O Viúvo Italiano - Nodrm

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Sumário

PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
PRÓLOGO

Observo toda a movimentação estranha na sala do meu chefe, hoje está


um dia estranho, depois da notícia de possíveis fraudes e envolvimento
com lavagem de dinheiro, o CEO da Johnson Marketing, Edward
Johnson, vive trancado na sua sala com advogados, e sinceramente, toda
essa situação tem me preocupado, afinal, posso perder meu emprego e
para conseguir outro na mesma área aqui em Nova York pode ser difícil,
já que no meu histórico de experiência vai constar que trabalhei para um
possível criminoso.
Sai do Brasil há dois anos, depois da morte da minha mãe, tinha
acabado de me formar, e com a ajuda de Mandy, uma amiga que conheci
na faculdade no Rio de Janeiro, me ajudou com o trabalho fora do país.
Tomei essa decisão, já que ela iria voltar para seu país novamente depois
de formada. Como nunca soube quem era meu pai e com a morte da
minha mãe, eu iria ficar sozinha, então resolvi vir com ela, seus país que
moravam já em Nova York ajudaram com o apartamento onde dividimos
tudo.
No início foi difícil para mim, embora eu já tivesse um inglês fluente
devido ao curso que minha mãe fez das tripas o coração para que eu
tivesse essa vantagem no mercado de trabalho, porém, a única pessoa que
sabia falar o português era Mandy, e quando me mudei foi difícil falar
somente o inglês, entretanto, agora para mim é como se fosse algo
normal.
— Atenção a todos. — Saio dos meus devaneios quando meu chefe sai
da sua sala com três advogados e o vice presidente Gael, seu irmão, e o
mesmo diz. — Infelizmente venho trazer notícias ruins, a Johnson
Marketing, será fechada e decretada falência. — Todos ficam surpresos
com esse comunicado.
— Senhor, o que vamos fazer?! Vão simplesmente nos jogar para
escanteio? — indago preocupada.
— Todos receberão rescisões, mas infelizmente, com todas essas
acusações, que em breve vou provar que são falsas, todos os bens da
família e o dinheiro da empresa, foi congelado, perdemos todos os
clientes que tínhamos e até mesmo essa empresa está entre os bens
congelados, ou seja, não poderá ter operações mais aqui neste prédio. Eu
sinto muito a todos, prometo fazer carta de recomendações a todos, estão
dispensados.
Puta que pariu, o que eu vou fazer?

MASSIMO D´VACCHIANO

Alguns meses depois


— Mandy, essa última babá que foi contratada é uma incompetente, eu
exijo que veja melhor essas pessoas, ela tinha um antecedente criminal
com drogas — murmuro exasperado.
— Foi quando ela era uma adolescente, e na verdade não foi drogas, e
sim remédios que ela roubou de uma farmácia para a mãe que estava
doente, e ambas passavam dificuldade.
— Não deixa de ser uma criminosa.
— Massimo, já é a quinta babá em cinco meses, algumas pessoas estão
com medo, sabem da sua fama de ser implacável.
— Eu não gosto de incompetência. — Ela semicerra os olhos.
— Você fez com que uma das agências de babás fechasse, somente
porque a moça esqueceu de levar sua filha ao balé. — Me recosto na
cadeira.
— As coisas tem que seguir seu cronograma, se não for assim, rua. —
Ela solta uma respiração pesada.
— Me surpreende eu ser a única a conseguir conversar com você
abertamente sem que me mande embora, já que falo o que penso.
— Seu pai foi motorista há anos da minha família, sua mãe assistente
pessoal da minha Amy, e conheci você ainda quando tinha quinze anos,
conviveu na minha casa, a considero como se fosse da família, embora as
vezes me questiono, você fala demais. — Mandy ri.
— Olha, eu não estava aqui quando ela se foi e sei que ninguém para
você vai chegar aos pés da Amy.
— Não quero falar disso. — Ela levanta as mãos em sinal de rendição.
— Eu conheço uma pessoa, é a minha amiga Maria Clara, conheci ela
no Brasil, ela se mudou pra cá e mora comigo, está precisando de
emprego e como sei que a única vaga disponível é como babá no
momento... — ergo uma sobrancelha.
— Mandy, essa moça tem experiência com Marketing, não deve
conhecer nada sobre cuidar de uma criança, não vou deixar minha filha na
mão de uma doida.
— Ela fez muitos trabalhos voluntários em orfanatos no Rio de Janeiro,
ela fazia questão de ajudar as crianças, isso já não é algo?
— Não — respondo friamente.
— Massimo, eu a conheço, só confia em mim, acho que ela será
perfeita para o cargo e vai ajudá-la. É temporário, até surgir algo melhor
para ela e uma babá profissional. — Solto uma respiração pesada.
— Ajudar pessoas, uma coisa que não faço, e faço questão de não fazer.
— Não tem opção de babás no momento, você precisa disso, e ela
também. Eu ligo pra ela, e peço para vir após o almoço, vai conversar
com ela, e se sentir que ela não é boa, não a contrata.
— Vou te dar esse voto de confiança, mas ela não vai tomar muito meu
tempo, e a peça para me encontrar no restaurante de sempre próximo a
empresa. — Ela ri.
— Ok, senhor sou muito ocupado, às dez você tem uma reunião, já
preparei tudo na sala de reuniões. Há uma loja que quer a D´Vacchiano e
o valor que estão dispostos a pagar pela parceria e fornecimento é
incrível, esses perfumes estão no top, em primeiro lugar no mundo.
— Isso é maravilhoso, agora pode se retirar, às dez em ponto na sala de
reuniões. — Mandy bate continência e sai da sala.
Fazia três anos que minha Amy havia morrido em acidente de carro,
nossa menina estava com a sua avó, mãe de Amy, e eu a estava esperando
em casa com um jantar romântico, tinha deixado nosso quarto coberto por
pétalas de rosas vermelhas, estávamos fazendo sete anos de casados.
Estava feliz e animado, porém ela nunca chegava, ligava para o celular
dela, mas caia na caixa postal, liguei para a agência de viagem onde ela
era a CEO e disseram que fazia tempo que ela tinha saído, comecei a me
preocupar.
Estava prestes a sair da minha casa, quando recebi a notícia de que ela
estava no hospital e que já tinha chegado sem vida, seu carro subiu o
meio fio e capotou, Amy foi arremessada para fora do carro e acabou
batendo a cabeça com força, teve morte cerebral.
Quando recebi essa notícia, foi como se parte minha tivesse ido junto,
conheci ela em um evento aqui mesmo em Nova York, não era para ser
algo sério, mas aquela mulher me conquistou, me tinha na mão como um
idiota, ela foi minha luz no meio da minha escuridão, tinha acabado de
perder meu pai que era como um herói para mim, tinha voltado da Itália,
do enterro dele há pouco tempo quando a conheci.
Nossa menina é idêntica a ela, a única coisa que restou do que
tínhamos, e a protejo como se fosse minha vida.
Nunca entendi o que de fato aconteceu, Amy sempre foi responsável ao
volante, não tinha bebido, no laudo da perícia foi dito que ela somente
perdeu o controle, mas nunca soube o que a fez perder o controle. Até um
certo tempo, eu tinha mandado investigar, mas nunca foi achado nada.
Olho para a foto dela segurando nossa menina em seus braços e logo
sinto as lágrimas molharem meu rosto, respiro fundo e seco as lágrimas
com a mão.
— Nenhuma mulher chega a seus pés, você foi minha primeira esposa
e será a única. — Minha voz dá uma vacilada. — Nossa menina está cada
dia mais parecida com você, faço questão de falar da mãe maravilhosa
que ela teve.
Respiro fundo e me recomponho antes de sair do meu escritório.
Nunca vou deixar de te amar, meu amor.

MARIA CLARA CAMPOS

Olho o endereço com atenção e me certifico que estou no lugar certo.


Quando Mandy ligou dizendo que havia conseguido uma entrevista de
emprego para mim, eu vibrei, faz quase quatro meses que estou sem
emprego e com os problemas da outra empresa, empresas de Marketing
não me contrataram, ai migrei para qualquer coisa que pudesse me dar
dinheiro, porém não passava pela minha cabeça algo como babá da filha
de um viúvo.
Ouço falar muito desse tal Massimo, não só pela minha amiga, mas
pela mídia nacional, ele perdeu a esposa em um acidente de carro terrível
e deixou uma filha de dois anos na época, dizem que ele se tornou pior do
que já era.
O restaurante é chique, dou graças a Deus por estar com o meu vestido
justo de alça fina branco a quatro dedos acima dos joelhos, um pequeno
decote atrás e um discreto na frente, cabelo solto com meus cachos
castanho claro, e uma maquiagem que se resume a um batom claro,
delineado e um rímel, salto escuro como solado vermelho.
Adentro as portas de vidro e já vejo um monte de gente vestido com
roupas, e até mesmo com joias, mais caras que a minha vida, caminho até
o maitre, me identifico e digo que há uma pessoa me esperando, nem
preciso dizer que quando disse o nome Massimo D´Vacchiano ele ficou
nervoso e na mesma hora me levou em direção a uma área mais reservada
do restaurante.
Ao fundo, em um volume baixo, toca Hurts so Good da Astrid S, boa
música, a letra dela é linda.
Quando me aproximo da mesa, um puta homem gostoso levanta.
— Senhor... a...
— Pode sair, quando decidirmos o que vamos pedir, mando chamar. —
Mais que porra de voz grossa e rouca é essa?
O homem só faltou correr na mesma hora.
— Ah... Senhor D´Vacchiano é um prazer conhecê-lo. — Estendo
minha mão para cumprimentá-lo, e quando sinto a sua mão tocar a minha,
uma sensação estranha me invade, um arrepio pelo corpo, engulo seco na
mesma hora.
— Senhorita Campos, digo o mesmo. — Ele puxa a cadeira para que
me sente e logo em seguida faz o mesmo. — Antes de começarmos,
vamos fazer o pedido.
— Tudo bem, o senhor decide o que pedir. — Ele não diz nada, pega o
cardápio e folheia olhando coisa por coisa
Nesse curto período de tempo, paro para observá-lo, e sim, esse homem
é muito mais lindo do que por fotos, trinta e sete anos de muita coisa
gostosa, ele é bem alto, peitoral largo, forte, assim como os braços e a
roupa que veste deixa evidente isso. Cabelo escuro curto penteado para
trás, barba bem feita, olhos bem azuis, queixo quadrado, está sem paletó,
blusa branca com as mangas arregaçadas e os três primeiros botões da
blusa aberto.
Oh sim, um belo italiano.
— Sabe, uma das coisas que mais faz uma mulher não passar em uma
entrevista de emprego é a cara de boba que ela fica ao me olhar como se
fosse me comer vivo.
Deus, abra um buraco para que enfie a minha cabeça, e talvez todo o
meu corpo junto.
— Se... senhor, me desculpe, eu...
— Só esqueça. — Ele só levanta o dedo e um dos garçons já está ali,
ele faz o pedido, e com pressa o garçom se retira.
Ele olha para mim, e puta merda, agora entendo porque ficam nervosos
na presença dele, o olhar dele parece que consegue ver nossa alma, fora a
presença que esse homem tem.
— Me desculpe, senhor, é que você é um homem bonito e geralmente é
normal olhar quando se acha alguém bonito. — Porra, Clara, você tem
que pensar antes de falar merda. — Ah... desculpe, é que eu falo demais
né, é que o senhor me deixa um pouco nervosa, quer dizer, quando fico
assim acabo falando o que me vem na cabeça e às vezes isso pode ser
ruim. — Ele continua a me olhar sem por nenhuma expressão no rosto, e
começo a mexer meus dedos, isso é um tic que tenho quando fico com
medo ou nervosa. — Eu sei que não tenho uma experiência como babá,
mas amo crianças, por um bom tempo fui voluntária em um orfanato no
Rio de Janeiro, nossa, aquelas crianças são um amor, eu sempre botei na
cabeça que se eu fosse rica ia ajuda todas que pudesse e adotaria uma. —
Ele continua sério. — Pelo amor de Deus, diga algo.
— Você é o tipo de pessoa que detesto, fala demais. — Olho indignada
para ele.
— Eu sou formada em Marketing, é normal ser bem comunicativa. —
Ele respira fundo.
— Isso não tem nada a ver, entretanto, vejo que está desesperada por
um emprego e sua amiga te recomendou bem, Mandy é filha de pessoas
que considero bastante, agradeça a ela por essa oportunidade, garanto que
o salário de babá paga mais que o seu trabalho anterior.
— Eu posso ficar um mês em experiência e nem precisa me pagar por
esse mês, só verá que sou boa, na prática.
O tal Massimo me olha por alguns segundos antes de dizer:
— Tudo bem, terá que dormir na minha casa durante a semana que
ficar lá, um quarto a espera na minha casa amanhã cedo, vou pedir a
Mandy que a mostre tudo amanhã, um motorista vai buscá-las, já deixe
suas coisas prontas, e mesmo sendo um mês de experiência, será
remunerada ficando ou não. — Arregalo meus olhos.
— Do... dormi na sua casa?
— Sim, algum problema?
— Não... quer dizer, não tem como eu voltar para casa à noite e ir para
sua casa de manhã cedo? Eu tenho um carro que...
— É pegar, ou largar. — Penso em falar algo, porém, acabo ficando
sem argumentos.
— Tudo bem.
— Ótimo, quero deixar destacado que gosto das coisas do meu jeito,
então quero que tudo seja seguido à risca. Mandy vai passar, se
descumprir somente uma delas, vai ser demitida na mesma hora — diz
bem sério.
Esse homem de boca fechada fica mais bonito.
— Conhece a família da Mandy há muitos anos? — pergunto para
quebrar o gelo.
— Sim.
— A Mandy é como uma irmã pra mim. — A cara que ele está fazendo
me deixa nervosa, no Brasil chamamos isso de cara de “cu”.
— Bom pra você.
— Não precisa ser tão rude, até a comida chegar vamos ficar olhando
um pra cara do outro sem dizer nada? — indago.
— Não a conheço para falar de qualquer assunto que não seja sobre seu
trabalho. — Grosso.
— Ok, então falaremos sobre o trabalho. A sua filha ficou afetada pela
perda da mãe? — arregalo os olhos na mesma hora com a porra da
pergunta que fiz.
Porra, Clara, cala a boca.
— Que tipo de pergunta é essa?! — é evidente a irritação em seu tom
de voz.
— Desculpe, é que eu falo o que me vem à cabeça quando fico
nervosa... e... e como sei que ficou viúvo há três anos, e a menina é bem
novinha, não sei se a falta da mãe a atinge, quer dizer, quando a minha
mãe morreu, eu...
— Acho melhor calar a boca, antes que eu me arrependa de te dar essa
chance.
— Perdão. — Engulo seco. — É... eu... eu sei como é se sentir
desnorteada por perder uma figura tão importante em nossas vidas, eu não
conheci meu pai, ele abandonou minha mãe e eu quando eu ainda nem
tinha nascido, se não fosse meu avô passaríamos fome, embora houve
momentos em que a dificuldade batia em nossa porta. — Rio de uma
coisa que lembro. — No Brasil, as escolas costumam dar café da manhã
para os alunos, pois tinha alguns alunos que não tinha o que comer. Um
dia aconteceu comigo, e nesse dia não tinha café, minha mãe voltou
comigo pra casa e me deu um copo de café com leite para acalmar o
estômago até meu avô trazer a comida na parte da tarde, a aposentadoria
dele caia naquele dia e ele tinha ido sacar cedo para termos comida
depois.
— Sinto muito pela sua mãe e por essa situação. — Ele parece sincero
no que diz.
— Sem a Mandy, eu não teria ninguém, o senhor tem sorte de ter sua
filha. — Ele parece pensar em algo.
— Ela é o único motivo que me faz querer levantar pelas manhãs para
viver. — Sua confissão me pega de surpresa.
Quando abro a boca para falar, o garçom chega com nosso pedido.
É, esse emprego será um desafio.
CAPÍTULO 01

Observo a enorme sala de estar do apartamento do tal Massimo. Depois


da conversa de ontem, foi acordado que Mandy iria me mostrar tudo da
cobertura no Upper East Side, um dos bairros mais chiques da Madison
Avenue, Nova York, fica na bem perto do Central Park.
— Amiga, por que um apartamento tão grande para ele e a filha? —
questiono.
— Massimo morava aqui com a Amy, tinham planos de ter mais filhos
depois da Penelope — comenta.
— Acha que morar onde ele era feliz com a falecida esposa é saudável
para os dois? Quer dizer, eu sei que desapegar das coisas de pessoas que
amávamos é difícil, por isso digo que pode não fazer bem. — Demorei
um tempo até aceitar que tinha que doar as coisas da minha mãe e fazer
isso foi como se mais um pedaço meu estivesse indo junto.
— Ele mantém o quarto que era dos dois intacto. — Arregalo os olhos.
— Nossa.
— Meus pais já tentaram ajudar nessa questão, mas ele se recusa, então
só deixaram pra lá, Massimo era dependente emocional da Amy, minha
mãe dizia que o maior medo de Amy era que, ao acontecer algo a ela, ele
fizesse algo a si mesmo, porém, com a chegada de Penelope isso a aliviou
um pouco, pois no fundo ela sabia que se algo a acontecesse, ele ia
continuar de pé pela filha.
— Mandy! — olho na direção da porta de entrada da sala de estar, e
logo uma criança com um enorme sorriso no rosto surge, joga a mochila
no chão e corre na direção da minha amiga.
— Princesa. — Ela se abaixa para pegar a menina no colo e a beija
carinhosamente na bochecha.
— Senhorita Mandy, o senhor D´Vacchiano disse que viria e que traria
a nova babá, Penelope ficou ansiosa para conhecê-la depois que seu pai
mencionou isso ontem. — Um homem com terno e gravata escuros disse.
— Sim, Barney, essa é a minha amiga, Maria Clara. Clara, esse é
Barney, um dos motoristas da família D´Vacchiano. — Ele estende a mão
para me cumprimentar.
Barney é um belo homem negro, alto, forte, olhos esverdeados, lábios
carnudos e careca.
— Oi! — uma voz doce ecoa pela sala e logo os olhos azuis da
pequena Penelope me encaram curiosos.
— Olá, princesa, é um prazer conhecê-la. — Me aproximo.
— Você vai ser minha nova babá? — essa menina parece uma boneca
de tão linda, cabelo loiro liso, com ondulação, pele branca como a neve e
olhos idênticos aos do seu pai.
Aqueles olhos intensos e belos, difícil não lembrar deles.
— Sim, a Mandy está me mostrando a sua casa, e devo confessar,
nunca estive em um lugar tão grande e lindo como esse. — Ela sorri.
— Eu mostro todo o resto. — Minha amiga a coloca no chão e a
menina me surpreende ao pegar a minha mão e me puxar para
acompanhá-la.
E foi assim o restante da tarde, ela me mostrou cômodo por cômodo,
seu quarto todo cor de rosa e bem grande, onde fica o quarto antigo dos
seus pais, mostrou a cozinha, sala de jantar, onde ela guarda seus
brinquedos e a academia do pai, também me apresentou os funcionários,
uma cozinheira, duas moças que cuidam da limpeza, um novo motorista e
a nova governanta, já que os pais de Mandy se aposentaram, por último
foi o meu quarto, que vai ficar ao lado do dela. Nunca tive um quarto tão
grande e nunca imaginei que iria ter um. As cores são neutras, cama de
casal dossel, janela que vai do teto e dá para uma bela sacada, um closet
que sinceramente não sei o que pôr mais nele, pois quase não tenho
roupas para colocar, então preferi pôr na cômoda de madeira envernizada
do canto da parede, próximo a cama.
Mandy foi embora e eu fiquei sozinha com a Penelope que ficou o
tempo todo comigo aqui no quarto me ajudando a arrumar tudo.
— Papai disse que você veio do Brasil junto com a Mandy.
— Pelo visto seu pai falou bastante de mim, mas sim, eu a conheci lá
quando fazíamos faculdade juntas, eu também fazia trabalhos voluntários,
em lares adotivos — comento forrando a cama, enquanto ela nesse
momento está sentada na poltrona próximo a porta.
— Esse lugar é para as crianças que não tem papai e nem mamãe, não
é?
— Sim.
— Eu não lembro da minha mãe, mas meu pai diz que sou idêntica a
ela. — Olho para ela, que parece pensar. — Ainda bem que tenho o meu
papai. — Abro um sorriso.
— Com certeza, princesa, e agora tem a mim também. — O sorriso que
ela abre é contagiante.
— Amanhã, a gente pode ir tomar sorvete depois da escola?
— Claro, vou junto com o Barney te buscar e peço a ele para nos
deixar na sorveteria. — Depois que minha cama está forrada, me sento
nela e faço sinal para que Penelope sente perto de mim, e sem questionar
ela faz.
— Será que o papai vai querer ir com a gente?
— Bom, acho um pouco difícil, seu pai vai estar trabalhando, mas
podemos falar com ele quando chegar. — Eu já imagino a resposta dele,
mas para deixá-la feliz, vamos perguntar.
— Tomara que o papai não te demita logo, as outras babás, quando não
fazia algo que ele gostava, mandava embora.
— Eu já fui posta a par disso, mas acho seu pai um pouco ranzinza e
exigente. — Ela ri.
— Papai ranzinza. — Faço um sinal de silêncio para ela.
— Vai ser um segredo nosso.
— Maria Clara, o jantar está quase pronto. — Uma das funcionárias
aparece e avisa.
— Ok, vou levar Penelope para tomar banho e descemos.
— Será que o papai vai estar lá quando a gente descer?
— Bom, só vamos saber depois que a gente descer.
Porém, no fundo eu imagino que não, pelo que a Mandy falou,
Massimo trabalha muito, e depois da morte esposa, se afunda mais em
trabalho e quase não tem tempo para própria filha.

Depois de dar banho nela, desci com ela para a sala de jantar e a deixei
lá com a companhia de uma das funcionárias enquanto subia para tomar
um banho, estava de calcinha e sutiã de renda vermelhos. Pego a roupa na
cômoda, um short jeans e uma blusa regata branca, coloco em cima da
cama, vou até uma caixa de som que havia em cima da mesa de cabeceira
me ponho um dos funks cariocas, coloco em um volume não muito alto,
caminho para frente do espelho enorme do closet e começo a modelar
meus cachos enquanto me remexo ao ritmo da música.
Às vezes sinto falta do Brasil, da comida. Depois que me mudei pra cá,
constatei que os brasileiros são bem simpáticos e receptivos, fora que eu
sempre achei que a violência e o racismo fosse maior lá. Ledo engano,
aqui tem lugares que se eu pôr os pés posso ser duramente discriminada,
ou até mesmo sofrer algum tipo de violência.
— Interrompo algo? — me assusto com uma voz grossa e alta, e com o
susto, acabo me virando com rapidez e tropeçando nos meus pés.
Nossa Maria, que desastre você é.
— Droga, você está bem? — Massimo se aproxima, se abaixa para me
ajudar a me levantar.
— Você me assustou, por que não bateu na porta?
— Eu bati, chamei, mas pela música, você acabou não ouvindo. — Ele
tenta me ajudar a me levantar, mas sinto uma dor no tornozelo. Seu olhar
dirigido a mim é de preocupação.
— Deixa, eu me levanto.
— Você machucou o tornozelo. Como conseguiu fazer isso tropeçando
nos próprios pés? Você é um desastre em pessoa. — Semicerro os olhos.
— Dá licença. — Antes que eu tente me levantar novamente, ele me
tira do chão e me coloca em seus braços.
Com cuidado, ele me coloca sentada em cima da cama.
— Não precisava me carregar — murmuro.
— Não precisava ser tão desastrada, sabe que não ia conseguir levantar.
— Massimo coloca meu tornozelo em seu colo com cuidado e olha. —
Não acho que quebrou, mas ele inchou, vou chamar um médico para dar
uma olhada ou te levo ao hospital.
— Senhor, não precisa disso, se foi só um inchaço, não precisa...
— Por que é tão teimosa? De alguma forma, foi minha culpa você
se machucar. — O olhar dele, por mais que tente, vai para meu corpo, e
só agora lembro que estou de roupas intimas perto dele.
— Puta que... eu tenho que me vestir. — Tento me levantar, mas a
fisgada no meu tornozelo não deixa.
— Vou pedir para alguém trazer seu jantar aqui, não pode andar
desse jeito, vou pegar algo confortável para vestir. — Ele se levanta e
vai até o closet, depois volta e me olha confuso. — Mas cadê...
— Na cômoda, eu não tenho muita coisa, esse closet é grande
demais, e a cômoda deu e sobrou para as minhas roupas. — Abro um
sorriso sem graça.
Ele parece pensar, vai até onde a caixa de som toca e desliga, logo
depois caminha até a cômoda e pega uma camisola minha e me
entrega.
— Obrigada. — Sob seu olhar azul, me visto como posso. — Eu
sinto muito, meu primeiro dia com a menina, eu já me machucar,
como ela está?
— Esperando descermos, mas vou avisá-la que não vai poder.
— Ela é uma criança maravilhosa, passou o dia me mostrando o
apartamento, e depois ficou aqui comigo, me ajudando com as
coisas, Penelope estava querendo ir muito tomar sorvete com o
senhor amanhã e...
— Tenho muito trabalho, não posso. — Ele é seco em suas palavras.
— Mas pode ser durante o almoço, ela estava...
— Já disse que não posso. — A frieza, a forma que fala me deixa
irritada.
— Sua filha sente sua falta, não pode tirar uma hora pra ela?
— Quem pensa que é pra dizer o que é melhor para a minha filha?
— Uma pessoa que sabe o que é a ausência do pai, e depois perder a
única família que resta e acabar sozinha. — Ele abre um pequeno
sorriso.
— Só não te demito agora por causa do tornozelo, mas se continuar
assim, não vou hesitar. — Olho abismada para ele.
— Agora entendi o porquê ninguém fica nessa casa, não gosta de
ouvir verdades e acaba se desfazendo das pessoas porque não quer
ser contrariado.
— Acho melhor calar a boca.
— Senhor, me desculpe em insistir, mas ela é uma menina tão doce,
estava ansiosa para sairmos.
— Bom, agora que está com o pé ruim não vai poder sair nem tão
cedo com ela.
— Sim, mas o senhor poderia...
— Não te pago ou te contratei para opinar sobre minha vida,
tampouco me dizer o que tenho que fazer com a minha filha, então só
cale a maldita boca e esqueça!
Mas que grande filho da puta!
— Papai. — Olhamos ao mesmo tempo para a porta e lá estava ela,
nos olhando.
— Penelope, o que faz aqui? Mandei ficar lá embaixo.
— Vocês estão demorando muito.
— Maria Clara não pode descer, machucou o tornozelo. — A
menina olha para mim assustada e logo corre até mim.
— Você tá com dor? Papai, chama o médico — murmura
preocupada.
— Ei querida, fique calma, só estou com o tornozelo inchado,
preciso ficar de repouso e logo vou está bem para a gente sair. — O
sorriso dela me contagia.
— Papai, quando ela melhorar, a gente pode sair? — ele olha para
mim e depois voltar a olhar para ela.
— Vamos ver até lá, tudo bem, querida? — ela balança a cabeça em
afirmação.
— Papai, posso comer com a Clara aqui?
— Penelope, ela está...
— Não tem problema, bom que ela me faz companhia, não é,
princesa?
— Sim! — a animação dela me deixa feliz.
— Vou pedir para trazerem a comida de vocês, hoje foi um dia
estressante demais, amanhã mando o médico vir. Boa noite. — Como
um foguete ele sai do quarto.
— Papai está bravo?
— Não, ele só está cansado.
Tem muita coisa de errado nessa casa, e no final, a mais afetada é
apenas uma criança.
CAPÍTULO 02

Olho os relatórios com atenção enquanto o contador explica cada parte,


entretanto, a única coisa que me vem na cabeça é a imagem daquela mulher
dançando de forma sensual, vestida somente com uma calcinha e sutiã.
Aquele rebolado, porra! Fiquei olhando para ela e me arrependi de ter
interrompido, porém era melhor do que ela me pegasse bisbilhotando.
Nunca me casarei novamente, isso é fato, a única que ocupa esse espaço e
sempre vai ocupar é minha Amy, porém faz tempo que não transo, acho que
Maria Clara está vindo na minha cabeça por causa da falta de sexo.
— E então, senhor, ficou com alguma dúvida? — saio dos devaneios com
a voz do contador.
— Não. Se não tem mais o que dizer, pode se retirar. — Ele dá um breve
aceno com a cabeça, se levanta e sai da minha sala, porém quando penso
que vou ficar sozinho, Mandy entra.
— Deus! Soube hoje cedo o que houve com a Clara, liguei e ela me
contou tudo.
— Sua amiga é um desastre em pessoa.
— Mas pelo que sei, Penelope está adorando ela, Clara disse que a
menina não saiu do lado dela, foi pra escola, e ao voltar, já está lá com ela.
— Fico surpreso com isso, sei que minha filha é carinhosa com todo
mundo, mas agir assim, é novo.
— Ao menos isso. — Mandy revira os olhos.
— Você é um pé no saco às vezes. — Solto uma respiração pesada.
— Trabalhar que é bom, nada. — Ela me mostra o dedo do meio, se vira
e sai do meu escritório.
Ah, essas mulheres.

