das ciências sociais, bem como das ciências físicas,
tanto no que diz respeito ao seu campo específico de investigação como à sua
metodologia. As ciências sociais e a ética interessam-se pela análise do comportamento
humano, e ambas devem levar em conta o fato de que o homem é livre e sua ação
imprevisível, de um modo em que átomos, moléculas e planetas não o são24.
Apesar de a ética ter semelhanças com as ciências sociais em que tanto uma
como a outra destas disciplinas se volta para o comportamento humano, a primeira
difere das segundas pelo fato de interessar-se por aspectos diferentes desse
comportamento e, também, porque emprega métodos diferentes de análise. A
psicologia, por exemplo, é ciência empírica que lida com fatos observáveis da atividade
psicofísica e tenta descobrir as relações de causa e efeito. A ética, por sua vez, é
disciplina normativa e preocupa-se primariamente com a questão relacionada com alvos
a serem buscados pelas pessoas e quais devem ser suas motivações25.
A análise da vida moral (por exemplo: liberdade, bem, mal, dever) lança luz
sobre questões metafísicas e teológicas; mas, por outro lado, as pressuposições
metafísicas e teológicas, feitas pelos moralistas ao examinarem o campo da ética,
também influenciam sua compreensão e análise da vida moral26.
24
Ibid, p.22.
25
Ibid, p.23.
26
Ibd, p. 27.
27
Ibid, p.28.
11
síntese eclética como distorção da ética cristã, mas erra ao supor que este é o único uso
que o moralista cristão pode fazer da filosofia moral28.
Quando Jesus expõe o Sermão do Monte, foi enfático ao afirmar que não veio
descumprir a Lei, e, sim, cumpri-la. Deste modo, pode-se dizer que a ética cristã tem
por base o decálogo, no que concerne ao seu aspecto espiritual e moral. A ética dos dez
mandamentos dá suporte à ética cristã, de modo marcante e aperfeiçoado por Cristo32.
28
Ibid, p. 31.
29
Para uma excelente exposição do motivo conversionista em Agostinho, pode se pesquisar H. Richard
Niebuhr, Christ and Culture, Nova York, Harper & Brothers, 1951, p. 206ss.
30
E. F. Scott, The Etical Teaching of Jesus, Nova York, The Macmillan Company, 1924, XII.
31
GARDNER, E. C. Fé Bíblica e Ética Social. São Paulo. Ed Aste, 1965, p. 34.
32
LIMA, Elinado Renovato de. Ética Crista. Confrontando as Questões Morais do Nosso Tempo. Rio de
Janeiro. Ed. CPAD, 2ª edição, 2002, p. 32.
12
No Sermão do Monte, tendo o decálogo como máxima da Lei, Jesus trouxe uma
nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o interior, muito mais do que o exterior. Tal
entendimento é fundamental para a consistência e solidez da ética cristã.
Enquanto na antiga aliança os atos exteriores falavam mais alto, e eram levados
em consideração em termos de julgamento das ações, o Senhor Jesus Cristo procurou
mostrar que, para Ele e para Deus, o mais importante é o que se passa dentro do coração
dos homens, no íntimo de seu ser. Os ouvintes de Jesus ficaram admirados e perplexos,
diante da doutrina de Jesus sobre o cumprimento dos dez mandamentos34.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que
vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos
céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt
5.44,45).
Esta visão eleva o sentido do amor, sendo um verdadeiro teste para o cristão em
todos os tempos. Os antigos cumpriam os mandamentos e estatutos, em Israel, de modo
formal e frio. Alguém deveria ser punido se matasse, mas não havia condenação para
quem odiasse. Contudo, Jesus deu aos mandamentos um sentido muito mais elevado,
33
Ibid, p.33.
34
Ibid, p. 34.
13
tornando-os instrumentos da justiça e do amor de Deus35. Um exemplo que pode ser
citado aqui é a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37). Nela Jesus define o próximo
como alguém que tenha necessidade a que eu possa atender e aplica o princípio aos de
fora da igreja, assim como aos amigos crentes. Quando um doutor da lei perguntou a
Jesus sobre as prioridades éticas e espirituais na vida, ele respondeu que as principais
obrigações de uma pessoa eram amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo (Lc
10.25-29)36.
