Filosofia Conhecimento Humano e Linguagem
Filosofia Conhecimento Humano e Linguagem
Filosofia Conhecimento Humano e Linguagem
CONHECIMENTO,
CONSCIÊNCIA HUMANA,
LINGUAGEM E VERDADE
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final do módulo, espera-se que o aluno seja capaz de:
• Compreender o que vem a ser o conhecimento humano;
• Compreender que o conhecimento é adquirido e evolui ao longo da história humana;
• Identificar e relacionar os diversos tipos de conhecimento (popular, científico e filosófico).
• Compreender porque o ser humano é dotado de consciência e que pertence tanto ao mundo
sensível quanto ao mundo inteligível;
• Entender e compreender como o conhecimento é possível;
• Definir e compreender o que se entende por verdade;
• Perceber e compreender que a linguagem é instrumento fundamental para que o conheci-
mento possa ser transmitido.
Conhecimento é todo ato que leva a conhecer, que permite tomar consciência de alguma
coisa. É o ato que faz com que você possa trazer à sua mente alguma coisa, de modo que
possa compreendê-la e analisá-la.
Ao adquirir o conhecimento, você passa a ter uma ideia ou noção de algo que se coloca
à sua frente, para poder, a partir desse ato, descrever, pensar e refletir sobre o objeto a
ser conhecido. Por isso, o conhecimento inclui instrução, informação, conceitos, teorias,
hipóteses, princípios e procedimentos.
É importante saber, ainda, que todo conhecimento humano é feito a partir de três
elementos:
comum entre seres humanos e animais, obtido por meio do uso dos instintos e
conhecimento sensorial
sensações
obtido por meio do raciocínio e da reflexão. Nesse caso, somente o ser humano
conhecimento intelectual
possui conhecimento intelectual, porque apenas o ser humano é racional
obtido na vida quotidiana, por meio da observação do mundo e da vida em
conhecimento popular
comunidade
obtido por meio de análises científicas, baseado em provas, procedimentos e
conhecimento científico
metodologias
que surge a partir de nossos pensamentos e reflexões,
conhecimento filosófico
ligado à construção de ideias, conceitos e teorias
CONHECIMENTO POPULAR
Por ser obtido da prática e não da teoria, este conhecimento também é chamado de conhe-
cimento vulgar ou conhecimento empírico, ou mais especificamente, senso comum (por
ser o modo de pensar da maioria das pessoas de uma determinada cultura ou localidade).
O conhecimento popular são noções usualmente admitidas pelos indivíduos como verda-
deiras porque são comprovadas por meio da observação de fenômenos e/ou aconteci-
mentos da vida quotidiana, embora não possuam nenhuma comprovação científica.
TOME NOTA
Para que um conhecimento seja considerado científico é necessário que a razão esteja atre-
lada à lógica da experimentação e da metodologia científica.
Podemos concluir, então, que o conhecimento científico vai além do conhecimento empí-
rico (popular) porque permite que o objeto pesquisado seja observado para além das
aparências, de forma que se possa compreender as causas e leis que regem cada um dos
fenômenos da natureza ou da vida humana.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico, ou Filosofia, é todo tipo de conhecimento humano que visa
compreender a realidade, no sentido de apreendê-la em sua totalidade, cuidando e refletin-
do acerca dos problemas mais gerais da vida humana. Ele surge a partir da capacidade de
raciocínio e reflexão do ser humano, que busca ao longo de sua existência compreender
e refletir sobre o sentido geral do universo e da vida.
Este conhecimento parte dos questionamentos e reflexões que você faz ao longo do seu
dia a dia, na tentativa de encontrar soluções para os mais diversos problemas da vida
humana. O conhecimento filosófico se ocupa de questionar, refletir e criticar o relaciona-
mento do indivíduo com o meio em que está inserido.
A Filosofia não busca verdades absolutas, uma vez que sua finalidade é discutir e refletir
sobre os problemas humanos. Por isso, para a Filosofia, a reflexão e o debate de ideias é
mais importante do que a busca por teorias e soluções de problemas.
ATENÇÃO
O objetivo do conhecimento filosófico é fornecer ideias e conteúdos que transformem a realida-
de humana por meio de questionamentos e reflexões sobre o homem e as coisas da vida social.
