O Viúvo Italiano - Nodrm
O Viúvo Italiano - Nodrm
O Viúvo Italiano - Nodrm
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
PRÓLOGO
MASSIMO D´VACCHIANO
Depois de dar banho nela, desci com ela para a sala de jantar e a deixei
lá com a companhia de uma das funcionárias enquanto subia para tomar
um banho, estava de calcinha e sutiã de renda vermelhos. Pego a roupa na
cômoda, um short jeans e uma blusa regata branca, coloco em cima da
cama, vou até uma caixa de som que havia em cima da mesa de cabeceira
me ponho um dos funks cariocas, coloco em um volume não muito alto,
caminho para frente do espelho enorme do closet e começo a modelar
meus cachos enquanto me remexo ao ritmo da música.
Às vezes sinto falta do Brasil, da comida. Depois que me mudei pra cá,
constatei que os brasileiros são bem simpáticos e receptivos, fora que eu
sempre achei que a violência e o racismo fosse maior lá. Ledo engano,
aqui tem lugares que se eu pôr os pés posso ser duramente discriminada,
ou até mesmo sofrer algum tipo de violência.
— Interrompo algo? — me assusto com uma voz grossa e alta, e com o
susto, acabo me virando com rapidez e tropeçando nos meus pés.
Nossa Maria, que desastre você é.
— Droga, você está bem? — Massimo se aproxima, se abaixa para me
ajudar a me levantar.
— Você me assustou, por que não bateu na porta?
— Eu bati, chamei, mas pela música, você acabou não ouvindo. — Ele
tenta me ajudar a me levantar, mas sinto uma dor no tornozelo. Seu olhar
dirigido a mim é de preocupação.
— Deixa, eu me levanto.
— Você machucou o tornozelo. Como conseguiu fazer isso tropeçando
nos próprios pés? Você é um desastre em pessoa. — Semicerro os olhos.
— Dá licença. — Antes que eu tente me levantar novamente, ele me
tira do chão e me coloca em seus braços.
Com cuidado, ele me coloca sentada em cima da cama.
— Não precisava me carregar — murmuro.
— Não precisava ser tão desastrada, sabe que não ia conseguir levantar.
— Massimo coloca meu tornozelo em seu colo com cuidado e olha. —
Não acho que quebrou, mas ele inchou, vou chamar um médico para dar
uma olhada ou te levo ao hospital.
— Senhor, não precisa disso, se foi só um inchaço, não precisa...
— Por que é tão teimosa? De alguma forma, foi minha culpa você
se machucar. — O olhar dele, por mais que tente, vai para meu corpo, e
só agora lembro que estou de roupas intimas perto dele.
— Puta que... eu tenho que me vestir. — Tento me levantar, mas a
fisgada no meu tornozelo não deixa.
— Vou pedir para alguém trazer seu jantar aqui, não pode andar
desse jeito, vou pegar algo confortável para vestir. — Ele se levanta e
vai até o closet, depois volta e me olha confuso. — Mas cadê...
— Na cômoda, eu não tenho muita coisa, esse closet é grande
demais, e a cômoda deu e sobrou para as minhas roupas. — Abro um
sorriso sem graça.
Ele parece pensar, vai até onde a caixa de som toca e desliga, logo
depois caminha até a cômoda e pega uma camisola minha e me
entrega.
— Obrigada. — Sob seu olhar azul, me visto como posso. — Eu
sinto muito, meu primeiro dia com a menina, eu já me machucar,
como ela está?
— Esperando descermos, mas vou avisá-la que não vai poder.
— Ela é uma criança maravilhosa, passou o dia me mostrando o
apartamento, e depois ficou aqui comigo, me ajudando com as
coisas, Penelope estava querendo ir muito tomar sorvete com o
senhor amanhã e...
— Tenho muito trabalho, não posso. — Ele é seco em suas palavras.
— Mas pode ser durante o almoço, ela estava...
— Já disse que não posso. — A frieza, a forma que fala me deixa
irritada.
— Sua filha sente sua falta, não pode tirar uma hora pra ela?
— Quem pensa que é pra dizer o que é melhor para a minha filha?
— Uma pessoa que sabe o que é a ausência do pai, e depois perder a
única família que resta e acabar sozinha. — Ele abre um pequeno
sorriso.
— Só não te demito agora por causa do tornozelo, mas se continuar
assim, não vou hesitar. — Olho abismada para ele.
— Agora entendi o porquê ninguém fica nessa casa, não gosta de
ouvir verdades e acaba se desfazendo das pessoas porque não quer
ser contrariado.
— Acho melhor calar a boca.
— Senhor, me desculpe em insistir, mas ela é uma menina tão doce,
estava ansiosa para sairmos.
— Bom, agora que está com o pé ruim não vai poder sair nem tão
cedo com ela.
— Sim, mas o senhor poderia...
— Não te pago ou te contratei para opinar sobre minha vida,
tampouco me dizer o que tenho que fazer com a minha filha, então só
cale a maldita boca e esqueça!
Mas que grande filho da puta!
— Papai. — Olhamos ao mesmo tempo para a porta e lá estava ela,
nos olhando.
— Penelope, o que faz aqui? Mandei ficar lá embaixo.
— Vocês estão demorando muito.
— Maria Clara não pode descer, machucou o tornozelo. — A
menina olha para mim assustada e logo corre até mim.
— Você tá com dor? Papai, chama o médico — murmura
preocupada.
— Ei querida, fique calma, só estou com o tornozelo inchado,
preciso ficar de repouso e logo vou está bem para a gente sair. — O
sorriso dela me contagia.
— Papai, quando ela melhorar, a gente pode sair? — ele olha para
mim e depois voltar a olhar para ela.
— Vamos ver até lá, tudo bem, querida? — ela balança a cabeça em
afirmação.
— Papai, posso comer com a Clara aqui?
— Penelope, ela está...
— Não tem problema, bom que ela me faz companhia, não é,
princesa?
— Sim! — a animação dela me deixa feliz.
— Vou pedir para trazerem a comida de vocês, hoje foi um dia
estressante demais, amanhã mando o médico vir. Boa noite. — Como
um foguete ele sai do quarto.
— Papai está bravo?
— Não, ele só está cansado.
Tem muita coisa de errado nessa casa, e no final, a mais afetada é
apenas uma criança.
CAPÍTULO 02
Depois de deixar Penelope aos cuidados de Evelyn, corri para meu quarto.
Sinto minhas mãos tremulas, meu peito doer e um pouco de falta de ar.
Crise de ansiedade!
Tento me controlar contando de trás pra frente, me sento na cama, sinto
meu rosto molhar em lágrimas, e sem conseguir me segurar, começo a gritar.
Por que existe pessoas tão ruins nesse mundo? Por que desde que vim
morar nessa porra de país sofro mais racismo que no Brasil? Por que a
polícia, nas primeiras semanas que vim morar aqui, queria me prender
dizendo que estava querendo roubar por estar em um bairro nobre? E se não
fosse Mandy na hora eu poderia ser presa somente por andar.
Mamãe, eu preciso tanto da senhora! Por que me deixou sozinha nesse
mundo? A senhora me ensinou a ver o lado bom de tudo, a sorri em meio a
tantas dificuldades, mas cada dia está mais difícil.
A falta de ar parece maior, minha garganta parece que está se fechando,
meu peito dói ainda mais, e começo a gritar ainda mais.
— Clara! — olho para a porta e vejo Barney acompanhado de Evelyn,
Penelope e Massimo.
Levo minhas mãos a cabeça e choro ainda mais.
— Levem Penelope daqui.
— Papai, isso é culpa da Sra. Taylor, ela falou coisas horríveis para a
Clarinha, papai.
— Querida, vai com eles.
— Papai...
— Vai! — sem questionar, Barney pega Penelope no colo e sai do quarto
junto com Evelyn fechando a porta, nos deixando sozinhos.
— Me... me... deixa...
— Ei, calma, não vou a lugar nenhum. — Ele se abaixa ficando entre
minhas pernas e eleva suas mãos aos meu rosto. — Toma remédios? —
balanço a cabeça em negação.
Coloco minha mão no pescoço e começo a me apertar deixando marcas,
ele pega em minhas mãos me segurando.
— Eu quero morrer. — Minha voz quase não sai, ele segura minhas mãos
com uma de suas mãos e a outra leva a meu rosto.
— Clara, olha nos meus olhos. — Sinto mais falta de ar. — Por favor,
olhe para mim. — Faço o que ele pede. — Eu sei que o que essa mulher
falou doeu muito e eu estou aqui para te ouvir ou somente ficar do seu lado.
— Eu me sinto tão sozinha, eu não tenho família. — Choro ainda mais. —
Está difícil ver o lado bom em tudo, sorri sempre — confesso.
— E não tem problema não ver, não tem problema chorar, tampouco
gritar, mas desejar morrer, por causa de uma vagabunda qualquer, não é a
solução. — Balanço a cabeça em afirmação. — Minha filha precisa de você.
— Suas palavras me pegam de surpresa. — Eu estava em casa quando vi
você subir as escadas correndo, Barney me contou tudo. Eu sinto muito pelo
que passou e acredito que já deva ter passado isso mais vezes.
— Uma vez, teve um cara que terminou o relacionamento comigo porque
eu não quis mudar meu penteado, disse que destacava ainda mais minhas
origens — murmuro sentindo a dor, a falta de ar diminuir.
Massimo leva a sua outra mão ao meu cabelo e acaricia.
— Acho seu cabelo lindo, em especial com ele solto, fica mais bonito
ainda. — Ele me pega completamente de surpresa com essas palavras.
Não digo nada, ainda estou digerindo o que ele acabou de falar.
— Se sente melhor?
— Sim, obrigada senhor D´Vacchiano. — Fico completamente
hipnotizada na imensidão azul de seus olhos, o toque da palma da sua mão
em contato com a pele do meu rosto sensível me faz ficar arrepiada e
estranhamente a atmosfera de antes muda.
— Hoje à noite é a festa de lançamento de um dos meus perfumes, e
geralmente sempre quem vai comigo é a Mandy. — Ele engole seco antes de
continuar a fala. — Ela disse que teria um compromisso e que não poderia ir,
e disse que você poderia ir no lugar dela. — Arregalo meus olhos.
