Art 31-2024

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Scientific Society Journal

ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024


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ARTIGO ORIGINAL

Efeitos da terapia manual no tratamento de portadores de


cefaleia: uma revisão integrativa
Kelly Soares Farias1; Layane Santana Pereira Costa2

Como Citar: Resumo


FARIAS, Kelly Soares; COSTA, Layane
Santana Pereira. Efeitos da terapia manual A cefaleia é caracterizada como a presença de dor em qualquer região
no tratamento de portadores de cefaleia: craniana, facial ou craniofacial. É um dos maiores incômodos em boa
uma revisão integrativa. Revista Sociedade parte da população e é a condição neurológica de maior prevalência na
Científica, vol.7, n. 1, p.509-533, 2024.
https://doi.org/10.61411/rsc202422117 prática médica. São divididas em cefaleias primárias, nas quais a dor de
cabeça é o problema de base e secundárias, que são decorrentes de alguma
DOI: 10.61411/rsc202422117 patologia. Dentre as modalidades terapêuticas, há o tratamento
medicamentoso e o não medicamentoso. Nesta, a terapia manual tem o
Área do conhecimento: Ciências da Saúde objetivo de reduzir a dor por meio da utilização das mãos. Avaliar os
efeitos benéficos das técnicas de terapia manual nas características da dor
Sub-área: Fisioterapia
(intensidade e frequência) e na qualidade de vida dos portadores de
Palavras-chaves: Fisioterapia. Terapia cefaleia primária e secundária. Trata-se de uma revisão integrativa da
Manual. Dor de Cabeça. Cefaleia.. literatura utilizando os descritores “Physical- Therapy- Specialty”,
“Muskuloeskeletal Manipulations” e “Headache” e realizada nas bases
Publicado: 04 de fevereiro de 2024 de dados MEDLINE/ PubMed, SciELO, PEDro, LILACS e Google
Acadêmico. Foram incluídos artigos em inglês e português de ensaios
clínicos randomizados e publicados de 2014 a 2020. Foram excluídos
artigos de pesquisa básica, revisões sistemáticas e fora do tópico
abordado. Foram incluídos 16 estudos com um total de 923 indivíduos
com cefaleia primária e secundária. Dentre os estudos, houve uma grande
variabilidade de técnicas e protocolos de terapia manual encontradas como
por exemplo terapias manipulativas, mobilizações, massagens, técnicas de
tecidos moles, compressão isquêmica. Os resultados mostraram melhora
significativa nos grupos experimentais quanto à diminuição da
intensidade, da frequência da dor e qualidade de vida, não excluindo a
possibilidade de uma melhora, mesmo que menor, nos grupos controles.
Conclui-se que a terapia manual, em suas diferentes vertentes, é uma
excelente abordagem no manejo das características da dor e na melhora da
funcionalidade para os indivíduos com cefaleia. Ademais, torna-se
necessária uma melhor padronização metodológica dos trabalhos nesta
área em decorrência da subjetividade da dor, a fim de evidenciar essas
melhorias de forma mais eficiente e eficaz.

1
Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Brasil - 
2
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1. Introdução
Segundo a International Association for the Study of Pain- IASP (2011), a
cefaleia é a condição neurológica de maior prevalência e está dentre os sintomas
clínicos mais observados na prática médica. Popularmente conhecida como “dor de
cabeça”, a cefaleia é caracterizada como a presença de dor em qualquer região craniana,
facial ou craniofacial, sendo assim um dos maiores incômodos em boa parte da
população1.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) a identifica como a sétima causa
incapacitante e que ocasiona a diminuição da qualidade de vida do indivíduo 2,3. Metade
da população geral tem cefaleia durante um determinado ano e mais de 90% têm
histórico na vida2,3.
Com o intuito de padronizar os manejos de cefaleia a nível global, a Sociedade
Internacional de Dor de Cabeça (HIS), lançou a International Headache Classification
(ICHD), que classifica as cefaleias em primárias, secundárias e neuropatias cranianas
dolorosas/outras cefaleias4.
As cefaleias primárias são aquelas nas quais a dor de cabeça é o problema, não
representando outras patologias de base. Já as secundárias são aquelas cuja dor
representa o sintoma de uma patologia associada e há como exemplos, as cefaleias
associadas às infecções sistêmicas, disfunções endócrinas, intoxicações, meningites,
encefalites, hemorragia cerebral, traumas5.
As cefaleias primárias permanecem com indefinições quanto à causa, podendo
ter mecanismos neuronais, fatores genéticos e ambientais envolvidos. Além disso, suas
consequências são bem definidas, podendo ocasionar incapacidade funcional,
perturbações psicológicas, familiares e laborais, redução da qualidade de vida, de planos
sociais e econômicos6. A cefaleia primária divide-se em quatro grupos: enxaqueca

