Tecnologias Sociais Nas Bibliotecas
Tecnologias Sociais Nas Bibliotecas
Tecnologias Sociais Nas Bibliotecas
Resumo
Introdução: o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem contribuído com o desenvolvimento social e econômico e, assim,
com a disseminação de informações, a aproximação de culturas diversas, a ampliação das redes comerciais, etc. Em face ao exposto, o objetivo
deste estudo consiste em investigar qual o entendimento que os bibliotecários de uma Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil possuem
com relação às Tecnologias Sociais e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional inclusiva. Método: a pesquisa é caracterizada como
uma abordagem exploratória e descritiva, desenvolvida com o método de investigação denominado Estudo de Caso. Este método possui
caráter qualitativo e se utilizou de três técnicas para coleta de dados e triangulação de análise: 1) Revisão de literatura – pesquisa em artigos
científicos de autores brasileiros publicados entre os anos de 2016 e 2020; 2) Pesquisa documental – considerou exemplos publicados em sites
institucionais (Fundações, Organizações e outros); 3) Aplicação de questionário semiestruturado aos bibliotecários da Instituição Pública
de Ensino do Sul do Brasil. Resultados: os resultados demonstraram evidências, diante dos dados analisados, de que, em grande parte dos
bibliotecários, o entendimento da descrição, características e uso das Tecnologias Sociais no ambiente das bibliotecas ainda permanecem
pouco conhecidos e/ou fragmentados. Conclusão: como principal contribuição teórico-prática do estudo, ratifica-se o valor do debate entre
os bibliotecários, mas também entre outros atores do campo da educação, como gestores, docentes e discentes, sobre uma maior inserção
das Tecnologias Sociais – como técnicas, saberes, metodologias, práticas e instrumentos geradores de educação inclusiva – no ambiente das
bibliotecas.
Palavras-chave: Tecnologias Sociais (TS); Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC); Bibliotecas - Instituição Pública de Ensino.
Abstract
Introduction: the advancement of Information and Communication Technologies (ICT) has contributed to social and economic development and, thus, to
the dissemination of information, bringing different cultures closer together, expanding commercial networks, etc. Considering the above, the aim of this
study is to investigate what is the understanding that librarians of a Public Education Institution in southern Brazil have regarding Social Technologies and
their usability in libraries as an inclusive educational tool. Method: the research is characterized as an exploratory and descriptive approach, developed
with the investigation method called Case Study. This method has a qualitative character and uses three techniques for data collection and analysis
triangulation: 1) Literature review – research on scientific articles by Brazilian authors published between 2016 and 2020; 2) Documentary research –
considered examples published on institutional websites (Foundations, Organizations, and others); 3) Application of a semi-structured questionnaire to
librarians of the Southern Brazil Public Education Institution. Results: the results showed evidence, given the analyzed data, that, in most librarians, the
understanding of the description, characteristics and usability of Social Technologies in the library environment remained little known and/or fragmented.
Conclusions: as the main theoretical-practical contribution of the study, the value of the debate among librarians, but also among other actors in the
field of education, such as managers, teachers, and students, about a greater insertion of Social Technologies - as techniques, is ratified. knowledge,
methodologies, practices, and instruments that generate inclusive education – in the library environment.
Keywords: Social Technologies (TS); Information and Communication Technologies (ICT); Libraries - Public Education Institution.
INTRODUÇÃO
Na era da informação em tempo real, digital e acessível, a sociedade percebe que a velocidade dos processos e do
fluxo informacional não depende mais da força humana, animal ou motriz, em geral, a maioria dos processos são
gerenciados pelas tecnologias. A percepção da questão tempo e espaço também não é a mesma, podemos ir e vir
de um lado a outro do mundo com apenas “cliques”. Pela primeira vez, “a ideia de uma Terra sem fronteiras não
aparece como a aplicação de um princípio abstrato ou como um devaneio utópico, mas como o prolongamento
realista de uma tendência que cada um pode observar” (Lévy, 2001, p. 36). Com a chegada e expansão da
internet, foi possível diminuir a dimensão de tempo e espaço e proporcionar o acesso às informações que são
realmente relevantes ao ser humano sem sair de casa.
