Tecnologias Sociais Nas Bibliotecas

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AtoZ ISSN: 2237-826X

novas práticas em informação e conhecimento ARTIGO | PAPER

Tecnologias sociais nas bibliotecas: o entendimento dos


bibliotecários do Sul do Brasil quanto ao tema
Social technologies in libraries: the understanding of librarians in southern Brazil on the subject
Edinei Antônio Moreno1 , Nei Antonio Nunes2
1 Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Palhoça, Santa Catarina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2211-0481
2 Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Palhoça, Santa Catarina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2744-9206

Autor para correspondência/Mail to: Edinei Antônio Moreno, [email protected]

Recebido/Submitted: 14 de fevereiro de 2022; Aceito/Approved: 06 de outubro de 2022


Copyright c 2022 Moreno & Nunes. Todo o conteúdo da Revista (incluindo-se instruções, política editorial e modelos) está sob uma licença Creative Commons
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Resumo
Introdução: o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem contribuído com o desenvolvimento social e econômico e, assim,
com a disseminação de informações, a aproximação de culturas diversas, a ampliação das redes comerciais, etc. Em face ao exposto, o objetivo
deste estudo consiste em investigar qual o entendimento que os bibliotecários de uma Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil possuem
com relação às Tecnologias Sociais e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional inclusiva. Método: a pesquisa é caracterizada como
uma abordagem exploratória e descritiva, desenvolvida com o método de investigação denominado Estudo de Caso. Este método possui
caráter qualitativo e se utilizou de três técnicas para coleta de dados e triangulação de análise: 1) Revisão de literatura – pesquisa em artigos
científicos de autores brasileiros publicados entre os anos de 2016 e 2020; 2) Pesquisa documental – considerou exemplos publicados em sites
institucionais (Fundações, Organizações e outros); 3) Aplicação de questionário semiestruturado aos bibliotecários da Instituição Pública
de Ensino do Sul do Brasil. Resultados: os resultados demonstraram evidências, diante dos dados analisados, de que, em grande parte dos
bibliotecários, o entendimento da descrição, características e uso das Tecnologias Sociais no ambiente das bibliotecas ainda permanecem
pouco conhecidos e/ou fragmentados. Conclusão: como principal contribuição teórico-prática do estudo, ratifica-se o valor do debate entre
os bibliotecários, mas também entre outros atores do campo da educação, como gestores, docentes e discentes, sobre uma maior inserção
das Tecnologias Sociais – como técnicas, saberes, metodologias, práticas e instrumentos geradores de educação inclusiva – no ambiente das
bibliotecas.
Palavras-chave: Tecnologias Sociais (TS); Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC); Bibliotecas - Instituição Pública de Ensino.

Abstract
Introduction: the advancement of Information and Communication Technologies (ICT) has contributed to social and economic development and, thus, to
the dissemination of information, bringing different cultures closer together, expanding commercial networks, etc. Considering the above, the aim of this
study is to investigate what is the understanding that librarians of a Public Education Institution in southern Brazil have regarding Social Technologies and
their usability in libraries as an inclusive educational tool. Method: the research is characterized as an exploratory and descriptive approach, developed
with the investigation method called Case Study. This method has a qualitative character and uses three techniques for data collection and analysis
triangulation: 1) Literature review – research on scientific articles by Brazilian authors published between 2016 and 2020; 2) Documentary research –
considered examples published on institutional websites (Foundations, Organizations, and others); 3) Application of a semi-structured questionnaire to
librarians of the Southern Brazil Public Education Institution. Results: the results showed evidence, given the analyzed data, that, in most librarians, the
understanding of the description, characteristics and usability of Social Technologies in the library environment remained little known and/or fragmented.
Conclusions: as the main theoretical-practical contribution of the study, the value of the debate among librarians, but also among other actors in the
field of education, such as managers, teachers, and students, about a greater insertion of Social Technologies - as techniques, is ratified. knowledge,
methodologies, practices, and instruments that generate inclusive education – in the library environment.
Keywords: Social Technologies (TS); Information and Communication Technologies (ICT); Libraries - Public Education Institution.

INTRODUÇÃO
Na era da informação em tempo real, digital e acessível, a sociedade percebe que a velocidade dos processos e do
fluxo informacional não depende mais da força humana, animal ou motriz, em geral, a maioria dos processos são
gerenciados pelas tecnologias. A percepção da questão tempo e espaço também não é a mesma, podemos ir e vir
de um lado a outro do mundo com apenas “cliques”. Pela primeira vez, “a ideia de uma Terra sem fronteiras não
aparece como a aplicação de um princípio abstrato ou como um devaneio utópico, mas como o prolongamento
realista de uma tendência que cada um pode observar” (Lévy, 2001, p. 36). Com a chegada e expansão da
internet, foi possível diminuir a dimensão de tempo e espaço e proporcionar o acesso às informações que são
realmente relevantes ao ser humano sem sair de casa.
Frente a esse cenário, compreende-se que as bibliotecas, por intermédio de seus profissionais, tornam-se equipa-
mentos mediadores entre os usuários – a informação e o conhecimento – e a educação. Por sua vez, as bibliotecas,
na maioria das comunidades, são os únicos meios das pessoas acessarem informações, melhorar sua educação,
adquirir novas habilidades, tomar decisões com base na informação e obter a compreensão de questões que

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são pertinentes à vida. Ao longo dos anos, com o surgimento das inovações das tecnologias de informação
e comunicação, as bibliotecas vêm procurando inovar seus produtos e serviços com a inserção de tecnologias
para o atendimento das demandas pedagógicas e a aproximação dos usuários com a biblioteca. Como fonte de
informação e conhecimento, as bibliotecas não podem deixar de oportunizar a seus usuários, produtos e serviços
diferenciados que atraiam o interesse e proporcionem a inclusão e o desenvolvimento social por meio da educação.
Para se aproximar deste objetivo, só será possível se a forma de produzir alternativas tecnológicas não estiver
centrada somente nas tecnologias convencionais hoje disponíveis para as bibliotecas. Assim sendo, surge desta
questão a possibilidade de utilização, por parte das bibliotecas, das Tecnologias Sociais (TS) como meio de
interação ao conhecimento do senso comum com o técnico-científico, ou seja, as tecnologias sociais proporcionam
uma perspectiva para a inclusão e o desenvolvimento social. As Tecnologias Sociais são “um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela,
que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (Instituto de Tecnologia Social,
2004, p. 26).
Caracteriza-se este artigo como uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida
como um estudo de caso em que propõe descrever a investigação realizada nas bibliotecas de uma Instituição
Pública de Ensino do Sul do Brasil. Esta Instituição de Ensino conta com unidades espalhadas pelo Estado
de Santa Catarina e, atualmente, são 32 bibliotecários voltados às atividades de suporte informacional da
Instituição e no atendimento dos usuários. Em decorrência do exposto, este estudo tem como questão orientadora
investigar o conhecimento dos bibliotecários sobre o conceito e a utilização das Tecnologias Sociais no ambiente
das bibliotecas. O objetivo geral consiste em investigar o entendimento dos bibliotecários da Instituição Pública
de Ensino referida em relação às Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional
e inclusiva. Para atingir esse objetivo, tem-se os seguintes objetivos específicos: a) verificar se os bibliotecários
possuem o conhecimento do conceito de Tecnologia Social; b) apontar os saberes dos bibliotecários quanto às
características da TS; c) levantar exemplos já utilizados, ou uso potencial, de TS nas bibliotecas. A realização
desta pesquisa justificou-se, primeiro, pelo valor científico das experiências dos bibliotecários quanto às TS no
ambiente das bibliotecas e segundo, pela importância de disseminar alternativas que permitam promover a
inclusão e o desenvolvimento social pelo caminho da educação.

