Etica Crista

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Cartas de Pedro

ÉTICA CRISTÃ
Confrontando as
questões morais

Primeira Igreja Presbiteriana


em Petrolina
Ética Cristã - Confrontando as questões morais

Primeira Igreja Presbiteriana de Petrolina Página 2


Ética Cristã - Confrontando as questões morais
1 - A ÉTICA CRISTÃ FACE A ÉTICA DOS HOMENS
INTRODUÇÃO princípios do raciocínio, suas capacidades, seus
erros e suas maneiras exatas de expressão.
Entender o que é certo e o que é errado, num Trata-se de uma ciência normativa, que
mundo em que estão invertidos os valores investiga os princípios do raciocínio válido e das
morais gravados por Deus na consciência do ser inferências corretas quer seja partindo da lógica
humano e ao mesmo tempo exarados no Livro dedutiva quer seja da indutiva.
do Senhor, não é tarefa fácil. Graças a Deus,
temos o maior e melhor referencial ético que o c) Gnosiologia - É a disciplina que estuda o
mundo já conheceu: a Palavra de Deus. Ela é conhecimento em sua natureza, origem, limites,
lâmpada e luz divinas, tanto para nosso ser possibilidades, métodos, objetos e objetivos.
interior como para nosso viver exterior. Neste
trimestre, apresentaremos uma visão d) Estética - É empregada para designar a
panorâmica da Ética partindo do ponto de vista filosofia das belas-artes: a música, a escultura e
bíblico sobre o qual o cristianismo fundamenta a pintura. Esse sistema procura definir qual seja
seus valores. Esperamos contribuir para o o propósito ou ideal orientador das artes,
entendimento do assunto, tecendo apresentando descrições da atividade que
considerações sobre alguns casos éticos típicos, apontam para certos alvos.
considerando o limitado espaço dos comentários
que não permite uma abordagem mais ampla. e) Metafísica - Refere-se a considerações e
especulações concernentes a entidades,
I. CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES agências e causas não materiais. Aborda
assuntos como Deus, a alma, o livre arbítrio, o
1. Ética como ciência secular. A Ética é um destino, a liberdade, a imortalidade, o problema
aspecto da filosofia. A Filosofia está segmentada do mal etc.
em seis sistemas tradicionais: Política, Lógica,
Gnosiologia, Estética, Metafísica e Ética que é o f) Ética - É a investigação no campo da conduta
objeto de estudo de Lições Bíblicas neste ideal, bem como sobre as regras e teorias que a
trimestre. governam. A ética, o homem distanciado de
Deus por sua incredulidade e seus pecados, a
Para compreendermos melhor o sentido de estuda, entende e até se propõe a observá-la,
Ética, vejamos, de forma sintética, em que se mas não consegue, por estar subjugado pelo seu
constituem os outros aspectos aos quais ela está eu, pelos vícios, pelo mundo, pelo pecado (Rm
agregada no contexto filosófico. 2.15-19). Já os servos de Deus, pelo Espírito
Dentre suas muitas acepções, filosofia é o saber Santo que neles habita, triunfam sobre o pecado
a respeito das coisas, a direção ou orientação (Rm 8.2).
para o mundo e para a vida e, finalmente,
consiste em especulações acerca da forma ideal Existem inúmeros argumentos e considerações
de vida. Em suma, é a história das idéias. Tudo acerca deste tema, que será tratado aqui do
isto sob a ética humana. Precisamos aferir o ponto de vista da ética bíblica a qual expõe Deus
pensamento humano com os ditames da Palavra como fundamento e alvo da conduta ideal.
de Deus que são terminantes, peremptórias,
finais. O homem, seja ele quem for, é criatura, 2. Origem da palavra. Ética vem do grego,
mas Deus é o Criador (Os 11.9; Nm 23.19; ethos, que significa "costume", "disposição",
Rm 1.25; Jó 38.4). "hábito". No latim, vem de mos (mores), com o
sentido de vontade, costume, uso, regra.
Todos os campos de pensamento e de atividades
têm suas respectivas filosofias. Há uma filosofia 3. Definição. Ética é, na prática, a conduta
da biologia, da educação, da religião, da ideal e reta esperada de cada indivíduo. Na
sociologia, da medicina, da história, da ciência teoria, é o estudo dos deveres do indivíduo,
etc. Consideremos entretanto, os seis sistemas isolado ou em grupo, visando a exata
acima mencionados que foram sistematizados conceituação do que é certo e do que é errado.
por três antigos pensadores: Sócrates, Platão e Reiterando, Ética Cristã é o conjunto de regras
Aristóteles. de conduta, para o cristão, tendo por
fundamento a Palavra de Deus. Para nós,
a) Política - Este vocábulo vem do grego polis e crentes em Jesus, o certo e o errado devem ter
significa "cidade". A política procura determinar como base a Bíblia Sagrada, a nossa "regra de
a conduta ideal do Estado, pelo que seria uma fé e prática".
ética social. Ela procura definir quais são o
caráter, a natureza e os alvos do governo. O termo ética, ethos, aparece várias vezes no
Trata-se do estudo do governo ideal. Novo Testamento, significando conduta,
comportamento, porte e compostura (habituais).
b) Lógica - É um sistema que aborda os
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A ética cristã deve ser fundamentada no não se coaduna com a ética cristã, pois, para o
conhecimento de Deus como revelado na Bíblia, crente em Jesus, não são os fins, nem os meios,
principalmente nos ensinos de Cristo, de modo que indicam se uma conduta ou ação é certa ou
que "...ele morreu por todos, para que os que errada. A Palavra de Deus é que é a regra
vivem não vivam mais para si, mas para aquele absoluta que define se um ato é certo ou errado.
que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.15; Ela tem aplicação universal. O dever de todo
Ef 2.10). homem é temer a Deus e guardar seus
mandamentos (Ec 12.13). A Palavra de Deus
II. VISÃO GERAL DA ÉTICA SECULAR E DA não muda de acordo com as circunstâncias, os
ÉTICA CRISTÃ meios ou os resultados. Deus vela para a
cumprir (Jr 1.12b; Mc 13.31).
1. Antinomismo. Esse ensino errôneo é
humanista e secular. Tudo depende das pessoas, Há outras modalidades, formas e expressões da
e das circunstâncias. O filósofo incrédulo e ética secularista, como o situacionismo, o
existencialista Jean Paul Sartre, um dos seus absolutismo e o hierarquismo, mas nada disso
promotores, afirma que o homem é plenamente se coaduna ou se enquadra na ética bíblica,
livre. Num dos seus textos, ele escreve: "Eu sou tanto a declarativa, como a tipológica e a
minha liberdade; eu sou minha própria lei." ilustrativa. Estamos mencionando estas formas
aqui porque o mundo fala muito nelas, mas não
a) Posicionamento cristão. Esta teoria não as cumpre.
serve para o cristão. Nela, o homem se faz seu
próprio deus. A Bíblia diz : "Há caminho que ao O cristão ortodoxo na sua fé, e fiel ao seu
homem parece direito, mas o fim dele são os Senhor, terá sempre no manancial da Palavra de
caminhos da morte" (Pv 14.12). "De tudo o que Deus tudo o que carece sobre a ética, na sua
se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda expressão prática em forma de conduta,
os seus mandamentos; porque este é o dever de compostura, costumes, usos, hábitos e práticas
todo homem" (Ec 12.13). O antinomismo é diuturnas da nossa vida para agradar a Deus e
relativista, isto é, cada um age como quiser. É o dar bom testemunho dEle diante dos homens.
que ocorria com o povo de Israel quando estava
desviado, sem líder e sem pastor (Jz 17.6 e CONCLUSÃO
21.25).
As abordagens éticas humanas são todas
2. Generalismo. Essa falsa doutrina prega que contraditórias. Como seus autores, humanos e
devem haver normas gerais de conduta, mas falhos. Uma, como vimos, procura suprir as
não universais. A conduta de alguém para ser deficiências das outras. As abordagens éticas
chamada de certa ou errada depende de seus conflitam entre si, deixando um rastro de dúvida
resultados. É o que ensinava, no século XV, o e confusão em sua aplicação. Por isso, devemos
descrente, político e filósofo italiano Nicolau ficar com a Palavra de Deus, que não confunde o
Maquiavel: "Os fins justificam os meios". crente, nem pode ser deixada de lado ao sabor
dos meios, dos fins ou das situações. A Palavra
a) Posicionamento cristão. O generalismo de Deus satisfaz plenamente.

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2 - A ÉTICA CRISTÃ E OS DEZ MANDAMENTOS
INTRODUÇÃO não veio para revogar a lei, mas para cumpri-la
(Mt 5.17-19). Com tal expressão, Jesus quis
Jesus declarou enfaticamente no Sermão do mostrar que, não obstante ter Ele instaurado
Monte que não veio descumprir a lei e, sim, uma nova aliança, o essencial do decálogo não
cumpri-la, e o fez, de forma plena em relação ao estava ab-rogado. Tão somente, Ele trouxe uma
que o povo de Israel praticava na antiga aliança. nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o
Assim, podemos ver que a ética cristã tem por interior, muito mais do que o exterior. Tal
base o decálogo, no que concerne a seu entendimento é fundamental para a consistência
aspecto espiritual e moral, e posta em prática e solidez da ética cristã.
através do amor e da graça de Deus. A ética
procedente dos dez mandamentos tem seu II. UM NOVO SENTIDO PARA O DECÁLOGO
apogeu na ética cristã, no ensino e na vida de
Cristo, como nos mostram os Evangelhos. 1. "Não matarás" (Êx 20. 13).

I. JESUS VALORIZOU OS DEZ a) No Antigo Testamento. O sexto


MANDAMENTOS mandamento da Lei de Moisés proibia tirar a
vida de uma pessoa. Em Mateus 5.21, Jesus
1. Uma questão fundamental. Um jovem disse: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
judeu aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: matarás; mas qualquer que matar será réu de
"Bom Mestre, que farei para conseguir a vida juízo". O matar em Êxodo 20.13 refere-se, no
eterna?" (Mt 19.16). A pergunta do rapaz original, a matar de modo premeditado,
reflete o desejo consciente ou inconsciente de deliberado e doloso.
todas as pessoas. O jovem pensava que podia
fazer por si mesmo alguma coisa, alguma boa b) Na ética de Cristo. "Eu, porém, vos digo
obra, para assim, ser salvo. E entendia que a que qualquer que, sem motivo, se encolerizar
salvação dependia de seu esforço pessoal. contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer
que chamar a seu irmão de raca será réu do
2. A resposta inquietadora de Jesus. Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco
Deixando de lado o lisonjeiro tratamento do será réu do fogo do inferno" (Mt 5.21,22). Na
jovem, Jesus lhe respondeu: "Por que me ética de Cristo, a prevenção é mais importante
chamas bom? Não há bom senão um só, que é que a correção. Ele condena, não apenas o ato
Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda de matar, mas as causas que levaram ao crime:
os mandamentos" (Mt 19.17). Jesus sabia que a ira, a cólera e a agressão verbal, entre outras.
estava diante de um moço educado sob as No Antigo Testamento, só era condenado quem
regras éticas do judaísmo, em que a prática de matasse. No Novo, é condenado quem se
atos exteriores era mais importante do que o ser encoleriza ou maltrata seu irmão. Veremos
e o sentir espiritual; o formal era mais valioso outras implicações éticas em lições posteriores.
do que o real; o exterior era mais valioso do que A reconciliação é o remédio para a ira (vv.22-
o interior. 26).

