01 FREIRE - Paulo PedagogiaDaAutonomia

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FREIRE, Paulo.

Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática


educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

PROFESSOR: FERNANDO FRANZOI DA SILVA

• Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos/SP (UFSCar, 1994)
• Especialista em Projetos Governamentais pela Universidade Estadual de Londrina/PR (UEL, 1993)
• Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina/PR (UEL, 1990)
• Educador Popular
• Consultor de Projetos Sociais, Educacionais e Qualificação Socioprofissional
• Professor da Fábrica de Ideias Pedagógicas (FIPED, desde 2004) e do Getussp (desde 2017)

1
BREVE CURRÍCULO

Paulo Freire, (1921-1997), Pernambucano, educador, inovador


no método de alfabetização para adultos. Aos 13 anos foi
auxiliar de disciplina e, depois, professor de português no
Colégio Oswaldo Cruz, onde continuou mesmo após formar-se
em Direito. Foi Professor de Filosofia da Educação na Escola
de Belas Artes da UFPE. Foi diretor do SESI (1947) e fundou o
Instituto Capiberibe. Aplicou seu método pela primeira vez em
Angicos (RN) onde foi acusado de comunista e, com o golpe
civil-militar de 1964, preso e, depois, se exilou no Chile.
Em 1969, Paulo Freire lecionou na Universidade de Harvard.
Durante dez anos, foi consultor especial do Departamento de
Educação do Conselho Municipal das Igrejas, em Genebra, na
Suíça. Viajou por vários países do Terceiro Mundo dando
consultoria educacional. Em 1980, com a anistia, retornou ao
Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Foi professor da
UNICAMP e da PUC. Foi Secretário de Educação da Prefeitura
de São Paulo, na gestão de Luisa Erundina. É o brasileiro com
mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas
universidades, são 41, ao todo, entre elas, Harvard, Cambridge
e Oxford.
PRESSUPOSTOS POLÍTICO-
FILOSÓFICOS DE FREIRE
 Educação é um ato político.

 Crítica permanente à malvadez neoliberal, ao cinismo


de sua ideologia fatalista e sua recusa inflexível ao sonho
e à utopia.

 Ponto de vista assumido é o dos "condenados da


Terra", o dos excluídos.
QUESTÃO CENTRAL: FORMAÇÃO PARA
AUTONOMIA
Formação
sobre a
Formação
prática
docente
educativo-
progressista

Autonomia
do ser dos
educandos
ASPECTOS CENTRAIS DA
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
1) Não há docência sem discência

2) Ensinar não é transferir conhecimento

3) Ensinar é uma especificidade humana


1) NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA
1.1) ENSINAR EXIGE RIGOROSIDADE
METÓDICA
 pensar certo, para além dos conteúdos - coerência (*):
 incertezas de suas certezas.
 só pode ser ensinado por quem pensa certo.
 meio de superar o falso ensinar.
 conhecer o conhecimento existente e estar abertos à
produção do conhecimento não existente.

(*) Conceito retomado na obra


CICLO GNOSIOLÓGICO

Ensinar

Aprender

Pesquisar
1.2) ENSINAR EXIGE PESQUISA

 Faz parte da natureza docente.

 Pensar certo:
 respeito do Professor ao senso comum
 no processo de sua necessária superação e
 o estímulo à capacidade criadora do Educando.
Curiosidade Curiosidade
Ingênua Crítica

Fazer Pensar sobre


desarmado o fazer

conscientização
1.3) ENSINAR EXIGE RESPEITO AOS
SABERES DOS EDUCANDOS
 O preparo científico do educador ou da educadora deve
coincidir com sua retidão ética (#)
 discutir com os alunos a razão de ser de alguns dos
saberes tácitos em relação com os conteúdos ensinados.

 Ética de classe (*) embutida na dissociação dos


conteúdos com a vida.