Frente a esse cenário, compreende-se que as bibliotecas, por intermédio de seus profissionais, tornam-se equipa-
mentos mediadores entre os usuários – a informação e o conhecimento – e a educação. Por sua vez, as bibliotecas,
na maioria das comunidades, são os únicos meios das pessoas acessarem informações, melhorar sua educação,
adquirir novas habilidades, tomar decisões com base na informação e obter a compreensão de questões que
1
Moreno & Nunes Tecnologias sociais nas bibliotecas 2
são pertinentes à vida. Ao longo dos anos, com o surgimento das inovações das tecnologias de informação
e comunicação, as bibliotecas vêm procurando inovar seus produtos e serviços com a inserção de tecnologias
para o atendimento das demandas pedagógicas e a aproximação dos usuários com a biblioteca. Como fonte de
informação e conhecimento, as bibliotecas não podem deixar de oportunizar a seus usuários, produtos e serviços
diferenciados que atraiam o interesse e proporcionem a inclusão e o desenvolvimento social por meio da educação.
Para se aproximar deste objetivo, só será possível se a forma de produzir alternativas tecnológicas não estiver
centrada somente nas tecnologias convencionais hoje disponíveis para as bibliotecas. Assim sendo, surge desta
questão a possibilidade de utilização, por parte das bibliotecas, das Tecnologias Sociais (TS) como meio de
interação ao conhecimento do senso comum com o técnico-científico, ou seja, as tecnologias sociais proporcionam
uma perspectiva para a inclusão e o desenvolvimento social. As Tecnologias Sociais são “um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela,
que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (Instituto de Tecnologia Social,
2004, p. 26).
Caracteriza-se este artigo como uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida
como um estudo de caso em que propõe descrever a investigação realizada nas bibliotecas de uma Instituição
Pública de Ensino do Sul do Brasil. Esta Instituição de Ensino conta com unidades espalhadas pelo Estado
de Santa Catarina e, atualmente, são 32 bibliotecários voltados às atividades de suporte informacional da
Instituição e no atendimento dos usuários. Em decorrência do exposto, este estudo tem como questão orientadora
investigar o conhecimento dos bibliotecários sobre o conceito e a utilização das Tecnologias Sociais no ambiente
das bibliotecas. O objetivo geral consiste em investigar o entendimento dos bibliotecários da Instituição Pública
de Ensino referida em relação às Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional
e inclusiva. Para atingir esse objetivo, tem-se os seguintes objetivos específicos: a) verificar se os bibliotecários
possuem o conhecimento do conceito de Tecnologia Social; b) apontar os saberes dos bibliotecários quanto às
características da TS; c) levantar exemplos já utilizados, ou uso potencial, de TS nas bibliotecas. A realização
desta pesquisa justificou-se, primeiro, pelo valor científico das experiências dos bibliotecários quanto às TS no
ambiente das bibliotecas e segundo, pela importância de disseminar alternativas que permitam promover a
inclusão e o desenvolvimento social pelo caminho da educação.
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Moreno & Nunes Tecnologias sociais nas bibliotecas 3
se refere à busca, ao acesso e à disponibilização da informação. Conforme Amante (2010), a centralização nos
usuários significa construir um espaço virtual de informação para além do espaço físico, ao qual os usuários
podem aderir e encontrar recursos de informação com qualidade controlada pela própria biblioteca. Para as
bibliotecas, isso significa constituir um espaço mais dinâmico como centro de aprendizagem ativo e, com a
utilização das TIC, permitir aos usuários acessar e selecionar a informação mais adequada às suas tarefas, bem
como ter a capacidade de avaliar e incorporar a informação recuperada em sua aprendizagem.
