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Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

Geologia 11º Ano


Geologia, Problemas e Materiais do Quotidiano
1. Ocupação antrópica e problemas de ordenamento
Ocupação de grandes áreas de superfície terrestre por populações humanas
desencadeia → pressão sobre o ambiente que pode criar desequilíbrio nos
subsistemas superficiais.
Desflorestação
╘ libertar terras para agricultura e instalação de superfícies urbanas, vias de
comunicação e de infraestruturas variadas.
O crescimento das zonas urbanas e das vias de comunicação levará a:
• Impermeabilização dos solos → dificulta a infiltração das águas e a interação
entre o subsolo, a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera (aumenta a
probabilidade de inundações)
• Rios → construídos sistemas de represamento de água (diques, barragens…)
e foram, por vezes, desviados os cursos de água
• O litoral tem experimentado a pressão antrópica, provocando alterações
importantes
• Em determinadas situações, as linhas de água são obstruídas por obras
humanas, podendo causar movimentos em massa.

Presença e intervenção antrópicas:


 Agravam a vulnerabilidade das populações relativamente aos riscos naturais
 Risco – probabilidade de acontecimentos perigosos ocorrerem numa dada
área e num determinado período de tempo, com prejuízos humanos e
materiais.
Riscos naturais:
• Riscos geológicos – erupções vulcânicas, inundações, deslizamentos de terras…
• Fogos selvagens
• Tufões
• Tornados
• Secas
• Pragas de animais
• Etc.

Para evitar que a ocupação antrópica crie cada vez mais problemas resultantes da
interação Terra-Homem, é necessário definir regras de ordenamento do território –
assegurar um processo integrado de organização do espaço biofísico, tendo como
objetivo a sua ocupação e transformação de acordo com as capacidades desse
espaço.
Ordenamento de território:
 Tradução das políticas económica, social, cultural e ecológica da sociedade

Vitória Ramos [email protected]


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Portugal
A análise de algumas situações no país pode sensibilizar-nos para (a):
 necessidade de estarmos atentos ao que se passa à nossa volta
 compreensão dos processos geológicos, das causas que lhes estão associadas
 formas de prevenção que diminuam os riscos inerentes a esses processos

1.1. Bacias hidrográficas


As populações humanas foram-se fixando ao longo das margens dos rios – cresceram
grandes e pequenos aglomerados.
Rios:
╘ Meios de comunicação muito utilizados pela Humanidade
╘ Fornecem água para uso doméstico, agrícola e industrial
╘ Fonte de alimento
╘ Nas suas margens existem (por vezes) solos férteis devido à deposição de
materiais transportados pelo rio
Escoamento fluvial:
╘ Processa-se de um modo hierarquizado
╘ Define-se assim uma rede de drenagem composta por cursos de água que vão
confluindo
o Possibilita o deslizamento das águas nas zonas mais altas em direção
às mais baixas
╘ Conforme o grau de importância na hierarquia fluvial, os cursos de água
tomam diferentes designações:
o Regato
o Ribeiro
o Ribeira
o Rio
Rede hidrográfica – conjunto de todos os cursos de água ligados a um rio principal
Bacia hidrográfica – área do território drenada por uma rede fluvial
Leito do rio – espaço que pode ser ocupado pelas águas, sendo possível distinguir:
o Leito ordinário / aparente – cana fluvial – sulco por onde normalmente correm
as águas e os materiais que transportam
o Leito de cheia / maior – espaço que é inundável em época de cheia, quando o
nível das águas ultrapassa os limites do leito ordinário
o Leito de estiagem – área mais profunda do canal fluvial ocupada por uma
menor quantidade de água, por exemplo, no verão.
Viver junto de um rio pode acarretar alguns riscos.
╘ Ocorrem por vezes cheias causadoras de inundações que podem provocar
mortes e / ou destruição de estruturas e bens.

Vitória Ramos [email protected]


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Rios:
╘ Canais de escoamento das águas da chuva e do degelo
╘ Não há 2 iguais
╘ O comportamento de cada um depende do seu regime hidrológico
o Que depende das inter-relações complexas das condições da bacia
hidrográfica, incluindo:
▪ Geometria
▪ Relevo
▪ Composição rochosa
▪ Materiais dos solos
▪ Cobertura vegetal
▪ Grau de interferência humana

╘ Desempenham um triplo trabalho


o Ação de meteorização e erosão
o Ação de transporte
o Ação de deposição dos materiais / sedimentação

Meteorização e erosão
As águas em movimento podem provocar desgaste físico nas rochas do leito:
▪ Verticalmente – aprofundam o canal fluvial
▪ Lateralmente – alargam o canal fluvial
Ação de desgaste que se deve (principalmente) ao efeito de arrastamento dos
materiais sólidos transportados. Todos os materiais soltos são removidos devido à
pressão exercida pela água em movimento (sendo principalmente importante em
época de cheias – a velocidade das águas é maior).
O processo de remoção chama-se Erosão.

Transporte
Os materiais podem ser levados para maiores distâncias.
Detritos – fragmentos sólidos resultantes do desgaste das rochas,
independentemente das suas dimensões (constituem parte da carga sólida do curso
de água).
O transporte de detritos pelas águas pode fazer-se por vários processos:
 Em suspensão – se são materiais finos
 Por saltação, rolamento ou arrastamento – materiais mais pesados e grosseiros
Os rios transportam uma grande quantidade de substâncias dissolvidas. A
capacidade de transporte da carga sólida aumenta extraordinariamente durante as
cheias – aumenta a velocidade das águas. Mesmo os materiais depositados no fundo
das albufeiras são remobilizados.
Os rios transfiguram-se completamente – podem transportar em horas ou dias mais
detritos do que em vários anos normais.

Vitória Ramos [email protected]


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Sedimentação
╘ Deposição de materiais (leito, margem e na foz)
╘ Geralmente ordenada de acordo com:
o Dimensões dos detritos
o Forma dos detritos
o Peso dos detritos
o Velocidade da corrente
Após a deposição, os materiais designam-se por sedimentos.
╘ Os materiais mais pesados e de maiores dimensões normalmente depositam-
se mais para montante.
╘ Os materiais de pequenas dimensões e mais finos depositam-se a jusante
(próximo da foz) – podem ser mesmo transportados para o mar.
A deposição dos materiais é importante quando ocorrem cheias, formando depósitos
no leito de cheia chamados aluviões.
Em cada troço de um rio realizam-se simultaneamente os 3 tipos de ação geológica:
▪ Erosão
▪ Transporte
▪ Sedimentação
De forma seletiva, no entanto, uma predomina sobre as outras.

Portugal
O crescimento da população durante a primeira metade do século XX (consequente
pressão sobre os recursos hídricos) fez com que o país apostasse na construção de
barragens – implementada fundamentalmente nas décadas de 50 e 60, prosseguindo
até à atualidade (ritmo inferior).
Utilização da água
Abastecimento de populações
Irrigação de terras agrícolas
Aproveitamento hidroelétrico

Precipitação fora do normal:


╘ O excesso de água fica armazenado na albufeira, podendo evitar inundações
fluviais catastróficas a jusante.

Rio Douro
As barragens não resolveram o problema das cheias, pois:
► Quando a precipitação é elevada, por questões de segurança, procede-se à
descarga das albufeiras no Douro e seus afluentes (tanto do lado espanhol
como do lado português)
o Traduz-se em cheias e inundações nas zonas ribeirinhas baixas (Régua,
Vila Nova de Gaia e Porto)

Vitória Ramos [email protected]


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Albufeiras:
• lago de origem artificial
• localizadas a montante de uma barragem
• normalmente concebidas para:
o armazenar água numa região seca
o dar mais vida a um ambiente
• pode resultar da construção de uma estação hidroelétrica
• cobre as áreas costeiras às margens de um rio
Apesar dos benefícios das barragens, estas acarretam muitos inconvenientes:
╘ ao longo do tempo vão-se depositando no fundo das albufeiras materiais
transportados pelo rio
o diminui a capacidade de armazenamento de água
o o enchimento das albufeiras causa a submersão de muitos
ecossistemas terrestres, incluindo povoações habitadas
╘ reduzem consideravelmente a quantidade de detritos debitada no mar
╘ a jusante da barragem aumenta a ação erosiva na vertical – aprofundam o leito
do rio
╘ têm um determinado período de vida útil – quando este acaba colocam-se
problemas de segurança
╘ têm um impacte negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres da zona
╘ dificultam a passagem de peixes e de outros animais, muitos dos quais faziam
a desova em zonas do rio a montante
Ocupação antrópica dos leitos de cheia dos cursos de água:
 torna a população vulnerável aos efeitos das cheias quando os caudais
ultrapassam a capacidade reguladora das obras de engenharia (já aconteceu
em muitos rios portugueses)
Exploração abusiva de areias e outros granulados do leito ou das margens do rio:
• pode ter consequências catastróficas
o desaparecimento de praias fluviais
o descalçamento de pilares de pontes assentes sob o leito
▪ desmoronamento dessas pontes
A intervenção do ser humano junto dos cursos de água contribui para o agravamento
das situações de risco. Deve ser assegurado o ordenamento do território, fazendo
uma gestão racional dos espaços que evite a ocupação urbana e industrial de zonas
de risco.

1.2. Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral;


2/3 da superfície da terra são ocupados pelo mar
Energia mecânica das ondas, das correntes e das marés → importante fator
modelador (sobretudo das faixas costeiras das áreas continentais).
Como resultado desta ação, podem considerar-se as formas de erosão e as formas
de deposição.

Vitória Ramos [email protected]


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Formas de erosão
Resultam do desgaste provocado pelo impacto dos movimentos das águas do mar
sobre a costa.
Abrasão marinha:
▪ desgaste provocado pelo mar
▪ efeitos: notórios em costas altas e escarpadas (arribas)
▪ ocorre, principalmente, na base da arriba
o o impacto das águas sobre as rochas vai escavando e provocando a
queda de detritos que se acumulam em zonas mais baixas – constitui-
se a plataforma de abrasão
▪ esta plataforma é recoberta pelas águas durante a praia-mar e
fica descoberta durante a baixa-mar
Zona litoral
► importante recurso natural, como espaço de lazer e como fonte geradora de
riqueza
► recurso não renovável à escala humana

Portugal
A gestão da zona litoral caracteriza-se por uma degradação contínua.
Cortegaça As ondas abatem-se sobre esta localidade do concelho
de Ovar, entretanto fortificada com pedras e reposições
artificiais de areia.
A praia, outrora gigante, foi interrompida e, no lado sul,
reduzida a quase nada.
S. Bartolomeu do Mar Em Esposende, era uma das praias mais frequentadas.
Isso foi antes de 40m do areal serem ocupados pelas
ondas, que ameaçam agora 25 casas.
Ponta da Baleeira Existem casas suspensas no precipício e mais se estão a
construir.
Lourinhã Ocorrem derrocadas muito perto do terraço de certas
casas na Praia da Areia Branca
Vagueira Em meio século, 220m de uma das praias mais
frequentadas da região de Aveiro
As estruturas de apoio, durante a época balnear,
continuam no seu lugar, mas, no inverno, as escadas
levam direitinho ao mar.
Vale do Lobo Recuo acelerado da arriba. Ameaça às casas.

As populações humanas, imprudentemente, construíram e continuam a construir


grandes centros populacionais em todo o litoral, em que são levantadas estruturas
turísticas.
Este procedimento estimula o acesso e a permanência de um grande número de
pessoas na zona de contacto entre o espaço terrestre e o espaço marítimo, que
constitui, por definição, um bem único e frágil.

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A evolução da Costa da Caparica é um exemplo paradigmático da intervenção


humana na faixa litoral (avanço do mar sobre a faixa litoral).
▪ Nos últimos 40 anos, o mar avançou 410 metros em S. João da Caparica.
o Cerca de 350 casas estão em risco de ser demolidas pelo mar
o 4 parques de campismo e a sede do Inatel também estão em risco
Calcula-se que cerca de 1/3 da costa portuguesa esteja em processo de erosão.
Estima-se que todos os anos, cerca de 15km2 da costa são tragados pelo mar. Isto é
causado por causas naturais, pela subida do nível das águas e, sobretudo, pela
ação humana.
Construção de barragens nos rios → retém grande parte dos sedimentos. Antes, os
sedimentos fluíam para os rios e alimentavam a costa, tornando-a mais resistente. A
retirada das areias para a construção civil é outra causa do empobrecimento em
areias das regiões litorais.
As areias e outros materiais arrancados pelo mar ou transportados pelos rios
depositam-se quando as condições o propiciam, constituindo diferentes formas de
deposição.

Formas de deposição
Os materiais podem constituir formas diversas como:
╘ Praias – acumulação de areia na faixa litoral
╘ Restingas – acumulação de areia ligada à faixa litoral por uma das suas
extremidades e com a outra livre. Ex:
o Formação arenosa que se situa na foz do Douro
o Restinga do Douro:
▪ São ainda mal conhecidos os efeitos da construção dos quebra-
mares (na margem direita e na margem esquerda da foz do rio)
e do molhe na margem sul
• Alguns técnicos receiam que a sua construção vá
contribuir para o desaparecimento das praias da cidade
de Gaia.
╘ Ilhas-barreiras – acumulação de areia paralela à costa e dela separada por
uma laguna. Ex:
o As ilhas que se situam paralelamente à linha de costa, em Faro

╘ Tômbolos – acumulação de areia que liga uma praia a uma ilha


o Existe uma forma de deposição deste tipo em Peniche
╘ Etc.

Obras de intervenção na faixa litoral

A situação da faixa litoral é calamitosa e tem levado, nos últimos tempos, a


intervenções que ao invés de solucionarem os problemas resultantes do avanço do
mar (em consequência do aquecimento global) apenas os têm agravado ou
deslocado para outros locais.

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A falta de granulados (ficam retidos nas barragens ou são retirados) tem contribuído
para o avanço do mar na faixa costeira.