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(migrânea), cefaleia tipo tensão, cefaleia trigêmeo-autonômicas e cefaleias


heterogêneas4.
A cefaleia do tipo tensão é a mais frequente dentre as primárias, atingindo, ao
longo da vida, aproximadamente 52% de indivíduos7. Apresenta uma prevalência de
38% a 74%, sendo 69% em homens e 88% em mulheres e pode ser subdividida em
episódica e crônica. No geral, caracteriza-se por dor bilateral, constritiva, de intensidade
leve à moderada, não sendo alterada pelas atividades rotineiras e geralmente, sem
sintomas de náuseas ou vômitos associados7.
As cefaleias secundárias são multicausais, sintomáticas, apresentam várias
classificações e são divididas em agudas e subagudas 6. Suas consequências dependem
da patologia de base, que pode ser neurológica ou sistêmica, intra ou extracraniana8.
Uma das cefaleias secundárias mais predominantes é a cervicogênica, que se
enquadra no tópico “cefaleia ou dor facial atribuída a perturbação do crânio, pescoço,
olhos, ouvidos, nariz, seios paranasais, dentes, boca ou outras estruturas craniais e
faciais”4. Tem prevalência de 0,4% até 15% dentre todas as cefaleias e é mais recorrente
no sexo feminino 9,10.
Conforme preconiza a OMS, de acordo com a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que engloba de forma multifatorial as
diversas áreas que compõem os aspectos da vida de um ser humano, a avaliação do
indivíduo deve abranger as interrelações entre as condições de saúde, da estrutura e
função do corpo, da atividade e participação, dos fatores ambientais e pessoais11.
Apesar da maioria das cefaleias serem diagnosticadas clinicamente, é possível
que exames complementares contribuam para achados mais satisfatório na presença de
sinais e sintomas de alerta. Os principais são os exames laboratoriais, radiografias da
coluna cervical, ressonância magnética e tomografia computadorizada12.
Quanto à avaliação da atividade e participação do indivíduo, este aspecto é
complexo, uma vez que engloba o desempenho, capacidade e a qualidade de vida do

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individuo13. Diante disso, é importante o olhar sensibilizado para o complexo processo


saúde-doença.
O tratamento para cefaleia pode ser realizado através de medicamentos como
anti-inflamatórios e analgésicos não-hormonais, receitados por profissionais
capacitados14. Entretanto, apesar da eficácia medicamentosa, alguns efeitos adversos
comuns surgem, como alergias, vômitos, enjoos, diarreia, boca seca, fraqueza muscular,
agitação, cansaço, movimentos involuntários, problemas no fígado15.
Os tratamentos não-farmacológicos têm sido cada vez mais importantes para
obter um bom resultado, tais como os tratamentos fisioterapêuticos. A fisioterapia, com
ênfase e destaque das técnicas de terapia manual, tem sido uma opção muito procurada
e viável de tratamento da cefaleia, considerando a eficácia das terapias e protocolos
utilizados. Já foi comprovado que a fisioterapia pode ser benéfica na diminuição de dias
com cefaleia, intensidade, frequência e duração da dor e na qualidade de vida7.
Assim, este estudo objetiva levantar evidências da literatura disponíveis
relacionadas a essa temática e descrever a eficácia e aplicabilidade de técnicas de
terapia manual unitárias ou combinadas no manejo das características da dor na cefaleia
e na melhora da qualidade de vida dos portadores. O conhecimento sobre esse assunto é
de grande valia, tendo em vista a prevalência desta condição e as repercussões negativas
nas atividades básicas de vida diária, na vida social, laboral, financeira e emocional dos
portadores. Assim, essa revisão trará indicativos sobre os melhores protocolos
utilizados, acrescido do possível mecanismo de ação.

2. Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, nos quais
foram definidos, inicialmente, os descritores consultados no Medical Subject Headings
(MeSH) e no Descritores em Ciências da Saúde (DECs). Os termos definidos através
dos descritores foram “Physical Therapy Specialty”, “Muskuloeskeletal Manipulations”

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e “Headache”, acrescidos dos operados booleanos AND ou OR para formar a estratégia