Nesse sentido, a Filosofia está num ponto intermediário entre a Teologia e a Ciência.
O ser humano não é apenas um ser do mundo, mas um ser no mundo. Ao contrário dos
outros animais, somos dotados de consciência – ou seja, somos capazes de ter ciência
(conhecimento) de nossa própria existência, bem como da existência da realidade que nos
cerca e da existência do outro.
A racionalidade é o que permite ao ser humano não somente viver na natureza, mas
também o torna capaz de compreendê-la, estudá-la e transformá-la de acordo com as
suas necessidades e conveniências.
O ser humano é, também, um ser histórico e cultural. É histórico porque evolui com o
passar do tempo, sendo capaz de relembrar o passado e projetar a sua vida para o futuro,
construindo o seu próprio destino. Do mesmo modo, é um ser cultural por ser capaz de
modificar e transformar o mundo da natureza, exercendo o seu domínio sobre ele – ou
seja, o ser humano é capaz de produzir cultura.
Somos, também, seres sociais e políticos, porque não conseguimos sobreviver fora da
sociedade e necessitamos do outro para compartilhar conhecimentos, sentimentos e
emoções. Somos políticos porque nos preocupamos com as questões sociais e buscamos
contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade a qual pertencemos.
A racionalidade também permite que o ser humano tenha consciência de sua liberdade,
ou seja, que ele saiba que é um ser livre e autônomo. A consciência da liberdade nos
permite viver de acordo com nossas próprias escolhas e determinações, ao contrário dos
outros animais, que agem por instinto de sobrevivência e/ou por programações biológicas
hereditárias.
A partir dessas reflexões, podemos concluir que o ser humano é um animal diferente
de todos os demais, porque participa tanto do mundo da natureza (o dado), quanto do
mundo da cultura (o construído). Somos capazes de interagir com a natureza, adquirindo
conhecimentos por meio dela e a modificando de acordo com nossas necessidades e
interesses. Além disso, temos consciência da existência do outro, percebendo que não
estamos sozinhos no mundo e que precisamos do outro para aprimorar, adquirir e trans-
mitir conhecimentos, bem como para desenvolver nossa afetividade e sociabilidade.
TOME NOTA
A Teoria do Conhecimento (também chamada de Epistemologia ou Gnoseologia), é a parte
da Filosofia que estuda a possibilidade, a origem e a estrutura do conhecimento, abrangendo
a crítica e a lógica
Em Filosofia, devemos entender a verdade como aquilo que corresponde e/ou se identi-
fica com o real (concreto ou abstrato), ou com a razão de ser das coisas. É aquilo que é
idêntico ao ser em si (ou seja, que é, independente do conhecimento).
Por isso, em se tratando de verdade, devemos evitar toda forma de dogmatismo (crença
na existência de verdades incontestáveis e universais). Isto porque, toda postura dogmá-
tica nos conduz a atitudes conservadoras, causando obstáculos à
reflexão crítica, podendo nos levar, inclusive, ao fanatismo.
Nessa perspectiva, Kant demonstra que o conhecimento é possível e que ele se inicia com
a experiência (por meio dos sentidos), embora nem sempre o conhecimento possa ser
obtido exclusivamente na experiência, uma vez que é a razão que faz a mediação entre a
realidade e a consciência.
Para Kant, razão e sensibilidade são essenciais para que o conhecimento Juízo
seja possível e para que a verdade possa ser alcançada. Do mesmo modo, É toda ação racional que une
a verdade pode ser obtida a partir da relação entre juízos analíticos (que um conceito a outro, afirmando
independem da experiência, pois se expressam por meio de operações pura- ou negando a conveniência
ou a relação entre eles.
mente intelectuais), e sintéticos (partem da estrutura e experiência de fenô-
menos sensoriais).
Quando um cão late, ele está apenas reagindo a algum estímulo (indicando a presen-
ça de um estranho ou manifestando alegria pela chegada de seu dono, por exemplo).
Nesse sentido, os animais irracionais se comunicam devido a uma programação biológica
(reações meramente mecânicas) ou em razão de algum tipo de adestramento.
