VGFT Hdrchijn
VGFT Hdrchijn
VGFT Hdrchijn
Para evitar que a ocupação antrópica crie cada vez mais problemas resultantes da
interação Terra-Homem, é necessário definir regras de ordenamento do território –
assegurar um processo integrado de organização do espaço biofísico, tendo como
objetivo a sua ocupação e transformação de acordo com as capacidades desse
espaço.
Ordenamento de território:
Tradução das políticas económica, social, cultural e ecológica da sociedade
Portugal
A análise de algumas situações no país pode sensibilizar-nos para (a):
necessidade de estarmos atentos ao que se passa à nossa volta
compreensão dos processos geológicos, das causas que lhes estão associadas
formas de prevenção que diminuam os riscos inerentes a esses processos
Rios:
╘ Canais de escoamento das águas da chuva e do degelo
╘ Não há 2 iguais
╘ O comportamento de cada um depende do seu regime hidrológico
o Que depende das inter-relações complexas das condições da bacia
hidrográfica, incluindo:
▪ Geometria
▪ Relevo
▪ Composição rochosa
▪ Materiais dos solos
▪ Cobertura vegetal
▪ Grau de interferência humana
Meteorização e erosão
As águas em movimento podem provocar desgaste físico nas rochas do leito:
▪ Verticalmente – aprofundam o canal fluvial
▪ Lateralmente – alargam o canal fluvial
Ação de desgaste que se deve (principalmente) ao efeito de arrastamento dos
materiais sólidos transportados. Todos os materiais soltos são removidos devido à
pressão exercida pela água em movimento (sendo principalmente importante em
época de cheias – a velocidade das águas é maior).
O processo de remoção chama-se Erosão.
Transporte
Os materiais podem ser levados para maiores distâncias.
Detritos – fragmentos sólidos resultantes do desgaste das rochas,
independentemente das suas dimensões (constituem parte da carga sólida do curso
de água).
O transporte de detritos pelas águas pode fazer-se por vários processos:
Em suspensão – se são materiais finos
Por saltação, rolamento ou arrastamento – materiais mais pesados e grosseiros
Os rios transportam uma grande quantidade de substâncias dissolvidas. A
capacidade de transporte da carga sólida aumenta extraordinariamente durante as
cheias – aumenta a velocidade das águas. Mesmo os materiais depositados no fundo
das albufeiras são remobilizados.
Os rios transfiguram-se completamente – podem transportar em horas ou dias mais
detritos do que em vários anos normais.
Sedimentação
╘ Deposição de materiais (leito, margem e na foz)
╘ Geralmente ordenada de acordo com:
o Dimensões dos detritos
o Forma dos detritos
o Peso dos detritos
o Velocidade da corrente
Após a deposição, os materiais designam-se por sedimentos.
╘ Os materiais mais pesados e de maiores dimensões normalmente depositam-
se mais para montante.
╘ Os materiais de pequenas dimensões e mais finos depositam-se a jusante
(próximo da foz) – podem ser mesmo transportados para o mar.
A deposição dos materiais é importante quando ocorrem cheias, formando depósitos
no leito de cheia chamados aluviões.
Em cada troço de um rio realizam-se simultaneamente os 3 tipos de ação geológica:
▪ Erosão
▪ Transporte
▪ Sedimentação
De forma seletiva, no entanto, uma predomina sobre as outras.
Portugal
O crescimento da população durante a primeira metade do século XX (consequente
pressão sobre os recursos hídricos) fez com que o país apostasse na construção de
barragens – implementada fundamentalmente nas décadas de 50 e 60, prosseguindo
até à atualidade (ritmo inferior).
Utilização da água
Abastecimento de populações
Irrigação de terras agrícolas
Aproveitamento hidroelétrico
Rio Douro
As barragens não resolveram o problema das cheias, pois:
► Quando a precipitação é elevada, por questões de segurança, procede-se à
descarga das albufeiras no Douro e seus afluentes (tanto do lado espanhol
como do lado português)
o Traduz-se em cheias e inundações nas zonas ribeirinhas baixas (Régua,
Vila Nova de Gaia e Porto)
Albufeiras:
• lago de origem artificial
• localizadas a montante de uma barragem
• normalmente concebidas para:
o armazenar água numa região seca
o dar mais vida a um ambiente
• pode resultar da construção de uma estação hidroelétrica
• cobre as áreas costeiras às margens de um rio
Apesar dos benefícios das barragens, estas acarretam muitos inconvenientes:
╘ ao longo do tempo vão-se depositando no fundo das albufeiras materiais
transportados pelo rio
o diminui a capacidade de armazenamento de água
o o enchimento das albufeiras causa a submersão de muitos
ecossistemas terrestres, incluindo povoações habitadas
╘ reduzem consideravelmente a quantidade de detritos debitada no mar
╘ a jusante da barragem aumenta a ação erosiva na vertical – aprofundam o leito
do rio
╘ têm um determinado período de vida útil – quando este acaba colocam-se
problemas de segurança
╘ têm um impacte negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres da zona
╘ dificultam a passagem de peixes e de outros animais, muitos dos quais faziam
a desova em zonas do rio a montante
Ocupação antrópica dos leitos de cheia dos cursos de água:
torna a população vulnerável aos efeitos das cheias quando os caudais
ultrapassam a capacidade reguladora das obras de engenharia (já aconteceu
em muitos rios portugueses)
Exploração abusiva de areias e outros granulados do leito ou das margens do rio:
• pode ter consequências catastróficas
o desaparecimento de praias fluviais
o descalçamento de pilares de pontes assentes sob o leito
▪ desmoronamento dessas pontes
A intervenção do ser humano junto dos cursos de água contribui para o agravamento
das situações de risco. Deve ser assegurado o ordenamento do território, fazendo
uma gestão racional dos espaços que evite a ocupação urbana e industrial de zonas
de risco.
Formas de erosão
Resultam do desgaste provocado pelo impacto dos movimentos das águas do mar
sobre a costa.
Abrasão marinha:
▪ desgaste provocado pelo mar
▪ efeitos: notórios em costas altas e escarpadas (arribas)
▪ ocorre, principalmente, na base da arriba
o o impacto das águas sobre as rochas vai escavando e provocando a
queda de detritos que se acumulam em zonas mais baixas – constitui-
se a plataforma de abrasão
▪ esta plataforma é recoberta pelas águas durante a praia-mar e
fica descoberta durante a baixa-mar
Zona litoral
► importante recurso natural, como espaço de lazer e como fonte geradora de
riqueza
► recurso não renovável à escala humana
Portugal
A gestão da zona litoral caracteriza-se por uma degradação contínua.
Cortegaça As ondas abatem-se sobre esta localidade do concelho
de Ovar, entretanto fortificada com pedras e reposições
artificiais de areia.
A praia, outrora gigante, foi interrompida e, no lado sul,
reduzida a quase nada.
S. Bartolomeu do Mar Em Esposende, era uma das praias mais frequentadas.
Isso foi antes de 40m do areal serem ocupados pelas
ondas, que ameaçam agora 25 casas.
Ponta da Baleeira Existem casas suspensas no precipício e mais se estão a
construir.
Lourinhã Ocorrem derrocadas muito perto do terraço de certas
casas na Praia da Areia Branca
Vagueira Em meio século, 220m de uma das praias mais
frequentadas da região de Aveiro
As estruturas de apoio, durante a época balnear,
continuam no seu lugar, mas, no inverno, as escadas
levam direitinho ao mar.
Vale do Lobo Recuo acelerado da arriba. Ameaça às casas.
Formas de deposição
Os materiais podem constituir formas diversas como:
╘ Praias – acumulação de areia na faixa litoral
╘ Restingas – acumulação de areia ligada à faixa litoral por uma das suas
extremidades e com a outra livre. Ex:
o Formação arenosa que se situa na foz do Douro
o Restinga do Douro:
▪ São ainda mal conhecidos os efeitos da construção dos quebra-
mares (na margem direita e na margem esquerda da foz do rio)
e do molhe na margem sul
• Alguns técnicos receiam que a sua construção vá
contribuir para o desaparecimento das praias da cidade
de Gaia.
╘ Ilhas-barreiras – acumulação de areia paralela à costa e dela separada por
uma laguna. Ex:
o As ilhas que se situam paralelamente à linha de costa, em Faro
A falta de granulados (ficam retidos nas barragens ou são retirados) tem contribuído
para o avanço do mar na faixa costeira.
Na tentativa de proteger a faixa litoral têm sido construídas ao longo da costa obras
de proteção. São de 3 tipos:
╘ Esporões – obras transversais à linha de costa
╘ Paredões – construções paralelas aderentes à linha de costa
╘ Quebra-mares – construções paralelas destacadas da linha de costa
Ao longo da costa, são inúmeros os exemplos de intervenção do ser humano na
tentativa de reduzir os efeitos do mar sobre o litoral.
o Após a construção dos esporões, verificou-se a retenção das areias a ocidente
destes, mas ocorreu a deficiência de abastecimento de areias nos locais
situados a oriente.
o Consequentemente, aumentou a erosão → conduziu à construção de
sucessivos esporões.
o A resolução de um problema numa zona veio agravar a situação em locais mais
a oriente.
Algarve
A praia da Falésia é estreita, com uma arriba entre os 15 e 150m de altura e
razoavelmente protegida durante o verão. No inverno, no entanto, a praia emersa é
bastante menor do que no verão.