de busca.
Conseguinte, foram estabelecidos os critérios de elegibilidade, divididos em
critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos artigos nos idiomas inglês e português,
publicados do ano de 2014 ao ano de 2020 e que fossem do tipo de estudo ensaios
clínicos randomizados. Para critérios de exclusão, foram excluídos artigos que não
faziam referência ao tópico abordado, estudos duplicados nas bases de dados e estudos
com resultados metodologicamente inconclusivos.
Em seguida à escolha da estratégia de busca, realizou-se um levantamento de
artigos sobre a temática escolhida nas seguintes base de dados: Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) acessado através do Serviço da
Biblioteca Nacional de Medina dos Estados Unidos para acesso gratuito ao Medline
(PubMed), Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (LILACS), The
Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Phisiotherapy Evidence Database
(PEDro) e Google Acadêmico.
Posteriormente a leitura dos títulos e ainda na fase seletiva dos artigos
satisfatórios, foram analisados os resumos, a qualidade metodológica e os artigos na
íntegra para agregar a revisão. A qualidade metodológica foi avaliada por senso crítico,
analisada de acordo com os métodos de avaliação utilizados e a forma metodológica dos
resultados dos estudos. Com isso, foi realizada a criação de um banco de dados único.
Como método de extração dos dados dos artigos que compõe o estudo, foi
utilizado o software de planilhas Microsoft Office Excel que, através de uma tabela,
incluiu todos os dados importantes para a pesquisa. Foi realizado uma análise descritiva
na qual foram extraídas as características dos participantes (sexo, idade), tipo de cefaleia
e suas variantes (cefaleia do tipo tensional e migrânea, que correspondem as cefaleias
primárias e cefaleia cervicogênica, que corresponde a cefaleia secundária),
características das intervenções e dos protocolos (escalas utilizadas, técnicas aplicadas,

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frequência semanal, duração das sessões, número de intervenções) e foram analisados


os possíveis mecanismos de modulação da dor, repercussão na funcionalidade de acordo
com a CIF, conclusão e viés do estudo.
Como desfecho primário, foram escolhidos os tópicos intensidade da dor, com a
padronização da Escala Visual Analógica (EVA) e frequência das dores de cabeça, que
foi avaliada em dias por semana. Como desfecho secundário foram eleitas as variadas
maneiras de expressão da dor e sua subjetividade e, além disso, o impacto na qualidade
de vida do paciente, apresentando as repercussões não só na funcionalidade, como
também no âmbito social, econômico e emocional do portador, utilizando como critério
avaliativo a CIF.
Quanto à significância dos dados, foi utilizada uma significância estatística de
p≤0,05 para avaliar os resultados de todos os estudos que compuseram essa revisão.
Além disso, foi feita média e desvio padrão das características dos participantes e das
características das intervenções.
.
3. Desenvolvimento e discussão
Foram encontrados 4504 artigos. Após aplicabilidade dos critérios de
elegibilidade, foram escolhidos 38 estudos, como detalhados abaixo (Figura 1).
Dentre os 38 artigos escolhidos, um total de 22 foram excluídos: 11 (50%) foram
duplicatas, resumos ou dissertações e os demais apresentavam probabilidade de viés,
tendo em vista a forma de aplicabilidade da técnica e/ou a discrepância de tratamento ou
protocolo aplicado no grupo controle.

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Assim, foram analisados 16 estudos com um total de 923 participantes (média ±


DP; 57,69 ± 34,01), onde 594 eram do sexo feminino e 122 do sexo masculino. A idade
dos participantes variou de 18 anos até 80 anos (Tabela 1). Os tipos de cefaleia foram as
primárias (75%) e a secundárias (25%). Oito estudos aplicaram intervenções de terapia
manual para o tratamento da cefaleia do tipo tensional (49%), três para cefaleia do tipo
migrânea ou enxaqueca (19%), quatro para cefaleia do tipo cervicogênica (25%) e um
incluiu tanto a cefaleia do tipo tensional, quanto a do tipo migrânea (7%).

TABELA 1- CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES


Tipo de
Autor, ano Amostra Idade (anos) SEXO
Cefaleia
F (7)
MENDES et al., 2014 8 18 a 50 Primária
M (1)
F (62)
ESPI-LOPEZ et al., 2014 76 39,9 ± 10,9 Primária
M (14)
F (55)
CHATCHAWAN et al., 2014 72 20 a 50 Primária
M (17)
F (28)
MORASKA et al., 2015 56 18 a 59 anos Primária
M (28)
GE: 34,1 ±12,6 F (55)
DUNNING et al., 2016 110 Secundária
GC: 36,4 ±10,0 M (55)
F (50)
BEVILAQUA-GROSSI et al., 2016 50 18 a 55 Primária
M (0)
F (82)
ESPÍ-LÓPEZ et al., 2016 102 38,9 ± 10,9 Primária
M (23)
F (78)
FERRAGUT-GARCÍAS et al., 2016 97 39,7 ± 11,5 Primária
M (19)
GE:41,0 ± 11,3
F (83)
CHAIBI et al., 2016 97 GP: 39,6 ± 9,8 Primária
M (14)
GC: 38,7 ± 11,1
GE: 36,0 ± 12,8
F (8)
CHAIBI et al., 2017 12 GP: 49,8 ± 12,3 Secundária
M (4)
GC: 48,0 ± 9,8
F (19)
JAFARI et al., 2017 19 37,11 ± 12,25 Secundária
M (0)