3. A guarda dos mandamentos. Indagado 2. "Não adulterarás" (Êx 20.14; Dt 5.18). O


pelo jovem sobre quais mandamentos para se sétimo mandamento visava valorizar e proteger
entrar na vida", Jesus disse: "Não matarás, não a família e o casamento, livrando-o dos males
cometerás adultério, não furtarás, não dirás funestos e destruidores da infidelidade conjugal,
falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e bem como defender a pureza sexual.
amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt
19.18,19). O moço disse que cumpria tudo a) No Antigo Testamento. "Ouviste o que foi
desde a sua mocidade. Jesus, conhecendo seu dito aos antigos: Não cometerás adultério" (Mt
coração, lhe ordenou que vendesse o que tinha 5.27). O adultério só era realmente condenado
para dar aos pobres. Diante desse mandato, o se ocorresse a conjunção carnal.
jovem saiu triste e decepcionado. O moço não
era um tão terrível pecador, mas não estava b) Na ética de Cristo. "Eu porém, vos digo que
disposto a abrir mão da sua fortuna para qualquer que atentar numa mulher para a
cumprir o "amarás o teu próximo como a ti cobiçar já em seu coração cometeu adultério
mesmo". Jesus começou por Êxodo 20.13 e com ela" (Mt 5.28). A exigência agora é muito
terminou com Levítico 19.18. À luz da ética maior, porque parte dos motivos, e não apenas
cristã, o que importa não é só o não fazer, mas do ato. Cristo não apenas condena o ato, mas os
o praticar o que é justo e reto, movido pelo pensamentos impuros, as fantasias sexuais,
amor e de acordo com a vontade de Deus. envolvendo uma pessoa que não é o cônjuge do
transgressor. É condenado o "adultério mental".
4. O cumprimento da lei. No Sermão da O décimo mandamento abrange esse pecado
Montanha, Jesus foi categórico, ao afirmar que (Êx 20.17 e Dt 5.21).
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no Antigo. Dar a outra face a quem lhe bater,
3. O divórcio (Dt 24.1). O homem podia mesmo no sentido figurado, não é
desquitar-se ou divorciar-se de sua esposa por comportamento comum ou fácil de praticar,
motivos os mais diversos, mesmo que não mesmo pelo mais santo dos crentes. Só com a
houvesse infidelidade. graça de Deus e o poder do Espírito Santo é
possível cumprir esse preceito ético. Isso ocorre
a) No Antigo Testamento. "Também foi dito: com freqüência em tempos de perseguição à
qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê Igreja. Numa época como a atual em que há um
carta de desquite" (Mt 5.31). O marido podia endeusamento dos direitos humanos, um crente
repudiar sua mulher, caso não achasse "graça precisa ter um acurado discernimento espiritual
em seus olhos", ou por "achar nela coisa feia", e se vier a perseguição.
a mandava embora de casa.
6. O amor ao próximo. A Lei mandava amar o
b) Na ética de Cristo. "Eu, porém, vos digo próximo (Lv 19.18b). Mas os religiosos
que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser acrescentavam à Lei: "Aborrecerás o teu
por causa de prostituição, faz que ela cometa inimigo"; algo que Deus nunca ordenou.
adultério; e qualquer que casar com a repudiada
comete adultério" (Mt 5.32). Na vigência da Lei, a) No Antigo Testamento. "Ouvistes que foi
o homem podia deixar sua mulher "por qualquer dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu
motivo" (Mt 19.3); a partir de Cristo, só a inimigo" (Mt 5.43). O "próximo" eram só os
infidelidade (em suas diversas formas) justifica a judeus, suas famílias e suas autoridades"; o
separação, caso não haja perdão do cônjuge "inimigo", os gentios.
ofendido. Em nossos tempos, tal caso piora em
relação à mulher como transgressora, como se o b) Na ética de Cristo. "Eu, porém, vos digo:
homem não fosse igualmente transgressor. Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos
maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai
4. Não tomar o nome do Senhor em vão (Êx pelos que vos maltratam e vos perseguem para
20.7 e Lv 19.12). Era o terceiro mandamento, que sejais filhos do Pai que está nos céus;
que proibia o homem jurar falsamente em nome porque faz que o sol se levante sobre maus e
do Senhor. bons e a chuva desça sobre justos e injustos"
(Mt 5.44,45). Esta visão engrandece o conceito
a) No Antigo Testamento. "Outrossim, do amor, sendo também um verdadeiro teste
ouvistes que foi dito aos antigos: Não para o cristão em todos os tempos. O Mestre
perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao não admite o sentimento do ódio, nem mesmo a
Senhor" (Mt 5.33). um inimigo. Deus ama a todos (Jo 3.16);
devemos fazê-lo também para sermos seus
b) Na ética de Cristo. "Eu, porém, vos digo filhos. Ver 1 Pe 2.23
que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu,
porque é o trono de Deus, nem pela terra, CONCLUSÃO
porque é o escabelo de seus pés, nem por
Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, Nesta lição vemos que os princípios espirituais e
nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes morais do Decálogo integram-se às leis do reino
tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, de Cristo, expostas no Sermão do Monte. Os
o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que antigos cumpriam os mandamentos e estatutos,
passa disso é de procedência maligna" (Mt em Israel, de modo formal e frio; se, para os
5.34-37). Com Cristo, a integridade no falar é homicidas havia condenação, os que odiavam
mais importante do que fazer juramentos ficavam impunes. Contudo, Jesus deu aos
formais. mandamentos um sentido muito mais elevado,
aprofundando e ampliando o seu entendimento,
5. Olho por olho, e dente por dente (Êx tornando-os instrumentos da justiça, bondade e
21.24). A "pena de Talião" funcionava no Antigo amor de Deus.
Testamento.
Decálogo
a) No Antigo Testamento. "Ouvistes que foi dito:
Olho por olho e dente por dente" (Mt 5.38). Os Dez Mandamentos revelados por Deus, por
meio de Moisés. Os primeiros cinco dizem
b) Ética de Cristo. "Eu, porém, vos digo que não respeito aos deveres do homem para com o
resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na Senhor; os outros cinco, do homem para com o
face direita, oferece-lhe também a outra; e ao semelhante.
que quiser pleitear contigo e tirar-te a
vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se Sinédrio
qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai
com ele duas" (Mt 5.39-41). A conduta cristã é, Supremo tribunal dos judeus, formado por
no Novo Testamento, mais exigente do que era sacerdotes, anciãos e escribas - julgava os atos

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criminosos e administrativos, referentes às religião prática: o cuidado com o Templo e a
tribos ou a cidades, até a destruição de investigação dos direitos dos mestres religiosos.
Jerusalém em 70 d.C. Ocupava-se, também, da

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3 - O CRISTÃO E A GUERRA
INTRODUÇÃO 11.1-11) e contra os cananeus (Js 11.19,20).
Eram as chamadas "guerras do Senhor", de cujo
Hoje, na Dispensação da Graça, Cristo nos registro se ocupa o "livro das Guerras do
ordena a amar os próprios inimigos (Mt 5.44). Senhor" (cf. Nm 21.14; Js 10.40,42; Dt
O cristão na condição de autoridade (inclusive 20.16,17). Examinando-se com cuidado a Bíblia
como militar) e, nessa condição, seus deveres e no seu todo, vê-se claramente que aqueles
missões legais, inclusive na guerra, suscitam da povos e nações eram manipulados e mobilizados
parte dos que não conhecem a Palavra de Deus, pelo Inimigo no sentido de impedir que o
discussões e opiniões divergentes, pró e contra. Messias Redentor da humanidade viesse ao
No campo secular, humano e temporal, a mídia mundo. O mundo contemporâneo, no século
e a literatura comuns e irmanadas não devem passado em particular, conheceu diversos
ser o guia do cristão, e sim a Palavra de Deus conflitos armados, como o provocado pelo
quando corretamente interpretada. Uma simples ditador alemão, Adolf Hitler, que queria subjugar
lição de Escola Dominical não cobre o assunto, o mundo (de 1939 a 1945), impondo sua
mas sua abordagem mesmo sucinta, será paranóica idéia de conseguir uma "raça pura",
proveitosa. As dúvidas em relação a esse ponto leia-se: a supremacia germânica sobre todo o
passam pela seguinte questão: A participação na planeta, o que levou à morte milhões de pessoas
guerra, levará o cristão a contrariar o sexto (destas, mais de 6 milhões foram judeus). Dos
mandamento que diz "Não matarás"? (Êx seus inflamados e odientos discursos,
20.13). destacamos este: "Hoje a Alemanha é nossa;
amanhã, o mundo inteiro." Nesse caso, a guerra
I. A GUERRA NA BÍBLIA promovida contra o tirano assassino foi justa.
Foi Deus que separou as nações (Dt 32.8),
1. A causa das guerras. A multiplicação do inclusive através dos oceanos, e só Ele pode
pecado, da iniqüidade, da rebeldia e da reuni-las outra vez.
desobediência afrontosas para com Deus e suas
santas leis propiciam o desentendimento e o II. O POSICIONAMENTO DO CRISTÃO
confronto bélico entre os homens. Esse PERANTE A GUERRA
desentendimento se processa de tal forma que
evolui de simples hostilidades a grandes e 1. O cristão e a guerra. Não podemos aceitar
dolorosos confrontos, de longa duração e os argumentos filosóficos de certos ativistas
repletos de todo tipo de sofrimento (Tg 4.1; Mc pelos seguintes motivos:
7.21,22; Gl 5.19,20; Lv 26.25, 33; Dt 28.25;
Is 48.22 e Sl 120.7). Em Gênesis 6, vemos os a) Violência. Mesmo ordenadas por governos
passos que conduzem ao conflito entre nações. legitimamente constituídos, na guerra, devido à
Os homens, corrompidos, multiplicaram-se na maldade inerente à natureza humana, há
face da Terra (Gn 6.1); a maldade se injustiça, traições, atrocidades, vingança,
multiplicou grandemente (Gn 6.5); a Terra ganância e perversidade (Rm 12.18,20).
encheu-se de violência (Gn 6.11), a ponto de o
Senhor promover o juízo, enviando o Dilúvio. No b) Estado absoluto. Há o perigo de se ver o
tempo de Abraão, quatro reis fizeram guerra Estado, ou o Governo como ente absoluto ou até
contra cinco; e Ló, seu sobrinho, foi levado de idolatrá-lo. A Bíblia diz que devemos
cativo, o que obrigou o patriarca a armar-se com examinar tudo, mas ficar com o bem (1 Ts
seus criados e promover uma expedição militar 5.21); devemos fazer tudo "de todo o coração,
contra os agressores (ver Gn 14.1,2; 12-17). como ao Senhor e não aos homens" (Cl 3.23).

2. Deus é o Senhor dos Exércitos. Jeová 2. O Seletivismo. Diferente de outras


Shallom ("O Senhor é Paz") é o mesmo Jeová abordagens, o argumento seletivista afirma que
Sabaote, "O Senhor dos Exércitos" (Êx 12.41 e é necessário fazer uma distinção entre "guerras
Sl 46.10); Jeová é "Homem de Guerra" (Êx justas" e "guerras injustas", e que o cristão deve
15.3; Is 42.13). É óbvio que não se trata de engajar-se nelas, quando justas, visto que agir
guerra no sentido popular, humano, terreno; de forma diferente, seria recusar-se a fazer o
esta, Deus aborrece "(Sl 68.30 e Ap13.10). bem maior, ordenado pelo Senhor dos Exércitos.
Segundo essa linha de pensamento, uma
3.Guerras ordenadas por Deus. Uma campanha militar, ou seja, a "guerra justa",
infinidade de conflitos bélicos resultaram da constituir-se-á num esforço válido para evitar
determinação do Todo-Poderoso, de abater os que uma nação, ou mesmo o mundo, fique à
inimigos do seu povo, Israel. Dentre essas mercê de tiranos, como Adolf Hitler.
campanhas, destacamos as seguintes: contra os
amalequitas (Êx 17.8-16); contra Jericó (Js 6.2 3. O posicionamento cristão. Mesmo que o
ss.); contra Ai (Js 8.1 ss.); contra os filisteus governo legalmente constituído promova uma
(1 Sm 7.1-14); contra os amonitas (1 Sm "guerra injusta", dela não podemos participar,
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por motivo de consciência. Na Bíblia, aconteceu que, como as parteiras temeram a
encontramos exemplos de desobediência ao Deus, estabeleceu-lhes casas"(Êx 1.17-21).
poder constituído quando este age contra os
princípios divinos: 4. O que faze. Nesse caso, mesmo podendo
sofrer as conseqüências, o cristão não está
a) Os jovens hebreus na Babilônia. moralmente obrigado a participar de uma guerra
Hananias, Misael e Azarias desobedeceram a injusta, conforme defendem os ativistas (que
ordem de se curvarem diante da estátua de são irmãos dos terroristas). Por outro lado, há
Nabucodonosor (Dn 3). guerras que podem ser consideradas justas. No
Antigo Testamento o Senhor deu ordens aos
b) Daniel e o decreto real. O filho de Judá, israelitas para guerrear e destruir todos os seus
exilado na corrupta Babilônia, negou-se a inimigos (Js 10.40). Hoje, podemos entender
cumprir uma lei arbitrária que feria os princípios que é legítima a participação do cristão em
religiosos e morais estabelecidos pelo Eterno ao guerras; por exemplo, contra o narcotráfico,
seu povo: o decreto determinava expressamente contra o crime organizado, ou, ainda, contra
que toda e qualquer oração e petição deveriam uma potência agressora, dirigida por um
ser endereçadas ao rei de Babilônia. Daniel, governo tirano, fratricida e genocida.
embora cumpridor de suas obrigações no reino,
recusou-se a obedecer o decreto, e continuou CONCLUSÃO
dirigindo suas oração ao Senhor de Israel.
Em nosso país, por vezes, atendendo
c) Os apóstolos e as leis proibitivas. Os compromissos com organismos internacionais,
apóstolos continuaram a pregar o Evangelho como a Organização das Nações Unidas (ONU),
embora as autoridades da época o proibissem e vêem-se contingentes militares brasileiros
castigassem a primeira geração da igreja cristã embarcarem para o exterior, em missão de paz,
com açoites e prisão (At 4 e 5). podendo até empreender campanhas contra
milícias estrangeiras e rivais. Na guerra contra o
d) As parteiras e a lei homicida. Faraó, tráfico de drogas, ou contra o "crime
embora governasse sob a permissão divina, organizado", que se alastra e grassa em nossa
decretou o extermínio de criancinhas hebraicas pátria, os militares crentes e autoridades civis
(sexo masculino). As parteiras, porém, não lhe são convocados e devem participar. Assim, em
obedeceram e foram abençoadas como está termos bíblicos, não há argumento que proíba a
escrito: "As parteiras temeram a Deus e não participação numa guerra, considerada justa e
fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes, regular.
conservavam os meninos com vida. Então, o rei
do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por Morte Física
que fizestes isto, que guardastes os meninos
com vida? E as parteiras disseram a Faraó: É É o término das atividades vitais do ser humano
que as mulheres hebréias são vivas e já têm sobre a terra. É vista, nas Sagradas Escrituras,
dado à luz os filhos antes que a parteira venha a como a conseqüência primordial do pecado (Rm
elas. Portanto, Deus fez bem às parteiras. E o 6. 23).
povo aumentou e se fortaleceu muito. E