Não foi só no ensino de Jesus que a ética passou a ser aplicada a questões
internas do coração humano. É verdade que Jesus estendeu sua denuncia do homicídio à
área do coração e das motivações ocultas (Mt 5.22), e a do adultério à área do coração
onde uma pessoa tem pensamentos adúlteros (Mt 5.28). Mas no décimo mandamento, a
proibição da cobiça é a melhor prova de que Jesus não anunciava algo novo quando
dirigiu sua denuncia a atitudes interiores, e não apenas a atos externos. Considerar as
atitudes do coração e não apenas atitudes externas foi a preocupação tanto da lei de
Moisés como de Jesus que se inspirou nela37.
Pode se afirmar que o Novo Testamento foi resumido por Jesus na ordenança
por ele dada: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito”. Tal ordenança nos faz
recordar o velho mandamento da Lei: Sede santos, por que eu, Iahweh vosso Deus, sou
santo” (Lv 19.2). A santidade exigida deveria ser modelada sobre o fogo purificador de
Deus, no qual a presença do mal não pode subsistir38. Jesus não destruiu este ideal. Ele
o completou.
“Sede perfeito como Deus é perfeito” revela uma ordem muito elevada. Jesus é o
exemplo a ser seguido já que Ele foi perfeito como seu Pai. Este é o desafio desta
ordenança. Seguir a Jesus. E seguir a Cristo não é ir à caça de um ideal, mas
compartilhar dos resultados de uma realização. Cristo não requer de ninguém que vá
onde ele mesmo não tenha ido, ou fazer alguma coisa que ele mesmo não tenha feito39.
Nós nunca estamos num caminho desconhecido. Richard Baxter disse.
14
Pois ele foi, antes de mim, de uma parte à outra
Ele que veio pelo reino de Deus, deve entrar por esta porta40.
Portanto, pode-se afirmar que Cristo tem duas mãos onde uma aponta o caminho
e a outra para abraçar e ajudar ao longo do caminho. O ideal cristão então, repousa
diante de cada um de nós, não como um distante e austero pico da montanha, mas como
uma estrada sobre a qual podemos caminhar com Cristo como guia e amigo41.
A ÉTICA REFORMADA.
Zuínglio não foi um teórico da ética no sentido formal, mas um homem prático
que apreciou ações acima de conversas, e cujos escritos mostraram uma profunda
preocupação ética.
40
Séries de seu Potencal Fragments (1981) que aparece em muitos livros de hinos e em versos
começando por: “Senhor, isto não pertence ao meu cuidado”.
41
Ética e o Evangelho, p. 59.
42
HENRY, Carl. Dicionário de Ética Cristã. São Paulo, Ed. Cultura Cristã. 1ª Edição 2007, pp. 279,280.
43
GARDNER, E. C. Fé Bíblica e Ética Social. São Paulo, Ed ASTE. 1965, p.196.
15
A ética cristã reconhece o lugar legítimo pretendido pela aspiração ao bem e a
lei como guia para descobrir a vontade de Deus, mas seu método se define melhor como
resposta do homem à atividade de Deus. É a resposta do homem à vontade e ao
propósito de Deus, revelados pelo próprio Deus, pela história, pela Escritura, pela
presente agitação social e pela experiência da comunidade cristã, tudo isso focalizado
sobre a decisão ética concreta44.
Gardner apresenta de forma detalhada a resposta que o homem deve dar a cada
forma de ação divina sobre ele, o homem.
Em primeiro lugar, ele descreve sobre a resposta a Deus como Criador. A ação
de Deus como Criador impõe ao homem uma resposta de gratidão e amor. Gratidão a
Ele e um amor reverente para com a criação. Como disse Gardner, em todos os aspectos
de nossa conduta defrontamo-nos com Aquele que nos deu existência em determinado
momento e sob certas circunstâncias especiais45. Essa existência tem sentido somente
em relação à vontade soberana de Deus e dos seus propósitos e o segmento da história
em que se está colocado, adquirindo sentido nesse relacionamento.
A resposta então do homem, que pela fé sabe e crê que Deus é o Criador de tudo,
é de louvor e de gratidão a Ele pela sua própria vida, pelas boas dádivas que lhe concede
e pelo conhecimento de que em todas as coisas Deus age para o seu bem.