╘ Verifica-se o ataque violento da base da arriba – ocorrem fortes recuos das
arribas, com importantes desmoronamentos – quedas de habitações e árvores
(acontece também na Quarteira e nos Olhos de Água)
╘ Em alguns locais, o recuo da linha de costa chega a atingir 2m por ano
╘ À erosão natural junta-se a erosão provocada pelo ser humano com
construções em zonas frágeis e com intenso pisoteio
A construção de esporões na costa ocidental favorece a deposição de sedimentos
arrastados pelas correntes, a norte do esporão, mas agrava a erosão a sul desse
esporão.
Ex: Costa-Nova
╘ A construção do porto de Aveiro em 1949-1950 conduziu ao estabelecimento
de um campo de esporões na Costa-Nova, os quais provocaram em certas
zonas recuos da linha de costa na ordem dos 50m
No troço de Espinho-Cortegaça, por cada km de costa existem, em média, 1,8
esporões e 325m de estruturas protetoras ao longo da costa.
▪ Algumas destas construções são indispensáveis para o desenvolvimento
económico e social do país. É o caso dos portos de mar que, mesmo
degradando o litoral, são necessários para o desenvolvimento económico.
▪ Excluindo a construção de portos, as chamadas “obras de proteção” já foram
proibidas em alguns países, pela perturbação que causam na dinâmica da
evolução da faixa costeira.
Devido ao acentuado declive que muitas destas zonas apresentam, são locais onde
a erosão é muito acentuada. O movimento nessas zonas pode ocorrer:
▪ sob a forma de movimentos de materiais soltos
o verifica-se a movimentação desse material solto, com tamanho muito
variável (de milímetros a metros cúbicos), pela vertente por ação direta
da gravidade (quedas de blocos) ou arrastado, geralmente, por água
Instabilidade geomorfológica
► tem-se manifestado por diversos tipos de movimentos em massa em
diferentes áreas do território nacional
► é responsável pela perda de vidas humanas, por avultados prejuízos materiais
e funcionais
Zonas de vertente
╘ existem permanentes movimentações dos materiais (podem ser
extremamente lentas e impercetíveis – ao longo de muitos anos – ou verificar-
se de forma muito rápida) que transferem para posições mais baixas grandes
volumes de rochas e de sedimentos
╘ a movimentação dos materiais depende de certos fatores, como:
o inclinação e o tipo de material geológico que constitui a zona de
vertente
▪ numa superfície inclinada, como esta, a força da gravidade
pode ser decomposta em duas componentes principais
(normal e tangencial), ao contrário do que acontece numa
superfície horizontal
▪ à medida que a inclinação da vertente aumenta, a componente
tangencial da gravidade aumenta e a componente normal
diminui
• componente tangencial – responsável pela eventual
movimentação
▪ as forças que se opõem ao movimento – atrito, coesão de
partículas, etc. – são vulgarmente conhecidas por forças de
resistência
• estas forças têm especial interessa numa zona de
vertente → impedem a movimentação dos materiais
tipo de
inclinação da teor de água variações de
gravidade materiais
vertente no solo temperatura
geológicos
╘ Natural
o na formação dos minerais não há intervenção humana
╘ Inorgânico
o excluem-se substâncias orgânicas, isto é, compostos de C e H.
o o âmbar (por exemplo) é uma resina fóssil – é um composto orgânico
que foi produzido por plantas no passado e, por isso, não é um mineral
O que confere aos minerais as suas propriedades físicas e químicas que auxiliam na
sua definição (através de ensaios simples que não implicam equipamento complexo)?
o Composição química
o Organização estrutural da matéria cristalina
Propriedades físicas
Destacam-se:
Propriedades óticas – cor, risca e brilho;
Propriedades mecânicas – dureza, clivagem, fratura;
Densidade
Minerais:
• Idiocromáticos – cor constante
o Cor característica e própria
o Exemplos:
▪ Malaquite – verde
▪ Azurite – azul
▪ Pirite – amarelo-latão
Risca / Traço
Cor do mineral quando reduzido a pó.
Propriedade importante na identificação de minerais.
Mesmo que a cor do mineral varie, a risca (normalmente) mantém-se constante,
podendo, em certos casos, ser diferente da própria cor do mineral.
Ex: Hematite tem cor negra e risca vermelha-sanguínea
Brilho / Lustre
Efeito produzido pela qualidade e intensidade de luz refletida numa superfície de
fratura recente do mineral. O brilho pode ser:
• Metálico (Ex: galena – reflete a luz de um modo semelhante ao dos metais
polidos
╘ Não metálico / vulgar – diferentes termos p/ descrever o brilho destes
minerais
Clivagem
A tendência de um mineral partir segundo direções preferenciais, desenvolvendo
superfícies de rutura planas e brilhantes.
Fratura
Ex: quartzo – não apresenta clivagem e, quando percutido, desagrega-se em
fragmentos com superfícies mais ou menos irregulares, sem direção privilegiada.
Esta propriedade revela que todas as ligações são igualmente fortes, qualquer que
seja a direção considerada. As superfícies dessa fratura não se repetem
paralelamente a si mesmas e apresentam diferentes aspetos.
Dureza
Resistência que o mineral oferece à abrasão – a ser riscado (sulcado) por outro
material ou por determinados objetos.
É condicionada pela estrutura e pelo tipo de ligações entre as partículas e, por isso,
pode variar com a direção considerada.
Densidade
Densidade absoluta (/massa volúmica) de uma substância → traduz a massa por
unidade de volume.
Depende de…
natureza das partículas (átomos ou iões) que constituem o mineral
do tipo de arranjo dessas partículas
Como se determina?
𝑀 2,9
Massa volúmica → =
𝑉 1𝑐𝑚3
2,9 𝑔 ∕ 𝑐𝑚3
𝐷= = 2,9
1 𝑔 ∕ 𝑐𝑚3
No laboratório de mineralogia;
𝑃
𝑑=
𝑃 − 𝑃′
Propriedades químicas
Alguns testes químicos podem ser realizados para identificar minerais. Ex:
Rochas
magmáticas,
metamórficas e meteorização erosão
sedimentares transporte
rochas
sedimentares diagénese sedimentação
Meteorização física
► provoca nas rochas uma desagregação em fragmentos de dimensões cada vez
menores, mas que retêm as características do material original
► esta fragmentação aumenta a superfície exposta aos agentes de meteorização
► predomina em zonas do Globo geladas e desérticas, nas quais a água no
estado líquido é escassa
► diferentes agentes externos podem atuar sobre as rochas e acelerar a sua
fragmentação
Meteorização química
A maioria dos minerais gerados em profundidade torna-se instável nas condições
superficiais. Esses minerais experimentam uma decomposição química traduzida pela
alteração da estrutura interna, podendo verificar-se remoção ou introdução de
elementos.
Ocorrem processos complexos pelos quais se originam outros minerais mais
estáveis ou uma série de produtos solúveis que são transportados pelas correntes,
podendo chegar até ao mar.
Principais agentes desta alteração mineralógica:
• água – com diferentes substâncias dissolvidas
• oxigénio e dióxido de carbono atmosféricos
• diferentes substâncias produzidas pelos seres vivos
• a temperatura também tem grande influência na alteração química –
influencia a velocidade das reações
Dada a intervenção dos seres vivos no processo de decomposição dos minerais, usa-
se muitas vezes a expressão meteorização bioquímica para o processo.
Os mecanismos de alteração química são extraordinariamente complexos, podendo
destacar-se como os mais importantes:
• o CO2 atmosférico ou o existente nos solos pode reagir com a água, formando
ácido carbónico, que se dissocia
• os feldspatos, minerais muito frequentes em muitos tipos de rochas,
nomeadamente nos granitos, são alterados pelas águas acidificadas,
experimentando reações de hidrólise
Feldspato Calcite
os iões hidrogenocarbonato reagem com os o ácido carbónico reage com a calcite dos
feldspatos calcários
► Oxidação
O oxigénio é muito importante na meteorização química. Provoca oxidações.
Muitos minerais (como as piroxenas e as olivinas) contêm ferro na sua constituição.
Este ferro pode ser facilmente oxidado → passa de ferroso Fe2+ a férrico Fe3+. Esta
oxidação é muito rápida em presença da água e origina um mineral novo, de cor
avermelhada – hematite.
► Carbonatação
As águas acidificadas podem reagir (por exemplo) com a calcite (carbonato de cálcio)
– mineral que faz parte dos calcários, formando produtos solúveis.
Os calcários são alterados e destruídos por um processo químico designado por
carbonatação.
CaCO3 + H2CO3 -------------------> Ca2+ + 2 HCO3-
Carbonato de cálcio; Ácido carbónico; Ião cálcio; Ião hidrogenocarbonato;
▪ Granosseleção
o As partículas são selecionadas e separadas de acordo com o tamanho,
a forma e a densidade
o Sedimento bem calibrado – os detritos têm, aproximadamente, o
mesmo tamanho
o Vento e rios são bons agentes de granosseleção
Quando o agente perde energia, os materiais (não podendo prosseguir o transporte)
depositam-se, contribuindo para a formação de sedimentos.
Sedimentação
Processo de deposição dos materiais
Pode ocorrer em ambientes terrestres, mas é principalmente importante em
ambientes aquáticos – nomeadamente nos cursos de água, nos lagos e nos
mares
Os materiais transportados em solução sedimentam após a precipitação.