— Senhor D´Vacchiano, sinceramente me sinto lisonjeada com o convite e
pela lembrança de Mandy, mas eu... quer dizer... não me encaixo nesse
meio... nem tenho...
— Isso já foi providenciado, e iria te comunicar isso quando chegasse do
piquenique com Penelope. — Seu olhar está suavizado, coisa que é difícil de
se ver, ainda mais porque Massimo parece que sempre está de mau humor ou
com raiva de algo ou de alguém.
— Ainda acho que não é uma boa ideia. — Ele leva sua mão até seu bolso
e puxa seu celular. — O que está fazendo?
— Mandy disse que se você recusasse, era pra ligar pra ela. — Puxo o
celular da mão dele.
— Está louco?! Ela é capaz de aparecer aqui e me arrumar a força. — E
isso poderia atrapalhar o encontro dela na folga do Barney hoje à noite, sim
ela havia comentado que os dois tem se visto e saído às vezes, mas hoje seria
bem especial, porém Massimo não sabe disso e não vai ser eu a estragar isso.
— Tem uma estilista lá embaixo te esperando, ela trouxe modelos de
vestidos, e caso precise de ajustes, ela vai fazer, também tem um cabeleireiro
e maquiador.
Ele se levanta, e antes de sair do meu quarto diz:
— O cabelereiro é especialista em cachos, Mandy escolheu um a dedo, ele
é brasileiro e tem filiais aqui em Nova York.
Quando ele fecha a porta, pisco meus olhos várias vezes tentando
assimilar o que acabou de acontecer.
MASSIMO D´VACCHIANO
Olho no meu relógio prateado de pulso e vejo que já passou das oito da
noite e nada de Maria Clara, eles começaram no início da tarde, como ainda
essa mulher não está pronta?
Há um mês, quando comentei com Mandy o que aconteceu entre Maria
Clara e eu, escutei aquela mulher falar pelos cotovelos, e sim, ela tinha um
compromisso que não sei o que é, mas sinto que a ideia da amiga ir no lugar
dela é uma forma de fazermos as pazes, já que nós dois não estávamos nos
falando e mal se vendo.
Sinceramente, isso para mim é irrelevante, mas depois do que vi mais
cedo, nunca imaginei que Maria Clara, uma mulher que parece ser feliz o
tempo todo, tendo uma crise de ansiedade, embora o motivo foi terrível, já
exigi que expulsassem a velha da senhora Taylor do condomínio, isso é uma
das coisas que não tolero perto de mim, pessoas assim me dão nojo, e o pior,
fez isso na frente da minha filha.
Foi difícil de Penelope dormir, ela ficou perguntando por Maria Clara o
tempo todo, espero que isso não traumatize minha filha, se não faço a vida
da família Taylor um inferno!
— Senhor D´Vacchiano. — Olho para o alto da escada e por alguns
segundos senti meu ar sumir.
Maria Clara?!
Ela desce devagar as escadas e eu simplesmente não consigo tirar meus
olhos dela, o sorriso que ela abre ao chegar mais perto me faz ficar
hipnotizado. O cabelo cacheado está mais cacheado e todo jogado para trás
expondo todo seu colo, o vestido vermelho longo é colado ao seu corpo
expondo ainda mais as belas curvas que essa mulher tem, em especial o
quadril grande e cintura fina, o belo decote na frente dá para ver levemente o
quão redondo são seus seios.
Puta que pariu!
Quando ela chega perto, vejo que a maquiagem destacou ainda mais seus
olhos claros, e o sorriso, porra, o sorriso dessa mulher.
— Senhor D´Vacchiano, desculpa pela demora. — Ignorando ela, pego
sua mão e a giro devagar, reprimo um xingamento quando vejo que o vestido
tem um decote V enorme que termina bem em cima da sua bunda. —
Senhor... está tudo bem? Gostou?
Se gostei? Maria Clara está gostosa demais com essa roupa, porra!
Olhando de perto, vejo que ela usa um colar e brincos prateados que
sinceramente combinou perfeitamente com ela.
— Você está linda, valeu a pena a espera. — Ela sorri timidamente.
— Esse colar e brincos eram da minha mãe, são os únicos que tenho, acho
que combinou — murmura timidamente.
— Vamos? — ignoro sua fala hipnotizado por tudo isso, dou meu braço
para ela entrelaçar no meu e o e sinto choque quando ela toca na minha mão,
o cheiro dessa mulher, é de morango.
Não é possível que seja falta de sexo, transei mais que um prostituto, não
é possível que a sensação esteja ainda maior, caralho!
CAPÍTULO 04
MASSIMO D´VACCHIANO
Depois dos acontecimentos da noite passada, nem preciso dizer como tem
repercutido em todos os sites de fofocas e jornais o que aquele homem
tentou fazer, porém Massimo tomou a frente de tudo e o agradeço muito por
isso.
Hoje estou no apartamento de Mandy junto com Penelope e Barney, que
como desculpa para ver a amada nos trouxe, já o patrão se enfiou em mais
trabalho, mesmo sendo domingo.
— Sabe que uma hora o patrão vai ter que saber de vocês — murmuro e
Barney sorri.
— Não estou a fim de ficar sem emprego agora, com tudo que houve, ele
parece que está com mais raiva que o normal — murmura ele.
— Vamos esperar o melhor momento para contar — completa Mandy.
— Clarinha, liga pro papai, vamos ir ao parque. — Abro um sorriso
concordando, porém já sabendo a resposta de sempre.
— Sim, querida. — Acaricio sua cabeleira loira.
— Ei traidora, não vamos ter um dia de filmes das princesas da Disney?
— brinca Mandy.
— Chama o papai pra vim ue. — Ambos se entreolhamos.
— Eu vou liga pra ele. — Pego o celular e começo a discar.
— Barney, temos que comprar mais algumas coisas, Penelope, vamos
conosco? — a menina pula do sofá com alegria.
— Vamos, Clarinha. — Pega na minha mão.
— Eu vou ficar, para ajeitar tudo e ligar pro seu pai, querida, tá bom?
— Eba, vamos tem que trazer tudo pra fica bonito pra quando o papai
chegar. — A empolgação dela, só de pensar que o Massimo poderia abrir
exceções.
Maldito CEO.
Quando ambos saem, começo a ligar, o que me surpreende é ele atender
no primeiro toque.
— Maria Clara.
— Senhor D´Vacchiano, eu sei que deve estar ocupado, mas...
— Pode abrir a porta? — fico alguns minutos tentando assimilar.
— O que?
— Abrir a porta do apartamento. — Olho na direção da porta, e quando
ele diz meu nome é que saio do lugar e vou até a porta e abro.
Lá estava ele, com o celular na mão, vestido de forma habitual, sem terno
e gravata, blusa social escura com os três botões abertos, calça social, cabelo
levemente bagunçado e aquela maldita imensidão azul que evito o máximo
possível olhar.
— Senhor...
— Eu vi Barney, Mandy e Penélope sair, onde foram?
— Ah... é que vamos fazer um dia de filmes com a Penélope, estava
ligando justamente para o senhor porque ela queria muito que estivesse
aqui. — Abro espaço para ele entrar.
— Eu sai de uma reunião de urgência agora, e como havia dito que viria
pra cá hoje, passei para saber como estava. — Ele ignora a minha fala.
— Eu estou melhor, mas ficaria melhor ainda se ficasse por sua filha. —
O olhar que ele lança é enigmático.
— Sabe que isso é golpe baixo, dado o que aconteceu ontem.
— Bom, aproveite que está aqui e eu imagino que não tenha mais nada
pra fazer, ou estou errada?
— Não, não está.
— Então, junte o útil ao agradável, até o Barney vai ficar pra fazer a
alegria dela. — Ele tenta esconder, mas vejo a sombra de um sorriso ali.
— Okay, eu fico, só preciso fazer uma ligação. — Balança a cabeça em
concordância.
Enquanto ele está no telefone, caminho em direção onde fica o meu
quarto, havia deixado algumas coisas aqui quando viesse para não ficar
trazendo e levando coisas sempre, embora eu não tenha muitas.
Tiro uma roupa mais confortável, shortinho, blusa regata branca e
chinelos, do guarda-roupa e ponho.
Ao voltar para sala, o vejo sentado no sofá me aguardando, e sim, ele me
olhou de cima a baixo, mesmo que tenha tentado disfarçar, o que infla meu
ego, já que Massimo é um puta partidão e cobiçado por muitas mulheres,
sentir o olhar dele em cima de mim é como ter ganhado um prêmio.
— Iria ficar vestida assim, com o Barney aqui? — questiona.
— Qual o problema?
— Esse short, tenho certeza que se abaixar um pouco, deve dá pra ver
bastante coisa. — Rio de suas palavras.
— Fique tranquilo, tenho ciência disso, agora o senhor pode parar de
avaliar minhas vestimentas e me ajudar a ajeitar a sala? A pipoca já está
pronta, mas quero deixar a sala confortável.
Ele não diz nada, me ajuda a puxar o sofá enorme que vira uma cama,
coloco algumas almofadas aqui.
— Na minha casa tem uma sala especifica pra cinema — comenta.
— Mas nada melhor do que o tradicional, vai me dizer que nunca fez
isso?
— Fazia muito com a Amy, na verdade todo domingo, era uma tradição,
Penélope não lembra porque era pequena demais, víamos filmes de terror,
ela era fascinada, em especial os baseados em fatos reais. — Vê-lo falar pela
primeira vez da mulher, de forma espontânea, me deixa contente, porém
guardo para mim mesma e continuo.
— Deveria manter com Penélope essa tradição, garanto que a menina vai
amar, ainda mais sabendo que é algo que a mãe amava. — Ele não diz nada.
— Me ajuda com as pipocas — murmuro mudando de assunto.
Caminho até a cozinha e ele me acompanha.
— Pega as vasilhas ai em cima, por favor. — Enquanto ele faz isso, me
estico para pegar os copos que estão no armário de cima, fico praticamente
na ponta dos pés. — Merda! — murmuro.