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4 - O CRISTÃO E O ABORTO
INTRODUÇÃO
2. O exemplo de João Batista e de Jesus. Ao
O índice de abortos no século passado foi que tudo indica, Maria, a mãe de Jesus, já o
revoltante e virulento. Só no Brasil, a tinha no ventre há um mês (quatro semanas),
Organização Mundial de Saúde calcula que quando foi visitar Isabel, sua prima. Esta já
houve 5 milhões de abortos. O Instituto Gallup estava com seis meses de grávida de João
concluiu que 58% dos brasileiros são favoráveis Batista (Lc 1.36), tendo, nela, um feto de vinte
a ele. Em Tiago 2.13, a Bíblia diz que "o juízo e quatro semanas. A Bíblia nos mostra que, ao
será sem misericórdia sobre aquele que não fez ouvir Isabel a saudação de Maria, "a criancinha
misericórdia". O movimento feminista, saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do
antibíblico e anticristão, alardeia o direito de a Espírito Santo" (Lc 1.41). No ventre de Maria,
mulher usar seu corpo como ela quiser, sem não estava "uma coisa", mas o Salvador do
levar em conta a vida do feto indefeso. E o Mundo; no ventre de Isabel não estava um ser
cristão? Como deve se posicionar? Ora, nós não desprovido de alma, mas uma "criancinha" que
somos donos de nada; Deus é que é. É o que pulou de alegria ao ouvir a bendita saudação. O
procuraremos demonstrar nesta lição. Espírito Santo agiu ali através de uma
"criancinha" ainda em formação (v.41).
I. O TERMO ABORTO E A VISÃO BÍBLICA
3. O embrião é uma pessoa. Mesmo sem ser
1. Significado. A palavra aborto vem do latim, uma pessoa completa, não é subumano. É uma
abortum, do verbo abortare, com o significado pessoa em formação, em potencial. Da primeira
de "pôr-se o sol, desaparecer no horizonte e, à oitava semana (2 meses), completam-se todos
daí, morrer, perecer". Na Bíblia, o referido termo os órgãos, apresentando inclusive as impressões
e seus cognatos aparecem em Jó 3.16; Sl digitais. Aos três meses, no útero, o bebê já está
58.8; Ec 6.3 etc. Segundo o Grande Dicionário formado esperando crescer para vir à luz.
de Medicina, aborto "é a expulsão espontânea Mesmo como ovo, ou feto, desde a concepção,
ou provocada do feto antes do sexto mês de cremos que o bebê não só tem vida, mas possui
gestação, isto é, antes que o feto possa alma e espírito dentro dele (ver Zc 12,1b).
sobreviver fora do organismo materno...".
III. TIPOS DE ABORTO E SUAS
2. O aborto na Bíblia. Não são muitas as IMPLICAÇÕES ÉTICAS PARA O CRISTÃO
referências sobre o tema. No Pentateuco,
vemos uma referência sucinta sobre o caso de 1. Aborto natural. Ocorre por motivos ou
aborto acidental, em que uma mãe fosse ferida circunstâncias naturais, implicando na morte do
por alguém e viesse a morrer (Êx 21.22). Nesse feto. Segundo a Medicina, pode haver aborto por
caso, não haveria pena de morte, mas o várias causas. Dentre elas, destacam-se as
causador teria que pagar uma indenização. Jó, seguintes: Insuficiente vitalidade do
lamentando o dia de seu nascimento, diz que espermatozóide; afecções da placenta; infecções
preferia que não houvesse acontecido, pois seria sangüíneas; inflamações uterinas; grave
como as crianças abortadas, que nunca viram a exaustão, diabetes e algumas desconhecidas"
luz (Jó 3.16). Não há qualquer referência bíblica (Reifler, p.131). Não há incriminação bíblica
que dê margem ao ato do aborto provocado pois quanto a esse caso, pois, não havendo pecado,
trata-se de um ato em que a vida de um ser não há condenação. Em Deuteronômio
indefeso é ceifada. 24.16b, diz-se que "cada qual morrerá pelo seu
pecado".
II. O FETO EM SEU COMEÇO É UMA PESSOA
2. Aborto acidental. É resultado de um
1. A infusão da alma no ser gerado. problema alheio à vontade da gestante. Uma
Entendemos que a alma e o espírito são queda, ou um susto acidental, inesperado e
colocados por Deus no embrião, com a intenso podem provocar abortamento. Não há
concepção. É oportuno dizer aqui que a vida implicação ética quanto a isso. A referência de
humana, do seu início ao fim, está em grande Deuteronômio 24.16b aplica-se a esse caso.
parte encoberta por um véu de mistério que só o
próprio Criador e Sustentador conhece. "Peso da 3. Aborto por razões eugênicas. É o aborto
Palavra do Senhor sobre Israel. Fala o Senhor, o por eugenia, isto é, para evitar o nascimento de
que estende o céu, e que funda a terra, e que crianças deformadas ou retardadas. Nós
forma o espírito do homem dentro dele" ( cristãos, segundo os princípios bíblicos, não
Zacarias 12.1); e mais, "Porque para sempre acatamos tal conceituação, puramente
não contenderei, nem continuamente me humanista. Pessoas retardadas ou deformadas,
indignarei; porque o espírito perante mim se ao nascerem, têm personalidade e
enfraqueceria, e as almas que eu fiz" (Isaías características verdadeiramente humanas. E, por
57.16). conseguinte, têm direito à vida. Abortá-las é
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assassinato. A Bíblia diz: "...e não matarás o razões para a prática do aborto, mas sem
inocente..." (Êx 23.7). qualquer respaldo bíblico. O cristão tem a ver
com Cristo e a Bíblia, e não com o mundo e o
4. "Mataram" Beethoven! Já é conhecido um seu modo de viver e agir. Com exceção do caso
texto em que um professor, desejando mostrar em que a vida não totalmente desenvolvida do
aos alunos como é falha a lógica humana, bebê constitui-se uma ameaça de morte para a
propõe o seguinte caso: "Baseados nas vida plenamente desenvolvida da mãe, não há
circunstâncias que mencionarei a seguir, que motivo justificável à luz da Bíblia para a
conselho dariam a uma certa senhora, grávida realização do abortamento. Todavia, lembremo-
do quinto filho? O marido sofre de sífilis; ela, de nos de uma coisa: "Porque todos devemos
tuberculose. Seu primeiro filho nasceu cego. O comparecer ante o tribunal de Cristo, para que
segundo, morreu. O terceiro nasceu surdo, e o cada um receba segundo o que tiver feito por
quarto é tuberculoso. Ela está pensando meio do corpo, ou bem ou mal" (2 Coríntios
seriamente em abortar a quinta gravidez. Que 5.10). Por isto, devemos agir de acordo com a
caminho vocês lhe aconselhariam?" Os alunos ética cristã, levando-se em consideração,
pensaram e, diante das circunstâncias, sempre, a santidade da vida.
sugeriram que o aborto seria aconselhável para
que não nascesse mais um filho defeituoso. O Pentateuco
professor, então, lhe respondeu: "Se vocês
disseram sim à idéia do aborto, acabaram de Cinco primeiros livros do Antigo Testamento, os
matar o grande compositor Ludwig van cinco livros de Moisés. Na Torah, formam um só
Beethoven". pergaminho contínuo, sem divisão. Na
Septuaginta, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números
CONCLUSÃO e Deuteronômio aparecem separadamente,
como conhecemos atualmente.
Há ainda outros casos em que a sociedade alega

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5 - O CRISTÃO E O PLANEJAMENTO FAMILIAR
INTRODUÇÃO quando se considera que em Abraão e Sara
Há opiniões radicais dos que se opõem estava implícita a linhagem do futuro Messias
tenazmente a qualquer método ou tipo de (Mt 1.1).. Abraão, sentindo-se infrutífero quanto
limitação de filhos por um casal crente. De outro à sua descendência, disse ao Senhor: "Senhor
lado, há os liberalistas temerários, que não Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem
vêem qualquer restrição ética concernente ao filhos..." (Gn 15.2). Em resposta, o Senhor
dito assunto. Os moderados procuram com mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe
humildade e temor de Deus aprender a discernir disse: "Assim será a tua semente..." (Gn 15.5;
o certo e o errado sobre o assunto pela Bíblia e Ler Gn 17.15,16).
a busca da vontade específica do Senhor. Com
muito respeito, santo temor e sinceridade, b) Não ter filhos era sinal de infelicidade.
desejamos abordar o tema, esperando contribuir Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: "Dá-
para o alargamento da visão sobre esse tão me filhos, senão morro" (Gn 30.1). Quando
necessário e pouco estudado tema da ética Deus abriu sua madre, ela exclamou: "Tirou-me
cristã. Deus a minha vergonha" (Gn 30.23). Ana,
mulher de Elcana, também é exemplo do
I. CONCEITOS FUNDAMENTAIS sofrimento e amargura de uma mulher estéril
(Ler 1 Sm 1.7, 10,11, 20).
1. Controle da natalidade. "É o conjunto de
medidas limitadoras, de emergência, incluindo c) Ter família numerosa era sinal de
legislações específicas, que o governo de um bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1
determinado país adota para atingir metas Sm 2.21). Os filhos eram considerados
demográficas restritivas, (isto é, populacionais) presentes ou prêmios da parte do Senhor, como
consideradas indispensáveis ao desenvolvimento diz o salmista: "Eis que os filhos são herança do
sócio-econômico. Isso ocorre por exemplo, na Senhor e o fruto do ventre o seu galardão" (Sl
China e na Índia, onde a população é excessiva 127.3).
em relação aos recursos econômicos".
3. A natalidade no Novo Testamento.
2. Planejamento familiar. É o exercício da
paternidade responsável, e a utilização a) A natalidade enaltecida. "Mas, vindo a
voluntária e consciente por parte do casal, do plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
instrumento necessário ao planejamento do nascido de mulher..." Maria ouviu do anjo:
número de filhos e espaçamento entre uma "Salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita
gestação e outra. és tu entre as mulheres" (Lc 1.28); "Eis que em
teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e
II. VISÃO GERAL À LUZ DA BÍBLIA por-lhe-ás o nome de Jesus" (Lc 1.31). Que
mistério tão grande! "O plano da salvação,
1. Determinação divina (Gn 1.28). Deus previsto antes da fundação do mundo, incluía
criou o homem de modo especial dizendo: uma mulher, uma mãe, um ventre, um seio
"Façamos o homem à nossa imagem, conforme materno" (Lima, p.158).
a nossa semelhança..." (Gn 1.26, 27). "E criou
Deus o homem à sua imagem; à imagem de b) Ter filhos, uma bênção de Deus. Zacarias,
Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus esposo de Isabel, não tinha filhos, pois sua
os abençoou e lhes disse: Frutificai, e mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a" para informar a este sacerdote de avançada
(Gn 1.27,28). Este foi o primeiro mandamento idade que ele seria pai: "Terás prazer e alegria,
dado ao homem pelo Criador após criar o ser e muitos se alegrarão no seu nascimento" (Lc
humano, masculino e feminino. Entretanto, Deus 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus.
não deu um multiplicador. Logo, ter um filho ou Ele colocou um menino no meio das atenções
dois já é multiplicação. No Antigo Testamento, (Mt 18.2,4); recebeu crianças trazidas pelos
não ter filhos era constrangedor (1 Sm 20). pais, toucou-lhes brandamente, abençoando-as
(Lc 18.15-17).
2. A natalidade no Antigo Testamento.
III. UMA ABORDAGEM ÉTICA DA
a) Filhos, uma bênção de Deus. No Antigo LIMITAÇÃO DE FILHOS
Testamento, ter filhos era algo sagrado, uma
bênção de Deus. Sara, esposa do patriarca 1. O cristão e o controle da natalidade. Há
Abraão, sendo estéril, sentiu-se frustrada, países que punem os pais, se nascer mais de um
recorreu a um ato desesperado oferecendo sua filho. Faraó, após a morte de José, decretou um
serva ao marido para que este tivesse um filho controle da natalidade para que não nascessem
com ela, como sendo esse filho do casal. Isso filhos homens entre o povo de Israel no Egito:
resultou em sérias e perpétuas complicações, "E o rei do Egito falou às parteiras hebréias (das
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quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da principalmente dos da sua família, negou a fé e
outra, Puá) e disse: Quando ajudardes no parto é pior do que o infiel" (1Tm 5.8). Esse cuidado
as hebréias e as virdes sobre os assentos, se for tem seu começo na gestação.
filho, matai-o; mas, se for filha, então viva
(Êxodo 1.15,16). E Deus invalidou aquela c) A abstenção permitida. A Bíblia admite a
medida cruel. abstenção sexual do casal, "por mútuo
consentimento", para que ambos se dediquem
2. O cristão e o planejamento familiar. No melhor à oração, num período de tempo (1 Co
Novo Testamento, não há referência expressa a 7.4,5).
ter ou não muitos filhos. Mas os filhos são
galardão do Senhor. "Eis que os filhos são 3. O posicionamento cristão.
herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu
galardão. Como flechas nas mãos do valente, a) A limitação de filhos. A decisão de não ter
assim são os filhos da mocidade" (Salmo filhos precisa ser submetida à soberana vontade
127.3). Para ter filhos, cremos que o casal deve de Deus. Não gerar filhos só porque a mãe não
orar muito, para que nasçam debaixo da bênção quer perder a esbelteza do corpo (por vaidade),
de Deus. E, para não tê-los, deve orar muito porque a vida está difícil ou porque o casal não
mais, para não contrariar a vontade de Deus. quer ter muito trabalho... Quem pensa em
Devem ser considerados os fatores de saúde, casar, deve antes preparar-se para isso, em
alimentação e educação (espiritual e secular), todo o sentido.
pois não é justo que se tragam filhos ao mundo
para vê-los subnutridos, mal-educados e mal- b) O planejamento possível. Isto pressupõe
cuidados. Isso não é amor. uma paternidade responsável diante da lei de
Deus, cujos preceitos, ética e moral devem ser
Orientação quanto à natalidade. Aspectos a conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé,
serem considerados: pois o que não é de fé é pecado (ver Rm
14.23). Ter filho, um após o outro,
a) A vontade de Deus. De uma maneira geral, seguidamente, sem levar em conta suas
o casal, pela união sexual, poderá gerar filhos. É implicações, pode não ser amor; e, sim,
a vontade permissiva do Senhor. Como filhos de carnalidade desenfreada aliada à ignorância. O
Deus, no entanto, devemos estar, acima de Livro Sagrado afirma que "tudo tem seu tempo
tudo, sujeitos à vontade diretiva do Senhor. Ele determinado" (Ec 3.1). Além disso, nos é
nos guia pelo seu Espírito (cf. Rm 8.14). Para oportuna a seguinte ordem: "Examinai tudo.
ter filhos, o cristão deve buscar, por fé, a Retende o bem" (1Ts 5.21). Para ter, ou não,
direção de Deus e não apenas depender do filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao
instinto sexual". Senhor.

b) Alimentação, saúde e educação digna. Da CONCLUSÃO


concepção ao parto, o novo ser precisa ser bem
alimentado, de modo a não desenvolver-se com Os filhos são bênçãos do Senhor (Sl 127.3-5;
deficiências orgânicas que ocasionam danos por 128.3,4) e não devem ser evitados por razões
toda a vida. Se um casal gera um filho doente, egoísticas e utilitaristas. A limitação de filhos por
por subnutrição, ou doença da mãe, vai fazê-lo vaidade é pecado, mas por necessidade, como
sofrer. Filhos mal educados tendem a se no caso de doença da mãe, e que lhe cause risco
converter em pessoas prejudiciais à sociedade e, de vida, cremos ser moralmente justificável;
em escândalo para a igreja do Senhor. Isso não mas isso depende da consciência de cada um
glorifica a Deus. Em 1Timóteo 5.8, lemos: "Mas, diante de Deus, pois, como já foi dito, o que não
se alguém não tem cuidado dos seus, e é de fé é pecado (Rm 14.23).