Deposição
╘ Dá-se segundo camadas sobrepostas, horizontais e paralelas – principalmente
se a sedimentação ocorre em ambiente aquático
╘ Estratos → as diferentes camadas
o Diferem umas das outras pela cor, composição ou pela granulometria
o Cada camada nova que se forma sobrepõem-se e comprime as mais
antigas, situadas por baixo dela. As outras superfícies,
aproximadamente planas, que separam diferentes estratos,
denominam-se superfícies de estratificação
o Teto → superfície superior ao estrato
o Muro → superfície inferior ao estrato
Homogeneidade de cada estrato:
► resulta de um processo sedimentar regular e contínuo em que se mantêm
constantes as características ambientais e o tipo de materiais depositados
► perturbações no regime de sedimentação ficam marcadas e assinaladas na
superfície que separa os dois conjuntos de estratos
Diagénese
Nas rochas detríticas, os depósitos são inicialmente constituídos por materiais soltos
(com granulometria diferente de situação para situação).
Após deposição:
╘ geralmente os sedimentos experimentam uma evolução mais ou menos
complexa, em que intervêm processos físico-químicos diversos – no conjunto
constituem a diagénese
Através dos processos diagenéticos.
╘ os sedimentos transformam-se em rochas sedimentares com diferentes graus
de evolução
Processos que ocorrem durante a diagénese:
► Compactação
o à medida que a sedimentação prossegue, novas camadas se vão
sobrepondo
o isto aumenta a pressão a que as camadas inferiores ficam submetidas
o em consequência, a água incluída nos interstícios dos materiais é
expulsa e as partículas ficam mais próximas
o diminui assim o volume da rocha, que se torna progressivamente mais
compacta e mais densa
► Cimentação
o os espaços vazios entre os detritos podem ser preenchidos por
materiais de neoformação, resultantes da precipitação de substâncias
dissolvidas na água de circulação
o estes materiais constituem um cimento que liga os detritos, formando
uma rocha consolidada
o é muito frequente que o cimento resulte da precipitação de carbonato
de cálcio ou de sílica, formando esta um cimento muito duro
As rochas detríticas deviam apenas incluir as litologias cujos materiais estão ligados,
formando uma massa coerente. Há autores, que designam como rochas sedimentares
acumulações de sedimentos não consolidados (Ex: areias). O programa considera
rochas detríticas consolidadas e rochas detríticas não consolidadas. Rochas:
Existem areias calcárias formadas por grãos de calcite e areias negras constituídas
(essencialmente) por minerais ricos em ferro e magnésio. As mais comuns são as
quartzosas, de cores claras e constituídas predominantemente por grãos de
quartzo.
Entre os grãos de areia existem espaços/poros onde a água ou o ar podem
circular – as areias são muito permeáveis.
Rochas sílticas – constituídas por partículas com dimensões entre 1/16 e 1/256mm.
Rochas argilosas – constituídas por materiais cujas dimensões são inferiores a
1/256mm (predominam os minerais de argila resultantes da meteorização química
de vários minerais). Cerca de 80% do conjunto das rochas sedimentares.
Na água que goteja do teto de uma gruta, cada gota abandona no local de
desprendimento uma película de carbonato de cálcio (CaCO3), que, por acumulação
sucessiva ao longo de muitos milhares de anos, forma estruturas pendentes chamadas
estalactites.
O gotejar constante sobre o solo da gruta também leva à acumulação sucessiva de
películas de CaCO3, que formam estruturas ascendentes: estalagmites.
Estes 2 tipos de estruturas tomam, por vezes, formas caprichosas e podem encontrar-se e
ligar-se → formam colunas.
Todas as estruturas descritas conferem às grutas calcárias uma beleza espetacular.
╘ salinas (evaporitos)
o resultam da precipitação de sais dissolvidos (devido à evaporação de
água que os contém em solução). Podem ocorrer em:
▪ águas marinhas retidas em lagunas que estabelecem
esporadicamente ligação com o mar;
▪ em lagos salgados no interior de áreas continentais (geralmente
áridas).
o à medida que ocorre essa evaporação da água, os sais menos solúveis
precipitam em primeiro lugar, seguindo-se (sucessivamente) a
precipitação dos sais progressivamente mais solúveis – vão-se
sobrepondo aos já formados. Constituem-se sequências de evaporitos
por vezes de grande espessura;
o a ordem descrita pode ser alterada devido a perturbações do meio,
como a renovação da água do lago / laguna (altera a concentração de
alguns sais).
Podemos destacar:
Gesso Quimicamente, é sulfato de cálcio hidratado (CaSO42H2O)
É formado por cristais transparentes ou por massas brancas ou
amareladas com diferentes aspetos.
Portugal:
Ocorre em Sesimbra, Óbidos e Leiria
Utilização:
Depois de tratado, é utilizado na indústria do cimento, em estuques e
ornamentos de paredes e em esculturas, odontologia, etc.
Sal-gema Constituído, essencialmente, por halite
Halite → quimicamente, é cloreto de sódio (NaCl)
Geralmente, está associado a outros sais.
Pode conter argila, matéria orgânica e óxidos de ferro misturados.
Pouco denso e muito plástico.
Natureza:
Os depósitos profundos de sal-gema, quando sob pressão, podem
ascender através de zonas débeis da crosta, formando grandes massas
de sal – domas salinos / diápiros.
Portugal:
É explorado em Torres Vedras e em Loulé. Em Rio Maior, em terrenos
salinos, é extraída a água através de poços e lançada em grandes
tanques, onde se dá a evaporação e a precipitação do sal.
Utilização:
A sua aplicabilidade industrial é grande, fornecendo produtos que
entram em cadeias de transformação. Entre os produtos obtidos,
podem-se citar: cloro, sódio, ácido clorídrico, soda cáustica,
hipoclorito de sódio, etc.
Estes produtos são utilizados em diferentes indústrias (fabrico de
sabão, borracha, vidro, cerâmica, detergentes, papel, medicamentos,
etc.)
► rochas biogénicas
o os sedimentos que as compõem podem ser constituídos por detritos
orgânicos ou por materiais resultantes de uma ação bioquímica.
o Natureza: muitas vezes os processos inorgânicos e bioquímicos andam
intimamente ligados; por isso, alguns autores designam as rochas
biogénicas por quimiobiogénicas
o De entre as formações com esta origem, vamos considerar: calcários
biogénicos, carvões e petróleos
Calcários biogénicos
╘ Muitos organismos aquáticos (animais marinhos, etc.) fixam carbonatos,
edificando peças esqueléticas (conchas, polipeiros, carapaças…).
╘ No próprio plâncton marinho existem seres com peças esqueléticas calcárias.
╘ Após a morte, esses seres depositam-se nos fundos marinhos, formando
um sedimento biogénico.
╘ A parte orgânica (normalmente) é decomposta. As conchas acabam por ser
cimentadas, evoluindo para calcários consolidados.
o Exemplos: calcários conquíferos e calcários recifais
Carvões e petróleos
╘ O conceito de rocha sedimentar é (por vezes) generalizado, englobando
materiais como carvões e petróleos.
o Petróleo – não é uma rocha no sentido comum do termo (é líquido),
mas encontra-se exclusivamente no interior de rochas sedimentares e
forma-se a partir de sedimentos biogénicos.
▪ O seu estudo é feito, muitas vezes, juntamente com as rochas
sedimentares.
► Produtos petrolíferos
Os produtos petrolíferos naturais incluem materiais: gasosos, líquidos e sólidos nas
condições normais de pressão e temperatura.
╘ Produtos sólidos → asfaltos ou betumes
╘ Produtos líquidos → petróleo bruto ou nafta
╘ Produtos gasosos → gás natural
Exemplos:
Marcas de Fendas de Marcas das Icnofósseis – pegadas de
ondulação (ripple dessecação / gotas da animais, pistas de
marks) retração (mud chuva reptação, fezes
crackers) fossilizadas
Observam-se em Observam-se Muitas Fornecem informações
praias atuais. frequentemente vezes importantes sobre:
Aparecem em terrenos patentes - Ambientes sedimentares
preservadas em argilosos atuais. em rochas do passado
alguns arenitos. antigas. - Hábitos dos animais
Dão-nos informação Aparecem, - Tipos de alimentos
sobre: muitas vezes, Com - Etc.
- O ambiente também aspeto
sedimentar em que conservadas idêntico ao
a rocha se gerou em rochas que
- A posição original antigas. acontece
das camadas na
- A direção das realidade.
correntes que as
produziram
Processos de fossilização
Os organismos (ou parte deles) são preservados sem alteração ou com
Conservação
Somente uma pequena fração dos seres vivos que viveram durante o passado
geológico foi preservada como fósseis. A maioria foi destruída após a morte.
A preservação dos organismos é contingente. Assim, o registo da vida passada é, por
vezes, cheio de lacunas.
O registo fóssil dos organismos com partes duras que viveram em zonas de
sedimentação é abundante. Contudo, um vasto conjunto de formas de vida que não
encontrou condições de fossilização ficou sem registo.
Os fósseis:
╘ permitem fazer a história da vida
╘ fornecem aos geólogos um meio de estabelecerem a idade relativa dos
estratos
╘ dão pistas para a reconstituição dos paleoambientes
rocha é mais antiga do que outra, mas não pode dizer quantos anos é
mais velha nem sequer quantos anos tem.
idade.