Fica evidente que os tradicionais produtos e serviços das bibliotecas ainda continuam a serem oferecidos aos
usuários, entre o principal deles, o acesso físico do acervo. Para Cunha (2010, p. 8), “as bibliotecas têm valiosos
acervos em suportes ainda não digitalizados que são vitais para pesquisa em muitas áreas”. No entanto, nesse
novo contexto digital, serviços diferenciados têm evoluído dentro das bibliotecas, proporcionando conectar a
biblioteca aos usuários, e esses à informação desejada. Cabe ressaltar que as bibliotecas precisam, além de
servir como uma das principais fontes de acesso à informação e ao conhecimento, democratizar o espaço entre os
usuários. Incorporar em suas práticas biblioteconômicas as tecnologias é que proporcionará diminuir a distância
que separa a informação e o conhecimento dos usuários. No entanto, para suprir estas expectativas, as bibliotecas
precisam repensar o uso das tecnologias disponíveis, ou seja, adaptar opções viáveis por meio da apropriação e
entendimento quanto às alternativas que podem ser disponibilizadas pelas Tecnologias Sociais (TS).
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Moreno & Nunes Tecnologias sociais nas bibliotecas 5
Outro ponto destacado porNovaes e Dias (2009, p. 24) é que o “movimento da TA tinha mais a ver com um
sentimento de culpa dos pesquisadores e empresários do Primeiro Mundo, do que com uma iniciativa capaz de
alterar significativamente a situação que denunciava”. Essa afirmação se deve ao fato de que os defensores da
TA não compreendiam que o desenvolvimento de tecnologias alternativas representava apenas uma condição
necessária e não suficiente para uma possível adoção pelos grupos sociais que delas necessitavam. O movimento
da TA mostrou que ainda havia uma necessidade de ressignificar a compreensão e os objetivos para seu uso
nos países em desenvolvimento e nas sociedades de baixa renda, ou seja, para se ter um alcance desejado e
satisfatório faltava considerar as questões que envolviam a cultura local, o contexto natural e as respectivas
necessidades sociais, por fim, faltava harmonizar os interesses entre todos os envolvidos.
Com isso, o desenvolvimento das Tecnologias Sociais (TS) surge como forma de evitar equívocos conceituais
e de uso detectados nas TA. A proposta da TS é superar a visão do movimento pela TA com a realização
da crítica à neutralidade e ao determinismo (Fonseca & Serafim, 2009). No Brasil, o termo Tecnologia Social
é abordado por volta dos anos 2000 e tem suas origens e principais contribuições baseadas nas discussões
apresentadas pelo Instituto de Tecnologia Social (ITS) e pela criação da Rede de Tecnologias Sociais (RTS). O
ITS Brasil foi instituído num contexto em que as demandas do novo milênio desafiavam a sociedade brasileira
a construir um novo modelo de desenvolvimento para viabilizar a relação entre a ciência, tecnologia, inovação
e inclusão social (Instituto de Tecnologia Social, 2020). Para o Instituto, a TS é “um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela,
que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (Instituto de Tecnologia Social,
2004, p. 26). Já a RTS tem por objetivo reunir, organizar, articular e integrar um conjunto de instituições com
o propósito de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável mediante a difusão e a reaplicação em
escala de Tecnologias Sociais (Rede de Tecnologia Social, 2020). Para a Rede de Tecnologia Social (2020), “TS
compreende produtos, técnicas ou metodologias, reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e
que devem representar efetivas soluções de transformação social”. Segundo Dagnino et al. (2004, p. 23), as TS
deveriam conter as seguintes características: (i) adaptada a pequeno tamanho; (ii) liberadora do potencial físico,
financeiro e da criatividade do produtor direto; (iii) não discriminatória; (iv) capaz de viabilizar economicamente
os empreendimentos autogestionários e as pequenas empresas; (v) orientada para o mercado interno de massa; e
(vi) o empreendimento autogestionário deve ser competitivo.