(#) Conceito desenvolvido na obra


•"Estamos de tal maneira submetidos à ética do
mercado, que me parece pouco tudo o que
façamos na defesa e na prática da ética universal
do ser humano"
•(...) "a transgressão dos princípios éticos é uma
possibilidade, mas não é uma virtude. Não
podemos aceitá-la. (...) somos seres
condicionados, mas não determinados".
•A ética do mercado não pode estar acima da
ética universal do ser humano.
1.4) ENSINAR EXIGE CRITICIDADE
 A curiosidade, superando a ingenuidade e sem deixar
de ser curiosidade, se criticiza e se transforma em
curiosidade epistemológica (*).
 Uma das tarefas principais da educação é o
desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil.
 A curiosidade muda de qualidade mas não de
essência
 Formação ética ao lado da estética - decência e
pureza.
DIFERENÇA ENTRE TREINAMENTO E
FORMAÇÃO
 Puro treinamento técnico se opõe ao caráter formador da
educação.
 Treinamento:
 não promove assunção do professor enquanto sujeito do seu
fazer.
 O elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e
do saber articulado também não promove assunção.
 Formação:
 se faz ao lado do exercício de criticidade (curiosidade
epistemológica).
1.5) ENSINAR EXIGE ESTÉTICA E ÉTICA
 "A prática educativa tem de ser, em si, um testemunho
rigoroso de decência e pureza".
 A boniteza deve achar-se de mãos dadas com a
decência e a seriedade (pensar certo é coerente)
 Estar fora da ética é uma transgressão. Se há respeito
para com a natureza humana, o ensino dos conteúdos não
pode estar alheio à formação moral.
 Ética da prática educativa (#): lutar pela ética é vivê-
la em nossa prática, é testemunhá-la, vivaz, aos
educandos, em nossas relações com eles.
 A ética é indispensável à convivência humana.
 (...) mais do que um ser no mundo, o ser humano se
tornou uma Presença no mundo, com o mundo e com os
outros. Presença que, reconhecendo a outra presença
como um não-eu, se reconhece como si própria.
"Presença que pensa a si mesma, que se sabe presença,
que intervém, que transforma, que fala do que faz, mas
também do que sonha, que constata, compara, avalia,
valora, decide, que rompe".

 Mover-se no mundo implica em responsabilidade


1.6) ENSINAR EXIGE
CORPOREIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
PELO EXEMPLO
 Pensar certo:
 coerência radical e fazer certo.
 segurança na argumentação, sem transformar
discordância em raiva pessoal do seu oponente.
JUSTA RAIVA, NÃO É RAIVOSIDADE
 a que protesta contra as injustiças, deslealdade,
desamor, exploração ou violência.
 a de Cristo contra os inimigos do templo;
 a dos progressistas contra os inimigos da reforma
agrária
 a dos ofendidos contra a violência
 a dos injustiçados contra a impunidade.
 a de quem tem fome contra a forma luxuriosa com
que alguns, mais do que comem, esbanjam e
transformam a vida num desfrute.
1.7) ENSINAR EXIGE RISCO, ACEITAÇÃO
DO NOVO E REJEIÇÃO A QUALQUER
FORMA DE DISCRIMINAÇÃO
 Pensar certo é rejeitar toda discriminação,
 ofende a substantividade do ser humano e
 nega radicalmente a democracia.
 Pensar certo é também um ato comunicativo desafiador
da inteligência e inteligido.
 O pensar certo é dialógico, não polêmico.
1.8) ENSINAR EXIGE REFLEXÃO
CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA
 Quanto mais
me assumo como Prática
estou sendo (P0)
e percebo as
razões de ser
porque estou sendo Teoria
assim,
mais me torno
capaz de mudar. Prática
(P1)
1.9) ENSINAR EXIGE
RECONHECIMENTO E ASSUNÇÃO DA
IDENTIDADE CULTURAL
• pensantes
 Tarefa da educação: • comunicantes
• transformadores
 propiciar condições
• criadores
para que os educandos Seres • realizadores de sonhos
se assumam como •
sociais e capazes de ter raiva
porque capazes de
históricos amar
2) ENSINAR NÃO É TRANSFERIR
CONHECIMENTO
 Ensinar não é transferir conhecimento (#), mas criar a
possibilidade para sua produção ou sua construção.(...)
 recusa do ensino bancário
 “quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado ". (...) quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender ".
2.1) ENSINAR EXIGE CONSCIÊNCIA DO
INACABAMENTO
 Onde há vida, há inacabamento (*). O homem
promoveu o "suporte" em "mundo".
 Suporte:
 espaço que o “animal” se prende afetivamente para
resistir, necessário ao seu crescimento, delimita o
seu domínio.
 Na evolução humana, a solidariedade entre mente e
mãos transformou o suporte em mundo e a vida,
existência.
 A existência envolve necessariamente a linguagem, a
cultura, a comunicação em níveis profundos e complexos,
espiritualização, capacidade de embelezar/enfear o
mundo...