Sinto meu corpo ficar rígido, e um arrepio o percorre quando o braço de
Massimo passa por cima da minha cabeça e pega um dos copos, seu corpo
está bem próximo ao meu, e ao me virar dou de cara com o peitoral dele.
— Eu posso pegar os copos, Maria. — Engulo seco, porque a voz dele
saiu tão rouca e gostosa.
— Claro. — Quando penso em sair dali, ele bloqueia a minha passagem
colocando a mão na bancada, levanto meu rosto para olhá-lo, e puta que
pariu.
— Você sente a mesma coisa que eu sinto? — a pergunta dele me pega
de surpresa. — Já tem semanas que venho tendo sensações estranhas desde
que a vi pela primeira vez, porém eu não sei dizer exatamente o que são
elas. — Massimo leva uma de suas mãos até meu rosto, e aquela sensação,
como se meu corpo tivesse levado o choque, vem, ele com certeza percebeu.
— Sim, você sente algo parecido.
— E o que sente? — me arrisco em questionar.
— Sinceramente? Achava que era desejo, você é uma bela mulher,
inteligente, sorridente, porém quando a vi ontem a única certeza que eu
tinha era que não era só tesão. — A confissão dele me deixa completamente
sem reação.
Ele se sente atraído por mim? Puta que pariu.
— Massimo... eu... — me calo quando ele se aproxima mais, meu corpo
colando com o dele, a mão dele descendo pela minha cintura, e a outra firme
no meu rosto, sua boca se aproxima da minha.
— Por que você é a única mulher que me deixa completamente
desconsertado? Isso é confuso demais, tento não pensar, mas é impossível.
— Em um ato impensado, levo minhas mãos até seu rosto, o pegando de
surpresa.
— Sei que eu vou me arrepender disso ou você me demitir depois disso,
mas está difícil.
— O que... — logo meus lábios estão nos dele, e Massimo nem mesmo
protestou, pelo contrário, sinto ele me puxar do chão e logo estava em seu
colo, nosso beijo se intensificou. Como pode um homem desses me querer
como ele disse que queria?
Que beijo gostoso da porra! A pegada dele, o toque, tudo junto me deixou
úmida no meio das pernas, sedenta por mais de seu toque, e isso pode ser
errado, mas é tão bom.
— Isso é tão... porra, Clara, por que tinha que ser tão gostosa?! — ele
pragueja caminhando rapidamente comigo indo em direção ao corredor que
dá nos quartos.
— Primeira porta a direita — digo com a minha boca colada na dele.
Sem cerimônia ele caminha até lá, abre a porta e a fecha com força. Logo
sinto meu colchão nas minhas costas quando ele me deita nele, sua boca
ávida está em meus lábios enquanto suas mãos hábeis trabalhavam em meu
corpo. Levo minhas mãos até a sua camisa e com sua ajuda começo a abrir
os botões, e quando ele se livra dela, posso sentir a rigidez dos seus
músculos.
Esse homem é uma tentação!
Massimo sobe a minha e, com a minha ajuda, me livro dela voltando a
minha posição, ele fica olhando para mim por alguns segundos, o que me
fez ficar com medo dele não ter gostado do que viu, pois eu já estava sem
sutiã.
Ameaço tampar, e ele segura.
— Não faça isso, eu só fiquei surpreso, admirado, você é linda, Maria
Clara, perfeita. — Devagar ele desce seu rosto, e olhando em meus olhos,
ele primeiro beija um de meus seios que já estavam rígidos e duros, depois
passa a língua no bico fazendo-me estremecer.
Sua boca entra em completo contato com um de meus seios e chupa e
mordisca com vontade, depois de repetir o mesmo com o outro, ele sobe
novamente pairando em cima de mim, acaricia meu rosto e beija meus
lábios novamente e murmura.
— Você é perfeita, tenho que venerar cada parte do seu corpo. — O olhar
de admiração que ele me lança infla meu ego.
Um homem desses falar essas coisas pra mim? É claro que vou me sentir.
Massimo desce novamente com a sua boca, porém devagar, me ajuda a
me livrar do meu short e morde o lábio ao ver que estou usando uma
calcinha de renda vermelha.
— Deus! — pragueja.
Ele se levanta e retira sua calça junto com sapato e cueca, deixando seu
pau saltar duro feito pedra.
Oh porra, isso é grande hein.
— Você tinha que ver como me deixou com essa visão dos deuses.
Fica impossível não admirar, esse homem é um deus, ele é lindo demais,
corpo perfeito, o V que faz em seu quadril indo em direção ao seu pau,
gominhos definidos. Agora entendo porque ele é tão cobiçado.
Devagar, ele paira em cima de mim novamente e agora com seu pau
roçando em mim, e porra, eu estou muito excitada.
Sua boca toma a minha novamente, passo minhas mãos nos músculos
rígidos das suas costas, Massimo desce sua boca por meu corpo, cobrindo
cada centímetro de beijos, chupões, mordidas, fica difícil segura os
gemidos. Sua boca volta aos meus seios e agora uma de suas mãos desde até
minha calcinha, e quando ele enfia a mão por dentro dela, ele solta um
gemido baixo.
— Está tão... preciso sentir seu gosto. — Ele desce até minha boceta e
quando iria tirar minha calcinha, ouvimos vozes.
Merda! Eu tinha esquecido.
— Oh porra! Eles chegaram. — Quase jogo Massimo no chão com a
velocidade que me levanto.
— Ei, calma, vamos nos vestir, mas com a situação que me encontro aqui
embaixo, vai ser difícil. — Aponta para seu pau ainda duro.
— Imagine coisas que broxem, porque vamos ter que sair daqui —
murmuro envergonhada colocando minha roupa. — Deus! Eu estava na
cama com meu chefe, sabe como isso é errado? Sou a babá da sua filha!
— Não gostou do que aconteceu ou do que poderia ter acontecido? — a
pergunta dele me deixa mais envergonhada.
— Parece errado admitir que sim, você é...
— Seu chefe, eu sei disso, essas coisas fogem completamente da minha
ética, jamais transar com funcionárias. — Me assusto quando ele me puxa
pela cintura. Juntando nossos corpos novamente. — Mas eu sinceramente
não me arrependo de nada. — O olhar que ele me lança, ouvir essas
palavras, fica difícil não ficar derretida.
— Coloque a roupa, eu vou lá distrair eles, inventar algo. — Sem dizer
mais nada, saio de lá em disparada para a sala.
— Ei, ouvi vozes do seu quarto, tem alguém aí? — questiona Mandy.
— Ah... sim, o Senhor D´Vacchiano. — Ela arregala os olhos.
— O papai veio? — a alegria de Penelope é enorme.
— Sim, eu estava conversando com ele algumas coisas sobre o ocorrido
da noite passada e agora ele está em uma ligação, mas já vai vir. — O olhar
desconfiado da Mandy me fez ficar um pouco envergonhada.
— Acha uma boa ideia eu ficar aqui? Ele ainda...
— Ele já sabe que você ficaria, Barney, não se preocupe, falei que foi a
pedido da Penelope. — Olho para ela e me assusto quando não a vejo, só o
vulto da cabeleira loira indo para o corredor.
Deus! Ele pode estar se vestindo ainda. Empalideço na mesmo hora.
Antes que eu vá até lá, Massimo volta, vestido e com a filha em seus braços,
solto a respiração que nem sabia que estava segurando.
— Massimo, acho que o inferno vai congelar — brinca Mandy. — Você
chegou aqui bem rápido, a empresa fica um pouco distante daqui —
murmura desconfiada.
— Eu estava indo embora quando a Maria Clara me ligou, como eu não
teria mais nada a fazer, resolvi vim, cheguei alguns minutos antes de vocês
— diz na maior naturalidade.
— Papai, vamos ver filmes de princesa, o Barney e a Mandy compraram
doces e refrigerantes — diz empolgada.
— Bom, nem sequer fui perguntado se poderia dar essas coisas a minha
filha. — Ele olha para mim.
Infeliz, estava prestes a me chupar há alguns minutos e agora está falando
assim com o maior cinismo de todos.
— Vamos deixar as broncas para depois, vamos ao que interessa,
princesas — diz Mandy.
— Ebaaaaaa! — a euforia de Penelope está maior e claramente visível
que é por causa do pai.
Observo ele a colocar em cima do sofá cama e conversar com a pequena,
aquilo enche meu coração de alegria, porém me faz questionar diversas
coisas. Massimo é meu chefe e eu sou a babá da filha dele, e há alguns
minutos estávamos prestes a transar. Acho que no final a chegada do pessoal
foi um sinal de que aquilo era um erro.
Mas por mais que eu tente por isso na minha cabeça, algo dentro de mim
diz o contrário e isso me assusta.
Ah Massimo D´Vacchiano, o que está fazendo comigo?!
CAPÍTULO 06
Nunca tinha entrado aqui, e agora entendo porque a Mandy se veste tão
elegante se arruma à beça. A porta gigantesca de vidro, quando ela se abriu,
senti o quão intimidante esse lugar é, em especial as pessoas que transitam,
caminho até a recepção, a moça loira de com olhos escuros me olha com
desdém.
— Megan, pode deixar, ela está comigo, e é a babá da filha do chefe. —
Barney falou e na mesma hora ela liberou nossa entrada, ele tomou a frente
e foi em direção a um elevador oposto dos outros. — Esse que vai para a
vice e a presidência.
— Sempre gostando de ficar superior aos outros — murmuro ao entrar no
elevador chique que tinha partes de vidro que dava para ver o alto de
Manhattan distante.
— Sabe que é uma péssima ideia, ele pode...
— Eu sei, mas isso que disse é demais, Penelope merece comemorar um
aniversário do pai junto dele, isso é doloroso pra ele, mas essa menina sofre.
— Ele é nosso chefe, não nos metemos nisso.
— Então, pode ir e deixar que eu faça isso sozinha. — Quando a porta do
elevador abre no vigésimo quinto andar, eu vou na frente deixando Barney
para trás, logo vejo Mandy levantar e nos olhar confusa.
— Maria Clara, Barney? O que...
— Massimo está ocupado? — a corto.