Carbonífero 359,2
Devónico 416
Paleozoica
Silúrico 443,7
Ordovícico 488,3
Câmbrico 542
Neoproterozoica 1000
Proterozóico Mesoproterozoica 1600
Paleoproterozoica 2500
Pré-
Neoarcaica 2800
Câmbrico
Arcaico Mesoarcaica 3200
Paleoarcaica 3600
Hádico 4500
Grandes alterações
Idade Vida nos oceanos e nos biológicas (relativas à
Era
(M.a.) continentes passagem para a Era
acima)
O registo fóssil revela que a vida Foi só durante o
existente estava muito relacionada Neogénico que
com a vida atual. apareceram os
Cenozoica
Um grande número de mamíferos, primeiros
plantas e invertebrados era próximo representantes do
66 das formas que existem hoje. género Homo.
O termo do Mesozoico
foi marcado por uma
Grande diversidade de vida.
grande crise biológica
Répteis dominam os ambientes
que atingiu muitos
terrestres e aquáticos.
grupos de seres vivos,
Mesozoica Aparecem os primeiros mamíferos e
marinhos e terrestres.
as primeiras aves.
Foi durante essa crise
O registo fóssil revela o
que se consumou o
aparecimento de plantas com flor.
desaparecimento dos
251 dinossauros.
Grande número de fósseis de
organismos marinhos (incluindo Grande crise biológica
peixes primitivos e anfíbios). com extinção em
Já estão representados todos os massa das espécies
grandes grupos (Filos/Divisões) de marinhas (96%).
Paleozoica
seres vivos atuais. No domínio
Dá-se a transição da vida aquática continental, o reino
para a vida terrestre, aparecendo as animal foi duramente
primeiras plantas e animais afetado.
542 terrestres.
Os fósseis mais antigos são
relativamente poucos e, geralmente,
estão mal conservados. O aparecimento de
Pré- Correspondem a formas de vida indivíduos com concha
Câmbr mais primitivas. ou carapaça marca a
ico No Pré-Câmbrico Superior já passagem para o
4000
aparecem seres pluricelulares Paleozoico.
aquáticos idênticos a medusas,
4600 anelídeos, etc.
Muito da história da vida é a história dos seres unicelulares e dos seres multicelulares
simples.
O registo fóssil da vida, durante cerca de 3000 M.a. é dominado pelos microfósseis.
A partir do Paleozoico → verdadeira explosão de diversidade intercalada,
pontualmente, por grandes extinções.
Diversidade de magmas
Formação de rochas magmáticas:
► Em grande parte, relacionada com a mobilidade da litosfera
► Ocorre, em regra, nos limites convergentes e divergentes das placas
o Limites → regiões onde as condições de pressão e temperatura
permitem a fusão parcial das rochas da crusta e do manto superior →
originando magmas
► Consolidação desses magmas gera:
o Rochas intrusivas / plutónicas
o Rochas extrusivas / vulcânicas
Compreensão da génese das rochas magmáticas → apoiada em estudos de campo e
laboratoriais relativos ao contexto de ocorrência das rochas e à caracterização da sua
composição mineralógica textural.
Em regiões tectonicamente e vulcanicamente ativas, o aumento de temperatura com
a profundidade é muito rápido – podem existir temperaturas da ordem dos 1000ºC a
40km de profundidade (na base da crusta terrestre).
Condições que podem contribuir para a fusão de materiais constituintes do manto e
da crusta:
╘ Temperaturas altas
╘ Diminuição da pressão:
o Resultante do movimento divergente das placas (zonas de rifte)
o Que se verifica nas plumas térmicas (ao atingirem níveis mais
superficiais)
╘ Hidratação desses materiais
o A temperatura de fusão da rocha baixa devido à presença de água,
apesar de os materiais constituintes do manto permanecerem à mesma
temperatura em profundidade
o A junção de água aos materiais mantélicos desloca o ponto de fusão
para temperaturas mais baixas
Magmas basálticos:
• Expelidos, principalmente, ao longo dos riftes e dos pontos quentes
• Originou-se a partir de rochas do manto
• Resulta da fusão parcial de uma rocha constituinte do manto: peridotito
o Tem uma composição próxima da do basalto, mas mais rica em
minerais ferromagnesianos.
Pontos quentes:
► Situados nos oceanos
► Por vezes, fluem grandes quantidades de magma basáltico
o Constituem-se ilhas como as do Hawai
o Nestas zonas ascendem plumas quentes oriundas do manto profundo
▪ Talvez mesmo da zona de separação entre o manto e o núcleo
terrestre
o Ao subirem devido a descompressão podem originar magma que
atravessa a placa litosférica, alimentando vulcões de pontos quentes
Existem pequenas diferenças na constituição dos magmas basálticos, dependendo
dos condicionalismos ambientais em que se formam.
Experiências laboratoriais:
╘ Um peridotito com granadas, submetido a pressões equivalentes às que
devem existir em profundidade entre 100km e 350km (astenosfera) deve
fundir parcialmente.
╘ O material resultante dessa fusão apresenta uma composição à do magma
basáltico.
A possibilidade de subida de um magma, bem como a sua velocidade de ascensão,
depende de vários fatores.
Velocidade do magma:
► Depende de:
o Densidade
o Riqueza em sílica
o Temperatura
o Quantidade de fluidos que contém
Magmas andesíticos:
• Formam-se, em especial, nas zonas de subducção e relacionam-se com zonas
vulcânicas (Andes, América do Sul, ilhas Aleutas (Alasca)…)
• A designação de ‘andesíticos’ advém do facto de serem característicos das
cadeias montanhosas dos Andes.
• Estes magmas têm (em geral) uma origem muito complexa ainda não bem
esclarecida.
• A sua composição depende da quantidade e qualidade do material do fundo
oceânico subductado
o Este material inclui:
▪ Água
• para profundidades moderadas (cerca de 5km) a água,
em regra, é aquecida a cerca de 150ºC, mas pode ser
transportada para profundidades de 10km a 20km ou
mais
• a temperaturas elevadas e sob pressões variáveis, facilita
a fusão dos materiais, originando magmas andesíticos
com composições diversas
▪ Sedimentos
• têm água contida nos poros e são ricos em minerais de
argila que contêm água na sua estrutura cristalina
• afundam com a subducção (placa move-se para debaixo
da outra placa)
Magmas riolíticos:
• Originam-se a partir da fusão parcial das rochas constituintes da crusta
continental (ricas em água e CO2) → tendem a ser muito ricos em gases
• Durante a fusão das rochas continentais, os gases concentram-se no magma.
As zonas da Terra onde parecem existir as condições de pressão, de temperatura e
de percentagem de água adequadas à génese de magmas deste tipo situam-se na:
╘ Crusta terrestre em locais onde se verifica o choque de placas, dando origem
a cadeias montanhosas
o Nestas regiões, a crusta terrestre deforma-se (ação de tensões
tectónicas), aumentando de espessura (consequente aumento de
pressão e temperatura) → criam-se as condições necessárias ao
metamorfismo (e, muitas vezes, também à fusão parcial das rochas da
crusta). Parece ser esta a origem dos magmas riolíticos.
Consolidação de magmas
Numa rocha magmática, a génese dos diferentes minerais que a constituem não é
simultânea (os diferentes minerais têm diferentes temperaturas de cristalização).
Magmas: misturas de líquidos, gases e minerais no estado sólido.
Durante a sua consolidação, verificam-se fenómenos de cristalização de certos
componentes magmáticos, que originam (de acordo com as mudanças de pressão e
de temperatura que vão decorrendo durante esse processo):
╘ Minerais
╘ Sublimação de vapores
╘ Fenómenos de vaporização de fluidos com deposição de substâncias
dissolvidas
Formação de minerais
A formação e desenvolvimento de cristais implicam determinadas condições do
meio.
Os principais fatores externos que condicionam a formação de cristais:
Agitação do meio em que se formam (Quanto mais calmo estiver o meio…)
Tempo (Quanto mais lento for o processo…)
Espaço disponível (Quanto maior for o espaço disponível…)
Temperatura (mais tempo…)
… mais desenvolvidos e perfeitos são os cristais obtidos.
As partículas vão-se organizando ordenadamente nas diferentes direções do espaço
– determina um crescimento harmónico.
Estrutura cristalina
• Formada por fiadas de partículas ordenadas ritmicamente segundo diferentes
direções do espaço.
• Estas fiadas definem uma rede em que existem unidades de forma
paralelepipédica que constituem a malha elementar / motivo cristalino,
unidades essas que se repetem
• Implica uma disposição ordenada dos átomos ou iões, que formam uma rede
tridimensional que segue um modelo geométrico regular e característico de
cada espécie mineral
• A interação das partículas tende a criar uma estrutura ordenada em que as
ligações entre elas sejam tão numerosas e fortes quanto possível
Nos cristais, cada partícula é um átomo / ião que ocupa uma posição de modo a
ordenar-se no espaço segundo uma rede própria → fica depois a oscilar em torno da
sua posição de equilíbrio.
Malha elementar
▪ sempre um paralelepípedo; difere de espécie mineral para espécie mineral;
pode diferir nas dimensões das suas arestas e nos ângulos que estas formam
entre si
▪ os segmentos de reta que unem as partículas pretendem apenas materializar
as forças de ligação existentes entre elas
▪ Da repetição da malha elementar nas 3 direções do espaço resulta o sistema
reticular que constitui um cristal
Propriedades como…
• Clivagem
• Condutibilidade calorífica
… e as diferenças de dureza verificadas em diferentes direções numa mesma face de
um cristal são facilmente explicadas à luz da teoria reticular.