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6 - O CRISTÃO E A SEXUALIDADE
INTRODUÇÃO e foi a tarde e a manhã: o dia sexto" (Gn 1.31).
O sexo, como já afirmamos, fez e faz parte da
Quando Deus formou o primeiro casal, dotou-o constituição físico-emocional do ser humano,
de estrutura físico-emocional e instinto sexual desde a criação. Logo, não é correto concebê-lo
que o capacitam para a reprodução e como algo imoral, feio, vulgar e pecaminoso.
preservação da espécie humana. O propósito de Deus não faria nada ruim. Ele planejou e formou
Deus é que os filhos procedam do casamento e o homem, a "coroa da criação", numa
não de outra maneira. A quebra dessa lei resulta totalidade, incluindo o sexo. O que tem
em frutos amargos para a família. Deus assim arruinado o sexo e o tornado repulsivo por
dotou o homem para propósitos específicos, muitos é o seu uso ilícito, antibíblico,
puros e elevados. Portanto, a sexualidade é antinatural, anticristão, anti-social e
parte natural e integrante do ser humano. No subhumano. Demônios podem atuar no ser
casamento, a sexualidade exerce papel humano na área do sexo (Os 4.12;5.4).
fundamental e indispensável para o bom
relacionamento entre os cônjuges e, como já foi 2. Suas finalidades. A união conjugal pautada
dito, para a perpetuação do gênero humano, nas Sagradas Escrituras propicia:
circunscrita ao plano de Deus para o
matrimônio. Vamos refletir um pouco nesta lição a) A procriação (Gn 1.27,28; Sl 139.13-16).
sobre esse importante assunto. A procriação é o ato criador do Eterno através
do homem. Ele dotou o homem de capacidade
I. VISÃO BÍBLICA DO SEXO reprodutiva, instituiu o matrimônio e a família,
visando a legitimação desse maravilhoso e
1. O sexo foi feito por Deus. Deus fez o sublime processo que a mente dos mortais
homem, incluindo o sexo e "viu que tudo era jamais poderá explicar. "Frutificai e multiplicai-
bom" (Gn 1.31). As mãos que fizeram os olhos, vos", foi a ordem do Criador (Gn 1.27,28).
o cérebro, também fizeram os órgãos sexuais.
Aquele que criou a mente, criou também o b) O ajustamento do casal. Em 1 Coríntios
instinto sexual. No princípio, ao ser criado, o 7.1-7, vemos uma orientação bíblica muito
sexo era puro e sem pecado. Mas, com a importante do apóstolo Paulo no que diz respeito
transgressão de Adão no Éden, todas as à intimidade conjugal. O apóstolo, nesta
faculdades do homem foram afetadas pelo passagem, considera os seguintes princípios:
pecado, inclusive o sexo.
Prevenção (v.2): "mas, por causa da
2. O homem participando da criação. Deus prostituição, cada um tenha a sua própria
quis em sua soberania que o homem desse mulher e cada uma tenha o seu próprio marido".
continuidade à espécie, macho e fêmea, Com isso, evita-se o adultério e a prostituição.
indicando a clara e inequívoca diferenciação
entre os sexos (ver Gn 1.27). Mútuo dever (v.3): "O marido pague à mulher
a devida benevolência e, da mesma sorte, a
3. A intimidade e interação sexual é mulher ao marido". É o dever do amor conjugal,
privativa dos casados. A ordem de crescer e no que tange ao atendimento das necessidades
multiplicar não foi dada a solteiros, mas a sexuais, a que tem direito cada cônjuge.
casados (Gn 1.27,28). Deus não quis que o
homem vivesse só e lhe deu uma esposa, já Autoridade mútua (v.4): "A mulher não tem
formada, preparada para a união conjugal. O poder sobre seu próprio corpo, mas tem-no o
ensino bíblico é que o homem deve desfrutar o marido; e também, da mesma maneira, o
sexo com a esposa de modo normal, racional, marido não tem poder sobre seu próprio corpo,
sadio e amoroso não com a namorada ou noiva. mas tem-no a mulher". Não se trata aqui, da
Em Cantares de Salomão, tem-se a exaltação do autoridade por imposição, pela força, mas sim
amor conjugal. Este, não ocorre entre solteiros pelo amor conjugal. Diga-se também que o
(Ct 4.1-12; Ef 5.22-25). Pesquisas indicam marido não pode abusar da esposa, praticando
que 50% dos jovens evangélicos já praticaram atos ilícitos, carnais, abusivos e subhumanos, ou
sexo antes do casamento. Isso é pecado grave vice-versa.
contra o próprio corpo, contra o Criador, contra
a Palavra de Deus, contra o próximo, contra a Abstinência consentida (v.5): Isto é
Igreja e contra a família. importante no relacionamento do casal. Os
cônjuges podem abster-se, por algum tempo, da
II. O SEXO E A VIVÊNCIA CRISTÃ prática sexual, mediante o consentimento
mútuo. Não pode haver imposição de um sobre
1. Sua natureza. Quando terminou de criar o outro. Caso decidam separar-se no leito
todas as coisas (incluindo o homem), "viu Deus conjugal, devem fazê-lo sob as seguintes
tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom condições: que haja concordância entre ambos,
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e que haja sabedoria quanto ao tempo extramarital.
determinado para dedicarem-se à oração e à
disciplina da vontade (de ambos). 1. Fornicação. Prática do sexo entre solteiros
ou entre casado e solteiro. O fornicário não
c) A satisfação amorosa do casal. Existem entra no céu (Ap 21.8; Gl 5.19 e 1 Co 6.18).
seitas ou religiões e, até evangélicos, que
proíbem o prazer do sexo alegando que a 2. Adultério. Relação sexual de casados com
finalidade deste é somente a procriação. Isso pessoas que não são seus cônjuges (Mt 5.27;
não tem base na Bíblia. Vários textos nos Mc 10.9 e Rm 13.9). É grave e desastroso
mostram que Deus reconhece o direito de o pecado (Pv. 5.1-5).
casal usufruir desse prazer. Em Provérbios
5.18-23, o sábio recomenda aos cônjuges que 3. Prostituição. Em sentido geral, envolve
desfrutem do sexo, sem referir-se, neste caso, todas as práticas sexuais pecaminosas. Em
ao ato procriativo. Nesta passagem, porém, o sentido estrito, é a intimidade sexual com
homem é advertido quanto à "mulher estranha", prostitutas e a infidelidade conjugal. Deus a
a adúltera; e é incentivado a valorizar a união proíbe com veemência (Dt. 23. 17); é grave
conjugal honesta e santa, exaltando a pecado (Co 6.16); é insanidade, loucura,
monogamia, a fidelidade (ver Ec 9.9; Ct 4.1- estupidez e torpeza (Pv 7. 4-10; 1 Co 6.15-
12;7.1-9). No Antigo Testamento, a "lua-de- 18).
mel" durava um ano! (Dt 24.5).
4. Homossexualismo. É a prática sexual entre
3. Ante a lei divina. A vida sexual do casal, na pessoas do mesmo sexo. Contrariando a opinião
ótica bíblica: de muitos, a Bíblia condena, pois é abominação
ao Senhor (Lv 20.13; 18.22; Dt 23.17,18),
a) Deve ser exclusiva ou monogâmica. Deus perversão sexual de Sodoma - sodomia (Gn
condena de forma veemente a poligamia (Gn 19.5). Deus destruiu cidades por causa disso
2.24; Pv 5.17). (Dt 23.17). Não entram no Reino de Deus os
que praticam tais atos (1 Co 6.9,10).
b) Deve ser alegre. O casal tem direito de
usufruir do contentamento propiciado pela 5. A masturbação. Há ensinadores que não a
intimidade matrimonial (Pv 5.18). consideram pecado de forma alguma. Outros,
dizem que é totalmente errado. Outros, ainda,
c) Deve ser santa (1 Pe 1.15 e 1 Ts 4.4-8). dizem que, se não for por vício, mas por
A santidade se aplica também ao nosso corpo, necessidade, torna-se moralmente justificável.
uma vez que o Espírito Santo habita em nós (1 De qualquer forma, é pecado, por contrariar o
Co 6.19,20), razão pela qual toda e qualquer plano de Deus, pois o sexo não deve ser egoísta,
prática sexual ilícita (aberrações, bestialidade mas partilhado com outra pessoa, no âmbito do
etc.) não devem ser permitidas; além de casamento. A masturbação está sempre
pecaminosas, não contribuem para o associada a fantasias sexuais.
ajustamento espiritual do casal.
CONCLUSÃO
d) Deve ser natural (Ct 2.6; 8.3). As relações
sexuais anal e oral são antinaturais e Os preceitos bíblicos que dão conta da
subhumanas, portanto, reprováveis. Os pecados sexualidade se identificam com o que Jesus
do sexo são responsáveis por muitas doenças, chamou de "caminho estreito", o qual poucos se
inclusive as denominadas "sexualmente dispõem a palmilhar. No mundo hodierno, onde
transmissíveis (DST) que vêm ceifando milhões os meios de comunicação em massa aprovam,
de vidas no mundo inteiro, principalmente a promovem, incentivam e exaltam o erotismo,
AIDS. Essas práticas sexuais reprováveis estão sensualidade, a prostituição e o sexo fora do
sujeitas a juízo (Hb 13.4). casamento, de modo irresponsável e
pecaminoso é necessário que o cristão tome
III. O SEXO FORA DO CASAMENTO É posição firme e consciente. Ele deve orientar-se
PECADO pelos princípios morais e éticos, para a
sexualidade, à luz da Palavra de Deus.
Sexo premarital é pecado e, igualmente o

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7 - O CRISTÃO E O DIVÓRCIO
INTRODUÇÃO 22.28,29).