MARIA CLARA CAMPOS


— Clarinha, trouxe sorvete — diz Penelope ao entrar no meu quarto
juntamente com Evelyn, a governanta.
— Desculpe, Clara, ela insistiu pra trazer, disse que ia te deixar feliz. —
Abro o mais amplo sorriso.
— Não precisava, linda. — Ela me entrega o sorvete e sobe para a cama
para sentar ao meu lado.
— Tá doendo muito? — aponta para meu pé.
— Não muito, daqui uns dias prometo que vamos sair. — Ela sorri.
— Precisa de algo, Clara?
— Não, Evelyn, não precisa se incomodar.
— O senhor D´Vacchiano deixou ordens para cuidar de você, e no que
precisar, fora que mesmo que ele não deixasse ordens, eu iria te ajudar,
afinal, está machucada. — Abro um sorriso simpático.
— E eu vou cuidar de você também, Clarinha — murmura Penelope.
— O seu jantar vai ser servido aqui no quarto, e o da Penelope também.
— Não quer comer com seu pai, querida?
— Papai vai chegar muito tarde, antes de você, eu comia sozinha ou com
a Evelyn e o Barney, agora tenho você também. — Os seus olhinhos azuis
brilham e isso me faz sorri novamente.
E novamente penso, ela é pequena demais, porém me lembra eu quando
era mais nova, sempre vendo o lado bom de tudo.
— Boa noite. — Olhamos ao mesmo tempo para a porta do quarto,
quando meus olhos se cruzam com aquela imensidão azul, um arrepio passa
por meu corpo e coro na mesma hora ao lembra que ele me viu quase nua.
— Senhor D´Vacchiano, boa noite, estava avisando a Clara que vou
trazer a comida dela daqui a pouco. — Evelyn engole seco quando
Massimo olha para ela, posso ver seus olhos esverdeados assustados, ela
coloca alguns fios do seu cabelo loiro e liso para trás.
É, ele é intimidador.
— Eu vou comer com ela papai. — Penelope diz.
— Você vai comer na mesa, como deve ser. — Ele é ríspido.
— Senhor D´Vacchiano, não tem nada demais a menina comer comigo, é
bom que ela me faz...
— Evelyn, leve Penelope para jantar, vou descer em breve. — Evelyn
olha para mim e logo segura a mão da Penelope.
— Vem, querida, depois subimos para você fica com a Clarinha. — A
menina com os olhos cheio de lágrimas olha para seu pai, se vira e
acompanha Evelyn, logo depois, Massimo fecha a porta e olha para mim.
— Por que foi tão grosso com ela?
— Ela é minha filha, e a mãe dela está morta, minha esposa está morta! A
única pessoa que deve dizer o que é bom para Penelope sou eu. Você é só
uma simples funcionária que está aqui porque tenho uma grande
consideração por sua amiga! — ele diz cada palavra alto e em bom tom.
— Eu... mas senhor...
— Só faça o que foi contratada para fazer!
— Por que está falando essas coisas do nada? Ela só queria comer
comigo porque se sente bem ao meu lado. — Ele ri em deboche.
— Você chegou agora e acha que tem alguma importância na vida dela?!
— fico em choque com suas palavras.
— O senhor perdeu a sua esposa e isso te modificou, isso é visível, mas a
sua filha é fruto do seu amor com sua falecida esposa, ser rude comigo, eu
tolero, mas com Penelope não! — ele se aproxima.
— Assim que melhorar desse maldito pé, você vai embora da minha casa!
— posso ver um misto de emoções nos seus olhos.
— Faça o que quiser, isso não muda o fato de que Penelope precisa de
um pai, não do Massimo impiedoso. — Me aproximo dele. — Eu nunca
conheci meu pai, e perdi meu porto seguro, se eu não tivesse a Mandy iria
ser sozinha no mundo. O senhor perdeu uma esposa, mas Penelope perdeu
uma mãe, o bem mais precioso que Deus podia nos dar. — Minhas
palavras, de certa forma, parece o atingir. — E se continuar com essa
atitude, quando tiver mais velha, ela não vai ter um pai, e sabe por que?
Porque ela vai embora e não vai querer saber do homem que ao invés de dar
todo o amor e carinho quando ela mais precisou, estava ocupado demais
vivendo sua dor sozinho, sendo implacável com todos que cruzem seu
caminho, incluindo com a própria filha.
— Não me conhece pra saber disso. — Sorrio.
— Mas o pouco que vi, já deu pra saber. — Coloco minha mão em seu
rosto, ele me olha confuso. — O maior bem que sua esposa te deixou, foi o
fruto do que tinham e ninguém pode apagar isso, mas essa menina sente sua
falta, porque te ama.
— Não deveria se meter no que não te interessa. — Sua voz saiu baixa,
rouca.
— Quando há a felicidade de uma criança inocente, é claro que vou me
meter, pode me demitir se quiser, mas não vai mudar o fato de que Penélope
precisa do pai dela, do homem que a pegou nos braços pela primeira vez e
soube naquele momento que sua vida se resumiria a ela. — Massimo parece
balançado com minhas palavras.
— A mãe dela era a minha vida. — Sua confissão me pega de surpresa.
— Vê-la morta naquele asfalto frio e molhado, toda machucada, com
sangue e sem vida, foi como se minha sanidade tivesse ido junto com ela.
— Fico ainda mais surpresa quando vejo uma única lágrima descer de seu
rosto.
— Eu imagino, ver quem amamos dessa forma é traumatizante. —
Sinceramente, ele me deixou sem falas.
Massimo não diz nada, ele fica quieto, olhando para mim, com os olhos
cheios de lágrimas, minha mão ainda pairava em seu rosto sentindo a
rigidez da sua mandíbula e a maciez da sua pele branca levemente
bronzeada.
O olhar azul desse homem, a intensidade e o cheiro dele, puta que pariu!
É de enlouquecer qualquer mulher. Engulo seco sentindo o olhar dele nos
meus. Está difícil manter fixa no olhar dessa maravilha de homem das
cavernas.
Te aqueta, mulher! Ele é teu chefe!
Ele se levanta da cama de repente, e antes de sair do meu quarto, olhando
para mim, ele diz:
— Obrigado por me ouvir, mas de hoje em diante, do que é melhor para
Penélope, cuido eu, e se tirar minha autoridade diante dela, não só vai ser
demitida, como vou ter o prazer de foder sua vida a ponto de não conseguir
emprego em lugar algum. — E depois dessa ameaça, sai.
Que homem filho da puta!
Um mês depois
Meu pé já estava melhor, ainda bem, já não aguentava mais ficar deitada,
faz uma semana que o médico me deu alta e tudo que prometi a Penélope
nesse período, estou fazendo. Nesse momento estamos sentadas no
Madison Square Park, fazendo um piquenique. Hoje está um belo sábado
de sol e havia algumas crianças com seus familiares fazendo o mesmo.
— Papai disse que não pode vir, estava ocupado com reuniões —
murmura a menina.
Reviro os olhos com mais uma desculpa esfarrapada desse CEO, desde
aquele dia, mal troco palavras com Massimo. Para ser sincera, eu quase não
o vejo, e assim é bom. Depois daquela noite, onde ele demonstrou um
pouco de fraqueza, a pessoa que vi naquele dia não era o Massimo D
´Vacchiano que as pessoas costumam ver, de mau humor, frio e arrogante, e
sim um homem quebrado, que parece que só vive porque tem alguém que
depende dele, sua filha.
Será que ele já buscou uma ajuda psicológica? Às vezes isso pode ser
visto como uma dependência emocional.
— Seu pai anda bem ocupado com o evento de lançamento do novo
perfume, meu amor. — Em partes isso é verdade.
— Eu sei, mas queria ele aqui algum dia desses — a menina diz de forma
murcha, porém, ao me olhar, abre um sorriso. — Papai do céu me viu triste
e mandou você, aposto que a minha mamãe também. — Meu coração enche
de emoção ao ouvir isso.
— Pode apostar que sim, e eu sou bem orgulhosa por ter sido mandada
por ele para ficar com uma menina maravilhosa. — O brilho no olhar dela,
o sorriso dessa menina me contagia de uma maneira inexplicável.
— Penélope. — Olho na direção da voz e vejo uma moça bem vestida se
aproximando segurando a mão de uma criança.
— Sra. Taylor, oi Richard. — Penélope acena para o menino que retribui.
Me levanto do chão e estendo a mão para ela.
— Sra. Taylor, é um prazer conhecê-la, Penélope é...
— Penélope querida, quem é essa moça? — ela me olha com nojo, nem
sequer retribuiu a minha mão estendida.
— Minha babá Clarinha — responde com inocência, a moça ri.
— Não sabia que o Massimo... Ele deve está desesperado por uma babá
para deixar uma negra imunda tocar na sua filha. — Arregalei meus olhos
não acreditando no que ouvi.
— O que a senhora disse?! — perguntei cética.
— E pelo sotaque não deve nem ser daqui, talvez da África ou algum país
desses onde tem muitas pessoas pretas. — Sinto uma raiva terrível.
— Ei, não fala assim, Sra. Taylor, a Clarinha é boa. — A inocência da
Penélope em tentar me defender faz meus olhos encherem de água.
— Barney, me ajude aqui, vamos embora! — digo sem olhar para a dita
cuja.
Barney, que estava distante nos esperando terminar nosso piquenique, se
aproxima, e pela cara dele, parece que ouviu o que ela disse.
— Penélope querida, mande um beijo ao seu pai. — Ela olha para mim
com nojo, puxa seu filho e sai.
— Clara. — Barney me chama. — Você está bem?
— Clarinha, não chora. — Levo minhas mãos ao meu rosto e seco
minhas lágrimas.
— Eu vou ficar bem, fiquem tranquilos, só vamos pegar tudo e ir embora,
vamos termina de comer essa comida maravilhosa em casa.
E por mais que odeie admitir, ouvir cada palavra daquelas me doeu, me
doeu tanto que não tive tempo de ter uma reação à altura.
Por que existem pessoas assim?
CAPÍTULO 03

Depois de deixar Penelope aos cuidados de Evelyn, corri para meu quarto.
Sinto minhas mãos tremulas, meu peito doer e um pouco de falta de ar.
Crise de ansiedade!
Tento me controlar contando de trás pra frente, me sento na cama, sinto
meu rosto molhar em lágrimas, e sem conseguir me segurar, começo a gritar.
Por que existe pessoas tão ruins nesse mundo? Por que desde que vim
morar nessa porra de país sofro mais racismo que no Brasil? Por que a
polícia, nas primeiras semanas que vim morar aqui, queria me prender
dizendo que estava querendo roubar por estar em um bairro nobre? E se não
fosse Mandy na hora eu poderia ser presa somente por andar.
Mamãe, eu preciso tanto da senhora! Por que me deixou sozinha nesse
mundo? A senhora me ensinou a ver o lado bom de tudo, a sorri em meio a
tantas dificuldades, mas cada dia está mais difícil.
A falta de ar parece maior, minha garganta parece que está se fechando,
meu peito dói ainda mais, e começo a gritar ainda mais.
— Clara! — olho para a porta e vejo Barney acompanhado de Evelyn,
Penelope e Massimo.
Levo minhas mãos a cabeça e choro ainda mais.
— Levem Penelope daqui.
— Papai, isso é culpa da Sra. Taylor, ela falou coisas horríveis para a
Clarinha, papai.
— Querida, vai com eles.
— Papai...
— Vai! — sem questionar, Barney pega Penelope no colo e sai do quarto
junto com Evelyn fechando a porta, nos deixando sozinhos.
— Me... me... deixa...
— Ei, calma, não vou a lugar nenhum. — Ele se abaixa ficando entre
minhas pernas e eleva suas mãos aos meu rosto. — Toma remédios? —
balanço a cabeça em negação.
Coloco minha mão no pescoço e começo a me apertar deixando marcas,
ele pega em minhas mãos me segurando.
— Eu quero morrer. — Minha voz quase não sai, ele segura minhas mãos
com uma de suas mãos e a outra leva a meu rosto.
— Clara, olha nos meus olhos. — Sinto mais falta de ar. — Por favor,
olhe para mim. — Faço o que ele pede. — Eu sei que o que essa mulher
falou doeu muito e eu estou aqui para te ouvir ou somente ficar do seu lado.
— Eu me sinto tão sozinha, eu não tenho família. — Choro ainda mais. —
Está difícil ver o lado bom em tudo, sorri sempre — confesso.
— E não tem problema não ver, não tem problema chorar, tampouco
gritar, mas desejar morrer, por causa de uma vagabunda qualquer, não é a
solução. — Balanço a cabeça em afirmação. — Minha filha precisa de você.
— Suas palavras me pegam de surpresa. — Eu estava em casa quando vi
você subir as escadas correndo, Barney me contou tudo. Eu sinto muito pelo
que passou e acredito que já deva ter passado isso mais vezes.
— Uma vez, teve um cara que terminou o relacionamento comigo porque
eu não quis mudar meu penteado, disse que destacava ainda mais minhas
origens — murmuro sentindo a dor, a falta de ar diminuir.
Massimo leva a sua outra mão ao meu cabelo e acaricia.
— Acho seu cabelo lindo, em especial com ele solto, fica mais bonito
ainda. — Ele me pega completamente de surpresa com essas palavras.
Não digo nada, ainda estou digerindo o que ele acabou de falar.
— Se sente melhor?
— Sim, obrigada senhor D´Vacchiano. — Fico completamente
hipnotizada na imensidão azul de seus olhos, o toque da palma da sua mão
em contato com a pele do meu rosto sensível me faz ficar arrepiada e
estranhamente a atmosfera de antes muda.
— Hoje à noite é a festa de lançamento de um dos meus perfumes, e
geralmente sempre quem vai comigo é a Mandy. — Ele engole seco antes de
continuar a fala. — Ela disse que teria um compromisso e que não poderia ir,
e disse que você poderia ir no lugar dela. — Arregalo meus olhos.
— Senhor D´Vacchiano, sinceramente me sinto lisonjeada com o convite e
pela lembrança de Mandy, mas eu... quer dizer... não me encaixo nesse
meio... nem tenho...
— Isso já foi providenciado, e iria te comunicar isso quando chegasse do
piquenique com Penelope. — Seu olhar está suavizado, coisa que é difícil de
se ver, ainda mais porque Massimo parece que sempre está de mau humor ou
com raiva de algo ou de alguém.
— Ainda acho que não é uma boa ideia. — Ele leva sua mão até seu bolso
e puxa seu celular. — O que está fazendo?
— Mandy disse que se você recusasse, era pra ligar pra ela. — Puxo o
celular da mão dele.
— Está louco?! Ela é capaz de aparecer aqui e me arrumar a força. — E
isso poderia atrapalhar o encontro dela na folga do Barney hoje à noite, sim
ela havia comentado que os dois tem se visto e saído às vezes, mas hoje seria
bem especial, porém Massimo não sabe disso e não vai ser eu a estragar isso.
— Tem uma estilista lá embaixo te esperando, ela trouxe modelos de
vestidos, e caso precise de ajustes, ela vai fazer, também tem um cabeleireiro
e maquiador.
Ele se levanta, e antes de sair do meu quarto diz:
— O cabelereiro é especialista em cachos, Mandy escolheu um a dedo, ele
é brasileiro e tem filiais aqui em Nova York.
Quando ele fecha a porta, pisco meus olhos várias vezes tentando
assimilar o que acabou de acontecer.

MASSIMO D´VACCHIANO

Olho no meu relógio prateado de pulso e vejo que já passou das oito da
noite e nada de Maria Clara, eles começaram no início da tarde, como ainda
essa mulher não está pronta?
Há um mês, quando comentei com Mandy o que aconteceu entre Maria
Clara e eu, escutei aquela mulher falar pelos cotovelos, e sim, ela tinha um
compromisso que não sei o que é, mas sinto que a ideia da amiga ir no lugar
dela é uma forma de fazermos as pazes, já que nós dois não estávamos nos
falando e mal se vendo.
Sinceramente, isso para mim é irrelevante, mas depois do que vi mais
cedo, nunca imaginei que Maria Clara, uma mulher que parece ser feliz o
tempo todo, tendo uma crise de ansiedade, embora o motivo foi terrível, já
exigi que expulsassem a velha da senhora Taylor do condomínio, isso é uma
das coisas que não tolero perto de mim, pessoas assim me dão nojo, e o pior,
fez isso na frente da minha filha.
Foi difícil de Penelope dormir, ela ficou perguntando por Maria Clara o
tempo todo, espero que isso não traumatize minha filha, se não faço a vida
da família Taylor um inferno!
— Senhor D´Vacchiano. — Olho para o alto da escada e por alguns
segundos senti meu ar sumir.
Maria Clara?!
Ela desce devagar as escadas e eu simplesmente não consigo tirar meus
olhos dela, o sorriso que ela abre ao chegar mais perto me faz ficar
hipnotizado. O cabelo cacheado está mais cacheado e todo jogado para trás
expondo todo seu colo, o vestido vermelho longo é colado ao seu corpo
expondo ainda mais as belas curvas que essa mulher tem, em especial o
quadril grande e cintura fina, o belo decote na frente dá para ver levemente o
quão redondo são seus seios.
Puta que pariu!
Quando ela chega perto, vejo que a maquiagem destacou ainda mais seus
olhos claros, e o sorriso, porra, o sorriso dessa mulher.
— Senhor D´Vacchiano, desculpa pela demora. — Ignorando ela, pego
sua mão e a giro devagar, reprimo um xingamento quando vejo que o vestido
tem um decote V enorme que termina bem em cima da sua bunda. —
Senhor... está tudo bem? Gostou?
Se gostei? Maria Clara está gostosa demais com essa roupa, porra!
Olhando de perto, vejo que ela usa um colar e brincos prateados que
sinceramente combinou perfeitamente com ela.
— Você está linda, valeu a pena a espera. — Ela sorri timidamente.
— Esse colar e brincos eram da minha mãe, são os únicos que tenho, acho
que combinou — murmura timidamente.
— Vamos? — ignoro sua fala hipnotizado por tudo isso, dou meu braço
para ela entrelaçar no meu e o e sinto choque quando ela toca na minha mão,
o cheiro dessa mulher, é de morango.
Não é possível que seja falta de sexo, transei mais que um prostituto, não
é possível que a sensação esteja ainda maior, caralho!

CAPÍTULO 04

Fico vislumbrada com toda a decoração do local, eu simplesmente estou


encantada com tudo, estamos no salão de eventos da empresa do Massimo, a
decoração vai do dourado ao branco e prateado, lustres gigantescos
centralizados no teto de drywall gigantesco, o chão de porcelanato branco e
escuro em quadrados grandes. Garçons a rodo servindo petiscos e taças de
drinks caros, pessoas exibindo suas vestimentas caras e joias caras.
Na entrada do local, uma porrada de paparazzi e fotógrafos jogaram
flashes em cima de nós, quase fiquei cega, e o momento em que entramos no
salão, viramos o centro das atenções, o que me deixa desconsertada, porém
Massimo é o anfitrião, já que é o evento de lançamento de um dos seus
muitos perfumes que custam o olho da cara.
— Todo mundo tá olhando — murmuro por cima da música um pouco
alta.
— Não é só por causa de mim — disse ele.
Ele coloca a mão na minha cintura com possessividade quando se
aproximam de nós.
— D´Vacchiano, sinto dizer que é o homem mais invejado deste salão —
o homem negro de olhos cinza marcante diz, ele pega em minha mão e beija.
— Prazer, me chamo Lutero Ambrosine, vice-presidente da D´Vacchiano.
Massimo aperta ainda mais minha cintura, e sem demonstrar nenhuma
emoção diz:
— Ainda lembra que é vice-presidente? Só vive viajando, idiota! — o tal
moço ri, mostrando suas covinhas.
— Quanto amargor na vida de um homem que está ao lado de uma joia
como essa, inclusive, onde a encontrou? Quem sabe acho uma tão bela como
ela? — o tão Lutero ri maliciosamente para mim.
— Ignore, assim ele vai embora. — De forma sutil, Lutero mostra o dedo
do meio para Massimo e eu rio disso.
— Viu só? A moça tem senso de humor. — O homem me olha por alguns
segundos me avaliando. — Você é a amiga da Mandy? A babá da filha do
Massimo?
— Sou sim, me chamo Maria Clara.
— Agora entendi da onde veio tanta beleza, tinha que ser de terras
brasileiras — murmurou com um sorriso no rosto.
— Massimo, ainda bem que chegou, um monte de gente quer fala com
você. — Uma moça aparece.
— Eu já volto, Maria, Lutero, se comporta, se não eu te castro. — Ele
levanta as mãos em sinal de rendição.
— Você deve ser uma moça especial para ele — murmura de repente.
— Eu só vim porque a Mandy pediu. — Ele sorri.
— Conhece Massimo o suficiente para saber que a última vontade é a
dele, então pode ter certeza que ele queria isso. — Olho de longe para ele
que conversa com algumas pessoas.
— Ele é enigmático, nunca sei o que está pensando e sempre temos
discussões sérias sobre a Penélope.
— Massimo era um homem mais simpático, mas a perda da esposa o
deixou assim, Amy tinha medo disso, dele se fechar, já que a dependência
emocional que ele tinha dela era gigantesca, perder ela foi como se nada na
vida dele fizesse mais sentido, e a única coisa que o mantém vivo é a filha.
— Olho para Lutero.
— O que quer dizer com isso?
— Massimo já tentou se matar jogando o carro contra um poste, mas os
médicos o salvaram a tempo, isso foi logo após o enterro de Amy. —
Arregalo os olhos. — Esse assunto não é falado ou tocado porque eu e meus
pais fizemos de tudo para esconder, e não causar alarde.
— Isso... nossa. — Eu simplesmente não sabia o que dizer.
— Eu só estou dizendo que às vezes, se ele for chato, ou ranzinza, dá um
desconto pra ele, ou me liga que dou um soco nele. — Rio de suas palavras.
— Você é um homem legal, gostei de você.
— Por favor, repita isso perto dele. — Rio ainda mais.
A noite se estendeu bem, Lutero me fez companhia a maior parte do
tempo, já que Massimo o tempo todo tinha que falar com alguém e ainda
teve que dar um pequeno discurso sobre o lançamento. Teve uma hora que
me peguei sozinha tomando uma taça de champanhe e olhando a luz das
estrelas na parte de trás do salão.
— Olha, eu tinha que conhecê-la. — Olho para trás e um homem se
aproxima, ele é alto, um olhar escuro, cabelo grisalho penteado para trás.
— Desculpe, não entendi. — Ele chega mais perto até parar na minha
frente.
— Sou Adam Taylor. — Ele parece perceber que me retrai quando ele
falou o sobrenome. — Quero me desculpar pela minha esposa. O que ela fez
foi terrível, ainda mais na frente das crianças.
Ele estende a mão para mim, e com educação aceito.
— Está tudo bem — murmuro já retirando minha mão.
— Qual o seu nome?
— Maria Clara.
— Um belo nome. — O olhar que ele me lança me deixa desconfortável.
— Você deve ser bem especial, Massimo fez questão e exigiu a saída da
minha família do condomínio. — Fico surpresa com essas palavras.
Ele fez isso? Mas por que?
— Eu não sabia que ele tinha....
— Não se preocupe, ele é um homem impulsivo, sabemos que fez na hora
da raiva e que não vai levar a nada, entretanto, nunca o vi fazer isso por
alguém, ainda mais um empregado. Por isso, quero saber.
Ele se aproxima mais e sinto o cheiro forte de bebida, ele provavelmente
está bêbado, eu dou um passo para trás.
— Saber o que? — abro um sorriso sem graça.
— Talvez seja a beleza exótica, admito, você é uma mulher nova, com
belas curvas, tem postura, fala bem, uma acompanhante perfeita que nem
parece que veio de origem pobre, fora que parece ser uma mulher
inteligente, daria uma esposa fantástica. — Fico surpresa com suas palavras.
— Com licença. — Tento sair dali, mas sinto a mão dele na minha cintura
me puxar.
— Eu ainda estou falando. — O olhar frio dele, a forma como fala, me
assusta.
— Senhor Taylor, peço por gentileza que me solte, eu quero ir embora. —
A mão dele desce para minha bunda e ele me aperta mais para perto dele,
viro meu rosto e tento me soltar.
— Você tem um cheiro bom, será que as outras coisas são boas a ponto de
fazer um homem como Massimo D´Vacchiano cair diante de seus pés? Se só
de vê-la estou encantado, imagine a beijando, tocando. — Começo a me
debater, olho para trás e não há ninguém, começo a gritar para alguém ouvir,
mas com a música lá dentro vai ser impossível.
— Me solta! — começo a me desesperar quando ele começa a me puxar
para mais longe ainda do salão. — Socorro! — sinto meu rosto doer quando
ele desfere um tapa forte e estalado que sinto o gosto do sangue na minha
boca.
— Porra, negra idiota, cala a boca, vai ser rápido. — Ele começa a passar
a mão pelo meu corpo e aperta, começo a gritar e me debater ainda mais. —
Vou calar sua boca. — Ele tenta me beijar, mas mordo com força seus lábios,
ele me joga no chão com brusquidão.
— Não banque a difícil, sei o que quer, e eu também quero isso, comigo
vai ter muito mais coisas, até me divorcio se for preciso. — Ele começa a
tirar o cinto, e aquela cena me apavora.
E antes que ele termine, algo joga ele no chão.
— Seu filha da puta! — é a voz do Massimo, ele está em cima dele o
socando sem parar.
— Maria Clara, você está bem? — Lutero me ajuda levantar, e assustada,
o abraço e começo a chorar.
— Ele... ele... ia... ele... — não consigo falar, começo a fazer gestos de
onde ele me tocou.
— Ei ei ei, calma. — Ele me puxa para me abraçar novamente. —
Massimo, chega!
Olho na direção dele, a mão do Massimo estava cheia de sangue e o rosto
do homem não dava para ver pela quantidade de hematoma e sangue.
Quando ele se levanta, cospe em cima dele.
— Leve esse filho da puta pra longe daqui e certifiquem que as câmeras
tenham pegado isso bem, pra ter provas suficientes pra ele não sair da
cadeia. — Olho em volta e vejo pessoas olhando, incluindo paparazzi.
Alguns homens levantam o Adam Taylor do chão.
— Isso é culpa sua, preta estúpida! — a voz é daquela mulher.
— Tirem essa vagabunda daqui também! — grita Massimo, e na mesma
hora a puxam de lá à força.
— Maldita preta suja! Você vai pagar por isso!
Levo minhas mãos aos ouvidos e começo a chorar, um zumbido forte.
Começo a murmurar para mim mesmo.
— Isso é um pesadelo, isso é um pesadelo, acorda, acorda, acorda.
— Ei, Clara, olha pra mim, vamos embora. — Ouço ao fundo a voz dele.
— Clara, puta merda.
É tudo que escuto antes de apagar.

MASSIMO D´VACCHIANO

Começo a andar de um lado para o outro, impaciente. Depois do que


aconteceu, trouxe Maria Clara ao hospital já que a boca dela havia sangue e
a mesma desmaiou.
Quando dei falta dela e comecei a procurar, e vi aquela cena, eu
simplesmente não pude me conter, aquele verme sujo ia abusar dela se eu
não chegasse, e só de pensar nisso, me faz ter vontade de continuar o
socando até ficar sem vida!
— Massimo, os advogados já estão cuidando de tudo para manter ele atrás
das grades — diz Lutero ao entrar na sala de espera do hospital.
— Você viu o que ele ia fazer, ele... como eu queria arranca a cabeça dele.
— Não escondo minha ira.
— Eu sei disso, eu também senti essa vontade, mas nesse momento o que
importa é Maria Clara, e como essa notícia vai repercutir, a moça vai ter que
ficar reclusa por um tempo. O bom é que com a quantidade de testemunhas e
as imagens, Adam não vai ter nem o direito a julgamento.
— Senhor D´Vacchiano — o médico chama ao entrar na sala de visitas
acompanhado de Maria Clara.
— O que faz aqui? Não deveria...
— Ela está bem, teve um pequeno corte perto da boca e o desmaio foi só
estresse por todo o acontecido, ela já está medicada e está bem para ir
embora e descansar — diz o médico.
— Obrigada por me salvarem — ela murmura. O tom de voz dela, de
alguma forma, me deixa triste, porque ela não é assim.
— Eu sei que é inoportuno, mas por que ele fez aquilo? — questiona
Lutero.
— Não quero falar disso, eu só quero que ele pague pelo que fez, ou o que
ia tentar fazer, só de imaginar me deixa enjoada — ela diz com asco.
— Essa noite era para ser um momento para você se distrair, me sinto
culpado — confesso e me surpreendo quando ela abre um sorriso sincero,
pega na minha mão e diz:
— Tirando esse episódio ruim, foi uma noite boa, senhor, e fiquei surpresa
ao saber que queria que a família Taylor fosse expulsa do condomínio. — E
pela primeira vez em anos, uma mulher me deixa desconsertado. — Parece
que há um coração ai dentro hein — brinca fazendo Lutero ri.
— Quem te viu, quem te vê hein Massimo.
— Olha, vamos embora. Lutero pode ir pra casa agora. Vamos, Maria
Clara. — A puxo pela mão para sairmos dali.
Ela não diz nada, somente me acompanha, e quando ela não está vendo,
um sorriso bobo surge em meus lábios.
Isso não é um simples desejo, o que torna as coisas ainda piores.
Maldita babá gostosa!
CAPÍTULO 05

Depois dos acontecimentos da noite passada, nem preciso dizer como tem
repercutido em todos os sites de fofocas e jornais o que aquele homem
tentou fazer, porém Massimo tomou a frente de tudo e o agradeço muito por
isso.
Hoje estou no apartamento de Mandy junto com Penelope e Barney, que
como desculpa para ver a amada nos trouxe, já o patrão se enfiou em mais
trabalho, mesmo sendo domingo.
— Sabe que uma hora o patrão vai ter que saber de vocês — murmuro e
Barney sorri.
— Não estou a fim de ficar sem emprego agora, com tudo que houve, ele
parece que está com mais raiva que o normal — murmura ele.
— Vamos esperar o melhor momento para contar — completa Mandy.
— Clarinha, liga pro papai, vamos ir ao parque. — Abro um sorriso
concordando, porém já sabendo a resposta de sempre.
— Sim, querida. — Acaricio sua cabeleira loira.
— Ei traidora, não vamos ter um dia de filmes das princesas da Disney?
— brinca Mandy.
— Chama o papai pra vim ue. — Ambos se entreolhamos.
— Eu vou liga pra ele. — Pego o celular e começo a discar.
— Barney, temos que comprar mais algumas coisas, Penelope, vamos
conosco? — a menina pula do sofá com alegria.
— Vamos, Clarinha. — Pega na minha mão.
— Eu vou ficar, para ajeitar tudo e ligar pro seu pai, querida, tá bom?
— Eba, vamos tem que trazer tudo pra fica bonito pra quando o papai
chegar. — A empolgação dela, só de pensar que o Massimo poderia abrir
exceções.
Maldito CEO.
Quando ambos saem, começo a ligar, o que me surpreende é ele atender
no primeiro toque.
— Maria Clara.
— Senhor D´Vacchiano, eu sei que deve estar ocupado, mas...
— Pode abrir a porta? — fico alguns minutos tentando assimilar.
— O que?
— Abrir a porta do apartamento. — Olho na direção da porta, e quando
ele diz meu nome é que saio do lugar e vou até a porta e abro.
Lá estava ele, com o celular na mão, vestido de forma habitual, sem terno
e gravata, blusa social escura com os três botões abertos, calça social, cabelo
levemente bagunçado e aquela maldita imensidão azul que evito o máximo
possível olhar.
— Senhor...
— Eu vi Barney, Mandy e Penélope sair, onde foram?
— Ah... é que vamos fazer um dia de filmes com a Penélope, estava
ligando justamente para o senhor porque ela queria muito que estivesse
aqui. — Abro espaço para ele entrar.
— Eu sai de uma reunião de urgência agora, e como havia dito que viria
pra cá hoje, passei para saber como estava. — Ele ignora a minha fala.
— Eu estou melhor, mas ficaria melhor ainda se ficasse por sua filha. —
O olhar que ele lança é enigmático.
— Sabe que isso é golpe baixo, dado o que aconteceu ontem.
— Bom, aproveite que está aqui e eu imagino que não tenha mais nada
pra fazer, ou estou errada?
— Não, não está.
— Então, junte o útil ao agradável, até o Barney vai ficar pra fazer a
alegria dela. — Ele tenta esconder, mas vejo a sombra de um sorriso ali.
— Okay, eu fico, só preciso fazer uma ligação. — Balança a cabeça em
concordância.
Enquanto ele está no telefone, caminho em direção onde fica o meu
quarto, havia deixado algumas coisas aqui quando viesse para não ficar
trazendo e levando coisas sempre, embora eu não tenha muitas.
Tiro uma roupa mais confortável, shortinho, blusa regata branca e
chinelos, do guarda-roupa e ponho.
Ao voltar para sala, o vejo sentado no sofá me aguardando, e sim, ele me
olhou de cima a baixo, mesmo que tenha tentado disfarçar, o que infla meu
ego, já que Massimo é um puta partidão e cobiçado por muitas mulheres,
sentir o olhar dele em cima de mim é como ter ganhado um prêmio.
— Iria ficar vestida assim, com o Barney aqui? — questiona.
— Qual o problema?
— Esse short, tenho certeza que se abaixar um pouco, deve dá pra ver
bastante coisa. — Rio de suas palavras.
— Fique tranquilo, tenho ciência disso, agora o senhor pode parar de
avaliar minhas vestimentas e me ajudar a ajeitar a sala? A pipoca já está
pronta, mas quero deixar a sala confortável.
Ele não diz nada, me ajuda a puxar o sofá enorme que vira uma cama,
coloco algumas almofadas aqui.
— Na minha casa tem uma sala especifica pra cinema — comenta.
— Mas nada melhor do que o tradicional, vai me dizer que nunca fez
isso?
— Fazia muito com a Amy, na verdade todo domingo, era uma tradição,
Penélope não lembra porque era pequena demais, víamos filmes de terror,
ela era fascinada, em especial os baseados em fatos reais. — Vê-lo falar pela
primeira vez da mulher, de forma espontânea, me deixa contente, porém
guardo para mim mesma e continuo.
— Deveria manter com Penélope essa tradição, garanto que a menina vai
amar, ainda mais sabendo que é algo que a mãe amava. — Ele não diz nada.
— Me ajuda com as pipocas — murmuro mudando de assunto.
Caminho até a cozinha e ele me acompanha.
— Pega as vasilhas ai em cima, por favor. — Enquanto ele faz isso, me
estico para pegar os copos que estão no armário de cima, fico praticamente
na ponta dos pés. — Merda! — murmuro.
Sinto meu corpo ficar rígido, e um arrepio o percorre quando o braço de
Massimo passa por cima da minha cabeça e pega um dos copos, seu corpo
está bem próximo ao meu, e ao me virar dou de cara com o peitoral dele.
— Eu posso pegar os copos, Maria. — Engulo seco, porque a voz dele
saiu tão rouca e gostosa.
— Claro. — Quando penso em sair dali, ele bloqueia a minha passagem
colocando a mão na bancada, levanto meu rosto para olhá-lo, e puta que
pariu.
— Você sente a mesma coisa que eu sinto? — a pergunta dele me pega
de surpresa. — Já tem semanas que venho tendo sensações estranhas desde
que a vi pela primeira vez, porém eu não sei dizer exatamente o que são
elas. — Massimo leva uma de suas mãos até meu rosto, e aquela sensação,
como se meu corpo tivesse levado o choque, vem, ele com certeza percebeu.
— Sim, você sente algo parecido.
— E o que sente? — me arrisco em questionar.
— Sinceramente? Achava que era desejo, você é uma bela mulher,
inteligente, sorridente, porém quando a vi ontem a única certeza que eu
tinha era que não era só tesão. — A confissão dele me deixa completamente
sem reação.
Ele se sente atraído por mim? Puta que pariu.
— Massimo... eu... — me calo quando ele se aproxima mais, meu corpo
colando com o dele, a mão dele descendo pela minha cintura, e a outra firme
no meu rosto, sua boca se aproxima da minha.
— Por que você é a única mulher que me deixa completamente
desconsertado? Isso é confuso demais, tento não pensar, mas é impossível.
— Em um ato impensado, levo minhas mãos até seu rosto, o pegando de
surpresa.
— Sei que eu vou me arrepender disso ou você me demitir depois disso,
mas está difícil.
— O que... — logo meus lábios estão nos dele, e Massimo nem mesmo
protestou, pelo contrário, sinto ele me puxar do chão e logo estava em seu
colo, nosso beijo se intensificou. Como pode um homem desses me querer
como ele disse que queria?
Que beijo gostoso da porra! A pegada dele, o toque, tudo junto me deixou
úmida no meio das pernas, sedenta por mais de seu toque, e isso pode ser
errado, mas é tão bom.
— Isso é tão... porra, Clara, por que tinha que ser tão gostosa?! — ele
pragueja caminhando rapidamente comigo indo em direção ao corredor que
dá nos quartos.
— Primeira porta a direita — digo com a minha boca colada na dele.
Sem cerimônia ele caminha até lá, abre a porta e a fecha com força. Logo
sinto meu colchão nas minhas costas quando ele me deita nele, sua boca
ávida está em meus lábios enquanto suas mãos hábeis trabalhavam em meu
corpo. Levo minhas mãos até a sua camisa e com sua ajuda começo a abrir
os botões, e quando ele se livra dela, posso sentir a rigidez dos seus
músculos.
Esse homem é uma tentação!
Massimo sobe a minha e, com a minha ajuda, me livro dela voltando a
minha posição, ele fica olhando para mim por alguns segundos, o que me
fez ficar com medo dele não ter gostado do que viu, pois eu já estava sem
sutiã.
Ameaço tampar, e ele segura.
— Não faça isso, eu só fiquei surpreso, admirado, você é linda, Maria
Clara, perfeita. — Devagar ele desce seu rosto, e olhando em meus olhos,
ele primeiro beija um de meus seios que já estavam rígidos e duros, depois
passa a língua no bico fazendo-me estremecer.
Sua boca entra em completo contato com um de meus seios e chupa e
mordisca com vontade, depois de repetir o mesmo com o outro, ele sobe
novamente pairando em cima de mim, acaricia meu rosto e beija meus
lábios novamente e murmura.
— Você é perfeita, tenho que venerar cada parte do seu corpo. — O olhar
de admiração que ele me lança infla meu ego.
Um homem desses falar essas coisas pra mim? É claro que vou me sentir.
Massimo desce novamente com a sua boca, porém devagar, me ajuda a
me livrar do meu short e morde o lábio ao ver que estou usando uma
calcinha de renda vermelha.
— Deus! — pragueja.
Ele se levanta e retira sua calça junto com sapato e cueca, deixando seu
pau saltar duro feito pedra.
Oh porra, isso é grande hein.
— Você tinha que ver como me deixou com essa visão dos deuses.
Fica impossível não admirar, esse homem é um deus, ele é lindo demais,
corpo perfeito, o V que faz em seu quadril indo em direção ao seu pau,
gominhos definidos. Agora entendo porque ele é tão cobiçado.
Devagar, ele paira em cima de mim novamente e agora com seu pau
roçando em mim, e porra, eu estou muito excitada.
Sua boca toma a minha novamente, passo minhas mãos nos músculos
rígidos das suas costas, Massimo desce sua boca por meu corpo, cobrindo
cada centímetro de beijos, chupões, mordidas, fica difícil segura os
gemidos. Sua boca volta aos meus seios e agora uma de suas mãos desde até
minha calcinha, e quando ele enfia a mão por dentro dela, ele solta um
gemido baixo.
— Está tão... preciso sentir seu gosto. — Ele desce até minha boceta e
quando iria tirar minha calcinha, ouvimos vozes.
Merda! Eu tinha esquecido.
— Oh porra! Eles chegaram. — Quase jogo Massimo no chão com a
velocidade que me levanto.
— Ei, calma, vamos nos vestir, mas com a situação que me encontro aqui
embaixo, vai ser difícil. — Aponta para seu pau ainda duro.
— Imagine coisas que broxem, porque vamos ter que sair daqui —
murmuro envergonhada colocando minha roupa. — Deus! Eu estava na
cama com meu chefe, sabe como isso é errado? Sou a babá da sua filha!
— Não gostou do que aconteceu ou do que poderia ter acontecido? — a
pergunta dele me deixa mais envergonhada.
— Parece errado admitir que sim, você é...
— Seu chefe, eu sei disso, essas coisas fogem completamente da minha
ética, jamais transar com funcionárias. — Me assusto quando ele me puxa
pela cintura. Juntando nossos corpos novamente. — Mas eu sinceramente
não me arrependo de nada. — O olhar que ele me lança, ouvir essas
palavras, fica difícil não ficar derretida.
— Coloque a roupa, eu vou lá distrair eles, inventar algo. — Sem dizer
mais nada, saio de lá em disparada para a sala.
— Ei, ouvi vozes do seu quarto, tem alguém aí? — questiona Mandy.
— Ah... sim, o Senhor D´Vacchiano. — Ela arregala os olhos.
— O papai veio? — a alegria de Penelope é enorme.
— Sim, eu estava conversando com ele algumas coisas sobre o ocorrido
da noite passada e agora ele está em uma ligação, mas já vai vir. — O olhar
desconfiado da Mandy me fez ficar um pouco envergonhada.
— Acha uma boa ideia eu ficar aqui? Ele ainda...
— Ele já sabe que você ficaria, Barney, não se preocupe, falei que foi a
pedido da Penelope. — Olho para ela e me assusto quando não a vejo, só o
vulto da cabeleira loira indo para o corredor.
Deus! Ele pode estar se vestindo ainda. Empalideço na mesmo hora.
Antes que eu vá até lá, Massimo volta, vestido e com a filha em seus braços,
solto a respiração que nem sabia que estava segurando.
— Massimo, acho que o inferno vai congelar — brinca Mandy. — Você
chegou aqui bem rápido, a empresa fica um pouco distante daqui —
murmura desconfiada.
— Eu estava indo embora quando a Maria Clara me ligou, como eu não
teria mais nada a fazer, resolvi vim, cheguei alguns minutos antes de vocês
— diz na maior naturalidade.
— Papai, vamos ver filmes de princesa, o Barney e a Mandy compraram
doces e refrigerantes — diz empolgada.
— Bom, nem sequer fui perguntado se poderia dar essas coisas a minha
filha. — Ele olha para mim.
Infeliz, estava prestes a me chupar há alguns minutos e agora está falando
assim com o maior cinismo de todos.
— Vamos deixar as broncas para depois, vamos ao que interessa,
princesas — diz Mandy.
— Ebaaaaaa! — a euforia de Penelope está maior e claramente visível
que é por causa do pai.
Observo ele a colocar em cima do sofá cama e conversar com a pequena,
aquilo enche meu coração de alegria, porém me faz questionar diversas
coisas. Massimo é meu chefe e eu sou a babá da filha dele, e há alguns
minutos estávamos prestes a transar. Acho que no final a chegada do pessoal
foi um sinal de que aquilo era um erro.
Mas por mais que eu tente por isso na minha cabeça, algo dentro de mim
diz o contrário e isso me assusta.
Ah Massimo D´Vacchiano, o que está fazendo comigo?!
CAPÍTULO 06