Medeiros, Galvão, Correia, Gómez, e Castilho (2017) contribuem com a discussão relatando que as tecnologias
são chamadas “sociais” quando de sua implementação em determinados contextos, apresentam as condições para
melhorar a qualidade de vida; gerar efetivas mudanças em diversos campos, como: educação, agricultura, saúde,
meio ambiente e lazer; e atender aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e geração de
impacto social. Enfatizamos que, embora a TS possa parecer diretamente reaplicável em contextos julgados
extremamente semelhantes, ainda assim será imprescindível identificar nos atores e nas dinâmicas de cada lugar
particularidades fundamentais para não comprometer a implementação da iniciativa (Souza & Pozzebon, 2020).
Sendo assim, as TS necessitam de um envolvimento anterior à sua aplicação, no sentido de ouvir os atores
envolvidos e buscar extrair de seus relatos, elementos que constituem a base para o sucesso de qualquer iniciativa,
promovendo transformações sociais que ajudem a resolver problemas e necessidades relacionadas às condições de
exclusão e de pobreza.
Neste cenário, abarcando o assunto das Tecnologias da Informação e Comunicação nas Bibliotecas e a clarificação
do entendimento sobre Tecnologias Sociais e suas particularidades, a seção seguinte apresenta os procedimentos
metodológicos, contendo a caracterização da presente pesquisa e os meios utilizados para o alcance dos objetivos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Considerando a pergunta orientadora, investigar o conhecimento dos bibliotecários sobre o conceito e a utilização
das Tecnologias Sociais no ambiente das bibliotecas, e o objetivo geral deste estudo, de investigar qual o
entendimento que os bibliotecários da Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil possuem com relação às
Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta educacional e inclusiva, esta pesquisa ganha
caráter exploratória e descritiva por buscar a compreensão de um problema investigado e torná-lo compreensível,
expondo suas características. Severino (2007) salienta que a pesquisa exploratória levanta informações sobre o
objeto, delimitando um campo de trabalho e mapeando as condições de manifestação desse objeto. A pesquisa
descritiva, por sua vez, segundo Almeida (2011, p. 31), possui a “finalidade de descrever o objeto de estudo,
as suas características e os problemas relacionados, apresentando com a maior exatidão possível os fatos e
fenômenos”. Quanto à abordagem do problema, optou-se por uma abordagem qualitativa, que segundo Gonsalves
(2007), a pesquisa qualitativa preocupa-se com a compreensão do fenômeno, considerando o significado que os
outros dão às suas práticas, o que impõe ao pesquisador uma abordagem hermenêutica ou interpretativa. A
vantagem de uma abordagem qualitativa é permitir ao pesquisador relacionar as evidências provenientes de
diferentes fontes de informação, obtendo resultados relevantes para a pesquisa.
O método de pesquisa adotado foi o estudo de caso. Yin (2005, p. 32) define o estudo de caso como
“uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real,
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especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Gil (2007)
reforça que o propósito do estudo de caso é envolver-se num estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Portanto, a definição deste método
se justifica pelo fato deste pesquisador reunir informações detalhadas e numerosas para compreensão do contexto
das bibliotecas de uma Instituição de Ensino quanto ao uso das tecnologias sociais. Outra característica desta
pesquisa é a escolha por um estudo de caso único. Gil (2009) comenta que o estudo de caso único é realizado
quando se pretende investigar um indivíduo, grupo, instituição ou fenômeno; assim, o intuito desta pesquisa foi
investigar o grupo de bibliotecários pertencentes à Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil. O protocolo
de desenvolvimento do estudo de caso é um documento que serve como roteiro, contemplando o instrumento de
coleta de dados e toda a conduta seguida pelo pesquisador durante a verificação Yin (2005). Para Zanelli (2002,
p. 83), “a credibilidade de uma pesquisa consiste na articulação da base conceitual e de adotar critérios rigorosos
no uso da metodologia, além de transmitir confiança às pessoas e à organização estudada”. Ver protocolo de
pesquisa na Figura 1.