— Não, mas... — saio andando na frente e sem deixar que ninguém me
segure, abro a porta, o mesmo estava concentrado no computador e logo
parou e me olhou surpreso.
— Clara?! O que faz aqui?
— Senhor D´Vacchiano, precisamos conversar sobre seu aniversário. —
Ele automaticamente olha para trás de mim.
— Vocês contaram a ela do meu aniversário?! — a voz dele soou
ameaçadora.
— Mandy não tem nada a ver com isso, eu comentei porque a Penelope
disse que...
— Está demitido! — todos arregalamos os olhos na mesma hora.
— O que? Eu não podia saber?
— Porque ia se achar em algum direito de tentar fazer algo bom, mas eu
não quero que faça nada. — Caminho até ele.
— Eu só vim aqui para te dizer que a Penelope está animada com o seu
aniversário, fez um presente muito lindo, e achei que falar isso longe dela
ia...
— Por que infernos você se mete em tudo?!
— Eu soube que no último aniversário deixou sua filha na porta do quarto
dormindo, te esperando, sem ter piedade dela!
— E?
— A menina sente sua falta, falta da mãe, e uma data boa para...
— Para quem? Pra mim? Eu odeio meu aniversário, e sinceramente não
importo com quem se importa com essa merda dessa data, porque a única
pessoa que algum dia fazia essa data ser especial não está mais do meu lado,
então vai embora se não demito você também.
— Se demitir o Barney, eu também me demito! — sinto meus olhos
marejados. — Ele não sabia que não podia me contar, nem eu sabia disso,
eu só quero tentar ajudá-lo a salvar você e uma menina que é inocente nessa
história toda!
— E por que se acha no direito de querer nos salvar?! Nunca pedi a sua
maldita ajuda!
— Porque gosto de você! E amo a sua filha como se fosse minha filha.
— Ela não é a porra da sua filha! A única mãe que ela teve e sempre foi,
foi minha esposa, a Amy, você é somente uma maldita funcionária que eu
dei corda demais, não deveria ter te beijado, tampouco te tocado! — ele
grita e vejo a raiva em seu rosto.
Sinto meus olhos marejados, olho para trás e ambos estão me olhando
surpresos.
— Massimo. — Minha voz sai como súplica e embargada.
Ele se levanta e vem até mim.
— Te evitei desde ontem porque vi o erro que cometi, confundindo meus
sentimentos, e hoje percebi que o que tinha era só desejo acumulado, tesão,
ainda bem que não foi consumado. — Ouvir essas palavras foi como levar
uma facada bem no peito. — A única mulher que vai ter meus sentimentos
mais puros vai ser a Amy, a minha esposa e mãe da minha filha, e nenhuma
outra terá essa oportunidade. — Engulo seco sentindo uma humilhação sem
igual.
— Você... você disse que não era... você falou que não se arrependeu...
você...
— Meu pau falou mais alto quando me beijou. — Sinto meu rosto ficar
vermelho diante de tanta vergonha e humilhação.
— Eu fui ingênua demais — murmuro para mim mesma.
— Teve que acontecer o que aconteceu, para ter certeza de que era só
tesão e falta de sexo. — Sem conseguir me segurar, minha mão vai de
encontro com o rosto dele, o que o pegou de surpresa.
— Eu tenho pena da Penelope, por ter um pai que nunca se importou com
a dor dela e que nunca vai fazer isso. Nunca mais quero olhar, te ver ou
ouvir sua voz, eu me demito e te odeio.
Saio de lá sem olhar para trás, ouvindo Barney e Mandy me chamarem, e
simplesmente a única coisa que quero é fugir dali.
Quando a porta do elevador se abre, Lutero aparece.
— Ei, o que houve? — tento enxugar as lágrimas.
— Eu preciso ir embora.
— Clara!
— Barney, Mandy, eu levo ela, não se preocupe. — Eu não falei nada, só
queria ir embora.
Quando as portas do elevador estavam prestes a se fechar, vejo Massimo
de longe, ele estava na porta do escritório e o olhar que ele lançou parecia
ser triste, talvez de pena ou arrependimento.
Rio dos meus próprios pensamentos. Não veja coisa onde não tem, agora
mais que nunca precisa fica longe dele, para tirá-lo do seu coração.
CAPÍTULO 07
Ao chegarmos onde fica o escritório dele, ele fecha a porta com rapidez e,
me surpreendendo, me pega no coloco e me coloca sentada em cima da
mesa, fazendo meu vestido subir mais do que já tinha subido. Massimo se
afasta e começa a desabotoar os botões da sua camisa, ficando com o belo
peitoral definido amostra, aquela visão, porra! Como ansiei em ver
novamente.
— Mulher, o que você faz comigo? Que feitiço é esse?! — sussurra
quando entra no meio das minhas pernas, leva uma mão a minha cintura e a
outra a minha nuca me puxando para um beijo. A língua dele brinca com a
minha, ficando mais intenso, mais quente, e eu, bom... minha calcinha já foi
pro cacete há muito tempo de enxarcada.
Massimo joga as coisas da mesa no chão e com cuidado me deita ali. Sem
cerimônia, ele me puxa mais para a beirada e abre minhas pernas, sem que
eu esperasse, ele dá um rasgo na minha calcinha e antes que eu fale algo, a
boca dele entra em contato com a minha boceta, e sentir isso foi uma das
melhores sensações do mundo.
Porra!
Sinto ele abrir os lábios da minha boceta e a língua dele fazer
movimentos circulares por toda ela, logo, ele começa a lamber com vontade
meu clitóris, aquilo me faz tremer, não economizo nos gritos e gemidos.
— Ma... oh... — o nome dele, mal dá para falar, somente gemer.
— Isso, baby, goze na minha boca. — Arfo e me surpreendo quando sinto
dois dedos dentro da minha vagina enquanto ele volta a não só lamber, mas
alternar entre isso e chupar meu clitóris como se fosse um aperitivo
precioso.
Jesus, Maria, José! Esse sim, comeu não só Danone sem colher, mas tudo
que podia comer sem as mãos ele fez, porque não é possível um oral em
pouco tempo fazer isso comigo.
— Ahhh, cacete! — e assim sinto meu orgasmo vir com vontade, e pela
primeira vez gozo tanto que posso sentir espirrar e depois escorrer para as
minhas nádegas.
Massimo, ao se levantar do meio das minhas pernas, me proporciona uma
das cenas mais sensuais que já vi, ele limpa a boca com o dedão e depois
chupa ele sem desviar o olhar do meu.
Por que ele tinha que ser tão delicioso?!
Sem falar nada, ele desabotoa o botão da sua calça e a arranca com cueca
e tudo, puxa os sapatos e meias, ficando agora completamente nu.
Me tremo quando ele me pega de cima da mesa e a sua pele entra em
contato com a minha. Massimo caminha comigo em seu colo, até um sofá
grande de couro escuro que havia ali, me deita e logo paira em cima de
mim. Seu quadril se encaixa no meio das minhas pernas e posso sentir seu
pau roçar na entrada da minha boceta.
Com um braço ele apoia para nivelar o peso, e o outro ele leva a mão ao
meu rosto e acaricia, depois abaixa até meu ouvido e sussurra com a voz
rouca e arrepiante:
— Seja minha, só minha? — sem deixar que eu responda, sinto ele entrar,
posso sentir seu pau entrar pouco a pouco dentro de mim, arfo e coloco
minhas mãos em suas costas.
Oh, ele é grande, deliciosamente grande!
— Estou te machucando?
— Continue. — Ele sorri e, logo quando estava todo dentro de mim,
começa a se movimentar sem sair todo de dentro, fica impossível não gemer
alto, sinceramente eu estou pouco me fodendo se estão ouvindo ou não.
— Massimo... — gemo, ele urra feito um leão, em especial quando
contraio deixando ainda mais apertada, aquilo foi um incentivo para ele ir
mais rápido.
— Porra! — ele geme, praticamente finco minhas unhas nas costas dele
quando ele vai ainda mais rápido a ponto de ouvir o atrito das nossas
virilhas, sinto as bolas dele bater na entrada da minha boceta.
A sensação é como se ele fosse me rasgar ao meio, como se a qualquer
momento eu fosse liberar algo que me destruiria por completo, é gostoso
demais.
Esse homem, esse homem vai ser minha ruína!
CAPÍTULO 08
Massimo
Me perdoe por sair assim sem falar nada, é que de manhã bem cedo
recebi uma ligação do Brasil, dizendo que queriam me conhecer
pessoalmente e que estavam tão interessados em me contratar que
pagariam minha passagem para hoje mesmo estar lá.
Eu sinto muito, mas eu preciso ir embora, eu sei que estava sendo
infantil, ir embora sem me despedir ou dizer mais nada, porém você não
me deixaria ir.
A noite que tivemos foi a melhor da minha vida, jamais vou esquecer
cada toque, beijos, olhares, foi intenso e maravilhoso, mas ainda assim, eu
não sou a Amy, nunca vou chegar aos pés porque nunca vou ter o
Massimo por completo, nunca vou poder te ter completamente pra mim,
nunca vamos poder ter um relacionamento de verdade e isso me machuca
demais, em pensar que talvez o que tivemos foi só um momento de
fraqueza seu, porém, quero me agarrar a possibilidade de você ter feito
por sentir algo por mim, mas não o suficiente para ser algo a mais, eu não
quero ser só mais uma, eu mereço mais.
Não sabe como me dói escrever cada palavras, pensar que não vou te
ver mais, que não vou ver Penelope, eu a amo de verdade, espero que
vocês fiquem bem.
Me perdoe por estragar seu aniversário.
Maria Clara Campos.
Bato com força na porta e, quando Mandy abre, entro sem cerimônia e me
surpreendo quando vejo Barney ali, somente de cueca, ele se assusta e
arregala os olhos.
— Massimo! — grita Mandy.
— Senhor... eu... eu..
— Olha, estou surpreso, mas estou pouco me fodendo para isso no
momento, eu quero saber onde está Maria Clara. — Olho para Mandy.
— Ela foi para o Brasil, já deve estar a caminho, no avião. — A
naturalidade que ela diz isso me irrita.