— Clarinha, olha, eu tirei dez em artes! — Penelope corre com alegria em


seus olhos até mim dizendo essas palavras, me abaixo e a puxo para meu
colo me contagiando com seu sorriso.
— Oh Deus! Princesa, parabéns, merecemos uma boa comemoração, e o
que foi que a fez ganhar esse belo dez? — ela pega um papel da sua mão e
me entrega, olho com atenção, ela fez uma paisagem com flores, árvores
frutíferas e um céu azul, e três pessoas fazendo piquenique e uma entre as
nuvens. Até que o desenho está maravilhoso para uma menina tão pequena,
Penelope tem um dom que o seu pai precisa investir e ajudá-la.
— Somos eu, você, o papai e aqui no céu é a mamãe como um anjo
olhando feliz pra gente — ela diz com orgulho e com brilho em seus olhos
azuis. — Quero dá pro papai no aniversário dele na quarta. — Olho para
Barney confusa.
— Aniversário?
— Sim, Clara, o senhor D´Vacchiano faz aniversário nesta quarta, mas
não comemoramos.
— Por que?
— Penelope, vamos levar esse desenho para mostrar para todos? Ele está
lindo. — Evelyn vem e pega Penelope que vai com alegria com ela, quando
as duas já não estão no hall, Barney volta a falar.
— Foi o dia em que o Massimo conheceu a mãe da Penelope e também
aniversário de casamento deles. — Pisco meus olhos surpresa.
— Eles se casaram na data que se conheceram, isso é lindo.
— Sim, mas não é a mesma coisa desde que ela se foi, Massimo
simplesmente parou de comemorar, se tranca no quarto onde era deles e só
vemos ele no dia seguinte, abatido, com o rosto inchado e depressivo.
— Como a Penelope fica nesses dias? — o olhar triste de Barney entrega
tudo.
— Uma vez peguei ela dormindo na porta do quarto, esperando o pai dela
abrir, com biscoitos em suas mãos, foi uma cena ruim de se ver, porque
aposto que ela ficou chamando por ele, e Massimo, afundado pela dor,
ignorou. — Sinto meu peito doer ao imaginar essa cena.
— Nessa situação toda, a que mais sofre é a pequena, será que ele fará
diferente desta vez?
— Eu duvido, acho que somente um milagre para fazê-lo mudar essa
terrível tradição.
Escuto a risada de alegria de Penelope e aquilo me faz tomar uma
decisão.
— Pessoal, podem ficar com a Penelope? Eu já volto. Barney, me
empresta a chave do carro ou pode me levar em um lugar.
— Claro, para onde vamos?
— Vamos falar com o Massimo D´Vacchiano.

Nunca tinha entrado aqui, e agora entendo porque a Mandy se veste tão
elegante se arruma à beça. A porta gigantesca de vidro, quando ela se abriu,
senti o quão intimidante esse lugar é, em especial as pessoas que transitam,
caminho até a recepção, a moça loira de com olhos escuros me olha com
desdém.
— Megan, pode deixar, ela está comigo, e é a babá da filha do chefe. —
Barney falou e na mesma hora ela liberou nossa entrada, ele tomou a frente
e foi em direção a um elevador oposto dos outros. — Esse que vai para a
vice e a presidência.
— Sempre gostando de ficar superior aos outros — murmuro ao entrar no
elevador chique que tinha partes de vidro que dava para ver o alto de
Manhattan distante.
— Sabe que é uma péssima ideia, ele pode...
— Eu sei, mas isso que disse é demais, Penelope merece comemorar um
aniversário do pai junto dele, isso é doloroso pra ele, mas essa menina sofre.
— Ele é nosso chefe, não nos metemos nisso.
— Então, pode ir e deixar que eu faça isso sozinha. — Quando a porta do
elevador abre no vigésimo quinto andar, eu vou na frente deixando Barney
para trás, logo vejo Mandy levantar e nos olhar confusa.
— Maria Clara, Barney? O que...
— Massimo está ocupado? — a corto.
— Não, mas... — saio andando na frente e sem deixar que ninguém me
segure, abro a porta, o mesmo estava concentrado no computador e logo
parou e me olhou surpreso.
— Clara?! O que faz aqui?
— Senhor D´Vacchiano, precisamos conversar sobre seu aniversário. —
Ele automaticamente olha para trás de mim.
— Vocês contaram a ela do meu aniversário?! — a voz dele soou
ameaçadora.
— Mandy não tem nada a ver com isso, eu comentei porque a Penelope
disse que...
— Está demitido! — todos arregalamos os olhos na mesma hora.
— O que? Eu não podia saber?
— Porque ia se achar em algum direito de tentar fazer algo bom, mas eu
não quero que faça nada. — Caminho até ele.
— Eu só vim aqui para te dizer que a Penelope está animada com o seu
aniversário, fez um presente muito lindo, e achei que falar isso longe dela
ia...
— Por que infernos você se mete em tudo?!
— Eu soube que no último aniversário deixou sua filha na porta do quarto
dormindo, te esperando, sem ter piedade dela!
— E?
— A menina sente sua falta, falta da mãe, e uma data boa para...
— Para quem? Pra mim? Eu odeio meu aniversário, e sinceramente não
importo com quem se importa com essa merda dessa data, porque a única
pessoa que algum dia fazia essa data ser especial não está mais do meu lado,
então vai embora se não demito você também.
— Se demitir o Barney, eu também me demito! — sinto meus olhos
marejados. — Ele não sabia que não podia me contar, nem eu sabia disso,
eu só quero tentar ajudá-lo a salvar você e uma menina que é inocente nessa
história toda!
— E por que se acha no direito de querer nos salvar?! Nunca pedi a sua
maldita ajuda!
— Porque gosto de você! E amo a sua filha como se fosse minha filha.
— Ela não é a porra da sua filha! A única mãe que ela teve e sempre foi,
foi minha esposa, a Amy, você é somente uma maldita funcionária que eu
dei corda demais, não deveria ter te beijado, tampouco te tocado! — ele
grita e vejo a raiva em seu rosto.
Sinto meus olhos marejados, olho para trás e ambos estão me olhando
surpresos.
— Massimo. — Minha voz sai como súplica e embargada.
Ele se levanta e vem até mim.
— Te evitei desde ontem porque vi o erro que cometi, confundindo meus
sentimentos, e hoje percebi que o que tinha era só desejo acumulado, tesão,
ainda bem que não foi consumado. — Ouvir essas palavras foi como levar
uma facada bem no peito. — A única mulher que vai ter meus sentimentos
mais puros vai ser a Amy, a minha esposa e mãe da minha filha, e nenhuma
outra terá essa oportunidade. — Engulo seco sentindo uma humilhação sem
igual.
— Você... você disse que não era... você falou que não se arrependeu...
você...
— Meu pau falou mais alto quando me beijou. — Sinto meu rosto ficar
vermelho diante de tanta vergonha e humilhação.
— Eu fui ingênua demais — murmuro para mim mesma.
— Teve que acontecer o que aconteceu, para ter certeza de que era só
tesão e falta de sexo. — Sem conseguir me segurar, minha mão vai de
encontro com o rosto dele, o que o pegou de surpresa.
— Eu tenho pena da Penelope, por ter um pai que nunca se importou com
a dor dela e que nunca vai fazer isso. Nunca mais quero olhar, te ver ou
ouvir sua voz, eu me demito e te odeio.
Saio de lá sem olhar para trás, ouvindo Barney e Mandy me chamarem, e
simplesmente a única coisa que quero é fugir dali.
Quando a porta do elevador se abre, Lutero aparece.
— Ei, o que houve? — tento enxugar as lágrimas.
— Eu preciso ir embora.
— Clara!
— Barney, Mandy, eu levo ela, não se preocupe. — Eu não falei nada, só
queria ir embora.
Quando as portas do elevador estavam prestes a se fechar, vejo Massimo
de longe, ele estava na porta do escritório e o olhar que ele lançou parecia
ser triste, talvez de pena ou arrependimento.
Rio dos meus próprios pensamentos. Não veja coisa onde não tem, agora
mais que nunca precisa fica longe dele, para tirá-lo do seu coração.
CAPÍTULO 07

Observo as pessoas passearem pela calçada perto do apartamento de


Mandy, faz dois dias que sai da casa do Massimo e hoje é aniversário dele,
não o vejo desde então, nem mesmo sei de Penelope, o que me preocupa,
aquela doce menina deve estar sentindo minha falta, assim como eu também
estou sentindo a dela.
Escuto a porta sendo aberta e logo vejo Mandy entrar, estranho ela ter
chegado cedo, ainda são três da tarde.
— O que faz em casa tão cedo? — ela coloca a bolsa de couro escuro em
cima do sofá e retira o blazer cinza.
— Massimo recebeu uma ligação e saiu às pressas do escritório, disse que
tinha que resolver um problema e me dispensou por hoje. — Uma sensação
ruim me atinge.
— Será que foi algo com Penelope?
— Não sei, ele não comentou, logo mais ligo para saber se está tudo bem,
talvez para Barney, ainda bem que consegui convencer Massimo a não
demiti-lo. — Se senta no sofá e eu me aproximo.
— Me sinto culpada por te o feito passar por aquilo, mas eu não consegui
me conter.
— E ainda não acredito que você e Massimo D´Vacchiano tinham ficado,
foi chocante quando ouvi. — Abro um sorriso fraco.
— Ele foi um babaca, falou tudo aquilo na frente de vocês como se eu
fosse uma qualquer, como me arrependo de ter dado alguma brecha para ele
me tocar.
Porém, por mais que não queira admitir, toda vez que entro no meu
quarto, sinto a presença dele, quando me deito na cama e fecho os olhos,
posso sentir o toque dele na minha pele, nos meus lábios, até mesmo seu
cheiro eu sinto, como eu sou uma otária.
— Um babaca? Talvez, mas ainda acho que ele falou aquilo da boca pra
fora, afinal Massimo só amou uma mulher em toda a sua vida, e pintou uma
imagem de que Amy era e sempre seria a única a ocupar seu coração,
acredito que tudo isso pra ele é novo. Ele pergunta de você.
— Isso não importa, não volto para aquela casa, a humilhação, as
palavras dele me magoaram muito a ponto de eu cogitar voltar para o Brasil.
— Ela arregala os olhos.
— Está falando sério? Mas, e eu?
— Eu recebi uma proposta de trabalho no Rio de Janeiro, de uma empresa
muito importante, para trabalhar com o marketing dela, o salário é muito
bom, e a empresa custeia apartamento para os funcionários, com um
currículo internacional chamou a atenção deles, em especial porque eles tem
clientes fora do país. Mas ainda não sei, sinto saudade do Rio, mas gosto de
viver aqui, eu não tenho ninguém lá.
— Amiga, saiba que o que decidir, vou te apoiar, embora quero que fique
aqui comigo. — Abro um sorriso.
— Ei, amanhã não vou trabalhar — diz ela olhando para a tela do celular.
— O que? Como assim?
— Massimo avisou que não vai trabalhar amanhã e disse para eu
reagendar tudo e que não precisava ir amanhã, que Lutero e a secretária dele
ia cuidar de tudo. — Novamente aquela sensação ruim.
— Ele não disse o motivo?
— Até parece que ele é o tipo de homem que dá satisfação para fazer
algo, mas acredito que por hoje ser aniversário dele, vai passar o resto da
tarde preso em casa sem querer ver ninguém.
— Depois pergunte ao Barney se algo aconteceu, estou com um
pressentimento ruim.
— Claro, mas que amanhã estou de folga, vamos sair hoje à noite, tem
um barzinho que abriu aqui perto, faz tempo que não saímos juntas e que
você tá presa dentro de casa nesse pós pé na bunda. — Semicerro os olhos
para ela.
— Já disse que você é uma amiga maravilhosa? — ironizo.
— Não precisa dizer, sei que sou, agora vou comer algo, estou morrendo
de fome. — Mandy caminha em direção a cozinha.
O que será que está acontecendo?

A música alta do bar entra em meus ouvidos e me surpreendo ao constatar


que se trata de batidas de funk, nossa, quanto tempo que não ouço algo
assim em certos lugares, somente quando eu quero ouvir no meu celular, o
que? Não me julgue, de vez em quando é bom rebolar a raba.
— Vou pegar duas cervejas pra gente — diz Mandy indo em direção ao
bar, caminho para ficar em uma mesa no canto, onde se dá para ver a pista
de dança e ter uma bela visão da parte de cima do bar, que há algumas
pessoas lá, só não dá para ver quem são pela má qualidade de luz que habita
aquele local.
Coloco a minha bolsa em cima da mesa, ajeito meu vestido, já que o
mesmo subiu um pouco conforme andei, eu deveria ter escolhido algo mais
decente, mas a Mandy insistiu e disse que esse fica perfeito, pois por ser um
vestido prateado com alças finas, bem colado e o devote V na frente, destaca
bem minhas curvas, meu cabelo cacheado solto, uma maquiagem básica
com batom vermelho escuro, delineado, máscara de cílios e um pouco de
base para esconder minhas olheiras.
Esses dias que não tive notícias de Penélope tem me deixado ter noites
mal dormidas, e por mais que odeie admitir, não saber muito de como está a
cabeça do Massimo nessa data como hoje me deixa preocupada.
— Senhorita Maria Clara Campos? — um homem vestido como os
demais atendentes do bar surge.
— Sim? — olho confusa.
— Uma bebida de cortesia para a senhora, é uma margarita. — Olho
ainda mais confusa.
— Cortesia? De quem? — nesse momento Mandy chega com nossas
cervejas.
— Do novo dono do estabelecimento. — Sem me deixar dizer mais nada,
o homem deixa a bebida ali e vai embora.
— Não tem nem cinco minutos que me afastei e já está arrasando
corações? — brinca.
— Não vou beber isso, não sei quem é esse novo dono, vai que colocou
algo na bebida — murmuro deixando a taça ali intacta do mesmo jeito que o
homem deixou.
— Bom, isso eu concordo com você, toma, sua cerveja.
— Massimo te mandou mensagem?
— Amiga, desencana por hoje, já lido com ele todos os dias, é minha
folga.
— Eu sei, mas eu estou...
— Eu sei disso, Maria Clara, mas se quiser esquecer o Massimo vai ter
que parar de falar nele, assim vai ser mais doloroso. — Balanço a cabeça
concordando.
— Senhoritas? A área vip está aberta para vocês. — Agora outro
atendente aparece, porém vestido como alguns seguranças.
— Eu nem sabia que aqui tinha uma, mas por que? — questiona Mandy.
— O chefe parece estar encantando com sua amiga e pediu para convidá-
las, é aquela área lá em cima. — Aponta para onde eu tinha visto que havia
pessoas, mas não dava para ver quem eram.
— Diga ao seu chefe que não estou interessada — digo firme.
— Clara, deixa de ser chata, vamos lá ver, se não gosta voltamos.
— Mandy, não, quero ficar aqui embaixo, diz a ele que dispenso,
obrigada. — Sem dizer mais nada o segurança se retira. — Não vou afogar
as mágoas nos braços de outro homem, ainda mais não o conhecendo.
— Ok, concordo com você. — Mandy parece surpresa olhando para algo
atrás de mim. — Mas talvez esse você conheça.
— Boa noite, Maria Clara. — Fecho meus olhos e os abro absorvendo a
potência da voz desse homem, sinto meu corpo ficar totalmente arrepiado,
quando me viro para olhar ele, quase tenho um treco.
Que homem gostoso, misericórdia! Blusa escura com os três primeiros
botões abertos, mangas enroladas até metade do braço, cabelo levemente
bagunçado, rosto de quem está puto com algo, sim, esse é o Massimo que eu
conheço.
Engulo seco antes de falar.
— Boa noite, D´Vacchiano.
— Eu vou buscar mais cervejas pra gente. — E logo minha amiga some
me deixando sozinha com esse homem que tem sido uma das razões das
minhas noites mal dormidas.
— Não aceitou minha bebida — acusa olhando para a taça.
— Você é o dono daqui? — indago surpresa.
— Esse é um dos muitos estabelecimentos que são meus, não vivo só da
empresa. — E novamente constato o quão rico esse homem é,
provavelmente um bilionário. Não digo nada, então ele fala novamente. —
Está linda, fica impossível não admirar. — Finjo que essas palavras não me
atingiram.
— O que quer? — tento ser direta.
— Eu vim aqui checar como estava o movimento e a vi. Fiquei surpreso
em vê-la...
— Por que está enrolando? — ele solta uma respiração pesada.
— Nunca tive que fazer, na verdade a única mulher a quem já pedi
desculpas nessa vida por algo foi a Amy. — O vejo engolir seco. — Maria
Clara, me desculpe por ter sido um idiota com você, falar aquelas coisas,
ainda mais na frente dos outros, foi baixo da minha parte, me desculpe. —
Sim, ele realmente me pegou de surpresa com essas palavras que pensei
nunca ouvir sair da boca dele.
— Tudo bem, mas você tinha razão em uma coisa. — Ele me encara com
sua imensidão azul. — Nunca deveria ter me iludido com você, tampouco
achar que um homem como você se interessaria por mim.
— Clara...
— Como está Penelope? — Massimo parece ponderar antes de responder.
— Hoje ela teve febre, por isso fui embora mais cedo. — Olho
preocupada para ele.
— Já a levou ao médico?
— Tem uma enfermeira cuidando dela e o médico já cuidou de tudo, ela
está se medicando, pode ser um resfriado, mas logo vai passar, não se
preocupe. — Fico aliviada em ouvir isso. — Pode ir vê-la, se quiser.
— Usar uma criança para me ter na sua casa novamente é bem baixo. —
Ele abre um sorriso franco.
— Eu errei com você em muitos sentidos e não quero que sinta raiva de
mim, pela primeira vez na vida alguém além da minha filha me importa e
isso é... muito novo. — Novamente ele me surpreende com suas palavras.
— Isso é bom, mostra que está virando mais humano — ironizo.
— Ainda está sem trabalho? Pode voltar a trabalhar lá em casa e...
— Vou voltar para o Brasil. — Minhas palavras parece que o pegaram de
surpresa, ele pisca os olhos parecendo absorver o impacto das minhas
palavras.
— O que?
— Recebi uma boa proposta de emprego no Rio de Janeiro, estou com
saudades de casa e vou voltar, ainda essa semana. — O olhar de indignação
toma conta.
— E vai deixar tudo para trás?
— Tudo o que? A Mandy? Posso vim vê-la de vez enquanto, assim como
ela pode. — Ele ri.
— E quanto a minha filha? E eu? — agora é a minha vez de ri.
— Você me afastou dela e quis sempre isso, e agora vem com esse papo?
E sobre você, o que tem a ver você na minha vida, já que deixou bem claro
que eu não tenho alguma importância na sua?! — sinto meus olhos arderem,
droga! Não posso chorar, não na frente dele.
— Está indo embora por minha culpa?
— Não, estou indo embora porque cansei desse lugar, sinto falta de um
lugar onde eu me sinta perto da minha mãe, o único porto seguro que eu
tinha na minha vida, porque por mais babaca que você seja, Penélope tem
sorte de ter o pai, eu não tenho nada, o meu nem quis me conhecer. — Sinto
as lágrimas se formarem.
— Clara, por favor, não vai embora, eu preciso de você. — Essas palavras
foram o suficiente para as lágrimas contidas derramarem.
— Não faz isso, diz essas coisas e depois que consegue um pouco do meu
afeto me descarta como se fosse nada, eu não sou um objeto, tampouco as
mulheres que é acostumado a pôr seu pau e se aliviar! — dói dizer isso, mas
ele precisa ouvir, não vou ceder.
— Você não é como as outras, você é diferente... eu... eu senti sua falta,
me senti um ser terrível depois que te vi saindo do escritório chorando, mas
é que... Clara, eu nunca senti nada disso por outra pessoa que não fosse a
Amy, eu achei a minha vida toda que iria envelhecer ao lado dela, que
construiríamos uma família grande, mas ela se foi, sem se despedir, me
deixando completamente sem rumo. Eu amei aquela mulher com toda a
minha alma, sentir algo assim por outra pessoa que não é ela me faz me
sentir sujo, um crápula.
— Essa mulher, eu duvido muito que ela o queira ver dessa forma, se ela
confiou em ter uma filha com você é porque te amava muito e sabia que
seria um pai maravilhoso, então, para começar, seja a porra de um pai de
verdade na vida da sua filha que sente sua falta e ausência da mãe, porém, o
que eu e você tivemos... ou o que poderia ter, não tem como acontecer. —
Ele me surpreende quando me puxa para seus braços, e entro em combustão
quando sinto o toque da sua mão em minha pele.
— Clara... eu preciso muito de você na minha vida, eu estou implorando,
não vai embora. — Puta que pariu!
O rosto dele está a centímetros do meu, uma de suas mãos segura firme
minha cintura enquanto a outra acaricia meu rosto.
— Para... por favor — sussurro.
— Eu sinto falta da sua boca, do seu toque, da maciez da sua pele. — Ele
coloca os lábios no meu ouvido e sussurra. — Dos seus gemidos enquanto
sentia a minha boca sugar sua boceta com vontade, sinto falta do seu gosto,
de sentir você se tremer de prazer.
Caralho! Eu posso sentir meu corpo queimar e minha calcinha molhar.
Maldito corpo traidor!
— Massimo... — o nome dele sai como gemido.
— Vem comigo, por favor. — Ele pega no meu braço e começa a me
puxar para algum lugar.
Meu corpo traidor o segue, sinceramente estou sob efeito do tesão e das
sensações que esse homem me causa.

Ao chegarmos onde fica o escritório dele, ele fecha a porta com rapidez e,
me surpreendendo, me pega no coloco e me coloca sentada em cima da
mesa, fazendo meu vestido subir mais do que já tinha subido. Massimo se
afasta e começa a desabotoar os botões da sua camisa, ficando com o belo
peitoral definido amostra, aquela visão, porra! Como ansiei em ver
novamente.
— Mulher, o que você faz comigo? Que feitiço é esse?! — sussurra
quando entra no meio das minhas pernas, leva uma mão a minha cintura e a
outra a minha nuca me puxando para um beijo. A língua dele brinca com a
minha, ficando mais intenso, mais quente, e eu, bom... minha calcinha já foi
pro cacete há muito tempo de enxarcada.
Massimo joga as coisas da mesa no chão e com cuidado me deita ali. Sem
cerimônia, ele me puxa mais para a beirada e abre minhas pernas, sem que
eu esperasse, ele dá um rasgo na minha calcinha e antes que eu fale algo, a
boca dele entra em contato com a minha boceta, e sentir isso foi uma das
melhores sensações do mundo.
Porra!
Sinto ele abrir os lábios da minha boceta e a língua dele fazer
movimentos circulares por toda ela, logo, ele começa a lamber com vontade
meu clitóris, aquilo me faz tremer, não economizo nos gritos e gemidos.
— Ma... oh... — o nome dele, mal dá para falar, somente gemer.
— Isso, baby, goze na minha boca. — Arfo e me surpreendo quando sinto
dois dedos dentro da minha vagina enquanto ele volta a não só lamber, mas
alternar entre isso e chupar meu clitóris como se fosse um aperitivo
precioso.
Jesus, Maria, José! Esse sim, comeu não só Danone sem colher, mas tudo
que podia comer sem as mãos ele fez, porque não é possível um oral em
pouco tempo fazer isso comigo.
— Ahhh, cacete! — e assim sinto meu orgasmo vir com vontade, e pela
primeira vez gozo tanto que posso sentir espirrar e depois escorrer para as
minhas nádegas.
Massimo, ao se levantar do meio das minhas pernas, me proporciona uma
das cenas mais sensuais que já vi, ele limpa a boca com o dedão e depois
chupa ele sem desviar o olhar do meu.
Por que ele tinha que ser tão delicioso?!
Sem falar nada, ele desabotoa o botão da sua calça e a arranca com cueca
e tudo, puxa os sapatos e meias, ficando agora completamente nu.
Me tremo quando ele me pega de cima da mesa e a sua pele entra em
contato com a minha. Massimo caminha comigo em seu colo, até um sofá
grande de couro escuro que havia ali, me deita e logo paira em cima de
mim. Seu quadril se encaixa no meio das minhas pernas e posso sentir seu
pau roçar na entrada da minha boceta.
Com um braço ele apoia para nivelar o peso, e o outro ele leva a mão ao
meu rosto e acaricia, depois abaixa até meu ouvido e sussurra com a voz
rouca e arrepiante:
— Seja minha, só minha? — sem deixar que eu responda, sinto ele entrar,
posso sentir seu pau entrar pouco a pouco dentro de mim, arfo e coloco
minhas mãos em suas costas.
Oh, ele é grande, deliciosamente grande!
— Estou te machucando?
— Continue. — Ele sorri e, logo quando estava todo dentro de mim,
começa a se movimentar sem sair todo de dentro, fica impossível não gemer
alto, sinceramente eu estou pouco me fodendo se estão ouvindo ou não.
— Massimo... — gemo, ele urra feito um leão, em especial quando
contraio deixando ainda mais apertada, aquilo foi um incentivo para ele ir
mais rápido.
— Porra! — ele geme, praticamente finco minhas unhas nas costas dele
quando ele vai ainda mais rápido a ponto de ouvir o atrito das nossas
virilhas, sinto as bolas dele bater na entrada da minha boceta.
A sensação é como se ele fosse me rasgar ao meio, como se a qualquer
momento eu fosse liberar algo que me destruiria por completo, é gostoso
demais.
Esse homem, esse homem vai ser minha ruína!
CAPÍTULO 08

Sinto os raios solares em meu rosto fazendo-me acordar antes de abrir os


olhos, sorrio e passo a mão por meu peitoral, mas logo ao abri, constato que
Maria Clara não estava mais ali. Depois da noite que tivemos, caímos no
sono aqui mesmo e a deixei dormindo em meu peitoral.
— Maria Clara? — a chamo olhando em direção ao banheiro do
escritório, mas não obtenho resposta.
Me levando do sofá, ainda nu, vejo que nada dela está mais ali, o que me
faz constatar que ela foi embora, mas por que? Eu fiz algo de errado?
Pego meu celular e disco o número dela, que cai na caixa postal.
O que está acontecendo?
Visto minhas roupas e rapidamente saio do escritório, pergunto aos
funcionários que estavam limpando o local se viram alguém indo embora,
uma das moças que estavam limpando me entrega um papel que a Maria
Clara deixou para me entregar quando acordasse.