O AVANÇO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)


O desenvolvimento social e econômico, a disseminação de informações, a aproximação de culturas diversas, as
facilidades de comunicação e a ampliação das redes comerciais se entende como aspectos positivos do avanço das
tecnologias da informação e comunicação; o desenvolvimento das tecnologias melhora a economia e a qualidade de
vida das pessoas. Os efeitos positivos, a longo prazo, das novas tecnologias industriais no crescimento econômico,
na qualidade de vida e na conquista humana da natureza hostil (refletidos no aumento impressionante da
expectativa de vida, que não tivera uma melhoria constante antes do século XVIII) são indiscutíveis nos registros
históricos. (Castells, 1999).
As tecnologias possibilitam, aos que dela fazem uso, melhor qualidade de vida, mais conforto e maior segurança.
No entanto, aqueles que não dispõem de acesso direto às tecnologias indiretamente também são beneficiados
por elas. Os dados históricos sociais indicam que quanto mais próxima for a relação entre os locais de inovação,
produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida será a transformação das sociedades e o retorno positivo
das condições sociais sobre as condições gerais para favorecer futuras inovações (Castells, 1999).
Reforçando a ideia de que as tecnologias melhoram a qualidade de vida das pessoas e, com a inserção da
informática e a automação, o trabalho pesado, de difícil execução, tende a ser substituído pelas atividades
automatizáveis; a criatividade, a iniciativa, a coordenação e a relação (Lévy, 2001). A economia é um dos setores
sociais que está fortemente baseado em tecnologias e em inovação, “modernizar a sociedade significa se integrar
no mercado mundial, apostando na ciência e no progresso técnico” (Callon, 2004, p. 64). Apostar na ciência e no
progresso técnico significa aceitar e participar efetivamente do novo modo de desenvolvimento industrial em que
“a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento de informação e
de comunicação de símbolos” (Castells, 1999, p. 53).
Com as inovações tecnológicas, principalmente com a popularização crescente da internet, as formas de comuni-
cação e de acesso as informações estão cada vez mais facilitadas. A “internet propõe um espaço de comunicação
inclusivo, transparente e universal, que dá margem à renovação profunda das condições de vida pública no
sentido de uma liberdade e de uma responsabilidade maior dos cidadãos” (Lévy, 2005, p. 367). A internet é sem
dúvida, uma das mais extraordinárias ferramentas de informação e comunicação criada pelo homem. Com uma
única ferramenta, a comunicação pode ocorrer na forma estática (por e-mail, Whatsapp, Facebook, etc.) ou
interativa (por videoconferência, videochamada, etc.). As possibilidades de acesso às informações na rede são
imensuráveis e, através da internet, é possível obter informações sobre todas as categorias de assuntos imagináveis.
A diversidade cultural, mais do que nunca, pode ser experimentada, conhecida e apreciada. O acesso à rede
possibilita que o internauta conheça, mesmo que no ambiente virtual, todas, ou a grande maioria, das culturas e

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permite a compreensão de diferentes universos e comportamentos, possibilitando exercer a democracia, o respeito,


a aceitação e a tolerância.
As tecnologias também estão transformando o setor da educação, além de ser uma rica ferramenta de acesso
às informações e ao conhecimento, possibilita novas modalidades de ensino. Podemos citar como exemplo, a
modalidade de ensino a distância (EaD), importante modalidade de estender e levar a educação a lugares de
difícil acesso, ou ainda, a cidades que não possuem centro universitários. Arieira, Días-Arieira, Fusco, Sacomano,
e Bettega (2009, p. 322) destacam que o “EaD tem como um dos principais aspectos positivos a eliminação das
barreiras imposta pela distância física”, permitindo que alunos e professores mantenham contato, não em sala de
aula, como ocorre tradicionalmente, mas através das TIC.
Cordeiro (2020) reforça que o uso de ferramentas tecnológicas na educação deve ser visto sob a ótica de uma
nova metodologia de ensino, possibilitando a interação dos educandos com os conteúdos e com o contexto virtual
de aprendizagem. Diante desta proposição, fica evidente a importância das tecnologias para a educação, servindo
como uma ferramenta de inclusão social, à medida que possibilita que mais cidadãos tenham acesso, não somente
à educação, mas ao conhecimento e seu uso. O entendimento de que a educação de qualidade contribui para a
formação do senso crítico, a inquietação e os questionamentos vão ao encontro da ideia de Maffesoli (2004, p. 28)
quando ele afirma que “pesquisar, refletir, estudar, tudo isso implica a coragem e a liberdade de espírito para
questionar as verdades dominantes.” A educação proporciona inserção social, desenvolvimento de habilidades,
desenvolvimento profissional e, consequentemente, desenvolvimento e exercício de uma cidadania consciente.
Partindo do pressuposto de que a educação seja um direito irrevogável de todo cidadão, destaca-se a importância
das tecnologias como ferramenta de disseminação e, principalmente, de interação de informações e pessoas, de
pessoas com pessoas, considerando para isto, o potencial enorme de fomento das bibliotecas. As mudanças
nas bibliotecas, para a inclusão digital, vêm ocorrendo de forma bastante rápida e evolutiva; por exemplo,
há alguns anos, as bibliotecas disponibilizavam seus catálogos por meio de fichas catalográficas impressas em
papel; atualmente, estes catálogos foram substituídos por registros eletrônicos ou, em situações melhores, a
disponibilidade do documento por completo em meio digital. As TIC contribuem para o enriquecimento das
diferentes atividades desenvolvidas em uma biblioteca; e pelo motivo do acelerado ritmo em que se desenvolvem
as tecnologias é que se percebe a importância social das bibliotecas como potencializadoras de novos, melhores e
diversificados produtos e serviços a seus usuários.

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS BIBLIOTECAS


Com a inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no contexto da sociedade, modificando a
forma de busca e acesso das informações pelos usuários, as bibliotecas se veem a acompanhar essa evolução,
antecipando produtos e serviços que atendam a esta nova demanda. As mudanças no mundo da informação
(penetração da TIC, explosão dos conteúdos de informação digitais, projetos de digitalização e a internet)
traduzem-se na necessidade de transformação no ensino e na aprendizagem, na comunicação acadêmica e no
papel tradicional dos serviços de informação (Amante, 2010).
A visão de qual será o futuro dos produtos e serviços oferecidos nas bibliotecas é assunto de grande discussão na
literatura acadêmica. Sabe-se que as bibliotecas sempre foram consideradas fontes primárias da informação e do
conhecimento, entretanto, o fascínio e o uso da web pelos usuários estão mudando essa realidade. Conforme
Cunha (2010), o problema da qualidade da informação armazenada na web pode preservar o papel da biblioteca
como vital, mesmo como fonte secundária, porque no contexto do ensino, a integridade e confiabilidade do
conhecimento são fatores primordiais. Essa visão não exime a responsabilidade das bibliotecas em acompanhar
essa tendência, em que a informação está cada vez mais presente no formato digital. Zaninelli, Nogueira, e
Peres (2019) destacam que as bibliotecas, por estarem inclusas em um âmbito suscetível a mudanças constantes,
devem se atentar à crescente demanda de novos produtos e serviços informacionais, tendo a inovação como
estratégia principal para oferecê-los com alto padrão de qualidade, baseando-se nas TIC e satisfazendo as
diferentes necessidades de seus públicos. Ademais, como as tecnologias evoluem constantemente e já existem
disponíveis fontes de informação on-line confiáveis, além de outros produtos e serviços, é de suma importância
que as bibliotecas integrem a tecnologia e o uso dos recursos digitais em suas atividades.
Pinho Neto (2009) enfatiza que o uso das tecnologias de informação e comunicação são responsáveis por novas
formas de interação, redirecionando as funções e os papéis sociais, incluindo-se aqueles que são próprios das
bibliotecas. Nesse sentido, torna-se relevante avaliar os produtos e serviços que as bibliotecas oferecem, a fim de
ampliar a comunicação existente com os usuários e atuar como agente inovador que introduz mudanças com o
enfoque nos utilizadores da unidade. De acordo com Gomes, Prudêncio, e Conceição (2010), o ambiente virtual
das bibliotecas como um dispositivo favorecedor de ações mediadoras do acesso e apropriação da informação
representa um espaço intensificador do processo de comunicação entre os usuários e da própria biblioteca com
eles.
Como forma de apoiar as políticas e as práticas educativas das instituições de ensino das quais fazem parte,
as bibliotecas devem acompanhar as evoluções do processo de ensino e aprendizagem, principalmente no que
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se refere à busca, ao acesso e à disponibilização da informação. Conforme Amante (2010), a centralização nos
usuários significa construir um espaço virtual de informação para além do espaço físico, ao qual os usuários
podem aderir e encontrar recursos de informação com qualidade controlada pela própria biblioteca. Para as
bibliotecas, isso significa constituir um espaço mais dinâmico como centro de aprendizagem ativo e, com a
utilização das TIC, permitir aos usuários acessar e selecionar a informação mais adequada às suas tarefas, bem
como ter a capacidade de avaliar e incorporar a informação recuperada em sua aprendizagem.
Fica evidente que os tradicionais produtos e serviços das bibliotecas ainda continuam a serem oferecidos aos
usuários, entre o principal deles, o acesso físico do acervo. Para Cunha (2010, p. 8), “as bibliotecas têm valiosos
acervos em suportes ainda não digitalizados que são vitais para pesquisa em muitas áreas”. No entanto, nesse
novo contexto digital, serviços diferenciados têm evoluído dentro das bibliotecas, proporcionando conectar a
biblioteca aos usuários, e esses à informação desejada. Cabe ressaltar que as bibliotecas precisam, além de
servir como uma das principais fontes de acesso à informação e ao conhecimento, democratizar o espaço entre os
usuários. Incorporar em suas práticas biblioteconômicas as tecnologias é que proporcionará diminuir a distância
que separa a informação e o conhecimento dos usuários. No entanto, para suprir estas expectativas, as bibliotecas
precisam repensar o uso das tecnologias disponíveis, ou seja, adaptar opções viáveis por meio da apropriação e
entendimento quanto às alternativas que podem ser disponibilizadas pelas Tecnologias Sociais (TS).