Por outro lado, nós humanos, utilizamos a linguagem para transmitir conhecimentos e
pensamentos. A linguagem permite que nos distanciemos da realidade concreta e repre-
sentemos qualquer objeto ou ideia em nossa consciên-
cia. Por exemplo, quando digo a palavra “rosa”, a pessoa Tenho certeza de que
com quem converso, imediatamente, imagina uma rosa, você também conse-
ainda que não tenha visto a rosa que eu descrevi. Isso guiu imaginar uma
ocorre porque a linguagem permite que a imagem da rosa na sua frente,
rosa se torne presente na consciência da pessoa com não é mesmo?
quem converso.
Em nossa comunicação diária, utilizamos vários tipos de linguagem, dentre elas: sinais,
gestos, sons, imagens e símbolos (sinais/signos arbitrários e convencionais) capazes de
representar e comunicar conhecimentos.
A linguagem verbal, ou seja, aquela que faz uso das palavras para expressar os pensa-
mentos, é a mais utilizada em nosso quotidiano. As letras do alfabeto e as palavras são
símbolos desenvolvidos pela linguagem para dar significado para a realidade (seja ela
concreta ou abstrata).
Signo
Quando a linguagem verbal é desenvolvida, há um ato arbitrário e uma acei- É a relação arbitrária e convencional
tação social de que um determinado signo é suficiente para representar uma entre um significado e um
ideia ou objeto. significante, de modo que uma
palavra ou conceito corresponda
Por exemplo, quando digo a palavra “gato”, por convenção a uma imagem sonora ou visual.
social e em razão de nosso idioma, a imagem de
um determinado animal (o gato) é representa- da em
nossa consciência. Isso quer dizer que, por um ato
arbitrário, foi estabelecido em nosso idioma que a
junção das letras “G”, “A”, “T” e “O”, nessa ordem
de combinação, formam a palavra gato (inclusive, com
a sonoridade que ela possui quando pronunciada). Essas
letras, dispostas nessa ordem, simbolizam graficamente o
animal mencionado e que pode ser (re)presentado em nossa
consciência.
Do mesmo modo, por causa da linguagem e pela necessidade de transmissão dos pensa-
mentos, é que damos um nome para tudo o que existe (seja no plano real ou abstrato).
É por meio do nome que somos capazes de trazer à nossa consciência (representar)
qualquer objeto que esteja sendo pensado e/ou comunicado. Atribuímos um nome para
tudo o que existe, uma vez que somente aquilo que possui um nome também pode ser
representado (trazido à consciência).
Podemos concluir que é a linguagem que nos permite projetar o pensamento no passado,
no presente e no futuro. Ela permite que pensamentos, conhecimentos e sentimentos
sejam transmitidos de um indivíduo ao outro, de geração para geração.
Viu também que o conhecimento intelectual pode ser de vários tipos: popular, científico
e o filosófico.
E que, desde sempre, o ser humano tem criado e desenvolvido técnicas e instrumentos
para facilitar a sua vida quotidiana. A busca pelo conhecimento está presente em todo ser
humano, e é a curiosidade que nos permite querer aprender sempre mais! É da natureza
do ser humano procurar explicações para os fenômenos naturais e da vida social.
O ser humano está sempre em busca de respostas para as questões que afligem o seu
espírito, como explicações para a vida e para a morte, ou ainda, tentando compreender
qual o verdadeiro sentido da vida! É a Filosofia que nos dá as ferramentas necessárias
para que essas respostas sejam encontradas!
Também entendemos que o ser humano pertence a dois mundos: o sensível e o inteligí-
vel. Por isso, é o único ser dotado de consciência, uma vez que percebe não apenas a
sua própria existência, mas, também, o mundo que o cerca e a presença de outros seres
humanos.
Para que o conhecimento e a verdade (seja ela absoluta ou relativa) possam ser trans-
mitidos, a linguagem se torna instrumento essencial para o desenvolvimento e evolução
humana. É por meio da linguagem que podemos expressar nossas reflexões, nosso modo
de ser e de pensar, nossos conhecimentos e sentimentos. É a linguagem que permite que
a comunicação e as relações humanas sejam possíveis.
Bons estudos!
Referências
ARANHA, M. L. A. de; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:
Moderna, 2009.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva,
2005.
GALLO, S.; ASPIS, R.L. Ensino de Filosofia e cidadania nas “sociedades de controle”:
resistência e linhas de fuga. In: Pro-Posições, Campinas, v.21, n.1 (61), p. 89 – 105, jan/
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05.ago.2019.
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