Massimo
Me perdoe por sair assim sem falar nada, é que de manhã bem cedo
recebi uma ligação do Brasil, dizendo que queriam me conhecer
pessoalmente e que estavam tão interessados em me contratar que
pagariam minha passagem para hoje mesmo estar lá.
Eu sinto muito, mas eu preciso ir embora, eu sei que estava sendo
infantil, ir embora sem me despedir ou dizer mais nada, porém você não
me deixaria ir.
A noite que tivemos foi a melhor da minha vida, jamais vou esquecer
cada toque, beijos, olhares, foi intenso e maravilhoso, mas ainda assim, eu
não sou a Amy, nunca vou chegar aos pés porque nunca vou ter o
Massimo por completo, nunca vou poder te ter completamente pra mim,
nunca vamos poder ter um relacionamento de verdade e isso me machuca
demais, em pensar que talvez o que tivemos foi só um momento de
fraqueza seu, porém, quero me agarrar a possibilidade de você ter feito
por sentir algo por mim, mas não o suficiente para ser algo a mais, eu não
quero ser só mais uma, eu mereço mais.
Não sabe como me dói escrever cada palavras, pensar que não vou te
ver mais, que não vou ver Penelope, eu a amo de verdade, espero que
vocês fiquem bem.
Me perdoe por estragar seu aniversário.
Maria Clara Campos.

Sem que eu consiga conter, sinto as lágrimas se formarem em meu rosto,


enfio a carta no meu bolso e saio feito um foguete de lá.
— Senhor. — Um dos seguranças me entrega a chave.
— Dirija até o local que vou indicar! — digo alto já me acomodando no
banco do carona.
Com a raiva, dor, mágoa que estou se pegasse no volante poderia acabar
sofrendo um acidente.
Ela me deixou, me abandonou, sem ao menos se despedir de verdade
deixando uma maldita carta!
Maldita mulher!

Bato com força na porta e, quando Mandy abre, entro sem cerimônia e me
surpreendo quando vejo Barney ali, somente de cueca, ele se assusta e
arregala os olhos.
— Massimo! — grita Mandy.
— Senhor... eu... eu..
— Olha, estou surpreso, mas estou pouco me fodendo para isso no
momento, eu quero saber onde está Maria Clara. — Olho para Mandy.
— Ela foi para o Brasil, já deve estar a caminho, no avião. — A
naturalidade que ela diz isso me irrita.
— E você concorda com isso?! — ela ri.
— Massimo, Maria Clara é adulta e foi buscar o melhor para si mesma.
Você simplesmente achou o que? Que depois de ontem ela ia esquecer por
completo a humilhação e as palavras que disse a ela naquele dia?
— Eu me desculpei com ela, pedi o perdão.
— Pra que? Pra fica se agarrando pelos cantos sem dar um norte para ela?
Massimo, minha amiga está apaixonada por você, o que ela sente por você
não é só desejo, é algo mais forte, e Clara merece algo reciproco, não sabe
como foi duro pra mim vê-la chorar dia e noite depois daquele dia, e mesmo
com toda mágoa, perguntou por você e Penelope. — As palavras dela me
atingem em cheio.
Apaixonada? Ela... Droga!
— Não é fácil assim — murmuro.
— Eu sei e ela sabe disso, mas você nem sequer está disposto a tentar, é
isso que a machuca mais e a faz perceber que o que sente não é o suficiente
para tentar. — Ainda assimilando cada palavra que Mandy falou, me jogo
no sofá e começo a pensar.
O que sinto por ela? É algo parecido? É algo forte o suficiente para me
fazer dar uma segunda chance?

Olho para a cama arrumada onde sempre dormia com Amy, observo cada
detalhe do quarto que a mesma decorou com amor e carinho, olho para a
urna onde estava as cinzas dela em cima da mesinha de canto.
— Você foi a melhor esposa que um homem como eu poderia ter tido, me
deu uma linda filha, momentos inesquecíveis que vão ficar em minha
memória e em meu coração. — Sinto meus olhos marejarem. — Mas você
se foi, me deixou aqui, sem rumo, sem vontade de viver. Ver você naquele
asfalto frio, gelada, pálida e coberta de sangue foi a cena mais apavorante da
minha vida, e quando foi constatada a sua morte, meu mundo desabou por
completo, tentei mais de uma vez tirar a minha vida para poder te encontrar
novamente, mas parecia que algo me protegia, como se fosse um aviso de
que ainda não é minha hora de te encontrar. — As lágrimas descem por meu
rosto e eu não impeço. — Eu fui um péssimo pai, negligenciei a sua
ausência que nossa menina sentia e me afundei na minha dor, coloquei na
minha cabeça que minha família seria só eu e Penelope, que não me casaria
de novo. Sua mãe até hoje está naquela clínica, ela tentou ferir pessoas e foi
necessário, depois que você morreu ela surtou e enlouqueceu porque perdeu
sua única filha, e me culpou, mas mesmo depois de tudo, eu a deixo aos
cuidados dos melhores médicos na melhor clínica da Itália, mas uma vez ao
ano vou ver como ela está e ligo toda semana para saber mais dela, porque
sei que sua mãe era muito importante para você.
Fecho os olhos e engulo seco antes de continuar.
— Seu pai está viajando pelo mundo, gastando o que pode, como sempre,
ele liga para saber como está a neta e depois some por meses, manda
presentes para ela, o último foi do Brasil, já deve ter saído de lá, já que faz
mais de dois meses que mandou isso. — Engulo seco novamente. — Eu
conheci uma mulher de lá, ela foi babá da nossa menina, Maria Clara, ela foi
tão incrível com a nossa menina, e eu fui a pior pessoa do mundo com ela,
eu me envolvi e depois a humilhei, e você sabe que não sou esse homem,
mas... Amy, o que sinto por ela é algo forte que achei que só havia sentido
por você e que não sentiria por mais ninguém. — Levo as mãos ao rosto e
seco as lágrimas. — Como isso é possível? Uma mulher tão diferente de
mim, tão oposta a você, me faz ter pensamentos confusos, sentimentos tão
fortes que não sei o que são exatamente. Eu sinceramente não sei o que
fazer, não quero sentir que estou traindo a sua memória, tampouco sei o que
fazer para tentar algo, porque havia prometido a mim mesmo que não teria
outra mulher, e então ela chega e faz um nó terrível na minha cabeça. —
Solto uma respiração pesada. — Você foi tão importante na minha vida, a
mulher que me amou quando achei que estava sozinho depois da perda do
meu pai, me deu uma linda filha, me deu esperança. Foi muito difícil deitar
na nossa cama e constatar que você nunca mais estaria nela, que nunca mais
ia sentir seu toque, seu beijo, seu cheiro. — Fecho os olhos, e sem conseguir
me conter, eu começo a chorar de soluçar, levo as mãos ao meu rosto e me
debulho em lágrimas.
Deus, por que é tão difícil deixá-la ir? Por que é tão difícil dizer adeus?
Me levanto da cama e caminho em direção a grande janela do quarto, a
abro e como o meu apartamento fica no andar mais alto, consigo ter uma
boa visão do pôr do sol de Nova York, uma visão linda. Fecho meus olhos e
sinto o vento gelado bater em meu rosto e rapidamente abro novamente
quando sinto aquele cheiro, rosas do campo, o cheiro da Amy. Olho para
trás e a sensação de estar sendo observado faz meu corpo se arrepiar, essa
sensação, esse cheiro.
Não há dúvidas, isso foi um sinal.
— Eu também amo você, minha flor do campo.

MARIA CLARA CAMPOS

Coloco meus pés na areia e sinto a brisa do sol da manhã em Copacabana,


havia chegado ontem muito tarde e estava tão cansada que não vim à praia,
e para a minha sorte, o hotel em que estou hospedada até o final da semana é
justamente o Copacabana Palace, um dos melhores hotéis do Rio de
Janeiro, e tudo pago pela empresa. Com certeza para me mimar e aceitar a
vaga, eu lembro que a minha antiga empresa fazia a mesma coisa com
pessoas que eles sabiam que podiam agregar demais a eles, eu mesmo fazia
as reservas, e pensar nisso me traz alegria, porque mostra que sou tão boa a
ponto de fazerem isso, mas só até o final da semana, tempo suficiente para
eu decidir e ver um apartamento para me mudar.
Depois de algumas horas na praia matando a saudade, voltei para o hotel,
ao chegar na recepção, uma moça disse que me esperavam no salão de
eventos do hotel e disse para eu ir assim que chegasse, achei estranho,
provavelmente deve ser o CEO e o vice presidente, mas estou somente com
uma saída de praia que mal cobria meu corpo e um biquíni pequeno.
Puta que pariu, não estou apresentável, seguindo um dos funcionários até
lá, tento ajeitar meu cabelo e passar algum batom que seja, mesmo sabendo
que seria inútil.
Será que é para dizer que se arrependeram? Só o que me faltava agora.
Quando a porta enorme é aberta, me surpreendo com a tamanha beleza do
lugar, se não me engano é o Belmond Copacabana Palace, o salão de
cristal que já vi nas revistas. Esse lugar sem sombra de dúvidas é mais
bonito ainda pessoalmente. As grandes colunas e os lustres de contas de
cristal do salão refletem a luz nos pisos de madeira impecavelmente polidos
que, se não engano, era de um antigo cassino, pelo que já li, eles mantêm
fiéis à decoração original do Antigo Cassino.
As portas atrás de mim são fechadas, olho para frente e no meio vejo uma
bela mesa grande, branca, com rosas brancas decoradas, algumas velas e
apenas duas cadeira, no fundo vejo um homem tocar piano, a melodia é
suave e bonita, caminho na direção da mesa ainda confusa. Ao chegar perto
da mesa, vejo um bilhete nela com meu nome, o pego e abro para ler.
Me perdoa por sumir por todos esses anos?
Olho confusa para o bilhete sem entender nada. Vejo um homem bem
vestido se aproximar, eu nem o tinha visto perto do pianista ou do piano, ele
está vestido como um homem de negócios, blusa social vinho enrolada até o
cotovelo, os dois primeiros botões abertos, calça social, um enorme relógio
no pulso, que pelo jeito parece Rolex. Quando ele se aproxima mais, sinto
uma sensação estranha de já tê-lo visto, em especial quando ele fala.
— Olá, Maria Clara. — O olhar dele é de emoção, posso ver seus olhos
acinzentados brilharem mediante as lágrimas.
— Desculpa, eu não conheço você. — Ele abre um sorriso triste.
O observo mais, ele é bem alto e forte, tem o cabelo grisalho penteado
para trás, queixo quadrado e um pouco de barba rala, é um homem
charmoso, provavelmente com dinheiro.
— Claro que não conhece, eu fui uma pessoa ruim em ter abandonado
vocês. — O olho ainda mais confusa.
Ele me estende uma fotografia e nela está ele e minha mãe juntos, minha
mãe estava grávida, ambos mais novos e pareciam felizes. Sinto meus olhos
marejarem, olho em total choque para ele.
— O que.... você... — eu mal consigo falar.
— Temos muito o que falar, e eu me desculpar, minha filha....
— NÃO ME CHAMA ASSIM! — não consigo conter as lágrimas.
— Maria Clara.
— Você sumiu a minha vida toda, minha mãe e eu passamos o pão que o
diabo amassou, minha mãe e meu avô deram a vida para me criar, eles se
foram e eu fiquei sozinha no mundo, pra você chegar depois de mais de
vinte anos e fazer essa porra de cenário e dá uma de pai arrependido?! — eu
falho na última palavra, sinto uma dor no peito terrível.
— Clarinha, eu sei que cometi um erro horrível em ter as deixado, em ter
abandonado vocês, mas eu posso me explicar, nada justifica, mas eu não
tive escolha, e a Joana foi o grande amor da minha vida... — as lágrimas
escorrem de seus olhos. — Você foi a melhor coisa que sua mãe pode me
dar. — Começo a rir.
— A melhor coisa? Vai se foder! Seu merda, eu te odeio e desejo que
morra, assim como achei que estava a minha vida toda! — me viro para sair,
aquele ambiente está me deixando enjoada.
— Maria Clara, por favor. — Ele tenta vir atrás de mim.
— ME DEIXA EM PAZ, NUNCA MAIS FALE COMIGO! — e saio
correndo dali sem olhar para trás.
CAPÍTULO 09

Mandy me olha surpresa pela vídeo chamada, depois do que houve


ontem, eu me mantive trancada dentro do quarto não querendo dar de cara
com aquele homem, e hoje pela manhã liguei para ela e contei tudo que
aconteceu.
— Mas que filho da puta — diz com desprezo.
— Como ele sabia onde eu estava?
— Não sei, Clara, vai ver ele estava te vigiando esse tempo todo, pelo que
disse, parece que ele tem dinheiro.
— Sim, mas isso o tornaria mais filho da puta ainda, porque se me
vigiava sabia de tudo que eu e minha mãe passávamos, do que eu passei
quando fiquei sem ela e meu avó, e pior ainda. — Dou uma pausa. —
Minha mãe me contou uma coisa bem diferente do que vi.
— Como assim?
— Ela dizia que meu pai era um bêbado qualquer que quando soube da
gravidez sumiu e nunca quis saber de nós, entretanto, a visão que tive dele,
ao menos a primeira impressão, é de que ele não parece ser esse homem, e
outra, parece ser estrangeiro, o português dele é com sotaque.
— Clara, acho que para você entender o que de fato aconteceu e se sua
mãe mentiu pra você, vai precisar ouvir ele. — Olho indignada pra ela.
— Está louca?! Não quero aquele homem perto de mim!
— Ei, calma, eu sei, não disse para perdoá-lo, mas ouvir o que de fato
aconteceu para assim sanar todas as suas dúvidas e as minhas, porque eu
fiquei curiosa.
— Você é uma amiga terrível. — Ela ri.
— Eu sei que me ama e que já está com saudades de mim, assim como eu
já sinto a sua. Já começou a trabalhar?
— Não, ainda tenho coisas pra acertar, hoje tem uma reunião com o CEO
e o Vice-presidente, e me disseram que também com o novo sócio, ele quer
conhecer cada funcionário, e como eu sou novata e vai ter essa reunião, vou
ser a primeira a ser a apresentada, fora que vamos acertar tudo para o
contrato de trabalho.
— Eu estou feliz por você, está finalmente trabalhando na sua área, isso é
importante e em breve quero ir com o Barney te ver. — Ela parece lembrar
de algo e diz surpresa. — Amiga, você não sabe quem estava aqui há dois
dias atrás.
— Quem?
— Depois que você deu pro Massimo e o deixou lá, ele veio atrás de você
com uma raiva enorme. — Olho surpresa para Mandy.
— O que ele disse?
— Que você não deveria ter ido embora assim, ter abandonado, e ainda
por cima pegou o Barney de cueca em nosso apartamento. — Rio da
situação.
— Pobre Barney, ele ainda está com o emprego?
— A raiva que o Massimo estava de você era o suficiente para ele
esquecer esse detalhe.
— Ele sabe que isso foi escolha dele, eu não podia me iludir, foi muito
difícil levantar e sair dos braços dele e pensar que nunca mais teria aquilo,
foi a melhor noite da minha vida — digo feito uma boba.
— Você o ama?
— Eu não sei, acho que sim, e vai ser um processo doloroso para tirar ele
do meu coração. — Solto uma respiração pesada antes de perguntar. — E
como ele está hoje?
— Ele viajou com o Lutero, e para a minha surpresa levou a filha dele. —
Arregalo meus olhos.
— O que?
— Ele disse que tinha negócios a resolver, não sabia quanto tempo ia
ficar fora e levou a menina, nem preciso dizer como Penélope ficou feliz,
ele levou até a Evelyn, pra ajudar a cuidar da menina, já que estão sem babá.
— Isso de uma certa forma me alegra, mostra que ele está tentando de
alguma forma ficar mais próximo da filha.
— Eu estou com saudades deles, em especial da Penelope, ela me
conquistou.
— E ela de você, Barney disse que ela não para de perguntar de você. —
Olho no relógio e pulo da cama, já estou em cima da hora da reunião, ainda
bem que o escritório fica aqui perto.
— Amiga, preciso ir, já estou atrasada.
— Beijos, depois me conta como foi.

Ajeito meu vestido tubinho vinho a quatro dedos acima do joelho, de


mangas longas e um discreto decote na frente. A secretária abre a porta da
sala de reuniões para mim, e ajeito logo minha postura na hora que entro e
vejo Edgar e Paulo, o CEO e Vice Presidente, de costas duas pessoas que
me parecem familiar.
Não... não pode ser.
— Ai está ela, senhores, quero que conheça Maria Clara Campos, a futura
chefe do setor de Marketing da Edlo Tecnológica de Projetos, Maria Clara,
esses são Massimo D´Vacchiano e Lucero Jones, os novos sócios da nossa
empresa.
Quando eles se levantam e se viram para me olhar, eu tenho que me
segurar para não cair no chão. Edgar se levanta e vem até mim.
— Maria Clara, está bem?
— Sim, está — murmuro. — Eu já os conheço, minha amiga trabalha na
empresa do senhor D´Vacchiano como secretária e assistente pessoal.
O sorriso cínico dele, filha da puta, não é possível que ele comprou ações
só para me atazanar.
— Isso é perfeito, então já se conhecem muito bem. — O olhar que o
Massimo me lança é indecifrável.
— Clarinha, estava com saudades de você — diz Lutero me puxando para
um abraço.
— Eu também, Lutero, ainda não tive a oportunidade de agradecer por
aquele dia. — Ele pisca fazendo Massimo nos olhar com raiva.
— Podemos iniciar a reunião? — diz autoritário.
— Claro, Maria Clara, por aqui. — Edgar coloca a mão na minha cintura
e me conduz até uma cadeira perto dele e de Paulo, a raiva que Massimo já
estava fica ainda mais visível.
Ele está com ciúmes?!

A reunião se arrastou por duas horas, e por todo esse tempo eu sentia o
olhar furioso de Massimo em cima de mim, e por mais que eu não queira
admitir, foi difícil fingir que a presença dele... sentir o olhar dele, o cheiro,
foi sufocante e complicado de fingir que não me atingia.
Quando acabou, eu sai o mais rápido possível e aproveitei que ele ainda
tinha que conhecer os demais funcionários e voltei para o hotel, quando
cheguei no meu quarto, tirei a minha roupa e fui para o banheiro tomar um
banho gelado.
Solto uma respiração pesada.
— O que ele está fazendo aqui? Por que se tornar sócio da empresa em
que eu vou trabalhar? Isso é para me manter perto? Me controlar? Deus!
Esse homem é um poço de ações imprevisíveis — murmuro para mim
mesma.
Ao menos vou poder ver Penelope, Mandy disse que ele a levou para
viajar, então está aqui com ela, o que me faz questionar se Mandy sabia de
algo, acho que não, ela realmente parecia não saber para onde ele e Lutero
iam, tampouco iria esconder algo desse tipo para mim. Massimo deve ter
tido cuidado em planejar isso sem que ela soubesse de fato, assim Mandy
não me contaria nada.
Saio do banho, me seco e me enrolo na toalha, caminho para fora do
banheiro e me assusto com o Massimo sentado na poltrona de canto, perto
da janela.
A visão é bem sexy, ele está com um copo de alguma bebida na mão,
acho que uísque, o sol do meio da tarde iluminando onde ele está. O mesmo
está sem o terno preto de hoje cedo, blusa escura com os três botões abertos,
sem gravata, mangas enroladas até os cotovelos e encostado na poltrona me
encarando.
— Como entrou? — questiono.
— Deveria sempre se certificar de trancar a porta, do mesmo jeito que eu
entrei, outro poderia. — A voz dele parece mais grossa e ao mesmo tempo
rouca.
— Vou fazer isso da próxima vez, agora pode sair — murmuro, engulo
seco quando ele coloca o copo em cima de uma mesinha e se levanta, os
passos são lentos, como se estivesse se preparando para atacar.
— Não há nada ai que eu já não tenha visto, e adorado de fato.
— Massimo, sai, por favor. — O sorriso dele, puta que pariu.
Que ódio de homem gostoso!
— Fiquei enciumado quando vi aquele homem te tocar, e o olhar que ele
te lançou não é de um chefe, ele te cobiça. — Olho surpresa para ele.
— Edgar vai ser meu chefe, e não vi nada demais. — Ele ri.
— Você é bem inocente às vezes.
— E burra, por achar que... olha, sai daqui, por favor.
— Você me deixou com raiva, me deixou sozinho depois da noite
maravilhosa que tivemos. — Ele se aproxima mais.
— Massimo. — Sai como um sussurro.
— Não gostou?
— Eu adorei — confesso. — Massimo, eu não quero me magoar, não
quero ser uma qualquer na sua vida que você usa quando sente vontade e
depois me trata como uma vagabunda.
— Acha que comprei ações de uma empresa que mal conheço, viajei por
horas, porque te vejo dessa forma? — ele me deixa sem palavras. — Maria
Clara, eu gosto de você a ponto de largar tudo e vim atrás de você, porque
eu simplesmente não consigo te tirar da minha cabeça.
Sinto meus olhos marejarem, ele se chega mais perto e coloca a mão em
meu rosto.
— Eu preciso de mais — murmuro, ele acaricia meu rosto e logo a sua
outra mão está na minha cintura.
— E eu quero ser esse mais, só que quero ir devagar, faz tempos que não
cortejo uma mulher para um relacionamento, tampouco uma que eu
simplesmente gosto demais, e eu ainda estou reaprendendo e só peço
paciência, por isso vim ao Brasil, por isso estou hospedado do lado do seu
quarto e quando cheguei você nem me viu, mas eu te vi ontem à noite
quando desceu para jantar, tive que me segurar muito para não me
aproximar, mas poderia estragar tudo. — Parece que meu coração vai sair
pela boca, as lágrimas descem por meu rosto e ele as seca com o polegar.
— Massimo.
— Maria Clara.
Ele me puxa para um beijo, e aquele beijo estava diferente, parecia que
ele queria transmitir seus sentimentos por ele, o beijo foi intenso e cheio de
palavras não ditas.
Quando se afasta, ele dá um beijo casto em minha testa e diz:
— Senti falta disso, droga, como eu senti falta. — Ele deita meu rosto em
seu peito e me abraça.
— A Mandy disse que trouxe a Penelope. — Posso sentir ele rir.
— Ela ficou doida quando contei que você estava hospedada aqui. —
Abro um amplo sorriso.
— Posso vê-la? — ele acaricia meu rosto.
— Mais tarde, a viagem foi cansativa, está dormindo ainda, você já
comeu algo? — nego com a cabeça. — Você parece mais magra e abatida,
me sinto culpado por isso.
— A culpa não é só sua — digo me afastando.
— Como assim?
— Meu pai, ele apareceu. — Ele me olha surpreso.
— O que?
— É algo que não quero falar, só de pensar nesse homem me enjoa.
— Tudo bem, não falamos mais, porém, precisa comer. — Mandão como
sempre.
— Sinceramente, não estou com fome.
— Vou pedir para trazerem algo. — Rio de sua fala.
— Massimo, eu não quero, não estou com fome. — Me olha zangado.
— Vai agir como uma menina de cinco anos?
— Olha, já me arrependi de não ter gritado dizendo que você invadiu meu
quarto, se veio aqui pra achar que me manda, está enganado.
— Por que é tão desobediente? — olho indignada.
— Não sou um objeto ou animal.
— Não foi isso...
— Já disse o que queria, agora sai, estou cansada e quero dormir. — Ele
fecha as mãos em punhos, visivelmente irritado.
— Não vai se livrar tão fácil de mim, e lembre-se, senhorita Campos,
você é minha, e se aquele homem te olhar daquele jeito de novo ou te tocar,
não respondo por mim.
— Ele é meu chefe, nem se atreva!
— Eu tenho muito mais poder que ele, não sabe do que sou capaz quando
fico irritado.
Antes que eu diga mais alguma coisa, ele sai bufando feito um animal
furioso.
Esse homem me confunde.
CAPÍTULO 10

Termino de me arrumar para jantar, passei o dia trancada, pensando em


como muitas coisas podem acontecer ao mesmo tempo. Primeiro venho para
o Rio de Janeiro para trabalhar, depois encontro meu pai, e como se não
bastasse, Massimo vem e parece disposto a tudo para me ter, até adquirir
ações de uma empresa ele o fez.
Enquanto caminho para fora do meu quarto, a conversa que tive mais cedo
com Mandy me vem à cabeça, sobre meu pai. Por que depois de tanto tempo
ele me procurou? Eu quero saber, mas só em olhar para ele me dá raiva, uma
mágoa muito grande surge.
— Maria Clara. — Olho na direção dos elevadores e lá está Lutero.
— Vai jantar também?
— Na verdade, vim buscá-la. — Quando chego perto, vejo em sua
expressão preocupação.
— O que houve?
— A Penelope está no hospital. — Arregalo os olhos.
— Como assim? O que ela tem?
— No caminho eu te conto, vamos.
Sem questionar, eu vou com ele, e aquela sensação que uma vez senti em
Nova York volta. Minha menina, preciso cuidar dela.

Chegamos no Hospital São Lucas Copacabana, e rapidamente fomos para


uma ala particular, e assim que Massimo me vê, ele me abraça, não digo
nada, envolvo meus braços em seu pescoço e ele coloca seu rosto perto do
meu ombro, posso sentir o pedido de socorro somente com esse gesto.
Quando ele se afasta, levanto meu rosto para olhar e posso ver a tristeza em
seu olhar.
— O que aconteceu com a pequena?
— A febre que ela teve voltou e mais forte, a ponto dela delirar, se Evelyn
não confere, ela poderia morrer.
— Eu achei estranho ela dormir tanto e fui conferir, quando cheguei perto,
ela estava muito quente, tremendo e sussurrando palavras que não consegui
entender — ela diz com os olhos cheios de lágrimas.
— O que os médicos disseram? Onde ela está?
— Foi fazer exames, disseram que em uma hora ficaria pronto — diz
Massimo, e como se ele invocasse o médico, ele surge.
— Doutor, como está minha menina?
— Senhor D´Vacchiano, sua filha está com pneumonia, e me assusta a
febre que a menina chegou aqui, era muito alta e perigosa.
— Pneumonia, mas...
— Não se preocupe, pelo que vi ela está com o início dos sintomas, ela já
foi medicada e está em repouso, recomendo que ela fique aqui por essa noite
em observação, vou passar alguns antibióticos que vão ajudar no tratamento,
recomendo repouso absoluto para ela enquanto estiver fazendo o tratamento,
ela já tinha dado essa febre antes?
— Sim, mas não foi tão alta, achávamos que era algo atípico, tanto que
quando foi medicada passou — explica Massimo.
— Que bom que a trouxeram, assim vai ter o tratamento adequado, se
quiser, pode ir para casa, vamos cuidar da menina.
— Não, vou dormi aqui, vou ficar com ela.
— Eu fico com você, Massimo. Lutero, leva a Evilyn, vamos dando
notícias — murmuro.
— Vocês tem certeza?
— Sim, amigo, podem ir.
Depois que nos despedimos deles, pedimos ao médico que nos levasse até
onde estava Penelope e foi muito ruim ver minha pequena deitada naquela
cama, estava pálida, com a cabeleira loira espalhada no travesseiro.
— Minha filha, eu tive tanto medo. — Encosto minha cabeça no ombro de
Massimo enquanto ele acaricia o rostinho da Penelope.
— Ela é forte, vamos cuidar dela para que se recupere logo. — Ele olha
para mim.
— Obrigado por estar comigo. Quando ela estava delirando, ela chamava
por você. — Olho para ela novamente e sinto meus olhos marejarem ao
imaginar se algo de pior acontecesse com Penelope, como eu me sentiria.
— Acho que se algo acontecesse a ela, eu morreria por dentro, eu amo
muito — confesso.
— E ela a você. — Massimo beija minha testa e logo depois pega na
minha mão e caminha em direção a um pequeno sofá no canto do quarto,
quando ele se senta, ele me puxa para sentar em seu colo e eu vou de bom
grado.
— A avô dela ligou antes de você chegar para saber como ela estava,
Antônio ficou preocupado quando soube, e para a minha surpresa, ele
também está no Rio de Janeiro.
— Sério?
— Sim, ele viaja por ai desde que a Amy morreu, pra falar a verdade o
que o mantinha ao lado da Leila era a filha deles.
— Nunca falou dos pais dela, a mãe é viva?
— Vive em uma clínica psiquiatra na Itália, ela surtou depois que a filha
faleceu, ela tentou esfaquear o marido em um surto o culpando, a sorte é que
eu estava lá, Leila me culpa também, fala que fui o diabo na vida da filha
dela. — Olho surpresa para ele.
— Nossa, Penelope sabe da avó?
— Ela acha que a avó está viajando como o avô, mas quando ela tiver
mais idade, vou contar a ela. Acredito que amanhã ele apareça para ver a
neta, ele diz que ela foi tudo que sobrou da filha, porém, Amy me contava
uma história.
— Que história?
— Que o Antônio tinha um outro filho por ai, na verdade, em uma
discussão dos pais, ela ouviu isso, quando foi questionar o pai ele negou. —
Arregalo os olhos.
— Deus! Mas isso é bem sério, ele conhece esse filho?
— Não sei, Amy só havia ouvido a mãe jogar na cara esse filho da amante
que ele teve há bastante tempo, de fato esse assunto permaneceu morto e até
hoje permanece, nunca soube de fato quem era essa amante dele ou onde
estava o filho.
— Coitado desse filho, por irresponsabilidade de ambos, ele pode ter
crescido sem o amor de um pai, eu sei como isso é ruim. — Massimo leva a
mão em meu rosto e acaricia.
— Seu pai te procurou de novo?
— Espero que nunca mais procure, porém tenho tantas perguntas,
questionamentos.
— Tem que se decidir, se vai querer ouvi-lo, ou mandá-lo sumir de vez da
sua vida, não precisa perdoar, mas saber de fato o que motivou a esse
homem ter abandonado você e sua mãe por todos esses anos, seria bom para
sanar todas as suas dúvidas.
— Mudando completamente de assunto, me surpreendeu você falando
português com o médico, embora ele te respondeu em inglês mostrando que
sabia.
— Sei falar seis idiomas, português ainda há algumas palavras que não
consigo pronunciar, de fato o idioma que mais demorei aprender e o mais
difícil.
— Geralmente falam isso, mas gostei de ouvir, pode falar de novo?
Ele sorri, chega perto do meu ouvido e diz:
— Não sabe a vontade que estou de te levar para um quarto qualquer e te
comer muito. — Fecho meus olhos absorvendo o impacto das palavras ditas
com essa voz grossa, rouca e baixa bem no meu ouvido, o calor da
respiração dele me faz arrepiar toda.
— Devo admitir que me deixou muito molhada, mas aqui é um hospital, e
para acalmar seu amigo que estou sentindo cutucar minha bunda, vamos ver
um lugar perto para comer ou se o hospital tem cantina, eu estou morrendo
de fome, assim que terminarmos, voltamos e ficamos aqui velando o
descanso da Penelope. — Ele sorri, se inclina e beija meus lábios de forma
carinhosa.
— Claro, vamos passar a noite aqui, e fico feliz em ouvir que quer comer,
fiquei preocupado quando a vi, de verdade.
— Eu vou ficar bem, agora vamos. — Me levanto e pego na sua mão, e
juntos nos despedimos de Penelope, avisamos as enfermeiras que íamos
comer algo rápido e íamos voltar.
Ainda assim, por mais que não goste de admitir, olhando brevemente para
o Massimo, percebo que não gosto dele, na verdade o que sinto por ele é
muito mais forte, amor talvez? Não sei, mas no fundo, o medo dele acordar
no dia seguinte e dizer que não quer mais nada comigo me aflige muito, até
porque, não sei a extensão dos sentimentos dele por mim, pode ser que ele
me ame também, mas não o suficiente para me dizer.