CONHECENDO AS TECNOLOGIAS SOCIAIS (TS)


O conceito de Tecnologia Social (TS) surge, inicialmente, da necessidade de uma solução alternativa ou de uma
contraposição à chamada Tecnologia Convencional (TC). A TC configura-se por possuir características contrárias
à TS, ou seja, o termo designa a ideia do desenvolvimento de tecnologias alinhadas ao acúmulo de capital e
obtenção de lucro, que sejam poupadoras de mão de obra, utilizadas basicamente por empresas privadas, países
industrializados e de não serem sustentavelmente viáveis (Dagnino, Brandão, & Novaes, 2004).
As TC envolvem a participação e interesses das classes dominantes, propagando uma ideologia capitalista que não
atingia a todas as classes da sociedade, e mais, ao serem transferidas a países em desenvolvimento, por exemplo,
contribuem para o aumento do desemprego, atendendo somente às demandas empresariais e aos interesses dos
mais ricos que sustentavam uma prática controladora sobre os mais pobres. Para Souza e Pozzebon (2020), a
TC é um termo genérico aplicado para designar tecnologias de larga escala, intensivas em capital, conhecimento
técnico e recursos que implicam na exclusão ou empobrecimento do trabalho humano. Novaes e Dias (2009)
reforçam com o conceito, apresentando que a TC pode ser definida por um conjunto de características relativas
aos efeitos sobre o trabalho, escala de produção ótima, efeitos sobre o meio ambiente, características dos insumos
utilizados e do ritmo na produção, além do controle exercido sobre os trabalhadores. Com base na visão de
contraposição às perspectivas alcançadas pelas TC é que as TS são pensadas e inicia-se uma reflexão conceitual
sobre o tema.
Ao contrário do que se possa imaginar, o conceito de TS não surgiu diretamente do resultado de contraposição
à TC. O termo teve sua origem a partir de um processo histórico que se inicia na ideia de uma Tecnologia
Intermediária, ou seja, essa abordagem resulta no movimento chamado de Tecnologia Apropriada (TA). A TA
foi inicialmente projetada para adaptar-se e ser compatível com os aspectos ambientais, culturais, sociais e
econômicos da comunidade ou local ao qual se destinava. Para Novaes e Dias (2009, p. 23), “a TA seria capaz de
evitar os prejuízos sociais e ambientais derivados da adoção das tecnologias convencionais e, adicionalmente,
diminuir a dependência em relação aos fornecedores usuais de tecnologias para os países periféricos”. Na TA se
requeria, para sua aplicação, tecnologias que fossem em pequena escala, descentralizadas, intensivas em mão de
obra, com custos menores, energeticamente eficientes, de fácil manutenção e que gerassem menores impactos ao
meio ambiente. Albuquerque (2009) retrata que a TA representava o sonho e a utopia de muitas sociedades,
o objetivo era evitar o uso intensivo de capital e a exclusão massiva de mão de obra, fugindo ao modo das
tecnologias de grande escala dos países desenvolvidos e priorizando o desenvolvimento de tecnologias adaptadas
às culturas e aos anseios regionais, dos territórios e ao meio ambiente.
O reconhecimento da TA é proveniente de movimentos ocorridos principalmente na Índia durante o final do
século XIX, iniciado por Mahatma Gandhi contra o domínio britânico e que visava a prática de tecnologias
tradicionais nas aldeias como estratégia de luta e resistência. Apesar de Gandhi não utilizar a expressão
“tecnologia apropriada”, seu projeto estava delineado como tal perspectiva e previa a promoção de pesquisas
científicas e tecnológicas para a identificação e solução de problemas concretos encontrados na Índia (Dagnino
et al., 2004). Foi a partir desta influência de Gandhi que o economista alemão Ernst Friedrich Schumacher
introduz a TA no mundo ocidental por meio da criação do Grupo de Desenvolvimento da TA, em 1966. No
entanto, foi a partir da publicação do seu livro “Small is beautifull: economics as if people mattered” em 1973,
que popularizou a TA no mundo, introduzindo-a no meio acadêmico e em estudos governamentais de vários
países, principalmente na geração de TA para zonas rurais (Brandão, 2004, p. 33). Por conseguinte, em meados
dos anos 1980, Dagnino et al. (2004) apontam um enfraquecimento das iniciativas do desenvolvimento de TA,
provenientes do contexto geopolítico neoliberal que se agravava.