Na tentativa de proteger a faixa litoral têm sido construídas ao longo da costa obras
de proteção. São de 3 tipos:
╘ Esporões – obras transversais à linha de costa
╘ Paredões – construções paralelas aderentes à linha de costa
╘ Quebra-mares – construções paralelas destacadas da linha de costa
Ao longo da costa, são inúmeros os exemplos de intervenção do ser humano na
tentativa de reduzir os efeitos do mar sobre o litoral.
o Após a construção dos esporões, verificou-se a retenção das areias a ocidente
destes, mas ocorreu a deficiência de abastecimento de areias nos locais
situados a oriente.
o Consequentemente, aumentou a erosão → conduziu à construção de
sucessivos esporões.
o A resolução de um problema numa zona veio agravar a situação em locais mais
a oriente.
Algarve
A praia da Falésia é estreita, com uma arriba entre os 15 e 150m de altura e
razoavelmente protegida durante o verão. No inverno, no entanto, a praia emersa é
bastante menor do que no verão.
╘ Verifica-se o ataque violento da base da arriba – ocorrem fortes recuos das
arribas, com importantes desmoronamentos – quedas de habitações e árvores
(acontece também na Quarteira e nos Olhos de Água)
╘ Em alguns locais, o recuo da linha de costa chega a atingir 2m por ano
╘ À erosão natural junta-se a erosão provocada pelo ser humano com
construções em zonas frágeis e com intenso pisoteio
A construção de esporões na costa ocidental favorece a deposição de sedimentos
arrastados pelas correntes, a norte do esporão, mas agrava a erosão a sul desse
esporão.
Ex: Costa-Nova
╘ A construção do porto de Aveiro em 1949-1950 conduziu ao estabelecimento
de um campo de esporões na Costa-Nova, os quais provocaram em certas
zonas recuos da linha de costa na ordem dos 50m
No troço de Espinho-Cortegaça, por cada km de costa existem, em média, 1,8
esporões e 325m de estruturas protetoras ao longo da costa.
▪ Algumas destas construções são indispensáveis para o desenvolvimento
económico e social do país. É o caso dos portos de mar que, mesmo
degradando o litoral, são necessários para o desenvolvimento económico.
▪ Excluindo a construção de portos, as chamadas “obras de proteção” já foram
proibidas em alguns países, pela perturbação que causam na dinâmica da
evolução da faixa costeira.

Vitória Ramos [email protected]


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Gestão da faixa litoral


Há a considerar 2 posições:
 Defende que deve deixar o litoral evoluir naturalmente, sem qualquer
interferência
 Defende a tese de que se deve fazer a realimentação artificial das praias com
areias, possibilitando a reconstituição natural dessas praias
 Essa realimentação deve obedecer a certos parâmetros e ser levada a cabo
com o apoio de geólogos especializados em geologia costeira ou em
geologia marinha

1.3. Zonas de vertente – perigos naturais e antrópicos


Zonas de vertente (taludes)
╘ uma das formas básicas de relevo
╘ o seu estudo é muito importante
o por exemplo, quando numa região se pretende implantar certas obras
de engenharia civil, como o caso da construção de vias de
comunicação
▪ na sua construção criam-se declives artificiais (taludes) que,
sendo zonas de elevada instabilidade geomorfológica, a sua
contenção e estabilização são particularmente importantes

╘ são locais de instabilidade geomorfológica


╘ isto implica que os materiais geológicos situados nas zonas superiores tendam
a ser mobilizados para as zonas inferiores, com consequências por vezes
graves (perda de vidas ou de danos no edificado)

Devido ao acentuado declive que muitas destas zonas apresentam, são locais onde
a erosão é muito acentuada. O movimento nessas zonas pode ocorrer:
▪ sob a forma de movimentos de materiais soltos
o verifica-se a movimentação desse material solto, com tamanho muito
variável (de milímetros a metros cúbicos), pela vertente por ação direta
da gravidade (quedas de blocos) ou arrastado, geralmente, por água

▪ sob a fora de movimentos em massa


o consistem em deslocamentos, em zonas de vertente, de grandes
volumes de materiais, de solo ou de substrato rochoso, devido à ação
da gravidade

Instabilidade geomorfológica
► tem-se manifestado por diversos tipos de movimentos em massa em
diferentes áreas do território nacional
► é responsável pela perda de vidas humanas, por avultados prejuízos materiais
e funcionais

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Zonas de vertente
╘ existem permanentes movimentações dos materiais (podem ser
extremamente lentas e impercetíveis – ao longo de muitos anos – ou verificar-
se de forma muito rápida) que transferem para posições mais baixas grandes
volumes de rochas e de sedimentos
╘ a movimentação dos materiais depende de certos fatores, como:
o inclinação e o tipo de material geológico que constitui a zona de
vertente
▪ numa superfície inclinada, como esta, a força da gravidade
pode ser decomposta em duas componentes principais
(normal e tangencial), ao contrário do que acontece numa
superfície horizontal
▪ à medida que a inclinação da vertente aumenta, a componente
tangencial da gravidade aumenta e a componente normal
diminui
• componente tangencial – responsável pela eventual
movimentação
▪ as forças que se opõem ao movimento – atrito, coesão de
partículas, etc. – são vulgarmente conhecidas por forças de
resistência
• estas forças têm especial interessa numa zona de
vertente → impedem a movimentação dos materiais

o o fator de segurança de uma vertente é normalmente dado pela razão


entre as forças de resistência e a componente tangencial (FS = FR / GT)
o os movimentos em massa ocorrem quando FS < 1 (FR < GT). Se FS > 1
não existe movimentação
Além do atrito e do grau de coesão dos materiais geológicos, outros fatores podem
ser importantes para o desencadeamento de movimentos em massa ao longo de uma
zona de vertente. Ex:
 quantidade de água no solo – pode ser determinante para criar instabilidade
geomorfológica numa zona destas

Água que se infiltra no solo


╘ devido à sua forte capacidade de estabelecer ligações moleculares, cria à volta
das partículas do solo uma fina película que permite manter um certo grau de
coesão entre essas partículas
╘ se a concentração de água no solo atingir níveis que conduzam à sua
saturação, a tensão por ela exercida é tal que leva a que as partículas desse
solo se afastem
o cria-se uma situação de instabilidade que pode conduzir ao movimento
de materiais ao longo dessa vertente

Apesar da água e de outros fatores serem importantes para a ocorrência de


movimentos em massa, é à força da gravidade que cabe um papel determinante na
ocorrência deste tipo de fenómenos geológicos externos.

Vitória Ramos [email protected]


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Podemos sistematizar alguns fatores que podem estar envolvidos na ocorrência de


movimentos em massa:

tipo de
inclinação da teor de água variações de
gravidade materiais
vertente no solo temperatura
geológicos

Dada a existência de território nacional de zonas de elevada instabilidade


geomorfológica, torna-se imperiosa a identificação das vertentes perigosas e
potenciadoras de situações de risco – aspeto fundamental no domínio do
ordenamento de território – os Planos Diretores Municipais devem ser adequados a
estas realidades.
Quando são realizadas obras humanas em locais com elevada instabilidade
geomorfológica, é necessário adotar medidas, algumas de elevada complexidade
técnica, no sentido de reduzir / eliminar o risco geológico associado a essa zona.
Algumas medidas de contenção e estabilização de certos taludes:
╘ colocação de redes ou muros de suporte com sistemas de drenagem e outras
soluções geotécnicas.
Se os estudos geotécnicos realizados revelarem que numa dada zona o potencial
para ocorrência de um movimento de massa é elevado, a autorização para
implantação no local de qual estrutura deve depender da adoção de soluções
técnicas que eliminem o risco geológico.
A ocupação antrópica do meio natural exige que se conheça a composição e as
estruturas geológicas da área ocupada e ter parâmetros de previsão segura do
comportamento dos materiais geológicos envolvidos.
A Geologia assume um papel fundamental ao fornecer informação preciosa sobre:
╘ materiais, processos e comportamento dos materiais geológicos, quando
sujeitos a interação humana

2. Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres


A atividade humana tem sido condicionada pela riqueza dos materiais geológicos.
Estamos rodeados por produtos obtidos a partir de minerais e de rochas:
╘ Calcetamento das ruas e passeios
╘ Variadas construções e obras de engenharia
╘ Aparelhos de precisão
A Terra caracteriza-se pelos materiais que a constituem e pelos variadíssimos
processos que nela se desenvolvem (em consequência do seu dinamismo interno e
externo).
Devido a esses processos, os materiais terrestres não são estáveis nem estáticos. Ex:
ciclo das rochas – os materiais são alterados, transformados e decompostos,
formando diferentes litologias (r. sedimentares, magmáticas e metamórficas)
Em determinados contextos tectónicos, dá-se a deformação das rochas.

Vitória Ramos [email protected]


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2.1. Rochas sedimentares


Recobrem uma extensa superfície terrestre. Ocupam 75% da área dos continentes.
Representam 5% do volume da crusta terrestre.
O que determina o ciclo das rochas (em que os materiais são alterados, transformados
e decompostos, formando diferentes litologias)?
• movimentos e transferências de materiais geológicos provocados pelo
dinamismo da litosfera
• influência da energia solar à superfície

Rochas – unidades estruturais da crusta e do manto; possuem características próprias


e são formadas, em regra, por um ou por vários minerais associados.

Minerais – sua identificação


Já foram identificados cerca de 4000 minerais (poucos são frequentemente
encontrados).
Minerais – corpos sólidos com estrutura cristalina, naturais, inorgânicos e com
composição definida ou variável dentro de certos limites.
╘ Sólido e cristalino
o as partículas apresentam um arranjo ordenado
o a água e o mercúrio, que nas condições normais de pressão e de
temperatura são líquidos, não são considerados minerais
o o gelo de um glaciar pode ser considerado um mineral

╘ Natural
o na formação dos minerais não há intervenção humana

╘ Inorgânico
o excluem-se substâncias orgânicas, isto é, compostos de C e H.
o o âmbar (por exemplo) é uma resina fóssil – é um composto orgânico
que foi produzido por plantas no passado e, por isso, não é um mineral

╘ Composição química definida


o a composição química de um mineral deve ser sempre a mesma – o
mineral deve ser sempre formado pelos mesmos elementos,
combinados nas mesmas proporções
o existem, no entanto, alguns desvios, pois em certos minerais, devido à
semelhança de características de algumas partículas, átomos ou iões,
elas podem intersubstituir-se em proporções variáveis

Nem sempre o conceito de mineral é fácil de aplicar. Existem situações de


ambiguidade relativamente a certos materiais.

O que confere aos minerais as suas propriedades físicas e químicas que auxiliam na
sua definição (através de ensaios simples que não implicam equipamento complexo)?
o Composição química
o Organização estrutural da matéria cristalina

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Conjugando a determinação de certas propriedades com o uso de tabelas de


identificação, podem ser identificados alguns dos minerais mais frequentes.
Uma identificação rigorosa requer outras técnicas mais especializadas:
╘ Desde a observação microscópica à análise química ou até à difração pelos
raios X

Propriedades físicas

Destacam-se:
 Propriedades óticas – cor, risca e brilho;
 Propriedades mecânicas – dureza, clivagem, fratura;
 Densidade

Cor dos minerais


Propriedade mais óbvia na observação de minerais.
Na sua maioria, os minerais apresentam-se coloridos.

Minerais:
• Idiocromáticos – cor constante
o Cor característica e própria
o Exemplos:
▪ Malaquite – verde
▪ Azurite – azul
▪ Pirite – amarelo-latão

• Alocromáticos – cor variável


o Ex:
▪ Quartzo: incolor, branco, róseo, lilás, amarelo, negro…

A diversidade de cor em alguns casos é devida à mistura de pequenas quantidades


de certos elementos químicos.
Noutros minerais, a diversidade de cores deve-se a variações na composição química,
em que certos elementos são substituídos por outros diferentes.
Por este motivo, e porque a cor pode ser alterada, esta característica não constitui
uma propriedade muito fiável na identificação de minerais.

Risca / Traço
Cor do mineral quando reduzido a pó.
Propriedade importante na identificação de minerais.
Mesmo que a cor do mineral varie, a risca (normalmente) mantém-se constante,
podendo, em certos casos, ser diferente da própria cor do mineral.
Ex: Hematite tem cor negra e risca vermelha-sanguínea

Pode ser facilmente determinada friccionando o mineral sobre uma placa de


porcelana fosca (muito dura). Se o mineral for menos duro que a porcelana, deixa
sobre ela um traço constituído pelo pó do mesmo e cuja cor é facilmente identificável.

Vitória Ramos [email protected]


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Brilho / Lustre
Efeito produzido pela qualidade e intensidade de luz refletida numa superfície de
fratura recente do mineral. O brilho pode ser:
• Metálico (Ex: galena – reflete a luz de um modo semelhante ao dos metais
polidos
╘ Não metálico / vulgar – diferentes termos p/ descrever o brilho destes
minerais

Brilho não metálico


Sedoso / acentuado Semelhante ao da seda
Vítreo Como o do vidro
Adamantino Intenso como o do diamante
Nacarado Semelhante ao das pérolas
Resinoso Lembra o brilho da resina
Ceroso Como o da cera
Lembra o brilho de uma superfície engordurada (folha de
Gorduroso
papel)

Em certos casos (como na volframite), o brilho é do tipo metálico, mas sensivelmente


mais fraco, designando-se por brilho submetálico.
Os minerais de brilho metálico, com exceção dos metais nativos, têm risca escura ou
mesmo negra.

Clivagem
A tendência de um mineral partir segundo direções preferenciais, desenvolvendo
superfícies de rutura planas e brilhantes.

Quando se aplica uma pancada com um martelo sobre amostras de quartzo e de


calcite, pode observar-se que revelam comportamentos mecânicos muito diferentes.
╘ a calcite divide-se facilmente segundo superfícies planas e brilhantes, que,
pelo choque continuado, se repetem paralelamente a si mesmas

Qualquer plano paralelo ao plano de clivagem é outro potencial plano de clivagem.

Fratura
Ex: quartzo – não apresenta clivagem e, quando percutido, desagrega-se em
fragmentos com superfícies mais ou menos irregulares, sem direção privilegiada.

Esta propriedade revela que todas as ligações são igualmente fortes, qualquer que
seja a direção considerada. As superfícies dessa fratura não se repetem
paralelamente a si mesmas e apresentam diferentes aspetos.

Vitória Ramos [email protected]


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Dureza
Resistência que o mineral oferece à abrasão – a ser riscado (sulcado) por outro
material ou por determinados objetos.
É condicionada pela estrutura e pelo tipo de ligações entre as partículas e, por isso,
pode variar com a direção considerada.

Em ensaios pouco rigorosos, é normalmente avaliada em relação à dureza de outros


minerais.

Usualmente, a determinação da dureza dos minerais é feita em relação aos termos de


uma escala de dureza. Uma das escalas mais conhecida é a escala de Mohs:
╘ constituída por 10 termos – colocados por ordem crescente de dureza
o do menos duro – talco
o ao mais duro – diamante (mineral mais duro que se conhece)

╘ a utilização desta escala apenas proporciona valores relativos (e não valores


absolutos) de dureza

╘ desvantagem da escala: o aumento da dureza absoluta entre os diferentes


termos não é sempre o mesmo – faz-se de um modo descontínuo
O intervalo de dureza absoluta entre minerais consecutivos da escala de Mohs é muito
diferente: a diferença entre o corindo e o diamante é muito maior do que aquela que
existe entre o topázio e o corindo.
A determinação de valores absolutos de dureza é complexa e implica a utilização de
aparelhos muito especializados.

Densidade
Densidade absoluta (/massa volúmica) de uma substância → traduz a massa por
unidade de volume.