CAPÍTULO 11

Sinto algo rígido embaixo de mim, e quando abro meus olhos, um sorriso
bobo surge em meus lábios. Levo uma de minhas mãos até seu rosto e
acaricio enquanto ele dorme, parece tão tranquilo assim, sereno e
despreocupado.
Eu tenho tanto medo de você um dia acordar e simplesmente dizer que
não consegue sentir o mesmo que sinto por você, que eu não sou o suficiente
para você. Balanço a cabeça tentando espantar esses pensamentos ruins.
Minha mãe sempre me disse que pensamentos negativos sempre atraem
coisas negativas.
Olho na direção onde a pequena Penélope ainda dorme e respiro aliviada
em ver que a mesma dorme serenamente. Tento me levantar, mas sinto os
braços rígidos do Massimo me apertar.
— Bom dia, bela mulher. — Fica impossível não abrir um sorriso idiota
depois de ouvir isso.
— Bom dia, belo homem, nem percebi quando peguei no sono. — Ele
beija minha testa e continua com seus braços em meu corpo.
— Eu também não, mas fiquei feliz em acordar e ver que não saiu
correndo. — Semicerro os olhos.
— Você joga sujo, sabia? — o safado sorri.
Quando ele afrouxa os braços, aproveito para me levantar e logo vou até
minha pequena, levo minha mão em seu rosto e acaricio, e fico feliz em
constatar que a cor rosada de suas bochechas estão de volta, ontem à noite a
pequena estava tão pálida.
— Ela parece muito melhor — murmuro.
— Sim, não sabe como fiquei com medo, sinto tanto por ter sido um pai
tão ruim com ela. — Olho para trás e o encaro, está sentado parecendo estar
longe com seus pensamentos.
— Não tem que se culpar, agora é só correr atrás e fazer o daqui pra frente
ser muito melhor.
— Senhor D' Vacchiano, bom dia, tem duas pessoas querendo falar com o
senhor e ver a menina, um disse ser seu amigo e o outro avô da sua filha —
murmura uma enfermeira ao abrir a porta do quarto.
— O médico vai vir examinar minha filha?
— Sim, pode ficar tranquilo, vão comer algo, acredito que devam estar
exaustos pela noite não dormida, e assim que terminarmos o
comunicaremos. — Concordamos, e antes de sair do quarto demos um beijo
na pequena e caminhamos em direção a sala de espera.
Sinto uma sensação estranha, um arrepio estranho, e a cada passo que
damos fica pior, é como se algo fora do comum fosse acontecer. De mãos
dadas com o Massimo chegamos na sala de espera, e logo avisto Lutero.
— Bom dia, como está a menina?
— Está melhor aparentemente, mas vamos deixar os médicos a
examinarem agora para termos certeza — explico.
— Isso é bom. Massimo, seu ex-sogro está aqui, o encontrei na recepção
do hospital assim que cheguei, me surpreende ele ter vindo, estava no Rio de
Janeiro ainda?
— Sim, também fiquei surpreso já que ele não fica muito tempo em um
lugar, mas que bom que estava perto, assim vai poder ver a Penélope. — D'
Vacchiano olha em volta e logo questiona. — Cadê ele?
— Foi pegar café... Ah olha ele aí.
E tudo que aconteceu em seguida parecia em câmera lenta, quando me
viro para trás, e olho na direção da entrada da sala de visitas, meus olhos se
arregalam, assim como os da figura bem na minha frente, sinto minhas
pernas fraquejarem, e se não fosse Massimo, eu com certeza ia cair no chão.
O homem a nossa frente não parece abalado, muito pelo contrário, quando
me viu tinha um semblante triste e preocupado.
— Maria Clara, você está bem? — com a ajuda do Massimo me sentei na
poltrona para não cair novamente.
Não é possível, isso só pode ser um pesadelo!
Continuo a olhar em estado de choque para ele, e Lutero e Massimo
olham para ele também.
— Antônio, o que houve? Por que ela ficou assim quando o viu? Por que
ela te olha em total espanto?! — questiona Lutero.
O vejo respirar fundo antes de falar essas palavras.
— A Maria Clara é a minha filha.
A mesma reação que eu tive, ambos tiveram quando ele vociferou tais
palavras, Massimo me olha em estado de choque, e Lutero arregala os olhos.
— Que brincadeira é essa, Antônio?!
— Não, Lutero, não é brincadeira, eu sou o pai da Maria Clara, não sei se
ela comentou, mas anteontem eu a procurei para tentar conversar, mas ela...
— Isso só pode ser um pesadelo — murmuro o cortando.
— Filha...
— NÃO ME CHAMA ASSIM! — grito. — Você é um infeliz, agora eu
sei porque nos abandonou, porque fez minha mãe de amante! O que ela foi
pra você? Uma diversão?!
— Maria Clara, pelo amor de Deus, se você deixasse eu falar, te explicar
tudo, você ia ao menos entender que Joana foi o amor da minha vida, e sim,
eu era casado quando me envolvi com ela, mas meu casamento com a mãe
da Amy sempre foi faixada, nunca tivemos um amor de verdade e a única
coisa boa que aquela mulher me deu foi sua irmã!
Irmã! A esposa do Massimo era a minha irmã! Meu Deus!
— Não, não, não, isso só pode ser um pesadelo! — sinto as lágrimas
descerem.
— Antônio, acho melhor você ir embora. — A frieza do Massimo o faz se
assustar.
— Eu vim ver minha neta, não me prive disso.
— Sua presença, nesse momento, não está fazendo bem a ninguém, vai
embora, por favor. — Antônio o olha furioso.
— Não vou sair daqui sem ver a Penélope. E Maria Clara, filha, preciso
conversar com você, preciso que me escute, pelo amor de Deus! — ele tenta
se aproximar, mas Massimo o barra.
— Não toca nela, você tem noção do mal que causou na vida dessa
mulher? O quão filha da puta você foi ao abandonar sua filha e a mãe dela a
própria sorte?! Eu posso ter negligenciado a minha presença nos momentos
importantes para a minha filha, mas nunca abandonei, tampouco a deixei
passar fome ou qualquer humilhação na vida. — As palavras dele parecem
que atingiram Antônio em cheio.
— Eu fui o pior dos pais, mas eu não podia... Deus, a Joana estava ciente
de tudo, ela me convenceu a volta para os Estados Unidos e ficar com a
Leila, porque a Leila... A mãe da Amy me ameaçou.
— Como assim?
— A Leila sempre foi instável, quando a conheci, casei com ela por causa
da minha família e a dela, que eram amigas há anos, e como éramos filhos
únicos, queria fundir nossos negócios em um só, e fui forçado a casar com
ela, no início seria só um casamento de aparência, mas a Leila acabou se
apaixonando por mim, e eu tentei por anos nutrir sentimentos mais fortes por
ela, mas foi difícil, quando não tínhamos mais a pressão de nossas famílias,
eu pedi o divórcio, mas a Leila, ela disse que se eu a abandonasse, ela iria se
matar e matar o bebê que estava esperando. Eu não acreditei, mas quando
estava fora de casa recebi uma ligação de um dos empregados dizendo que
minha esposa estava no hospital, eu saí desesperado e quando cheguei lá os
médicos disseram que ela tentou contra a própria vida tomando diversas
pílulas. — Vejo as lágrimas se formarem em seus olhos. — Ao receber alta,
Leila deixou bem claro que se eu pedisse o divórcio novamente, iria tentar
novamente. Eu me sentia com uma pressão enorme, pois não só ela iria
morrer, mas minha filha também.
Depois quando Amy nasceu, eu tentei novamente o divórcio, mas Leila
tentou novamente contra a própria vida, e também contra a da Amy, a
mesma estava com uma arma nas mãos quando entrei no nosso quarto, e ela
confessou que ia matar nossa menina e em seguida tirar a vida dela se eu a
abandonasse. Eu simplesmente estava de mãos atadas e prometi a Leila que
não abandonaria nunca. Amy nunca soube dessas coisas, jamais contamos a
ela porque a mesma via a mãe como uma heroína e eu não queria tirar isso
dela.
Quando Amy estava com cinco anos, eu viajei para o Brasil a negócios,
Leila tinha coisas para resolver e ficou para cuidar da menina, e eu
aproveitei para ficar longe daquele casamento fracassado e horrível que eu
vivia. — Ele abre um sorrio franco em meio as lágrimas. — Eu lembro como
se fosse ontem, quando cheguei no hotel e me deparei com a mais bela das
mulheres. Joana trabalhava como camareira, eu lembro que quando olhei
para ela pela primeira vez, parecia que eu estava no céu, e a mesma sempre
vivia com o mais belo dos sorrisos no rosto, era impossível não me sentir
hipnotizado por ela. Por uma semana inteira, eu fiquei somente a
observando, com medo de me aproximar e a mesma não gostar ou achar que
estava com intenções ruins, porém, quando me aproximei, e aqueles belos
olhos castanhos se viraram para mim, foi quase difícil falar, me senti um
adolescente apaixonado. — Os olhos dele brilham ao falar isso. — Ela foi
gentil, simpática, depois daquele dia nos falávamos sempre, e por diversas
vezes entravam em conflito com as questões do meu casamento, eu estava
louco de vontade de pedir o divórcio e poder viver uma vida feliz ao lado da
sua mãe, mas o medo do que Leila podia fazer... eu iria me culpar por toda
vida se algo acontecesse.
Lembro bem quando expliquei a sua mãe toda a minha situação, e me
surpreendi quando a mesma me compreendeu e entedia meu lado. Eu fiquei
no Brasil por apenas três meses, mas foram suficientes para viver o que não
tive em anos, voltei para meu país para me organizar e pedir o divórcio, mas
Leila veio com uma bomba dizendo que estava com sérios problemas de
saúde e que foi descoberto um aneurisma em sua cabeça, aquilo foi um balde
de água fria. Liguei para Joana e revelei tudo, a mesma queria que
terminássemos, me disse para cuidar da minha esposa e da minha filha,
depois disso ela trocou de número e sumiu. Eu fiquei louco e não podia
deixar que algo tão lindo que tivemos acabasse daquele jeito, então voltei ao
Brasil novamente e fui para o hotel onde ela trabalhava, mas as colegas dela
disseram que Joana havia sido demitida, e que agora morava em uma favela
no Rio de Janeiro, foi difícil, mas com a ajuda de terceiros, eu a encontrei,
morando junto com seu avô, Edson, e fiquei em choque quando o seu avô
veio para cima de mim dizer que abandonei a filha dele grávida.
— Minha mãe... ela tinha escondido a gravidez? — sinto as lágrimas
descerem mais ainda.
— Ela disse que era melhor eu esquecer que nossa filha existia, que ela
criaria você, ela estava disposta a sacrificar tudo para que a Amy e Leila não
viessem a sofrer, mas eu disse a ela que a mesma não estava pensando no
nosso bebê, que ele também poderia sofrer pela minha ausência. Lembro que
para acompanhar a gravidez dela fiquei vindo e voltando, até que Leila
descobriu tudo e me ameaçou, disse que poderia expor toda a situação e que
faria o possível para afastar a Amy de mim, e em uma briga aqui no Brasil
Leila parou no hospital, lembro que Joana estava junto comigo, Amy havia
ficado nos Estados Unidos com babás.

"— Doutor, como está minha esposa? — questiono.


— Por sorte, o aneurisma não estourou, mas sua esposa corre um grande
risco, ela precisa de uma operação muito delicada, e para que não haja
problemas precisa viver em um ambiente tranquilo, sem estresse ou emoções
fortes, ela vai continuar em observação e amanhã terá alta. — Quando o
médico sai da sala de espera, sinto a mão de Joana em meu ombro.
— Precisa cuida dela. — Meu coração se aperta ao ver seus belos olhos
castanhos com lágrimas.
— Eu não quero te deixar, Joana, você é o amor da minha vida, e eu não
quero ficar longe do nosso bebê, falta pouco pra ela nascer, nossa Maria
Clara vai ter um pai presente. — Ela leva sua mão até meu rosto e seca
algumas lágrimas que desciam por meu rosto.
— A Amy também precisa do pai, agora mais do que nunca, a mãe dela
corre risco de vida, e se algo acontecer a ela por minha culpa jamais me
perdoaria, ela só tem a você e a mãe. Meu avô vai me ajudar e prometo te
manter informado sobre nossa filha, mas acho melhor você seguir seu
casamento com Leila, pelo menos até tudo isso passar.
— Mas se isso demorar muito? E se demorar por anos? Vamos ficar longe
um do outro por todo esse tempo? — ela fica na ponta dos pés e beija meus
lábios.
— Eu sempre vou estar aqui, te esperando, e nossa Maria Clara também,
mas por agora, precisa cuida da Leila, precisa estar do lado de sua outra
filha, até que tudo esteja estável. — Acaricio seu rosto macio, sinto que meu
coração vai sair pela boca toda vez que a sua pele entra em contato com a
minha, coloco uma mecha do seu cabelo enrolado atrás da sua orelha.
— Eu te amo, minha Joana. — Ela sorri em meio as lágrimas.
—Eu te amo, meu Antônio, até meu último suspiro."

Os olhos dele estão cobertos de lágrimas, posso ver a tristeza em sua


expressão, o que mostra que realmente o que ele está falando é verdade,
minha mãe abriu mão de tudo para que a Leila não viesse a sofrer e nem
mesmo a Amy.
— Por que você sumiu? — questiono.
— Eu não sumi, sua mãe desapareceu, ela se mudou, cortou qualquer
contato que eu poderia ter com ela e sumiu, quando finalmente eu descobri
onde encontrá-la, eu soube de sua morte e foi como levar uma facada no
peito. E tive medo de me aproximar de você e receber sua rejeição, como
ocorreu no salão do hotel, mas fiquei de longe acompanhando tudo, quando
foi embora do Brasil com sua amiga, quando começou a trabalhar em uma
empresa, quando encontrou outro emprego, e para a minha surpresa, na casa
do ex-marido da minha filha. — Ele olha brevemente para Massimo. — E
para a minha total surpresa, você se envolveu com a minha outra filha, que
ironia, não é?
— A minha mãe mentiu pra mim por todos esses anos? Dizendo que você
era um bêbado qualquer que nos abandonou, me fez cultivar um ódio
enorme — confesso.
— Ela queria me manter longe de você, de uma forma ou de outra, não
por não me amar ou por me odiar, e sim por não querer que outras pessoas
saíssem prejudicadas, Joana tinha um coração de ouro e sempre via o lado
bom de tudo, era impossível não se apaixonar por ela.
— Isso é loucura demais, quer dizer que o Massimo está namorando com
a cunhada dele? — indaga Lutero.
— Não estamos namorando, quer dizer, ainda não falamos disso, mas sim
de tentar algo, só que sinceramente, eu estou muito em choque com todas
essas informações, quer dizer, por anos cultivei um ódio por você, sem ao
menos saber a realidade por trás de tudo, não sei o que pensar, como agir...
minha mãe não poderia ter feito isso, não deveria...
— Não a condene, sua mãe teve seus motivos. Eu sempre achei errado o
fato dela pôr a necessidade dos outros acima dela, isso me incomodava
demais, porém ela nunca mudou esse gênio dela e o fato de ter um bom
coração fez com que ela sacrificasse tudo que tivemos, incluindo minha
convivência ao seu lado. Leila por outro lado foi muito egoísta, queria me
prender em um casamento que não tinha futuro, depois que ela se curou do
aneurisma, ela fez questão de jogar na minha cara por anos a minha
infidelidade, não acho certo o que fiz, mas eu sempre quis o divórcio,
sempre quis me libertar, mas ela era ardilosa, sabia onde me atingir, e
quando a Amy morreu foi um baque para nós dois, pra ela foi muito mais
forte a ponto dela enlouquecer, e por mais infeliz que ela tenha me feito,
depois de todo o inferno que ela me fez passar, sempre que posso vou a Itália
e a visito, mas ela só me recebe com paus e pedras, uma vez tiveram que
sedar ela, porque ela tentou me agredir.
— Eu preciso de um tempo pra digerir tudo, acredito que Massimo
também. — A expressão dele não está muito atrás da minha.
Afinal de contas, ele acabou de descobrir que está se envolvendo com a
meia irmã da sua esposa falecida e que Penélope é minha sobrinha,
sinceramente, não sei em que posição isso coloca o que mal iniciamos.
— Eu preciso ir embora — murmuro, já me levantando.
— Maria Clara... — Vejo uma certa tristeza no olhar de Massimo.
— Por favor, eu preciso ficar sozinha. — Começo a caminhar na frente.
— Eu posso te levar — diz Lutero.
— Não, eu realmente só quero ficar sozinha pra pensar, colocar a cabeça
no lugar, é coisa demais pra um dia só.
— Posso ir te ver mais tarde? — ele pega em minha mão e pergunta, abro
um sorriso fraco e, sem dizer mais nada, caminho para fora daquele hospital.
O que a minha vida se transformou?
CAPÍTULO 12

O olhar de espanto de Mandy, e alguns segundos sem falar nada depois do


que revelo, me faz pensar o quão grave é a situação em que me encontro.
Depois de sair do hospital, peguei um táxi e vim para o hotel, pôr a cabeça no
lugar e desabafar com alguém, como minha amiga não está aqui, liguei para
ela por vídeo chamada.
— Clarinha... eu... eu...
— Eu quero ir embora pra bem longe de tudo, isso parece aquelas novelas
mexicanas que a minha mãe assistia.
— Como o Massimo reagiu a isso?
— Acredito que a mesma expressão que você fez foi a dele e a de Lutero,
eu simplesmente não sei o que vai ser de nós dois depois de todas essas
revelações, e ainda tem o fato da minha mãe ter me enganado por todos esses
anos, ela não podia ter feito isso. — Oh mamãe, por que fez isso?
— Ela tinha os motivos dela, Clarinha, conhecendo bem a Leila, essa
mulher podia fazer um inferno na sua vida e a da sua mãe, ela só te privou de
coisas ruins que podiam acontecer.
— Mas e agora? O que eu faço? Eu não consigo olhar para aquele homem
e sentir qualquer sentimento que não seja raiva, mágoa, mesmo sabendo no
fundo que de fato ele não tem culpa, e agora tem a situação do Massimo e eu,
o que isso vai ser para o que nem mesmo começou ainda?
— Isso devo concordar, Massimo demorou muito para poder se libertar
dessa dor profunda que a morte da Amy deixou, e agora descobri que a
mulher com quem ele está se envolvendo é a meia irmã dela, deve ser
confuso demais. — Sinto meus olhos marejarem. — Amiga, não chora, por
favor, vocês só precisam conversar sobre tudo, ver o que de fato vão fazer e
também como vão contar isso a Penélope.
Cacete! Realmente ainda não tinha pensado nisso.
— Eu nem sequer havia pensado nisso, como ela vai reagir? Como
explicar?
— Do jeito que ela te ama, acredito que vai amar saber que você é tia dela.
— Que vontade de sair correndo sem rumo, e amanhã cedo tenho que
comparecer no escritório para meu primeiro dia, eu nem sei com que cara
aparecerei lá, não sei se vou ter cabeça para isso.
— Amiga, olha o lado bom, ao menos você agora sabe o que houve para
seu pai ter sumido por todos esses anos, isso era algo que te intrigava muito.
— Abro um sorriso fraco.
— Sim, eu sei, mas, a que preço? O que vai ser do que eu sinto pelo
Massimo se ele virar pra mim e simplesmente dizer que não quer ter nada
comigo? Eu não posso suportar isso, eu estou apaixonada por ele, Mandy —
confesso.
— Você está sofrendo por antecedência. Você só vai saber em que pé está o
relacionamento de vocês depois que conversarem. — Me assusto quando
ouço batidas na porta.
— Mandy, tem alguém batendo na porta, acho que pode ser o Massimo.
— Seria errado eu ficar ouvindo pra saber qual vai ser o resultado de tudo?
Tô morrendo de curiosidade pra saber até onde essa merda toda vai. —
Mostro o dedo do meio pra ela e fecho a tela do notebook.
Levanto da cama secando as minhas lágrimas e caminho em direção a
porta, quando abro, lá está ele, com aquela cara de poucos amigos, olhar
indecifrável, e com a postura de imponência que sempre teve, antes que ele
diga algo, dou passagem para que o mesmo possa entrar.
— Como esta Penélope? — questiono para começar.
— Bem, já está no quarto dela, os exames foram positivos e podemos
tratar ela em casa. — De fato fico aliviada em ouvir isso. — E você, como
está? — abro um sorriso fraco.
— Acho que ainda preciso de tempo para digerir tudo isso, é coisa demais
para assimilar, mas tem algo nisso tudo que me preocupa. — Engulo seco
antes de falar. — Isso interfere em algo? Quer dizer, no que temos.
O silêncio dele me quebra, é como se ele respondesse a minha pergunta
sem uma palavra sequer.
— Massimo, eu estou apaixonada por você, sei que...
— Não consigo, quer dizer, isso tudo é demais pra mim, você é irmã da
minha ex-esposa, a mulher que amei por anos de minha vida, e agora estou
nutrindo esses sentimentos, talvez até mais fortes, pela irmã dela, tem noção
do quão perturbador isso é pra mim?
— Massimo...
— Eu amo você, meu peito arde de paixão por você. — Ele me pega
completamente de surpresa com essa revelação.
Ele me ama? Puta que pariu!
— Mas sinto em algum lugar dentro de mim que isso é errado, me sinto
estranho demais, é como se eu estivesse....
— Massimo, vai se foder! — ele se surpreende com a minha fala. — Não
sabíamos dessa merda, nunca íamos imaginar algo assim, e agora vai me
dizer que se sente traindo a memória dela? Pois bem, agora vou dizer algo
que vai ser duro demais de ouvir, e talvez você não goste, mas a Amy, sua
esposa, morreu! Ela não existe mais em corpo, infelizmente a mulher que
você amou por anos e tiveram uma bela filha nunca vai voltar. Se fosse você
que tivesse morrido ao invés dela, você ia desejar que ela refizesse a vida
dela, somente para vê-la feliz, assim como eu acredito que a Amy iria querer
que você fizesse. Agora me dizer que está traindo ela?! Eu já tô cansada
demais desse chove e não molha. E saiba, Massimo, que se for pra ficar nessa
palhaçada, eu quero que você suma da minha vida!
Cada palavra dita foi como facas em meu coração, e posso sentir as
lágrimas molharem meu rosto.
— Você diz como se fosse algo fácil!
— Não é, mas se você me amasse como diz que ama, ao menos iria
simplesmente mandar tudo para o alto e tentar ser feliz com a mulher que
ama, e com a mulher que te ama. — Posso ver seus olhos encherem de
lágrimas.
— Eu preciso de um tempo para pensar, Maria Clara, é muito complicado
pra mim, e não sei como a Penélope iria reagir com essa situação, antes você
não tinha laços sanguíneos e agora você tem e é a tia dela, não sei se ela vai
reagir bem.
— Isso de fato eu concordo com você, mas para tudo tem um jeito, em
especial quando se ama. Não jogue fora todo o esforço que fez para
atravessar meio mundo e vir ficar comigo, não deixa que isso seja em vão,
meu amor. — Me aproximo dele e levo minhas mãos até seu rosto para
acariciar.
Ele fecha os olhos, como se estivesse absorvendo a sensação de meu toque
em sua pele, tento me segurar para não chorar de soluçar.
— Eu só preciso de um tempo, por favor, eu preciso pensar no que fazer,
no que isso vai significar na minha vida. Maria Clara, você é minha cunhada!
Quando isso vier a público, não faz ideia do quanto vão cair matando em
cima de você, na Penélope, em tudo, pode manchar a memória da Amy sem
ao menos ela poder se defender, e eu não quero isso, ela não merece isso. —
Foi como levar um soco no estômago com toda a força do mundo.
Tiro minhas mãos de seu rosto e caminho em direção a porta, a abro e
vocifero.
— Vai embora — digo baixo e calma.
— Maria Clara... — ele tenta se aproximar, mas eu esquivo.
— Vai embora — repito.
— Tenta me entender, pelo amor de Deus! — é nítido seu desespero.
— Sai da minha vida, agora! — digo bem alto.
Ele abre a boca para dizer mais alguma coisa, porém se cala quando vê que
pode piorar ainda mais as coisas, quando ele sai, bato a porta com força, me
encosto na porta e começo a chorar e gritar, desesperada e sem rumo.
Por que, meu Deus? Por que tudo isso está acontecendo? Por que quando
tudo parecida bem, algo assim vem e derruba um pouco do que construímos?
Isso é sinal de que não devemos ficar juntos?
Eu me sinto tão sem rumo.
CAPÍTULO 13

Dois dias depois


Hoje me mudo para o apartamento novo que consegui alugar no Rio, na
verdade já me mudei, sim, estou arrumando as coisas. Amanhã começo meu
trabalho aqui no Rio de Janeiro, e ultimamente para mim isso vai ser a
melhor distração, depois de tudo que ocorreu nesses últimos dias, não sei
como eu ainda não enlouqueci.
Antônio vem tentando falar comigo, mas eu não quero falar com ele agora,
não estou com cabeça ainda para isso, ainda estou digerindo toda essa
história, e por mais que agora as coisas estejam claras, de que ele nunca me
abandonou e que tudo que houve foi por escolha da minha mãe, eu não
consigo nutrir sentimentos por ele como meu pai, eu não tive convívio com
ele, não é algo que vai surgir de um dia para o outro. Ainda mais sabendo que
devido a ele ser meu pai, Amy, esposa falecida de Massimo, se torna a minha
meia irmã.
Massimo, não o vejo há dois dias, o que nesse momento não sei se é bom
ou ruim. Eu gosto muito dele, meu peito dói só de imaginar que talvez nunca
ficaremos juntos, parece que por mais que tentamos, sempre surge algo para
nos atrapalhar, é claro que a descoberta de que a mulher com quem estava se
envolvendo é na verdade irmã da esposa falecida é um baque bem grande,
mas ainda assim, Massimo precisa sair do luto, precisa seguir a vida dele,
sendo comigo ou não, enquanto ele viver o luto da sua esposa, ele nunca vai
ser feliz e isso pode atingir novamente a Penélope.
Minha menina, eu nem a vi, nem sei como está, não me atrevo a ligar para
Massimo e saber, e não consegui falar com Lutero.
Será que eles foram embora?
Acredito que sim, afinal, Massimo não quer mais nada comigo. Sinto as
lágrimas descerem por meu rosto e rapidamente as seco.
Não posso deixar isso me derrubar, agora tenho um cargo a zelar, uma vida
a construir e seguir em frente com ou sem ele.
Ouço batidas na porta, estranhando caminho até a porta e abro, arregalo
meus olhos quando vejo Mandy e Evelyn me olhando.
— Meninas! Oh meu Deus! — sem conseguir me segurar, me jogo nos
braços delas e choro.
— Pelo visto eu estava certa, ela precisa de nós — murmura Mandy.
Me afasto delas dando passagem para elas entrarem.
— Nem precisamos perguntar como está, Clara, Lutero trouxe a Mandy
para ficar com você por uns dias — murmura Evelyn.
— Ele é um anjo, e obrigada por vim também, não fazem ideia da loucura
que está a minha vida.
— Por isso viemos, sei que amanhã é seu primeiro dia no trabalho e
resolvemos vir te chamar para sairmos, curtir um pouco para distrair a mente.
Eu fiquei preocupada com você.
— Minha vida deu um giro completo, me deixando sem um norte. — Olho
para Evelyn, e antes que eu pergunte ela se adianta.
— Penélope está bem, está com o Massimo, eles ainda estão no Rio, mas
pelo que ouvi da conversa dele com Lutero, não é por muito tempo, em breve
vão embora porque, como a Mandy veio, alguém precisa estar lá para cuidar
da empresa.
— Então ele vai embora? — não chora, não chora, não chora.
— Amiga, não fica assim, eu sei que dói, mas os dois precisam desse
tempo pra pensar, do mesmo jeito que foi difícil pra você, pra ele também
está sendo. Massimo já tem um sério problema sobre a morte da Amy, e
descobre que estava dormindo com a irmã dela? Imagina as mil e uma coisas
que deve passar na cabeça dele — indaga Mandy
— Sim, se vocês tiverem que ficar juntos o destino vai se encarregar disso
— complementa Evelyn.
— Parece que depois de tudo que está acontecendo, acredito que o destino
não queira que fiquemos juntos.
— Vamos parar com esse papo deprê e vamos primeiro se arrumar e ir ver
meus pais, eles vieram comigo para o Brasil assim que souberam o que
houve com você, estão preocupados, e depois vamos ter uma noite das
garotas.
— Seus pais são maravilhosos, e Dona Mandy, amanhã eu trabalho.
— E o que tem demais? Não vamos voltar muito tarde, tampouco encher a
cara, só vamos sair, comemorar seu novo emprego e distrair a sua mente com
coisas boas. — Abro um sorriso para ambas.
— Vocês são demais, obrigada por todo o apoio.
— Nos agradeça se arrumando e saindo conosco, e como diz no Brasil,
vamos sacudir a poeira e dar a volta por cima. — Mandy diz fazendo Evelyn
ri.
E pela primeira vez em dois dias, dou um sorriso sincero e verdadeiro.

Depois de passar a tarde com os pais da Mandy, viemos para um bar na


Lapa, resolvemos pedir uns petiscos e uns drinques, toca um bom pagode ao
vivo, algumas pessoas dançam e outras paqueram, outros bares tocam funk,
outros forró. Eu sinceramente estava com saudades dessa mistura.
— Aqui é bem movimentado — murmura Evelyn.
— Você não viu nada, aqui é o destino de muitos gringos quando veem ao
Brasil, quando eu trouxe a Mandy aqui a primeira vez ela se apaixonou, fora
que o que ela conseguia de homem bonito, não tava escrito. — Mandy ri.
— Tô viva, não morta, digamos que aproveitei minha vida de solteira ao
máximo.
— E como está você e Barney?
— Estamos ótimos, estou imensamente felizes, acho que o amo o bastante
para cogitar passar o resto da minha vida com ele. — O olhar apaixonado
dela entrega tudo.
— Maria Clara? — olho para o lado e vejo Edgar, meu novo chefe, junto
com seu amigo.
— Edgar, olá! — murmuro sendo pega no pulo, afinal amanhã começo a
trabalhar e estou tomando cerveja.
— Vejo que está comemorando o novo emprego. Olá, meninas! —
cumprimenta de forma simpática.
— Bom, mas é claro, não faz ideia da felicidade que é pra mim conseguir
trabalhar no que eu gosto, trabalhamos com mais vontade — murmuro.
— Isso é incrível, fico devidamente feliz com isso, e pra comemorar eu
pago a próxima rodada.
— Edgar está feliz hoje porque conseguiu um grande contrato para a
empresa, por isso viemos comemorar — murmura Paulo.
— Isso é incrível, se juntem a nós. — Sem falar uma palavra, eles pegam
duas cadeiras e se sentam perto da gente.
Algumas bebidas depois e eu estava dançando com Edgar um forró, e não
é que o cara dança bem.
— Maria Clara, posso fazer uma pergunta pessoal? — murmura em meu
ouvido.
— Sim.
— O que tem com o Massimo? Quer dizer, em anos venho tentando fechar
contrato com ele e do nada ele aparece querendo fechar contrato comigo,
quando vocês se viram vi como se olham, como fica perto dele. — Ele é bem
observador.
— Massimo e eu nos apaixonamos, porém o fato dele viver a sombra do
luto da esposa impede um pouco de seguir em frente.
— Isso é um porre mesmo, mas eu preciso dizer que ele é um louco, você é
uma bela mulher, inteligente, gentil, não é difícil gostar de você. — Sinto sua
mão descer um pouco e apertar a minha cintura.
— Obrigada, mas eu e ele vamos se resolver, eu o amo. — Ele ri.
— Massimo foi embora hoje, foi no meu escritório assinar o restante dos
papéis e depois iria voltar para Nova York. — Aquilo doeu em ouvir.
— Eu já sabia — minto.
Ele sorri, e aperta ainda mais a sua mão na minha cintura.
— Você é uma mulher tão cheirosa.
— Edgar, acho que você bebeu demais, vamos voltar para a mesa. —
Quando tento me afastar, ele me segura no lugar.
— Está com medo de mim? Qual o mal de eu mostrar que tenho interesse
em você? Sou um homem e você uma bela mulher atraente — confessa.
— Você é meu chefe. — Ele gargalha.
— Massimo era seu chefe e se envolveu com ele, não venha me dizer que
tem esse tipo de política. — Me irrito com a sua fala.
— Me solta, eu quero ir embora.
— Posso te contra um segredo? — Não digo nada, então ele profere. —
Sabe quem mexeu os pauzinhos para você conseguir esse emprego?
— Do que está falando?
— Acha que eu te contrataria sabendo que a última empresa que trabalhou
foi uma empresa que o dono era um bandido e você era secretária dele?
Imagina as merdas que deve ter aprendido com ele. — Olho indignada para
ele.
— Então, por que fez essa merda toda?
— Antônio Hoffmann, seu papai, e pai da esposa do Massimo. — Arregalo
meus olhos. — Eu sei da história toda, porque Antônio comprou uma certa
quantidade de ações da minha empresa se tornando sócio majoritário, deixou
que eu continuasse na presidência, mas com a condição de te dar um
emprego de altura na empresa. Eu não queria aceitar devido ao histórico, mas
ele ameaçou meu cargo e a empresa que infelizmente teve que vender pra ele
devido a investimentos errados que meu pai fez. — Olho em total espanto
para ele.
— Você está mentindo — digo na esperança de ser mesmo isso.
— Não seja ingênua, eu não iria te contratar se não fosse ele, quem bancou
sua viajem, hospedagem, tudo foi seu pai, incluindo esse apartamento que
você está, foi ele que mexeu os pauzinhos, não a gente.
— Me solta agora! — ele me segura mais forte.
— Para de bancar a difícil e faça valer a pena meu esforço em te contratar,
você, assim como eu, não tem essa política ridícula de dar pro chefe, então
estamos soltos e à vontade. — Edgar tentar me beijar e eu dou um tapa na
cara dele.
— Nunca mais me encoste a mão imunda.
— Vagabunda! — Ele ameaça levantar a mão para me bater, mas é
interrompido com um soco que o derruba no chão.
Olho para a pessoa que o socou e quase tenho um treco.
— Massimo! — exclamo surpresa.
— Gente, o que está acontecendo aqui? — diz Mandy se aproximando.
Paulo vai até o amigo e o ajuda levantar.
— Paulo, o que ele falou é verdade? — questiono.
— Eu sinto muito, Maria Clara, Edgar não é assim, ele só bebeu demais.
— Paulo, a verdade! — nesse momento já digo puta da vida com toda essa
situação.
— Sim, é verdade, eu sinto muito por tudo, vou levar ele embora. — Ele
segura o amigo.
— Saiba que amanhã nem precisa aparecer lá, não sabe o prazer que vai
me dá falar pro Antônio que não vai mais pôr os pés na minha empresa, já
estou cansado dele achar que a empresa da minha família é bagunça.
— Já chega, Edgar! Vamos pra casa — diz Paulo o puxando para longe de
nós.
Naquele momento nos tornamos o centro das atenções, a música que
tocava parou.
— Você está bem? — pergunta Massimo.
— Não, eu quero ir falar com o Antônio, agora! — sem deixa que ninguém
diga mais nada, saio dali e caminho em direção ao táxi, peço para ele ir para
o hotel onde eu estava hospedada, deixando todos para trás.
Ele vai me ouvir!