Gardner finaliza esta primeira resposta dizendo que a básica resposta à ação de
Deus como Criador é a de aceitar e afirmar aquilo que Ele criou46.
A segunda resposta apresentada por Gardner é sobre Deus como Juiz. A resposta
que se impõe aqui ao homem quanto a esta forma de ação de Deus é a de
arrependimento e negação própria.
44
Ibid, p. 196.
45
Ibid, p. 199.
46
Ibid, p. 202.
16
desígnio de Deus para que o “EU” seja conservado sob domínio, a fim de que a vontade
de Deus para toda a comunidade não sofra derrota47.
Este perdão divino somente pode ser aceito com humildade e arrependimento. O
homem deve estar pronto a reconhecer que é ele quem está errado diante de Deus e que
nada ao seu alcance é capaz de isentá-lo de culpa48. A sua relação certa para com Deus
deverá ser a de confiança e de resposta, de dependência da vontade soberana de Deus.
Se o desejo de aceitar o perdão divino for genuíno, deve manifestar-se no oferecimento
de perdão ao próximo. De outra forma, a disposição de aceitar o perdão divino refletirá,
apenas, certo desejo egoísta e não a prontidão em submeter-se à vontade total de Deus49.
Gardner apresenta nesta resposta uma reflexão muito importante. O cristão, diz
ele, não foi chamado apenas para perdoar e para agir, de modo livre, para com os irmãos
na fé, mas também para imitar o amor de Deus para com os que ainda não são
reconhecidos como filhos de Deus50.
47
Ibid, p. 204.
48
Ibid, p. 207.
49
Ibid, p. 207.
50
Ibid, p. 209.
51
Ibid, p. 211.
17
CONCLUSÃO.
A ética cristã se baseia no fato de haver Deus tomado a iniciativa de revelar seu
amor ao homem. Este amor de Deus pelo homem é livre, espontâneo e não merecido;
mas como Senhor soberano, Deus exige o homem para si mesmo, para uma vida de
amor. Deus exige a resposta do “eu total”: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc
12.30). Por esta razão, no próprio ato pelo qual Deus revela seu amor ao homem, Ele o
desafia com um segundo mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc
12.31). Assim, pode se afirmar que o homem jamais poderá amar o seu próximo de
maneira cristã a não ser que ame a Deus com todo o coração, alma, mente e força; pois,
à parte da confiança em Deus e lealdade final a Ele, o amor do homem e seus
semelhantes ou é egoísta ou idólatra, ou as duas coisas52.
A fé cristã declara então que todos os homens são de igual valor para Deus e que
todos partilham igualmente de seu amor; consequentemente, o cristão tem de imitar a
universalidade bem como a espontaneidade e o altruísmo do amor divino53.
Como qualquer mãe, quando Karen soube que um bebê estava a caminho, fez
todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de idade, a se
preparar para a chegada.
Os exames mostraram que era uma menina, e todos os dias Michael cantava
perto da barriga de sua mãe. Ele já amava sua irmãzinha mesma antes de ela nascer.
52
Ibid, p.213.
53
CF. A parábola do Bom Samaritano (Lc 10.29-37) e a exigência de Jesus de que seus seguidores amem
seus inimigos (Mt 5.44), bem como seu próprio exemplo ao buscar a “ovelha perdida”, dos “publicanos”
e os “pecadores” para que lhe pudesse ministrar de modo especial, em vista de suas necessidades
especiais.
18
enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que a mãe o retirasse dali. Mas Karen
insistiu: “Ele não irá embora até que veja a irmãzinha”.
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
. GARDNER, E. Clinton. Fé Bíblica e Ética Social São Paulo. Editora ASTE. 1965,
445p.
. HENRY, Carl. Dicionário de Ética Cristã. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 1ª
edição, 2007, 608p.
. LOPEZ, Azpitarde E. Práxis Cristã, opção pela vida e pelo amor. São Paulo.
Edições Paulinas, 1984, 496p.
. RUDNICK, Milton L. Ética Cristã para Hoje, uma perspectiva evangélica. Rio de
Janeiro. Editora JUERP, 1988, 136p.
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