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Outro ponto destacado porNovaes e Dias (2009, p. 24) é que o “movimento da TA tinha mais a ver com um
sentimento de culpa dos pesquisadores e empresários do Primeiro Mundo, do que com uma iniciativa capaz de
alterar significativamente a situação que denunciava”. Essa afirmação se deve ao fato de que os defensores da
TA não compreendiam que o desenvolvimento de tecnologias alternativas representava apenas uma condição
necessária e não suficiente para uma possível adoção pelos grupos sociais que delas necessitavam. O movimento
da TA mostrou que ainda havia uma necessidade de ressignificar a compreensão e os objetivos para seu uso
nos países em desenvolvimento e nas sociedades de baixa renda, ou seja, para se ter um alcance desejado e
satisfatório faltava considerar as questões que envolviam a cultura local, o contexto natural e as respectivas
necessidades sociais, por fim, faltava harmonizar os interesses entre todos os envolvidos.
Com isso, o desenvolvimento das Tecnologias Sociais (TS) surge como forma de evitar equívocos conceituais
e de uso detectados nas TA. A proposta da TS é superar a visão do movimento pela TA com a realização
da crítica à neutralidade e ao determinismo (Fonseca & Serafim, 2009). No Brasil, o termo Tecnologia Social
é abordado por volta dos anos 2000 e tem suas origens e principais contribuições baseadas nas discussões
apresentadas pelo Instituto de Tecnologia Social (ITS) e pela criação da Rede de Tecnologias Sociais (RTS). O
ITS Brasil foi instituído num contexto em que as demandas do novo milênio desafiavam a sociedade brasileira
a construir um novo modelo de desenvolvimento para viabilizar a relação entre a ciência, tecnologia, inovação
e inclusão social (Instituto de Tecnologia Social, 2020). Para o Instituto, a TS é “um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela,
que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (Instituto de Tecnologia Social,
2004, p. 26). Já a RTS tem por objetivo reunir, organizar, articular e integrar um conjunto de instituições com
o propósito de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável mediante a difusão e a reaplicação em
escala de Tecnologias Sociais (Rede de Tecnologia Social, 2020). Para a Rede de Tecnologia Social (2020), “TS
compreende produtos, técnicas ou metodologias, reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e
que devem representar efetivas soluções de transformação social”. Segundo Dagnino et al. (2004, p. 23), as TS
deveriam conter as seguintes características: (i) adaptada a pequeno tamanho; (ii) liberadora do potencial físico,
financeiro e da criatividade do produtor direto; (iii) não discriminatória; (iv) capaz de viabilizar economicamente
os empreendimentos autogestionários e as pequenas empresas; (v) orientada para o mercado interno de massa; e
(vi) o empreendimento autogestionário deve ser competitivo.
Medeiros, Galvão, Correia, Gómez, e Castilho (2017) contribuem com a discussão relatando que as tecnologias
são chamadas “sociais” quando de sua implementação em determinados contextos, apresentam as condições para
melhorar a qualidade de vida; gerar efetivas mudanças em diversos campos, como: educação, agricultura, saúde,
meio ambiente e lazer; e atender aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e geração de
impacto social. Enfatizamos que, embora a TS possa parecer diretamente reaplicável em contextos julgados
extremamente semelhantes, ainda assim será imprescindível identificar nos atores e nas dinâmicas de cada lugar
particularidades fundamentais para não comprometer a implementação da iniciativa (Souza & Pozzebon, 2020).
Sendo assim, as TS necessitam de um envolvimento anterior à sua aplicação, no sentido de ouvir os atores
envolvidos e buscar extrair de seus relatos, elementos que constituem a base para o sucesso de qualquer iniciativa,
promovendo transformações sociais que ajudem a resolver problemas e necessidades relacionadas às condições de
exclusão e de pobreza.
Neste cenário, abarcando o assunto das Tecnologias da Informação e Comunicação nas Bibliotecas e a clarificação
do entendimento sobre Tecnologias Sociais e suas particularidades, a seção seguinte apresenta os procedimentos
metodológicos, contendo a caracterização da presente pesquisa e os meios utilizados para o alcance dos objetivos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Considerando a pergunta orientadora, investigar o conhecimento dos bibliotecários sobre o conceito e a utilização
das Tecnologias Sociais no ambiente das bibliotecas, e o objetivo geral deste estudo, de investigar qual o
entendimento que os bibliotecários da Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil possuem com relação às
Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional e inclusiva, esta pesquisa ganha
caráter exploratória e descritiva por buscar a compreensão de um problema investigado e torná-lo compreensível,
expondo suas características. Severino (2007) salienta que a pesquisa exploratória levanta informações sobre o
objeto, delimitando um campo de trabalho e mapeando as condições de manifestação desse objeto. A pesquisa
descritiva, por sua vez, segundo Almeida (2011, p. 31), possui a “finalidade de descrever o objeto de estudo,
as suas características e os problemas relacionados, apresentando com a maior exatidão possível os fatos e
fenômenos”. Quanto à abordagem do problema, optou-se por uma abordagem qualitativa, que segundo Gonsalves
(2007), a pesquisa qualitativa preocupa-se com a compreensão do fenômeno, considerando o significado que os
outros dão às suas práticas, o que impõe ao pesquisador uma abordagem hermenêutica ou interpretativa. A
vantagem de uma abordagem qualitativa é permitir ao pesquisador relacionar as evidências provenientes de
diferentes fontes de informação, obtendo resultados relevantes para a pesquisa.
O método de pesquisa adotado foi o estudo de caso. Yin (2005, p. 32) define o estudo de caso como
“uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real,
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especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Gil (2007)
reforça que o propósito do estudo de caso é envolver-se num estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Portanto, a definição deste método
se justifica pelo fato deste pesquisador reunir informações detalhadas e numerosas para compreensão do contexto
das bibliotecas de uma Instituição de Ensino quanto ao uso das tecnologias sociais. Outra característica desta
pesquisa é a escolha por um estudo de caso único. Gil (2009) comenta que o estudo de caso único é realizado
quando se pretende investigar um indivíduo, grupo, instituição ou fenômeno; assim, o intuito desta pesquisa foi
investigar o grupo de bibliotecários pertencentes à Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil. O protocolo
de desenvolvimento do estudo de caso é um documento que serve como roteiro, contemplando o instrumento de
coleta de dados e toda a conduta seguida pelo pesquisador durante a verificação Yin (2005). Para Zanelli (2002,
p. 83), “a credibilidade de uma pesquisa consiste na articulação da base conceitual e de adotar critérios rigorosos
no uso da metodologia, além de transmitir confiança às pessoas e à organização estudada”. Ver protocolo de
pesquisa na Figura 1.

Figura 1. Protocolo da pesquisa – estudo de caso.


Fonte: Elaborado pelos pesquisadores, 2020

Por conseguinte, ao protocolo, temos a exposição do procedimento de coleta de dados. Gil (2009) apresenta
que o processo de coleta de dados no estudo de caso é mais complexo que outras modalidades por requerer
mais de uma técnica para obtenção dos dados. Obter dados mediante procedimentos distintos é fundamental
para garantir a qualidade dos resultados (Yin, 2005). Assim, para esta pesquisa, utilizou-se três técnicas de
pesquisa: 1) revisão de literatura – considerou os artigos científicos de autores brasileiros publicados entre os
anos de 2016 e 2020 – o objetivo era buscar conceitos e características das Tecnologias Sociais na educação
e/ou bibliotecas de exemplos brasileiros; 2) pesquisa documental – considerou exemplos publicados em sites
institucionais (Fundações, Organizações, e outros) quanto ao uso das Tecnologias Sociais na educação e/ou
bibliotecas; 3) aplicação de questionário semiestruturado – considerou o entendimento dos bibliotecários quanto
ao uso das Tecnologias Sociais no ambiente da biblioteca. O período de realização da coleta de dados foi de
26.12.2020 a 05.01.2021. Para a terceira técnica de pesquisa, a amostra delimitada foram os bibliotecários de
uma Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil. A Instituição conta com 22 unidades de ensino espalhadas
pelo Estado de Santa Catarina. Cada unidade tem o compromisso de possuir uma biblioteca e bibliotecário;
atualmente, são 32 bibliotecários voltados às atividades de suporte informacional da Instituição e no atendimento
dos usuários. O Quadro 1 apresenta as perguntas desenvolvidas de acordo com os objetivos propostos.

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OBJETIVOS
PERGUNTAS REALIZADAS
Específicos Geral
1 – Você conhece, já leu ou ouviu falar a
respeito de “Tecnologias Sociais”? a) verificar se os Investigar qual o entendimento
(Fechada – SIM ou NÃO) bibliotecários possuem o que os bibliotecários da
2 - Em breves palavras, descreva o conhecimento do conceito Instituição de Ensino do Sul
que você entende por "Tecnologias de Tecnologia Social. do Brasil possuem
Sociais". (Aberta) com relação às
3 – Entre as características abaixo, Tecnologias Sociais (TS)
assinale aquelas inerentes às Tecnologias e seu uso nas bibliotecas
Sociais. (Múltiplas escolhas): baixo como ferramenta
custo; custo elevado; reaplicável; não educacional e inclusiva.
reaplicável; não necessita de interação
com os envolvidos; necessita de interação b) apontar os saberes dos
com os envolvidos; melhora a qualidade bibliotecários quanto às
de vida; não melhora a qualidade de vida; características da TS.
necessita da relação chefe X empregado;
modelo autogestionários; promove a inclusão
social; promove a exclusão social; sem resposta.
4 - Você teria mais alguma(s) característica(s)
das Tecnologias Sociais, não citadas acima,
para compartilhar? Favor descrever. (Aberta)
Inclusão da descrição para auxiliar nas duas
perguntas que seguem: As Tecnologias Sociais
(TS) são um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou
aplicadas na interação com a
população (comunidade, grupo) e
apropriadas por ela, que representam
soluções para inclusão social e melhoria
das condições de vida (ITS, 2004).
Sendo assim, as TS necessitam de um c) levantar exemplos já
envolvimento anterior à sua aplicação, utilizados, ou uso potencial,
no sentido de ouvir os atores envolvidos de TS nas bibliotecas.
e buscar extrair de seus relatos, elementos que
constituem a base para o sucesso de qualquer
iniciativa que se queira desenvolver naquela
população, comunidade ou grupo.
Obs: esta descrição aparece em seção separada;
só é vista pelos respondentes após responderem
as 4 primeiras perguntas.
5 – Já utilizou algum exemplo de
Tecnologias Sociais no ambiente
da biblioteca? (Fechada – SIM ou NÃO)
6 – Você teria alguma ideia ou exemplo,
que considere uma Tecnologias Social,
que possa ser utilizado no ambiente
da biblioteca? (Aberta)

Quadro 1. Questionário X Objetivos deste estudo

Após a demonstração (Quadro 1) de como os pesquisadores se propuseram a atingir os objetivos específicos e


geral deste artigo, a seção seguinte apresenta os procedimentos usados na análise, discussão e triangulação dos
dados.