→ um mineral cliva mais facilmente segundo planos ligados por forças mais fracas e
estes planos são sempre paralelos uns aos outros.
Isomorfismo e polimorfismo
Os minerais ficariam (supostamente) caracterizados por:
╘ Composição química
╘ Estrutura interna (que seria única)
No entanto, estes dois parâmetros não são suficientes para a caracterização de todos
os minerais.
Isomorfismo
► Existem minerais que, embora quimicamente diferentes, apresentam a
estrutura interna idêntica e formas externas semelhantes → substâncias
isomorfas
► Em certos casos destas substâncias, pode ocorrer substituição, na rede
estrutural, de um tipo de ião por outro ião diferente.
o Esta substituição é possível se houver afinidade química entre essas
partículas e se os raios dos iões intersubstituíveis forem semelhantes
► Se se substituir um ião por outro diferente, mas de igual carga elétrica, a rede
permanece estável ou as distorções são pequenas (se os raios diferirem
pouco)
► O ião pode ser substituído por outro em qualquer proporção, existindo
combinações intermédias.
Na substituição de Na+ por Ca2+, os iões permutados têm volume idêntico e carga
elétrica diferente. A geometria do conjunto mantém-se, mas não a neutralidade
elétrica. Como a neutralidade é uma condição indispensável, quando tal acontece
substitui-se ao mesmo tempo outro tipo de ião da rede cristalina de modo a que a
dupla substituição respeite essa neutralidade elétrica.
Assim, na rede o Na+ é substituído por Ca2+, de tamanho muito semelhante, e,
simultaneamente, o Si4+ pode ser substituído por Al3+ (a carga positiva que se ganha
na substituição do Na+ por Ca2+ é anulada).
Polimorfismo
► Podem ocorrer na Natureza minerais que:
o Mesma composição química
o Redes cristalinas diferentes
Exemplos:
╘ carbonato de cálcio (CaCO3) pode formar dois minerais diferentes → calcite
e aragonite
╘ carbono pode cristalizar, originando dois minerais diferentes → diamante e
grafite → arranjos diferentes dos átomos de carbono que os constituem
Temperatura e Pressão:
╘ fazem com que o carbono possa originar dois minerais diferentes:
o grafite – para baixas pressões, o carbono cristaliza com uma estrutura
estável sob essas condições de baixa pressão – origina a grafite; o
mineral está em equilíbrio com o ambiente, não tendendo a modificar
a sua composição ou a sua estrutura
o diamante – a altas pressões; a estrutura é mais densa; apresenta um
arranjo dos átomos de carbono mais “empacotados” e estável para
profundidades superiores a 150km; este empacotamento confere ao
mineral maior densidade e dureza.
Diferenciação magmática
Existem 3 tipos fundamentais de magma. Mas:
Podem encontrar-se diversas famílias de rochas magmáticas.
Um só magma pode originar diferentes tipos de rochas (é constituído por uma
mistura complexa que, ao solidificar, forma diferentes associações de
minerais)
o A cristalização desses minerais ocorre a temperaturas diferentes
▪ Formam-se durante o processo diferentes associações de
cristais e um magma residual
▪ A composição do líquido residual vai-se modificando conforme
a temperatura vai baixando.
• Podem originar-se rochas diferentes a partir do magma
original
Bowen
Investigou a formação dos cristais e a ordem pela qual eles cristalizam em magmas
em arrefecimento – devido a essa cristalização, vão variando em composição.
Estabeleceu a sequência de reações que ocorrem durante a diferenciação.
Série descontínua:
╘ Durante o arrefecimento do magma, formam-se:
o as olivinas – ponto de fusão é mais elevado
o piroxenas
o anfíbolas
o biotite
Série contínua:
╘ simultaneamente, com a cristalização da olivina, forma-se anortite
o à medida que o magma vai arrefecendo, o cálcio pode ser
progressivamente substituído por sódio em todas as proporções →
origina a série das plagioclases (sucessivamente mais ricas em sódio)
o esta substituição faz-se de forma contínua, dependendo da
composição do magma inicial
A temperaturas mais baixas, o magma residual formará:
o feldspato potássico
o moscovite
o quartzo (que cristaliza nos espaços existentes entre os cristais já formados)
Suponhamos que:
► olivina, piroxenas e algumas plagioclases calcossódicas se separam do
restante magma, formando uma rocha – gabro.
► magma residual:
o fica relativamente enriquecido em sílica, alumínio e potássio (maior
parte do cálcio, ferro e magnésio já se esgotou)
o pode migrar para um contexto físico diferente daquele em que se
geraram os primeiros cristais de olivina, piroxenas e plagioclases
calcossódicas.
▪ o resultado pode ser a formação de uma rocha como: granito –
composto essencialmente por quartzo, moscovite e feldspato
potássico.
▪ nesta situação, o magma que originou o granito foi o resultado
final da diferenciação magmática operada num magma de
origem basáltica
As últimas frações do magma (constituídas por água com voláteis e outras substâncias
em solução → sílica, plagioclase sódica e o feldspato potássico, que constituem as
substâncias hidrotermais) podem preencher fendas das rochas, onde os materiais
remanescentes cristalizam, formando estruturas chamadas filões.
╘ Filões: podem ser constituídos por um só mineral ou por vários minerais
associados
Bowen
É possível um magma basáltico produzir magmas diferenciados, nomeadamente
magmas riolíticos. No entanto, nem grandes volumes de magma riolítico nem
grandes corpos graníticos se podem formar por cristalização fracionada.
Somente 10% de um magma com a composição o magma basáltico se pode
diferenciar em magma riolítico. Como sabemos, os maciços graníticos (atingem
enormes volumes na crusta continental. Além disso, os maciços graníticos ocorrem
sempre na crusta continental e, se a sua génese se relacionasse apenas com magmas
basálticos, seria de esperar encontra-los na crusta oceânica (onde os basaltos são
mais comuns).
Parece ser de aceitar para a génese da maioria dos granitos a ideia de que grande
parte resulta de magmas riolíticos provenientes da fusão parcial das rochas da crusta
continental.
Atualmente, pensa-se que o processo de diferenciação é bem mais complexo do que
anteriormente se admitia:
╘ Os magmas não arrefecem uniformemente → podem existir transitoriamente
diferenças de temperatura dentro da câmara magmática (pode causar
variações na composição do magma)
╘ Alguns magmas são imiscíveis. Quando estes magmas coexistem na mesma
câmara magmática, cada um forma os seus cristais.
╘ Magmas imiscíveis podem dar origem a cristais diferentes daqueles que
dariam isoladamente.
╘ Os magmas, ao consolidarem, podem assimilar materiais das rochas
encaixantes que modificam a sua composição
A maior parte das rochas não se deixa atravessar pela luz, embora seja constituída por
minerais transparentes. Para observação microscópica, é necessário preparar uma
amostra suficientemente fina para ser transparente. É um trabalho que consta de
várias etapas:
╘ Corte de uma placa com cerca de 1cm de espessura e alisamento de uma das
faces com um abrasivo
╘ Colagem da fase alisada numa lâmina delgada de vidro
╘ Realização de uma lâmina fina – o fragmento da rocha colocado sobre a lâmina
é de novo cortado com a serra diamantada, para reduzir a espessura a cerca
de 2mm
╘ Posteriormente, a lâmina é desgastada num disco abrasivo até à espessura de
cerca de 30 micrómetros.
o Como já é transparente, pode agora ser estudada ao microscópio de
luz polarizada
A observação da lâmina permite:
╘ Caracterizar em detalhe a forma e a dimensão de todos os minerais
constituintes
o Caracterizar a textura da rocha e detalhar a sua composição
mineralógica
As rochas magmáticas podem apresentar grande diversidade de aspetos em
consequência de:
• Diferentes condições de génese
• Diversidade de magmas que as originaram
A classificação das rochas magmáticas tem como base fundamental dos critérios:
Composição mineralógica
geralmente argilito
estratificadas;
Rochas
calcário conquífero
com materiais
origem biogénica calcário recifal
variados; por
vezes com
fósseis travertino
CaCO3 c. oolítico e pisolítico
origem estalactites e estalagmites
química
NaCl sal-gema
CaSO4·2 H2O gesso
grão muito fino corneana
podem sem mármore
metamórficas
foliação;
possuem ardósia
materiais clivagem
todos filito
com
cristalizados foliação xistosidade micaxisto
aspeto bandado gnaisse
quartzo + feldspatos alcalinos granito
te cristalizadas;
Olivina + granadas peridotito
existem também
rochas com composição idêntica à do granito riólito
textura vítrea
textura composição idêntica à do diorito andesito
afanítica
composição idêntica à do gabro basalto
Uma das propriedades que permitem dar ideia da composição mineralógica das
rochas é a tonalidade geral que apresentam.
Textura
o Aspeto geral da rocha resultante das:
▪ Dimensões
▪ Forma
▪ Arranjo dos minerais constituintes
A tonalidade das rochas vai variando pois está relacionada com a composição
química.
Quanto mais abundantes os minerais de ferro, mais escuras são as rochas, como:
gabros e basaltos.
Nas diversas famílias existem rochas com a mesma composição, mas texturas
diferentes:
• Rochas plutónicas com texturas faneríticas (granulares)
• Rochas vulcânicas com texturas afaníticas (agranulares)
A diversidade de rochas das diferentes famílias apresenta aspetos macroscópicos
muito variados.