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F (62)
MALO-URRIÉS et al., 2017 82 18 a 80 Secundária
M (20)
ARNADOTTIR e SIGURDARDOTTIR, F 1(8)
20 37,6 ± 9,3 Primária
2017 M (2)

GE: 54.8 ± 14.7 F (22)


GEORGOUDIS et al., 2017 44 Primária
GC: 43.0 ± 6.5 M (22)

F (35)
TEIXEIRA e RUARO, 2018 38 18 a 30 Primária
M (3)

GE: 33,70 ± 9,94 F (35)


KAMALI et al., 2018 40 Primária
GC: 37,45 ±12,57 M (5)

Legenda: GE: Grupo Experimental. GC: Grupo Controle. GP: Grupo Placebo. F: Feminino. M: Masculino

As características dos indivíduos aqui expostos estão de acordo com o que está
na literatura 9,12,31: são portadores de cefaleia primárias ou secundárias, com idades
variadas, o que evidencia a hipótese que não há um mínimo ou máximo para apresentar
essa afecção. Além disso, nota-se a predominância do sexo feminino entre os
portadores, que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia 7, pode estar
diretamente relacionado com fatores hormonais, tensionais e emocionais.
Como parâmetro avaliativo das cefaleias, os autores utilizaram instrumentos
quantitativos e qualitativos para mensuração dos desfechos primário e secundário da
terapia manual. Para monitoramento das crises de cefaleia, cinco dos 16 estudos
(31,2%) utilizaram o diário de cefaleia16-20. Neste, os pacientes especificavam a
intensidade, a duração, a localização e o horário em que as dores iniciaram e o quadro
sintomatológico que acompanhava.
Quanto à intensidade da dor, nove estudos16, 17, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 utilizaram a
Escala Visual Analógica (EVA) que consiste em uma escala com 10 escores que são
analisados visualmente pelo paciente para indicar, de forma subjetiva, a intensidade da
dor, sendo 0 muito leve, 5 moderada e 10 muito intensa.

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Para avaliar o impacto da dor de cabeça no dia a dia, quatro estudos 16, 22, 27, 28

aplicaram o Inventário de Incapacidade para dor de cabeça. O questionário possui 25


itens que analisam os aspectos funcionais e emocionais do indivíduo 29. Adicionalmente,
com este mesmo objetivo, três estudos 16, 17,30 utilizaram o Teste de impacto da dor de
cabeça, que consiste em seis itens que avaliam gravidade da dor, questões no trabalho,
nas atividades sociais e emocionais31.
Em especial para a migrânea, dois estudos25, 32 utilizaram o questionário
Migraine Disability Assessment (MIDAS), que identifica os diversos graus de
incapacidades que podem ser ocasionados pela migrânea33. Outros dois estudos 32, 34

avaliaram o Índice de Incapacidade Relacionada ao Pescoço, que avalia como a dor no


pescoço pode interferir nos hábitos diários. Consiste em dez perguntas que vão desde a
intensidade da dor, às atividades básicas de vida diária35.36.
As principais técnicas de terapia manual foram assim distribuídas: 37,5%
terapias manipulativas, 18,75% massagens, 18,75% liberação miofascial,12,5%
mobilizações e 6,25% mobilização neural, compressão isquêmica de pontos gatilhos e
6,25% acupuntura associada a alongamentos (Tabela 2).

Tabela 2 – Características das intervenções


inter- Freq Dur
Autor, ano Grupo Experimental Grupo Controle
vençÕES (sem) (min)
Alongamentos
Massagem Clássica no passivos no mm
MENDES et al., 2014 mm da região cervical escalenos, elevador 10 2 15
da escápula, ECOM
e trapézio superior
Inibição suboccipital
dos tecidos moles,
Descanso em
ESPÍ-LOPEZ et al., manipulação occipital-
decúbito dorsal por 4 1 5
2014 atlas-eixo e
10 minutos
combinação das
técnicas
Massagem tradicional
CHATCHAWAN et tailandesa e
Ultrassom falso 9 3 30
al., 2014 alongamentos na
cabeça e cervicais
MORASKA et al., Liberação miofascial Ultrassom falso 12 2 45
2015 nas costas, ombros,