Por conseguinte, ao protocolo, temos a exposição do procedimento de coleta de dados. Gil (2009) apresenta
que o processo de coleta de dados no estudo de caso é mais complexo que outras modalidades por requerer
mais de uma técnica para obtenção dos dados. Obter dados mediante procedimentos distintos é fundamental
para garantir a qualidade dos resultados (Yin, 2005). Assim, para esta pesquisa, utilizou-se três técnicas de
pesquisa: 1) revisão de literatura – considerou os artigos científicos de autores brasileiros publicados entre os
anos de 2016 e 2020 – o objetivo era buscar conceitos e características das Tecnologias Sociais na educação
e/ou bibliotecas de exemplos brasileiros; 2) pesquisa documental – considerou exemplos publicados em sites
institucionais (Fundações, Organizações, e outros) quanto ao uso das Tecnologias Sociais na educação e/ou
bibliotecas; 3) aplicação de questionário semiestruturado – considerou o entendimento dos bibliotecários quanto
ao uso das Tecnologias Sociais no ambiente da biblioteca. O período de realização da coleta de dados foi de
26.12.2020 a 05.01.2021. Para a terceira técnica de pesquisa, a amostra delimitada foram os bibliotecários de
uma Instituição Pública de Ensino do Sul do Brasil. A Instituição conta com 22 unidades de ensino espalhadas
pelo Estado de Santa Catarina. Cada unidade tem o compromisso de possuir uma biblioteca e bibliotecário;
atualmente, são 32 bibliotecários voltados às atividades de suporte informacional da Instituição e no atendimento
dos usuários. O Quadro 1 apresenta as perguntas desenvolvidas de acordo com os objetivos propostos.
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OBJETIVOS
PERGUNTAS REALIZADAS
Específicos Geral
1 – Você conhece, já leu ou ouviu falar a
respeito de “Tecnologias Sociais”? a) verificar se os Investigar qual o entendimento
(Fechada – SIM ou NÃO) bibliotecários possuem o que os bibliotecários da
2 - Em breves palavras, descreva o conhecimento do conceito Instituição de Ensino do Sul
que você entende por "Tecnologias de Tecnologia Social. do Brasil possuem
Sociais". (Aberta) com relação às
3 – Entre as características abaixo, Tecnologias Sociais (TS)
assinale aquelas inerentes às Tecnologias e seu uso nas bibliotecas
Sociais. (Múltiplas escolhas): baixo como ferramenta
custo; custo elevado; reaplicável; não educacional e inclusiva.
reaplicável; não necessita de interação
com os envolvidos; necessita de interação b) apontar os saberes dos
com os envolvidos; melhora a qualidade bibliotecários quanto às
de vida; não melhora a qualidade de vida; características da TS.
necessita da relação chefe X empregado;
modelo autogestionários; promove a inclusão
social; promove a exclusão social; sem resposta.
4 - Você teria mais alguma(s) característica(s)
das Tecnologias Sociais, não citadas acima,
para compartilhar? Favor descrever. (Aberta)
Inclusão da descrição para auxiliar nas duas
perguntas que seguem: As Tecnologias Sociais
(TS) são um conjunto de técnicas,
metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou
aplicadas na interação com a
população (comunidade, grupo) e
apropriadas por ela, que representam
soluções para inclusão social e melhoria
das condições de vida (ITS, 2004).
Sendo assim, as TS necessitam de um c) levantar exemplos já
envolvimento anterior à sua aplicação, utilizados, ou uso potencial,
no sentido de ouvir os atores envolvidos de TS nas bibliotecas.
e buscar extrair de seus relatos, elementos que
constituem a base para o sucesso de qualquer
iniciativa que se queira desenvolver naquela
população, comunidade ou grupo.
Obs: esta descrição aparece em seção separada;
só é vista pelos respondentes após responderem
as 4 primeiras perguntas.