Depende de…
 natureza das partículas (átomos ou iões) que constituem o mineral
 do tipo de arranjo dessas partículas

Como se determina?

╘ usando uma proveta graduada e uma balança


╘ coloca-se a amostra do mineral dentro da proveta com água. A subida da água
corresponde ao volume da amostra
╘ determina-se a massa da amostra utilizando uma balança precisa

𝑀 2,9
Massa volúmica → =
𝑉 1𝑐𝑚3

A densidade relativa calcula-se dividindo a massa volúmica do mineral pela massa


volúmica de água que é 1 g/cm3 a 4ºC.

2,9 𝑔 ∕ 𝑐𝑚3
𝐷= = 2,9
1 𝑔 ∕ 𝑐𝑚3

Vitória Ramos [email protected]


Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

No laboratório de mineralogia;

╘ recorre-se muitas vezes ao método chamado balança de Jolly – funciona como


um dinamómetro – permite determinar o peso da amostra mineral pela
deformação de uma mola
o balança de Jolly – permite determinar:
▪ peso do mineral no ar (P)
▪ peso do mineral mergulhado na água (P’)
• P – P’ é o valor da impulsão = o peso de um volume de
água igual ao volume do mineral

𝑃
𝑑=
𝑃 − 𝑃′

Propriedades químicas

Alguns testes químicos podem ser realizados para identificar minerais. Ex:

╘ Teste do sabor salgado para a halite (NaCl)


╘ Teste da efervescência produzida por ação de um ácido (Ex: ácido clorídrico)

Formação de rochas sedimentares


A formação das rochas sedimentares ocorre à superfície do Globo (ou próximo dela),
em regra, em interação com: hidrosfera, atmosfera e biosfera.
Processos que levam à sua formação → decorrem após a subida à superfície de
rochas originadas em profundidade (por exemplo, durante a formação de cadeias
montanhosas) e antes do retorno desses materiais ao interior da geosfera (devido à
subducção)
Génese das rochas sedimentares implica 2 etapas fundamentais:
► Sedimentogénese – elaboração dos materiais que as vão constituir até à sua
deposição
► Diagénese – evolução posterior dos sedimentos, conduzindo à formação de
rochas consolidadas

Rochas
magmáticas,
metamórficas e meteorização erosão
sedimentares transporte

rochas
sedimentares diagénese sedimentação

Vitória Ramos [email protected]


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Na formação das rochas sedimentares intervêm diferentes processos geológicos:


• meteorização das rochas superficiais
• transporte dos materiais resultantes dessa meteorização
• sedimentação posterior desses materiais
• evolução que os sedimentos experimentam
Cerca de 80% dos materiais que constituem as rochas sedimentares são
provenientes de rochas preexistentes, embora haja sedimentos com outras origens
(como materiais resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas na água ou
restos mais ou menos transformados de seres vivos).

Sedimentogénese – formação de sedimentos


A história das rochas sedimentares começa com a elaboração dos materiais que vão
entrar na sua constituição. Estes constituintes são, basicamente, de 3 categorias:
Tipos de sedimentos
Sedimentos detríticos / Sedimentos de origem Sedimentos de origem
clastos química biogénica

Fragmentos de Compostos, em regra,


dimensões variadas por restos de seres vivos,
(desde partículas de Resultam da precipitação mais ou menos
pequeníssimas de substâncias que são transformados,
dimensões até grandes transportadas dissolvidas nomeadamente: conchas
blocos) resultantes da na água e outras peças
alteração das rochas que esqueléticas, fragmentos
afloram de plantas, pólenes, etc.

Meteorização das rochas e erosão


Qualquer tipo de rocha é produto do ambiente físico-químico em que foi gerada.
Quando as condições ambientais se alteram, as rochas experimentam mudanças.
Exemplo: Granito
╘ rocha muito comum no nosso país; forma-se em profundidade
╘ movimentos tectónicos da crusta e a remoção das camadas suprajacentes
podem pô-lo a descoberto e, por isso, ele aflora à superfície
╘ nestas circunstâncias, fica exposto à ação de agentes variados (água, ar, vento,
mudanças de temperatura, os próprios seres vivos…)
╘ estes agentes, atuando sobre as rochas, provocam a sua alteração física e
química – meteorização
╘ os minerais que constituem o granito – minerais primários – ficam em
desequilíbrio com as novas condições ambientais e experimentam alterações
profundas
╘ em consequência da meteorização, as rochas superficiais vão sendo alteradas
e desagregadas
╘ os materiais resultantes da meteorização podem ser removidos do local
(gravidade, água, vento, gelo) – erosão

Vitória Ramos [email protected]


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Pela meteorização, a rocha é alterada e, pela erosão, os materiais são removidos.


Os próprios fragmentos que são deslocados podem, posteriormente, ser novamente
meteorizados e erodidos
Determinados aspetos estruturais das rochas podem favorecer a meteorização.
Maciços granitos
 apresentam, normalmente, inúmeras superfícies de fratura (diaclases),
provocadas por tensões internas da crusta, ou por fenómenos de
descompressão (devido à remoção de camadas superiores)
 frequentemente, as diaclases dividem os maciços em enormes blocos,
grosseiramente paralelepipédicos
 a rede de diaclases favorece a alteração da rocha, pois as zonas da bordadura
tornam-se mais frágeis
Como consequência dessa alteração, nas zonas mais expostas dos blocos graníticos,
os minerais perdem a coesão e desagregam-se gradualmente – convertem-se numa
areia que, arrastada pelas águas de escorrência, vai sendo removida – arenização.
À medida que a arenização de verifica, os vértices dos blocos desaparecem, as arestas
suavizam-se e, pouco a pouco, esses blocos tornam-se arredondados, formando
bolas amontoadas, o que constitui uma paisagem conhecida como caos de blocos.
A partir daí, a forma mantém-se, porque a energia de ataque fica uniformemente
distribuída por toda a superfície.

As rochas, de um modo geral, quando expostas aos agentes da geodinâmica externa,


experimentam, simultaneamente, dois tipos de transformações:
╘ meteorização química – alteração química
o certos minerais transformam-se noutros mais estáveis nas condições
ambientais novas

╘ meteorização física – desagregação mecânica


Geralmente, os dois processos desenrolam-se concomitantemente e os seus efeitos
são inseparavelmente combinados – pode predominar um ou outro, conforme as
situações.

Meteorização física
► provoca nas rochas uma desagregação em fragmentos de dimensões cada vez
menores, mas que retêm as características do material original
► esta fragmentação aumenta a superfície exposta aos agentes de meteorização
► predomina em zonas do Globo geladas e desérticas, nas quais a água no
estado líquido é escassa
► diferentes agentes externos podem atuar sobre as rochas e acelerar a sua
fragmentação

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A água que penetra nos interstícios da rocha pode congelar por


Efeito do gelo abaixamento da temperatura, aumentando de volume.
– crioclastia Exerce, consequentemente, uma pressão que provoca o
alargamento das fissuras e a desagregação da rocha.
As sementes, germinando em fendas das rochas, originam
plantas cujas raízes se instalam nessas fendas, abrindo-as cada
Atividade
vez mais, contribuindo para a separação dos blocos.
biológica
Alguns animais cavam galerias nas rochas favorecendo a
desagregação.
As águas de escorrência deslocam os sedimentos mais finos,
Ação mecânica formando colunas que ficam protegidas por detritos maiores.
da água e do Essas colunas chamam-se chaminés-de-fada.
vento A água e o vento também transportam detritos que chocam
com as rochas, acelerando o desgaste.
Separação das rochas segundo superfícies planas ou curvas.
Uma explicação para este facto admite que as rochas formadas
em profundidade, quando aliviadas da carga suprajacente,
Esfoliação
expandem-se à superfície.
Essa expansão produz diaclases paralelas à superfície que
favorecem a separação do maciço rochoso.
As variações de temperatura provocam dilatações e contrações
Dilatações e
alternadas dos minerais, que reagem de diferentes modos por
contrações
terem diferentes coeficientes de dilatação.
térmicas –
Este processo ocorre nos desertos e em zonas de incêndios,
termoclastia
devido a grandes variações de temperatura.

Meteorização química
A maioria dos minerais gerados em profundidade torna-se instável nas condições
superficiais. Esses minerais experimentam uma decomposição química traduzida pela
alteração da estrutura interna, podendo verificar-se remoção ou introdução de
elementos.
Ocorrem processos complexos pelos quais se originam outros minerais mais
estáveis ou uma série de produtos solúveis que são transportados pelas correntes,
podendo chegar até ao mar.
Principais agentes desta alteração mineralógica:
• água – com diferentes substâncias dissolvidas
• oxigénio e dióxido de carbono atmosféricos
• diferentes substâncias produzidas pelos seres vivos
• a temperatura também tem grande influência na alteração química –
influencia a velocidade das reações

Dada a intervenção dos seres vivos no processo de decomposição dos minerais, usa-
se muitas vezes a expressão meteorização bioquímica para o processo.
Os mecanismos de alteração química são extraordinariamente complexos, podendo
destacar-se como os mais importantes:

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► Hidrólise – Reações de alteração química que envolvem a água – meteorização


dos minerais pela água.

Na Natureza, a acidificação da água é um fenómeno frequente. Por exemplo:

• o CO2 atmosférico ou o existente nos solos pode reagir com a água, formando
ácido carbónico, que se dissocia
• os feldspatos, minerais muito frequentes em muitos tipos de rochas,
nomeadamente nos granitos, são alterados pelas águas acidificadas,
experimentando reações de hidrólise

Molécuas de CO2 e de H2O da chuva combinam-se

forma-se ácido carbónico (H2CO3)

o ácido carbónico ioniza-se

formam-se iões de hidrogénio (H+) e iões de hidrogenocarbonato (HCO3-)

Feldspato Calcite

os iões hidrogenocarbonato reagem com os o ácido carbónico reage com a calcite dos
feldspatos calcários

origina-se caulinite (mineral de argila), sílica,


produz-se iões hidrogenocarbonato e Ca+
iões K+ e ião hidrogenocarbonato

Equação de tradução da alteração da ortoclase:


2 KAlSl3O8 + 2 H2CO3 + H2O ----------> Al2Sl2O5(OH)4 + 4 SiO2 + 2 K+ + 2 HCO3-
Feldspato Ácido carbónico Água
Caulinite Sílica Ião Potássio Ião hidrogenocarbonato

As reações de alteração na Natureza não se podem reduzir a uma simples equação


química. Antes da formação dos produtos finais, existe uma complexa sucessão de
etapas intermédias em que se podem formar inerais que persistem estáveis.
A equação apresentada serve apenas para visualizar globalmente as alterações
verificadas.
Na reação considerada:
• o ião H+ substitui o K+ na estrutura do feldspato e, deste modo, a estrutura
cristalina altera-se
o forma-se um mineral novo → Caulinite (faz parte de uma família de
minerais designada por minerais de argila)

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Estra transformação denomina-se Caulinização. O ião potássio e a sílica podem ser


removidos pela água.
Os minerais de argila são produtos finais da meteorização química de muitos
minerais. São bastante estáveis nas condições superficiais.
╘ podem ficar a fazer parte do solo que se vai gerando no local, em
consequência da alteração da rocha
╘ podem ser levados pela água, acabando por se depositar muito longe do local
de origem (talvez no mar) onde poderão formar rochas sedimentares

► Oxidação
O oxigénio é muito importante na meteorização química. Provoca oxidações.
Muitos minerais (como as piroxenas e as olivinas) contêm ferro na sua constituição.
Este ferro pode ser facilmente oxidado → passa de ferroso Fe2+ a férrico Fe3+. Esta
oxidação é muito rápida em presença da água e origina um mineral novo, de cor
avermelhada – hematite.

a piroxena, por ação da o ião ferroso é oxidado o ião férrico combina-se


água, origina sílica e ião pelo oxigénio e forma o com H2O e precipita um
ferroso ião férrico óxido de ferro sólido

► Carbonatação
As águas acidificadas podem reagir (por exemplo) com a calcite (carbonato de cálcio)
– mineral que faz parte dos calcários, formando produtos solúveis.
Os calcários são alterados e destruídos por um processo químico designado por
carbonatação.
CaCO3 + H2CO3 -------------------> Ca2+ + 2 HCO3-
Carbonato de cálcio; Ácido carbónico; Ião cálcio; Ião hidrogenocarbonato;

O cálcio e o hidrogenocarbonato são removidos em solução, deixando somente as


impurezas insolúveis.
Estas reações químicas provocam o alargamento das fissuras nas quais a água se
infiltra e circula. Pode conduzir à formação de uma rede de galerias e de grutas
subterrâneas.
O calcário contém sílica e argila misturadas. Essas substâncias são não solúveis por
isso ficam no local, preenchendo bolsas e depressões. Esses depósitos, geralmente
avermelhados devido à presença de óxidos de ferro, denominam-se terra rossa.
Onde se pode ver a atividade das águas acidificadas?
 nas inúmeras grutas que existem nas regiões calcárias
 nos monumentos e edifícios com calcário ou mármore, principalmente nas
grandes cidades e zonas industrializadas (ar poluído)

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Os minerais não reagem do mesmo modo aos agentes de meteorização química:


╘ há minerais que se alteram e desaparecem rapidamente
╘ há minerais (como o quartzo) que são extremamente resistentes à alteração
química
As alterações químicas também dependem das condições ambientais. Assim, a
meteorização química é muito mais rápida e intensa em regiões de clima quente e
húmido.
Minerais da rocha-mãe Meteorização Produtos
química
Minerais Quartzo Não se alteram Resíduos dos minerais estáveis
estáveis Moscovite (quartzo, moscovite, minerais
Minerais de de argila)
argila
Minerais Feldspatos Componentes Removidos em soluções (iões
instáveis Piroxenas solúveis sódio, iões potássio,
Anfíbolas hidrogenocarbonato)
Biotite Componentes Resíduos de novos minerais:
Carbonatos insolúveis minerais de argila, óxidos de
ferro
Retomando o exemplo do granito…
- Quando esta rocha é alterada, minerais vulneráveis (como certos feldspatos) perdem
o brilho e a dureza diminui, originando minerais de argila que vão sendo removidos.
Quartzo
▪ Devido à remoção dos minerais circundantes, vai-se soltando sob a forma de
grãos. Forma-se uma areia em que o quartzo é o mineral dominante.
▪ Podem existir fragmentos de feldspatos mais ou menos alterados, palhetas de
micas e outros minerais
▪ Esta areia experimenta uma evolução posterior caracterizada por uma maior
seleção mineralógica
Transporte e sedimentação
Os materiais resultantes da meteorização das rochas podem ficar acumulados no local
de origem → depósitos residuais.
Na maior parte dos casos são transportados, principalmente, pela água e pelo vento,
para outros locais. Alguns são transportados em solução e outros sob a forma de
detritos ou clastos de variadas dimensões.
Durante o transporte, os materiais sólidos experimentam sucessivas alterações. De
entre as modificações experimentadas pelos detritos durante o transporte, destacam-
se:
▪ Arredondamento
o Detritos (choque entre eles e atrito com rochas da superfície) perdem
arestas e vértices → superfície progressivamente mais lisa e curva.
o Os clastos inicialmente angulosos tornam-se mais arredondados
o Pelo grau de arredondamento, pode conjeturar-se sobre a duração do
transporte

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▪ Granosseleção
o As partículas são selecionadas e separadas de acordo com o tamanho,
a forma e a densidade
o Sedimento bem calibrado – os detritos têm, aproximadamente, o
mesmo tamanho
o Vento e rios são bons agentes de granosseleção
Quando o agente perde energia, os materiais (não podendo prosseguir o transporte)
depositam-se, contribuindo para a formação de sedimentos.
Sedimentação
 Processo de deposição dos materiais
 Pode ocorrer em ambientes terrestres, mas é principalmente importante em
ambientes aquáticos – nomeadamente nos cursos de água, nos lagos e nos
mares
 Os materiais transportados em solução sedimentam após a precipitação.