 Existir é assumir o direito e o dever de optar, de decidir,


de lutar, e de fazer política.
 História é tempo de oportunidade, não de determinismo,
problematização e não inexorabilidade.
 A desproblematização do futuro leva à morte ou
negação autoritária do sonho, da utopia, da esperança.
Nessa posição, a rebeldia não tem como tornar-se
revolucionária.
 "Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um
ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei
que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda
entre o ser condicionado e o ser determinado."
2.2) ENSINAR EXIGE
RECONHECIMENTO DE SER
CONDICIONADO
 Condicionamento: estamos no mundo fazemos
história, e somos por ela feitos.
 Minha construção no mundo se faz com influência das
forças sociais, científicas, culturais e históricas.
 Nesta condição, somos sujeitos da História.
 A consciência da inconclusão humana gerou a
educabilidade do ser humano.
 Determinismo: visão fatalista que renuncia a
responsabilidade ética, histórica, política e social. Nesta
condição, somos objetos da História.
 Assunção:
 assumir-se como sujeito porque capaz de
reconhecer-se como objeto.
 É a "outredade" do "não eu" ou do tu que me faz
assumir a radicalidade do meu eu.
2.3) ENSINAR EXIGE RESPEITO À
AUTONOMIA DO SER DO EDUCANDO
 imperativo ético, e não um favor.
 Dever do professor respeitar a curiosidade do educando,
seu gosto estético, sua inquietude, sua linguagem.
 Autoritarismo e licenciosidade são duas formas extremas
de transgressão da ética humana. Rompem com a decência.
 A autonomia vai se constituindo na experiência de várias,
inúmeras e estimuladoras decisões, que vão sendo tomadas
e da responsabilidade, da liberdade.
2.4) ENSINAR EXIGE BOM SENSO
 aponta ao educador o caráter negativo de formalismos
insensíveis ou licenciosidades.
 Autoridade cumprindo o seu dever implica em:
 tomada de decisões
 orientação às atividades
 estabelecimento de tarefas
 cobrança da produção individual e coletiva
 respeitar a autonomia, a dignidade e a identidade do
educando.
 O exercício do bom senso se faz no "corpo da curiosidade”:
permite construção (produção) do conhecimento do objeto,
tomando distância para observá-lo, delimitá-lo e cindi-lo
 Quanto mais indagamos, comparamos, duvidamos, aferimos,
tanto mais eficazmente curiosos nos tornamos e mais crítico se
faz o nosso bom senso.
 Experimentar com intensidade a dialética entre leitura do
mundo que precede a leitura da palavra (*).
 Qualidades ou virtudes são constituídas por nós no esforço
que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos
e o que fazemos.
 Estudar:
 Em favor de que estudo?
 Contra quem estudo?

 Estudar por estudar é descompromisso.