5 – Já utilizou algum exemplo de
Tecnologias Sociais no ambiente
da biblioteca? (Fechada – SIM ou NÃO)
6 – Você teria alguma ideia ou exemplo,
que considere uma Tecnologias Social,
que possa ser utilizado no ambiente
da biblioteca? (Aberta)
2 - Pesquisa documental - nesta etapa foi escolhida a fonte de informação on-line Google – utilizaram-se os
descritores “tecnologias sociais” AND “exemplos”; “tecnologias sociais” AND “educação” e “tecnologias sociais”
AND “biblioteca” – o objetivo foi levantar exemplos e práticas da utilização das tecnologias sociais em biblio-
tecas e/ou na educação por meio de sites institucionais – resultados encontrados: 10 exemplos, conforme Quadro 3.
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Respostas do questionário:
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Baixo custo;
Reaplicável;
Um produto,
Necessita a interação
método para
com os envolvidos; Sem
B1 Sim resolver Não Não
Melhora a resposta
um problema
qualidade de
social.
vida; Promove a
inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a interação
com
B2 Sim Baixo custo. os envolvidos; Simplicidade Sim Reciclagem
Melhora a
qualidade de
vida; Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Sem
B3 Sim Mídias sociais. Melhora a Sim Quiz
resposta
qualidade
de vida
Baixo custo;
Reaplicável;
Não necessita de
interação
com os envolvidos; Canal de ofertas
TIC voltadas a melhora de emprego e
soluções de a qualidade de vida; Sem auxílio na
B4 Não Não
interesse Necessita da relação resposta formação e
social. chefe confecção de
x empregado; currículos.
Modelo
autogestionários;
7Promove a
inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação Ação de leitura
Tecnologias com com Sem para
B5 Não Não
base nas pessoas. os envolvidos; resposta comunidades
Melhora a pobres.
qualidade de vida;
Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Algoritmos que
Necessita a
cruzam dados
interação
para aproximar
com Sem
B6 Não pessoas Não Não
os envolvidos; resposta
com os mesmos
Melhora a
interesses
qualidade de vida;
empáticos.
Promove
a inclusão social.
Sem
B7 Não Não ouvi falar. Sem resposta Não Não
resposta
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Respostas do questionário
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Nunca ouvi Sem
B8 Não Sem resposta Não Não
falar. resposta
Reaplicável;
Necessita a
Tecnologias
interação com os
desenvolvidas
envolvidos; Não
B9 Não especificamente Não há Não
Melhora a tenho.
para aplicação
qualidade de vida;
social direta.
Promove
a inclusão social.
As mídias da
biblioteca
São tecnologias Baixo custo;
onde
que auxiliam as Reaplicável;
os bibliotecários
pessoas na Melhora a
sempre
melhora qualidade Sem
B10 Sim Sim verificam
de sua qualidade de vida; resposta
o que o seu
de vida e Promove
usuário
permitem a inclusão
deseja a
a inclusão social. social.
fim de
auxiliá-lo.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação
com os envolvidos;
Melhora a
Uso de
qualidade de vida; Sem
tecnologias
B11 Sim Necessita da Não Não
em benefícios
relação resposta
da sociedade.
chefe x empregado;
Modelo
autogestionários;
Promove a
inclusão
social.
É a primeira
vez
Sem Não
B12 Não que estou Não Não
resposta tenho
vendo
este termo.
São tecnologias
que
Baixo custo;
envolvem a
Reaplicável;
participação das
Necessita a
pessoas que
interação com
vão se
os envolvidos; Não lembro
beneficiar com ela,
B13 Sim Melhora a Não tenho Não no
todos participam.
qualidade de vida; momento.
Esse tipo de
Modelo
tecnologia
autogestionários;
supre a carência de
Promove a
uma comunidade,
inclusão social.
bairro, escola etc.
São de baixo custo.
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Respostas do questionário
Bibliotecários Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta Pergunta
1 2 3 4 5 6
Baixo custo;
Técnica, método, Reaplicável;
prática, criado Necessita a
para resolver interação
algum com os envolvidos; No
Sem
B14 Sim problema Melhora a Não momento
resposta
social qualidade de vida; não.
com Modelo
impacto autogestionários;
comprovado. Promove
a inclusão social.