Deposição
╘ Dá-se segundo camadas sobrepostas, horizontais e paralelas – principalmente
se a sedimentação ocorre em ambiente aquático
╘ Estratos → as diferentes camadas
o Diferem umas das outras pela cor, composição ou pela granulometria
o Cada camada nova que se forma sobrepõem-se e comprime as mais
antigas, situadas por baixo dela. As outras superfícies,
aproximadamente planas, que separam diferentes estratos,
denominam-se superfícies de estratificação
o Teto → superfície superior ao estrato
o Muro → superfície inferior ao estrato
Homogeneidade de cada estrato:
► resulta de um processo sedimentar regular e contínuo em que se mantêm
constantes as características ambientais e o tipo de materiais depositados
► perturbações no regime de sedimentação ficam marcadas e assinaladas na
superfície que separa os dois conjuntos de estratos

A estratificação não é sempre originalmente horizontal. Quando o agente de


transporte (vento ou água) desliza sobre uma superfície topográfica inclinada, são
depositadas camadas de sedimentos inclinadas.
Em sedimentos fluviais e eólicos são frequentes casos de estratificação entrecruzada.
Tipo de estratificação que revela:
╘ variação na intensidade e/ou na direção do agente de transporte
╘ se a direção ou a velocidade da corrente se altera, também a orientação dos
estratos subsequentes muda relativamente aos estratos inferiores

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Diagénese
Nas rochas detríticas, os depósitos são inicialmente constituídos por materiais soltos
(com granulometria diferente de situação para situação).
Após deposição:
╘ geralmente os sedimentos experimentam uma evolução mais ou menos
complexa, em que intervêm processos físico-químicos diversos – no conjunto
constituem a diagénese
Através dos processos diagenéticos.
╘ os sedimentos transformam-se em rochas sedimentares com diferentes graus
de evolução
Processos que ocorrem durante a diagénese:
► Compactação
o à medida que a sedimentação prossegue, novas camadas se vão
sobrepondo
o isto aumenta a pressão a que as camadas inferiores ficam submetidas
o em consequência, a água incluída nos interstícios dos materiais é
expulsa e as partículas ficam mais próximas
o diminui assim o volume da rocha, que se torna progressivamente mais
compacta e mais densa

o Este processo acentua a estratificação e os minerais tubulares ou


lamelares podem ficar alinhados perpendicularmente à direção da
pressão

► Cimentação
o os espaços vazios entre os detritos podem ser preenchidos por
materiais de neoformação, resultantes da precipitação de substâncias
dissolvidas na água de circulação
o estes materiais constituem um cimento que liga os detritos, formando
uma rocha consolidada
o é muito frequente que o cimento resulte da precipitação de carbonato
de cálcio ou de sílica, formando esta um cimento muito duro

► quando os sedimentos são muito finos, os poros são demasiado pequenos


para a circulação de água
o a consolidação é devida à compactação, ficando as partículas cada vez
mais próximas

► noutras situações, nos interstícios entre os sedimentos de maiores dimensões


depositam-se partículas muito finas transportadas pela água, formando uma
matriz que liga os materiais

Vitória Ramos [email protected]


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Classificação de rochas sedimentares


Em consequência da diversidade de materiais e de processos intervenientes na
formação das rochas sedimentares, qualquer classificação é sempre algo artificial
(não existem grupos estanques; verifica-se uma gradação sucessiva entre os
diferentes grupos).
A aplicação de uma classificação que pretenda aproximar-se da realidade tem de
mencionar a presença dos termos de transição. Existem diferentes classificações
baseadas em vários critérios. Com todas estas reservas (e tendo em consideração a
origem da fração predominante), nas rochas sedimentares podem-se considerar 3
grupos:
► rochas detríticas
o predominantemente constituídas por sedimentos de origem detrítica –
resultantes do processo de meteorização e erosão de rochas
preexistentes
o a granulometria dos seus materiais é variável – dada a importância das
suas dimensões na caracterização destas rochas, é necessário
estabelecer sistemas de classificação dos sedimentos detríticos →
sistemas que se designam escalas granulométricas
o versão simplificada da escala de Udden e Wentworth:
Designação do Designação do Rocha
Dimensões (mm)
detrito sedimento consolidada
Cascalheira de
elementos Brecha
Grosseiro
Balastros angulosos
> 2 mm
Cascalheira de
Conglomerado
elementos rolados
Médio
Areia Areia Arenito
1/16 a 2 mm
Fino
Silte ou limo Silte Siltito
1/16 a 1/256 mm
Argilas (podem ser minerais
de argila ou outros diferentes –
Muito fino
esta designação corresponde Argila Argilito
apenas a um dos graus da escala
granulométrica – indica minerais
< 1/256 mm
com determinada granulometria)

Nas rochas detríticas, os clastos podem apresentar-se angulosos ou mais ou menos


arredondados. Depende:
╘ duração do transporte
╘ distância percorrida
╘ dureza do material
Algum deste material apenas é modificado fisicamente, podendo existir também
materiais de neoformação = minerais novos formados durante o processo de
sedimentogénese ou diagénese (Ex: calcite, dolomite, sílica e minerais de argila).
Elementos importantes na caracterização das rochas detríticas (relativamente aos
detritos): composição, dimensão, distribuição e morfologia.

Vitória Ramos [email protected]


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As rochas detríticas deviam apenas incluir as litologias cujos materiais estão ligados,
formando uma massa coerente. Há autores, que designam como rochas sedimentares
acumulações de sedimentos não consolidados (Ex: areias). O programa considera
rochas detríticas consolidadas e rochas detríticas não consolidadas. Rochas:

Detritos cujas dimensões são superiores a 2mm;


Os detritos de maiores dimensões são geralmente fragmentos de rochas
constituídos por vários minerais;
Os detritos de mais pequenas dimensões podem ser constituídos por um único
mineral.
Areias: rochas desagregadas; observadas em diferentes ambientes: rios e suas
margens, praias, dunas litorais, desertos…;
Composição e aspeto que apresentam → indicações sobre: fonte dos materiais
que as constituem e as condições ambientais em que se formaram

Areia quartzosa – grãos arredondados e bem calibrados


Areia calcária – grãos arredondados
Areia basáltica – grãos angulosos
Areia quartzosa (quartzo hialino) – grãos brilhantes, alguns arredondados
Areias eólicas – bem calibradas e arredondadas; grãos baços devido aos choques;
dunas da Arábia Saudita

Existem areias calcárias formadas por grãos de calcite e areias negras constituídas
(essencialmente) por minerais ricos em ferro e magnésio. As mais comuns são as
quartzosas, de cores claras e constituídas predominantemente por grãos de
quartzo.
Entre os grãos de areia existem espaços/poros onde a água ou o ar podem
circular – as areias são muito permeáveis.

Aplicações das areias na sociedade moderna:


╘ Construção civil, indústrias vidreira e cerâmica, etc…

Podem ser cimentadas por precipitação de substâncias dissolvidas nas águas de


circulação → formam-se arenitos (podem ser chamados, por vezes, de grés).
Têm granulometria muito fina. Muitas vezes formam-se rochas onde há mistura de
siltes e de argilas.

Rochas sílticas – constituídas por partículas com dimensões entre 1/16 e 1/256mm.
Rochas argilosas – constituídas por materiais cujas dimensões são inferiores a
1/256mm (predominam os minerais de argila resultantes da meteorização química
de vários minerais). Cerca de 80% do conjunto das rochas sedimentares.

As partículas argilosas são transportadas pelas águas de escorrência e pelos


cursos de água – por vezes até grandes distâncias do local de origem.
Podem depositar-se em várias zonas → formam depósitos → evoluem para rochas
argilosas.

Quando as argilas ficam submetidas à compressão provocada pelo peso das


camadas suprajacentes, tornam-se sucessivamente mais coerentes e compactas →
argilitos.

Vitória Ramos [email protected]


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Rochas argilosas raramente são puras (somente minerais de argila) – apresentam


vários minerais associados (incluem partículas finíssimas de feldspatos, de micas e
até de quartzo). Quando são puras, são brancas → caulino

As finíssimas partículas que constituem as argilas aumentam de volume ao


absorverem a água → faz desaparecer os minúsculos interstícios que existem
entre elas.
Se as argilas ficarem saturadas, tornam-se particularmente impermeáveis.

Quando vastas argilas impregnadas de água ficam expostas ao ar seco, a água


evapora-se e essas formações aparecem fendilhadas → fendas de dessecação /
fendas de retração.

Estas fendas são explicadas pela diminuição do volume do material argiloso


devido à perda de água.

As argilas são rochas:


- Pouco duras
- Friáveis (reduzem-se facilmente a pó)
- Geralmente, têm um cheiro característico a barro (quando humedecidas)
- Muito plásticas → deformam-se facilmente sem rutura sob ação de pressões
- Esta plasticidade pode criar problemas (obras de construção assentam as suas
fundações em terrenos argilosos)
→ Há necessidade de se proceder a um estudo geológico do terreno antes da
implantação de obras de engenharia

► rochas quimiogénicas (Ex: calcários de precipitação)


o formadas essencialmente por materiais resultantes da precipitação de
substâncias em solução
o essa precipitação deve-se a processos físico-químicos – entre esses
processos pode destacar-se: evaporação da água onde as substâncias
estão dissolvidas → leva à formação de cristais que se acumulam –
constituem os evaporitos
o noutras situações a precipitação é provocada por reações químicas –
quando certas condições do meio variam

Vitória Ramos [email protected]


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Entre as rochas de origem química, vamos salientar as rochas:


╘ carbonatadas – calcários de precipitação (estalactites, estalagmites e
travertinos)
Resultam da precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3) – devido a processos físico-
químicos (em que a precipitação biológica pode assumir um papel importante)
As águas acidificadas provocam a meteorização química dos calcários. Criam no interior
de maciços desta rocha uma rede de cavidades e galerias que constituem grutas
calcárias.

Consequência da circulação de águas acidificadas pelo CO2:


• o carbonato de cálcio que as constitui é solubilizado
• forma-se o hidrogenocarbonato que vai sendo removido
• a rocha fica modelado, formando:
o à superfície um rendilhado de sulcos e cavidades conhecido por lapiaz
o no interior, formam-se grutas e galerias
As águas que circulam no interior das grutas transportam hidrogenocarbonato de cálcio,
que em determinadas condições pode precipitar sob a forma de carbonato de cálcio e
depositar-se, formando calcários de precipitação.
O carbonato que precipita da água que flui sobre o chão da gruta pode originar uma rocha
mais ou menos compacta: travertino.
Podem também formar-se em terrenos alagadiços envolventes dos maciços calcários,
ficando muitas vezes preservadas as marcas de seres vivos, nomeadamente de plantas

Na água que goteja do teto de uma gruta, cada gota abandona no local de
desprendimento uma película de carbonato de cálcio (CaCO3), que, por acumulação
sucessiva ao longo de muitos milhares de anos, forma estruturas pendentes chamadas
estalactites.
O gotejar constante sobre o solo da gruta também leva à acumulação sucessiva de
películas de CaCO3, que formam estruturas ascendentes: estalagmites.

Estes 2 tipos de estruturas tomam, por vezes, formas caprichosas e podem encontrar-se e
ligar-se → formam colunas.
Todas as estruturas descritas conferem às grutas calcárias uma beleza espetacular.

╘ salinas (evaporitos)
o resultam da precipitação de sais dissolvidos (devido à evaporação de
água que os contém em solução). Podem ocorrer em:
▪ águas marinhas retidas em lagunas que estabelecem
esporadicamente ligação com o mar;
▪ em lagos salgados no interior de áreas continentais (geralmente
áridas).
o à medida que ocorre essa evaporação da água, os sais menos solúveis
precipitam em primeiro lugar, seguindo-se (sucessivamente) a
precipitação dos sais progressivamente mais solúveis – vão-se
sobrepondo aos já formados. Constituem-se sequências de evaporitos
por vezes de grande espessura;
o a ordem descrita pode ser alterada devido a perturbações do meio,
como a renovação da água do lago / laguna (altera a concentração de
alguns sais).

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Podemos destacar:
Gesso Quimicamente, é sulfato de cálcio hidratado (CaSO42H2O)
É formado por cristais transparentes ou por massas brancas ou
amareladas com diferentes aspetos.

Portugal:
Ocorre em Sesimbra, Óbidos e Leiria

Utilização:
Depois de tratado, é utilizado na indústria do cimento, em estuques e
ornamentos de paredes e em esculturas, odontologia, etc.
Sal-gema Constituído, essencialmente, por halite
Halite → quimicamente, é cloreto de sódio (NaCl)
Geralmente, está associado a outros sais.
Pode conter argila, matéria orgânica e óxidos de ferro misturados.
Pouco denso e muito plástico.
Natureza:
Os depósitos profundos de sal-gema, quando sob pressão, podem
ascender através de zonas débeis da crosta, formando grandes massas
de sal – domas salinos / diápiros.

Portugal:
É explorado em Torres Vedras e em Loulé. Em Rio Maior, em terrenos
salinos, é extraída a água através de poços e lançada em grandes
tanques, onde se dá a evaporação e a precipitação do sal.

Utilização:
A sua aplicabilidade industrial é grande, fornecendo produtos que
entram em cadeias de transformação. Entre os produtos obtidos,
podem-se citar: cloro, sódio, ácido clorídrico, soda cáustica,
hipoclorito de sódio, etc.
Estes produtos são utilizados em diferentes indústrias (fabrico de
sabão, borracha, vidro, cerâmica, detergentes, papel, medicamentos,
etc.)