— E você concorda com isso?! — ela ri.
— Massimo, Maria Clara é adulta e foi buscar o melhor para si mesma.
Você simplesmente achou o que? Que depois de ontem ela ia esquecer por
completo a humilhação e as palavras que disse a ela naquele dia?
— Eu me desculpei com ela, pedi o perdão.
— Pra que? Pra fica se agarrando pelos cantos sem dar um norte para ela?
Massimo, minha amiga está apaixonada por você, o que ela sente por você
não é só desejo, é algo mais forte, e Clara merece algo reciproco, não sabe
como foi duro pra mim vê-la chorar dia e noite depois daquele dia, e mesmo
com toda mágoa, perguntou por você e Penelope. — As palavras dela me
atingem em cheio.
Apaixonada? Ela... Droga!
— Não é fácil assim — murmuro.
— Eu sei e ela sabe disso, mas você nem sequer está disposto a tentar, é
isso que a machuca mais e a faz perceber que o que sente não é o suficiente
para tentar. — Ainda assimilando cada palavra que Mandy falou, me jogo
no sofá e começo a pensar.
O que sinto por ela? É algo parecido? É algo forte o suficiente para me
fazer dar uma segunda chance?
Olho para a cama arrumada onde sempre dormia com Amy, observo cada
detalhe do quarto que a mesma decorou com amor e carinho, olho para a
urna onde estava as cinzas dela em cima da mesinha de canto.
— Você foi a melhor esposa que um homem como eu poderia ter tido, me
deu uma linda filha, momentos inesquecíveis que vão ficar em minha
memória e em meu coração. — Sinto meus olhos marejarem. — Mas você
se foi, me deixou aqui, sem rumo, sem vontade de viver. Ver você naquele
asfalto frio, gelada, pálida e coberta de sangue foi a cena mais apavorante da
minha vida, e quando foi constatada a sua morte, meu mundo desabou por
completo, tentei mais de uma vez tirar a minha vida para poder te encontrar
novamente, mas parecia que algo me protegia, como se fosse um aviso de
que ainda não é minha hora de te encontrar. — As lágrimas descem por meu
rosto e eu não impeço. — Eu fui um péssimo pai, negligenciei a sua
ausência que nossa menina sentia e me afundei na minha dor, coloquei na
minha cabeça que minha família seria só eu e Penelope, que não me casaria
de novo. Sua mãe até hoje está naquela clínica, ela tentou ferir pessoas e foi
necessário, depois que você morreu ela surtou e enlouqueceu porque perdeu
sua única filha, e me culpou, mas mesmo depois de tudo, eu a deixo aos
cuidados dos melhores médicos na melhor clínica da Itália, mas uma vez ao
ano vou ver como ela está e ligo toda semana para saber mais dela, porque
sei que sua mãe era muito importante para você.
Fecho os olhos e engulo seco antes de continuar.
— Seu pai está viajando pelo mundo, gastando o que pode, como sempre,
ele liga para saber como está a neta e depois some por meses, manda
presentes para ela, o último foi do Brasil, já deve ter saído de lá, já que faz
mais de dois meses que mandou isso. — Engulo seco novamente. — Eu
conheci uma mulher de lá, ela foi babá da nossa menina, Maria Clara, ela foi
tão incrível com a nossa menina, e eu fui a pior pessoa do mundo com ela,
eu me envolvi e depois a humilhei, e você sabe que não sou esse homem,
mas... Amy, o que sinto por ela é algo forte que achei que só havia sentido
por você e que não sentiria por mais ninguém. — Levo as mãos ao rosto e
seco as lágrimas. — Como isso é possível? Uma mulher tão diferente de
mim, tão oposta a você, me faz ter pensamentos confusos, sentimentos tão
fortes que não sei o que são exatamente. Eu sinceramente não sei o que
fazer, não quero sentir que estou traindo a sua memória, tampouco sei o que
fazer para tentar algo, porque havia prometido a mim mesmo que não teria
outra mulher, e então ela chega e faz um nó terrível na minha cabeça. —
Solto uma respiração pesada. — Você foi tão importante na minha vida, a
mulher que me amou quando achei que estava sozinho depois da perda do
meu pai, me deu uma linda filha, me deu esperança. Foi muito difícil deitar
na nossa cama e constatar que você nunca mais estaria nela, que nunca mais
ia sentir seu toque, seu beijo, seu cheiro. — Fecho os olhos, e sem conseguir
me conter, eu começo a chorar de soluçar, levo as mãos ao meu rosto e me
debulho em lágrimas.
Deus, por que é tão difícil deixá-la ir? Por que é tão difícil dizer adeus?
Me levanto da cama e caminho em direção a grande janela do quarto, a
abro e como o meu apartamento fica no andar mais alto, consigo ter uma
boa visão do pôr do sol de Nova York, uma visão linda. Fecho meus olhos e
sinto o vento gelado bater em meu rosto e rapidamente abro novamente
quando sinto aquele cheiro, rosas do campo, o cheiro da Amy. Olho para
trás e a sensação de estar sendo observado faz meu corpo se arrepiar, essa
sensação, esse cheiro.
Não há dúvidas, isso foi um sinal.
— Eu também amo você, minha flor do campo.
A reunião se arrastou por duas horas, e por todo esse tempo eu sentia o
olhar furioso de Massimo em cima de mim, e por mais que eu não queira
admitir, foi difícil fingir que a presença dele... sentir o olhar dele, o cheiro,
foi sufocante e complicado de fingir que não me atingia.
Quando acabou, eu sai o mais rápido possível e aproveitei que ele ainda
tinha que conhecer os demais funcionários e voltei para o hotel, quando
cheguei no meu quarto, tirei a minha roupa e fui para o banheiro tomar um
banho gelado.
Solto uma respiração pesada.
— O que ele está fazendo aqui? Por que se tornar sócio da empresa em
que eu vou trabalhar? Isso é para me manter perto? Me controlar? Deus!
Esse homem é um poço de ações imprevisíveis — murmuro para mim
mesma.
Ao menos vou poder ver Penelope, Mandy disse que ele a levou para
viajar, então está aqui com ela, o que me faz questionar se Mandy sabia de
algo, acho que não, ela realmente parecia não saber para onde ele e Lutero
iam, tampouco iria esconder algo desse tipo para mim. Massimo deve ter
tido cuidado em planejar isso sem que ela soubesse de fato, assim Mandy
não me contaria nada.
Saio do banho, me seco e me enrolo na toalha, caminho para fora do
banheiro e me assusto com o Massimo sentado na poltrona de canto, perto
da janela.
A visão é bem sexy, ele está com um copo de alguma bebida na mão,
acho que uísque, o sol do meio da tarde iluminando onde ele está. O mesmo
está sem o terno preto de hoje cedo, blusa escura com os três botões abertos,
sem gravata, mangas enroladas até os cotovelos e encostado na poltrona me
encarando.
— Como entrou? — questiono.
— Deveria sempre se certificar de trancar a porta, do mesmo jeito que eu
entrei, outro poderia. — A voz dele parece mais grossa e ao mesmo tempo
rouca.
— Vou fazer isso da próxima vez, agora pode sair — murmuro, engulo
seco quando ele coloca o copo em cima de uma mesinha e se levanta, os
passos são lentos, como se estivesse se preparando para atacar.
— Não há nada ai que eu já não tenha visto, e adorado de fato.
— Massimo, sai, por favor. — O sorriso dele, puta que pariu.
Que ódio de homem gostoso!
— Fiquei enciumado quando vi aquele homem te tocar, e o olhar que ele
te lançou não é de um chefe, ele te cobiça. — Olho surpresa para ele.
— Edgar vai ser meu chefe, e não vi nada demais. — Ele ri.
— Você é bem inocente às vezes.
— E burra, por achar que... olha, sai daqui, por favor.
— Você me deixou com raiva, me deixou sozinho depois da noite
maravilhosa que tivemos. — Ele se aproxima mais.
— Massimo. — Sai como um sussurro.
— Não gostou?
— Eu adorei — confesso. — Massimo, eu não quero me magoar, não
quero ser uma qualquer na sua vida que você usa quando sente vontade e
depois me trata como uma vagabunda.
— Acha que comprei ações de uma empresa que mal conheço, viajei por
horas, porque te vejo dessa forma? — ele me deixa sem palavras. — Maria
Clara, eu gosto de você a ponto de largar tudo e vim atrás de você, porque
eu simplesmente não consigo te tirar da minha cabeça.
Sinto meus olhos marejarem, ele se chega mais perto e coloca a mão em
meu rosto.
— Eu preciso de mais — murmuro, ele acaricia meu rosto e logo a sua
outra mão está na minha cintura.
— E eu quero ser esse mais, só que quero ir devagar, faz tempos que não
cortejo uma mulher para um relacionamento, tampouco uma que eu
simplesmente gosto demais, e eu ainda estou reaprendendo e só peço
paciência, por isso vim ao Brasil, por isso estou hospedado do lado do seu
quarto e quando cheguei você nem me viu, mas eu te vi ontem à noite
quando desceu para jantar, tive que me segurar muito para não me
aproximar, mas poderia estragar tudo. — Parece que meu coração vai sair
pela boca, as lágrimas descem por meu rosto e ele as seca com o polegar.
— Massimo.
— Maria Clara.
Ele me puxa para um beijo, e aquele beijo estava diferente, parecia que
ele queria transmitir seus sentimentos por ele, o beijo foi intenso e cheio de
palavras não ditas.
Quando se afasta, ele dá um beijo casto em minha testa e diz:
— Senti falta disso, droga, como eu senti falta. — Ele deita meu rosto em
seu peito e me abraça.
— A Mandy disse que trouxe a Penelope. — Posso sentir ele rir.
— Ela ficou doida quando contei que você estava hospedada aqui. —
Abro um amplo sorriso.
— Posso vê-la? — ele acaricia meu rosto.
— Mais tarde, a viagem foi cansativa, está dormindo ainda, você já
comeu algo? — nego com a cabeça. — Você parece mais magra e abatida,
me sinto culpado por isso.
— A culpa não é só sua — digo me afastando.
— Como assim?