 Resistência: "manha" necessária à sobrevivência física


e cultural dos oprimidos.
2.5) ENSINAR EXIGE HUMILDADE,
TOLERÂNCIA E LUTA EM DEFESA DOS
DIREITOS DOS EDUCADORES
 prática ética.
 resposta à ofensa a que está submetida a educação:
 luta política, consciente, crítica e organizada, sob 2
formas – recusar-se a exercer a atividade docente:
 como um "bico“
 como prática afetiva de “tios” e “tias”.
2.6) ENSINAR EXIGE APREENSÃO DA
REALIDADE
 Aprender para nós, humanos, é construir, reconstruir,
constatar para mudar.
 Força criadora do aprender: comparação, repetição,
constatação, dúvida rebelde, curiosidade não
facilmente satisfeita.
 Toda prática educativa é também política.
 Meu papel é estar atento à difícil passagem da
heteronomia para a autonomia.
2.7) ENSINAR EXIGE ALEGRIA E
ESPERANÇA
 parte da natureza humana: "Não sou esperançoso por
pura teimosia, mas por exigência ontológica ".
 Só há História onde há esperança, otimismo (#), que se
traduz em ação.
 Na Educação: professor e alunos, juntos, podem
aprende ensinar, inquietarem-se, produzirem-se e juntos
resistirem aos obstáculos à alegria.
 Saber fundante. Saber que vira sabedoria.
 Oposição à ideologia fatalista, imobilizante, que anima o
discurso neoliberal.
 Para a ideologia neoliberal, a função da educação é
adaptar o educando a uma realidade que não pode ser
mudada.
 O que se busca é o treino técnico indispensável a essa
adaptação, à sua sobrevivência.
 Saber que educar é lidar com gente. Por isso implica
em grande responsabilidade. Viver a prática educativa
com afetividade e alegria não prescinde da formação séria
e de clareza política dos educadores ou educadoras. É
opor-se ao discurso da "morte da História" que a ideologia
neoliberal propõe. É prática de gente melhor. Gente mais
gente.
 “A alegria não chega apenas no encontro do achado,
mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender
não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da
alegria”.
2.8) ENSINAR EXIGE CONVICÇÃO DE
QUE A MUDANÇA É POSSÍVEL
 História é possibilidade, não determinação.
 O mundo não é, mas está sendo.
 Meu papel no mundo deve ser o de quem intervém
como sujeito de ocorrências.
 É preciso compreender o futuro como problema e a
natureza humana como ser mais, e nossa afirmação tem
que se fazer na rebeldia e não na resignação.
 Alfabetizar numa área de miséria só ganha sentido se
realizar uma espécie de psicanálise histórico-político-
social que provoque a extrojeção da culpa indevida.

 Expulsão do opressor de dentro do oprimido (sombra


invasora).

 Sombra que, expulsa pelo oprimido, precisa ser


substituída por sua autonomia e sua responsabilidade.
MUDANÇA
 desafiar os grupos populares a perceberem, em termos
críticos, a violência e a injustiça que caracterizam sua situação
concreta.
 Mais ainda, que a sua situação concreta não é destino certo
ou vontade de Deus.
 Marx - necessária radicalidade que me faz sempre desperto
a tudo o que diz respeito à defesa dos interesses humanos.
 Se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a
educação pode.
 Escutar me permite falar com alguém, e não a alguém, num
movimento verticalizado de quem detém o poder.
2.9) ENSINAR EXIGE CURIOSIDADE
 Não se aprende nem se ensina sem a curiosidade.
 É preciso estimular a pergunta, a reflexão crítica sobre a
própria pergunta.
 A postura de educadores e educandos deve ser
dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada.
 O educando é sujeito do processo.
 É preciso que se assumam epistemologicamente
curiosos. A tecnologia favorece a curiosidade
 O bom professor é aquele que consegue trazer o aluno
até a intensidade do seu pensamento.
 Disciplina é resultado da harmonia e do equilíbrio entre
autoridade e autonomia.
3) ENSINAR É UMA ESPECIFICIDADE
HUMANA
3.1) ENSINAR EXIGE SEGURANÇA,
COMPETÊNCIA PROFISSIONAL E
GENEROSIDADE
 levar a sério sua formação para ter força moral para
coordenar as atividades de sua classe.
 não é só a competência científica, mas a capacidade de
ser generoso, sem arrogância.
 desenvolver clima de respeito na aula a partir de
relações justas, sérias, humildes, generosas.
 A disciplina verdadeira nasce do alvoroço dos inquietos,
não do silêncio dos silenciados.
 A autoridade democrática deixa claro que fundamental
na aprendizagem do conteúdo é a construção de
responsabilidade da liberdade que se assume.