► rochas biogénicas
o os sedimentos que as compõem podem ser constituídos por detritos
orgânicos ou por materiais resultantes de uma ação bioquímica.
o Natureza: muitas vezes os processos inorgânicos e bioquímicos andam
intimamente ligados; por isso, alguns autores designam as rochas
biogénicas por quimiobiogénicas
o De entre as formações com esta origem, vamos considerar: calcários
biogénicos, carvões e petróleos

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Calcários biogénicos
╘ Muitos organismos aquáticos (animais marinhos, etc.) fixam carbonatos,
edificando peças esqueléticas (conchas, polipeiros, carapaças…).
╘ No próprio plâncton marinho existem seres com peças esqueléticas calcárias.
╘ Após a morte, esses seres depositam-se nos fundos marinhos, formando
um sedimento biogénico.
╘ A parte orgânica (normalmente) é decomposta. As conchas acabam por ser
cimentadas, evoluindo para calcários consolidados.
o Exemplos: calcários conquíferos e calcários recifais

╘ Os recifes de corais desenvolvem-se em mares quentes de águas límpidas e


pouco profundas.
╘ Neles existem milhões de indivíduos, incluindo: corais, algas, moluscos,
protozoários, etc. que segregam peças esqueléticas de carbonato de cálcio.
╘ Os esqueletos fixos no fundo do mar, após a morte dos indivíduos, originam
calcários recifais.

Carvões e petróleos
╘ O conceito de rocha sedimentar é (por vezes) generalizado, englobando
materiais como carvões e petróleos.
o Petróleo – não é uma rocha no sentido comum do termo (é líquido),
mas encontra-se exclusivamente no interior de rochas sedimentares e
forma-se a partir de sedimentos biogénicos.
▪ O seu estudo é feito, muitas vezes, juntamente com as rochas
sedimentares.

╘ Um exame mais cuidadoso de carvões e de formações petrolíferas mostra a


presença de vestígios de plantas ou de microfósseis. A matéria inicial foi
matéria proveniente de seres vivos, principalmente seres fotossintéticos:
o Convertem a energia luminosa do Sol em energia química, armazenada
nos compostos orgânicos que constituem as suas estruturas.

╘ Em meios sedimentares, alimentados por grandes quantidades de detritos


orgânicos provenientes dos seres considerados, quando esses detritos ficam
rapidamente isolados do ambiente oxidante (devido a um afundamento
acelerado) transformam-se, de acordo com as condições e com a natureza
dos detritos em: carvões ou petróleo.
╘ Combustão de um carvão / produtos petrolíferos
o É mobilizada energia que foi armazenada pela fotossíntese há muitos
M.a.
▪ Os carvões, os petróleos e o gás natural são designados por:
combustíveis fósseis → representam energia solar captada
transformada, armazenada e preservada durante milhões de
anos

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╘ A evolução da matéria orgânica para formar carvões ou petróleos só é possível


em meios muito especiais: Condições anaeróbias e ambientes lagunares
costeiros ou meios lacustres
o Nessas bacias, à medida que ocorre a sedimentação, devido a
fenómenos tectónicos, o fundo experimenta movimentos de
subsidência – vai progressivamente ficando com maiores
profundidades.
o Consequência desse rebaixamento:
▪ As camadas sedimentares também aprofundam – ficam num
ambiente privado de oxigénio.
▪ Neste ambiente, detritos orgânicos são transformados
faseadamente por ação de microrganismos anaeróbios e,
posteriormente, por ação das novas condições de temperatura
e de pressão.
► Carvões
Em alguns ambientes continentais propícios, geralmente pantanosos, em regra
zonas de difícil drenagem de água, a parte inferior dos musgos e de outras plantas
herbáceas transforma-se, devido à ação de microrganismos anaeróbios, num produto
carbonoso, rico em matérias voláteis: turfa.
Bacias costeiras lagunares / bacias lacustres:
╘ Os detritos vegetais são abundantes e aprofundam rapidamente
╘ São recobertos por sedimentos terrígenos
╘ A matéria orgânica acumulada, proveniente essencialmente de flora
continental, é rica em: celulose e lenhina
╘ Essa matéria evolui, por diagénese, para carvões, nomeadamente: carvões
húmicos
╘ Durante o afundimento, sob ação de bactérias anaeróbias, os detritos vegetais
são transformados, formando uma pasta
o Na qual ainda se reconhecem, melhor ou pior, restos vegetais
o Que aglutina detritos maiores
╘ À medida que o afundimento prossegue, o aumento da pressão e da
temperatura, associado à presença de substâncias tóxicas, resultantes do
metabolismo das bactérias, provoca a morte das mesmas.
╘ Nestas novas condições (sem bactérias + maior pressão e temperatura +
substâncias tóxicas) há perda de água e de substâncias voláteis e um
enriquecimento relativo em carbono.
o Incarbonização

╘ Consoante o grau de evolução, formam-se diferentes carvões, como:


o Lignite – a estrutura fibrosa dos vegetais ainda é visível
o Carvões betuminosos
o Antracite
▪ É o carvão que tem maior percentagem de carbono (atinge, por
vezes, mais de 90% do seu peso total)
▪ A percentagem de voláteis não ultrapassa os 10%
▪ Por combustão, não forma fumos e liberta uma quantidade de
calor maior do que os outros carvões

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╘ Na caracterização dos carbonos tem-se em conta:


o Propriedades químicas e físicas
▪ Cor
▪ Brilho
▪ Densidade
▪ Dureza

o Determinação da relação entre a quantidade de substâncias voláteis e


a de carbono total
▪ O aumento do teor de carbono depende da idade (geralmente,
quanto mais antigos mais ricos são em carbono) e das
condições de pressão e de temperatura a que estiveram
sujeitos

╘ Num corte vertical de jazigos de carvão observam-se várias camadas de carvão


alternadas com depósitos detríticos
o A disposição em camadas sugere que os depósitos se repetem de uma
maneira cíclica
o Em períodos de subsidência lenta, a vegetação é abundante e há
grande quantidade de detritos orgânicos
▪ Esses detritos, recobertos por depósitos argilosos finos, podem
evoluir para carvões
o Quando a subsidência é rápida, diminui a vegetação e também a
deposição de detritos orgânicos
▪ No entanto, aumenta a deposição de detritos terrígenos →
formam-se depósitos detríticos, primeiro grosseiros e depois
sucessivamente mais finos.
o Vários episódios do tipo descrito podem alternar ao longo do tempo,
formando extensos jazigos

► Produtos petrolíferos
Os produtos petrolíferos naturais incluem materiais: gasosos, líquidos e sólidos nas
condições normais de pressão e temperatura.
╘ Produtos sólidos → asfaltos ou betumes
╘ Produtos líquidos → petróleo bruto ou nafta
╘ Produtos gasosos → gás natural

Análise química do petróleo:


• Constituído, essencialmente, por: misturas de hidrocarbonetos que derivam,
principalmente, da parte lipídica da matéria orgânica
o Os lípidos são abundantes nas algas, esporos, grãos de pólen e,
especialmente, no plâncton
o Admite-se que o material que se transforma em petróleo é constituído,
principalmente, por organismos de pequenas dimensões,
predominando o plâncton
o O petróleo forma-se em ambientes que permitem o desenvolvimento
de plâncton abundante

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• A matéria orgânica acumulada à profundidade de 2000 e 3000m, em


ambiente anaeróbio e em determinadas condições de pressão e temperatura,
é transformada em hidrocarbonetos líquidos que constituem o petróleo e em
alguns hidrocarbonetos gasosos e sólidos.
• A evolução dos materiais para petróleo pode durar milhões de anos e a rocha
em que ela ocorre é designada por rocha-mãe.
• Sob a influência de pressões, os hidrocarbonetos fluidos (pouco densos)
migram da rocha-mãe, acumulando-se em rochas porosas e permeáveis
(arenitos, conglomerados, rochas carbonatadas) que constituem: rocha-
armazém / rocha-reservatório.
• Sobre a rocha-armazém existe uma camada impermeável (rochas argilosas)
que impede a migração e dispersão do petróleo até à superfície.
• Esta barreira impermeável designa-se por rocha-cobertura
• A rocha-armazém, a rocha-cobertura e outras estruturas (falhas, dobras,
domas salinos…) que impedem o movimento do petróleo até à superfície,
constituem a armadilha petrolífera.
o São estas que permitem a ocorrência de jazigos petrolíferos → de
acumulações de hidrocarbonetos em quantidade que podem ser
extraídos

• Normalmente, existe água salgada associada às jazidas petrolíferas


• Esta água (impregna as camadas permeáveis) pode ser
o água remanescente daquela que ficou aprisionada nos sedimentos
o água resultante das infiltrações verificadas à superfície

• A disposição da água, do petróleo e dos gases no jazigo corresponde à ordem


das respetivas densidades:
o por baixo: a água
o depois o petróleo
o finalmente, o gás

• Após a extração do petróleo bruto, ele é transportado para refinarias, onde é:


o Aquecido
o Destilado em colunas de fracionamento gigantescas

• Assim separam-se diversos produtos com diferentes pontos de ebulição que


têm variadas aplicações

2.2. Rochas sedimentares – arquivos históricos da Terra


O estudo dos sedimentos e das rochas sedimentares permite fazer:
• Datação de muitas formações
• Reconstituir os ambientes antigos / paleoambientes – em que a génese dessas
rochas ocorreu
As rochas sedimentares são habitualmente estratificadas e frequentemente
fossilíferas. Preservam determinadas estruturas que ajudam a desvendar as condições
da sua formação.
Nas superfícies de estratificação ocorrem frequentemente marcas que testemunham
a existência de pausas ou de interrupções na sedimentação.

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Exemplos:
Marcas de Fendas de Marcas das Icnofósseis – pegadas de
ondulação (ripple dessecação / gotas da animais, pistas de
marks) retração (mud chuva reptação, fezes
crackers) fossilizadas
Observam-se em Observam-se Muitas Fornecem informações
praias atuais. frequentemente vezes importantes sobre:
Aparecem em terrenos patentes - Ambientes sedimentares
preservadas em argilosos atuais. em rochas do passado
alguns arenitos. antigas. - Hábitos dos animais
Dão-nos informação Aparecem, - Tipos de alimentos
sobre: muitas vezes, Com - Etc.
- O ambiente também aspeto
sedimentar em que conservadas idêntico ao
a rocha se gerou em rochas que
- A posição original antigas. acontece
das camadas na
- A direção das realidade.
correntes que as
produziram

Todas as características referidas tornam as rochas sedimentares fundamentais na


reconstituição da história da Terra e da vida, aplicando o princípio das causas atuais
ou o princípio do atualismo.
Segundo este princípio, pode explicar-se o passado a partir do que se observa hoje –
causas que provocaram certos fenómenos no passado são idênticas às que provocam
o mesmo tipo de fenómenos no presente.

Os fósseis e a reconstituição do passado


Fósseis: restos / vestígios de seres vivos que viveram em tempos geológicos
anteriores e que foram contemporâneos da génese da rocha que os contém.
Após a morte, ficam incorporados nos sedimentos. O que acontece mais
frequentemente é que esses organismos desaparecem, sendo comidos por outros /
destruídos pelos decompositores.
Podem criar-se condições em que fiquem preservadas partes ou simples vestígios
desses seres vivos, desde que após a morte sejam recobertos por uma camada de
sedimentos ou por uma substância que os isole.
As partes duras (ossos, conchas e dentes) são mais resistentes e podem ser mais
facilmente preservadas do que as partes moles.
Fossilização – conjunto de processos que leva à preservação de restos ou vestígios de
organismos nas rochas

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Processos de fossilização
Os organismos (ou parte deles) são preservados sem alteração ou com
Conservação

pequenas modificações → mumificação → o corpo é desidratado e fica como


que embalsamado
A conservação acontece quando o organismo é totalmente envolvido num meio
asséptico
╘ resina fóssil, âmbar, gelo, alcatrão, etc.
O organismo (ou partes dele) imprimem um molde em sedimentos finos que o
envolvem / preenchem.
O organismo pode, posteriormente, ser destruído, mas o molde persiste.
No caso de algumas peças ocas (conchas, etc.) pode formar-se um molde
interno ou um molde externo.

Molde interno – sedimentos preenchem a concha que, posteriormente, é


dissolvida, ficando apenas o molde da superfície interna.
Moldagem

Molde externo - a concha imprime o molde da superfície externa nos


sedimentos, sendo depois removida.

Podem formar-se contramoldes dos moldes externos e internos.


Um molde externo, por exemplo, pode aparecer em depressão. Se essa
depressão for posteriormente preenchida por sedimentos finos, forma-se nesses
sedimentos uma réplica do molde externo = contramolde do molde externo.
O contramolde do molde externo aparece saliente na rocha.
Por um processo idêntico podem formar-se contramoldes dos moldes internos.
Certos órgãos achatados (folhas de plantas, asas de insetos) podem fossilizar por
um tipo especial de moldagem – impressão.
Os constituintes de partes duras (ossos, conchas, etc.) são substituídos por
Mineralização

minerais transportados em solução nas águas subterrâneas e que precipitam.


Mesmo troncos de árvores aparecem, por vezes, completamente silicificados
(constituídos por sílica).
Os tecidos vegetais foram substituídos, partícula a partícula, por sílica, de tal
modo que a estrutura do órgão é perfeitamente mantida.
(marcas fósseis)
Icnofósseis

Pegadas, marcas de reptação, rastos que constituem evidências da atividade do


ser vivo cuja marca a litogénese não destruiu.

Somente uma pequena fração dos seres vivos que viveram durante o passado
geológico foi preservada como fósseis. A maioria foi destruída após a morte.
A preservação dos organismos é contingente. Assim, o registo da vida passada é, por
vezes, cheio de lacunas.
O registo fóssil dos organismos com partes duras que viveram em zonas de
sedimentação é abundante. Contudo, um vasto conjunto de formas de vida que não
encontrou condições de fossilização ficou sem registo.

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Os fósseis:
╘ permitem fazer a história da vida
╘ fornecem aos geólogos um meio de estabelecerem a idade relativa dos
estratos
╘ dão pistas para a reconstituição dos paleoambientes

Datação relativa das rochas


Datação relativa – determinação de uma ordem cronológica de uma sequência de
acontecimentos; estabelece a ordem pela qual as formações geológicas se
constituíram no lugar onde se encontram.
Estratigrafia – ramo da Geologia que estuda as rochas sedimentares e as suas relações
espaciais e temporais
Diferentes princípios podem ser utilizados para fazer a datação relativa de formações
geológicas.

De acordo com este princípio, numa série de estratos na sua posição


original, qualquer estrato é mais recente do que os estratos que estão
abaixo dele e mais antigo do que os estratos que a ele se sobrepõem.
Sucessão de estratos:
╘ forma uma sequência estratigráfica
╘ representa um registo cronológico da história geológica da região
A sequência estratigráfica evidencia a cronologia das camadas e na
sucessão de ambientes sedimentares.
A idade estabelecida por este processo é incompleta.
Nesta cronologia relativa o geólogo pode dizer que uma camada de
Princípio da Sobreposição

rocha é mais antiga do que outra, mas não pode dizer quantos anos é
mais velha nem sequer quantos anos tem.