Na sociedade em geral, o divórcio tem gerado II. O DIVÓRCIO NOS EVANGELHOS


polêmicas. Nesta lição, queremos partilhar o que
temos apreendido da Palavra de Deus, com Conforme a narrativa dos evangelhos,
relação a esse assunto, que tem preocupado especialmente o de Mateus, os fariseus queriam
muitas famílias e a liderança cristã. Vale colocar Jesus num dilema, forçando-o a
salientar que já é grande o número de responder sobre algo que implicaria ter ele um
divorciados no meio evangélico, e que esses conceito muito rigoroso ou muito frouxo sobre o
raramente se preocuparam em considerar o difícil tema do divórcio. Jesus, porém, estava
assunto segundo a Bíblia na época apropriada. ciente de suas maldosas intenções. Eles
Há uma lei maior acima da Constituição sobre o maliciosamente indagaram: "É lícito ao homem
divórcio - A Bíblia, que a Igreja precisa repudiar sua mulher por qualquer motivo?" (Mt
considerar e à ela ater-se. 19.3b). Antes de dar-lhes uma resposta
imediata e direta, o Mestre relembrou-lhes a
I. O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO verdade das Escrituras enfatizando o propósito
da criação de dois sexos que era a solidariedade,
A lei de Moisés prescreve as razões para o a estabilidade e a felicidade da raça humana
divórcio em termos tão gerais que torna-se difícil mediante a união física do homem e da mulher.
explicar os motivos que o justificam. Vejamos: Ele disse: "Portanto, deixará o varão seu pai e
sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão
1. Motivos que ensejavam o divórcio. ambos uma carne" (Gn 2.24). Nessa união
(apego), não são dois, mas uma só carne, e
a) "Por qualquer motivo". Lemos em concluiu: "Portanto, o que Deus ajuntou não o
Deuteronômio 24.1: separe o homem" (Mt 19.6). Considerando que
o propósito de Deus exigia que o homem e a
"Quando um homem tomar uma mulher e se mulher fossem uma só carne, qualquer ruptura
casar com ela, então será que, se não achar no casamento contraria a vontade de Deus.
graça em seus olhos, por nela achar coisa feia,
ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua Insatisfeitos, os fariseus fazem uma pergunta
mão, e a despedirá da sua casa". Não era por suplementar: "Então, porque mandou Moisés
infidelidade, pois a adúltera teria que ser morta, dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?" (Mt
e não divorciada (Ler Lv 20.10; Dt 22.20-22). 19.7). Note-se que a pergunta inicial não
O Talmude (coletânea de interpretações da lei questionava o divórcio em si, mas se ele era
pelos rabinos) explica que "coisa feia" era o lícito por qualquer motivo. Eles queriam dizer
homem ver algo em sua esposa que não lhe que o Mestre estava contrariando a lei ao
agradava. Neste caso, a separação poderia questionar a decisão de Moisés. Jesus explicou
ocorrer por motivos banais, injustificáveis. que Moisés permitiu dar carta de repúdio às
mulheres, por causa da dureza dos corações, o
b) Casamento misto. Neste caso, o próprio Deus que os tornava insensíveis. Moisés visou
determinou o divórcio ou o repúdio às esposas proteger as mulheres do abandono pelos
estranhas à linhagem de Israel, no retorno do maridos de coração duro, o que as exporia à
exílio babilônico (ver Ed 9 e 10; Ne 13.23). prostituição e à miséria. Com a carta, estariam
livres para uma outra união. Entretanto, Jesus
2. Carta de divórcio. A carta de divórcio era quis externar sua doutrina, de "caráter
um documento legal, fornecido pelo marido à permissivo" acrescida de uma exceção. Ao invés
mulher repudiada. Esta, então, ficaria livre para de satisfazer o desejo dos fariseus, que
casar-se de novo: "ele lhe fará escrito de admitiam o divórcio por qualquer motivo, o
repúdio e lho dará na sua mão, e a despedirá da Mestre disse: "Eu vos digo, porém, que qualquer
sua casa" (Dt 24.1b). A mulher repudiada, por que repudiar sua mulher, não sendo por causa
apresentar "coisa feia", ou "coisa indecente", de prostituição, e casar com outra, comete
recebia, humilhada, "o escrito de repúdio"; no adultério; e o que casar com a repudiada
entanto, podia "se casar com outro homem" (Dt também comete adultério" (Mt 19.9). A palavra
24.2). grega para prostituição é porneia, que aparece
26 vezes no Novo Testamento, significando
A Lei de Moisés prescreve duas situações em prostituição, incastidade, fornicação, adultério,
que o homem não podia conceder o divórcio à imoralidade.
esposa: 1) quando sua esposa fosse acusada
falsamente de pecado sexual pré-marital pelo III. O DIVÓRCIO NAS EPÍSTOLAS
marido ( Dt 22.13-19); e 2) quando um
homem desvirginasse uma jovem, e o pai dela o 1. Morte para a lei (Rm 7.1-3). Há quem use
compelisse a desposá-la (Êx 22.16,17; Dt essa passagem como argumento contrário ao
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divórcio. Aqui, o apóstolo Paulo se dirige aos em habitar com ela, não o deixe". Mas, há casos
judeus crentes ("pois falo aos que sabem a lei"), em que a convivência do crente com o descrente
mostrando-lhes que não mais estão sujeitos à (ou desviado), torna-se uma verdadeira
lei, pois, a exemplo de uma mulher viúva, estão escravidão. Não deve partir do fiel a iniciativa da
livres para outro casamento, isto é, para separação, mas se o cônjuge descrente quiser a
pertencer a outro, que é Cristo. O texto, na separação, o crente não pode ficar "sujeito à
realidade, não trata do divórcio. servidão" (v.15). Após o tal divórcio, o cristão
fica livre para casar-se de novo. "Nesse caso, o
2. Aos casais crentes (1 Co 7.10). "Todavia, crente fiel já não está escravizado aos seus
aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que votos conjugais" (Bíblia de Estudo Pentecostal,
a mulher se não aparte do marido. Se, porém, CPAD).
se apartar, que fique sem casar ou que se
reconcilie com o marido; e que o marido não CONCLUSÃO
deixe a mulher". Esta passagem refere-se aos
"casais crentes", os quais não devem divorciar- A igreja deve, buscando ao Senhor, sempre
se. Essa é a "regra geral". Se não houver algum ajudar a salvar os casamentos em perigo,
dos motivos permissivos (Mt 19.9 e 1 Co enquanto procura desestimular o divórcio.
7.15), não há qualquer justificativa para o casal
se divorciar, mas em caso de desarmonia, Exílio babilônico
buscar o caminho da reconciliação.
Em 606 antes de Cristo, o rei Nabucodosor (e
3. Aos casais mistos (1 Co 7.12,13). "Mas, seu exército) invadiu e destruiu Jerusalém e o
aos outros, digo eu, não o Senhor: se algum Templo de Salomão e levou Judá para o
irmão tem mulher descrente, e ela consente em cativeiro, na Babilônia, inclusive Daniel, o
habitar com ele, não a deixe. E se alguma profeta. Setenta anos depois (536 aC.) deu-se o
mulher tem marido descrente, e ele consente retorno.

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8 - O CRISTÃO E A PENA DE MORTE
INTRODUÇÃO mais alto. Assim, "prevaricaram os filhos de
Israel no anátema; porque Acã, afilho de Carmi,
Secularmente, a pena capital é tema de filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá,
abordagem complexa, polêmica e controversa. tomou do anátema, e a ira do SENHOR se
Entretanto, desejamos refletir sobre a mesma, acendeu contra os filhos de Israel" (Js 7.1):
partindo de um embasamento bíblico-teológico, Israel foi derrotado diante de um pequeno
à luz da ética cristã. No primeiro versículo da exército da Cidade de Aí. Mais ainda: a pena de
leitura bíblica em classe, a frase "não matarás" morte foi o castigo não só para o desobediente
no original tem a ver com morte premeditada, Acã; toda sua família, de igual modo, pereceu
deliberada, proposital, dolosa. (Js 7.15). "...E disse Josué: Por que nos
turbaste? O SENHOR te turbará a ti este dia. E
I. A PENA DE MORTE NO ANTIGO todo o Israel o apedrejou com pedras, e os
TESTAMENTO queimaram a fogo e os apedrejaram com
pedras" (Js 7.24,25).
1. Pacto com Noé. Na aliança firmada entre
Deus e Noé (e sua descendência), a pena de II. A PENA DE MORTE NO NOVO
morte já aparece de modo claro e direto: "Quem TESTAMENTO
derramar o sangue do homem, pelo homem o
seu sangue será derramado; porque Deus fez o 1. Nos Evangelhos.
homem conforme a sua imagem" (Gn 9.6).
Certamente, o Senhor teve em mente dissuadir a) Cumprindo a lei. Passa despercebido o fato
os que quisessem continuar com a maldade e a de que, em todo o decurso do ministério de
violência perpetrada contra seus semelhantes, Cristo na Terra, Ele trouxe uma nova aliança de
como na civilização antediluviana, quando a Deus com o homem. Uma nova doutrina de
maldade do homem se multiplicara (Gn 6.5), e amor e graça salvadora, ao mesmo tempo em
perpetraram-se assassinatos por coisas banais. que cumpria a lei de Moisés. Assim, Ele deu
"E disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zilá, respaldo à pena imposta pelo Sinédrio, quando
ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, diz: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
escutai o meu dito: Porque eu matei um varão, matarás; mas qualquer que matar será réu de
por me ferir, e um jovem, por me pisar" juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que,
(Gênesis 4.23). sem motivo, se encolerizar contra seu irmão
será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu
2. Lei de Moisés. A pena de morte não só era irmão raca será réu do Sinédrio; e qualquer que
praticada, como também foi ampliada para lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno"
muitos delitos: homicídio doloso "Quem ferir (Mt 5.21,22).
alguém, que morra, ele também morrerá;
porém, se lhe não armou ciladas, mas Deus o b) Pena mais rigorosa. Sem dúvida, ser "réu
fez encontrar na suas mãos, ordenar-te-ei um de juízo" (v. 21), para o homicida, era ser morto
lugar para onde ele fugirá. Mas, se alguém se também (Êx 21.12-14). Na lei de Cristo, para
ensoberbecer contra seu próximo, matando-o ser "réu de juízo" não precisava ser um
com engano, tirá-lo-ás do meu altar para que assassino, mas até quem se encolerizasse contra
morra"(Êxodo 21.12-14); adultério "Também o seu irmão. Jesus deu respaldo à pena capital, ao
homem que adulterar com a mulher de outro, mesmo tempo em que mandou amar os inimigos
havendo adulterado com a mulher de seu (Mt 5.44) e, dar a outra face a quem bater
próximo, certamente morrerão o adúltero e a numa? (Lc 6.29). Tudo deve ser entendido à luz
adúltera..."(Levíticos 20.10-21); seqüestro dos respectivos contextos. Jesus ministrava
(Êx 21.16; Dt 24.7); homossexualismo (Lv ensinos de amor, justiça e paz, como regra geral
18.22;20.13); sexo com animais - bestialidade para seus seguidores. Entretanto, Ele admitia a
(Êx 22.19); falsas profecias (Dt 13.1-10); punibilidade e o castigo através da autoridade
blasfêmia (Lv 24.11-14); sacrifícios a deuses legalmente constituída, contra os transgressores
estranhos (Êx 22.20); profanação do dia de da lei. Jesus não doutrinou contra a pena de
descanso (Êx 35.2; Nm 15.32-36); morte. Ele mesmo submeteu-se a ela,
desobediência contumaz aos pais (Dt 17.12; cumprindo toda a lei (ver Mt 5.17; Gl 3.13).
21.18-21). "Mas, se houver morte, então, darás Além disso, em Êxodo 20.13, o verbo matar
vida por vida, olho por olho, dente por dente, ("Não matarás"), no original, corresponde a
mão por mão, pé por pé" (Êx 21.23,24). matar dolosamente.

3. O caso de Acã. Após a conquista de Jericó, c) O episódio da mulher adúltera (Jo 8.1-
Josué determinou uma interdição, sob anátema, 11). Desse episódio têm se apropriado os
segundo a qual nenhum israelita poderia tocar e críticos da pena de morte, argumentando que
se apropriar dos despojos daquela cidade Jesus, ao invés de apoiar os acusadores, antes,
maldita. Entretanto, a cobiça, às vezes, fala perdoou a mulher, livrando-a,
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consequentemente, do apedrejamento previsto autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
em lei. É necessária uma leitura mais demorada Porque ela é ministro de Deus para teu bem.
do texto. Primeiro, foram os fariseus que Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
trouxeram a mulher. Eram acusadores. Mas, debalde a espada; porque é ministro de Deus e
onde estavam as testemunhas, exigida pela lei? vingador para castigar o que faz o mal" (Rm
"Todo aquele que ferir a alguma pessoa, 13.1-4). Aí, vemos que a autoridade constituída
conforme o dito das testemunhas, matarão o (o princípio da autoridade) emana de Deus; e os
homicida; mas uma só testemunha não magistrados, quando atuam legitimamente, com
testemunhará contra alguém para que integridade e parcialidade totais, estão agindo
morra"(Nm 35.30). Segundo, a lei dizia que legitimados pela autoridade do Todo-Poderoso,
deveriam ser condenados à morte o adúltero e a trazendo a "espada" (pena de morte).
adúltera (Lv 20.10), mas só trouxeram a
mulher. Se Jesus houvesse aprovado o CONCLUSÃO
apedrejamento, seria acusado de parcialidade e
descumprimento da lei. Logo, o Mestre cumpriu Há respaldo bíblico para a pena de morte, não
formalmente a lei, não aceitando a acusação como regra, mas como exceção. Devido às suas
ilegítima, e aplicou soberanamente a lei da graça falhas, erros, fraquezas e também leniência (por
e do seu sublime amor, não condenando a opção, por decisão nacional, por consenso etc.),
pecadora, mas exortando-a a deixar o pecado. o sistema judicial de várias nações evita a pena
capital e, arbitra então pela perda da liberdade
2. Em Atos dos Apóstolos. No capítulo 5, do delinqüente - a prisão temporária, ou mesmo
vemos o caso de Ananias e Safira, sua esposa: a prisão perpétua. "Visto como não se executa
ambos fulminados um após o outro, por terem logo juízo sobre a má obra, por isso o coração
mentido, usando de falsidade ideológica, num dos filhos dos homens está inteiramente
ato indigno, de apropriação indébita do dinheiro disposto para praticar o mal"(Eclesiastes
que não lhes pertencia (Caso isso voltasse a 8.11). Confira ainda, Isaías 26.9,10.
acontecer, só Deus sabe quantos seriam
destruídos). Notemos que Deus aplicou a pena Pacto
capital através dos apóstolos, fato que não
voltou a ocorrer na Igreja Primitiva. Certamente Acordo firmado entre Deus e os homens,
isso aconteceu para mostrar que os praticantes visando abençoar aos que o obedecem e
de pecados desta natureza são passíveis de guardam os Seus mandamentos. A base dos
juízo, caso não se arrependam. pactos, conhecidos também como alianças, é o
amor divino. É um compromisso gracioso da
3. Nas epístolas. Doutrinando sobre as parte do Senhor, pelo qual nos concede favores
relações entre o cristão e o Estado, o apóstolo imerecidos.
Paulo escreveu: "Toda alma esteja sujeita às
autoridades superiores; porque não há Homicídio Doloso
autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus. Crime em que o homicida age premeditada,
Por isso, quem resiste à autoridade resiste à intencional e voluntariamente. O criminoso
ordenação de Deus; e os que resistem trarão assume o propósito deliberado de destruir a vida
sobre si mesmos a condenação. Porque os alheia, infringindo o sexto mandamento (Êx 20.
magistrados não são terror para as boas obras, 13) e as leis temporais.
mas para as más. Queres tu, pois, não temer a

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9 - O CRISTÃO, A EUTANÁSIA E O SUICÍDIO
INTRODUÇÃO alusão a respeito".