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peito e pescoço; de
ponto gatilho nos mm
trapézio superior,
suboccipitais e ECOM;
relaxamento pós-
isométrico, fricção
circular nos mm
masseter, temporal e
occipital-frontal,
efleuragem e
petrissage suaves no
pescoço e ombros
Manipulações
Mobilizações nas
articulares bilaterais de
mesmas
DUNNING et al., 2016 C1-2 e T1-2, C0-1, 7 2 x
localizações que GE
C2-3, C3-7, T2-9,
e exercícios ativo.
costelas 1 a 9
Respiração
diafragmática;
mobilização e tração
cervical, liberação Sem intervenção
BEVILAQUA- miofascial e dos manual, apenas
8 2 50
GROSSI et al., 2016 pontos gatilho do mm medicamentosa.
crânio-cervicais, e
alongamentos dos mm
do pescoço, massagem
terapêutica
Manipulação do eixo
ESPÍ-LÓPEZ et al., Massagem
occipital-atlas-eixo e 4 1 20
2016 superficial
massagem superficial
Técnicas de tecidos
FERRAGUT-
moles em cinco mm da Massagem
GARCÍAS et al., 6 1,5 15
região cervical e superficial
(2016)
mobilização neural
Terapia manipulativa
Manipulação
CHAIBI et al., 2016 espinhal quiropraxia, o 12 1 15
simulada
método Gonstead
Manipulação
Terapia manipulativa
simulada na
CHAIBI et al., 2017 espinhal quiropraxia, o 12 1
escápula e / ou
método Gonstead.
região glútea
Compressão isquêmica Sem intervenção
JAFARI et al., (2017) 4 4 5
de pontos gatilhos manual
Sem intervenção
MALO-URRIÉS et Mobilização da coluna manual: descanso
1 1 30
al., 2017 cervical superior em decúbito dorsal
por 30 minutos
ARNADOTTIR e
Terapia crâniossacral Sem intervenção
SIGURDARDOTTIR, 6 2
de Upledger manual
2017

GEORGOUDIS el al., Acupuntura e Diatermia por meio 10 2,5 25


2017 alongamentos de micro-ondas e
liberação miofascial

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Sem intervenção
TEIXEIRA e RUARO, manual,
Técnica de Jones 10 2 1,5
2018 responderam a um
questionário
Massagem e fricção Agulhamento a seco
KAMALI et al., 2018 3 1 X
em pontos gatilhos nos pontos gatilhos
Legenda: FREQ: Frequência. DUR: Duração. ECOM: esternocleidomastóideo. MM: músculos

.
Alguns autores aplicaram as técnicas de terapia manual nos grupos experimental
e controle30, no qual foi utilizada a terapia craniossacral de Upledger. Nesta abordagem,
as seguintes partes do corpo foram tratadas: a região pélvica e diafragmática, entrada da
cavidade torácica superior, músculos ao redor do osso hioide e os músculos superiores
na parte posterior do pescoço. O que distinguiu os grupos foi a sequência das semanas
de sessão do tratamento.
No estudo de Georgoudis (2017), por sua vez, foram utilizados dois protocolos.
O primeiro envolvia acupuntura biomédica e alongamentos (GE) e o segundo envolvia
técnica de liberação miofascial associado a diatermia por meio de micro-ondas (GC). As
agulhas foram inseridas nos pontos referentes a dor de cabeça, onde permaneceram por
20 minutos, com estimulação manual a cada 5 minutos. O protocolo de alongamento
seguiu a acupuntura. Já o grupo controle recebeu a diatermia por meio da termoterapia
profunda na sétima vértebra cervical. Em seguida, recebiam um protocolo de liberação
miofascial de 15 minutos, composto por manipulação do tecido mole e técnicas de
liberação do ponto de gatilho, nos músculos occipital, suboccipital, temporal,
esternocleidomastóideo, masseter e frontal.
A técnica utilizada no estudo de Teixeira e Ruaro (2018) foi a técnica de Jones,
na qual os indivíduos do GE permaneciam deitados em decúbito dorsal. Por meio de
palpação, o ponto de tensão foi localizado e a posição de conforto e alívio da dor, de
forma passiva, foram encontradas e mantidas. A partir disso, foi aplicada uma pressão
constante, porém leve sobre o ponto doloroso por 90 segundos, após este período, a
articulação foi reconduzida passivamente à posição inicial.

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Os autores que utilizaram técnicas de massagem, de tecidos moles, compressão


isquêmicas e acupuntura explicaram que os possíveis mecanismos que modularam a
intensidade da dor foram a diminuição das tensões musculares, melhora na circulação
sanguínea e promoção de uma melhor oxigenação muscular, liberação hormonal,
excreção de metabólitos e ativação de mecanismos centrais da analgesia. Nesse mesmo
aspecto, os autores que utilizaram de terapias manipulativas, apresentaram como
possíveis mecanismos a estimulação de sistemas inibitórios neurais em diferentes níveis
da medula espinhal, o que sugere que as várias técnicas podem influir positivamente na
melhora da intensidade da dor.
Para desfechos primários, foram selecionados os resultados das técnicas de
terapia manual sobre a intensidade e frequência da dor.
De acordo com o exposto na tabela 3, observa-se que houve uma melhora
significativa no GE quanto à diminuição da intensidade da dor após a terapia manual,
principalmente quando comparados com o GC 17,20,22,23.
.
TABELA 3 – Intensidade da dor
TÉCNICAS
EVA EVA
Autor, ano APLICADAS Grupo VALOR DE p
Antes Depois
experimental
Massagem Clássica
GE: 3,65±1,11 GE: 0,75 ±0,59
MENDES et al., 2014 no mm cervicais --
GC 3,15 ±1,68 GC 0,55 ±0,31