A velocidade e as condições de sedimentação variam ao longo do tempo


e pode mesmo haver períodos de interrupção da sedimentação. Se as
rochas afloram durante essa interrupção, podem ser erodidas. Se,
posteriormente, a sedimentação (devido à nova imersão), prosseguir,
forma-se um estrato que assenta numa superfície erodida → superfície
de descontinuidade.
As grandes descontinuidades no registo geológico, marcadas pela
ausência de camadas (mais ou menos espessas), designam-se lacunas
estratigráficas.

Se após a formação da primeira série de estratos a sua posição for


alterada por ação de forças tectónicas (perde a horizontalidade) e se,
posteriormente, ocorrer a deposição de outra série de estratos, a
superfície de separação das duas séries designa-se or discordância
angular – esta designação evidencia o ângulo entre as duas séries
sedimentares.

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Em algumas situações, as camadas sedimentares podem ter grande


… da continuidade lateral
desenvolvimento em extensão lateral, sobretudo em águas profundas.
Noutras situações, porém, têm reduzidas dimensões, correspondendo a
fenómenos localizados e de curta duração. Mesmo nestas circunstâncias,
é possível, por vezes, estabelecer correlações de idade entre camadas
localizadas em lugares eventualmente muito distanciados.
Este princípio corresponde à → constância de características (litológicas,
paleontológicas e/ou cronológicas) entre camadas distanciadas
lateralmente.

Se se reconhece que as rochas, embora distanciadas, estão intercaladas


em rochas idênticas, pode estabelecer-se uma correlação de idade.
Admite que os fósseis de determinados grupos aparecem numa ordem
definida e que os estratos que possuem os mesmos fósseis têm a mesma
… da identidade
paleontológica

idade.

Não são quaisquer fósseis que servem para datar as camadas.


Só os fósseis correspondentes a seres vivos pertencentes a grupos que
sobreviveram durante intervalos de tempo curtos e tiveram grande área
de dispersão → fósseis de idade.
As camadas que apresentam os mesmos fósseis de idade são
contemporâneas.
… da interseção
e da inclusão

Segundo o primeiro, toda a estrutura que interseta outra é mais recente


do que ela.
De acordo com o segundo, fragmentos de rochas incorporados ou
incluídos numa rocha são mais antigos do que a rocha que os engloba.

Os geólogos utilizam estes princípios para estabelecerem a cronologia relativa de


uma série de acontecimentos.
A partir de cortes geológicos que evidenciam as diferentes unidades geológicas,
paleontológicas e estruturais, é possível refazer a história geológica do local em
estudo.
Cronologia relativa: não permite determinar a idade absoluta = afirmar quantos anos
ou M.a. tem determinada rocha
Existem, atualmente, técnicas que o permitem fazer. Uma dessas técnicas é a datação
radiométrica – baseia-se na desintegração regular de isótopos radioativos naturais.

Reconstituição dos paleoambientes


As rochas sedimentares são geradas em ambientes muito próprios e conservam
indicadores das condições desses ambientes. Caracteres…
▪ texturais, mineralógicos, químicos, paleontológicos, estruturais
… que permitem definir o ambiente de sedimentação e de formação das rochas.

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As características consideradas constituem as fácies da rocha.


Os diferentes tipos de fácies correspondem a diferentes paleoambientes. Numa
abordagem simplificada, podem ser consideradas: fácies continental, fácies marinha
e fácies de transição.
Zonas de transição → locais em que há influências continental e marinha,
simultaneamente
Fácies continental Fácies de transição Fácies marinha
Fluvial Estuarina Litoral
Torrencial Deltaica Nerítica (ao nível da
Glaciária Lagunar plataforma continental)
Lacustre Batial (no nível do talude)
Eólica Abissal (profunda)

Fósseis de fácies – fósseis que permitem reconstituir os ambientes em que, no assado,


as rochas que os contêm foram geradas. Têm particular importância como fósseis
indicadores de fácies os fósseis de organismos que viveram apenas em condições do
meio muito restritas. Muitas vezes eram seres fixos que evoluíram muito lentamente.
Os fósseis são fundamentais para a reconstituição dos paleoambientes, aplicando o
princípio das causas atuais.

Escala do tempo geológico


No século XIX, os geólogos, utilizando os princípios da datação relativa das rochas e
juntando informações recolhidas em afloramentos por todo o mundo, elaboraram
uma escala do tempo geológico = fizeram um calendário da idade relativa das
formações geológicas da Terra. Cada intervalo nesta escala é correlacionado com um
conjunto de rochas e fósseis.
Somente no século XX a datação radiométrica permitiu introduzir dados numéricos
nessa escala.
Esta escala tem várias divisões com diferentes amplitudes:
╘ Eons
╘ Eras
╘ Períodos
╘ Épocas
Constatou-se há muito tempo que em determinados momentos da história da Terra
aconteceu um renovamento espetacular da fauna e da flora.
Verificaram-se extinções em massa que afetaram grupos inteiros de seres vivos,
seguidas de uma expansão e diversificação fascinantes de novas formas.
Estas extinções estão relacionadas, muitas vezes, com alterações drásticas no meio, e
as causas de muitas delas permanecem como um dos grandes mistérios para os
cientistas. São utilizadas para estabelecer a separação entre diferentes divisões da
escala.

Vitória Ramos [email protected]


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Eon Era Período Época M.a.


Holocénico 0,01
Pleistocénico 1,8
Neogénico
Pliocénico 5,3
Cenozoica Miocénico 23
Oligocénico 33,9
Paleogénico Eocénico 55,8
Paleocénico 65,5
Cretácico 145,5
Fanerozóico
Mesozoica Jurássico 199,6
Triásico 251
Pérmico 299

Carbonífero 359,2
Devónico 416
Paleozoica
Silúrico 443,7

Ordovícico 488,3
Câmbrico 542
Neoproterozoica 1000
Proterozóico Mesoproterozoica 1600
Paleoproterozoica 2500
Pré-
Neoarcaica 2800
Câmbrico
Arcaico Mesoarcaica 3200
Paleoarcaica 3600

Hádico 4500

O estabelecimento das unidades do tempo geológico baseia-se essencialmente no


registo fóssil e nas características evidenciadas pelos estratos.
Quanto mais recuadas no tempo, mais latas e inseguras são as divisões do tempo
geológico. Provavelmente, essa insegurança relaciona-se com a falta de dados fósseis
em boas condições nas rochas do passado longínquo da Terra (em que a vida ainda
era simples e pouco diversificada).
Os geólogos têm introduzido e continuam a introduzir reajustamentos na escala do
tempo geológico (acima está uma versão simplificada). Agrupam-se os eons mais
primitivos na designação já consagrada de Pré-Câmbrico (88% da história da Terra).
Admite-se que a vida surgiu há 3800 M.a.
A partir daí foi evoluindo e diversificando. Como já dissemos, quanto mais recuarmos
no tempo, menos se conhece sobre a história da vida na Terra – os registos
preservados nas rochas são menos abundantes e mais obscuros.

Vitória Ramos [email protected]


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Desenvolvimento da vida ao longo do tempo geológico:

Grandes alterações
Idade Vida nos oceanos e nos biológicas (relativas à
Era
(M.a.) continentes passagem para a Era
acima)
O registo fóssil revela que a vida Foi só durante o
existente estava muito relacionada Neogénico que
com a vida atual. apareceram os
Cenozoica
Um grande número de mamíferos, primeiros
plantas e invertebrados era próximo representantes do
66 das formas que existem hoje. género Homo.
O termo do Mesozoico
foi marcado por uma
Grande diversidade de vida.
grande crise biológica
Répteis dominam os ambientes
que atingiu muitos
terrestres e aquáticos.
grupos de seres vivos,
Mesozoica Aparecem os primeiros mamíferos e
marinhos e terrestres.
as primeiras aves.
Foi durante essa crise
O registo fóssil revela o
que se consumou o
aparecimento de plantas com flor.
desaparecimento dos
251 dinossauros.
Grande número de fósseis de
organismos marinhos (incluindo Grande crise biológica
peixes primitivos e anfíbios). com extinção em
Já estão representados todos os massa das espécies
grandes grupos (Filos/Divisões) de marinhas (96%).
Paleozoica
seres vivos atuais. No domínio
Dá-se a transição da vida aquática continental, o reino
para a vida terrestre, aparecendo as animal foi duramente
primeiras plantas e animais afetado.
542 terrestres.
Os fósseis mais antigos são
relativamente poucos e, geralmente,
estão mal conservados. O aparecimento de
Pré- Correspondem a formas de vida indivíduos com concha
Câmbr mais primitivas. ou carapaça marca a
ico No Pré-Câmbrico Superior já passagem para o
4000
aparecem seres pluricelulares Paleozoico.
aquáticos idênticos a medusas,
4600 anelídeos, etc.

Muito da história da vida é a história dos seres unicelulares e dos seres multicelulares
simples.
O registo fóssil da vida, durante cerca de 3000 M.a. é dominado pelos microfósseis.
A partir do Paleozoico → verdadeira explosão de diversidade intercalada,
pontualmente, por grandes extinções.

Vitória Ramos [email protected]


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2.3. Magmatismo – rochas magmáticas


Rochas magmáticas / ígneas:
╘ bem representadas em Portugal
o continental → sobretudo os granitos é que afloram em extensas áreas
localizadas (essencialmente a norte do rio Tejo)
o Açores e Madeira → os basaltos são as rochas que mais abundam
o As restantes rochas magmáticas aparecem em pequenos afloramentos
dispersos pelo país

╘ Granitos e basaltos imprimem à paisagem aspetos muito característicos que


influenciam a flora e a fauna (condicionando a fixação e o desenvolvimento de
diversas atividades humanas)

Diversidade de magmas
Formação de rochas magmáticas:
► Em grande parte, relacionada com a mobilidade da litosfera
► Ocorre, em regra, nos limites convergentes e divergentes das placas
o Limites → regiões onde as condições de pressão e temperatura
permitem a fusão parcial das rochas da crusta e do manto superior →
originando magmas
► Consolidação desses magmas gera:
o Rochas intrusivas / plutónicas
o Rochas extrusivas / vulcânicas
Compreensão da génese das rochas magmáticas → apoiada em estudos de campo e
laboratoriais relativos ao contexto de ocorrência das rochas e à caracterização da sua
composição mineralógica textural.
Em regiões tectonicamente e vulcanicamente ativas, o aumento de temperatura com
a profundidade é muito rápido – podem existir temperaturas da ordem dos 1000ºC a
40km de profundidade (na base da crusta terrestre).
Condições que podem contribuir para a fusão de materiais constituintes do manto e
da crusta:
╘ Temperaturas altas
╘ Diminuição da pressão:
o Resultante do movimento divergente das placas (zonas de rifte)
o Que se verifica nas plumas térmicas (ao atingirem níveis mais
superficiais)
╘ Hidratação desses materiais
o A temperatura de fusão da rocha baixa devido à presença de água,
apesar de os materiais constituintes do manto permanecerem à mesma
temperatura em profundidade
o A junção de água aos materiais mantélicos desloca o ponto de fusão
para temperaturas mais baixas

Vitória Ramos [email protected]


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o O material começa a fundir a uma temperatura inferior à que fundiria


na ausência de água.
o Este processo pode ocorrer nos limites convergentes das placas, onde
a água é conduzida juntamente com os sedimentos da placa
subductada
o O material fundido, por ser menos denso do que as rochas
envolventes, ascende.
▪ Pode ascender até à superfície → origina rochas extrusivas
▪ Pode cristalizar em profundidade → origina rochas intrusivas

Há diferentes tipos de rochas magmáticas. Os nomes dessas rochas baseiam-se:


╘ Textura
╘ Composição
o Propriedades que refletem o modo como as rochas se formaram.

╘ Todas elas provêm de 3 tipos fundamentais de magmas:


o Basáltico
o Andesítico
o Riolítico
Magmas
Basáltico Andesítico Riolítico
(básico) (intermédio) (ácido)
Composição Al2O2 diminui; FeO + Fe2O3 diminui; MgO + CaO diminui;
química (básico Na2O + K2O aumenta;
para ácido) Outros;
Cerca de 50% de Cerca de 70% de
Cerca de 60% de
SiO2; SiO2;
Algumas SiO2;
Pequena Grande
características Bastantes gases
quantidade de quantidade de
dissolvidos.
gases dissolvidos. gases dissolvidos.
Rochas
Gabro Diorito Granito
resultantes da
Basalto Andesito Riólito
sua consolidação

Os 3 tipos de magmas considerados formam-se em quantidades diversas.


Cerca de 80% de todos os magmas emitidos pelos vulcões são de natureza basáltica.
Apenas 10% são de natureza andesítica e outros 10% de natureza riolítica.
São os magmas basálticos que, por consolidação, constituem grande parte das
rochas dos fundos oceânicos.

Magmas basálticos:
• Expelidos, principalmente, ao longo dos riftes e dos pontos quentes
• Originou-se a partir de rochas do manto
• Resulta da fusão parcial de uma rocha constituinte do manto: peridotito
o Tem uma composição próxima da do basalto, mas mais rica em
minerais ferromagnesianos.

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Pontos quentes:
► Situados nos oceanos
► Por vezes, fluem grandes quantidades de magma basáltico
o Constituem-se ilhas como as do Hawai
o Nestas zonas ascendem plumas quentes oriundas do manto profundo
▪ Talvez mesmo da zona de separação entre o manto e o núcleo
terrestre
o Ao subirem devido a descompressão podem originar magma que
atravessa a placa litosférica, alimentando vulcões de pontos quentes
Existem pequenas diferenças na constituição dos magmas basálticos, dependendo
dos condicionalismos ambientais em que se formam.
Experiências laboratoriais:
╘ Um peridotito com granadas, submetido a pressões equivalentes às que
devem existir em profundidade entre 100km e 350km (astenosfera) deve
fundir parcialmente.
╘ O material resultante dessa fusão apresenta uma composição à do magma
basáltico.
A possibilidade de subida de um magma, bem como a sua velocidade de ascensão,
depende de vários fatores.

Velocidade do magma:
► Depende de:
o Densidade
o Riqueza em sílica
o Temperatura
o Quantidade de fluidos que contém

► Quando a velocidade de ascensão do magma é superior à de arrefecimento,


o magma pode chegar à superfície sem ter consolidado. Neste caso, verificam-
se erupções de lava que, por solidificação, originam rochas vulcânicas.
o Muitas vezes, estas rochas são basaltos cuja textura revela duas fases
de formação:
▪ Uma durante a ascensão – possibilita a génese de cristais em
desenvolvimento
▪ Uma, mais rápida, já à superfície ou próximo dela – conducente
à formação de cristais microscópicos (e, por vezes, mesmo de
algum material não cristalizado)
Em muitos casos, o magma proveniente do manto acumula-se em câmaras
magmáticas a uma profundidade de 10km a 30km → permite a génese de rochas
plutónicas → gabros.