— Meu pai, ele apareceu. — Ele me olha surpreso.
— O que?
— É algo que não quero falar, só de pensar nesse homem me enjoa.
— Tudo bem, não falamos mais, porém, precisa comer. — Mandão como
sempre.
— Sinceramente, não estou com fome.
— Vou pedir para trazerem algo. — Rio de sua fala.
— Massimo, eu não quero, não estou com fome. — Me olha zangado.
— Vai agir como uma menina de cinco anos?
— Olha, já me arrependi de não ter gritado dizendo que você invadiu meu
quarto, se veio aqui pra achar que me manda, está enganado.
— Por que é tão desobediente? — olho indignada.
— Não sou um objeto ou animal.
— Não foi isso...
— Já disse o que queria, agora sai, estou cansada e quero dormir. — Ele
fecha as mãos em punhos, visivelmente irritado.
— Não vai se livrar tão fácil de mim, e lembre-se, senhorita Campos,
você é minha, e se aquele homem te olhar daquele jeito de novo ou te tocar,
não respondo por mim.
— Ele é meu chefe, nem se atreva!
— Eu tenho muito mais poder que ele, não sabe do que sou capaz quando
fico irritado.
Antes que eu diga mais alguma coisa, ele sai bufando feito um animal
furioso.
Esse homem me confunde.
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
Sinto algo rígido embaixo de mim, e quando abro meus olhos, um sorriso
bobo surge em meus lábios. Levo uma de minhas mãos até seu rosto e
acaricio enquanto ele dorme, parece tão tranquilo assim, sereno e
despreocupado.
Eu tenho tanto medo de você um dia acordar e simplesmente dizer que
não consegue sentir o mesmo que sinto por você, que eu não sou o suficiente
para você. Balanço a cabeça tentando espantar esses pensamentos ruins.
Minha mãe sempre me disse que pensamentos negativos sempre atraem
coisas negativas.
Olho na direção onde a pequena Penélope ainda dorme e respiro aliviada
em ver que a mesma dorme serenamente. Tento me levantar, mas sinto os
braços rígidos do Massimo me apertar.
— Bom dia, bela mulher. — Fica impossível não abrir um sorriso idiota
depois de ouvir isso.
— Bom dia, belo homem, nem percebi quando peguei no sono. — Ele
beija minha testa e continua com seus braços em meu corpo.
— Eu também não, mas fiquei feliz em acordar e ver que não saiu
correndo. — Semicerro os olhos.
— Você joga sujo, sabia? — o safado sorri.
Quando ele afrouxa os braços, aproveito para me levantar e logo vou até
minha pequena, levo minha mão em seu rosto e acaricio, e fico feliz em
constatar que a cor rosada de suas bochechas estão de volta, ontem à noite a
pequena estava tão pálida.
— Ela parece muito melhor — murmuro.
— Sim, não sabe como fiquei com medo, sinto tanto por ter sido um pai
tão ruim com ela. — Olho para trás e o encaro, está sentado parecendo estar
longe com seus pensamentos.
— Não tem que se culpar, agora é só correr atrás e fazer o daqui pra frente
ser muito melhor.
— Senhor D' Vacchiano, bom dia, tem duas pessoas querendo falar com o
senhor e ver a menina, um disse ser seu amigo e o outro avô da sua filha —
murmura uma enfermeira ao abrir a porta do quarto.
— O médico vai vir examinar minha filha?
— Sim, pode ficar tranquilo, vão comer algo, acredito que devam estar
exaustos pela noite não dormida, e assim que terminarmos o
comunicaremos. — Concordamos, e antes de sair do quarto demos um beijo
na pequena e caminhamos em direção a sala de espera.
Sinto uma sensação estranha, um arrepio estranho, e a cada passo que
damos fica pior, é como se algo fora do comum fosse acontecer. De mãos
dadas com o Massimo chegamos na sala de espera, e logo avisto Lutero.
— Bom dia, como está a menina?
— Está melhor aparentemente, mas vamos deixar os médicos a
examinarem agora para termos certeza — explico.
— Isso é bom. Massimo, seu ex-sogro está aqui, o encontrei na recepção
do hospital assim que cheguei, me surpreende ele ter vindo, estava no Rio de
Janeiro ainda?
— Sim, também fiquei surpreso já que ele não fica muito tempo em um
lugar, mas que bom que estava perto, assim vai poder ver a Penélope. — D'
Vacchiano olha em volta e logo questiona. — Cadê ele?
— Foi pegar café... Ah olha ele aí.
E tudo que aconteceu em seguida parecia em câmera lenta, quando me
viro para trás, e olho na direção da entrada da sala de visitas, meus olhos se
arregalam, assim como os da figura bem na minha frente, sinto minhas
pernas fraquejarem, e se não fosse Massimo, eu com certeza ia cair no chão.
O homem a nossa frente não parece abalado, muito pelo contrário, quando
me viu tinha um semblante triste e preocupado.
— Maria Clara, você está bem? — com a ajuda do Massimo me sentei na
poltrona para não cair novamente.
Não é possível, isso só pode ser um pesadelo!
Continuo a olhar em estado de choque para ele, e Lutero e Massimo
olham para ele também.
— Antônio, o que houve? Por que ela ficou assim quando o viu? Por que
ela te olha em total espanto?! — questiona Lutero.
O vejo respirar fundo antes de falar essas palavras.
— A Maria Clara é a minha filha.
A mesma reação que eu tive, ambos tiveram quando ele vociferou tais
palavras, Massimo me olha em estado de choque, e Lutero arregala os olhos.
— Que brincadeira é essa, Antônio?!
— Não, Lutero, não é brincadeira, eu sou o pai da Maria Clara, não sei se
ela comentou, mas anteontem eu a procurei para tentar conversar, mas ela...
— Isso só pode ser um pesadelo — murmuro o cortando.
— Filha...
— NÃO ME CHAMA ASSIM! — grito. — Você é um infeliz, agora eu
sei porque nos abandonou, porque fez minha mãe de amante! O que ela foi
pra você? Uma diversão?!
— Maria Clara, pelo amor de Deus, se você deixasse eu falar, te explicar
tudo, você ia ao menos entender que Joana foi o amor da minha vida, e sim,
eu era casado quando me envolvi com ela, mas meu casamento com a mãe
da Amy sempre foi faixada, nunca tivemos um amor de verdade e a única
coisa boa que aquela mulher me deu foi sua irmã!
Irmã! A esposa do Massimo era a minha irmã! Meu Deus!
— Não, não, não, isso só pode ser um pesadelo! — sinto as lágrimas
descerem.
— Antônio, acho melhor você ir embora. — A frieza do Massimo o faz se
assustar.
— Eu vim ver minha neta, não me prive disso.
— Sua presença, nesse momento, não está fazendo bem a ninguém, vai
embora, por favor. — Antônio o olha furioso.
— Não vou sair daqui sem ver a Penélope. E Maria Clara, filha, preciso
conversar com você, preciso que me escute, pelo amor de Deus! — ele tenta
se aproximar, mas Massimo o barra.
— Não toca nela, você tem noção do mal que causou na vida dessa
mulher? O quão filha da puta você foi ao abandonar sua filha e a mãe dela a
própria sorte?! Eu posso ter negligenciado a minha presença nos momentos
importantes para a minha filha, mas nunca abandonei, tampouco a deixei
passar fome ou qualquer humilhação na vida. — As palavras dele parecem
que atingiram Antônio em cheio.
— Eu fui o pior dos pais, mas eu não podia... Deus, a Joana estava ciente
de tudo, ela me convenceu a volta para os Estados Unidos e ficar com a
Leila, porque a Leila... A mãe da Amy me ameaçou.
— Como assim?
— A Leila sempre foi instável, quando a conheci, casei com ela por causa
da minha família e a dela, que eram amigas há anos, e como éramos filhos
únicos, queria fundir nossos negócios em um só, e fui forçado a casar com
ela, no início seria só um casamento de aparência, mas a Leila acabou se
apaixonando por mim, e eu tentei por anos nutrir sentimentos mais fortes por
ela, mas foi difícil, quando não tínhamos mais a pressão de nossas famílias,
eu pedi o divórcio, mas a Leila, ela disse que se eu a abandonasse, ela iria se
matar e matar o bebê que estava esperando. Eu não acreditei, mas quando
estava fora de casa recebi uma ligação de um dos empregados dizendo que
minha esposa estava no hospital, eu saí desesperado e quando cheguei lá os
médicos disseram que ela tentou contra a própria vida tomando diversas
pílulas. — Vejo as lágrimas se formarem em seus olhos. — Ao receber alta,
Leila deixou bem claro que se eu pedisse o divórcio novamente, iria tentar
novamente. Eu me sentia com uma pressão enorme, pois não só ela iria
morrer, mas minha filha também.
Depois quando Amy nasceu, eu tentei novamente o divórcio, mas Leila
tentou novamente contra a própria vida, e também contra a da Amy, a
mesma estava com uma arma nas mãos quando entrei no nosso quarto, e ela
confessou que ia matar nossa menina e em seguida tirar a vida dela se eu a
abandonasse. Eu simplesmente estava de mãos atadas e prometi a Leila que
não abandonaria nunca. Amy nunca soube dessas coisas, jamais contamos a
ela porque a mesma via a mãe como uma heroína e eu não queria tirar isso
dela.
Quando Amy estava com cinco anos, eu viajei para o Brasil a negócios,
Leila tinha coisas para resolver e ficou para cuidar da menina, e eu
aproveitei para ficar longe daquele casamento fracassado e horrível que eu
vivia. — Ele abre um sorrio franco em meio as lágrimas. — Eu lembro como
se fosse ontem, quando cheguei no hotel e me deparei com a mais bela das
mulheres. Joana trabalhava como camareira, eu lembro que quando olhei
para ela pela primeira vez, parecia que eu estava no céu, e a mesma sempre
vivia com o mais belo dos sorrisos no rosto, era impossível não me sentir
hipnotizado por ela. Por uma semana inteira, eu fiquei somente a
observando, com medo de me aproximar e a mesma não gostar ou achar que
estava com intenções ruins, porém, quando me aproximei, e aqueles belos
olhos castanhos se viraram para mim, foi quase difícil falar, me senti um
adolescente apaixonado. — Os olhos dele brilham ao falar isso. — Ela foi
gentil, simpática, depois daquele dia nos falávamos sempre, e por diversas
vezes entravam em conflito com as questões do meu casamento, eu estava
louco de vontade de pedir o divórcio e poder viver uma vida feliz ao lado da
sua mãe, mas o medo do que Leila podia fazer... eu iria me culpar por toda
vida se algo acontecesse.