Massagem tradicional
CHATCHAWAN et al., GE: 5.54±2,16 GE 1,66 ± 2
tailandesa e p <0,05
2014 GC:4,66 ±2,40 GC: 2,60 ± 2,3
alongamento

GE: 2,63
Massagem miofascial GE:3,14 ±2,69
±2,50; GP:
MORASKA et al., 2015 focada em pontos- GP:3,33 ±2,52 p = 0,49
3,08 ± 2,34
gatilho GC:3,12± 2,46
GC: 2,78±2,28

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GMob 2,8 ±
GMob 4,4 ±1,1
Técnicas de tecidos 1,0 GMas:
GMas:5,7±0,8
FERRAGUT-GARCÍAS moles em cinco mm 4,0 ±1,0
GAmbos: 5,1 ± p <0,001
et al., 2016 da região cervical e GAmbos: 2,9
1,0
mobilização neural ± 1,0
GC 5,6 ± 1,1
GC: 5,4 ± 1,2

Terapia manipulativa GE: 6,6 ± 2,5 GE: 4,3


CHAIBI et al., 2016 espinhal quiropraxia, GP: 4,3 ± 1,7 GP: 4,4 --
o método Gonstead GC: 6,3 ± 1,6 GC: 5,9

Terapia manipulativa GE 5,7 ± 1,7 GE: 4,7 ± 2,8 p = 0,27 (GE x


CHAIBI et al., 2017 espinhal quiropraxia, GP: 6,1 ± 1,7 GP:5,0 ± 3,0 GP) e p= 0,26
o método Gonstead GC: 5,6 ± 2,0 GC: 5,7 ± 2,5 (GE x GC)

Compressão
GE 6,23±1,30 GE: 3,85±1,95
JAFARI et al., 2017 isquêmica do mm p = 0,002
GC:5,81±1,67 GC - 5,95±1,74
ECOM

GEORGOUDIS et al., Acupuntura e GE: 7,8 ± 1,8 GE: 4,0


p <0,001
2017 alongamentos GC: 6,5 ± 2,5 GC: 4,0

Massagem com
GE: 9,5 GE: 4,22 ±3,51
KAMALI et al., 2018 fricção em pontos p= 0.40
GC: 8 GC: 3,0 ± 2,31
gatilho

Legenda: EVA: Escala Visual Analógica. ECOM: esternocleidomastóideo. MM: músculos

.
Dez estudos mencionaram a frequência como desfecho 16,17,18,19, 22, 23, 26, 27, 28, 32.

Nestes trabalhos, houve diminuição da frequência da dor com predominância no grupo


experimental quando comparado ao grupo controle e alguns estudos 19, o grupo placebo
também apresentou redução da frequência (Tabela 4)

Tabela 4- Frequência da dor

TÉCNICAS FREQ. SEMANAL VALOR DE


Autor, ano FREQ. semanal antes
APLICADAS depois p

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Inibição
suboccipital dos
tecidos moles, GE1(SI):2,63±0,59 GE1(SI):2,47±0,61
ESPI-LOPEZ et al., manipulação GE2(OAA):2,42±0,62 GE2(OAA):2,05 ±0,7
p <0,05
2014 occipital-atlas- GEAmbos:2,32 ±0,47 GEAmbos:2,32±0,47
eixo e GC 2,63± 0,59 GC 2,63± 0,59
combinação das
técnicas
Massagem
CHATCHAWAN et tradicional GE:3,16 GE:3,07
p= 0.219
al., 2014 tailandesa e GC: 3,86 GC: 2,91
alongamento

Massagem
GE: 3,72 ± 0,23 GE:3,38±0,31
MORASKA et al., miofascial
GP: 3,81 ± 0,21 GP:3,21±0,29 p= 0,026
2015 focada em
GC: 3,69 ±0,21 GC:3,54 ±0,29
pontos-gatilho

Respiração
diafragmática;
mobilização e
tração cervical,
liberação
BEVILAQUA- miofascial e dos GE:4 GE:2,9
p> 0,05
GROSSI et al., 2016 pontos gatilho e GC: 4,5 GC:3,65
alongamentos
passivos do mm
do pescoço,
massagem
terapêutica
Manipulação do
eixo occipital-
ESPÍ-LÓPEZ et al., GE:2,55±0,54 GE:2,25±0,63
atlas-eixo (OAA) p <0,05
2016 GC: 2.65±0.56 GC: 2.47±0.61
e massagem
superficial