Exemplos de alguns aspetos das rochas magmáticas mais comuns:
Família do Granito
Granito Textura granular (plutónica)
Menos de 25% de minerais máficos; pode atingir 30% de quartzo.
Minerais mais abundantes: feldspatos, como a ortoclase, dominante
relativamente às plagioclases
Riólito Rocha afanítica (vulcânica); leucocrata; mesma composição
Família do Diorito
Diorito Textura granular (plutónica)
35% a 55% de minerais máficos; com ou sem quartzo
Feldspatos constituem quase 50% da sua composição, com as
plagioclases dominantes relativamente à ortoclase
Andesito Textura afanítica (vulcânica); melanocrata; mesma composição
Família do Gabro
Gabro Textura granular (plutónica)
50% a 85% de minerais máficos; sem quartzo
As plagioclases são os únicos feldspatos
Basalto Textura afanítica (vulcânica); cor próxima do preto; mesma
composição
Peridotito Rocha granular (plutónica) composta essencialmente por minerais
ferromagnesianos
Muitas vezes grandes quantidades de olivina e de piroxenas
Um corpo, ao ser solicitado por uma força externa, reage através da manifestação de
forças internas (cuja tendência é manter ou restaurar a sua forma original). Diz-se que
este corpo se encontra sob um estado de tensão.
Tensão → força exercida por unidade de área.
Deste modo, se a mesma forma for aplicada em duas superfícies distintas, cada uma
delas com diferentes áreas, a tensão aplicada será maior quando a área considerada
for menor (e vice-versa).
Estado de tensão – pode expressar-se segundo duas componentes:
Tensão-normal
o orientada perpendicularmente ao plano considerado
o podem ser consideradas:
▪ compressivas – resultante das forças atuantes é convergente
▪ distensivas (/trativas) – resultante das forças “” é divergente
A deformação que podemos observar nos materiais geológicos numa dada região é
o resultado da aplicação de um campo de tensões durante um intervalo de tempo
╘ geralmente na ordem das dezenas ou centenas de milhão de anos
Estado de tensão…
► compressivo → dobramento e falhamento
► distensivo → estiramento e falhamento
► cisalhante → falhamento / cisalhamento
De acordo com o movimento relativo entre os dois blocos, as falhas podem ser
classificadas como:
Tipos de falhas
Normal O bloco superior (teto) desce relativamente ao bloco inferior
(muro), segundo uma trajetória paralela à linha de máxima
inclinação do plano de falha.
Este tipo de estrutura resulta da atuação de tensões distensivas,
como as que existem em zonas divergentes de placas.
Inversa Subida do teto em relação ao muro, segundo uma trajetória
paralela à linha de máxima inclinação do plano de falha.
Resultam da ação de tensões compressivas (zonas de colisão
de placas).
De desligamento Falhas resultantes da ação de tensões cisalhantes.
Os blocos fraturados apresentam (geralmente) movimentos
laterais e paralelos à direção do plano de falha.
São frequentes ao nível dos limites conservativos de placas.
Dobras
Tipo de deformação que se traduz pelo encurvamento de camadas inicialmente
planas.
Podem ser estruturas macroscópicas ou microscópicas.
São as dobras macroscópicas aquelas que geralmente despertam mais a atenção,
dada a sua espetacularidade num afloramento.
As dobras podem ser descritas tendo em conta certos elementos caracterizadores da
sua geometria. Quando observamos uma superfície dobrada, dependendo da secção
analisada, é importante definir as linhas de máxima curvatura e de mínima curvatura.
Elementos geométricos caracterizadores de uma obra
Zona de charneira Zona que contém os pontos de máxima curvatura da
superfície dobrada
Flancos Região plana da dobra situada de um e do outro lado da zona
de charneira
Eixo da dobra Linha imaginária que deslocada paralelamente a si própria
gera a superfície dobrada (só existe em dobras cilíndricas)
Na prática, corresponde à linha imaginária que está na
interseção dos dois flancos da dobra
Plano axial Superfície imaginária que contém as linhas de charneira de
todas as superfícies dobradas.
Muitas vezes pode ser um plano de simetria da dobra.
Perfil da dobra Secção perpendicular ao eixo da dobra.
Para a classificação das dobras ser feita com mais rigor, é comum classificar as dobras
tendo em consideração:
• a sua orientação no espaço
o relativamente à posição espacial, podem apresentar:
▪ abertura virada para baixo – antiforma
▪ abertura virada para cima – sinforma
▪ abertura orientada lateralmente – dobra neutra
• a idade relativa da sequência de estratos
▪ sempre que seja possível determinar a idade das camadas e
verificar que o núcleo (conjunto de camadas mais internas da
dobra)
• de uma antiforma é ocupado pelas formações mais
antigas – anticlinal
• de um sinforma é ocupado pelas camadas mais recentes
– sinclinal
A utilização destes dois últimos termos implica que seja conhecida a sequência de
deposição dos estratos = que seja bem conhecida a datação relativa das camadas
que constituem as dobras consideradas.
Quando a ordem de deposição dos estratos não está bem definida, é preferível
utilizar a utilização (pelo menos temporariamente), dos termos antiforma e sinforma.
Os termos anticlinal e sinclinal aplicam-se (essencialmente) a séries de rochas
sedimentares ou a sequências vulcânicas.
Para caracterizar, num certo local, as dobras, os geólogos necessitam de determinar
(com muita precisão) a sequência temporal das camadas num dado afloramento –
(polaridade estratigráfica).
Frequentemente os geólogos têm de referenciar no espaço determinadas superfícies
planares, como uma superfície de estratificação, um plano de falha ou um plano axial.
Ma definição de um dado plano no espaço é necessário determinar a sua atitude =
posição geométrica, definida pela sua:
╘ direção
o ângulo entre a linha N-S e a linha de interseção do plano dado com o
plano horizontal (linha horizontal do plano)
╘ inclinação
o ângulo definido entre a linha de maior declive da superfície planar
considerada com um plano horizontal
o o valor deste ângulo varia entre 0º e 90º
2.5. Metamorfismo
╘ É o processo geológico que consiste num conjunto de transformações
mineralógicas, químicas e estruturais que ocorrem no estado sólido – em
rochas sujeitas a estados de tensão, a temperatura e pressão diferentes da sua
génese.
╘ Ocorre em certos contextos tectónicos, como nas zonas de subducção, em
cadeias orogénicas ou na proximidade da instalação de um magma no seio de
rochas preexistentes.
Fatores de metamorfismo
Processos metamórficos → ocorrem quando as rochas preexistentes são submetidas
a condições termodinâmicas diferentes das existentes na altura da sua formação.
Como resposta às novas condições, os materiais geológicos instáveis modificam-se
gradualmente até alcançarem um estado de equilíbrio compatível com o novo
ambiente.
Tensão
• Quando se aplica uma força numa determinada área → o material fica sujeito
a um estado de tensão
o Os materiais geológicos, no decurso da sua evolução em
profundidade, são sujeitos à atuação de diferentes tipos de tensão
• O metamorfismo é um processo geológico intimamente ligado à geodinâmica
interna. As rochas metamórficas são formadas a diferentes profundidades:
o À medida que as rochas aumentam de profundidade na crusta
terrestre, são sujeitas a campos de tensões devido:
❖ ao peso exercido pela coluna de material suprajacente
➢ tensão litostática
▪ é, pelo menos para profundidades superiores a 3km, exercida de igual
modo em todas as direções
• origina a diminuição de volume dos materiais rochosos, aumentando a
sua densidade (massa por volume)
❖ aos movimentos tectónicos
➢ tensão não litostática / dirigida
▪ a maioria das rochas exibe o efeito de um outro tipo de tensão → uma vez
que as forças não são exercidas de igual modo em todas as direções
▪ tem implicações ao nível do aspeto macroscópico e microscópico de uma
rocha metamórfica
▪ produz uma orientação preferencial de certos minerais – tendem a ficar
alinhados perpendicularmente à direção da força (→ |||)
▪ as rochas, quando sujeitas a estas tensões, podem ser:
• comprimidas – a tensão atuante é do tipo compressivo
• estiradas – a tensão atuante é do tipo trativo
Calor
afeta de forma significativa as rochas quanto à sua:
o mineralogia
o textura
tem grande importância no processo de formação das rochas metamórficas
Existe um aumento da temperatura com a profundidade. Os materiais geológicos, à
medida que aprofundam no interior da litosfera, ficam sujeitos a temperaturas
elevadas – mesmo não sendo suficientes para os fundir, provocam alterações
importantes nos seus minerais constituintes.
A rocha ajusta-se aos novos valores de temperatura:
• estabelecendo-se… → novas ligações atómicas
• surgindo… → novas redes cristalinas
• aparecendo… → outros minerais (mais estáveis segundo as novas condições)
Fluidos
fluidos que circulam nas rochas sujeitas a processos metamórficos
o causam muitas das alterações químicas e mineralógicas que ocorrem
durante o processo de metamorfismo
entre os fluidos…
o considera-se a água aquecida a elevadas pressões, que pode
transportar vários iões em solução
o os fluidos libertados durante a instalação de um corpo magmático são
importantes para desencadear ou acelerar processos de
metamorfismo
estas soluções vão reagir com as rochas → alteram a sua composição química
e mineralógica → substituem, por vezes, certos minerais existentes nas rochas
No decurso do processo metamórfico, a água que existe em certos minerais
hidratados pode também ser libertada, constituindo um fluido capaz de induzir
transformações nas rochas.