Lembro bem quando expliquei a sua mãe toda a minha situação, e me
surpreendi quando a mesma me compreendeu e entedia meu lado. Eu fiquei
no Brasil por apenas três meses, mas foram suficientes para viver o que não
tive em anos, voltei para meu país para me organizar e pedir o divórcio, mas
Leila veio com uma bomba dizendo que estava com sérios problemas de
saúde e que foi descoberto um aneurisma em sua cabeça, aquilo foi um balde
de água fria. Liguei para Joana e revelei tudo, a mesma queria que
terminássemos, me disse para cuidar da minha esposa e da minha filha,
depois disso ela trocou de número e sumiu. Eu fiquei louco e não podia
deixar que algo tão lindo que tivemos acabasse daquele jeito, então voltei ao
Brasil novamente e fui para o hotel onde ela trabalhava, mas as colegas dela
disseram que Joana havia sido demitida, e que agora morava em uma favela
no Rio de Janeiro, foi difícil, mas com a ajuda de terceiros, eu a encontrei,
morando junto com seu avô, Edson, e fiquei em choque quando o seu avô
veio para cima de mim dizer que abandonei a filha dele grávida.
— Minha mãe... ela tinha escondido a gravidez? — sinto as lágrimas
descerem mais ainda.
— Ela disse que era melhor eu esquecer que nossa filha existia, que ela
criaria você, ela estava disposta a sacrificar tudo para que a Amy e Leila não
viessem a sofrer, mas eu disse a ela que a mesma não estava pensando no
nosso bebê, que ele também poderia sofrer pela minha ausência. Lembro que
para acompanhar a gravidez dela fiquei vindo e voltando, até que Leila
descobriu tudo e me ameaçou, disse que poderia expor toda a situação e que
faria o possível para afastar a Amy de mim, e em uma briga aqui no Brasil
Leila parou no hospital, lembro que Joana estava junto comigo, Amy havia
ficado nos Estados Unidos com babás.
Bato na porta sem parar, esmurro a porta com força até ele abrir e me
seguro para que o murro que estava dando na porta não fosse na cara dele.
Entro feito um foguete quando Antônio abre a porta do quarto.
— Maria Clara, o que houve?
— Você queria me pôr pra trabalhar em uma empresa que não me queriam
lá? — ele arregala os olhos.
— Do que....
— Antes que minta, Edgar já me falou tudo, enquanto proferia seu
descontentamento com a minha contratação e tentava me agarrar à força.
— O que? Eu vou matar aquele filho da puta!
— Não precisa disso, Massimo já o colocou no lugar dele, o que vim fazer
aqui não foi pedir a sua ajuda em merda nenhuma e sim saber por que fez
isso. Acha que eu iria te abraçar e dizer que é o melhor pai do mundo depois
de conseguir à força um emprego pra mim?
— Eu queria seu bem, te dar o melhor, e não trabalhar como babá. — Rio
de suas palavras.
— Minha mãe foi camareira a vida toda, isso te incomodava?
— Claro que não, mas eu sempre quis dar o melhor a ela e a você, Joana
nunca aceitou, eu entendo que você tenha o mesmo gênio que ela, tem
orgulho demais em aceitar as coisas.
— Orgulho?
— Sim, orgulho! Eu sei que é maravilhoso conseguir algo por nós
mesmos, mas qual o mal que eu fiz em tentar dar algo melhor a minha filha?
Quando eu queria arrumar um bom emprego pra sua mãe para ela conseguir
te dá o melhor de tudo, ela recusou, não pensou em você e sim nela, com o
maldito orgulho que você herdou dela!
— Não te pedi nada, ainda mais conseguir algo dessa forma! — digo
furiosa.
— Você é minha filha, quer queira ou não, eu fiquei anos longe de você,
fui privado de viver cada momento da sua vida, e o que eu puder fazer para
compensar isso eu vou. Você não ligou de ser babá porque se apaixonou pelo
Massimo e pela Penélope.
— Eu iria trabalhar do mesmo jeito caso não fosse isso.
— Querida, não estou dizendo que não faria o seu melhor, só estou
dizendo que amá-los facilitou. Você saiu da sua zona de conforto para algo
diferente da sua realidade profissional, eu simplesmente achei que poderia te
ajudar, você é minha filha, quer queira ou não, e o que estiver ao meu alcance
de fazer para te ver bem, eu vou fazer.
— Não quero que force as pessoas a algo que não quer, viu o que deu?
— Edgar é um mimado que junto com o pai faliram a empresa, eu fiz um
favor em comprar e ajudar a elevar o patamar.
— Sim, que bom, mas usar do seu poder é errado, ainda mais para
conseguir algo que ambos não queriam. — Ele solta uma respiração pesada.
— Eu sei, me desculpa, eu só não pensei muito, só queria o melhor para
você, minha filha. — Ele tenta se aproximar, pega na minha mão. — Só
quero de alguma forma ser presente na sua vida, te ajudar, te ver bem.
— Quer me ajudar? Não faça mais isso, não se meta na minha vida
profissional, por favor.
— Tudo bem, prometo que não farei isso.
— Eu vou voltar para Nova York.
— Tem certeza disso? E não quer minha ajuda para...
— Não, eu vou voltar e vou conseguir um emprego por mim mesma, sou
capaz disso.
— Eu sei que é, querida, nunca duvidei disso.
— Boa noite, Antônio. — Sem dizer mais nada, caminho para fora do
quarto dele.
— Boa noite, minha filha.
CAPÍTULO 14
— Amiga, não precisava fazer isso, você tem que ir trabalhar — murmuro
ao olhar a grande mesa de café da manhã que a Mandy colocou para nós
duas.
Voltei ontem do Brasil, e somente quis me trancar no quarto e ficar
sozinha, Massimo estava para voltar e acabou que todos voltaram no jatinho
particular dele, nem preciso dizer que amei ver minha pequena novamente,
ela me implorou para ir vê-la hoje e passar o dia com ela, e eu como um
coração mole que tenho, não pude negar.
Depois do ocorrido com Edgar, Massimo não falou nada, nem o porquê
estava na Lapa, sinceramente tenho medo de saber. E se ele estava lá para
sair com outras mulheres? Só de imaginar isso dói até a alma.
— Você é minha melhor amiga, está passando por um momento difícil.
Não vejo mal em querer mimar você — murmura colocando café em sua
xícara.
— Obrigada, você é incrível.
— Meus pais vão ficar mais uns dias no Brasil, disseram que estavam com
saudades de lá e querem aproveitar esse momento.
— Verona e Herbert merecem isso. — Eles estão juntos há mais de
quarenta anos, mas parece que o amor que ambos sentem um pelo outro
nunca diminuiu, o olhar de admiração, de amor que um tem ao outro é lindo.
— Quero ter isso um dia, o amor que seus pais tem — comento.
— E você vai ter, assim como eu estou tendo — diz toda feliz.
— Vai ver o Barney hoje?
— Ele vai me buscar no trabalho para jantar, disse que tem uma surpresa
pra mim, nem preciso dizer que estou extremamente ansiosa.
— Isso é ótimo, hoje vou na casa do Massimo, vou ir ficar com a
Penélope, ela me pediu ontem voltando pra Nova York, é impossível negar
algo a ela. O bom é que durante o dia Massimo vai estar enfurnado no
escritório e não vamos nos ver.
— Ué, e isso é bom?
— Até esse clima estranho que está entre nós dispersar, sim, é bom. Depois
do que aconteceu não nos falamos e me enjoa imaginar que ele estava na
Lapa com o intuito de encontrar outras mulheres.
— Clarinha, você não sabe disso, pare de tirar conclusões precipitadas. —
Reviro os olhos.
— Não sou idiota, me encontrar lá ele não foi. — Solto uma respiração
pesada.
— Só vai saber se perguntar a ele. — Ela coloca a xícara vazia em cima da
mesa e antes de sair dá um beijo na minha testa. — Talvez eu não durma em
casa hoje.
— Ao menos uma de nós tem que estar dando né. — Ela ri.
Quando ela sai, me pego perdida em meus pensamentos novamente, onde
imagino quando foi que parei de começar a ver o lado bom das coisas.
Sempre fui esperançosa, nunca deixei nada de ruim me abalar, e agora parece
que nem sorrir eu sei mais, ah! Isso é uma droga, mas preciso voltar ao
normal, a ser o que eu era antes.
Mesmo que eu não fique mais com o homem que eu amo.
Olho com atenção a minha nova sala, Massimo disse que aqui é o setor do
marketing da empresa, e enquanto eu estava na reunião que a Mandy
organizou de última hora, a sala foi arrumada para mim. Saio do meu
devaneio com batidas na porta e logo Antônio entra.
— Olha, nova chefe de marketing da D' Vacchiano, isso é algo bom —
murmura olhando para a sala.
— É, sinceramente eu tô feliz por fazer algo que eu realmente dediquei
anos de estudo, Massimo está me dando uma boa oportunidade, tenho uma
campanha pra fazer nessas duas semanas pra mostrar meu valor — comento.
— Acredito que vá conseguir. — Ele parece pensar em algo, e logo fala. —
Eu vi as notícias hoje, você e o Massimo estão mesmo juntos?
— Fala isso em um tom como se fosse ruim.
— Não, claro que não. Gosto do Massimo e sei que ele como um
companheiro é uma boa pessoa, o que me preocupa é só a repercussão
quando...
— Sim, isso foi falado, mas pelo menos até o lançamento do perfume é
bom manter isso em máximo segredo, e peço isso a você.
— Bom, sabe que o que eu puder fazer para manter isso em segredo, eu
vou, entretanto não é algo fácil de esconder, a mídia é cruel quando quer, e eu
não quero que sofra. — Olho para ele desconfiada.