Baixo custo;
É a aplicação
Reaplicável;
de uma Visa atender
Necessita a
metodologia necessidades
interação
para locais ou
com os Feira
entender globais,
envolvidos; solidária;
B15 Sim uma fundamental Não
Melhora a Espaços
demanda para
qualidade de vida; makers.
social, os objetivos de
Modelo
principalmente desenvolvimento
autogestionários;
para inclusão do milênio.
Promove
de minorias.
a inclusão social.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita a
interação
São técnicas,
com
metodologias
os envolvidos;
ou conhecimento
Melhora a Cursos
desenvolvidas Inovação e
qualidade de técnicos
em alternativa na
B16 Sim vida; Sim e/ou
comunidades solução
Necessita tecnologias
com o de problemas.
da relação assistidas.
objetivo do
chefe x
uso e para
empregado;
inclusão social.
Modelo
autogestionários;
Promove a
inclusão social.
Tecnologias
Baixo custo;
que possibilitam
Necessita a Sem
B17 Não interagirem Não Não
interação com os resposta
de forma
envolvidos.
a se socializar.
Baixo custo;
Reaplicável;
Necessita
Desenvolvi-
a interação
mento,
com os
interação
Propostas envolvidos;
do aluno
para inovar nas Melhora a Foco no
B18 Não Sim com os
bibliotecas, qualidade de aprendizado.
processos
renovar. vida; Necessita da
para tornar
relação chefe x
mais
empregado;
simples.
Promove
a inclusão
social.
A seguir, apresenta-se a descrição do relatório realizado por meio da triangulação das técnicas de coleta de dados
utilizadas nesta pesquisa. Para esta construção, consideramos uma sequência descrita pelos objetivos específicos,
triangulando as respostas obtidas pelo questionário e conceitos, exemplos e características obtidos na Revisão
Bibliográfica e Pesquisa Documental.
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Entre as características citadas, seis (baixo custo, reaplicável, necessita a interação com os envolvidos, melhora
a qualidade de vida, promove a inclusão social e modelo autogestionários) são representativas da TS. Como
observado nos resultados, não houve unanimidade no apontamento das seis características pelos respondentes.
As características “Melhora a qualidade de vida”, “Reaplicável” e “Baixo Custo” foram as que mais se destacaram,
com 14 (78%) apontamentos. “Promove a inclusão social” e “Necessita a interação com os envolvidos” também
ganharam destaque, com 12 (66,5%) apontamentos. Outra característica, “Modelo autogestionário”, obteve
sete (39%) apontamentos. Considera-se nestes casos que, apesar de não haver o conhecimento por completo de
todas as características inerentes à TS por parte dos bibliotecários, é de se reconhecer que todas as seis foram
apontadas.
Freitas et al. (2018) reforçam que mesmo os envolvidos tendo o conhecimento do conceito de TS, nem sempre
conseguem correlacionar os conceitos e conteúdos; as relações estabelecidas geram diversas contribuições que
cumprem seu papel social, sejam acessíveis, geradas com recursos locais e reaplicáveis. Para Andrade e Valadão
(2017), TS trata de uma construção coletiva direcionada para a resolução de problemas das próprias comunidades
locais que possibilitam a inclusão social, a autonomia, o desenvolvimento sustentável e a transformação social.