Tempo
os fenómenos relacionados com o metamorfismo são extremamente lentos,
por isso, também é de considerar o tempo como um dos fatores relevantes
para a formação de rochas metamórficas.
Rochas metamórficas
Tipo de rochas que constitui, geralmente, o núcleo de muitas cadeias montanhosas
recentes (Alpes, Himalaias…).
Em muitas áreas continentais estáveis (cratões), embora superficialmente se
apresentem cobertas por rochas sedimentares, estas rochas assentam
discordantemente sobre rochas metamórficas.
Em muitos casos, é um tipo de rochas fortemente deformado, por vezes intruído por
rochas magmáticas.
originam-se diferentes
Novas condições materiais rochosos podem ocorrem processos de
associações minerais e/ou
termodinâmicas ser transformados recristalização
diferentes texturas
Recristalização:
► verifica-se pela alteração da estrutura cristalina do mineral
► pode ocorrer induzida pela circulação de fluidos que alteram a composição
química dos minerais preexistentes
Os minerais de argila (comuns em rochas sedimentares) que tinham sido formados
(por exemplo) pela transformação dos feldspatos, quando são conduzidos a grandes
profundidades e encontram elevadas pressões e temperaturas (ordem dos 600ºC)
transformam-se noutros minerais → muito mais estáveis nessas novas condições.
Como distinguir rochas metamórficas de outro tipo de rochas?
╘ Mineralogia característica
Alguns minerais são específicos de ambientes metamórficos e podem caracterizar
as condições presentes num determinado contexto metamórfico. De entre esses
minerais, podemos citar: Clorite, Estaurolite, Silimanite, Granada, Cianite, Andaluzite,
Epídoto
Alguns ensaios efetuados permitem compreender a interação entre fatores de
metamorfismo e o aparecimento de certos minerais nas rochas metamórficas.
Andaluzite, silimanite e cianite (/distena) → são aluminossilicatos (Al2SiO5)
╘ Sob diferentes condições de pressão e de temperatura, experimentam
transformação polimórfica
A identificação de certos grupos de minerais em rochas que numa dada zona foram
afetadas por metamorfismo pode ser utilizada na caracterização das condições
termodinâmicas reinantes durante o processo metamórfico.
No caso dos polimorfos de Al2SiO5 podemos referir que se existir na rocha:
╘ Andaluzite
o Essa rocha formou-se sob condições de baixa
pressão e de baixa a média temperatura
╘ Cianite
o Condições de elevadas pressões
╘ Silimanite
o Condições de elevadas temperaturas
Quando um dado mineral permite inferir as condições em que uma dada rocha
metamórfica foi gerada, é designado mineral-índice. Deste modo é possível
identificar diferentes graus de metamorfismo pela presença de minerais indicadores
das condições de pressão e de temperatura em que a rocha que os contém foi gerada
→ funcionam como “paleobarómetros” ou “paleotermómetros”.
Tendo em conta as condições de pressão e temperatura existentes aquando a génese
de uma rocha metamórfica, pode considerar-se:
╘ Metamorfismo de baixo grau
╘ Metamorfismo de médio grau
╘ Metamorfismo de alto grau
As diferentes zonas metamórficas são delimitadas por superfícies de igual grau de
metamorfismo → isógradas → são definidas pelos pontos onde ocorrem pela
primeira vez determinados minerais-índice.
Tipos de metamorfismo
De acordo com dados de campo e alguns dados laboratoriais, tendo em conta os
contextos de ocorrência do metamorfismo, são habitualmente definidos vários tipos
de metamorfismo. Destacam-se:
Metamorfismo
Regional De contacto
Ocorre nas zonas profundas da instalação de rochas
Tipo de metamorfismo que intrusivas.
afeta extensas áreas na
crusta terrestre. Antes de consolidar, o calor e os fluidos libertados pelo
magma, ao propagarem-se às rochas encaixantes, vão
Tem origem em processos alterar os minerais existentes nessas rochas.
que envolvem (por vezes)
uma sequência de As rochas que se encontram junto à intrusão são
fenómenos relacionados fortemente aquecidas e alteradas, desenvolvendo-se
com a formação de cadeias uma zona de alteração mineralógica e estrutural →
montanhosas (orogenia). auréola de metamorfismo. Neste metamorfismo de
extensão local, o principal fator de metamorfismo é o
Intimamente ligado a calor (também é conhecido como metamorfismo
processos relacionados com térmico) e os fluidos que são emanados da massa em
a convergência de placas → fusão.
contexto tectónico em que
podem ocorrer condições A extensão da auréola de metamorfismo depende da:
de elevadas temperaturas e - Dimensão do corpo intrusivo que se instala
condições de pressão que
variam de moderadas a Quando ocorre uma intrusão magmática, como o calor
altas. libertado é elevado, podem originar-se auréolas de
metamorfismo com mais de 100m de extensão.
Podem formar-se diferentes
tipos de rochas. Cada zona dessa auréola tem características relativas ao
Sugere-se observar: modo como o calor e os fluidos afetaram a rocha
- Ardósia encaixante.
- Filito
- Micaxisto Corneanas: rochas metamórficas que se originam nas
- Gnaisse zonas mais próximas do corpo intrusivo → é um termo
que pode ser utilizado quando se designa as rochas
Quando as condições de resultantes de metamorfismo de contacto a partir de
tensão e de temperatura rochas argilosas.
ultrapassam determinados
valores, nomeadamente Calcários (por processos de metamorfismo de contacto)
temperaturas na ordem dos → mármores
800ºC, ocorrem processos Arenitos → quartzitos
de fusão parcial, iniciando-
se a transição do A variedade de rochas resultantes do metamorfismo de
metamorfismo para o contacto depende do tipo de rocha-mãe (protólito) onde
magmatismo o corpo magmático se instala = da natureza da rocha
(ultrametamorfismo) encaixante, dos fluidos que circulam nessa rocha e a
temperatura da massa em fusão.
► Presença de certos minerais com hábito tabular / lamelar – como micas – que
sob a ação de tensões não litostáticas / dirigidas tendem a ficar orientados
numa posição perpendicular à da tensão que afetou a rocha
► Foliação na rocha:
o pode ser muito evidente ou mais subtil
o em certas rochas só é através de uma observação ao microscópio
petrográfico é que o tipo de textura pode ser determinado com maior
precisão
Clivagem, Xistosidade e Bandado Gnáissico → 3 tipos de foliação muito
característicos de rochas de baixo, médio e alto grau de metamorfismo
(respetivamente)
Textura não foliada / granoblástica
outro tipo de textura que pode ser identificada em rochas metamórficas
rochas como: quartzito, mármore e as corneanas
apresentam textura granoblástica e por vezes são o resultado de processos
metamórficos relacionados com o metamorfismo de contacto.
O estudo de rochas metamórficas é importante na medida em que pode:
╘ auxiliar os geólogos a compreenderem melhor os processos resultantes da
dinâmica interna do nosso planeta
A evolução dos processos de metamorfismo é normalmente contínua e gradual.
Pode ser muito difícil delimitar os domínios da diagénese e do metamorfismo, pelo
que, muitas vezes, além do trabalho de campo, é necessário realizar estudos
profundos em laboratório.
Os levantamentos de campo têm como finalidade:
╘ identificar, nos afloramentos, as relações entre litologias
o contextualizar os processos geológicos inerentes à sua formação
Recursos não
Recursos identificados
identificados
Custo de
Economicamente extração
Reservas
rendíveis
Depósitos
Depósitos conhecidos, mas que
Economicamente hipotéticos
atualmente não podem ser
não rendíveis
explorados
Águas subterrâneas
• Se forem utilizadas a um ritmo mais elevado do que a taxa de reposição,
podem tornar-se um recurso não renovável
Uma alternativa à grande utilização dos recursos geológicos não renováveis pode
passar pela reciclagem dos materiais que samos no nosso dia a dia e em cuja
composição entram esses recursos.
Fontes de energia
Vivemos num mundo cada vez mais industrializado. Os recursos energéticos tornam-
se vitais.
O que fez aumentar extraordinariamente os consumos energéticos (em especial o
consumo dos combustíveis fósseis)?
• Crescimento económico
• Aumento demográfico
Combustíveis fósseis
Resultam de transformações de matéria orgânica, como já vimos.
Podem ocorrer na crusta terrestre sob 3 formas:
Petróleo bruto (líquido)
Carvão (sólido)
Gás natural (gasoso)
Dada a morosidade dos processos que intervêm na sua génese: os combustíveis
fósseis são considerados recursos não renováveis.
O uso intensivo dos combustíveis fósseis (juntamente com a desflorestação) tem
contribuído para o aumento na atmosfera de gases causadores do efeito de estufa →
graves alterações climáticas.
A partir da Revolução Industrial o aumento do consumo de combustíveis fósseis foi
cerca de 30%. Isto conduziu a um aumento da temperatura atmosférica de 0,6ºC.
Até 2100, se nada mudar, essa elevação de temperatura será de cerca de 6ºC – efeito
desastroso sobre as condições climáticas da maioria dos países.
Este problema tende a agravar-se. Porquê?
► Os países em vias de desenvolvimento gastam metade da energia consumida
pelos países industrializados – conforme esses países vão progredindo assim
também vão aumentando os seus consumos energéticos
China e Índia
► Exemplos típicos dessa evolução. Durante o ano de 2004, verificou-se um
aumento de 4,4% dos respetivos consumos energéticos.