ANÁLISE, DISCUSSÃO E TRIANGULAÇÃO DOS DADOS


Esta etapa do estudo de caso consiste em apresentar a análise, discussão e triangulação dos dados provenientes
da pesquisa. Borges, Hoppen, e Luce (2009) dizem que a análise consiste em examinar, categorizar, tabular e
recombinar os elementos de prova, mantendo o modelo conceitual e as proposições do estudo como referência. Yin
(2005) apresenta que a vantagem mais importante que se apresenta no uso de fontes múltiplas é o desenvolvimento
de linhas convergentes de investigação, uma triangulação entre os dados. Assim, inicialmente, apresentam-se os
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resultados obtidos e os caminhos percorridos na pesquisa.


1 - Revisão de literatura - para esta etapa foram escolhidas duas fontes de dados: base de dados da Scielo
(https://scielo.org/) e Google Scholar (https://scholar.google.com.br/) – utilizaram-se os descritores “tecnologias
sociais” em ambas; total de artigos recuperados – Scielo: 27; Google Scholar : os 50 primeiros artigos. Realizou-se
a leitura na seguinte sequência: 1) títulos, 2) resumos e palavras-chave, e 3) artigos na íntegra (critérios de inclusão
e exclusão associados ao termo “Tecnologias sociais em biblioteca e/ou na educação; publicações realizadas nos
anos de 2016 a 2020”) – resultados após leituras: 67 artigos excluídos; 10 artigos incluídos, conforme apresentado
no Quadro 2.

Fonte Artigos Título do Artigo Autor(es) Ano


Uso de tecnologias digitais
Art. 1 sociais no processo colaborativo Sales e Boscarioli (2020) 2020
de ensino e aprendizagem
Análise da instrumentação da
ação pública a partir da teoria
Art. 2 do ator-rede: tecnologia social Andrade e Valadão (2017) 2017
e a educação no campo
em Rondônia
Scielo
Educação especial inclusiva
Art. 3 Lopes, Freitas, e P. (2017) 2017
e tecnologia social
Tecnologias sociais indígenas
Art. 4 Vasconcelos (2020) 2020
amazônicas e ensino de história
Experiências exitosas de
Art. 5 tecnologias sociais utilizadas Friedrich, Silva, e Freitas (2019) 2019
na educação do campo
Produção autoral de
tecnologias sociais por
Art. 6 Busko e De-Carvalho (2019) 2019
investigação-ação-participação
no ensino de ciências
Pesquisa intervenção e
o desenvolvimento de
Art. 7 tecnologias sociais: Santos, Sgarbi, e Santiago (2019) 2019
comunidade, escola e
emancipação social
Tecnologias sociais e
agroecologia: contribuições
Art. 8 ao ensino aprendizagem Freitas, Andrade, Silva, e Silva (2018) 2018
das ciências da natureza
na educação do campo
Tecnologias sociais:
Google
Art. 9 panorama da Universidade Sousa e Rufino (2017) 2017
Federal do Rio Grande do Norte
Scholar
Design, educação e tecnologias
sociais: soluções acessíveis em
Art.10 Gonçalves, Mourão, e Engler (2016) 2016
produtos didático-pedagógicos
para o ensino de braile para cegos

Quadro 2. Artigos científicos - Revisão de literatura

2 - Pesquisa documental - nesta etapa foi escolhida a fonte de informação on-line Google – utilizaram-se os
descritores “tecnologias sociais” AND “exemplos”; “tecnologias sociais” AND “educação” e “tecnologias sociais”
AND “biblioteca” – o objetivo foi levantar exemplos e práticas da utilização das tecnologias sociais em biblio-
tecas e/ou na educação por meio de sites institucionais – resultados encontrados: 10 exemplos, conforme Quadro 3.

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Nome da Instituição Conceito de Tecnologia Social (TS)


Exemplos Programa realizado
/ Site utilizado pela Instituição
TS são produtos, técnicas e/ou
metodologias reaplicáveis em
diferentes
contextos, pois são
AEF-Brasil – desenvolvidas na Educação Financeira
Associação de Educação interação com o público nas Escolas – ensino
Ex. 1
Financeira do Brasil beneficiário e Fundamental e
https://www.aefbrasil.org.br por meio de rigorosos métodos de Ensino Médio
desenvolvimento e teste,
representando,
portanto, efetivas soluções para
problemas sociais.
Aflatoun e Aflateen –
TS se qualificam como produtos, educação social
Childfund Brasil (2020)
métodos, processos ou técnicas que financeira, direitos
Ex. 2 https://www.childfundbrasil.
podem ser utilizados para resolver e deveres.
org.br
desafios sociais. Gold + - educação
social financeira
TS são ferramentas que
compreendem
produtos, técnicas e projetos cujas
Aflatoun e Aflateen –
metodologias são sistematizadas,
educação social
envolvem constantes pesquisas
Centro de Apoio à Criança (CEACRI) financeira,
Ex. 3 e podem ser replicadas;
https://www.ceacri.org.br direitos e deveres.
desenvolvidas na interação e
Gold + - educação
compartilhamento dos saberes
social financeira
de diferentes
atores, incluindo os habitantes
das comunidades.
TS são metodologias desenvolvidas
Formação continuada
nos projetos que possuem
de educadores.
Educação e Mobilização Social (2020) reconhecimento fruto dos impactos
Elaboração de propostas
Ex. 4 Mobilização Social gerados pelas ações de
pedagógicas / currículos
http://avante.org.br transformação da realidade
Formação de
das pessoas e
mediadores de leitura
comunidades envolvidas no trabalho.
TS geram impactos sociais,
como redução das desigualdades, E se eu fosse o autor –
Associação de educação 2015 a melhoria nas condições formação de
https://transforma.fbb.org.br/ de vida de forma professores e
Ex. 5 tecnologia-social/ participativa e democrática. aprendizagem de
e-se-eu-fosse-o-autor-cultura- São importantes instrumentos alunos por meio de
digital-e-cultura-literaria para a construção de um Brasil, laboratórios de leitura e
e de um planeta, mais justo, cultura digital.
resiliente e sustentável.

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Centro de Estudos da TS geram impactos sociais, como


Ecomuseu - identificação
Cultura Popular redução das desigualdades, a melhoria
e valorização do patrimô-
https://transforma.fbb.org. nas condições de vida de forma
nio local com vistas ao
Ex. 6 br/tecnologia-social/ participativa e democrática. São
empoderamento dos atores
ecomuseu-patrimonio- importantes instrumentos para a constru-
sociais e exercício da
como-instrumento-de- ção de um Brasil, e de um planeta, mais
cidadania.
desenvolvimento-local justo, resiliente e sustentável.
TS geram impactos sociais, como
Educação divertida -
redução das desigualdades, a melhoria
Grupo de Apoio as Comuni- ampliar o desenvolvimento
nas condições de vida de forma
dades Carentes (GACC) cognitivo, humano e
participativa e democrática.
Ex. 7 https://transforma.fbb.org.br/ social de crianças e
São importantes instrumentos para a
tecnologia-social/educacao- adolescentes, promovendo
construção de um Brasil, e de um
divertida-atitudes-do-bem espaços lúdicos de
planeta, mais justo, resiliente e
aprendizagem nas escolas.
sustentável.
TS geram impactos sociais, como
Instituto da Floresta Educando com arte na
redução das desigualdades, a melhoria
Amazônica - ASFLORAgo floresta - ensinar meio
nas condições de vida de forma
https://transforma.fbb.org. ambiente por meio da
Ex. 8 participativa e democrática. São
br/tecnologia-social/tema/ transmissão de forma
importantes instrumentos para a constru-
educacao?letter=E&page= lúdica e interativa, por
ção de um Brasil, e de um planeta
&page=2 exemplo, através do teatro.
mais justo, resiliente e sustentável.
Minibibliotecas
TS na dimensão educativa é percebida
comunitárias - instalação
como um elemento estruturante e que
em telecentros ou
atravessa todas as iniciativas de
Comunidades Semiárido (REDE) associações de moradores
reaplicação e ou desenvolvimento
Ex. 9 https://comunidadescoep. de minibibliotecas -
org.br livros de literatura, cidada-
de tecnologias sociais nas comunidades
nia, livros didáticos e
busca fomentar a autonomia,
técnicos conforma morado-
autogestão das organizações locais.
res.
Universidade Federal de
Biblioteca Viva -
Tocantis
CineBiblio; Biblioteca
https://ww2.uft.edu.br/
TS focada na biblioteca universitária, Humana; Oficina de
index.php/ultimas-
não como primeira fonte de informa- Cartazes; Minicursos;
Ex. 10 noticias/21852- projeto-da-
ção, mas como construtora de comuni- Hortas comunitárias;
biblioteca-do-campus-de-
dades. Capacitação de
palmas-e-destaque-em-
professores; Seminários
premio-de-abrangencia-
temáticos
nacional