Um crente em Jesus está na UTI, e os médicos O argumento em favor da eutanásia, alegando


concluem que não há mais solução para sua que deixar alguém sofrendo sem a mínima
doença. Todos os esforços serão inúteis. O que perspectiva de sobrevivência é menos moral do
fazer? Continuar com o tratamento custoso? que acelerar a morte para tal pessoa, é humano
Desligar os aparelhos? Muitos têm recorrido ao e não tem base bíblica. "Matar por misericórdia",
suicídio, como se fosse uma porta de mesmo com consentimento de quem está
emergência para escapar da dor. O que sofrendo, não é moralmente correto, e tal
podemos dizer como cristãos acerca disso? pedido eqüivale ao suicídio. Assim, quem pratica
esse tipo de eutanásia é cúmplice de suicídio. A
I. O CRISTÃO E A EUTANÁSIA vida é santa em si e em sua finalidade. Somente
Deus pode e tem o direito de dar a vida e de
1. O que significa? A palavra "eutanásia" vem tornar a tirá-la. O nosso dever é aliviar o
de dois termos gregos: eu, com significado de sofrimento das pessoas por outros métodos e
"boa" e thánatos, que significa "morte". Do que não tirando-lhes a vida.
resulta o termo eutanásia, sugerindo a idéia de
"boa morte". Tal conceito é aplicado aos casos Ao contrário, devemos envidar todo esforço na
em que o médico, usando meios a seu dispor, tentativa de sua cura, seja por medicamentos,
leva o paciente à "morte misericordiosa", pondo seja pela oração da fé "...e a oração da fé
fim ao seu sofrimento. salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se
houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
2. A eutanásia ativa. É aquela em que o Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai
médico, a pedido do paciente, ou de familiares, uns pelos outros, para que sareis; a oração feita
através da aplicação de algum tipo de agente por um justo pode muito em seus efeitos"
(substância, medicamento, etc.) leva o doente à (Tiago 5.15,16).
morte, evitando o seu sofrimento. Há quem
defenda essa prática, sob o argumento de que II. O CRISTÃO E O SUICÍDIO
"não se deve manter artificialmente a vida
subumana ou pós-humana vegetativa", e que se 1. O suicídio na Bíblia. Nas Escrituras,
deve evitar o sofrimento dos pacientes encontramos o registro de alguns casos de
desenganados, com moléstias prolongadas tais suicídio. Em todos eles, vemos que seus
como câncer, AIDS e outras. protagonistas foram pessoas que deixaram de
lado a voz do Senhor, e desobedeceram à sua
3. O posicionamento bíblico. Palavra:

a) "Não matarás". A Bíblia diz: "Não a) O exemplo de Saul. Foi um rei fracassado,
matarás..." (Êx 20.13). Daí, a ação do médico, que deixou o Senhor, e foi em busca de uma
tirando a vida do paciente, equiparar-se a um médium espírita (cf. 1 Sm 28.1-19; 31.1-4; 1
assassinato; a um homicídio. "Tradicionalmente, Cr 10.13,14).
se reconhece que a eutanásia é um crime contra
a vontade de Deus, expressa no decálogo, e b) O exemplo de Aitofel. Foi um conselheiro
contra o direito de vida de todos os seres de Absalão, orgulhoso, que se matou por ver
humanos". Lemos em 1 Sm 2.6: "O Senhor é o que sua palavra fora suplantada por outro. (2
que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e Sm 17.23).
faz tornar a subir dela". A vida do homem não
lhe pertence. Recebeu-a para administrar e deve c) O exemplo de Zinri. Um rei sem qualquer
fazê-lo como bom administrador ou mordomo, a temor de Deus, que usurpou o trono por traição
fim de, no futuro, prestar contas ao seu legítimo e matança, e que por fim se matou, quando se
dono, Deus. viu derrotado pelo exército inimigo (1 Rs
16.18,19).
b) Há a possibilidade do milagre. E se Deus
quiser realizar um milagre? A fé passa por cima d) O exemplo de Judas Iscariotes. Após trair
de todas as impossibilidades "Ora, a fé é o firme Jesus, foi dominado por um profundo remorso,
fundamento das coisas que se esperam e a e, ao invés de pedir perdão ao Senhor, foi-se
prova das coisas que não se vêem. Porque, por enforcar.
ela, os antigos alcançaram testemunho"
(Hebreus 11.1,2). Certamente, o Juramento 2. O caso de Sansão. Ele caiu nos braços de
de Hipócrates, proclamado pelos médicos, uma prostituta, chamada Dalila (Jz 14.3;
deve ser considerado, prescrevendo que os 16.11). Traído por ela, foi levado ao cárcere.
mesmos não devem "dar remédio letal a quem Numa festa ao deus Dagon, foi apresentado
quer que o peça, tampouco... fazer alguma como troféu, e fez o templo desmoronar sobre
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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
ele e seus inimigos.
b) Devemos amar a nós mesmos (Mt 22.39;
Há quem cite o caso de Sansão (Jz 16.30) Ef 5.29);
como exemplo de suicídio aprovado por Deus.
Quem pensa assim desconhece toda a história c) É falta de confiança no Deus, visto que Ele
de Sansão e sua era teocrática. Há casos em pode nos ajudar (Rm 8.38,39);
que uma pessoa morre, sacrificando-se por
outra ou por outras. Um bombeiro entra no fogo d) Devemos lançar as nossas ansiedades
e salva várias pessoas, mas ele morre; um sobre o Senhor, e não na morte (1 Jo 1.7; 1
soldado lança-se sobre uma granada, impedindo Pe 5.7).
que muitos companheiros pereçam. Isso não é
suicídio. É sacrifício. Ver o caso da rainha Ester O ser humano deve respeitar seu corpo como
(Ef 4.11-15). propriedade de Deus. Por isso, não compete ao
homem tirar a sua vida. Ao contrário, tudo ele
3. Sugestão de uma esposa sem fé. A mulher deverá fazer para protegê-la.
de Jó sugeriu, diante de seu sofrimento, que ele
amaldiçoasse a Deus e morresse (se suicidasse). CONCLUSÃO
Ele, porém, não aceitou tal idéia, e de modo
resignado, confiou integralmente no Senhor. Esperamos que estes subsídios contribuam para
uma reflexão mais aprofundada dos assuntos
4. O posicionamento cristão. A vida é estudados, na busca de respostas mais
sagrada e somente Deus pode dar e tirar a vida. consistentes em relação aos problemas éticos
Moisés pediu a Deus que tirasse a sua vida (Nm que são verdadeiros desafios à igreja do Senhor,
11.15). O profeta Elias também fez o mesmo principalmente no início de um novo milênio,
pedido (1Rs 19.4) e da mesma forma o profeta quando os mais diversos e inusitados
Jonas (Jn 4.3). Deus não atendeu a nenhum questionamentos inquietam os servos de Deus.
desses pedidos. Isso mostra que a vida pertence
a Deus e não a nós mesmos. Deus sabe a hora Juramento de Hipócrates
em que a vida humana deve cessar, e Ele é o
soberano de toda a existência. Maior médico da Antiguidade, o grego Hipócrates
(460-377AC), iniciador da observação clínica,
As Sagradas Escrituras condenam o suicídio deixou um código de princípios aos seus
pelos seguintes motivos: discípulos, e que o médico, ao formar-se, jura
cumprir.
a) É assassinato de um ser feito à imagem
de Deus (Gn 1.17; Êx 20.13; Jo 10.10);

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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
10 - O CRISTÃO E AS FINANÇAS
INTRODUÇÃO recebe salário está usando de má fé, roubando e
insultando os que trabalham.
O dinheiro pode ser bênção ou maldição,
dependendo do uso que dele fazemos. Se o 2. Fugindo de práticas ilícitas. O cristão não
fizermos de modo judicioso e para glória de dever recorrer a meios ou práticas ilícitas para
Deus e expansão do seu reino, com gratidão ganhar dinheiro, como o jogo, o bingo, a rifa,
pelos bens adquiridos, seremos recompensados loterias, e outras formas "fáceis" de buscar
pelo Senhor. Que possamos utilizar nossos riquezas. Em Provérbios, lemos: "O homem fiel
recursos financeiros de modo honesto, como abundará em bênçãos, mas o que se apressa a
verdadeiros mordomos de nosso Senhor Jesus enriquecer não ficará sem castigo" (Pv 28.20).
Cristo. Saiba-se que a avareza é uma forma de O cristão também não deve freqüentar casas de
idolatria (Cl 3.5). jogos, como cassinos e assemelhados. Esses
ambientes estão sempre associados a outros
I. TUDO O QUE SOMOS E TEMOS VEM DE tipos de práticas desonestas, como prostituição
DEUS e drogas.

1. Somos seus filhos. Todas as pessoas 3. Fugindo da avareza. Avareza é o amor ao


pertencem a Deus, por direito de criação (cf. Sl dinheiro. É uma escravidão ao vil metal. Diz a
24.1). Nós cristãos, temos algo a mais, pois Bíblia: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de
somos filhos de Deus por criação, mas também toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se
por redenção e ainda por direito de , através da desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos
nossa fé em Jesus: "Mas a todos quantos o com muitas dores" (1Tm 6.9,10). Deus não
receberam deu-lhes o poder de serem feitos condena a riqueza em si, mas a ambição, a
filhos de Deus: aos que crêem no seu nome" (Jo cobiça, a exploração, a usura e a avareza.
1.12). Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo,
antes e depois de sua provação (Jó 1.3, 10);
2. Deus nos dá todas as coisas. Na condição Davi, Salomão e outros reis acumularem muitas
de filhos, Deus nos concede todas as bênçãos riquezas, e nenhum deles foi condenado por
espirituais de que necessitamos (Ef 1.3; Fp isso. O que Deus condena é a ganância, a
4.19; Tg 1.17) e também nos confere as ambição desenfreada por riquezas (cf. Pv
bênçãos materiais. No Pai Nosso, lemos: "O pão 28.20).
nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mt 6.11). Nos
salmos, está escrito: "quem enche a tua boca de 4. Fugindo da preguiça. O trabalho diuturno
bens, de sorte que a tua mocidade se renova deve ser normal para o cristão. A preguiça não
como a águia" (Sl 103.5). Os não-crentes têm condiz com a condição de quem é nascido de
as coisas por permissão de Deus, sejam ricos ou novo. Jesus deu o exemplo, dizendo: "Meu Pai
pobres. Nós, seus filhos, temos as coisas, trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo
incluindo o dinheiro, como dádivas de sua mão. 5.17). O livro de Provérbios é rico em
Davi tinha essa visão, quando disse: "Porque exortações contra a preguiça e o preguiçoso (Pv
tudo vem de ti, e da tua mão to damos" (1 Cr 6.9-11).
29.14).
III. COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZAR O
II. COMO DEVEMOS GANHAR O "NOSSO" DINHEIRO
DINHEIRO?
1. Na igreja do Senhor. Um velho pastor dizia:
1.Com trabalho honesto. A ética bíblica nos "O dinheiro de Deus está no bolso dos crentes".
orienta que devemos trabalhar com afinco para De fato, Deus mantém sua igreja, no que tange
fazermos jus ao que percebemos. Desde o à parte material, através dos recursos que Ele
Gênesis, vemos que o homem deve empregar mesmo concede a seus servos.
esforço para obter os bens de que necessita.
Disse Deus: "No suor do teu rosto, comerás o a) Pagando os dízimos do Senhor. Em
teu pão..." (Gn 3.19a). O apóstolo Paulo primeiro lugar, os crentes devem pagar os
escreveu, dizendo: "Porque bem vos lembrais, dízimos devidos para a manutenção da Obra do
irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, Senhor (cf. Ml 3.10; Mt 23.23). A obediência a
trabalhando noite e dia, para não sermos essa determinação bíblica redunda em bênçãos
pesados a nenhum de vós, vos pregamos o abundantes da parte de Deus (Ml 3.10,11). É
evangelho de Deus" (1 Ts 2.9); "e procureis bom lembrar que devemos dizimar do total
viver quietos, e tratar dos vossos próprios bruto da nossa renda, e não do líquido; deve ser
negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, das "primícias da renda" (Pv 3.9,10). Os
como já vô-lo temos mandado" (1 Ts 4.11). "Se dízimos devem ser levados "à casa do tesouro",
alguém não quiser trabalhar, não coma ou seja, à tesouraria, por meio da entrega na
também"(2 Ts 3.10). Daí, o preguiçoso que igreja local. É errado o próprio crente
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administrar o dízimo, repartindo com hospitais, c) Comprar à vista, se possível. Faz bem quem
construções, campanhas, obras assistenciais, só compra à vista. Se comprar a prazo, é
creches ou pessoas carentes. Deus disse: necessário, que o crente avalie sua renda e,
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para quanto vai se comprometer com a prestação
que haja mantimento na minha casa..." (Ml assumida, incluindo os juros. É importante que
3.10a). Cabe à igreja sua devida e íntegra se faça um orçamento familiar em que se
administração. observe quanto ganha, o que vai gastar (após
pagar o dízimo do Senhor), e sempre procurar
b) Contribuindo com ofertas. Em segundo ficar com alguma reserva para imprevistos.
lugar, o crente fiel deve contribuir com ofertas
alçadas (levantadas), de modo voluntário, como d) Não ficar por fiador. Outro cuidado
prova de sua gratidão a Deus pelas bênçãos importante, é não ficar por fiador. A Bíblia
recebidas. Com esses recursos (dízimos e desaconselha isso (Pv 11.15; 17.18; 20.16;
ofertas), a igreja mantém a evangelização, as 22.26; 27.13). Outro perigo é fornecer cheque
missões, o sustento de obreiros, o socorro aos para alguém utilizar em seu nome. Conheço
necessitados (viúvas, órfãos, carentes, etc.), casos de irmãos que ficaram em aperto por isso.
bem como o patrimônio físico da obra do É importante fugir do agiota. É verdadeira
Senhor, e outras necessidades que podem maldição quem cai na não dessas pessoas, que
surgir. cobram "usura" ou juros extorsivos (Êx 22.25;
Lv 25.36).
c) Os recursos da igreja local. Não provêm de
governos ou de organismos financeiros. Toda e) Pagar os impostos. Em Romanos 13.7,
vez que algum obreiro resolveu conseguir lemos: "Portanto, dai a cada um o que deveis: a
dinheiro para a igreja, em fontes estranhas ao quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto;
que a Bíblia recomenda foi malsucedido, a quem temor, temor; a quem honra, honra"
acarretou problemas para seu ministério e para (Rm 13.7). A sonegação de impostos acarreta
os irmãos. Deus nos guarde de vermos igrejas prejuízo para toda a nação. O cristão não deve
envolvidas com práticas financeiras corruptas, ser contrabandista pois isso não glorifica a Deus.
abomináveis aos olhos de Deus. É de todo
detestável que algum obreiro, usando o dinheiro f) Pagar o salário do trabalhador. Se o
dos dízimos e ofertas, se locuplete, adquirindo cristão tem pessoas a seu serviço, crentes ou
bens em seu próprio nome, exceto com aquilo não, tem o dever de pagar corretamente e em
que a igreja lhe gratifica. dia o salário que lhe é devido. A Bíblia diz: "Ai
daquele que edifica a sua casa com injustiça e
2. No lar, no trabalho e o fisco. Se existe os seus aposentos sem direito; que se serve do
disciplina no trabalho, que regula os serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá
procedimentos para a aquisição do pão de cada o salário do seu trabalho" (Jr 22.13; ver Tg
dia, há, também, a disciplina no gasto, no 5.1-5).
emprego da renda ou do salário:
CONCLUSÃO
a) Evitar dívidas fora do seu alcance. Muitos
têm ficado em situação difícil, por causa do uso O dinheiro é um meio de troca importante para
irracional do cartão de crédito - na verdade, as transações entre pessoas e empresas. O que
cartão de débito. As dívidas podem provocar a Bíblia condena não é o dinheiro em si, mas o
muitos males, tais como falta de tranqüilidade amor ao dinheiro (avareza). Isso equivale a
(causando doenças); desavenças no lar; perda idolatrar o dinheiro, a riqueza. Esta, também
de autoridade e independência. Devemos não é condenada por Deus, desde que obtida
lembrar: "O rico domina sobre os pobres, e o por meios lícitos e trabalho honesto. Que o
que toma emprestado é servo do que empresta" Senhor nos ensine a usar da melhor maneira
(Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho possível os recursos financeiros ao nosso dispor,
caloteiro perante os ímpios, quando o crente como bênçãos de sua parte.
compra e não paga.
Filiação
b) Evitar extremos. De um lado, há os
avarentos, que se apegam demasiadamente à Vínculo que a geração biológica cria entre os
poupança, em detrimento do bem-estar dos filhos e seus genitores. No campo espiritual, a
familiares. São os "pães-duros". De outro lado, filiação do homem em relação a Deus se dá
há os que gastam tudo o que ganham, e quando o pecador arrependido recebe a Cristo
compram o que não podem, às vezes para Jesus como Salvador. O homem passa a
satisfazer o exibicionismo a insensatez da desfrutar plenamente da natureza. Este é o
concorrência com os vizinhos e conhecidos, à milagre operado pelo novo nascimento.
mania de esbanjar, a inveja de outros, ou por
mera vaidade. Isso é obra do Diabo. Ética Bíblica