A localização das diferentes reservas dos combustíveis fósseis está concentrada em
regiões restritas do Globo → graves conflitos entre os diversos países.
Além disso, todos estes combustíveis são fortemente poluidores e têm, assim, fortes
impactes na qualidade de vida das populações.
Na atualidade, quer-se encontrar outras fontes de energia alternativas aos
combustíveis fósseis. Exemplos:
► Energia nuclear
► Energias renováveis
Energias renováveis
Energia geotérmica
╘ é um recurso geológico que pode ser usado como fonte de energia
╘ as zonas de elevado gradiente geotérmico (Ex: zonas vulcânicas) são muito
importantes para:
o aproveitamento da energia geotérmica
▪ este aproveitamento implica a existência de um fluido
(normalmente a água) que transporta o calor do interior d Terra
para a superfície
• a água pode resultar da infiltração ou ser injetada no
sistema geotérmico por intermédio de poços
• a temperatura da água pode ser da ordem dos 150ºC ou
inferior
• em Portugal continental, as temperaturas são
relativamente baixas e relacionam-se com grandes
acidentes tectónicos
╘ água termal
o toda a água de origem subterrânea que tem uma temperatura superior
em, pelo menos, 4ºC à temperatura atmosférica média da região.
o No continente, nunca excedem os 80ºC
▪ É frequente valores compreendidos entre os 20ºC e os 30ºC
╘ Mais recentemente, o aproveitamento deste tipo de energia tem vindo a ser
utilizado para outros fins além da terapia balnear
╘ Têm sido realizados projetos experimentais em estufas e piscicultura
╘ Açores
o Aproveitamento da energia geotérmica de vapor de água a alta
temperatura.
o Este aproveitamento foi iniciado em 1980 em S. Miguel → construção
da central geotérmica da Ribeira Grande
o A temperatura do fluido geotérmico é muito elevada
▪ O calor libertado pode ser aproveitado para a produção de
energia elétrica
A energia geotérmica cobre apenas 1% das necessidades do planeta. Os EUA
produzem 26,2% da energia geotérmica obtida mundialmente.
Energia eólica
╘ A tecnologia envolvida no aproveitamento deste tipo de energia é a forma de
obtenção de energia que mais se tem desenvolvido nos últimos tempos.
╘ O maior produtor deste tipo de energia, na atualidade, é a Alemanha, com
30,7% da produção mundial.
╘ Até 2010 a Europa terá duplicado a produção deste tipo de energia
╘ Portugal:
o Grande parte da energia elétrica do futuro irá ser produzida no mar – é
aí que os aerogeradores serão instalados
Energia eólica
Vantagens Desvantagens
• O vento só é explorável a 20%, em
• Os aerogeradores são facilmente média
desmontados • É difícil integrar um aerogerador
• Pequena ocupação do solo na paisagem
• As pás podem ser instaladas junto • Se o vento é fraco, o barulho do
de caminhos de fácil acesso movimento das pás é
incomodativo
Energia hídrica
╘ É a forma de energia renovável mais utilizada no Mundo
╘ Fornece 20% da energia gasta mundialmente
╘ Hoje em dia, debate-se o forte impacte que a construção das grandes
barragens pode ter sob o ponto de vista ecológico e social
╘ A barragem das Três Gargantas (China) fez deslocar mais de um milhão de
pessoas.
╘ O país com maior produção deste tipo é o Canadá, com 11,8% da produção
mundial
Energia eólica
Vantagens Desvantagens
• A construção de barragens obriga à
• A produção de eletricidade
inundação de grandes áreas,
é contínua
potencialmente ricas em fauna e flora, e
• As barragens podem
obriga à deslocação de populações
permitir regularizar os
• As barragens perturbam a vida dos peixes
cursos de água
e das plantas aquáticas e terrestres
• A água aprisionada pode
envolventes
ser utilizada na irrigação e
• Impedem a deposição de sedimentos no
noutros fins
litoral
• A energia produzida pode
• Facilitam a erosão da costa
ser armazenada
• Pode existir risco de rutura destas
Recursos minerais
Elementos químicos:
╘ Fazem parte dos mais variados minerais
o estes minerais estão disseminados numa grande variedade de rochas
╘ na maior parte das zonas terrestres, qualquer elemento pode ser encontrado
ligado a outros elementos em quantidades semelhantes às que são frequentes
na composição média da crusta. Ex:
o um granito vulgar contém o elemento Ferro em pequenas
quantidades, numa percentagem próxima da média desse elemento
na crusta terrestre.
╘ Apenas em zonas muito restritas do planeta podemos encontra-os em
concentrações superiores à da sua concentração média na crusta terrestre.
Exploração mineira:
► Pode provocar impactes ambientais graves numa dada região, como:
o Desflorestação
o Remoção de camadas de solo
o Implementação de infraestruturas – edifícios e vias de comunicação
(desde que não tenham sido tomadas as medidas de proteção
necessárias)
Igreja e Torre dos Clérigos (Porto) → construída com “granito do Porto”; foram
recentemente objetos de limpeza e de consolidação pois apresentavam sujidade,
desintegração arenosa (elevada humidade do Porto → provoca alteração das biotites
do granito). Verificou-se deposição de SO2 e NOX.
Torre de Belém → assenta sobre um afloramento basáltico – dá mais solidez às suas
fundações; construída em calcário do Cretácico. Os calcários são de diversos tipos
(desde os margosos até ao coralígeno); foi sujeita a obras de conservação.
Quanto mais frequente uma rocha for numa região, mais frequente será como
material de construção.
╘ Granito
o É abundante no norte do país, Beiras e Alentejo
o Utilizado como pedra de construção e pedra ornamental
o Constitui as sés das principais cidades do norte do país (Braga, Porto,
Lamego)
╘ Calcário
o As formações calcárias portuguesas provêm de formações Mesozoicas,
quer do Jurássico quer do Cretácico.
o Calcário cristalino compacto → provém do cretácico;
▪ rocha muito especial
▪ contém fósseis de certos moluscos
▪ vulgarmente conhecido por “lioz”
▪ pode ser encontrado em monumentos como: Convento de
Mafra e Torre de Belém
Outras rochas, como mármore, brechas e basaltos estão também presentes como
pedra de construção em muitos monumentos.
Águas subterrâneas
Água → bem vital para toda a biosfera
O ser humano não pode sobreviver mais do que poucos dias sem ela e, mesmo nas
zonas mais secas e áridas, as plantas e os animais precisam de um certo teor de água.
É, e sempre foi, um fator determinante no estabelecimento da vida em geral e das
populações humanas em particular.
Água
► circula na Natureza
o ora constituindo diferentes reservatórios no meio abiótico (oceanos,
rios, glaciares)
o ora fazendo parte dos seres vivos
Zona de
Zona intermédia Franja capilar
evapotranspiração
Zona onde se processam Zona onde ocorre um
trocas com a atmosfera, Zona de um aquífero livre intenso movimento
por: para a qual passa a água ascendente de água a
- Evaporação direta, à que não é libertada partir da zona de
superfície através da saturação, por
- Evaporação através das evapotranspiração. fenómenos de
plantas (transpiração) capilaridade.
Nível freático (/hidrostático) → nível máximo que a água atinge num local e num
dado momento;
╘ Num furo que atravesse, total ou parcialmente, um aquífero livre, o nível da
água / nível freático coincidirá com o nível superior do aquífero – a água está
à mesma pressão que a pressão atmosférica.
Em hidrogeologia, é importante:
➔ Quantificar a capacidade de um aquífero para armazenar água
➔ Determinar a viabilidade da sua extração
𝑉𝑣
𝑁= × 100
𝑉𝑡
o depende do:
▪ tamanho e da forma dos grãos
▪ grau de compactação do material geológico
• menos compacta → maior o espaço entre os vários grãos
Permeabilidade
o avalia a capacidade de movimentação da água num dado aquífero
o é a propriedade que um dado material geológico apresenta em se
deixar atravessar pela água
Coeficiente de
Material geológico Porosidade (%)
permeabilidade (m/dia)
Aluvião 200 20
Arenito 2 10
Basalto 0,05 5
Calcário 50 3
Granito 0,02 0,5
Tufo vulcânico 0,01 10
Xisto 0,02 1
Procura-se uma gestão sustentável dos recursos naturais, em especial das águas
subterrâneas.
A composição química destas é influenciada por muitos fatores, como:
╘ natureza e teor de certos gases da atmosfera
╘ produtos resultantes da alteração das rochas
╘ reações de dissolução e de precipitação que ocorrem no subsolo
╘ plantas → extraem do solo certos componentes químicos e introduzem outros
Atividades antrópicas:
▪ podem introduzir impactes negativos muito diversificados e significativos na
composição das águas subterrâneas
extração de água subterrânea de forma não controlada Rejeição de efluentes
nos aquíferos costeiros → sua degradação industriais e domésticos
e as atividades agrícolas
extração de água doce nestes sistemas → entrada de → degradação da
água salgada no aquífero, tornando-o impróprio para o qualidade da água
fornecimento de água às populações subterrânea
Agricultura → utilização de doses maciças de adubos e pesticidas, com vista à
melhoria da produção agrícola → muitas substâncias que não foram assimiladas
pelas plantas (fosfatos, nitratos…) acabem por atingir os aquíferos →
contaminando as águas subterrâneas
A deposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários origina materiais
lixiviantes altamente nocivos. No caso de atingirem um aquífero, podem
contaminar de forma irreversível a qualidade das águas.