Com isso, podemos inferir que o conhecimento dos bibliotecários quanto às características das TS, aqui explanado,
está ligado à realidade vivida diariamente no contexto das bibliotecas em que atuam. A TS, na dimensão
educativa, é percebida como um elemento estruturante e que atravessa as iniciativas de reaplicação e/ou
desenvolvimento de ações sociais nas comunidades; busca fomentar a autonomia e a autogestão das organizações
locais (Rede de Tecnologia Social, 2020)
Por conseguinte, houve o interesse destes pesquisadores em conhecer outras características da TS, apontadas
pelos bibliotecários, que não estiverem listadas na questão anterior. Dos respondentes, quatro (22%) apontaram
características distintas: 1) “simplicidade”; 2) “atender às necessidades locais ou globais”; 3) “inovação e solução
de problemas”; 4) “foco no aprendizado”. A característica de “simplicidade” pode ser confirmada na fala de
Gonçalves et al. (2016), em que as tecnologias sociais, na medida que se apresentam como soluções modernas,
simples e de baixo custo, popularizam-se como alternativas para resolução de problemas estruturais das camadas
mais excluídas da sociedade. “Atender às necessidades locais ou globais” é uma característica genérica vista nos
conceitos de TS; reforça-se a questão quando apresentado que TS são produtos, técnicas e/ou metodologias
reaplicáveis em diferentes contextos, pois são desenvolvidas na interação com o público beneficiário e por
meio de rigorosos métodos de desenvolvimento e teste, representando, portanto, efetivas soluções para problemas
sociais (Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), 2020)
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Quanto à característica de “inovação”, vemos associação a TS quando Busko e De-Carvalho (2019, p.20) dizem
que “associar a TS à inovação é estabelecer um eixo de novas práticas sociais e intervenções tecnológicas,
necessárias para que se possa mudar uma dada situação em que iniciativas criativas atendam às demandas sociais
de determinadas localidades”. Já “solução de problemas” é uma característica relatada por vários autores, e
damos ao citado por Sousa e Rufino (2017), que propõem o desenvolvimento de TS junto à comunidade para, de
fato, serem apropriadas e trazer resultados que resolvam as problemáticas existentes. Por último, “foco no
aprendizado” ganha destaque, por haver, em muitos dos exemplos citados do uso da TS (Quadro 4), a questão
da capacitação como forma transformadora. Sales e Boscarioli (2020) ainda relatam que as TS podem auxiliar
na aprendizagem colaborativa, regida pelas relações com o saber, motivando a interação com as tecnologias e
aplicadas de forma inovadora no ensino. Sendo assim, após confirmar na literatura e nos exemplos dos materiais
pesquisados, podemos agregar as características da TS, a simplicidade, o atendimento de necessidades locais e
globais, inovação, soluções de problemas e foco no aprendizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção deste artigo foi, principalmente, investigar qual o entendimento que os bibliotecários de uma Instituição
Pública de Ensino possuíam com relação às Tecnologias Sociais (TS) e seu uso nas bibliotecas como ferramenta
educacional. Realizamos, para este objetivo, a pesquisa com metodologia de estudo de caso e com três fontes de
coleta de dados (Revisão bibliográfica, Pesquisa documental e Questionário com bibliotecários de uma Instituição
de Ensino Pública de SC).
As evidências encontradas, diante dos dados analisados, levam a considerar que, em grande parte dos bibliotecários,
o entendimento da descrição, características e uso das Tecnologias Sociais no ambiente da biblioteca ainda
permanecem desconhecido ou fragmentado. Prova disso é evidenciado em três pontos: 1) somente sete (39%)
dos bibliotecários mostraram um entendimento sobre a temática, apontando uma descrição do tema que, por
meio da triangulação dos dados coletados, pudemos confirmar a veracidade e coerência desses relatos; 2) com
relação às características da TS, tivemos como resultado o apontamento de todas as características apresentadas
no questionário, no entanto, não houve unanimidade com relação à citação de todas elas, ou seja, apenas dois
(11%) bibliotecários acertaram as seis características; podemos asseverar, com isso, que o entendimento dos
bibliotecários, quanto às características da TS, ainda é segmentado; 3) mesmo considerando uma descrição
prévia de TS, apresentada pelo pesquisador para auxiliar nas respostas, o resultado demonstrou que a citação de
exemplos de TS, utilizados ou idealizados para bibliotecas, teve um número baixo de adesão, apenas 1/3 dos
respondentes.
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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA
EQUIPE EDITORIAL
Editora/Editor Chefe
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Editora/Editor de Layout
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