Bato na porta sem parar, esmurro a porta com força até ele abrir e me
seguro para que o murro que estava dando na porta não fosse na cara dele.
Entro feito um foguete quando Antônio abre a porta do quarto.
— Maria Clara, o que houve?
— Você queria me pôr pra trabalhar em uma empresa que não me queriam
lá? — ele arregala os olhos.
— Do que....
— Antes que minta, Edgar já me falou tudo, enquanto proferia seu
descontentamento com a minha contratação e tentava me agarrar à força.
— O que? Eu vou matar aquele filho da puta!
— Não precisa disso, Massimo já o colocou no lugar dele, o que vim fazer
aqui não foi pedir a sua ajuda em merda nenhuma e sim saber por que fez
isso. Acha que eu iria te abraçar e dizer que é o melhor pai do mundo depois
de conseguir à força um emprego pra mim?
— Eu queria seu bem, te dar o melhor, e não trabalhar como babá. — Rio
de suas palavras.
— Minha mãe foi camareira a vida toda, isso te incomodava?
— Claro que não, mas eu sempre quis dar o melhor a ela e a você, Joana
nunca aceitou, eu entendo que você tenha o mesmo gênio que ela, tem
orgulho demais em aceitar as coisas.
— Orgulho?
— Sim, orgulho! Eu sei que é maravilhoso conseguir algo por nós
mesmos, mas qual o mal que eu fiz em tentar dar algo melhor a minha filha?
Quando eu queria arrumar um bom emprego pra sua mãe para ela conseguir
te dá o melhor de tudo, ela recusou, não pensou em você e sim nela, com o
maldito orgulho que você herdou dela!
— Não te pedi nada, ainda mais conseguir algo dessa forma! — digo
furiosa.
— Você é minha filha, quer queira ou não, eu fiquei anos longe de você,
fui privado de viver cada momento da sua vida, e o que eu puder fazer para
compensar isso eu vou. Você não ligou de ser babá porque se apaixonou pelo
Massimo e pela Penélope.
— Eu iria trabalhar do mesmo jeito caso não fosse isso.
— Querida, não estou dizendo que não faria o seu melhor, só estou
dizendo que amá-los facilitou. Você saiu da sua zona de conforto para algo
diferente da sua realidade profissional, eu simplesmente achei que poderia te
ajudar, você é minha filha, quer queira ou não, e o que estiver ao meu alcance
de fazer para te ver bem, eu vou fazer.
— Não quero que force as pessoas a algo que não quer, viu o que deu?
— Edgar é um mimado que junto com o pai faliram a empresa, eu fiz um
favor em comprar e ajudar a elevar o patamar.
— Sim, que bom, mas usar do seu poder é errado, ainda mais para
conseguir algo que ambos não queriam. — Ele solta uma respiração pesada.
— Eu sei, me desculpa, eu só não pensei muito, só queria o melhor para
você, minha filha. — Ele tenta se aproximar, pega na minha mão. — Só
quero de alguma forma ser presente na sua vida, te ajudar, te ver bem.
— Quer me ajudar? Não faça mais isso, não se meta na minha vida
profissional, por favor.
— Tudo bem, prometo que não farei isso.
— Eu vou voltar para Nova York.
— Tem certeza disso? E não quer minha ajuda para...
— Não, eu vou voltar e vou conseguir um emprego por mim mesma, sou
capaz disso.
— Eu sei que é, querida, nunca duvidei disso.
— Boa noite, Antônio. — Sem dizer mais nada, caminho para fora do
quarto dele.
— Boa noite, minha filha.
CAPÍTULO 14

— Amiga, não precisava fazer isso, você tem que ir trabalhar — murmuro
ao olhar a grande mesa de café da manhã que a Mandy colocou para nós
duas.
Voltei ontem do Brasil, e somente quis me trancar no quarto e ficar
sozinha, Massimo estava para voltar e acabou que todos voltaram no jatinho
particular dele, nem preciso dizer que amei ver minha pequena novamente,
ela me implorou para ir vê-la hoje e passar o dia com ela, e eu como um
coração mole que tenho, não pude negar.
Depois do ocorrido com Edgar, Massimo não falou nada, nem o porquê
estava na Lapa, sinceramente tenho medo de saber. E se ele estava lá para
sair com outras mulheres? Só de imaginar isso dói até a alma.
— Você é minha melhor amiga, está passando por um momento difícil.
Não vejo mal em querer mimar você — murmura colocando café em sua
xícara.
— Obrigada, você é incrível.
— Meus pais vão ficar mais uns dias no Brasil, disseram que estavam com
saudades de lá e querem aproveitar esse momento.
— Verona e Herbert merecem isso. — Eles estão juntos há mais de
quarenta anos, mas parece que o amor que ambos sentem um pelo outro
nunca diminuiu, o olhar de admiração, de amor que um tem ao outro é lindo.
— Quero ter isso um dia, o amor que seus pais tem — comento.
— E você vai ter, assim como eu estou tendo — diz toda feliz.
— Vai ver o Barney hoje?
— Ele vai me buscar no trabalho para jantar, disse que tem uma surpresa
pra mim, nem preciso dizer que estou extremamente ansiosa.
— Isso é ótimo, hoje vou na casa do Massimo, vou ir ficar com a
Penélope, ela me pediu ontem voltando pra Nova York, é impossível negar
algo a ela. O bom é que durante o dia Massimo vai estar enfurnado no
escritório e não vamos nos ver.
— Ué, e isso é bom?
— Até esse clima estranho que está entre nós dispersar, sim, é bom. Depois
do que aconteceu não nos falamos e me enjoa imaginar que ele estava na
Lapa com o intuito de encontrar outras mulheres.
— Clarinha, você não sabe disso, pare de tirar conclusões precipitadas. —
Reviro os olhos.
— Não sou idiota, me encontrar lá ele não foi. — Solto uma respiração
pesada.
— Só vai saber se perguntar a ele. — Ela coloca a xícara vazia em cima da
mesa e antes de sair dá um beijo na minha testa. — Talvez eu não durma em
casa hoje.
— Ao menos uma de nós tem que estar dando né. — Ela ri.
Quando ela sai, me pego perdida em meus pensamentos novamente, onde
imagino quando foi que parei de começar a ver o lado bom das coisas.
Sempre fui esperançosa, nunca deixei nada de ruim me abalar, e agora parece
que nem sorrir eu sei mais, ah! Isso é uma droga, mas preciso voltar ao
normal, a ser o que eu era antes.
Mesmo que eu não fique mais com o homem que eu amo.

Ao chegar na casa do Massimo, sou recebida por Evelyn, e para a minha


surpresa, Lutero está lá.
— Que bom que veio, Penélope está terminando de tomar café, vai ficar
feliz demais em vê-la, só fala disso desde ontem. — Abro um sorriso sincero.
— Eu também não vejo a hora de passar esse tempo com ela. — Olho para
Lutero. — Bom dia, flor do dia, não deveria estar na empresa? — o olhar que
ele lança para Evelyn começar e me entregar alguns pontos.
— Só vim trazer algo que a Evelyn esqueceu, e bom dia pra você também,
flor do dia. — Olho desconfiada para ambos.
— Sei, e que "algo" seria esse? — Evelyn arregala os olhos.
— Não sabia que havia conseguido um novo emprego, de fofoqueira. —
Rio das suas palavras.
— Ah, esse trabalho eu faço hora extra — comento me divertindo com a
situação.
— Eu já vou, se não o Massimo começa a me ligar igual um maluco. —
Sem dizer mais nada ele sai, quando estou sozinha com Evelyn a olho
esperando ela me dizer algo.
— O que foi?
— Ah, qual é? Está óbvio, quando começaram se agarrar? — ela fica
vermelha.
— Maria Clara, não é nada disso! — Evelyn começa a caminhar em
direção a cozinha e eu a sigo.
— Para! É óbvio que vocês tem algo, ou vai ter, só de ver a forma como
olham um para o outro.
— Ele é vice-presidente da D' Vacchiano e melhor amigo do meu chefe,
não veja coisas onde não tem. — Começo a ri.
— Olha, vou ficar quieta e fingir que acredito no que me disse, porém vou
esperar a hora que vai vir me contar que teve um sexo alucinante com ele. —
Ela para de andar e me encara.
— Hoje você está mais enxerida que o normal hein, e faladeira também!
— Bom, hoje acordei de bom humor, afinal estou prestes a ver minha
princesa!
— Clarinha! — e só foi fala nela, uma pequena menina com a cabeleira
loira corre na minha direção e eu me abaixo para sucumbir a sessão de fofura
de beijos e abraços.
— Oh meu Deus! Que bela recepção, agora que você me atacou com
abraços, eu vou te atacar com muitos beijos. — A risada, as gargalhadas,
fazem meu coração aquecer.
Acho que de tudo isso, a única coisa boa que veio é saber que o mesmo
sangue dela é o meu, e que ela é minha sobrinha. Porém a Penélope ainda não
sabe de nada disso, ainda é pequena para entender toda a situação.
— Eu senti sua falta, vai voltar a ficar aqui em casa? Vai ser minha babá de
novo? — a pergunta dela me pega completamente desprevenida. Olho para
Evelyn em busca de socorro.
— Querida, a Maria Clara agora está trabalhando em outro lugar, porém
não significa que ela não virá mais ficar com você.
— É, sempre que possível vou vir ficar com você, e você também pode ir
com a Evelyn ou o Barney me visitar sempre que quiser.
— Vai dormi comigo hoje? Eu sinto falta das suas histórias pra dormi.
O olhar triste dela me quebra todinha, me deixando totalmente sem saber o
que falar a não ser:
— Sim, eu vou. — Evelyn me olha assustada, e eu dou de ombros.
Isso só pode ser uma provação!

Depois de passarmos o dia juntas, estou no quarto da Penélope a ajudando


se vestir para dormir, logo depois de pôr sua roupa, a ajudo a ajeitar seu
cabelo.
— Clarinha, posso fazer uma pergunta?
— Claro, meu amor.
— Você e o papai brigaram?
— Por que essa pergunta?
— Depois que você foi embora, o papai ficou muito triste, tentei animar
ele com sorvete e quando fui levar no quarto dele ele tava chorando. — Isso
me pegou completamente de surpresa.
Termino de ajeitar o cabelo dela e me sento na sua frente.
— Sério? Isso foi antes de vocês irem para o Brasil?
— Sim, e no Brasil, depois que voltei do hospital, papai parecia mais triste
ainda. — Fico chocada quando vejo lágrimas em seus olhos. — Clarinha, por
favor, faz meu papai sorri de novo, ele ficou muito mal quando você foi
embora e foi atrás de você. — Seu pedido me deixa completamente surpresa.
— Querida, nunca foi minha intenção deixar seu pai ou a você triste.
— Por favor, não vai embora, se não meu papai vai chora de novo e eu não
quero vê ele chora, papai sofre muito por causa da minha mamãe que morreu.
— É impossível não chorar diante dessas palavras.
— Eu prometo pra você que não vou embora, meu amor, não vou sair
daqui, tá bom? — murmuro com lágrimas nos olhos.
Me surpreendo quando ela se joga em meus braços e me abraça.
— Eu te amo, Clarinha.
— Eu também te amo, minha pequena.

MASSIMO D' VACCHIANO

Ao abrir a porta de casa, retiro minha gravata e deixo minha maleta em


cima da mesinha próxima a porta, junto com a minha gravata. Abro alguns
botões e começo a caminhar direto para as escadas, já passa da meia noite, e
acabei ficando até muito tarde no trabalho.
Sinceramente, não estava com vontade de vir pra casa, minha vida parece
que nunca vai passar disso, trabalho casa e casa trabalho. Solto uma
respiração pesada ao pensar em Maria Clara, quando fui à Lapa, fui atrás
dela, com o intuito de conversar com ela, Mandy havia me avisado que
estavam lá, mas eu não contava que aquele imbecil ia fazer toda aquela cena,
e só de lembrar das mãos dele em Maria Clara me faz me arrepender de não
ter socado ainda mais a cara dele. Já mandei meus advogados romperem o
contrato.
Não me atrevi a falar com ela no caminho para Nova York quando
estávamos no jatinho particular, ela estava triste e com olhar longe, nem
imagino o que ela conversou com Antônio.
Ainda pra mim é estranho demais imaginar que Antônio Hoffmann, meu
ex-sogro, pai da Amy e avô da Penélope, é também pai da Maria Clara
Campos. Isso parece muito com aquelas novelas mexicanas cheias de
reviravoltas, entretanto parece que nunca tem final feliz.
Eu sinto tanta falta dela, do toque dela, dos beijos, porra, como eu gosto
daquela mulher, jamais imaginei que poderia sentir algo tão forte assim por
alguém que não fosse a Amy.
Caminho em direção ao quarto de Penélope. Depois de toda essa loucura
quase não dei atenção a ela, e com certeza deve estar dormindo a essa hora,
vou passar lá para dar um beijo de boa noite.
Porém ao abrir a porta me surpreendo, pisco meus olhos várias vezes para
acreditar na imagem que vejo diante de meus olhos. Fecho a porta atrás de
mim devagar e caminho em direção a cama, devagar, sem desviar o olhar
dessa visão que achei que não veria nunca mais na vida.
Penélope dormia tranquilamente nos braços de Maria Clara, que estava
descoberta e estava com aquelas malditas roupas de dormir que ela usa,
porra, parece que ela se mexeu e o short que usava subiu um pouco
mostrando um pouco da popa da bunda dela.
Porra!
Me sentei devagar na cama, porém é inútil, Maria Clara acorda, e sem me
conter abro um sorriso ao ver aqueles belos olhos cor de mel me encarando.
— Massimo — murmura sonolenta.
— Volte a dormir, não se preocupe comigo — digo.
— Desculpa estar aqui, é que a Penélope...
— Não me peça desculpas por algo que eu estava sentindo falta de ter. A
sua presença em minha casa. — Minha fala parece a ter deixado sem
palavras.
— Você é estranho. — Rio de suas palavras.
— Eu sei, e sinto muito por isso. Volte a dormir, amanhã conversamos. —
Ao tentar me levantar, Maria Clara segura em minha mão.
E com a voz mais gostosa e sonolenta, com aqueles olhos brilhantes, ela
me pede:
— Dorme comigo? — isso foi como música para meus ouvidos.
— Essa cama é pequena para nós três, mas tenho uma ideia melhor. — Ela
me olha de forma confusa.
Levanto da cama e caminho para o outro lado da cama, e com cuidado
pego Penélope em meu colo e caminho com ela em direção a porta, sorte que
minha menina tem um sono pesado, se não já teria acordado, depois de ter
saído do quarto e ter ido ao meu e colocado ela na cama, volto para o da
Penélope. Maria Clara está sentada me olhando ainda confusa.
— O que está fazendo?
— Não quer que durma com vocês? — ela dá um gritinho baixo quando
me abaixo e a pego em meus braços.
— Massimo!
— Minha cama é bem maior para as três — murmuro com ela em meus
braços.
— Sabe que amanhã, quando acordamos, vamos ter que conversar.
— Eu sei, mas agora, nesse momento, quero ter em meus braços os dois
amores da minha vida. — Minhas palavras parecem que a pegam de surpresa,
o brilho em seu olhar aumenta.
Depois de colocar ela na cama, tiro meus sapatos e meias, caminho até
meu closet e retiro a blusa, busco por uma calça de moletom e a ponho.
Quando volto para o quarto a mesma está me olhando.
— Como vai explicar isso para Penélope amanhã? Quer dizer, eu sei que
fui eu que...
— Amanhã vemos isso, agora só durma — murmuro a puxando para meus
braços e deitando atrás dela.
Acho que essa vai ser a primeira vez que vou dormir de verdade, com
serenidade e felicidade.
CAPÍTULO 15

Acordo sentindo algo em volta da minha cintura, pisco meus olhos


algumas vezes até me deparar com Penélope me olhando, ela estava com um
olhar assustado. Quando me movo um pouco e dou uma olhada para trás,
arregalo os olhos.
Puta que pariu!
Eu tinha esquecido que ontem eu dei uma de maluca, Massimo mais ainda
e acabamos vindo para o quarto dele. E com certeza ela deve ter estranhado
não só ter vindo parar na cama do pai, como eu também vim dormir aqui e o
mesmo está com os braços em volta da minha cintura dormindo serenamente.
— Penélope... — murmuro.
— Como viemos pra cá? — respiro aliviada pela primeira pergunta ser
essa.
— Não me lembro, querida — minto.
— Papai tá roncando no seu ouvido, não sei como não acordou. — Seguro
a minha risada.
— Com certeza ele estava cansado, melhor a gente levantar devagar e
deixar ele continuar a dormir. — Tento me levantar, mas o braço de Massimo
me aperta ainda mais no lugar e me puxa para mais perto dele.
Oh droga!
— Acho melhor acorda ele, eu tô com fome, assim a gente pode tomar café
juntos — diz ela sussurrando.
Ela parece tão animada com essa ideia que me alivia ela não questionar
mais nada.
— Querida, vai descendo e pede pra Evelyn pôr a mesa do café da manhã
para nós três. — Ela nem questiona, levanta em um pulo e sai correndo
sorridente do quarto fechando a porta atrás de si.
— Ela já foi? — viro meu rosto para olhar para ele.
— Estava fingindo?
— Depois de ouvir ela me acusar que eu estava roncando, resolvi fingir
que estava dormindo para ver o que mais faço enquanto durmo. — Rio de
suas palavras. — Achou isso engraçado?
— Eu fiquei aliviada quando a pergunta dela foi como viemos parar aqui e
não por que você estava me abraçando.
— Ainda vou bolar um plano de como explicar isso pra ela, não se
preocupe, agora só continue aqui por cinco segundos antes que o caos se
instale. — Ele me puxa para mais perto e sinto seu pau duro feito pedra roçar
na minha bunda.
Como eu senti falta de sentir isso.
— Você é um pervertido. — Posso sentir o ar do seu sorriso em meu
pescoço.
— Como se não tivesse gostado se sentir meu pau feliz em sentir você,
melhor seria sem roupa. — A forma como ele diz isso, com essa voz grossa,
ainda com a voz arrastada de sono, porra! Eu me arrepiei.
— Isso não vai rolar, temos que conversar antes. — Sinto ele beijar meu
pescoço, e suas mãos começar a passear pelo meu corpo por debaixo das
cobertas. Sua barba roça junto com seus lábios.
Merda, merda, isso vai dá merda!
— Acordar sentindo seu cheiro, seu corpo, eu senti falta disso. — Ele
apalpa meus seios por debaixo da minha blusinha. — Posso sentir a rigidez
do bico dos seus seios, você está excitada.
— Como sabe disso? — tento não vacilar na voz, principalmente quando
ele começar a brincar com meus mamilos.
— Sua respiração está diferente, seu corpo arrepiado, seus mamilos duros
e você não para de mexer essa bunda gostosa no meu pau. — Eu nem sequer
percebi que estava fazendo isso. — Baby, só admita que quer isso tanto
quanto eu. — Ele chega perto do meu ouvido e sussurra. — Eu quero
arrancar suas roupas e te comer com tanta vontade, com tanta força que
quando levantar dessa cama e sentar naquela mesa do café da manhã, vai
precisar das pernas umas nas outras com a sensação do meu pau na sua
boceta molhada.
Oh caralho! Que homem!
Ele se levanta da cama e caminha em direção a porta, e posso ouvir
claramente o barulho de click dando sinal de que ele trancou a porta.
Me sento na cama olhando para a visão mais bela que já pude apreciar.
Massimo com aquele peitoral rígido todo exposto. Mordo meus lábios
quando ele retira a calça de moletom cinza mostrando toda a sua grandeza,
que porra! Impossível não olhar.
Os passos dele, o olhar, tudo em Massimo exala como um predador prestes
a pegar sua presa, eu sinceramente nunca imaginei que um homem como ele
fosse se interessar tanto assim por mim, ele parece aqueles homens recém
saídos de romances eróticos que eu adoro ler.
— Sabe uma coisa que eu quero muito fazer? — murmuro quando ele já
estava perto da cama. Ele balança a cabeça negando.
Me levanto da cama e caminho até ele, coloco minha mão em seu peitoral,
isso sem desviar o olhar, e jogo ele sentado na cama.
Retiro meu short junto com a minha calcinha. Agradeço por ter essas
roupas ainda aqui e que a calcinha é uma bonita, imagina se fosse as grandes
que tenho costume de dormir. Puxo a blusa por cima da minha cabeça e fico
completamente nua, o olhar azul fulminante dele é de cobiça, desejo, é
incrível a sensação.
— Gosta do que vê? — murmuro, ele sorri.
— Não faz ideia de como estou me segurando pra te por contra a parede e
foder. — Homem, me provoca não que quero fazer algo antes.
— E você vai poder fazer isso, mas eu quero fazer algo primeiro. — Ele
me olha surpreso quando me ajoelho na frente dele entre suas pernas.
— Baby?
— Fique quieto e aprecie o que minha boca pode fazer no seu pau. — Sem
as minhas mãos, eu coloco o pau dele na minha boca, sentindo toda a
extensão do seu membro pulsar na minha boca. Enquanto mantenho
movimentos de sucção, minha língua brinca com ele, o homem geme feito
doido, porém tenta controlar ao lembrar que alguém pode nos ouvir.
Agora pego minha mão e levo até seu pau, enquanto minha boca brinca
com a cabeça, a mão o masturba com vontade.
— Clara... — geme, eu não digo nada, só continuo a chupar.
Olho para ele enquanto faço cada movimento, admirando esse homem todo
ao meu mercê, e pensar que quem estava causando todas essas sensações a
ele sou eu.
— Amor. — Essa palavra, como é maravilhoso ouvir isso.
Sem parar, continuo. Porém ele me interrompe me puxando pelos braços.
Massimo me pega no colo, colocando cada uma de minhas pernas em volta
da sua cintura e posso sentir o momento em que ele me coloca contra a
parede e, sem cerimônia alguma, me penetra, é impossível segurar o gemido.
— É impossível me segurar, sua boca é maravilhosa demais! — diz
enquanto começar a se movimentar, ele começa a meter com vontade, minha
boceta está molhada, escorrendo em seu pau, sedenta, querendo tudo dele
dentro.
— Massimo...
— Isso, porra! Como eu senti sua falta, meu amor! Caralho! Gostosa! —
enrosco minhas pernas em suas cintura e jogo meus braços em seu pescoço,
ele aperta a minha cintura com força e não para com seus movimentos.
— Tão quente... molhada... que maravilha de boceta!
Sem sair de dentro de mim, Massimo joga as coisas que estava em cima de
uma mesa perto da janela gigantesca do seu quarto e me deita aqui e continua
a meter.
— Massimo... isso! — ele leva uma de suas mãos ao meu pescoço e aperta
indo ainda com mais força nas estocadas.
Eu vou gozar! Pra caralho!
— Você é toda minha, toda! — a possessividade é clara nesse momento, o
pau dele entrando e saindo freneticamente, quando meus gemidos ficam
altíssimos, ele tapa a minha boca com a outra mão, sem tirar a outra do
pescoço.
Cacete! Esse homem não é humano! Puta que pariu, eu vou gozar de um
jeito que nunca gozei somente fodendo.
Eu nem preciso falar, ele sente quando a minha boceta começa a apertar
seu pau em volta, ele sorri, e continua no ritmo. Reviro os olhos e começo a
arranhar a madeira na mesa, minhas pernas tremem e meu coração tá
acelerado.
Nada me preparava para aquele momento, quando não só eu gozo, mas ele
também junto comigo, e esse foi o melhor orgasmo que tive na minha vida!
Porra! Esse homem é uma loucura só!
Na mesa do café da manhã, eu sinceramente não acredito que o que
homem falou é verdade, a sensação de ter ele dentro de mim ainda está aqui,
entre minhas pernas. Que ódio!
— Papai, vai trabalhar hoje?
— Sim, querida, hoje posso chegar um pouco mais tarde lá, então não tem
problema ficar um pouco com você. — Ele olha para mim.
Safado!
— A Clarinha disse que sempre vamos se ver agora, mas eu queria que ela
morasse aqui de novo. — Oh minha princesa, faz isso não.
— Querida, nós já conversamos.
— Eu sei, mas eu gosto de ter você aqui, papai disse que vai ter que
contratar uma outra babá, mas eu queria você comigo. — Os olhinhos dela
brilhando devido as lágrimas não derramadas me quebra.
— Penélope. Nós já conversamos, Clara tem as coisas dela pra fazer, agora
ela tem a possibilidade de um emprego novo. — Olho assustada e confusa
para ele.
— É? Onde?— pergunta a pequena.
— Na empresa do papai. — Pisco meus olhos várias vezes e por alguns
segundos me faltou ar quando ele soltou isso.
— Como assim?
— Filha, vá com a Evelyn se arrumar para ir à escola, eu vou conversar
com a Maria Clara, e quando você voltar vamos te levar pra escola. —
Animada com isso, a menina desce da mesa e sobe em direção as escadas.
— Evelyn. — Massimo a chama.
— Sim?
— Ajude a Penélope se arrumar, por favor, vamos levá-la para escola hoje,
diga aí Barney ir buscá-la na escola depois, então agora pela manhã ele está
de folga.
— Sim senhor, com licença.
Quando estávamos sozinho, o encaro esperando que ele comece a falar.
— O que foi?
— Ainda pergunta? Qual foi o momento que você me pediu para trabalhar
na sua empresa, e eu aceitei?
— Qual o problema? Eu realmente preciso de uma chefe de marketing, o
que estava era fraco demais, e você tem boas referências, por que não?
— Massimo, para de agir como se nada tivesse acontecido. — Ele solta
uma respiração pesada.
— Maria Clara, eu sei que tivemos altos e baixos, que ainda estamos
alinhando tudo, mas qual o mal de te oferecer um emprego? Você não vai
precisar de um? Não estou te oferecendo com algum tipo de pretexto e sim
porque preciso de uma chefe de marketing urgente, terá um lançamento de
um perfume novo daqui a duas semanas, e vou precisar muito de ajuda, já
que demiti o outro. — E o pior é que ele parece dizer a verdade com isso.
— Duas semanas é pouco para isso. Tem muita coisa a se fazer.
— Eu confio em você, será a chance de você me mostrar que é capaz, e se
quiser nem assinamos contrato nem nada, você vai fazer tudo, e se tudo
correr bem, você vai ser contratada, para ser mais justo. — Ele leva um
pedaço de pão à boca e sorri.
— Massimo, sabe que se eu for sua funcionária, o que fizemos no quarto,
ou qualquer meio de afeto em público pode dar a entender que...
— Eu estou pouco me fodendo para a opinião dos outros.
— Mas é minha imagem que pode ficar ruim, já não está boa devido a
prisão do meu antigo chefe. Não quero ser conhecida como a mulher que
conseguiu um bom cargo porque dorme com o chefe!
— Tudo bem, respeito sua decisão e prometo tentar cumprir.
— E sobre o Antônio, a Amy?
— Bom, não vou mentir que ainda é estranho para mim, quer dizer,
Penélope é sua sobrinha, sangue do seu sangue, e você é irmã da minha
esposa falecida, é algo estranho, em especial se isso vier a público, o rebuliço
que isso vai causar, vai ser catastrófico. — Arregalo os olhos.
— Ninguém pode saber disso!
— Maria Clara Campos, aprenda uma coisa, essas coisas uma hora
descobrem, você vive agora no meio de figuras públicas e conhecidas
demais. Uma hora vai descobrir, agora é só você se preparar para tudo que
vão dizer, e eu sinto em dizer que podem falar coisas bem ruins, que eu
gostaria muito de impedir, mas não vou poder. — Solto uma respiração
pesada.
— Nunca pensei que a minha vida fosse dar um giro assim, foi demais! —
levo as mãos até meu rosto e esfrego as têmporas.
Sinto o momento em que ele puxa uma cadeira perto de mim e se senta do
meu lado. Olho para Massimo.
— Me perdoa, por favor.
— Massimo...
— Ainda está sendo algo estranho, difícil de digerir, mas nada é pior do
que a sua ausência na minha vida. — Ele pega na minha mão. — Maria
Clara, eu amo você com toda a minha alma e todo o meu coração. —
Arregalo meus olhos.
— O que?
— Eu amo você, e não quero que nunca mais saia da minha vida, eu só
peço que ainda tenha um pouco de paciência, ainda é novo, tudo isso é novo,
mas eu quero tentar esse novo com você porque eu te amo e quero que seja
minha namorada. — Meu ar sumiu por alguns segundos, meu coração parece
que vai sair pela boca.
— Se você der uma de maluco bipolar novamente, eu te bato muito. — Ele
ri.
Essa risada, esses olhos brilhantes, eu senti falta disso, falta de tudo isso.
— Eu também te amo, Massimo, com todo meu coração.
— Então, você aceita?
— Sim, eu aceito ser sua namorada.
CAPÍTULO 16