Primeira Igreja Presbiteriana de Petrolina Página 23


Ética Cristã - Confrontando as questões morais
Estudo sistemático dos deveres e obrigações do toda a ética ocidental, dando a esta um caráter
ser humano com base nos escritos do Antigo e humanitário e beneficente.
do Novo Testamentos. A ética bíblica influenciou

Primeira Igreja Presbiteriana de Petrolina Página 24


Ética Cristã - Confrontando as questões morais
11 - O CRISTÃO E A DOCAÇÃO DE ORGÃOS DO CORPO
INTRODUÇÃO servos de Deus têm sido salvos de morte certa,
beneficiados por um transplante bem sucedido.
A lei brasileira que definiu a doação de órgãos
parece que causou mais prejuízo do que 2. Doação após a morte. Há uma lei brasileira
vantagem em termos de motivação para a que torna disponíveis órgãos para transplantes
doação. Cerca de 70% das pessoas aprova a extraídos de pessoas mortas.
doação de órgãos, mas parece que por
sentimentalismo, pois o número de não Em 04 de fevereiro de 1997, após muitas
doadores tem aumentado. Por outro lado, um discussões, com argumentos pró e contra, foi
cristão evangélico não deve tomar decisões publicada a Lei 9.434, referente à "doação
desta natureza só porque há uma maioria presumida" de órgãos humanos. De acordo com
favorável. Nesta lição, meditaremos neste essa norma, todo brasileiro que não registre em
assunto da atualidade de caráter ético e social. sua carteira de identidade ou de motorista, a
observação não doador, é considerado doador
I. O QUE É DOAÇÃO DE ÓRGÃOS presumido. Com ou sem a autorização da
família, o médico pode declarar a "morte
A doação de órgãos é a concordância expressa, cerebral" do paciente, e, nesse caso, os órgãos
ou presumida, por parte de uma pessoa, deste são retirados para serem implantados no
consentindo que seus órgãos sejam retirados corpo de algum doente crônico, visando
após sua morte para serem aproveitados por restituir-lhe a saúde.
pessoas portadoras de doenças crônicas,
visando aumentar-lhes sua sobrevida. II. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS

1. Transplantes de órgãos. Existem argumentos comuns e populares


contrários à doação de órgãos, mesmo entre
a) Transplantes comuns. As pessoas, evangélicos:
evangélicas ou não, já se acostumaram a ouvir
falar em transplante de rins. Não há grande 1. Receio de que haja comercialização de
questionamento a respeito dessa prática médica órgãos humanos. É o medo de se tornar uma
quando um doente renal crônico tem sua vida cobaia. Infelizmente, a imprensa já chegou a
normalizada, ao receber o transplante de um noticiar casos em que sangue e outros órgãos
rim, de uma pessoa viva, às vezes um parente, foram objeto de venda, causando desconfiança
ou de pessoa amiga. O rim é um órgão par que entre muitas pessoas.
permite ao doador viver bem mesmo tendo
cedido um deles. Outra doação que também não 2. Receio que haja discriminação. É a
causa controvérsia é a de sangue, elemento de preocupação com o uso de órgãos de modo
importância vital para o funcionamento do diferenciado para pobres ou para ricos.
corpo.
3. A integridade do corpo. Na cultura judaico-
b) Argumentação contrária à doação de cristã, o corpo é considerado sagrado, e a
sangue. Há quem pense que a transfusão de retirada de órgãos é uma forma de profanação
sangue é uma forma de "comer" sangue, o que do corpo.
é proibido pela Palavra de Deus. Este tipo de
argumentação contrária à doação não tem 4. A esperança de um milagre. Há irmãos que
consistência, visto que o processo de absorção são contrários à retirada de órgãos por crerem
do sangue, diretamente nas veias do receptor, que Deus pode realizar um milagre de
não é o mesmo que ocorre quando da ingestão ressurreição do morto.
de algo através do aparelho digestivo. É
ignorância de quem pensa diferente. 5. Preocupação com a ressurreição. Há, até,
crentes que se preocupam com o fato da
O transplante de parte do fígado, de igual modo, ressurreição, alegando que naquele momento
tem sido realizado com relativo sucesso, pois é faltaria uma parte do corpo em caso de doação
um órgão que se regenera completamente. de um órgão. Os tais precisam ser esclarecidos
Quanto ao transplante de órgãos, por doação, mediante a sã interpretação das Escrituras.
entre pessoas vivas, não vemos qualquer
implicação ética, à luz da Bíblia, caso a III. POSICIONAMENTO CRISTÃO
consciência de ambos, doador e recebedor,
esteja em paz e sem dúvidas. Ler Rm 14.1-23; 1. Fazer aos outros o que se quer para si
1 Co 8.7-13; 10.23-33. A nossa consciência mesmo. Se um pai tem um filho que sofre de
para atuar corretamente precisa estar alinhada e problema cardíaco crônico, irreversível, a quem
sintonizada com a Palavra de Deus. A os médicos dão poucas chances de sobrevida,
consciência em si mesma não é juiz. Muitos certamente deseja ansiosamente que os
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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
médicos encontrem um coração de alguém, que conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
dê esperanças de sobrevida ao doente. Isto se eficaz poder de sujeitar também a si todas as
enquadra no que a Bíblia diz: "Portanto, tudo o coisas", (Fp 3.20, 21). O corpo será "corpo
que vós quereis que os homens vos façam, glorioso" e "corpo espiritual" (1 Co 15.42,43),
fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os que não precisará de órgãos físicos. O corpo que
profetas" (Mt 7.12). vai ressuscitar será o corpo que foi sepultado,
porém transformado em corpo espiritual. Se
2. A doação de órgãos como expressão de assim não fosse, não teria sentido falar-se em
amor. Salvar a vida de alguém é, sem dúvida, ressurreição. Ressuscitar é trazer à vida aquilo
uma demonstração de elevado sentido espiritual que morreu. Diz o apóstolo Paulo: "Assim
e moral. Nosso Senhor Jesus Cristo não apenas também, a ressurreição dos mortos. Semeia-se
doou algum órgão por nós, mas deu toda sua o corpo em corrupção, ressuscitará em
vida em nosso lugar, na cruz do Calvário. Ele se incorrupção. Semeia-se em ignomínia,
doou, de corpo e alma, para que não ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza,
morrêssemos. O apóstolo João nos exorta: ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal,
"Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo
sua vida por nós, e nós devemos dar a vida animal, há também corpo espiritual" (1 Co
pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo 15.42-44). "Animal", neste texto, significa
e, vendo seu irmão necessitado, lhe cerrar o seu literalmente "animado pela alma".
coração, como estará nele a caridade de Deus?"
(1 Jo 3.16,17). Nesse texto, vemos o apóstolo CONCLUSÃO
do amor ensinar que devemos "dar a vida pelos
irmãos" e que os proprietários de "bens" no A doação de órgãos em vida, como no caso da
mundo que fecham o coração para o irmão transfusão de sangue, ou do transplante de rins,
necessitado não têm a caridade de Deus. não deve ser objeto de reprovação entre os
Podemos entender que um órgão a ser doado é cristãos, ressalvados os casos de consciência,
um "bem" do mais alto valor para a salvação da como já foi explanado. Quanto à doação de
vida orgânica de um doente. órgãos, a serem extraídos de cadáveres, é
preciso que se respeite a consciência e vontade
3. A falta de órgãos aqui, não tem expressa (e não apenas presumida) do possível
implicação na ressurreição do corpo. Na doador, bem como de sua família. Por outro
ressurreição, não haverá qualquer problema lado, devemos, como cristãos, demonstrar que a
quanto a ter ou não um determinado órgão. Há doação de órgãos é um ato de amor, do mais
pessoas mutiladas, sem pernas e sem braços, alto sentido, e não apenas de mero
sem olhos, mas que, ao ressuscitarem, terão sentimentalismo sujeito a mudanças de ponto de
corpo espiritual perfeito. "Mas a nossa cidade vista. Sentimento apenas, não é fé, nem amor,
está nos céus, donde também esperamos o como reflexo da imagem de Deus no ser
Salvador, o senhor Jesus Cristo, que humano, principalmente quem teme a Deus.
transformará o nosso corpo abatido para ser

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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
12 - O CRISTÃO , OS VÍCIOS E OS JOGOS
INTRODUÇÃO
II. POSICIONAMENTO CRISTÃO
Os vícios, inclusive os morais, destroem vidas e
famílias. Eles também prejudicam lares cristãos. 1. Condenação ao vício. Segundo o ensino das
Na época em que vivemos, há uma onda de Escrituras, o cristão não tem outra alternativa a
liberalismo que não vê pecado em quase nada, e não ser reprovar de modo claro e direto o uso de
favorece práticas perigosas, que podem levar à bebidas alcoólicas. Grande parte dos acidentes
destruição espiritual, disfarçadas de "coisas que de trânsito são provocados por motoristas
não têm nada a ver". O verdadeiro cristão não alcoolizados; cerca de 80% das agressões têm
se deixa levar por esta degeneração do mundo. na bebida sua motivação; a ausência ao trabalho
O crente precisa saber que tais coisas vêm do por causa do vício causa enormes prejuízos.
Príncipe deste mundo - o Diabo.
2. O vinho que Jesus bebeu. Jesus
I. O ALCOOLISMO À LUZ DA BÍBLIA transformou água em vinho numa respeitável
festa de casamento (Jo 2.1-11). Há quem use
1. Doença ou pecado? A Bíblia - O Livro do esse texto para dizer que não há nada errado
Senhor, vê o alcoolismo de modo diferente do em se beber vinho. Sim! Mas o vinho que Jesus
mundo. Nela, verificamos que o alcoolismo, a faz! Do vinho embriagante para as demais
bebedeira e outros vícios, são vistos como atos bebidas alcoólicas pode ser apenas um passo. É
pecaminosos. Em Isaías 28.1, vemos a melhor não tomar o primeiro gole. Na Santa
condenação de Efraim (Israel) pela soberba de Ceia (Mt 26.29), Jesus não tomou vinho
seus embriagados. No mesmo capítulo, vemos embriagante. No texto original, Ele tomou "do
que "até o sacerdote e o profeta erram por fruto da vide" (do gr. guenematos tês ampèlou),
causa da bebida forte; são absorvidos do vinho" indicando tratar-se do suco fresco da uva. Se
(Is 28.7). A primeira embriaguez foi fosse vinho fermentado a palavra seria oinos.
experimentada por Noé logo após o Dilúvio e Anotemos o que diz a Bíblia: "Não olhes para o
causou um grande mal à sua família, resultando vinho quando se mostra vermelho, quando
em maldição para seu filho Canaã (Gn 9.21- resplandece no copo e se escoa suavemente"
25). (Pv 23.31 e ss).