Técnicas de
GMob: 4,3 ± 1,15 GMob 2,35 ± 0,85
FERRAGUT- tecidos moles em
GMas: 3,95 ± 1.35 GMas: 2,1 ± 0,85
GARCÍAS et al., mm cervicais e p <0,001
GAmbos: 4.0 ± 1,3 GAmbos: 1,75 ± 0,85
2016 mobilização
GC: 3,6± 1.35 GC: 3,35 ± 1,25
neural
Terapia
manipulativa GE: 5,0 ±3,0 GE:3,5
CHAIBI et al., 2016 espinhal GP 5,7 ±3,75 GP:3,625
--
quiropraxia, o GC: 4,75 ±2,1 GC: 4,75
método Gonstead

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Terapia
manipulativa GE: 6,5±3,3 GE: 3,9 ± 3,1
CHAIBI et al., 2017 espinhal GP: 8,3±5,6 GP: 4,1 ± 5,7 p <0,001
quiropraxia, o GC: 7,8 ± 6,0 GC: 6,1 ± 5,9
método Gonstead

Compressão
GE 2,44±0,765 GE: 1,33±0,9
JAFARI et al., 2017 isquêmica do p= 0,005
GC: 2,7±1,18 GC- 2,65±0,65
mm ECOM

Massagem e
GE: 7 GE: 2,85 ±2,56
KAMALI et al., 2018 fricção em p=0,70
GC: 5 GC: 1,95±2,08
pontos gatilhos
Legenda: FREQ: Frequência. ECOM: esternocleidomastóideo. MM: músculos
.

Em relação às características dos protocolos utilizados houve uma variabilidade


nos parâmetros da frequência, duração, número de intervenções e, até mesmo,
acompanhamento pós-tratamento, porém, não descaracterizou a confiabilidade das
técnicas que foram aplicadas, bem como a forma de aplicabilidade de cada uma, tendo
em vista os resultados encontrados (Tabela 2).
Uma vez que esta revisão englobou tanto a cefaleia primária como a secundária,
é pertinente discutir as técnicas de terapia manual que obtiveram melhores respostas de
acordo com esta classificação. Analisando os desfechos primários, algumas técnicas
obtiveram resultados positivos no tratamento de cefaleias primárias. No que concerne à
intensidade da dor, as melhores técnicas foram a de tecidos moles associada à
mobilização neural17 e a acupuntura associada aos alongamentos 20. Quanto à redução da
frequência da dor, a técnica de tecidos moles associada à mobilização neural 17 e a
terapia manipulativa de quiropraxia18 foram as mais indicadas. Quanto às cefaleias
secundárias, as melhores técnicas foram a de compressão isquêmica do ECOM 23 para
redução da intensidade e da frequência da dor.
De acordo com o modelo biopsicossocial em saúde, a dor em seu caráter
subjetivo, pode afetar a integridade física do corpo e alterar a sua homeostase,
influenciando diretamente na vida do portador e assim, gerando consequência sociais,
ambientais, econômicos e emocionais11.

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Destacamos como desfecho secundário, o impacto causado pelo quadro álgico na


vida pessoal, social, econômica e emocional dos indivíduos, utilizando para isto, as
escalas MIDAS, HIT-6, HDI, Questionário de dor de Mcgill, Neck Disability Index
(NDI), diário de cefaleia e ainda a avaliação funcional estabelecida pela CIF.
Entretanto, até os estudos que não utilizaram de escalas, apresentaram resultados
positivos nesse quesito, pois quando se trata de dor, qualquer aspecto que possa ser
melhorado, mesmo diante da subjetividade, influi direta e indiretamente na qualidade de
vida do indivíduo.
Os dezesseis trabalhos exibiram melhorias na dor. No que diz respeito às funções
corporais, houve melhora nas funções musculares, funções das articulações e dos ossos
o que já repercute em melhores desempenhos funcionais. No que concerne à atividade e
participação, houve melhora na mobilidade, na mudança e na manutenção da posição do
corpo, no andar e no deslocamento o que já acarreta impacto positivo na atividade e
participação do indivíduo. Analisando o contexto emocional e social, houve melhoria
nas funções emocionais, interações e relacionamentos interpessoais, vida comunitária,
social e cívica, funções mentais globais, funções mentais específicas, autocuidados e
vida doméstica. Por fim, melhoria na parte econômica, incluindo o retorno ao trabalho e
emprego e atividades remuneradas.
Com relação direta a todas essas melhorias na condição de saúde do sujeito e
com intuito de finalizar esse desfecho secundário, a qualidade de vida foi o ponto
crucial como resultado das intervenções com a terapia manual. A melhora de qualquer
aspecto relacionado ao sofrimento ocasionado pela dor auxilia, direta e indiretamente,
na melhora dos aspectos de vida do paciente, ou seja, ele fica mais relaxado, sociável,
mais cuidadoso consigo mesmo, se amando, se respeitando mais, mais consciente das
atividades básicas e instrumentais de vida diária, mais habilidoso no trabalho, mais
rentável e mais participativo em todas as atividades.