Olho com atenção toda os papéis que o antigo chefe do marketing da


empresa de Massimo havia deixado para trás, e sinceramente, o cara é bom,
porém ele colocava exagero demais em custos no marketing, tudo bem que é
investimento, porém há formas muito mais convictas e simples de fazer um
bom marketing.
— E então? O que achou? — Questiona Massimo.
Estávamos em sua empresa, vim para cá depois do café da manhã e nem
preciso dizer que o burburinho por termos chego juntos foi com força, porém
ergui minha cabeça e continuei.
— Olha, sinceramente a ideia que ele deu não é ruim, porém o custo que
isso vai ter é exagero demais.
— Mas para ter um bom retorno, não precisa de um bom investimento? —
questiona Lutero.
— Não necessariamente, por exemplo, no mundo que vivemos atualmente,
as redes sociais são ótimas ferramentas para uma boa companha publicitária,
em especial TikTok, o público lá é gigantesco. Twitter e Instagram são
importantes demais para isso também.
— Bom, se acha que é uma boa ideia, mas e as divulgações físicas?
Outdoors, por exemplo?
— Ainda é válido, mas não deve ser o foco, a tecnologia toma conta disso
agora. Outra coisa que acho interessante é a diversidade nessas campanhas,
geralmente sempre é usado uma modelo padrão para isso, acho muito
importante a diversidade, a representação de pessoas em um meio onde até
um certo tempo atrás somente padrões eram aceitos, e eu conheço uma
modelo perfeita para isso.
— Quem?
— A Evelyn. — Todos me olham surpresos.
— A empregada do Massimo? — questiona Mandy.
— Eu acho a Evelyn linda e perfeita para a nossa campanha.
— Evelyn é muito complexada com o peso, não sei se vai aceitar isso, e
você sabe disso, Maria Clara.
— Amiga, eu sei, mas vamos dar um jeito de convencê-la, o mundo
merece ver a beleza dela de forma única como ela é, no Brasil Evelyn seria
um puta de uma gostosa vista pelos homens — murmuro com animação.
— Olha, se você acha isso válido, eu não me importo, porém, sabe que
temos pouco tempo para isso, é um lançamento muito importante, pois é no
dia do aniversário da empresa e está sendo anunciado na mídia como o
evento do ano.
— Massimo, deixa de ser um idiota e não a assuste, por isso o outro cara
não aguentou a pressão — murmura Lutero.
— Não, eu quero assim, não quero que peguem leve comigo, aqui sou uma
funcionária como qualquer outra.
— E o comunicado de vocês dois, quando vai ser dado? — olho confusa
para Mandy, que soltou essa fala enquanto olhava para o celular.
— Como assim?
Ela estende o celular para mim e arregalo meus olhos, há uma notícia sobre
Massimo e eu. Fotos nossas que foram tiradas no Brasil naquela confusão na
Lapa, e uma foto onde me viram aos beijos com ele antes de entrar no carro
quando estava vindo para a empresa hoje.
— Porra! Eles são rápidos — murmuro surpresa.
— Sabe que vai ter que dar alguma nota sobre isso, a nossa assessora de
imprensa já está a par de tudo e disse que pode conseguir marcar uma
entrevista com o New York Times, assim pode esclarecer tudo lá.
— Massimo, e se a história do Antônio vier a tona as vésperas do
lançamento? — questiona Mandy.
— Isso ainda dá para esconder, é só o Antônio também calar a boca dele
que tá tudo certo.
— Vocês dois estão finalmente juntos? — indaga Mandy.
— Eu a pedi em namoro hoje, e ela aceitou. — O sorriso que ele me lança
é uma das coisas mais belas que pude ter o prazer de ver algum dia. Ele pega
na minha mão e leva aos lábios para beijar.
— Isso é incrível, finalmente vocês se acertaram, porém sabem o desafio
que vai ser? Em especial quando descobrirem sobre sua paternidade, Maria
Clara, a mídia já deve estar cutucando até a alma para descobrir mais sobre
você — murmura Lutero.
— Não vou deixar que isso me impeça de ser feliz. — Olho para Lutero e
logo me vem algo na cabeça. — Em falar em felicidade, e você e a Evelyn?
— ele arregala os olhos.
— O que tem?
— Ah, não seja bobo, acha que não percebi que está havendo algo entre
vocês?
— Lutero, seu verme, uma funcionária minha? Outra? — questiona
Massimo em tom de repreensão.
— Evelyn não é qualquer mulher, só para deixar registrado, então não a
compare com quaisquer outra. — Todos o olham surpresos diante de suas
palavras.
— Olha, quem diria hein? Como vai ser a sua reação quando Evelyn
estampar nossa publicidade do perfume? — Massimo diz o provocando, e
pela primeira vez vejo Lutero sério e com cara de poucos amigos.
Algo inédito já que o mesmo sempre parece despreocupado.
— Olha, eu tenho trabalho a fazer, com licença, e vocês dois, não se
comam — diz se levantando da cadeira e saindo do escritório de Massimo.
— Gente, parece que a Evelyn o fisgou mesmo, depois vou querer saber
isso com mais detalhes dela. Bom, vou voltar ao trabalho, tenho que preparar
a reunião com o marketing para vocês passarem os detalhes dessa campanha,
e Maria Clara — ela se levanta e pega na minha mão — não faz ideia da
felicidade que estou em ver duas pessoas especiais para mim tão felizes, ver
você minha amiga com esse brilho nos olhos por fazer o que se dedicou tanto
por todos os anos. Sua mãe teria tanto orgulho de você, assim como eu tenho.
— Sinto meus olhos marejados.
— Mandy, e eu por você, vai casar e não faz ideia da felicidade que estou
por você e Barney.
— Eu o amo demais, amiga. Deixa eu ir lá preparar tudo.
Quando Mandy fecha a porta da sala, sinto mãos em volta da minha cintura
me puxando de encontro ao seu corpo, posso sentir também a sua respiração
em meu pescoço e me arrepio toda quando o safado sussurra em meu ouvido.
— Não faz ideia do quanto vou ter que me segurar para não querer te
comer todos os dias no meu escritório. — Suas mãos grandes passeiam pelo
meu corpo.
Fecho meus olhos absorvendo o impacto daquelas palavras, do toque, do
cheiro, de tudo. Esse homem consegue me deixar completamente
desestabilizada. Viro meu corpo jogando meus braços em volta do seu
pescoço, ele sorri.
— Prometeu se comportar. — O sorriso, essa porra desse sorriso safado me
quebra.
— A única promessa que vai ser a mais difícil da minha vida de cumprir
vai ser manter meu pau longe da sua boceta, no trabalho. — Posso sentir
claramente seu pau duro feito pedra roçar em minha barriga.
Me assusto quando ele me pega no colo e me coloca sentada em cima da
sua mesa, sem dizer nada, caminha em direção a porta da sala e posso ouvir o
“click” quando ele a tranca. Engulo seco quando ele se vira para mim e
caminha feito um predador em busca de sua presa, Massimo começa a
desabotoar os botões da sua blusa social escura, a jogando no chão, e quando
já estava perto, puxa o cinto de couro escuro da calça e joga no chão.
— Sabe o que vai acontecer aqui? — balanço a cabeça em negação. — Eu
vou tirar toda a sua roupa, a deixando completamente nua em cima da minha
mesa. — Enquanto ele fala, ele me ajuda a retirar a minha roupa, e como
estou usando somente um vestido de alças finas colado ao corpo, é fácil,
estou sem sutiã. — Depois quero que deite e abra as pernas para mim, quero
chupar cada parte da sua boceta gostosa, e quero que goze na minha boca,
para beber cada gota do seu prazer.
— Massimo. — Ele não diz nada, ele afasta algumas coisas de cima da
mesa para um lado, com sua ajuda, me deito.
Meu coração parece que vai sair pela boca.
Olhando em meus olhos, ele coloca o rosto entre minhas pernas e posso
sentir claramente sua boca entrar em contato com a minha virilha, fecho os
olhos absorvendo aquela sensação do impacto de nossas peles se encostando.
O molhado da sua língua entra em atrito com a minha boceta molhada e eu
simplesmente não consigo segurar o gemido.
Sua mão segura com força minhas coxas enquanto ele me devora com sua
boca, os movimentos circulares que intercalam com as chupadas que ele dá
em meu clitóris é de enlouquecer qualquer pessoa.
— Baby... isso é tão... viciante! — vocifera com a cara em meio as minhas
coxas.
Sem conseguir me conter, os gemidos, os gritos, porra! Massimo é um
homem que nem em sonhos eu poderia imaginar que seria meu. Sinto meu
orgasmo vindo e sem conseguir segurar ou avisar, eu entro em êxtase, ele
segura ainda mais forte minhas coxas as deixando bem abertas enquanto sua
boca está presa em minha boceta sugando tudo que estou liberando.
Minha respiração está entrecortada, minhas pernas estão tremendo
involuntariamente e ainda estou sensível.
Me assusto quando ele me puxa de cima da mesa e me vira de costas, o
tapa que ele dá na minha bunda com certeza vai deixar marca, Massimo
enrosca sua mão em meu cabelo e com a minha bunda toda empinada para
ele, o safado enterra seu pau dentro da minha boceta de uma vez só.
Os movimentos são ferozes, fortes e sem parar, ele está com o tesão ao
extremo e posso sentir seu pau pulsar com força dentro de mim.
— Massimo.... — É impossível não gemer.
— Puta que pariu! Como é... tão... caralho, Maria Clara! — ele urra feito
uma fera que está se saciando com a sua presa.
Oh sim, esse homem é um pecado ambulante e o pecado que estou disposta
a carregar por toda a minha vida.

Olho com atenção a minha nova sala, Massimo disse que aqui é o setor do
marketing da empresa, e enquanto eu estava na reunião que a Mandy
organizou de última hora, a sala foi arrumada para mim. Saio do meu
devaneio com batidas na porta e logo Antônio entra.
— Olha, nova chefe de marketing da D' Vacchiano, isso é algo bom —
murmura olhando para a sala.
— É, sinceramente eu tô feliz por fazer algo que eu realmente dediquei
anos de estudo, Massimo está me dando uma boa oportunidade, tenho uma
campanha pra fazer nessas duas semanas pra mostrar meu valor — comento.
— Acredito que vá conseguir. — Ele parece pensar em algo, e logo fala. —
Eu vi as notícias hoje, você e o Massimo estão mesmo juntos?
— Fala isso em um tom como se fosse ruim.
— Não, claro que não. Gosto do Massimo e sei que ele como um
companheiro é uma boa pessoa, o que me preocupa é só a repercussão
quando...
— Sim, isso foi falado, mas pelo menos até o lançamento do perfume é
bom manter isso em máximo segredo, e peço isso a você.
— Bom, sabe que o que eu puder fazer para manter isso em segredo, eu
vou, entretanto não é algo fácil de esconder, a mídia é cruel quando quer, e eu
não quero que sofra. — Olho para ele desconfiada.
— O Massimo te mandou aqui? — ele arregala os olhos.
— Não! Por que acha isso?!
— Porque estão me tratando como se eu fosse me quebrar no momento
que essa notícia vier a tona, e o Massimo disse exatamente as mesmas coisas,
Lutero e Mandy também.
— Isso se chama preocupação de pessoas que se importam com você. —
Solto uma respiração pesada. — Sabe, Joana teria orgulho da mulher que se
tornou, fora que você é tão parecida com ela, me emociono quando olho pra
você. — Posso ver as lágrimas nos olhos dele.
Caminho até ele e o pegando de surpresa pego em sua mão.
— Antônio, eu sei que começamos de uma forma errada, e sei que essa
relação de pai e filha ainda pode demorar acontecer, mas eu quero te
agradecer por... por mostrar que eu não estou totalmente sozinha no mundo
como eu achei que estava, que não havia mais nenhum parente vivo.
— Eu queria ter sido presente na sua vida, ter te dado a vida de princesa
que merece e ter vivido feliz ao lado da Joana, talvez se eu estivesse lá... se
eu... — ele começa a chorar e eu, sem saber o que fazer, o puxo para um
abraço.
Não digo nada, só deixo ele chorar, encosto a minha cabeça no peito dele,
os braços dele me apertam mais em seu braços e a sensação que um dia eu
senti nos braços da minha mãe me veio nesse exato momento, e por alguns
segundos, me permiti sorrir um pouco nos braços do meu pai.
CAPÍTULO 17

Olho com atenção as fotos da campanha do lançamento do novo perfume e


sinceramente estão divinas, a Evelyn está perfeita em cada uma delas. Nem
preciso dizer que foi um custo para ela aceitar fazer as fotos, entretanto valeu
muito a pena.
— Essas fotos estão incríveis — murmura Mandy olhando para as copias.
— Eu também achei, a Evelyn já viu?
— Não, acho que somos as primeiras a ver de antemão, precisamos
comemorar isso.
— Bom e também comemorar que estamos bem adiantadas no trabalho,
essa última semana será para relaxar e dar os acabamentos finais. — Somos
interrompidas com batidas na porta e logo Massimo entra acompanhado de
Lutero.
— Receberam as fotos? — indaga Lutero.
— Sim, eu amei todas, fica difícil saber qual delas vai ser a estampa da
campanha. — O vestido prateado longo que a Evelyn está usando realçou
demais o brilho próprio dela, a maquiagem destacando a cor de seus olhos,
ela realmente está belíssima.
— Acho que deixar a Evelyn escolher me parece justo — murmura
Massimo.
— Ah, eu havia esquecido, receberam o convite? — olho confusa para
Lutero.
— Convite? Que convite?
— Antônio quer dar uma pequena festa na lancha dele, provavelmente
deve ser para comemorar algum investimento novo.
— Eu não me recordo de receber um, entretanto eu não vou — comento.
— E por que não? Vai ser legal, podemos levar a Evelyn, ela vai adorar,
seria uma forma de agradecer pela campanha. — Olho para Massimo que
parece pensativo.
— Não vejo mal nisso, e pelo que soube é uma festa pequena, não haverá
muita gente — comenta Massimo olhando para mim. — Mas se não quiser,
nós não vamos.
— Quero exibir meu noivo nessa festa que espero de coração que o tirano
do chefe dele dê uma folga pra ele hoje. — Massimo semicerra o olhar para
Mandy.
— Você dá muita sorte de ser uma pessoa querida, Mandy. — Ela sorri
para ele.
— Então, temos que ir pra casa, nos arrumar, afinal é hoje à noite.
— Eu vou pegar minha bolsa, te encontro em casa, Lutero, porque não vai
pessoalmente comunicar isso a Evelyn, ela vai ficar feliz? — O sorriso bobo
deixa evidente a felicidade dele.
— E vou mesmo.
Quando todos saem da sala, olho para Massimo e pergunto:
— Está tudo bem? — ele me olha confuso.
— Está, por que não estaria?
— Hoje cedo eu te vi indo para o antigo quarto da Amy, aconteceu algo?
— o olhar triste que ele me lança, com lágrimas contidas, me faz constatar
uma coisa. — É hoje? — ele não diz nada.
— Quatro anos, e eu ainda nunca pude entender como aquele acidente
aconteceu. — Levo minhas mãos até seu rosto.
— Estava chovendo muito naquela noite pelo que soube, infelizmente
fatalidades podem ocorrer.
— Eu nunca aceitei essa versão por saber o tipo de pessoa que era ela, a
perícia disse que ela estava em alta velocidade em uma pista de 80km em
dias chuvosos, por que ela estaria dirigindo tão rápido?
— Espera, isso você nunca me contou, isso foi constatado?
— Sim, ele deduziram pelo grau da batida e a distância que ela foi
arremessada.
— Massimo, eu sei que dói, porém acho que o melhor a se fazer é aceitar
que foi uma fatalidade e que infelizmente ela se foi. — Por mais que eu diga
isso, na minha cabeça me vem uma dúvida.
Por que dirigir assim tão desesperado, sendo que eu já ouvi dizer que ela
era extremamente cautelosa na pista? Porém, guardo isso para mim.

LUTERO AMBROSINE

Quando a porta do apartamento é aberta vou correndo em direção a


cozinha, e lá estava ela, de costas, e como se ela sentisse a minha presença,
Evelyn se vira, o sorriso que ela abre, porra! Como é lindo, e sempre parece a
primeira vez que eu vejo.
— Ei, senhor Ambrosine. — Como já pedi um milhão de vezes para ela me
chamar pelo nome.
— Evelyn, é Lutero.
— Desculpe, Lutero. — Ela sorri sem graça e vejo as suas bochechas
rosarem.
— Eu tenho uma coisa importante pra te contar, na verdade duas. — Pego
na mão dela e caminho até o balcão, puxo uma cadeira para me sentar e uma
para ela.
— O que houve?
— As fotos saíram. — Pego o envelope que está em minhas mãos e
entrego. — E vai ser você que vai decidir a melhor e dizer qual vai ser a
estampa da campanha. — Ela arregala os olhos.
— Lutero... eu... eu
— Eu sei, é algo que deve ser decido hoje.
— Mas não acha melhor a Maria Clara ou a Mandy decidir?
— A ideia foi delas, pois ambas acharam todas lindas. — Evelyn abre o
envelope e olho as fotos, fico surpreso quando vejo lágrimas nos olhos dela.
— Evelyn, o que houve? Não gostou?
— Não é isso, é que eu nunca em toda minha vida imaginei que me veria
assim, tão bonita, sendo modelo de uma marca tão importante. — Ela leva as
mãos até o rosto e seca algumas lágrimas. — Olhe pra mim? Sou um pouco
acima do peso, pobre e filha de jardineiro e de uma faxineira, onde eu
poderia imaginar algo assim?
Levo minhas mãos até seu rosto e acaricio, a textura da pele dela, a
maciez, a eletricidade que transmite são incríveis.
— Você é muito linda, a mais bela das mulheres que já tive o prazer de pôr
meus olhos, e você merece cada coisa boa nesse mundo. — A vejo engolir
seco. — E se eu puder proporcionar todas, eu vou.
— Por que você é tão bom comigo?
— Evelyn... eu sinceramente não sei te explicar porque nunca senti algo
assim parecido por alguém, mas parece que te fazer sorrir se tornou algo
primordial na minha vida, acha isso ruim?
— Sou muito inferior.
— Nunca mais repita isso, somos iguais, sim, eu tive um pouco de sorte na
vida, entretanto isso não me faz melhor que você ou que ninguém, pra te
confessar, no início foi difícil, acho que se não fosse o sobrenome da minha
família, eu teria passado por muitas coisas como a Maria Clara, afinal, somos
negros e podemos ter o poder que for, mas sempre haverá pessoas que nos
verá com outros olhos.
— Ainda bem que aquela família foi embora do condomínio. — Ela pega
nas minhas mãos. — Obrigada.
— Vai me agradecer se for minha acompanhante na festa do Antônio
Hoffman essa noite na lancha dele. — Ela arregala os olhos.
— O que?!.... eu... não... quer dizer.
— Dizer não está fora de cogitação, pois é uma forma de comemorarmos
seu triunfo na campanha, e todos vão.
— Mas e Penelope? Eu tenho que cuidar dela até o Massimo achar uma
babá e tenho coisas pra...
— Isso são detalhes, essa casa é cheia de empregados que podem ficar uma
noite com a Penelope, e já te falei que um não está fora de cogitação.
— Mas não tenho o que vestir.
— Um detalhe que já vai ser resolvido se vier comigo. — O brilho no
olhar dela, respiração, a maciez do seu toque nas minhas mãos, por que tudo
que ela faz me fascina?
— Acho que nunca conheci um homem como você.
— Que bom, assim me torno único. — Ela ri. — Confia em mim?
— Sim, confio. — Me levanto e ainda segurando suas mãos eu
simplesmente caminho para fora da cozinha junto com ela.
Quem diria que eu, Lutero Ambrosine, estaria tão maricas e tudo por causa
de um sorriso que eu vi pela primeira vez.

MARIA CLARA CAMPOS.


Sinto a mão de Massimo apertar a minha quando entramos na lancha que
sinceramente parece um navio de tão grande que era. A decoração estava
maravilhosa, e realmente parecia algo mais íntimo, havia poucas pessoas, e
logo vemos Antônio.
— Eu estou nervosa — murmura Evelyn.
— Você está linda.
— Acho que perdi a conta de quantas vezes te ouvir dizer isso. — O
sorriso que ele lança para ela é cativante.
— Porque é a mais pura verdade, para ser sincero acho que somos os caras
mais sortudos essa noite, estamos com raridades.
— Eu estou imensamente feliz de ver vocês. — Ele olha para mim. —
Maria Clara, não faz ideia da alegria que é te ter aqui, filha.
— Bom, viemos e sinceramente não sabemos para que de fato é essa festa.
— Eu achei que se eu contasse, não viriam. — O olhar que Antônio lança
para Massimo é estranho. — Eu fundei uma instituição de caridade e hoje é
uma festa mais intima com os doares.
— Nossa, isso é muito lindo, por que achou que não viriamos? — indaga
Mandy?
— Porque o nome a instituição leva o nome da Amy, e como hoje
completa quatro anos que ela se foi, achei que seria uma ótima homenagem,
por isso fiz algo pequeno. — Ele leva a mão até o braço do Massimo. — E eu
queria que você fosse presidente dessa instituição.
Todos olham apreensivos para o Massimo, sinto meus olhos marejarem
porque por mais que ele não tenha nos contado, essa foi uma homenagem
linda e sei o quão balançado o Massimo acordou hoje.
— Antônio. — A voz dele está embargada. — A Amy teve sorte de ter tido
um pai tão incrível como você. — As palavras de Massimo o pega de
surpresa. — E sei que a Maria Clara foi sortuda ao descobri que é sua filha.
Fica impossível não se emocionar, todos estavam com lágrimas nos olhos.
— Eu sei que quando ela se foi, foi muito difícil pra você, porque isso
também foi difícil pra mim, mas estamos aqui, juntos, e precisamos continuar
a viver, pois temos alguém importante que ela nos deixou, alguém que
sempre que olharmos vamos lembrar da mulher incrível que foi a minha
filha. — A voz dele falha na última frase. — Desculpa ter me afastado depois
que ela faleceu, não ter te dado o apoio que de fato deveria ter tido, mas
perder uma filha me deu medo que eu precisava para voltar a procurar a
Joana, eu tinha medo de ter perdido outra filha, e acabei descobrindo que
perdi a mulher que eu amava. — Ele engole seco. — E eu não estava lá, para
estar nos últimos momentos e tampouco consolar a minha filha. E eu me
martirizo todos os dias da minha vida por isso.
— Antônio... — eu não consigo falar, estava emocionada demais.
— Vem, vamos te apresentar como o presidente, hoje é o momento de
celebramos e pensar nas boas memórias de todos que se foram. — Ele olha
para mim. — Obrigada por vir, minha filha.
— De nada, pai.
CAPÍTULO 18

Caminho de um lado para outro apreensiva, hoje é a festa de lançamento


e o tema que eu escolhi foi baile de máscaras.
— Senhora Campos, eu vou acabar furando a senhora — murmura a
costureira.
— Me desculpa, é que tudo tem que sair perfeito essa noite, a campanha
que eu fiz foi um sucesso, e eu também cuidei da festa de hoje, quero que
tudo saia perfeito.
— E vai, ouvi dizer que é o evento do ano.
— Maria Clara, o papai... — Penelope para de falar quando entra no
quarto, o olhar azul dela brilha e a pequena abre um imenso sorriso. —
Você parece uma princesa.
Me olho no espelho, e realmente, o vestido tomara que caia dourado
caiu bem, ele é longo, com um decote V grande das costas, todo brilhoso,
e com uma abertura que vai até minha coxa, meu cabelo está solto e com
enfeites florais dourados e brilhosos.
— Obrigada, minha linda, está animada para passar a noite com o seu
avô? — Antônio se prontificou em ficar com ela essa noite.
Depois daquela noite, nos aproximamos mais, e nem preciso dizer que
foi difícil não chorar quando ele anunciou que o Massimo seria o
presidente da instituição, foi comovente demais e todos ali se
emocionaram.
A Amy foi uma boa pessoa, deixou uma enxurrada de alegria quando
surgiu e tristeza quando se foi, e às vezes me pego imaginando se
tivéssemos sido criadas juntas, o que seria de nossas vidas se o Antônio
tivesse convivido com nós duas. Será que ele estaria casado com a minha
mãe? Será que a minha mãe estaria viva?
Entretanto, algo seria inevitável, a morte da Amy.
— Pronto, senhora, meu trabalho está feio — murmura a costureira.
— Obrigada, Hardy, está magnifico.
Sinto um arrepio no corpo e olho na direção da porta, é incrível a
capacidade que esse homem consegue de me causar arrepios em somente
estar no mesmo ambiente.
— Papai, a Maria Clara está linda.
— Sim, está maravilhosa — diz me olhando de cima a baixo. — Filha,
seu avô chegou, está te esperando.
— Eba! Vovô! — Penelope sai gritando de alegria do quarto.
— Eu também vou indo, com licença.
— Não acha que está exagerado? — comento olhando para o espelho.
— Acho que terei que adquiri uma arma. — Ele para atrás de mim.
— Por que?
— Você é uma mulher linda demais, o que terei de engolir de ciúmes
hoje, acho que infarto. — Caio na gargalhada. — Fora esse decote grande
nas costas, dá pra ver demais. — Sinto sua mão entrar em contato com a
pele exposta das minhas costas.
— É o modelo do vestido.
— Eu estou ansioso pra tirar ele do seu corpo ou rasgar ele. — Engulo
seco quando ele desce sua mão sensualmente pelas minhas costas e para
na minha bunda. — Está sem sutiã, sem calcinha... — ele pragueja. —
Isso é pra me provocar?
— Não sei, é? — Massimo aproxima seu corpo do meu e sinto o pau
dele duro roçar nas minhas costas, ele abaixo seu rosto e beija meu
pescoço, suas mãos começam a passear pelo meu corpo.
— Se eu não fosse o anfitrião, eu ia te comer muito nesse momento em
todas as posições possíveis.
Sinto minhas pernas ficarem moles e agradeço por ele estar me
segurando.
— Senhor D´Vacchiano, como você tem uma boca tão suja. — Ele sorri.
— Essa boca está sedenta por sua boceta nela! — olha, eu sinceramente
estou virando uma safada porque eu realmente quero que ele faça isso.
Me viro para ele e jogo meus braços em volta do seu pescoço.
— Quanto mais cedo chegarmos, mais cedo voltamos e te deixo rasgar
meu vestido. — O sorriso malicioso dele, ele se inclina e beija meus lábios
devagar, pedindo passagem com a língua. Sua mão vai até a pele exposta
das minhas costas e aperta.
— Vamos descer, acho que se eu ficar mais alguns segundos somente
com você, sozinho, não vai ter festa hoje.
— As máscaras estão no carro?
— Sim, e tem uma coisa que quero te dar. — Ele coloca a mão no bolso
e puxa uma caixa de veludo azul.
— Massimo...
— Feliz aniversário! — olho em extrema surpresa para ele.
— Como...
— Sempre investigo a vida das pessoas que vem trabalhar comigo. —
Balanço a cabeça descrente.
Abro a caixa e arregalo meus olhos.
— Massimo... — É um colar de diamantes envolto na prata e um par de
brincos pequeno.
— Acho que não existe pedra no mundo que mostre o quão valiosa você
é pra mim, e quero que use isso essa noite. — Fico ponta dos pés e beijo
seus lábios.
— Obrigada, meu amor.
— Eu te amo. — Essas palavras, como é incrível ouvi-las.
— Eu também te amo.

Eu simplesmente estou encantada com tudo, a decoração está parecendo


saída daqueles livros de romance que tanto leio, as cores branco, prata e
dourado reinam, os lustres gigantescos de cristais, o piso de porcelanato, o
salão de festas do condomínio foi uma opção magnifica.
Depois de enfrentar um monte de paparazzi com enxurradas de flashes e
perguntas em cima de Massimo e eu, estamos aqui. Olho brevemente para
o homem que está do meu lado, com o smoking escuro e uma máscara
também escura.
Ele vai ter que me comer usando essa mascara.
— Isso está simplesmente incrível — diz Evelyn.
— Você não viu nada, isso tudo graças a Mandy e Maria Clara —
comenta Lutero.
— Está tudo muito bonito mesmo — complementa Barney.
— Massimo, o que acha que irmos com a Evelyn fazer o discurso? —
vejo a mesma arregalar os olhos.
— O que?! Eu vou...
— Não se preocupe, é que como você é a modelo, é necessário ir
conosco, olha. — Lutero aponta para uma imagem enorme dela bem perto
da entrada.
— Oh meu Deus! É muito... grande!
— Senhor Ambrosine, senhor D´Vacchiano, estão aguardando — a
assessora de impressa diz.
— Vão lá, quando começar vamos até vocês — murmuro.
Massimo me dá um breve beijo nos lábios e sorri.
— Volto logo.
— Olha, nunca imaginei que veria o Massimo assim — diz Barney.
— Nem eu, me deixa feliz, ele mudou bastante, e isso tudo graças a
você. — Abro um sorriso.
— Eu preciso contar uma coisa, estava esperando ele se afastar para
contar — murmuro.
— O que houve? — Faço sinal para eles irem comigo para um lugar
mais distante da festa.
— O que aconteceu? — continuo quieta e caminhando, até chegar no
jardim do condomínio onde há poucas pessoas.
— Eu comecei a investigar o acidente da Amy. — Ambos arregalam os
olhos e se entreolham.
— Como assim? Por que?
— Olha, quando o Massimo me contou de fato o que houve naquela
noite e o que a perícia disse sobre o acidente, eu fiquei com isso na
cabeça, como uma pessoa tão cautelosa iria estar a uma velocidade tão alta
em uma pista de 80km à noite e chovendo?
— Massimo tinha contratado o investigador pra saber o que tinha
acontecido, mas nunca conseguiu — murmura Barney.
— Sim, e eu resolvi ver um por conta própria, na verdade o Antônio me
recomendou, ele disse que foi ele que encontrou, então ele parecia ser um
bom investigador e eu estava certa.
— Descobriu algo? — solto uma respiração pesada.
— A Amy naquela noite havia se encontrado com uma pessoa. —
Ambos arregalam os olhos.
— O que?! Mas com quem?
— Antes da Amy conhecer o Massimo, ela teve um caso com Adam
Taylor, ela era amante dele. — O olhar de espanto deles, o choque, foi a
mesma coisa que me ocorreu.
— Maria Clara... isso... — Mandy não consegue dizer nada.
— Pelo que eu entendi, ela terminou o relacionamento com ele pra ficar
com o Massimo, mas ela estava com o Adam Taylor aquela noite e ele
usou todo o poder dele pra esconder isso, por isso o Massimo nunca soube
o que houve, o investigador que ele tinha contratado foi subornado.
— Mas isso é muito importante, o Massimo não sabe disso?
— Eu não quero contar agora, ainda falta descobrir o que ela fazia com
ele aquela noite, mas eu tenho deduções. Acho que ela estava fugindo
dele, por isso estava dirigindo em alta velocidade, entretanto não quero
que o Massimo saiba disso sem eu ter certeza de tudo, fora que eu soube
hoje que o Adam Taylor saiu sob fiança.
— Mas isso é um absurdo, aquele homem tentou abusar de você! Tem
provas, testemunhas!
— Eu sei, mas tudo foi capitado no ato em que a confusão começou
entre Massimo e ele, não foi filmado o que ele fez, foi minha palavra
contra a dele, eu nem quero imaginar os absurdos que a defesa dele usou
pra ele sair sob fiança. — Quando eu soube disso, senti uma vontade
grande de vomitar.
— Isso é uma merda! — murmura Barney.
— Massimo também não sabe disso, mas eu quero primeiro juntar
provas contra esse homem, porque ele pode ter feito algo a Amy, e se foi
mesmo, Adam Taylor tem que pagar.
— Não acha que o Massimo iria ajudar melhor? Ele também tem poder.
— Mas ele é impulsivo demais, se ele souber sobre isso vai ir atrás do
Adam Taylor e fazer algo contra ele, ai quem vai pra cadeia é o Massimo!
— Bom, nisso devo concordar.
— Isso é louco demais, Antônio sabe?
— Não, ele só me indicou o investigador, mas não contei o motivo, com
certeza vai querer saber, mas também não quero que ele saiba, acredito
que tentaria fazer algo também, afinal a Amy é filha dele.
— Ai estão vocês. — Massimo se aproxima.
— Amor! — Me inclino para beijar ele.
— Viemos tomar um ar, já vai dar o discurso? — pergunto.
— Sim, por isso estava procurando vocês, vai começar em vinte
minutos.
— Vamos indo na frente — diz Barney puxando Mandy para saírem
dali.
— E então, vai me contar o que de fato estavam falando? — olho
surpresa para ele.
— Como assim?
— Maria Clara, você é péssima em esconder coisas, você faz a mesma
coisa quando está nervosa ou com medo de algo. — Paro de mexer meus
dedos.
Argh! Ele percebeu!
— Não é nada demais, só estávamos falando sobre o casamento deles,
eles querem que sejamos padrinhos deles. — Bom, se eles não tem
padrinhos, agora já tem.
— Me sinto lisonjeado com a escolha, por que não vieram falar
comigo?
— Ah querido, é uma surpresa, eles vieram me contar a novidade, mas
pediram pra não te contar, porém não tem como esconder as coisas de
você. — Esse olhar enigmático que ele dá, fica impossível saber se de fato
ele engoliu algo.
— Sabe que um relacionamento a base dele é a confiança, correto?
— Por que está dizendo isso? — me finjo de desentendida.
— Tudo bem, vou deixar para me contar quando se sentir à vontade,
agora, vamos. — Ele segura em minha mão e caminhamos juntos e em
silêncio até o salão.
Eu não tinha reparado, mas parece que o fato de eu estar do lado dele
chama atenção das pessoas, até porque muitas pessoas sabem como ele
conheceu a esposa faleceu, e Massimo é um dos viúvos cobiçados do país.
Quando chegando na pista de dança, ele me puxa para bem próximo do
seu corpo, jogo meus braços em volta do seu pescoço e suas mãos vão
para a minha cintura, e começamos a dançar com a música lenta que
tocava.
— Se tivessem me contato há alguns meses sobre o que está havendo
nesse momento, eu diria que a pessoa era maluca.
— Acho que eu também, minha vida deu um giro enorme, porém algo
bom tinha que vir disso. — O sorriso desse homem, como eu sou
apaixonada nele.
— Obrigada por me tirar da minha escuridão, por me fazer ver que a
vida continua. — Ele leva uma de suas mãos até meu rosto e acaricia. —
Eu te amo muito, Maria Clara, com toda a minha alma e com todo o meu
coração. — E se inclina e beija meus lábios.
— E eu também te amo muito, meu amor.
Encosto minha cabeça em seu peitoral e continuamos a dançar.
Ouvir isso, saber disso só me dá ainda mais coragem para de fato
descobrir o que houve com Amy Hoffman.