— O Massimo te mandou aqui? — ele arregala os olhos.
— Não! Por que acha isso?!
— Porque estão me tratando como se eu fosse me quebrar no momento
que essa notícia vier a tona, e o Massimo disse exatamente as mesmas coisas,
Lutero e Mandy também.
— Isso se chama preocupação de pessoas que se importam com você. —
Solto uma respiração pesada. — Sabe, Joana teria orgulho da mulher que se
tornou, fora que você é tão parecida com ela, me emociono quando olho pra
você. — Posso ver as lágrimas nos olhos dele.
Caminho até ele e o pegando de surpresa pego em sua mão.
— Antônio, eu sei que começamos de uma forma errada, e sei que essa
relação de pai e filha ainda pode demorar acontecer, mas eu quero te
agradecer por... por mostrar que eu não estou totalmente sozinha no mundo
como eu achei que estava, que não havia mais nenhum parente vivo.
— Eu queria ter sido presente na sua vida, ter te dado a vida de princesa
que merece e ter vivido feliz ao lado da Joana, talvez se eu estivesse lá... se
eu... — ele começa a chorar e eu, sem saber o que fazer, o puxo para um
abraço.
Não digo nada, só deixo ele chorar, encosto a minha cabeça no peito dele,
os braços dele me apertam mais em seu braços e a sensação que um dia eu
senti nos braços da minha mãe me veio nesse exato momento, e por alguns
segundos, me permiti sorrir um pouco nos braços do meu pai.
CAPÍTULO 17
LUTERO AMBROSINE
CAPÍTULO 19
Um mês depois
— Eu não quero saber como isso aconteceu, só quero que resolvam,
esse homem fechou um contrato e quero que o mesmo seja cumprido! —
desligo o telefone exasperado.
— Sua voz, dá pra ouvir lá de fora — murmura Lutero ao entrar na
minha sala.
— Só odeio incompetência! — tiro meu paletó e coloco em cima do
sofá de canto do meu escritório e começo a tirar a gravata.
— Ultimamente está com mais mau humor que o normal.
— Eu vou fazer uma viagem, tenho que ir até Toronto, já providenciei
o jatinho particular.
— Bom, isso eu sei, mas o que tem demais nisso? É uma viagem de
negócios.
— A Maria Clara disse que não vai.
— Ué, e o que tem isso? Ela agora trabalha aqui, tem os afazerem dela,
não é sua secretária.
— Eu sei... é que ela é tão teimosa! Queria pode passar esses dois dias
com ela, porque parece que desde o lançamento mal temos nos visto.
— Não estavam morando juntos?
— Ela não quer, disse que é cedo, que somos só namorados.
— Massimo, eu te conheço pra saber que não é só isso que está te
deixando de mau humor. — Me jogo na minha cadeira e solto uma respiração
pesada.
Abro a minha gaveta e tiro uma caixa de veludo escuro e dou na mão
dele, quando Lutero abre ele fica surpreso.
— Então você...
— Sim, e essa viagem seria pra isso, mas vou ter que adiar meus
planos, eu tinha tudo planejado.
— Uou! Isso é incrível, então acha que está pronto pra dar esse passo?
— Não me imagino dividindo minha vida com outra mulher que não
seja ela.
— Cara, só faz o pedido, não precisa viajar pra isso!
— Mas, e se ela não aceitar? Quer dizer, ela falou que estava cedo pra
gente ir morar juntos e...
— Para de agir como um surtado só por algo que ela falou, Maria Clara
te ama, então é óbvio que ela vai aceitar se casar com você.
— Eu também tenho que contar isso a Penelope, apesar que acho que
ela vai ficar feliz já que ficou muito empolgada quando contei que eu e Maria
Clara namoramos.
— Fora que Maria Clara era babá dela e morava lá, acho que vai
aceitar tranquilamente.
— Mas tem uma diferença, Maria Clara iria para morar conosco como
minha esposa e não como babá, então acredito que de qualquer forma preciso
conversa com ela.
— Quando vai contar que elas são sobrinha e tia?
— Ainda estou pensando em como contar isso a ela, se ainda é novo
pra mim, imagine pra Penélope. — Somos interrompidos com batidas na
porta.
— Ah, está ocupado? — murmura Maria Clara.
— Pra você, sabe que nunca.
— Essa é a minha deixa para voltar ao trabalho, depois conversamos,
tchau Clarinha. — Ela dá um sorriso simpático para Lutero.
— Veio me dizer que mudou de ideia e vai viajar comigo? — ela
levanta a sobrancelha e sorri.
— Sabe que não, eu vou ficar na sua casa esses dois dias, quero passar
um tempinho com a Penelope, eu prometi a ela em irmos ao parque fazer um
piquenique.
— Olha, eu sinceramente ia ficar feliz se fosse comigo, podemos levar
a Penelope. — Ela caminha até mim, me afasta um pouco para ela se sentar
em meu colo.
— Eu tenho coisas a fazer, agora trabalho na sua empresa, amanhã
tenho reuniões, não é porque sou sua namorada que simplesmente tenho que
largar minhas responsabilidades e viajar.
— Sabe, esse seu ar de empresária é uma delícia. — Ela abre o mais
belo dos sorrisos, levo minha mão até seu rosto e o segurando a puxo para
beijar meus lábios.
— E essa delicia de empresária tem coisas a fazer, só vim aqui pra te
dar um beijo e avisar sobre ficar na sua casa esses dois dias.
— Por mim já estaria morando lá, sabe disso.
— Eu sei, mas um passo de cada vez. — Ela se levanta.
— Eu viajo às duas da tarde.
— Vou te acompanhar até o aeroporto, baby. — Maria Clara lança um
beijo no ar e se retira da sala.
Queria ser uma mosca para ver a cara dela quando chegar na cobertura
e ver o que eu fiz.
MASSIMO D´VACCHIANO
Sinto meu corpo doer, eu quase não tenho voz de tanto que já gritei, eu
não sei onde estou, é um cômodo fechado, não sei se é dia ou noite, minhas
pernas estão amarradas, minhas roupas rasgadas e meu corpo doendo,
sangrando, apanhei tanto que acabei desmaiando.
— Ainda não morreu. — Olho para a porta sentindo um ódio enorme.
— Sabe, pra mim foi uma surpresa quando soube que o Antônio é seu pai,
acho que o Massimo tem fascinação por essa família por se envolver com a
irmã da esposa morta. — Ele ri.
— A Amy nunca devia ter se envolvido com você — murmuro entre
lágrimas.
— Ela nunca deveria ter me deixado por aquele infeliz. — Ele parece
lembrar de algo. — Eu ia me divorciar pra ficar com ela, até o dia em que ela
falou que não gostava mais de mim e depois descubro o porquê. — Ele seca
uma lágrima. — Você começou a investigar e descobriu demais, deveria estar
feliz, se eu não tivesse matado ela, você não estaria com o Massimo.
— Você é um doente!
— Pra mim foi uma tortura ver ela todos os dias com aquele filho da
puta, a filha que eles tiveram, era pra ser minha e dela, mas essa desgraçada
me largou.
— Na noite que vocês se viram, ela foi pra pedir você pra deixá-la em
paz, não foi? — questiono com lágrimas nos olhos.
— Sim, na noite que nos vimos, eu implorei pra conversamos, e pedi
para voltarmos, ou fugirmos, ela disse que não me amava mais, que já havia
construído uma família. — Ele respira fundo. — Eu não quis matar ela, mas
ela me forçou, então mandei cortarem o freio do carro dela enquanto ela
conversava comigo. Quando o acidente ocorreu, eu soube que Massimo
mandou investigarem, quase fali para pagar eles, subornar os peritos, para
dizerem que ela estava em alta velocidade. — Ele começa a bater na cabeça.
— Pra uma maldita mulher vir depois de quatro anos mexer onde não devia!
— grita.
— Ela é minha irmã. — Ele cai na gargalhada.
— E assim como sua irmã, você vai morrer, só assim pra eu me livrar
de você, maldita! — Os dois homens que estavam no apartamento aparecem
e vem até mim, eu sinceramente estava sem forças para lutar, eles
desamarram meus pés, um deles me joga nos ombros e começa a caminhar
comigo.
Eu vou morrer, e simplesmente não vou conseguir me defender de tão
fraca que estou.
Ambos caminham comigo para fora da cabana e me colocam dentro de
um carro. Adam senta no banco de trás comigo e os dois homens na frente.
Logo o infeliz amarra minhas mãos.
— Sabe o que vou fazer a você? — o carro dá partida e eu começo a
chorar.
— Adam, por favor, não faz isso. — Ele ri.
— Eu vou te dá um tiro na cabeça, depois desmembrar seu corpo e
queimá-lo até que não reste mais nada dele, assim me livro de provas, igual
fiz com o investigar.
— O que?
— Acha que ele não te deu mais notícias por que? Eu desapareci com
esse filho da puta.
— Você é doente, um dia vão descobri o que fez. — Sinto um arrepio
gélido na espinha quando ele sorri.
— Mas sempre me safo quando quero. — Começo a sentir falta de ar, é
a minha crise de ansiedade, o homem dirigia em alta velocidade em uma
pista a noite, olho para o lado de fora e algo passa pela minha cabeça, algo
que nunca pensei que passaria, mas se for para eu ir, eu vou levá-lo comigo.
Me jogo em cima do motorista o desestabilizando, Adam começa a
gritar para me tirar dali, mas já é tarde, o motorista perde o controle, o carro
gira, gira e gira na pista, meu corpo é jogado de um lado para um o outro,
vejo o corpo de um dos homens sair do carro.
Quando o carro para de capotar, sinto algo molhado na minha testa,
com certeza é sangue, olho para o lado e vejo um ferro atravessado na barriga
do Adam, abro um sorriso de satisfação, entretanto sinto minha consciência
indo embora pouco a pouco, e a última lembrança que tenho é de uma moça
chegando perto da janela do carro, ela me dizia que eu ia viver, ela estica o
braço para mim, o cheiro dela... é rosas do campo.
CAPÍTULO 20