Quadro 3. Exemplos e Práticas de TS – Pesquisa documental

3 - Aplicação de questionários (bibliotecários - esta etapa buscou o entendimento dos bibliotecários da


Instituição proposta com relação ao conhecimento das tecnologias sociais, suas práticas, exemplos e características
– foi aplicado o questionário semiestruturado, com seis perguntas, entre abertas e fechadas – o período de aplicação
do questionário (enviado via e-mail e grupo do WhatsApp) foi de 26.12.2020 a 05.01.2021 – dos 32 bibliotecários,
18 (56%) responderam ao questionário no prazo. Descreve-se no Quadro 4 as respostas obtidas:

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Respostas do questionário:
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Baixo custo;
Reaplicável;
Um produto,
Necessita a interação
método para
com os envolvidos; Sem
B1 Sim resolver Não Não
Melhora a resposta
um problema
qualidade de
social.
vida; Promove a
inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a interação
com
B2 Sim Baixo custo. os envolvidos; Simplicidade Sim Reciclagem
Melhora a
qualidade de
vida; Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Sem
B3 Sim Mídias sociais. Melhora a Sim Quiz
resposta
qualidade
de vida
Baixo custo;
Reaplicável;
Não necessita de
interação
com os envolvidos; Canal de ofertas
TIC voltadas a melhora de emprego e
soluções de a qualidade de vida; Sem auxílio na
B4 Não Não
interesse Necessita da relação resposta formação e
social. chefe confecção de
x empregado; currículos.
Modelo
autogestionários;
7Promove a
inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação Ação de leitura
Tecnologias com com Sem para
B5 Não Não
base nas pessoas. os envolvidos; resposta comunidades
Melhora a pobres.
qualidade de vida;
Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Algoritmos que
Necessita a
cruzam dados
interação
para aproximar
com Sem
B6 Não pessoas Não Não
os envolvidos; resposta
com os mesmos
Melhora a
interesses
qualidade de vida;
empáticos.
Promove
a inclusão social.
Sem
B7 Não Não ouvi falar. Sem resposta Não Não
resposta

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Respostas do questionário
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Nunca ouvi Sem
B8 Não Sem resposta Não Não
falar. resposta
Reaplicável;
Necessita a
Tecnologias
interação com os
desenvolvidas
envolvidos; Não
B9 Não especificamente Não há Não
Melhora a tenho.
para aplicação
qualidade de vida;
social direta.
Promove
a inclusão social.
As mídias da
biblioteca
São tecnologias Baixo custo;
onde
que auxiliam as Reaplicável;
os bibliotecários
pessoas na Melhora a
sempre
melhora qualidade Sem
B10 Sim Sim verificam
de sua qualidade de vida; resposta
o que o seu
de vida e Promove
usuário
permitem a inclusão
deseja a
a inclusão social. social.
fim de
auxiliá-lo.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação
com os envolvidos;
Melhora a
Uso de
qualidade de vida; Sem
tecnologias
B11 Sim Necessita da Não Não
em benefícios
relação resposta
da sociedade.
chefe x empregado;
Modelo
autogestionários;
Promove a
inclusão
social.
É a primeira
vez
Sem Não
B12 Não que estou Não Não
resposta tenho
vendo
este termo.
São tecnologias
que
Baixo custo;
envolvem a
Reaplicável;
participação das
Necessita a
pessoas que
interação com
vão se
os envolvidos; Não lembro
beneficiar com ela,
B13 Sim Melhora a Não tenho Não no
todos participam.
qualidade de vida; momento.
Esse tipo de
Modelo
tecnologia
autogestionários;
supre a carência de
Promove a
uma comunidade,
inclusão social.
bairro, escola etc.
São de baixo custo.

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Respostas do questionário
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Baixo custo;
Técnica, método, Reaplicável;
prática, criado Necessita a
para resolver interação
algum com os envolvidos; No
Sem
B14 Sim problema Melhora a Não momento
resposta
social qualidade de vida; não.
com Modelo
impacto autogestionários;
comprovado. Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
É a aplicação
Reaplicável;
de uma Visa atender
Necessita a
metodologia necessidades
interação
para locais ou
com os Feira
entender globais,
envolvidos; solidária;
B15 Sim uma fundamental Não
Melhora a Espaços
demanda para
qualidade de vida; makers.
social, os objetivos de
Modelo
principalmente desenvolvimento
autogestionários;
para inclusão do milênio.
Promove
de minorias.
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação
São técnicas,
com
metodologias
os envolvidos;
ou conhecimento
Melhora a Cursos
desenvolvidas Inovação e
qualidade de técnicos
em alternativa na
B16 Sim vida; Sim e/ou
comunidades solução
Necessita tecnologias
com o de problemas.
da relação assistidas.
objetivo do
chefe x
uso e para
empregado;
inclusão social.
Modelo
autogestionários;
Promove a
inclusão social.
Tecnologias
Baixo custo;
que possibilitam
Necessita a Sem
B17 Não interagirem Não Não
interação com os resposta
de forma
envolvidos.
a se socializar.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita
Desenvolvi-
a interação
mento,
com os
interação
Propostas envolvidos;
do aluno
para inovar nas Melhora a Foco no
B18 Não Sim com os
bibliotecas, qualidade de aprendizado.
processos
renovar. vida; Necessita da
para tornar
relação chefe x
mais
empregado;
simples.
Promove
a inclusão
social.

Quadro 4. Respostas obtidas dos bibliotecários (Perguntas apresentadas no Quadro 1)


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A seguir, apresenta-se a descrição do relatório realizado por meio da triangulação das técnicas de coleta de dados
utilizadas nesta pesquisa. Para esta construção, consideramos uma sequência descrita pelos objetivos específicos,
triangulando as respostas obtidas pelo questionário e conceitos, exemplos e características obtidos na Revisão
Bibliográfica e Pesquisa Documental.

Verificação se os bibliotecários possuem o conhecimento do termo Tecnologia Social