CAPÍTULO 19

Um mês depois
— Eu não quero saber como isso aconteceu, só quero que resolvam,
esse homem fechou um contrato e quero que o mesmo seja cumprido! —
desligo o telefone exasperado.
— Sua voz, dá pra ouvir lá de fora — murmura Lutero ao entrar na
minha sala.
— Só odeio incompetência! — tiro meu paletó e coloco em cima do
sofá de canto do meu escritório e começo a tirar a gravata.
— Ultimamente está com mais mau humor que o normal.
— Eu vou fazer uma viagem, tenho que ir até Toronto, já providenciei
o jatinho particular.
— Bom, isso eu sei, mas o que tem demais nisso? É uma viagem de
negócios.
— A Maria Clara disse que não vai.
— Ué, e o que tem isso? Ela agora trabalha aqui, tem os afazerem dela,
não é sua secretária.
— Eu sei... é que ela é tão teimosa! Queria pode passar esses dois dias
com ela, porque parece que desde o lançamento mal temos nos visto.
— Não estavam morando juntos?
— Ela não quer, disse que é cedo, que somos só namorados.
— Massimo, eu te conheço pra saber que não é só isso que está te
deixando de mau humor. — Me jogo na minha cadeira e solto uma respiração
pesada.
Abro a minha gaveta e tiro uma caixa de veludo escuro e dou na mão
dele, quando Lutero abre ele fica surpreso.
— Então você...
— Sim, e essa viagem seria pra isso, mas vou ter que adiar meus
planos, eu tinha tudo planejado.
— Uou! Isso é incrível, então acha que está pronto pra dar esse passo?
— Não me imagino dividindo minha vida com outra mulher que não
seja ela.
— Cara, só faz o pedido, não precisa viajar pra isso!
— Mas, e se ela não aceitar? Quer dizer, ela falou que estava cedo pra
gente ir morar juntos e...
— Para de agir como um surtado só por algo que ela falou, Maria Clara
te ama, então é óbvio que ela vai aceitar se casar com você.
— Eu também tenho que contar isso a Penelope, apesar que acho que
ela vai ficar feliz já que ficou muito empolgada quando contei que eu e Maria
Clara namoramos.
— Fora que Maria Clara era babá dela e morava lá, acho que vai
aceitar tranquilamente.
— Mas tem uma diferença, Maria Clara iria para morar conosco como
minha esposa e não como babá, então acredito que de qualquer forma preciso
conversa com ela.
— Quando vai contar que elas são sobrinha e tia?
— Ainda estou pensando em como contar isso a ela, se ainda é novo
pra mim, imagine pra Penélope. — Somos interrompidos com batidas na
porta.
— Ah, está ocupado? — murmura Maria Clara.
— Pra você, sabe que nunca.
— Essa é a minha deixa para voltar ao trabalho, depois conversamos,
tchau Clarinha. — Ela dá um sorriso simpático para Lutero.
— Veio me dizer que mudou de ideia e vai viajar comigo? — ela
levanta a sobrancelha e sorri.
— Sabe que não, eu vou ficar na sua casa esses dois dias, quero passar
um tempinho com a Penelope, eu prometi a ela em irmos ao parque fazer um
piquenique.
— Olha, eu sinceramente ia ficar feliz se fosse comigo, podemos levar
a Penelope. — Ela caminha até mim, me afasta um pouco para ela se sentar
em meu colo.
— Eu tenho coisas a fazer, agora trabalho na sua empresa, amanhã
tenho reuniões, não é porque sou sua namorada que simplesmente tenho que
largar minhas responsabilidades e viajar.
— Sabe, esse seu ar de empresária é uma delícia. — Ela abre o mais
belo dos sorrisos, levo minha mão até seu rosto e o segurando a puxo para
beijar meus lábios.
— E essa delicia de empresária tem coisas a fazer, só vim aqui pra te
dar um beijo e avisar sobre ficar na sua casa esses dois dias.
— Por mim já estaria morando lá, sabe disso.
— Eu sei, mas um passo de cada vez. — Ela se levanta.
— Eu viajo às duas da tarde.
— Vou te acompanhar até o aeroporto, baby. — Maria Clara lança um
beijo no ar e se retira da sala.
Queria ser uma mosca para ver a cara dela quando chegar na cobertura
e ver o que eu fiz.

MARIA CLARA CAMPOS


Termino de pôr os sanduiches dentro da cesta e a fecho, caminho para
fora da cozinha a procura da Penelope que foi levada pela Evelyn para se
arrumar. Hoje será nosso piquenique e estou precisando para distrair a mente.
Ultimamente tenho andado aflita por não ter descoberto mais nada sobre o
acidente da Amy, o investigador disse que está com dificuldades, o que me
faz constatar que a merda que o Adam Taylor fez com certeza foi grande.
Ficar esse tempo escondendo isso do Massimo está me fazendo ficar
doente, tenho tido muitos enjoos e quase não tenho conseguido me alimentar,
mas eu prometi que só conto quando tiver descoberto tudo.
Quando cheguei aqui, tive uma grande surpresa, Massimo doou as
coisas da Amy, com certeza deve ter sido a tarefa mais difícil para ele. O
quarto agora é o de hospedes. Entretanto as fotos que havia no quarto, ele
guardou e achei justo, ela foi esposa e eu aceito que eles se amaram muito e
que por mais que Massimo me ame, a Amy terá um espaço no coração dele,
afinal, ela deu uma filha a ele.
Caminho em direção as escadas até ouvir o barulho do elevador
exclusivo da cobertura, será que são os seguranças? Quando a porta que há
depois do elevador é aberta eu arregalo meus olhos.
— O que faz aqui?!
— Vim conversa com você.
— Não temos o que falar, como teve acesso ao elevador? Como sabia
os códigos?! — ele caminha para dentro do hall.
— Acho melhor vir comigo, Maria Clara. — Arregalo meus olhos
quando o vejo sacar uma arma e outras duas pessoas aparecem atrás dele,
ambos também armados.
— Vai embora! — ele ri.
— Se não for, eu sei que a Penelope está aqui, eu mando meus homens
pegarem ela e matá-la bem na sua frente. — Entro em pânico.
— Se encostar nela, eu...
— Só faz o que estou mandando, e me acompanha, maldita negra!
Engulo seco, sentindo um medo gigantesco, se a Penelope descer e o
Adam vê-la, pode querer fazer algo, e eu jamais vou me perdoar. Engulo seco
e caminho para perto dele, sem deixar que ele me encoste, caminho para fora
do hall e entro no elevador, acompanhada deles.
— O que quer?! — me assusto quando sinto o impacto de um soco
bem no meu rosto, caio no chão sentindo uma dor horrível e algo escorrer
pela minha testa.
— Quando chegarmos na garagem, entre no carro e cale a maldita
boca, vagabunda!
Começo a chorar, sentindo um medo enorme. Ele vai me matar!

MASSIMO D´VACCHIANO

Olho para a caixa de veludo em minha mão, tomei a decisão de pedir a


mão de Maria Clara assim que eu chegar em casa, a essa hora ela já deve ter
voltado do piquenique com Penelope, não comuniquei a hora que eu
chegaria, pois queria fazer uma surpresa. Quando as portas do elevador ser
abrem e eu caminho em direção a porta do hall de entrada me deparo com
Lutero.
— Lutero.
— Massimo! Graças a Deus. — Ele parece preocupado.
— O que houve? — ele me puxa para dentro da cobertura e logo
somos recebidos por todos, vejo Penelope chorar nos braços de Evelyn, o que
faz meu coração disparar.
— O que está acontecendo?
— É a Maria Clara, ela está desaparecida. — Arregalo meus olhos
diante das palavras de Mandy.
— O que? — minha voz quase não sai.
— Ela veio pela manhã para levar a Penelope ao piquenique, e eu subi
para arrumar a pequena enquanto ela preparava as coisas. Quando desci ela
não estava aqui, a bolsa, carteira, celular, tudo dela estava aqui — explica
Evelyn.
— Os seguranças da cobertura, um deles estava morto no
estacionamento e o outro estava desacordado e amarrado perto do elevador
— complementa Barney.
— As gravações do ocorrido já estão sendo avaliadas pela polícia.
— Como isso é possível?! Onde está minha mulher?!
— Massimo!
— Eu não quero saber o que vai ser feito, mas eu quero que ela seja
encontrada! — sinto as lágrimas brotarem em meu rosto.
— Senhor, me chamo Brand, sou o policial responsável pela
investigação, queria fazer algumas perguntas ao senhor.
Minha cabeça está zunindo, eu simplesmente não sei o que fazer, sinto
vontade de chorar, de pegar uma arma e ir atrás dela.
— Vocês já tem alguma informação? — pergunto com a voz
embargada.
— Temos um suspeito, o senhor Adam Taylor. — Olho surpreso.
— Adam Taylor?! Mas esse homem estava preso, ele tentou abusar
dela!
— Massimo, ele havia sido solto sob fiança, há mais de um mês, já que
não havia provas o suficiente. — Mandy chora. — Me perdoa.
— Te perdoar? Pelo que?
— Eu falei que ela tinha que te contar tudo. — Barney a abraça.
— Me contar? O que?
Entre choros, Mandy começa a narrar as coisas que de tudo eu jamais
poderia imaginar, sinto meu coração doer, minha respiração ficar pesada e
muita raiva.
— Vocês sabiam dessa porra toda?! — grito.
— Nós pedimos pra ela te contar, mas ela queria juntar provas o
suficiente, ela tinha medo de você tentar fazer algo com o Adam! — diz
Barney.
— A minha mulher pode está morta a essa altura do campeonato e
vocês me dizem que sabiam de algo tão grave como isso e simplesmente não
me disseram nada?!
— Era uma decisão dela!
— Um caralho! Vocês dois são dois incompetentes!
— Massimo, chega! — diz Antônio.
— Eu não vou ficar aqui ouvindo isso, ela nos confiou isso e não
poderíamos quebrar a confiança dela! — Barney grita de volta.
— Já chega! Essa não é a hora pra brigas e sim para encontramos a
Maria Clara. Massimo, eu sei que está frustrado, triste, com raiva, mas culpar
pessoas, gritar com elas não vai adiantar — diz a mãe da Mandy.
— Papai! — olho para Penelope que chora. — Cadê a Clarinha? — me
aproximo dela, me sento do seu lado e a puxo para meu colo.
— Não chora, querida, nós vamos achá-la.
Eu vou arrancar a cabeça daquele filho da puta!

MARIA CLARA CAMPOS

Sinto meu corpo doer, eu quase não tenho voz de tanto que já gritei, eu
não sei onde estou, é um cômodo fechado, não sei se é dia ou noite, minhas
pernas estão amarradas, minhas roupas rasgadas e meu corpo doendo,
sangrando, apanhei tanto que acabei desmaiando.
— Ainda não morreu. — Olho para a porta sentindo um ódio enorme.
— Sabe, pra mim foi uma surpresa quando soube que o Antônio é seu pai,
acho que o Massimo tem fascinação por essa família por se envolver com a
irmã da esposa morta. — Ele ri.
— A Amy nunca devia ter se envolvido com você — murmuro entre
lágrimas.
— Ela nunca deveria ter me deixado por aquele infeliz. — Ele parece
lembrar de algo. — Eu ia me divorciar pra ficar com ela, até o dia em que ela
falou que não gostava mais de mim e depois descubro o porquê. — Ele seca
uma lágrima. — Você começou a investigar e descobriu demais, deveria estar
feliz, se eu não tivesse matado ela, você não estaria com o Massimo.
— Você é um doente!
— Pra mim foi uma tortura ver ela todos os dias com aquele filho da
puta, a filha que eles tiveram, era pra ser minha e dela, mas essa desgraçada
me largou.
— Na noite que vocês se viram, ela foi pra pedir você pra deixá-la em
paz, não foi? — questiono com lágrimas nos olhos.
— Sim, na noite que nos vimos, eu implorei pra conversamos, e pedi
para voltarmos, ou fugirmos, ela disse que não me amava mais, que já havia
construído uma família. — Ele respira fundo. — Eu não quis matar ela, mas
ela me forçou, então mandei cortarem o freio do carro dela enquanto ela
conversava comigo. Quando o acidente ocorreu, eu soube que Massimo
mandou investigarem, quase fali para pagar eles, subornar os peritos, para
dizerem que ela estava em alta velocidade. — Ele começa a bater na cabeça.
— Pra uma maldita mulher vir depois de quatro anos mexer onde não devia!
— grita.
— Ela é minha irmã. — Ele cai na gargalhada.
— E assim como sua irmã, você vai morrer, só assim pra eu me livrar
de você, maldita! — Os dois homens que estavam no apartamento aparecem
e vem até mim, eu sinceramente estava sem forças para lutar, eles
desamarram meus pés, um deles me joga nos ombros e começa a caminhar
comigo.
Eu vou morrer, e simplesmente não vou conseguir me defender de tão
fraca que estou.
Ambos caminham comigo para fora da cabana e me colocam dentro de
um carro. Adam senta no banco de trás comigo e os dois homens na frente.
Logo o infeliz amarra minhas mãos.
— Sabe o que vou fazer a você? — o carro dá partida e eu começo a
chorar.
— Adam, por favor, não faz isso. — Ele ri.
— Eu vou te dá um tiro na cabeça, depois desmembrar seu corpo e
queimá-lo até que não reste mais nada dele, assim me livro de provas, igual
fiz com o investigar.
— O que?
— Acha que ele não te deu mais notícias por que? Eu desapareci com
esse filho da puta.
— Você é doente, um dia vão descobri o que fez. — Sinto um arrepio
gélido na espinha quando ele sorri.
— Mas sempre me safo quando quero. — Começo a sentir falta de ar, é
a minha crise de ansiedade, o homem dirigia em alta velocidade em uma
pista a noite, olho para o lado de fora e algo passa pela minha cabeça, algo
que nunca pensei que passaria, mas se for para eu ir, eu vou levá-lo comigo.
Me jogo em cima do motorista o desestabilizando, Adam começa a
gritar para me tirar dali, mas já é tarde, o motorista perde o controle, o carro
gira, gira e gira na pista, meu corpo é jogado de um lado para um o outro,
vejo o corpo de um dos homens sair do carro.
Quando o carro para de capotar, sinto algo molhado na minha testa,
com certeza é sangue, olho para o lado e vejo um ferro atravessado na barriga
do Adam, abro um sorriso de satisfação, entretanto sinto minha consciência
indo embora pouco a pouco, e a última lembrança que tenho é de uma moça
chegando perto da janela do carro, ela me dizia que eu ia viver, ela estica o
braço para mim, o cheiro dela... é rosas do campo.
CAPÍTULO 20

Começo a mexer nos dedos sentindo uma apreensão gigantesca, olho


para os pais da Mandy que tentavam consolá-la junto com o Barney, Lutero
ficou em casa com a Evelyn para ajudá-la com a Penelope, o que
sinceramente agradeci, minha pequena estava abalada demais e trazer ela
para um hospital não ia fazer bem.
Antônio entra na sala e caminha até mim.
— A assessoria está cuidando da enxurrada de repórteres na porta, os
seguranças também e coloquei mais dois aqui na entrada da sala de visitas.
— Ele se senta do meu lado no sofá.
— Por que a Amy escondeu isso de mim? — indago sem olhar para
ele.
— Sinceramente, não sei e acho que nunca vamos saber, porém acho
que foi por medo de te perder, afinal ela foi amante de uma pessoa e largou
ele pra viver uma vida ao seu lado.
— Se ela tivesse me dito...
— Massimo. — Ele me puxa para um abraço e eu começo a chorar.
— Eu não quero perder a Maria Clara.
— Eu também não, tivemos muito pouco tempo e eu acho que
morreria se ela se fosse, acho que... eu não ia suportar perder mais uma
filha.
— Senhores. — Todos olham para a entrada da sala e lá estava o
médico.
— Doutor, como ela está? — a cara que ele está me faz temer o pior.
— Sinceramente, é um milagre que a moça tenha chegado com vida
no hospital, ela parece que foi espancada por horas, há hematomas por todo
o corpo, quebrou uma perna, fraturou a costela e teve que levar pontos de
cortes fundos nas costas e braços. — Ouvir isso é doloroso demais. —
Porém de tudo isso o que me preocupa são duas coisas, a paciente levou
uma forte pancada na cabeça, provavelmente quando o carro capotou, e deu
um inchaço muito ruim na cabeça, ela acabou entrando em coma, temo que
se acordar tenha graves sequelas. — Eu simplesmente não consigo nem
levantar, me falta forças nas pernas.
— Qual a outra coisa, doutor? — questiona Antônio.
— Se ela não acordar logo, o bebê que milagrosamente está
esperando pode morrer. — Olho para o médico surpreso.
— Bebe? Como assim? — o doutor olha para nós em espanto.
— Não sabiam? A paciente está gravida, bem no início da gestação.
— Levo minhas mãos a cabeça e começo a chorar ainda mais.
Gravida? A Maria Clara espera um filho nosso!
— Podemos vê-la?
— Ainda não, acredito que só consigam vê-la amanhã, e só pode ficar
uma pessoa para acompanhar.
Olho para o médico e pergunto:
— O homem que estava no carro chegou aqui no hospital, correto?
— Sim, ele... — não deixo ele terminar de falar, levanto e saio
correndo em direção ao CTI, sem me importar que estão gritando meu
nome. Vejo um policial virado de costas falando com uma enfermeira e
aproveito para entrar correndo dentro do quarto, lá estava aquele pedaço de
merda e a esposa dele junto.
— Massimo! — Ela me olha assustada.
Vou até ele e começo a apertar o pescoço.
— Massimo! Não!
— Filho da puta! Você vai pro inferno! — sinto braços me puxando e
gritos.
Quando conseguem me tira de perto dele, cuspo no Adam.
— Verme sujo, espero que saia em um saco para cadáver desse
quarto! Porque se não sair, eu vou dar a minha vida para foder toda a sua e
te colocar no inferno que é seu lugar! — começo a gritar entre lágrimas.
— Massimo, para com isso! — diz Antônio.
— Eu vou matar ele, o mundo precisa que a existência dele vá para o
inferno!
— Se encostar no meu marido, eu acabo com você! — ameaço
avançar em cima dela, mas Mandy entra na frente e dá um tapa forte.
— Vagabunda racista! Você merece ir para o mesmo lugar que ele! —
grita.
O policial pega Mandy e puxa ela para fora do quarto. Outros
policiais chegam e me puxam para fora do quarto. Me encosto na parede e
começo a chorar e gritar, sentindo todo o peso do mundo em cima de mim,
toda a dor, toda raiva.
O que eu fiz para merecer isso? O que eu fiz?! Por favor, Deus, deixa
ela comigo, por favor!

Uma semana depois


Levo minhas mãos até seu rosto e acaricio, deixo as lágrimas caírem
por meu rosto que provavelmente está bem abatido, não durmo direito há
uma semana, também devo ter perdido peso. Todos os dias que entro dentro
desse quarto ela está na mesma posição, com aparelhos ligados a ela dando
a oportunidade de ainda respirar.
— Oi, meu amor. Estou aqui novamente, fui em casa ver como estava
a Penelope e tomar um banho, acho que você ia se assustar se me visse
agora. — Dou um sorriso fraco. — Hoje recebi a notícia que o Adam não
resistiu aos ferimentos e faleceu pela manhã, e para mim foi uma notícia
boa que recebi, espero que ele sofra no inferno! A esposa dele veio falar
comigo, e me surpreendeu quando veio se desculpar, pediu perdão em nome
do marido e falou que iria embora do país com o filho, pra recomeçar uma
vida nova. Eu particularmente não me importo, com tanto que ela fique
longe de nós. — Tiro a máscara do meu rosto e me inclino para beijar os
lábios dela. — Os médicos disseram que o bebê está bem, mas que você
precisa acordar, assim nosso filho vai poder viver. — Sinto novamente as
lágrimas. — Por favor, Maria Clara, não me deixa, eu preciso tanto de você,
quero viver o resto a minha vida ao seu lado, quero me casar com você, mas
preciso que você acorde, que você abra esses belos olhos cor de mel e sorria
pra mim.
— Massimo. — Olho para trás e Antônio se aproxima, vestido
exatamente com luvas, roupão azul, máscara e touca.
— Ela... não reage — murmuro com a voz embargada.
— Não faz ideia do quanto me dói vê-la assim, é como reviver tudo
novamente, só que dessa vez minha filha está com meu neto em seu ventre e
se ela não resistir, eu perco meu neto. — Ele respira fundo.
— Os médicos não deram nenhum prognostico diferente do que
sempre dizem?
— Não, só o mesmo, que o inchaço que tinha já não há mais, que se
ela acordar pode haver alguma sequela que não sabemos e que se ela
demorar muito para despertar o bebê vai acabar falecendo. — A voz dele
está embargada. — A Mandy quer vê-la, vamos ir comer algo.
— Eu estou sem fome.
— Olha, eu sei que dói, que é difícil, mas adoecer não vai ajudar, e eu
não vim só vê-la, vim também exigir que você coma algo.
— Antônio...
— Vamos. — Me dou por vencido, olho para Maria Clara e pego uma
de suas mãos e levo até meus lábios para beijar, mas me assusto quando
sinto ela mexer os dedos.
— Deus! Você viu isso?!
— Eu vou chamar o médico. — Antônio sai correndo do quarto.
— Maria Clara, amor. — A vejo começar a abrir os olhos bem
devagar. Sinto que meu coração vai sair pela boca de tão forte que ele bate,
quando seus olhos fixam nos meus.
— Ma... Ma... — a voz dela está baixa.
— Não fale, poupe forças. — Ela levanta sua mão e leva até meu
rosto, fecho meus olhos sentindo o toque suave de sua pele na minha,
absorvendo essa sensação que senti tanta falta. — Eu senti tanto sua falta,
tive tanto medo de te perder, você e a nosso filho. — Ela olha confusa para
mim. — Oh, acho que você não sabia, mas nos exames que foram feitos em
você quando chegou no hospital, foi constatado que você está grávida de
poucas semanas. — Ela arregala os olhos.
— Gr... Grávida?! — mesmo saindo baixo, é nítida a surpresa em sua
voz.
— Sim, era primordial que acordasse logo para que o bebê pudesse se
salvar. — Me inclino para beijar seus lábios, ela abre o belo sorriso que amo
tanto.
— Eu te amo — ela fala em português.
— Eu também te amo, meu amor — respondo do mesmo jeito.

MARIA CLARA CAMPOS

Passo a mão pela minha barriga ainda não acreditando, eu estou


grávida! Agora entendo os enjoos, isso é loucura demais, quer dizer,
Massimo e eu ainda somos namorados e eu já estou grávida, entretanto
quando ele me falou sobre, parecia feliz com isso, o que é bom, talvez no
fundo, no momento que ele me falou sobre, tive medo dele falar que não
queria essa criança.
Depois de alguns dias internada, finalmente vou ter alta, claro que
tenho que ter repouso absoluto e nem preciso dizer o quão cuidadoso e
exagerado Massimo está sendo, nem comer sozinha ele me deixa, diz que
pode ter muito esforço.
— Oi, querida. — Saio dos meus devaneios com a chegada do
Antônio.
— Oi.
— Como está, minha filha? — ele se inclina e beija minha testa.
— Ainda com um pouco de dor, mas feliz por sair do hospital, já
estava agoniada de ficar aqui.
— Como foi com o delegado? — depois que acordei, prestei
depoimento à polícia sobre tudo que ocorreu e o que eu descobri, falei sobre
a morte do investigador que havia descoberto tudo, e também detalhei sobre
o que Adam Taylor falou sobre a morte da Amy, nem preciso dizer que para
o Massimo foi duro demais ouvir tudo aquilo, mas de alguma forma ele
parecia aliviado. Acho que ele sempre soube que algo não estava certo com
aquele acidente e queria ter essa certeza, entretanto, deve ter doido muito
saber que de fato o acidente não foi um acidente.
— Foi difícil ter que contar detalhes, mas teve algo que não relatei.
— O que?
— Quando o carro capotou, estava presa dentro dele, eu olhei para a
janela e vi uma moça, ela esticou o braço pra mim e dizia que eu não ia
morrer, eu senti o toque dela e o cheiro que ela tinha era marcante, de rosas
do campo. — Vejo Antônio arregalar os olhos. — Mas o que era mais
estranho é que eu tenho a sensação de já tê-la visto em algum lugar. — Os
olhos dele começam a encher de lágrimas. — Pai, o que houve?
— Nada, é só que... o cheiro que você falou era o perfume da Amy, eu
lembro que esse perfume o Massimo mandou fazer exclusivamente pra ela.
— Olho surpresa para ele.
— O que?! Mas... como isso é possível? — puxo na memória as fotos
que eu já tinha visto da Amy, e realmente, aquela mulher que eu vi era ela,
me lembrou bastante a Penelope.
— Acho que foi alguma coisa que a fez idealizar a Amy naquele
momento.
— Mas eu senti ela me puxar do carro, eu senti o toque, eu ouvi a voz
dela. — Antônio seca as lágrimas.
— Acho que de alguma forma, sua irmã estava olhando por você,
afinal, você correu atrás em descobrir o que de fato aconteceu com ela
naquela noite e você conseguiu, dizem que quando a almas atormentadas
são devido a coisas que não foram resolvidas, a minha mãe me dizia
bastante isso, talvez ela nesse momento possa estar finalmente em paz.
Contou isso ao Massimo?
— Eu esqueci de falar, mas acho melhor guardar isso. — Ele balança
a cabeça confirmando.
Amy, você me salvou, obrigada, irmã.
EPILOGO

Sinto a boca de Massimo chupar cada parte da minha boceta, ele


lambe, chupa, mordisca com vontade. Gemo mais alto ainda quando ele
enfia sua língua em mim e depois volta a chupar meu clitóris e enfia dois
dedos dentro de mim fazendo movimentos lentos de acordo com a sua
língua.
Esse homem, puta que pariu!
— Porra! Eu ficaria horas te chupando — murmura e volta com seus
movimentos.
— Ma... ma... amor.... — quase não consigo formular uma palavra.
— Sim baby, goze na minha boca. — Sem conseguir me segurar
mais, sem conseguir me aguentar, eu gozo com tanta vontade, que sinto
minhas pernas tremerem e uma falta de ar grande de tamanha que foi a
minha liberação.
Isso que é gozada!
Ele levanta do meio das minhas pernas com um belo sorriso no rosto
e deita do meu lado.
— Eu... eu ainda acho injusto — comento.
— Injusto?
— Sim, você me fazer gozar e eu não poder te fazer o mesmo. — Ele
vira seu corpo para mim e olha em meus olhos.
— Sabe que meu prazer é te ver gritando, pedindo para te fazer gozar
mais.
— Amor... é sério, queria estar melhor para poder te dar um bom
sexo.
— Só faz uma semana que saiu do hospital, ainda precisa de repouso,
não era nem pra fazer isso, mas vendo sua boceta ali tão amostra pra mim e
a sua cara de safada, eu não resisti. — Solto uma respiração pesada. — Eu
sei que deve estar sendo frustrante, mas pensa no bebê, o médico disse que
é primordial o repouso, em especial por causa dele. — Levo minhas mãos a
barriga.
— Às vezes eu não acredito que eu esteja grávida, quer dizer... eu e
você vamos ter um filho.
— Isso pegou a todos nós de surpresa, mas já amo esse bebê como
amo Penelope.
— Ela tá animada com o irmão novo, disse que quer que seja uma
menina. — Massimo ri.
— Oh não! É muita mulher bonita pra administrar, vão me dá
trabalho demais! — rio de suas palavras.
— A mídia vai cair em cima quando isso for revelado, ainda mais
com a descoberta de Antônio Hoffman tem uma outra filha e que essa filha
é a nova namorada do seu ex-genro. — Ele franze o cenho.
— Isso é deveras estranho. — E sorri.
— Sabe me dizer o que houve com a Evelyn e o Lutero? Ontem ela
veio aqui me ajudar com algumas coisas e quando perguntei dele, Evelyn
parecia triste e desconversava.
— Não, na verdade Lutero viajou a negócios, ele é um tipo de
homem que sabe esconder bem as coisas por trás de um sorriso, mas de fato
ele não me falou nada.
— Eles pareciam tão bem, formam um belo casal — murmuro.
— Às vezes há coisas que não são pra acontecer, Lutero é um homem
bom, mas um puto de mão cheia, esse homem já se meteu em cada coisa.
Evelyn parece ser inocente demais, as vezes ele pode ter visto isso, ou sei
lá.
— Depois converso com ela com mais calma, saber o que houve, ou
tentar descobrir, não gosto de vê-la assim.
Somos interrompidos com batidas na porta.
Com a ajuda de Massimo abaixo a camisola que usava e me enfio
embaixo das cobertas, ele se levanta e vai até o banheiro, provavelmente se
limpar, afinal, receber alguém com o rosto gozado não é algo agradável.
— Pode entrar. — Penelope entra no quarto carregando um buque
enorme de rosas vermelhas quase tampando a menina, a nova babá dela a
ajuda caminhar até a minha cama.
— Oh, mas que coisa mais linda — murmuro.
— Pra você, Clarinha, um pedido especial do papai! — não consigo
esconder o sorriso bobo em meus lábios.
— Qualquer coisa pode me chamar, senhora Campos. — Logo a babá
se retira do quarto.
— Por que seu pai pediu pra você me dar as flores?
— Porque ele disse que você ia ficar mais derretida e aceitar com
mais facilidade o pedido. — Olho confusa para ela, e quando a porta do
banheiro é aberta, olho para Massimo.
— Que coisa feia usar sua filha, mas do que ela está falando? Que
pedido?
Massimo se aproxima de Penelope e sussurra algo em seu ouvido que
a faz ri, ele tira algo do bolso e estende a ela, a menina junto com ele se
ajoelha perto da cama e quando estende a caixa de veludo vermelho com
um anel dourado e prateado dentro dele, fico em estado de choque.
— Clarinha, casa com o papai, por favor! — sinto meus olhos
marejarem com esse pedido.
— Oh Deus! Massimo, você é terrível! — ele ri.
— O que foi? Aqui você casa com um e leva uma pessoa de brinde,
nada mais justo que pedir os dois. — Penelope cai na gargalhada. — Você
nos faria as pessoas mais felizes nesse mundo, aceitando fazer parte por
completo de nossas vidas, e agora com mais um membro a caminho. Maria
Clara Campos, me deixe cuidar, proteger e amá-la com toda a minha alma e
meu coração, seja minha? — sinto meus olhos marejarem diante de tudo
isso.
— Fica impossível dizer não a isso tudo. É claro que eu aceito. —
Penelope grita de alegria e Massimo se inclina para beijar meus lábios,
depois pega na minha mão e põe a aliança em meu dedo.

Dois meses depois


— Cacete Clara, pare de chorar, vai borrar a maquiagem — murmura
Evelyn.
— São os hormônios, não me culpe! — murmuro entre lágrimas.
— Pare de chorar, senão vão me fazer chorar também — diz Mandy.
— Filha, por favor, a maquiagem de vocês!
— Como estão as... — o pai de Mandy para de falar quando olha para
nós duas. — Ué, o que houve?
— Estão emotivas, é o casamento delas, isso é normal — diz a mãe
de Mandy.
— Vocês duas estão lindas, e seus noivos estão quase subindo aqui
pra buscá-las, já estão vinte minutos atrasadas — comenta Antônio.
— Pai, estou bonita? — Antônio se aproxima de mim e abre um
grande sorriso.
— Sua mãe ai ter muito orgulho de vê-la assim, está belíssima, e
parece muito com ela, vê-la assim me fez imaginar que se eu tivesse me
casado com ela, teria visto minha Joana assim, linda como você. — Ele
seca algumas lágrimas.
— Pai...
— Eu sei, é seu dia, mas é difícil não me emocionar, pensei que não a
veria assim nunca, perdi uma filha, o amor da minha vida, não é algo tão
fácil, mas ter você em minha vida, me dando mais um bem precioso que é
um neto, é sem dúvidas reconfortante e feliz, Penelope e esse bebê são
minha vida, assim como você é, e a Amy também. — A emoção é geral, é
impossível não chorar.
— Eu te amo, pai. — E pela primeira vez digo essas palavras, o
abraço que ele me dá é forte e apertado.
— Eu também te amo, minha filha.
— Gente, eu sei que está algo lindo de se ver, mas um dos seguranças
veio aqui e disse que Barney e Massimo estão a ponto de subir aqui —
murmura Evelyn.
Me afasto do meu pai que me dá um beijo na testa e sorri, fico do
lado da Mandy, seguro em sua mão e digo:
— Isso parece coisas de livro de romance clichê. — Ela ri.
— Tem suas reviravoltas, seus dramas, mas sempre acaba com um
final feliz.
— Você é minha irmã, e eu te amo. — Mandy sorri.
— Eu também te amo, Clara, e obrigada por trazer alegria na vida do
Massimo novamente, ele merece toda a felicidade do mundo. — Seguro
novamente para não chorar.
— Em breve podemos ter outro casamento — murmuro no ouvido
dela e olho para Evelyn
— Será? Um outro clichê? Vai ser interessante.
— Quem sabe, afinal, todos merecem um final feliz.

FIM... ou só o começo de mais uma história?


Gabriela
de Oliveira Lins é uma carioca que mora em Magé. Nascida no dia
13/04/1998 em Belford Roxo, é a irmã mais velha de oito irmãos. Se
autodenomina uma leitora compulsiva, do tipo que não consegue ficar um
dia sequer sem ler. A leitura se tornou uma paixão para ela assim como a
escrita. Quando tinha dezesseis anos, depois de ler incríveis histórias no
aplicativo Wattpad, decidiu escrever seu primeiro livro, intitulado Doce
Proposta, e depois do sucesso online com mais de 600 mil leituras, Gabriela
resolveu se jogar de cabeça nesse mundo maravilhoso da escrita e acabou se
encantando.
Atualmente tem mais de 14 livros escritos, disponíveis na Amazon,
Wattpad e também físicos.

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