 O ensino dos conteúdos implica o testemunho ético do


professor, assim como implica em relacioná-los à
formação ética dos educandos.
3.2) ENSINAR EXIGE
COMPROMETIMENTO
 A maneira de ser ou pensar politicamente do educador
é revelada aos alunos, com facilidade ou relutância.

 A presença do educador é presença, em si, política.


 Por isso, o educador não pode ser sujeito de omissões,
mas sujeito de opções.
 O espaço pedagógico é um texto para ser
constantemente "lido", interpretado, "escrito e reescrito“.
 Importância de gestos aparentemente insignificantes e
do que ocorre no espaço-tempo da escola - há uma
natureza testemunhal e uma pedagogicidade indiscutível
no cotidiano.
 Quanto mais solidariedade entre o educador e o
educando, mais possibilidades de aprendizagem
democrática se abrem na escola.
3.3) ENSINAR EXIGE COMPREENDER
QUE A EDUCAÇÃO É UMA FORMA DE
INTERVENÇÃO NO MUNDO
 A intervenção que a educação promove tanto pode ser a
reprodução da ideologia dominante quanto o seu
desmascaramento.
 A educação é, entretanto, dialética e contraditória, e nem é
sempre reprodução, nem sempre desmascaramento.
 é papel do educador progressista a conscientização.
 Os interesses humanos devem estar acima de quaisquer
outros, e isto deve fazer-nos radicais (Marx).
3.4) ENSINAR EXIGE LIBERDADE E
AUTONOMIA
 Ninguém amadurece, de repente, aos 25 anos. A autonomia
é processo, é vir-a-ser. É decidindo que se aprende a decidir.
 Sem os limites, a liberdade se perverte em licença e a
autoridade em autoritarismo.
 A liberdade sem limite é tão negada quanto à liberdade
asfixiada ou castrada.
 Não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade
sem risco. (...) Decidir é romper, e, para isso, preciso correr o
risco. A autoridade coerentemente democrática jamais se
omite".
3.5) ENSINAR EXIGE TOMADA
CONSCIENTE DE DECISÕES
 O educador não pode pretender que o seu trabalho
possa transformar o país, mas pode demonstrar que é
possível mudar.

 "Lavar as mãos" diante da opressão é reforçar o poder


da opressão, é optar por ele.
3.6) ENSINAR EXIGE SABER ESCUTAR

 Escutando aprendemos a "falar com eles", e não,


impositivamente, falar a eles, embora em alguns
momentos isto seja preciso.
 Verdadeira escuta pressupõe o direito de discordar
 O espaço do educador democrático, que aprendeu a
falar escutando, é cortado pelo silêncio intermitente de
quem, falando, cala para escutar a quem, silencioso e não
silenciado, fala.
 A escola deve trabalhar criticamente a inteligibilidade
das coisas e dos fatos, e sua comunicabilidade.