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Magmas andesíticos:
• Formam-se, em especial, nas zonas de subducção e relacionam-se com zonas
vulcânicas (Andes, América do Sul, ilhas Aleutas (Alasca)…)
• A designação de ‘andesíticos’ advém do facto de serem característicos das
cadeias montanhosas dos Andes.
• Estes magmas têm (em geral) uma origem muito complexa ainda não bem
esclarecida.
• A sua composição depende da quantidade e qualidade do material do fundo
oceânico subductado
o Este material inclui:
▪ Água
• para profundidades moderadas (cerca de 5km) a água,
em regra, é aquecida a cerca de 150ºC, mas pode ser
transportada para profundidades de 10km a 20km ou
mais
• a temperaturas elevadas e sob pressões variáveis, facilita
a fusão dos materiais, originando magmas andesíticos
com composições diversas

▪ Sedimentos
• têm água contida nos poros e são ricos em minerais de
argila que contêm água na sua estrutura cristalina
• afundam com a subducção (placa move-se para debaixo
da outra placa)

▪ Mistura de material com origem quer na crusta oceânica


quer na crusta continental

As rochas magmáticas destas zonas de subducção são, geralmente, mais ricas em


SiO2 do que os basaltos das dorsais oceânicas e incluem um mineral do grupo das
plagioclases – andesina.
╘ Magmas andesíticos consolidados em profundidade → diorito
╘ Magmas andesíticos consolidados à superfície ou próximo dela → andesitos

Magmas riolíticos:
• Originam-se a partir da fusão parcial das rochas constituintes da crusta
continental (ricas em água e CO2) → tendem a ser muito ricos em gases
• Durante a fusão das rochas continentais, os gases concentram-se no magma.
As zonas da Terra onde parecem existir as condições de pressão, de temperatura e
de percentagem de água adequadas à génese de magmas deste tipo situam-se na:
╘ Crusta terrestre em locais onde se verifica o choque de placas, dando origem
a cadeias montanhosas
o Nestas regiões, a crusta terrestre deforma-se (ação de tensões
tectónicas), aumentando de espessura (consequente aumento de
pressão e temperatura) → criam-se as condições necessárias ao
metamorfismo (e, muitas vezes, também à fusão parcial das rochas da
crusta). Parece ser esta a origem dos magmas riolíticos.

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• Caracterizado pela sua grande viscosidade


• Ao ascender, atinge, a determinada altura, condições incompatíveis com o
estado de fusão.
• Admite-se que seja a partir de magmas riolíticos que, por consolidação em
profundidade, se formem granitos (por erosão das rochas suprajacentes,
podem ser postos a descoberto)

Consolidação de magmas
Numa rocha magmática, a génese dos diferentes minerais que a constituem não é
simultânea (os diferentes minerais têm diferentes temperaturas de cristalização).
Magmas: misturas de líquidos, gases e minerais no estado sólido.
Durante a sua consolidação, verificam-se fenómenos de cristalização de certos
componentes magmáticos, que originam (de acordo com as mudanças de pressão e
de temperatura que vão decorrendo durante esse processo):
╘ Minerais
╘ Sublimação de vapores
╘ Fenómenos de vaporização de fluidos com deposição de substâncias
dissolvidas

Formação de minerais
A formação e desenvolvimento de cristais implicam determinadas condições do
meio.
Os principais fatores externos que condicionam a formação de cristais:
 Agitação do meio em que se formam (Quanto mais calmo estiver o meio…)
 Tempo (Quanto mais lento for o processo…)
 Espaço disponível (Quanto maior for o espaço disponível…)
 Temperatura (mais tempo…)
… mais desenvolvidos e perfeitos são os cristais obtidos.
As partículas vão-se organizando ordenadamente nas diferentes direções do espaço
– determina um crescimento harmónico.

Pode acontecer que: os fatores condicionantes não afetem a cristalização de forma


igual em todas as direções – o cristal pode não ter a mesma facilidade de se
desenvolver nessas diferentes direções – o seu crescimento fica condicionado pelo
crescimento dos outros cristais que o rodeiam.
► A forma dos cristais é dependente das condições envolventes.
► A estrutura cristalina é constante e independente dessas condições
envolventes.

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Estrutura cristalina
• Formada por fiadas de partículas ordenadas ritmicamente segundo diferentes
direções do espaço.
• Estas fiadas definem uma rede em que existem unidades de forma
paralelepipédica que constituem a malha elementar / motivo cristalino,
unidades essas que se repetem
• Implica uma disposição ordenada dos átomos ou iões, que formam uma rede
tridimensional que segue um modelo geométrico regular e característico de
cada espécie mineral
• A interação das partículas tende a criar uma estrutura ordenada em que as
ligações entre elas sejam tão numerosas e fortes quanto possível
Nos cristais, cada partícula é um átomo / ião que ocupa uma posição de modo a
ordenar-se no espaço segundo uma rede própria → fica depois a oscilar em torno da
sua posição de equilíbrio.

Malha elementar
▪ sempre um paralelepípedo; difere de espécie mineral para espécie mineral;
pode diferir nas dimensões das suas arestas e nos ângulos que estas formam
entre si
▪ os segmentos de reta que unem as partículas pretendem apenas materializar
as forças de ligação existentes entre elas
▪ Da repetição da malha elementar nas 3 direções do espaço resulta o sistema
reticular que constitui um cristal

Propriedades como…
• Clivagem
• Condutibilidade calorífica
… e as diferenças de dureza verificadas em diferentes direções numa mesma face de
um cristal são facilmente explicadas à luz da teoria reticular.
→ um mineral cliva mais facilmente segundo planos ligados por forças mais fracas e
estes planos são sempre paralelos uns aos outros.

A forma poliédrica é, geralmente, uma consequência do arranjo interno das


partículas. Contudo, em grande parte dos cristais, essa forma poliédrica não é visível.
Estado cristalino:
╘ Constitui a organização normal de todos os corpos sólidos, desde que as
condições ambientais o propiciem
╘ Pode ser cristais maiores ou menos, com formas poliédricas mais ou menos
perfeitas ou mesmo ausentes (dependendo das condições em que tenha
decorrido a cristalização)

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As partículas podem não chegar a ocupar posições apropriadas de um arranjo regular


(não chegam a atingir o estado cristalino). A estrutura fica: desordenada – como a dos
líquidos – embora apresente a rigidez e a baixa compressibilidade dos sólidos. Nestas
situações, a matéria tem estrutura amorfa / vítrea – assemelha-se ao estado líquido e,
por isso, os materiais neste estado têm comportamento de um líquido viscoso.
Exemplo: sílica que constitui o vidro
Silicatos – principais constituintes das rochas
Aproximadamente 95% da massa e do volume da crusta terrestre são formados por
minerais pertencentes ao grupo dos silicatos.
A estrutura mais comum de todos os silicatos é o ião (SiO4)4-. Em cada tetraedro, o
Si4+, localizado na região central, está rodeado por quatro átomos de oxigénio (que
ocupam os vértices do tetraedro.
Em certas condições, nos tetraedros, o silício pode ser substituído por alumínio (raio
iónico semelhante ao do silício). Em ambas as situações, os tetraedros não são
eletricamente neutros e os tetraedros vizinhos tendem a unir-se entre si por uma série
de catiões, que atuam como um elo de ligação.
Os tetraedros (SiO4)4-, geralmente, têm tendência para se polimerizar (ligar-se uns aos
outros de modo a formarem conjuntos complexos). A sua polimerização constitui uma
característica química da Terra e os diferentes tipos de polimerização caracterizam
diferentes tipos de silicatos.
O que determina as propriedades dos minerais formados?
╘ A natureza das partículas
╘ A forma como se ligam

Dos principais silicatos ocorrentes nas rochas magmáticas, podem salientar-se:


Olivina Quartzo Albite

Silicato de Fe e Mg. Cores variadas. Cor branca.


Geralmente, em agregados no
interior de rochas basálticas. Formado por SiO2 (sílica) Silicato rico em Na.

Não tem clivagem. Dureza 7. Clivagem perfeita.


Altera-se facilmente. Densidade 2,7.
Fratura concoidal.
Grupo das plagioclases.
Horneblenda Moscovite Biotite

Cor verde-escura, quase negra. Cor levemente Cor negra.


amarelada. Transparente, formada por
Composição complexa com: Si, Brilho nacarado. placas finas com clivagem
Al, O, Ca, Na, K, Mg e Fe. Transparente em placas perfeita.
finas.
Cliva facilmente. Silicato com Al, Fe, Mg, etc.
Silicato com Al, K, F…
Grupo das anfíbolas.
Clivagem perfeita.

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Isomorfismo e polimorfismo
Os minerais ficariam (supostamente) caracterizados por:
╘ Composição química
╘ Estrutura interna (que seria única)
No entanto, estes dois parâmetros não são suficientes para a caracterização de todos
os minerais.
Isomorfismo
► Existem minerais que, embora quimicamente diferentes, apresentam a
estrutura interna idêntica e formas externas semelhantes → substâncias
isomorfas
► Em certos casos destas substâncias, pode ocorrer substituição, na rede
estrutural, de um tipo de ião por outro ião diferente.
o Esta substituição é possível se houver afinidade química entre essas
partículas e se os raios dos iões intersubstituíveis forem semelhantes

► Se se substituir um ião por outro diferente, mas de igual carga elétrica, a rede
permanece estável ou as distorções são pequenas (se os raios diferirem
pouco)
► O ião pode ser substituído por outro em qualquer proporção, existindo
combinações intermédias.

Exemplo: caso de um grupo de feldspatos → plagioclases → silicatos em que o Na+


e o Ca2+ de podem intersubstituir

Albite pura – NaAlSi3O4 Plagioclase Composição (%)


Anortite pura – CaAl2Si2O8
Natureza: raramente se
encontram os termos extremos
Albite Anortite – 0 a 10 + Albite – 100 a 90
das plagioclases no estado puro. Oligoclase Anortite – 10 a 30 + Albite – 90 a 70
Normalmente, há uma Andesina Anortite – 30 a 50 + Albite – 70 a 50
intersubstituição de iões em % Labradorite Anortite – 50 a 70 + Albite – 50 a 30
variáveis.
As dimensões do Na+ e do Ca2+
Bitaunite Anortite – 70 a 90 + Albite – 30 a 10
são muito semelhantes Anortite Anortite – 90 a 100 + Albite – 10 a 0

Série isomorfa / solução sólida → Conjunto de minerais que, mantendo constante a


sua estrutura interna, variam de composição. Os cristais constituídos designam-se por
cristais de mistura / misturas sólidas / misturas isomorfas.
Os edifícios cristalinos da anortite (silicato de alumínio e cálcio) e da albite (silicato de
alumínio e sódio) são muito semelhantes. Pode ocorrer a evolução de um mineral
para outro por intersubstituição de Na+ e Ca2+.
╘ Cada termo da série das plagioclases corresponde a uma mistura de albite e
anortite – podendo a % de albite variar de 0% a 100% e a de anortite de 100%
a 0%

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Na substituição de Na+ por Ca2+, os iões permutados têm volume idêntico e carga
elétrica diferente. A geometria do conjunto mantém-se, mas não a neutralidade
elétrica. Como a neutralidade é uma condição indispensável, quando tal acontece
substitui-se ao mesmo tempo outro tipo de ião da rede cristalina de modo a que a
dupla substituição respeite essa neutralidade elétrica.
Assim, na rede o Na+ é substituído por Ca2+, de tamanho muito semelhante, e,
simultaneamente, o Si4+ pode ser substituído por Al3+ (a carga positiva que se ganha
na substituição do Na+ por Ca2+ é anulada).

Exemplo: feldspatos potássicos – como a ortoclase (KAl3Si3O8), pelo facto de a


dimensão do K+ (1,33 Å) ser bastante superior à do Na+ (0,98 Å), na rede da ortoclase
só é possível a substituição do K+ por Na+ em pequenas quantidades.

Temperatura → a elevação de temperatura (faz aumentar a amplitude das oscilações


das partículas) pode ocasionar uma maior flexibilidade estrutural do cristal → facilita
as intersubstituições de partículas consideravelmente diferentes.

Polimorfismo
► Podem ocorrer na Natureza minerais que:
o Mesma composição química
o Redes cristalinas diferentes
Exemplos:
╘ carbonato de cálcio (CaCO3) pode formar dois minerais diferentes → calcite
e aragonite
╘ carbono pode cristalizar, originando dois minerais diferentes → diamante e
grafite → arranjos diferentes dos átomos de carbono que os constituem

Temperatura e Pressão:
╘ fazem com que o carbono possa originar dois minerais diferentes:
o grafite – para baixas pressões, o carbono cristaliza com uma estrutura
estável sob essas condições de baixa pressão – origina a grafite; o
mineral está em equilíbrio com o ambiente, não tendendo a modificar
a sua composição ou a sua estrutura
o diamante – a altas pressões; a estrutura é mais densa; apresenta um
arranjo dos átomos de carbono mais “empacotados” e estável para
profundidades superiores a 150km; este empacotamento confere ao
mineral maior densidade e dureza.

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Diferenciação magmática
Existem 3 tipos fundamentais de magma. Mas:
 Podem encontrar-se diversas famílias de rochas magmáticas.
 Um só magma pode originar diferentes tipos de rochas (é constituído por uma
mistura complexa que, ao solidificar, forma diferentes associações de
minerais)
o A cristalização desses minerais ocorre a temperaturas diferentes
▪ Formam-se durante o processo diferentes associações de
cristais e um magma residual
▪ A composição do líquido residual vai-se modificando conforme
a temperatura vai baixando.
• Podem originar-se rochas diferentes a partir do magma
original

 Pode afirmar-se que existe uma diferenciação magmática por cristalização


fracionada → realizada em tempos diferentes.

Bowen
Investigou a formação dos cristais e a ordem pela qual eles cristalizam em magmas
em arrefecimento – devido a essa cristalização, vão variando em composição.
Estabeleceu a sequência de reações que ocorrem durante a diferenciação.

╘ Existem duas séries de reações que se designam:


o Série dos minerais ferromagnesianos / série descontínua
o Série das plagioclases / série contínua

Refletem fenómenos que ocorrem simultaneamente à medida que a temperatura do


magma vai baixando.