Os resultados mostraram que dos 18 bibliotecários respondentes, 50% (9) responderam SIM com relação a
conhecer, já ter lido ou ouvido falar a respeito de Tecnologias Sociais; enquanto os outros 50% (9) responderam
NÃO conhecer. Apesar do resultado mostrar uma divisão igualitária quanto ao conhecimento do tema TS no
ambiente educacional, neste caso em bibliotecas, Friedrich et al. (2019) sustentam que ao contrário do que se
pensa, existe espaço para a escola nas TS, ou seja, a escola possui um papel estratégico que nenhuma outra
instância possui, a capacidade de analisar as novas condições criadas pelas tecnologias em que o sujeito interage
com o seu espaço de vivência, proporcionando uma aproximação com as técnicas e desenvolvendo metodologias de
ensino e aprendizagem aliadas às tecnólogas sociais que serão, dessa forma, incluídas na vida dos alunos. Para se
conhecer qual a importância e o propósito das TS no ambiente escolar, é necessário, segundo Busko e De-Carvalho
(2019), fazer com que estudantes, professores e demais colaboradores contribuam para um aprofundado nível de
debate, discussão e incursão social, em outras palavras, utilizar o espaço privilegiado da sociedade civil que a
escola proporciona na promoção de discursos e práticas com a finalidade de se conhecer a realidade vivida pelos
estudantes e de se construir conhecimento.
Para complementar qual o conhecimento que os bibliotecários possuíam quanto ao termo TS, foi proposto a
eles descreverem, em breves palavras, o entendimento sobre o tema. Dos nove respondentes que disseram NÃO
conhecer, três (B7, B8 e B12) confirmaram em suas respostas não saber sobre o tema; seis (B4, B5, B6, B9,
B17 e B18) “arriscaram” descrever sobre as TS, no entanto, as descrições realizadas não foram sustentadas na
literatura e exemplos pesquisados, com isso, só confirmaram o resultado inicial do NÃO conhecimento sobre a
temática. Já dos nove respondentes que disseram SIM, conhecer o tema, dois bibliotecários (B2 e B3) indicaram
apenas uma característica cada sobre a TS – não descrevendo um entendimento aceitável sobre o tema para
interpretação. Os outros sete respondentes descreveram os seguintes entendimentos de TS:
B1: TS é “um produto/método para resolver um problema social”. B10: TS “são tecnologias que auxiliam as
pessoas na melhoria de sua qualidade de vida e permitem a inclusão social”. B11: TS é “uso de tecnologias em
benefícios da sociedade”. B13: “São tecnologia que envolvem a participação das pessoas que vão se beneficiar
com ela, todos participam. Esse tipo de tecnologia supre a carência de uma comunidade, bairro, escola, etc. São
de baixo custo”. B14: “Técnica, método, prática, criado para resolver algum problema social com impacto social
comprovado” – B15: “É a aplicação de uma metodologia pra atender a uma demanda social, principalmente
para inclusão de minorias” – B16: “São técnicas, metodologias ou conhecimento desenvolvidas em comunidades
com o objetivo do uso e para inclusão social”.
Anotou-se nas descrições, as palavras que se sobressaem (grifo nosso): “pessoas”, “comunidades”; “social”,
“sociedade” – dando o sentido final de sociedade. Outras palavras em destaque são: “problema”; “demanda”;
“benefícios” e “inclusão”. A interpretação que se tem a esta observação é que todas as descrições levam para o
caminho de que TS é o “uso de técnicas, métodos e tecnologias que objetivam atender a uma sociedade para
resolução de um problema e/ou demanda para beneficiar e permitir a inclusão social”.
Essa descrição se confirma ao abordado por Friedrich et al. (2019), que dizem que a TS objetiva desenvolver
processos e produtos colaborativos que atendam a resolução dos problemas de um grupo local, peculiar e que
tragam soluções para problemas enfrentados pela sociedade. Childfund Brasil (2020) qualifica a TS como
produtos, métodos, processos ou técnicas que podem ser utilizados para resolver desafios sociais. Lopes et
al. (2017) retratam que devido à crescente preocupação e o envolvimento de diferentes setores, no que diz
respeito à inclusão das pessoas, a TS se apresenta como alternativa a ser apropriada e aplicada para este fim.
Centro de Apoio à Criança (CEACRI) (2020) se apropria das TS como ferramentas que compreendem produtos,
técnicas e projetos cujas metodologias são sistematizadas, envolvem constantes pesquisas e podem ser replicadas
e desenvolvidas na interação e compartilhamento dos saberes de diferentes atores, incluindo os habitantes das
comunidades. Percebe-se que as TS estão interligadas à função de inclusão social e na melhoria da qualidade de
vida dos envolvidos.
Busko e De-Carvalho (2019, p. 7) apresentam que “o conceito de tecnologia social emerge como uma experiência
coletiva dentro de alguma comunidade que vive os problemas do dia a dia e que necessita conciliar trabalho
e sobrevivência”. A Associação de Educação, Cultura e Meio Ambiente Casa da Árvore (2015), o Centro de
Estudos da Cultura Popular (CECP) (2017), o Grupo de apoio as comunidades carentes (GACC) (2017) e
Instituto amigos da Floresta Amazônica (2017) confirmam que as TS geram impactos sociais, como redução das
desigualdades, a melhoria nas condições de vida de forma participativa e democrática. Assim, podemos confirmar
que as TS focam nas comunidades e no seu beneficiamento, cujo objetivo é a inclusão social e a diminuição das
desigualdades encontradas na sociedade.

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Apontar os saberes dos bibliotecários quanto às características da TS


Outra questão abordada nesta pesquisa é com relação às características das TS. As características utilizadas no
questionário foram: baixo custo; custo elevado; reaplicável; não reaplicável; não necessita de interação com os
envolvidos; necessita de interação com os envolvidos; melhora a qualidade de vida; não melhora a qualidade de
vida; necessita da relação chefe X empregado; modelo autogestionário; promove a inclusão social; promove a
exclusão social; sem resposta. A Figura 2 demonstra os resultados levantados pelos bibliotecários.

Figura 2. Gráfico Pergunta 3.

Entre as características citadas, seis (baixo custo, reaplicável, necessita a interação com os envolvidos, melhora
a qualidade de vida, promove a inclusão social e modelo autogestionários) são representativas da TS. Como
observado nos resultados, não houve unanimidade no apontamento das seis características pelos respondentes.
As características “Melhora a qualidade de vida”, “Reaplicável” e “Baixo Custo” foram as que mais se destacaram,
com 14 (78%) apontamentos. “Promove a inclusão social” e “Necessita a interação com os envolvidos” também
ganharam destaque, com 12 (66,5%) apontamentos. Outra característica, “Modelo autogestionário”, obteve
sete (39%) apontamentos. Considera-se nestes casos que, apesar de não haver o conhecimento por completo de
todas as características inerentes à TS por parte dos bibliotecários, é de se reconhecer que todas as seis foram
apontadas.
Freitas et al. (2018) reforçam que mesmo os envolvidos tendo o conhecimento do conceito de TS, nem sempre
conseguem correlacionar os conceitos e conteúdos; as relações estabelecidas geram diversas contribuições que
cumprem seu papel social, sejam acessíveis, geradas com recursos locais e reaplicáveis. Para Andrade e Valadão
(2017), TS trata de uma construção coletiva direcionada para a resolução de problemas das próprias comunidades
locais que possibilitam a inclusão social, a autonomia, o desenvolvimento sustentável e a transformação social.
Com isso, podemos inferir que o conhecimento dos bibliotecários quanto às características das TS, aqui explanado,
está ligado à realidade vivida diariamente no contexto das bibliotecas em que atuam. A TS, na dimensão
educativa, é percebida como um elemento estruturante e que atravessa as iniciativas de reaplicação e/ou
desenvolvimento de ações sociais nas comunidades; busca fomentar a autonomia e a autogestão das organizações
locais (Rede de Tecnologia Social, 2020)
Por conseguinte, houve o interesse destes pesquisadores em conhecer outras características da TS, apontadas
pelos bibliotecários, que não estiverem listadas na questão anterior. Dos respondentes, quatro (22%) apontaram
características distintas: 1) “simplicidade”; 2) “atender às necessidades locais ou globais”; 3) “inovação e solução
de problemas”; 4) “foco no aprendizado”. A característica de “simplicidade” pode ser confirmada na fala de
Gonçalves et al. (2016), em que as tecnologias sociais, na medida que se apresentam como soluções modernas,
simples e de baixo custo, popularizam-se como alternativas para resolução de problemas estruturais das camadas
mais excluídas da sociedade. “Atender às necessidades locais ou globais” é uma característica genérica vista nos
conceitos de TS; reforça-se a questão quando apresentado que TS são produtos, técnicas e/ou metodologias
reaplicáveis em diferentes contextos, pois são desenvolvidas na interação com o público beneficiário e por
meio de rigorosos métodos de desenvolvimento e teste, representando, portanto, efetivas soluções para problemas
sociais (Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), 2020)
DOI: 10.5380/atoz.v11.84684 AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento, 11, 1-20, 2022
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Quanto à característica de “inovação”, vemos associação a TS quando Busko e De-Carvalho (2019, p.20) dizem
que “associar a TS à inovação é estabelecer um eixo de novas práticas sociais e intervenções tecnológicas,
necessárias para que se possa mudar uma dada situação em que iniciativas criativas atendam às demandas sociais
de determinadas localidades”. Já “solução de problemas” é uma característica relatada por vários autores, e
damos ao citado por Sousa e Rufino (2017), que propõem o desenvolvimento de TS junto à comunidade para, de
fato, serem apropriadas e trazer resultados que resolvam as problemáticas existentes. Por último, “foco no
aprendizado” ganha destaque, por haver, em muitos dos exemplos citados do uso da TS (Quadro 4), a questão
da capacitação como forma transformadora. Sales e Boscarioli (2020) ainda relatam que as TS podem auxiliar
na aprendizagem colaborativa, regida pelas relações com o saber, motivando a interação com as tecnologias e
aplicadas de forma inovadora no ensino. Sendo assim, após confirmar na literatura e nos exemplos dos materiais
pesquisados, podemos agregar as características da TS, a simplicidade, o atendimento de necessidades locais e
globais, inovação, soluções de problemas e foco no aprendizado.