2. Condenação à bebedice. Diz a Palavra: "Ai 3. Nenhuma concessão. O cristão não deve
dos que se levantam pela manhã e seguem a tomar vinho, cerveja, champanhe ou qualquer
bebedice! E se demoram até à noite, até que o outra bebida, considerada leve, tendo em vista
vinho os esquenta! Harpas, e alaúdes, e os males físicos, sociais, morais e espirituais que
tamboris e pífaros, e vinho há nos seus envolve tal prática. Lembremo-nos de que "o
banquetes; e não olham para a obra do Reino de Deus não é comida nem bebida, mas
SENHOR, nem consideram as obras das suas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rm
mãos" (Is 5.11,12). Aí, vemos um tipo de 14.17).
festa, no Antigo Testamento, semelhante ao que
se passa nos jogos, nos bares, nos clubes, e III. O CRISTÃO E O FUMO
shows mundanos, em que a bebida alcoólica é
fator indispensável para sua motivação. 1. O fumo é uma droga. No cigarro existem
inúmeras substâncias prejudiciais ao organismo
3. O sofrimento dos viciados. O escritor de humano. Metais tóxicos, como cádmio,
Provérbios anotou que os viciados são vítimas de manganês, cromo, zinco, ao lado do alcatrão e
sofrimento, pesares, violência, queixas, da nicotina acabam matando os viciados.
adultério, prostituição, linguagem perversa,
desequilíbrio mental ("delirium tremens"), 2. Mata mais do que muitas guerras. A cada
câimbras, vômito, derrame, hipertensão, que 10 minutos, morre um brasileiro de câncer no
são apenas algumas das danosas conseqüências pulmão, de enfisema pulmonar, ou de doença
do alcoolismo (Ler Pv 29.29,30,33-35). cardiovascular, por causa do fumo. A cada ano
estima-se que morrem mais de cem mil pessoas,
4. O alcoolismo no Novo Testamento. no Brasil, por causa desse vício, que é um
Advertindo sobre sua vinda, Jesus proferiu uma suicídio lento. Mais de dois milhões e quinhentas
parábola sobre a vigilância, condenou o servo mil pessoas morrem por ano, no mundo,
infiel, comedor, espancador, e beberrão dizendo vitimadas pela epidemia do cigarro.
que sua parte seria com os infiéis (Lc A Bíblia tem razão quando afirma: "Mas os
12.45,46). O apóstolo Paulo colocou no mesmo homens maus e enganadores irão de mal a pior,
nível de condenação os bêbados, os devassos, enganando e sendo enganados" (2 Tm 3.13).
os idólatras, os homossexuais, e os ladrões, os
quais não herdarão o reino de Deus (1 Co 3. Posicionamento cristão. O vício é pecado,
6.9,10). Ver Rm 13.13; 1 Pe 4.3-5. e fumar é um vício. Logo o fumante não tem
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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
como escapar: está pecando. O fumo destrói o sobre ele a pobreza" (Pv 28.22).
corpo, que é templo do Espírito Santo (1 Co
3.17). Graças a Deus, são inúmeros os casos de 3. O desprezo ao trabalho. Se o crente
pessoas que aceitam a Cristo e ficam libertas do resolve jogar pensando em deixar de trabalhar,
vício do fumo. Na conversão do pecador, isso não é correto. Em Efésios 4.8, lemos:
efetuada por Jesus, os vícios, como coisas da "Aquele que furtava não furte mais; antes,
velha vida, ficam para trás (cf. 2 Co 5.17). trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom
para que tenha o que repartir com quem tiver
IV. O CRISTÃO E AS DROGAS necessidade" (Ef 4.28).

1. Agentes do diabo. As drogas são agentes 4. O problema do vício. O vício do jogo leva a
utilizados pelo Diabo para a destruição de vidas, pessoa a uma compulsão, que a obriga a jogar
principalmente de adolescentes e jovens. cada vez mais, na esperança de superar as
perdas. O indivíduo torna-se um escravo do
2. Motivos que levam às drogas. Além da jogo. Começa com dinheiro, depois entrega a
ação demoníaca velada, concorre para isso a roupa, os sapatos, o relógio, os bens, e por fim,
curiosidade, imitação do grupo, aventura, mas, a honra, a dignidade.
principalmente, o desajuste familiar. O melhor
preventivo: o andar com Deus, o amor cristão 5. A ilusão da contribuição social. O
entre pais e filhos, o diálogo, o bom argumento de que parte do dinheiro vai para as
relacionamento, o Culto Doméstico desde cedo obras sociais não justifica a jogatina. O correto
como está escrito, "Instrui o menino no caminho seria o governo proporcionar oportunidade de
em que deve andar e, até quando envelhecer, emprego honesto, e não de incentivo ao jogo.
não se desviará dele", Provérbios 22. Muita gente, principalmente das classes mais
humildes, é explorada pela jogatina.
V. O CRISTÃO E OS JOGOS DE AZAR
CONCLUSÃO
1. A ilusão do jogo. A propaganda das loterias,
dos bingos e outros meios da jogatina, ilude os Os jogos de azar, oficializados ou não, são
incautos, prometendo-lhes riqueza fácil. instrumentos prejudiciais à vida moral e social,
Contudo, nenhum desses jogos é de sorte, mas pois levam as pessoas a confiarem na sorte, em
de azar. Milhares de pessoas jogam, mas só lugar de se dedicarem com mais afinco ao
uma ou poucas ganham "a bolada". E o trabalho honesto. Os vícios são meios
restante? Fica no azar. Perde dinheiro e destrutivos que o Diabo usa para ceifar vidas
energias, esperando o ganho fantástico! Quanto preciosas, principalmente entre os jovens, e
mais pessoas jogam, menos chances cada uma empobrecer as famílias. Que Deus guarde a
tem de ser sorteada. Igreja, e de modo especial a juventude para que
não enverede pelos tortuosos caminhos dos
2. O amor ao dinheiro. O jogador põe o jogos e dos vícios. Até o futebol de clubes e
coração no dinheiro. Torna-se escravo da idéia campos, que no passado era primeiro esporte e
de ganhar de qualquer maneira. Deus condena a depois jogo, hoje é apenas jogo e não mais
avareza (1 Tm 6.10). Em Provérbios 28.22, esporte como arte. Além de jogo, o futebol é,
lemos: "Aquele que tem um olho mau corre hoje, também campo de batalha entre torcidas
atrás das riquezas, mas não sabe que há de vir fanáticas e a força policial.

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13 - O CRISTÃO E A POLÍTICA
INTRODUÇÃO III. O CRISTÃO COMO CIDADÃO NA TERRA

De todas as áreas da vida do cidadão, a política 1. Os direitos políticos. O cristão, como


tem sido uma em que muitos cristãos não têm cidadão brasileiro, tanto pode votar, como
sido bem sucedidos, por não se conduzirem de candidatar-se a cargos eletivos.
modo digno diante de Deus, diante da pátria, da
consciência e de seus pares, como o fizeram 2. O cristão como eleitor. É de grande
Daniel e seus companheiros no reino babilônico. importância que o servo ou serva de Deus saiba
Na realidade, porém, a política é atividade exercer o seu direito, quando do momento das
necessária ao bom ordenamento e eleições municipais, estaduais ou federais. É
desenvolvimento da vida de uma nação, na qual hora de mostrar que é cidadão do céu,
a Igreja está inserida. exercendo um direito de cidadão da terra. Como
tal, lembrar-se de que é sal da terra e luz do
I. CONCEITO DE POLÍTICA mundo (Mt 5.13,14).

1. Política. "O vocábulo política vem do grego, a) Antes de votar. Antes de qualquer decisão,
polis, 'cidade'. A política, pois, procura o crente em Jesus deve orar a Deus, pedindo
determinar a conduta ideal do Estado, pelo que sua direção pois um voto errado pode ser motivo
seria uma ética social. de tristeza, frustração e arrependimento tardio.
É votar por fé, pois "tudo o que não é de fé é
II. O CRISTÃO COMO CIDADÃO DOS CÉUS pecado" (Rm 14.23). Conheço casos de crentes
que votaram em alguém, e depois choraram de
1. Nascidos de novo. Quando nos convertemos amargura pelos prejuízos que sofreram.
a Cristo, imediatamente somos registrados no
"cartório do céu". Nos registros divinos, nosso b) Jamais vender seu voto. Ele é arma de
nome passa a fazer parte do Livro da Vida (Fp grande valor. Diante dos candidatos, o cristão
4.3; Ap 13.8). Tornamo-nos seus filhos e jamais deve aceitar vender seu voto. Isso é anti-
cidadãos do céu "Mas a todos quantos o ético para um cidadão do céu e revela um
receberam deu-lhes o poder de serem feitos profundo subdesenvolvimento cultural.
filhos de Deus: aos que crêem em seu nome"
(Jo 1.12). Já somos eleitos e temos um c) Preferência por candidato cristão.
representante divino que é o Espírito Santo: Havendo um cristão que tenha um perfil
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus claramente identificado com Cristo, sério,
Cristo, o qual nos abençoou com todas as comprometido com o Reino de Deus, de bom
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em testemunho na igreja, que seja honesto,
Cristo, em quem também vós estais, depois que cumpridor de seus deveres como pai e esposo,
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da que tenha vocação para a vida pública, o eleitor
vossa salvação; e, tendo nele também crido, crente deve dar preferência à sua candidatura,
fostes selados com o Espírito Santo da em lugar de eleger um descrente, que não tem
promessa" (Ef 1.3,13). qualquer compromisso com a igreja do Senhor.
A Palavra de Deus recomenda: "Então, enquanto
2. Nossa pátria está nos céus. A filiação temos tempo, façamos o bem a todos, mas
divina nos dá o direito de sermos herdeiros de principalmente aos domésticos da fé" (Gl 6.10).
Deus, como diz a Bíblia em Romanos 8.17. Por Não convém (1 Co 6.12; 10.23), o
isso, nossa pátria (ou cidade), é celestial: "Mas a envolvimento de pastores na política, se têm
nossa cidade está nos céus, donde também chamada divina para o ministério. Que isso fique
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" para os membros que têm vocação terrena para
(Fp 3.20). tal.

3. Não temos permanência aqui. "Porque não d) Exemplos de políticos sábios. É bom
temos aqui cidade permanente, mas buscamos a lembrar o que diz a Bíblia: "Não havendo sábia
futura" (Hb 13.14). Essa é uma realidade da direção, o povo cai, mas, na multidão de
qual muitos crentes não têm consciência. Vivem conselheiros, há segurança" (Pv 11.14).
neste mundo, tão arraigados com ele, que Ninguém melhor que um servo de Deus, para ter
perdem a visão da cidadania celestial. Na "sábia direção" na condução de cargos públicos,
verdade, nem somos deste mundo! (cf. Jo administrativos ou políticos. Exemplo disso,
15.18,19). Somos peregrinos e forasteiros (Hb temos na Bíblia, com José, que foi governador
11.13). Aqui, a corrupção "destrói do Egito (Gn 41.14-44); No reinado de
grandemente" (Mq 2.10). Se há uma atividade Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras destacou-se
em que há corrupção, esta é a política aqui na como líder sobre seu povo (Ed 7 a 10);
terra. Neemias, um copeiro de confiança do rei, foi
designado para reconstruir Jerusalém, tornando-
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Ética Cristã - Confrontando as questões morais
se governador exemplar (Ler Neemias); Daniel, sexo", que nada mais é que a legalização pura e
na Babilônia, foi o principal dos príncipes, simples do homossexualismo, que é na Bíblia,
nomeado pelo rei Dario, e trabalhou tão bem um pecado gravíssimo, "uma abominação ao
que estava cotado para ser o governante sobre Senhor" (cf. Lv 18.22,23; Rm 2.24-28).
todo o reino (Dn 6.1-3). Projeto, legalizando o aborto já foi apresentado.
Em breve, poderão vir projetos, legalizando a
e) Quando os justos são eleitos. "Quando os eutanásia, a clonagem de seres vivos (inclusive
justos triunfam, há grande alegria; mas, quando humanos), o jogo do bicho, os cassinos, e a
os ímpios sobem, os homens escondem-se" (Pv maconha, além de outros, que destroem a
28.12). Os cidadãos cristãos precisam orar a dignidade da raça humana, conforme os
Deus para que levante candidatos que honrem princípios do Criador. A Nova Era já está nas
seu nome ao serem eleitos, pois "quando os ruas e na mídia apregoando "a paz", iludente e
justos triunfam, há grande alegria". absurda. Em muitas escolas, é utilizada
"meditação transcendental". Quem faz as leis?
f) Quando os ímpios são eleitos. A Bíblia é Os pastores? Evangelistas? Missionários? Não!
realista: "Quando os ímpios sobem, os homens São aqueles que são eleitos, inclusive com o
se escondem, mas, quando eles perecem, os voto dos cristãos. Portanto, é tempo de
justos se multiplicam" (Pv 28.28). É verdade. despertar; de agir com santidade mas sem
Quando são eleitos ímpios, homens carnais, ingenuidade.
materialistas, muitos ateus, macumbeiros,
adoradores de demônios, infiéis aos h) O perigo do envolvimento da igreja local.
compromissos, soberbos, corruptos, ingratos, Os crentes, como cidadãos, podem votar e ser
insolentes e insensíveis, os quais, se eleitos, não votados. Mas a igreja, como instituição de
querem servir e sim serem servidos. Não temem Cristo, não deve ser envolvida com a política,
a Deus, nem respeitam o próximo (Lc 18.2). mediante a troca de favores de quaisquer
Quando os tais são eleitos, os verdadeiros espécie. O prejuízo pode ser irreparável. É de
homens de bem desaparecem de cena. É bom os bom alvitre que os pastores não declarem sua
crentes pensarem bem, em oração, e não preferência. Estes foram chamados para unir o
usarem seus votos para elegerem ímpios. Aqui, rebanho. A política divide as pessoas, pela
cabe um esclarecimento. Nem todo descrente é própria natureza partidária (Ler 1 co 1.10). O
ímpio no sentido em que estamos usando o púlpito, de igual modo, não é lugar para os
termo. Todo ímpio é incrédulo, mas nem todo políticos. A eles, deve ser dada honra, mas o uso
incrédulo é ímpio. Há não-evangélicos que são do púlpito é para os homens santos,
homens de bem. E há evangélicos que não são consagrados a Deus.
honestos. Se não houver um candidato com
perfil cristão, o crente pode sufragar o nome de CONCLUSÃO
um cidadão de boa reputação. A Bíblia diz que
devemos examinar tudo e ficar com o bem (1 Ts O cristão não pode ser contrário a uma atividade
5.21). que busca a "conduta ideal do Estado". Como
cidadãos da terra, precisamos viver num
g) O que a igreja pode sofrer com os maus determinado local físico e social, que faz parte
políticos. No novo milênio, a Igreja poderá de um Estado, que faz parte de um País. Esses
sofrer grandemente, com a ação de homens precisam ser administrados por homens de bem.
ímpios. Já há, no Congresso, projeto de lei, Melhor seria que fossem cristãos. Que Deus nos
propondo a "união civil entre pessoas do mesmo dê sabedoria e visão.

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