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Ao avaliar o impacto da dor sobre a saúde biopsicossocial do portador, as


perguntas que podem ser elaboradas são as mais variadas possíveis. Por exemplo, na
escala MIDAS, há a avaliação do impacto da dor sobre um período de três meses e
abrange questões sobre perdas e/ou diminuição da qualidade de atividade laborais, de
lazer e diárias. Com isso, o score final quantificava o impacto nessas questões do dia a
dia do sujeito37. A HIT-6 e a NDI, assim como a MIDAS, também utiliza perguntas que
caracterizam a intensidade da dor e a repercussão nos hábitos diários, utilizando um
score para analisar o quão acometedor é este quadro álgico na vida do indivíduo 38.
Foram utilizados outros instrumentos de avaliação próprios do estudo com perguntas
pessoais e subjetivas sobre a dor e como o indivíduo reage a ela em seus hábitos diários,
incluindo o grau de severidade e a reprodução na funcionalidade dos portadores.
A incapacidade funcional é a diminuição do funcionamento corporal, tendo
repercussões diretas na saúde do indivíduo, incluindo o bem-estar físico e mental dos
pacientes39. Toda dor, em consequência da cefaleia, ocasiona um grau de incapacidade
no paciente, que pode ser leve, moderada ou intensa, o que nos mostra a complexidade
do que é lidar com as atividades rotineiras diante de um quadro álgico ativo.
Corroborando com essa revisão, um estudo analisou a qualidade de vida dos
portadores de cefaleia antes e depois a aplicabilidade das técnicas de terapia manual.
Neste, constaram melhorias significativas na diminuição da dor e nas limitações por
aspectos físicos ou gerais, questões emocionais e qualidade de vida dos indivíduos
submetidos a massagem e pompagem cervical40.
Os resultados positivos na vida do indivíduo comprovam que não há uma
fórmula específica para a melhora dessa afecção, porém, o olhar multiprofissional e
humanizado para cada paciente, respeitando a sua individualidade, torna o tratamento
positivo para melhora do quadro. Além disso, temos em mãos a CIF, que é um
instrumento de classificação que propõe pontos a serem avaliados no contexto
biopsicossocial, altamente precioso para esses pacientes11.

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Portanto, em resumo, os autores dos trabalhos aqui expostos buscaram, por meio
das técnicas de terapia manual, a melhoria clínica e funcional do indivíduo, seja nas
características próprias da cefaleia: diminuição da frequência e intensidade, da dor, seja
por repercussões da dor no dia a dia do indivíduo: desempenho social, laboral,
domiciliar, pessoal, entre outros.
.
4. Considerações finais
Foi possível observar que as técnicas de terapia manual, na mais variadas formas
e protocolos de execução, mostraram bons resultados no que diz respeito a melhoria
clínica e funcional do indivíduo, seja nas características próprias da cefaleia: diminuição
da frequência e da intensidade da dor, seja nas repercussões da dor no dia a dia:
desempenho social, laboral, domiciliar, pessoal.
Por fim, foi possível denotar a relevância de estudos nessa área, tendo em vista a
complexidade da patologia e tudo o que a envolve, bem como, a ideia de sugerir estudos
que mostrem o atendimento multiprofissional, pois obteriam melhorias significativas no
bem-estar dos indivíduos.
.
5. Declaração de direitos
O(s)/A(s) autor(s)/autora(s) declara(m) ser detentores dos direitos autorais da presente obra, que o artigo
não foi publicado anteriormente e que não está sendo considerado por outra(o) Revista/Journal. Declara(m) que as
imagens e textos publicados são de responsabilidade do(s) autor(s), e não possuem direitos autorais reservados à
terceiros. Textos e/ou imagens de terceiros são devidamente citados ou devidamente autorizados com concessão de
direitos para publicação quando necessário. Declara(m) respeitar os direitos de terceiros e de Instituições públicas e
privadas. Declara(m) não cometer plágio ou auto plágio e não ter considerado/gerado conteúdos falsos e que a obra é
original e de responsabilidade dos autores.
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ISSN: 2595-8402
Journal DOI: 10.61411/rsc31879

REVISTA SOCIEDADE CIENTÍFICA, VOLUME 7, NÚMERO 1, ANO 2024


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40. Bastos, A. F. C; Melo, L. G; Rezende, A. A. B; Herrera, S. D. S. C; Ueda, T. K.


Intervenção fisioterapêutica na melhoria da qualidade de vida de paciente portador de
cefaleia do tipo tensional crônica. Revista Amazônia, Rio de Janeiro, p. 25-31, 2013.

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