Levantamento de exemplos já utilizados, ou em potenciais, de TS nas bibliotecas


A continuidade desta pesquisa segue na questão do uso de exemplos de TS. Foi perguntado aos bibliotecários
se já utilizaram algum exemplo de TS no ambiente da biblioteca. O resultado demonstrou que seis (33,3%)
bibliotecários responderam SIM, já utilizaram exemplos de TS no ambiente da biblioteca; 12 (66,7%) responderam
que NÃO utilizaram. O fato de o resultado apresentar que 2/3 dos respondentes não utilizaram a TS nas
bibliotecas não causou surpresa para estes pesquisadores. O motivo é devido a que, na fase de coleta de dados,
na Revisão bibliográfica, não encontraram-se publicações que relatassem exemplos do uso das TS em bibliotecas.
Os únicos exemplos encontrados foram na Pesquisa documental, sendo eles, Rede de Tecnologia Social (2020)) –
Universidade Federal de Tocantins (UFT) (2018) – Projeto Biblioteca Viva. No entanto, as TS são alternativas
importantes e fundamentais para o desenvolvimento de projetos voltados para comunidades específicas; o
ambiente escolar é imprescindível para a disseminação dessas novas possibilidades (Friedrich et al., 2019). Fica
esclarecedor nos resultados que será necessário fomentar o uso das TS em bibliotecas e, posteriormente, estimular
a publicação das práticas desenvolvidas de TS para conhecimento comum.
Por conseguinte, foi solicitado aos bibliotecários se teriam alguma ideia ou exemplo, que considerassem uma
Tecnologias Social, e que pudesse ser utilizado no ambiente da biblioteca. Tivemos exemplos de oito (44,5%)
bibliotecários, sendo eles: reciclagem; quiz; canal de ofertas de emprego; auxílio na formação e confecção de
currículos; ação de leitura; uso das mídias da biblioteca como fonte de auxílio; feira solidária; espaços makers;
cursos; interação dos alunos com os processos da biblioteca. O rol de oportunidades de inserção das TS nas
bibliotecas é muito grande; vemos os exemplos desenvolvidos pela Universidade Federal de Tocantins (UFT)
(2018): Biblioteca Viva – CineBiblio; Biblioteca humana; Oficina de cartazes; Minicursos; Hortas comunitárias;
Capacitação de professores; Seminários temáticos. Para a Universidade Federal de Tocantins (UFT) (2018),
a TS focada na biblioteca universitária representa não apenas uma fonte de informação, mas a construção de
comunidades. Porém, é preciso ter claro que somente a reaplicação de exemplos de TS já realizados e que
obtiveram sucesso em outros ambientes não basta. É necessário que os bibliotecários estejam cientes que as
alternativas de TS a serem implantadas nas bibliotecas considerem, em primeiro plano, a efetiva inclusão e
interação entre os diferentes atores. O objetivo da utilização das TS nas bibliotecas é diminuir os problemas
detectados durante a interação com esses atores, melhorando as perspectivas quanto a qualidade de vida, o
aumento de oportunidades inclusivas e o acesso a um ensino de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção deste artigo foi, principalmente, investigar qual o entendimento que os bibliotecários de uma Instituição
Pública de Ensino possuíam com relação às Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta
educacional. Realizamos, para este objetivo, a pesquisa com metodologia de estudo de caso e com três fontes de
coleta de dados (Revisão bibliográfica, Pesquisa documental e Questionário com bibliotecários de uma Instituição
de Ensino Pública de SC).
As evidências encontradas, diante dos dados analisados, levam a considerar que, em grande parte dos bibliotecários,
o entendimento da descrição, características e uso das Tecnologias Sociais no ambiente da biblioteca ainda
permanecem desconhecido ou fragmentado. Prova disso é evidenciado em três pontos: 1) somente sete (39%)
dos bibliotecários mostraram um entendimento sobre a temática, apontando uma descrição do tema que, por
meio da triangulação dos dados coletados, pudemos confirmar a veracidade e coerência desses relatos; 2) com
relação às características da TS, tivemos como resultado o apontamento de todas as características apresentadas
no questionário, no entanto, não houve unanimidade com relação à citação de todas elas, ou seja, apenas dois
(11%) bibliotecários acertaram as seis características; podemos asseverar, com isso, que o entendimento dos
bibliotecários, quanto às características da TS, ainda é segmentado; 3) mesmo considerando uma descrição
prévia de TS, apresentada pelo pesquisador para auxiliar nas respostas, o resultado demonstrou que a citação de
exemplos de TS, utilizados ou idealizados para bibliotecas, teve um número baixo de adesão, apenas 1/3 dos
respondentes.
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Quanto às limitações detectadas na pesquisa citamos, em primeiro, a questão da amostra, condicionada a um


grupo de profissionais de apenas uma Instituição de Ensino, portanto, os resultados obtidos são limitados, e não
é possível afirmar que representam a realidade do entendimento da TS no ambiente das bibliotecas; em segundo,
a utilização de duas bases de dados, com critérios de coleta de dados restritos, o que ocasionou a coleta de um
número baixo de artigos com relação ao tema. Em estudos posteriores, sugere-se a utilização do estudo de caso,
na modalidade multicasos, e a utilização de um número maior de bases de dados e critérios mais abrangentes
quanto ao tema proposto.
Por fim, como principal contribuição teórico-prática do estudo, ratifica-se o valor do debate entre os bibliotecários,
mas também entre outros atores do campo da educação, como gestores, docentes e discentes, sobre uma maior
inserção das Tecnologias Sociais – como técnicas, saberes, metodologias, práticas e instrumentos geradores
de educação inclusiva – no ambiente das bibliotecas. Para o contexto das Tecnologias Sociais em bibliotecas,
entende-se que o assunto é ainda recente e precisa ser discutido nas instituições educacionais para o conhecimento
e apropriação do tema para futura inserção nas bibliotecas. Acredita-se que as bibliotecas, por serem ambientes
que promovem o desenvolvimento do conhecimento e permitem a interação entre diferentes grupos, com culturas,
vivências e realidades distintas, é um espaço propício para a criação de alternativas voltadas ao ensino e a
inclusão, desenvolvidas por meio das Tecnologias Sociais.

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NOTAS DA OBRA E CONFORMIDADE COM A CIÊNCIA ABERTA

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Papéis Edinei Nei Antônio


e contribuições Antônio Nunes
Moreno
Concepção do manuscrito X X
Escrita do manuscrito X X
Metodologia X X
Curadoria dos dados X
Discussão dos resultados X
Análise dos dados X X

EQUIPE EDITORIAL
Editora/Editor Chefe

Paula Carina de Araújo (https://orcid.org/0000-0003-4608-752X)

Editora/Editor Associada/Associado

Helza Ricarte Lanz (https://orcid.org/0000-0002-6739-2868)

Editora/Editor de Texto Responsável

Suzana Zulpo Pereira (https://orcid.org/0000-0003-2440-9938)


Seção de Apoio às Publicações Científicas Periódicas - Sistema de Bibliotecas (SiBi) da Universidade Federal do
Paraná - UFPR

Editora/Editor de Layout

Tânia Mara Mazon Barreto (https://orcid.org/0000-0002-0314-4486)

DOI: 10.5380/atoz.v11.84684 AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento, 11, 1-20, 2022

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