 O papel do professor progressista, para além dos


conteúdos, é tratar da aprendizagem, levar o aluno a se
constituir em arquiteto de sua própria prática cognoscitiva.
3.7) ENSINAR EXIGE RECONHECER
QUE A EDUCAÇÃO É IDEOLÓGICA
 A ética necessária aos novos tempos (em que o fatalismo
neoliberal funda o seu discurso puramente na ética de mercado,
do lucro) é a ética universal do ser humano, a ética da
solidariedade.
 Uma das grandes transgressões à ética universal do ser
humano às quais enfrentamos é o desemprego que não é uma
fatalidade: atualmente, a nova ordem social globalizada e
tecnológica impõe aos seres humanos em suas sociedades.
 vem faltando o dever de uma ética realmente a serviço do
ser humano
3.8) ENSINAR EXIGE DISPONIBILIDADE
PARA O DIÁLOGO
 É preciso que o educador se abra à realidade dos
alunos, abrindo-se à compreensão da realidade negadora
do seu projeto de gente.

 A televisão, por exemplo, deve nos colocar o problema


da comunicação, um processo impossível de ser neutro.
3.9) ENSINAR EXIGE QUERER BEM AOS
EDUCANDOS
 É preciso descartar a falsa superação radical entre
seriedade docente e afetividade.

 Não que essa afetividade condicione a avaliação, a


expressão de preferências, mas como expressão da
disponibilidade à alegria de viver.
PRÁTICA DE ENSINAR-APRENDER.
EXPERIÊNCIA:
 TOTAL
 DIRETIVA
 POLÍTICA
 IDEOLÓGICA
 GNOSIOLÓGICA
 PEDAGÓGICA
 ESTÉTICA E
 ÉTICA.
POSTURA DO PROFESSOR
 Postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de
assumir diante dos outros, em face do mundo e dos fatos,
ante nós mesmos.
 vigilância constante para evitar simplismos,
facilidades, incoerências grosseiras.
 evitar que a raiva se transforme em raivosidade.
 Viver a humildade que nos faz proclamar o próprio
equívoco.
 Professor "repousado" no saber de que a pedra
fundamental é a curiosidade do ser humano.
 Impossível separar:
 prática de teoria,
 autoridade de liberdade,
 ignorância de saber,
 respeito ao professor e respeito aos alunos,
 ensinar de aprender.
 O melhor discurso sobre o docente é o exercício de
sua prática.
"Quando o homem
compreende a sua realidade,
pode levantar hipóteses sobre
o desafio dessa realidade e
procurar soluções.

Assim, pode
transformá-la e o
seu trabalho pode
criar um mundo próprio, seu
Eu e as suas circunstâncias.”
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

QUESTÕES OBJETIVAS

6
QUESTÃO 1
 (Vunesp, 2013) Para Paulo Freire, o educador democrático não
pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a
capacidade critica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.
Diante disso, uma das tarefas primordiais do professor é
 (A) trabalhar a consciência dos educandos para a importância e o
reconhecimento dos sabores clássicos visando à ascensão social.
 (B) organizar o seu tempo didático para que os educandos tenham
acesso a maior gama possível de conhecimentos de mundo.
 (C) organizar atividades em que os alunos precisam explicitar aos
colegas as estratégias que eles usaram para encontrar as
respostas de um determinado problema.
QUESTÃO 1 (cont.)
 (D) trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que
devem se aproximar dos objetos cognoscíveis.
 (E) criar situações didáticas de compreensão e ação sobre o objeto
ou conteúdo referente ao tratamento da informação.

(D)
QUESTÃO 2
 (Vunesp, 2014) Freire retoma suas reflexões sobre educação como
ação especificamente humana e sua vocação diretiva,
independentemente da direção contemplada na decisão deste ou
daquele educador.
 São reflexões fundadas na natureza inacabada do ser humano e na
compreensão da educação escolar como ação, essencialmente,
 (A) política.
 (8) profissional.
 (C) técnica.
 (D) administrativa.
(A)
 (E) conservadora.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

QUESTÕES DISSERTATIVAS

6
QUESTÃO 1
 Explique os pressupostos filosóficos subjacentes ao “pensar certo”
para Paulo Freire.
QUESTÃO 2
 As escolas brasileiras aplicam Paulo Freire?

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