Série descontínua:
╘ Durante o arrefecimento do magma, formam-se:
o as olivinas – ponto de fusão é mais elevado
o piroxenas
o anfíbolas
o biotite
Série contínua:
╘ simultaneamente, com a cristalização da olivina, forma-se anortite
o à medida que o magma vai arrefecendo, o cálcio pode ser
progressivamente substituído por sódio em todas as proporções →
origina a série das plagioclases (sucessivamente mais ricas em sódio)
o esta substituição faz-se de forma contínua, dependendo da
composição do magma inicial
A temperaturas mais baixas, o magma residual formará:
o feldspato potássico
o moscovite
o quartzo (que cristaliza nos espaços existentes entre os cristais já formados)

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Suponhamos que:
► olivina, piroxenas e algumas plagioclases calcossódicas se separam do
restante magma, formando uma rocha – gabro.
► magma residual:
o fica relativamente enriquecido em sílica, alumínio e potássio (maior
parte do cálcio, ferro e magnésio já se esgotou)
o pode migrar para um contexto físico diferente daquele em que se
geraram os primeiros cristais de olivina, piroxenas e plagioclases
calcossódicas.
▪ o resultado pode ser a formação de uma rocha como: granito –
composto essencialmente por quartzo, moscovite e feldspato
potássico.
▪ nesta situação, o magma que originou o granito foi o resultado
final da diferenciação magmática operada num magma de
origem basáltica
As últimas frações do magma (constituídas por água com voláteis e outras substâncias
em solução → sílica, plagioclase sódica e o feldspato potássico, que constituem as
substâncias hidrotermais) podem preencher fendas das rochas, onde os materiais
remanescentes cristalizam, formando estruturas chamadas filões.
╘ Filões: podem ser constituídos por um só mineral ou por vários minerais
associados

Bowen
É possível um magma basáltico produzir magmas diferenciados, nomeadamente
magmas riolíticos. No entanto, nem grandes volumes de magma riolítico nem
grandes corpos graníticos se podem formar por cristalização fracionada.
Somente 10% de um magma com a composição o magma basáltico se pode
diferenciar em magma riolítico. Como sabemos, os maciços graníticos (atingem
enormes volumes na crusta continental. Além disso, os maciços graníticos ocorrem
sempre na crusta continental e, se a sua génese se relacionasse apenas com magmas
basálticos, seria de esperar encontra-los na crusta oceânica (onde os basaltos são
mais comuns).
Parece ser de aceitar para a génese da maioria dos granitos a ideia de que grande
parte resulta de magmas riolíticos provenientes da fusão parcial das rochas da crusta
continental.
Atualmente, pensa-se que o processo de diferenciação é bem mais complexo do que
anteriormente se admitia:
╘ Os magmas não arrefecem uniformemente → podem existir transitoriamente
diferenças de temperatura dentro da câmara magmática (pode causar
variações na composição do magma)
╘ Alguns magmas são imiscíveis. Quando estes magmas coexistem na mesma
câmara magmática, cada um forma os seus cristais.
╘ Magmas imiscíveis podem dar origem a cristais diferentes daqueles que
dariam isoladamente.
╘ Os magmas, ao consolidarem, podem assimilar materiais das rochas
encaixantes que modificam a sua composição

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1. A fusão parcial das rochas origina magmas com composição diferente


2. Alguns minerais cristalizados depositam-se no fundo da câmara magmática
3. A mistura de dois magmas gera movimentos de turbilhão
4. Da mistura de dois magmas pode resultar um magma andesítico
5. Cristais formados a partir de mistura de magmas podem acumular-se nas
paredes, no cimo ou no fundo da câmara magmática (devido à turbulência
resultante da mistura).
Hoje sabe-se mais sobre os processos físicos que interatuam na cristalização dos
materiais dentro das câmaras magmáticas.

Diversidade de rochas magmáticas


Rochas magmáticas: agregados naturais, coerentes, de vários minerais (que
conservam individualmente as suas propriedades e que resultam da consolidação de
magmas)
A observação detalhada de uma rocha exige, muitas vezes:
o Utilização do microscópio → permite observar os minerais constituintes da
rocha que têm dimensões menores
o Cada grão mantém uma certa independência relativamente aos restantes

A maior parte das rochas não se deixa atravessar pela luz, embora seja constituída por
minerais transparentes. Para observação microscópica, é necessário preparar uma
amostra suficientemente fina para ser transparente. É um trabalho que consta de
várias etapas:
╘ Corte de uma placa com cerca de 1cm de espessura e alisamento de uma das
faces com um abrasivo
╘ Colagem da fase alisada numa lâmina delgada de vidro
╘ Realização de uma lâmina fina – o fragmento da rocha colocado sobre a lâmina
é de novo cortado com a serra diamantada, para reduzir a espessura a cerca
de 2mm
╘ Posteriormente, a lâmina é desgastada num disco abrasivo até à espessura de
cerca de 30 micrómetros.
o Como já é transparente, pode agora ser estudada ao microscópio de
luz polarizada
A observação da lâmina permite:
╘ Caracterizar em detalhe a forma e a dimensão de todos os minerais
constituintes
o Caracterizar a textura da rocha e detalhar a sua composição
mineralógica
As rochas magmáticas podem apresentar grande diversidade de aspetos em
consequência de:
• Diferentes condições de génese
• Diversidade de magmas que as originaram
A classificação das rochas magmáticas tem como base fundamental dos critérios:

Vitória Ramos [email protected]


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 Composição mineralógica

ROCHAS SiO2 – SÍLICA (%)


Ácidas Superior a 70%
Intermédias Compreendida entre 50% e 70%
Básicas Compreendida entre 45% e 50%
Ultrabásicas Inferior a 45%

Dos minerais que constituem as rochas magmáticas destacam-se os silicatos


Por tradição (e porque o oxigénio é o elemento mais abundante) é usual exprimirem-
se as variações dos componentes em termos de óxidos
O óxido mais abundante é o dióxido de silício (SiO2) (sílica), sendo ele que condiciona,
fundamentalmente, o tipo de rocha magmática
É costume considerar, de acordo com a % de sílica, quatro grandes tipos de rochas:
A classificação da rocha é feita com base na % de cada um dos minerais presentes.

grosseira calhaus ou conglomerados


areia
origem média
detrítica arenito ou grés
siltito
fina
sedimentares

geralmente argilito
estratificadas;
Rochas

calcário conquífero
com materiais
origem biogénica calcário recifal
variados; por
vezes com
fósseis travertino
CaCO3 c. oolítico e pisolítico
origem estalactites e estalagmites
química
NaCl sal-gema
CaSO4·2 H2O gesso
grão muito fino corneana
podem sem mármore
metamórficas

apresentar, foliação monomineral


ou não, quartzito
Rochas

foliação;
possuem ardósia
materiais clivagem
todos filito
com
cristalizados foliação xistosidade micaxisto
aspeto bandado gnaisse
quartzo + feldspatos alcalinos granito

textura plagioclases Na/Ca + horneblenda diorito


fanerítica
magmáticas

predominantemen Plagioclases Na/Ca + piroxenas Gabro


Rochas

te cristalizadas;
Olivina + granadas peridotito
existem também
rochas com composição idêntica à do granito riólito
textura vítrea
textura composição idêntica à do diorito andesito
afanítica
composição idêntica à do gabro basalto

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Uma das propriedades que permitem dar ideia da composição mineralógica das
rochas é a tonalidade geral que apresentam.

MINERAIS FÉLSICOS MINERAIS MÁFICOS


Cores claras Cores escuras
Pouco densos

Félsicos = feldspato + sílica Máficos = magnésio + ferro

Quartzo, feldspatos (ortoclase e Biotite, piroxenas, anfíbolas e olivina


plagioclases) e moscovite

Conforme o predomínio de um ou de outro grupo de minerais, as rochas apresentam


tonalidades diferentes:

• Clara – leucocrata – minerais predominantes são os félsicos (rochas ácidas)


• Intermédia – mesocrata – coloração intermédia
• Escura – melanocrata – minerais predominantes são os máficos (rochas
básicas)

 Textura
o Aspeto geral da rocha resultante das:
▪ Dimensões
▪ Forma
▪ Arranjo dos minerais constituintes

o A viscosidade e o tempo de arrefecimento dos magmas são fatores que


interferem com:
▪ Tamanho dos cristais que as rochas apresentam

o Nas rochas magmáticas consideram-se 2 grandes grupos de texturas:


▪ Textura fanerítica (granular)
▪ Textura afanítica (agranular)

Textura fanerítica Textura afanítica


Os minerais podem apresentar-se todos cristalizados, mas de
pequeníssimas dimensões, ou pode mesmo formar-se uma pequena
Formada por cristais porção de matéria não cristalizada.
relativamente Neste caso, o aspeto macroscópico da rocha é mais ou menos
desenvolvidos e homogéneo.
visíveis a olho nu.
Textura característica das rochas resultantes de magmas que sofreram
Textura um arrefecimento mais ou menos rápido.
característica das
rochas intrusivas e Há casos em que existem alguns cristais visíveis à vista desarmada. É
pode apresentar uma textura que reflete, muitas vezes, dois tempos de cristalização.
vários aspetos. Alguns minerais individualizam-se num primeiro tempo e apresentam-
se mais desenvolvidos, enquanto os restantes formam uma massa
microcristalina ou mesmo vítrea em quantidades reduzidas.

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Tendo em consideração a composição mineralógica, podem formar-se


agrupamentos de rochas chamados famílias.
Os feldspatos potássicos só existem em certas famílias.
╘ São característicos da família dos granitos
╘ Têm uma representatividade quase significante em algumas famílias
o Ex: família do diorito
o Desaparecem completamente nas rochas melanocratas
Plagioclases:
╘ Em todas as rochas magmáticas
╘ Verifica-se um predomínio dos termos mais sódicos nas rochas leucocratas,
sendo substituídos pelos termos mais ricos em cálcio nas melanocratas

A tonalidade das rochas vai variando pois está relacionada com a composição
química.
Quanto mais abundantes os minerais de ferro, mais escuras são as rochas, como:
gabros e basaltos.
Nas diversas famílias existem rochas com a mesma composição, mas texturas
diferentes:
• Rochas plutónicas com texturas faneríticas (granulares)
• Rochas vulcânicas com texturas afaníticas (agranulares)
A diversidade de rochas das diferentes famílias apresenta aspetos macroscópicos
muito variados.
Exemplos de alguns aspetos das rochas magmáticas mais comuns:
Família do Granito
Granito Textura granular (plutónica)
Menos de 25% de minerais máficos; pode atingir 30% de quartzo.
Minerais mais abundantes: feldspatos, como a ortoclase, dominante
relativamente às plagioclases
Riólito Rocha afanítica (vulcânica); leucocrata; mesma composição
Família do Diorito
Diorito Textura granular (plutónica)
35% a 55% de minerais máficos; com ou sem quartzo
Feldspatos constituem quase 50% da sua composição, com as
plagioclases dominantes relativamente à ortoclase
Andesito Textura afanítica (vulcânica); melanocrata; mesma composição
Família do Gabro
Gabro Textura granular (plutónica)
50% a 85% de minerais máficos; sem quartzo
As plagioclases são os únicos feldspatos
Basalto Textura afanítica (vulcânica); cor próxima do preto; mesma
composição
Peridotito Rocha granular (plutónica) composta essencialmente por minerais
ferromagnesianos
Muitas vezes grandes quantidades de olivina e de piroxenas

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2.4. Deformação das rochas


As rochas são encaradas como um símbolo de estabilidade e solidez.
À escala da duração da vida humana, a maior parte dos processos geológicos são
impercetíveis.
Após milhões de anos, esses processos produzem alterações significativas e
espetaculares nos materiais geológicos.
No decurso dos processos a que as rochas são sujeitas, pode verificar-se que os
materiais experimentam transformações profundas e complexas após a sua génese,
em consequência de esforços intensos que sobre elas atuam

Parte da energia interna da Terra provoca a deformação da litosfera – processo que


tem sido responsável pela formação das cadeias montanhosas.
Como consequência desta litosfera dinâmica, originam-se forças tectónicas que
tendem a produzir a deformação nos materiais rochosos.
Esta deformação traduz-se pelo aparecimento de estruturas geológicas como:
╘ Falhas
╘ Dobras

Um corpo, ao ser solicitado por uma força externa, reage através da manifestação de
forças internas (cuja tendência é manter ou restaurar a sua forma original). Diz-se que
este corpo se encontra sob um estado de tensão.
Tensão → força exercida por unidade de área.
Deste modo, se a mesma forma for aplicada em duas superfícies distintas, cada uma
delas com diferentes áreas, a tensão aplicada será maior quando a área considerada
for menor (e vice-versa).
Estado de tensão – pode expressar-se segundo duas componentes:
 Tensão-normal
o orientada perpendicularmente ao plano considerado
o podem ser consideradas:
▪ compressivas – resultante das forças atuantes é convergente
▪ distensivas (/trativas) – resultante das forças “” é divergente

 Tensão-cisalhante (tensão de corte) → orientação paralela a esse plano

Deformação pode corresponder a alterações de


╘ volume
╘ forma
╘ ambos os fatores (maior parte dos casos)

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A deformação que podemos observar nos materiais geológicos numa dada região é
o resultado da aplicação de um campo de tensões durante um intervalo de tempo
╘ geralmente na ordem das dezenas ou centenas de milhão de anos

Estado de tensão…
► compressivo → dobramento e falhamento
► distensivo → estiramento e falhamento
► cisalhante → falhamento / cisalhamento

As interpretações e conclusões resultantes do estudo da deformação e que ficaram


preservadas nas rochas são fundamentais para o esclarecimento do passado
geológico de uma região.

Comportamento mecânico das rochas


As rochas são materiais geológicos que se encontram no estado sólido à temperatura
ambiente.
Muitas estruturas geológicas testemunham que estes materiais já estiveram em
condições termodinâmicas mais próximas do estado de fusão do que do estado
sólido.
O comportamento dos materiais quando submetidos a estados de tensão, pode ser:
Elástico A deformação é reversível e proporcional e proporcional ao estado de
tensão aplicado.
Quando cessa o estado de tensão, o material recupera a sua forma
inicial.
Analogia mecânica:
╘ quando a uma mola se aplica uma dada tensão (não se
ultrapassando o seu limite de elasticidade)
Plástico Acima do limite de elasticidade (ponto de cedência), a alteração da
forma ou do volume dos materiais mantém-se de modo permanente
(mesmo que cesse a atuação do estado de tensão)
Em determinadas condições ambientais (devido à ação continuada da
tensão) as rochas atingem o limite de resistência máxima (limite de
plasticidade) entrando em rutura.

De modo geral, a resposta dos materiais geolígicos…


► em níveis estruturais pouco profundos (da superfície até profundidades
entre os 15km e os 20km) traduz-se num comportamento elástico, seguido
de rutura
o neste caso, a deformação ocorre em regime frágil (falhas)
► a profundidades mais elevadas e sob a ação de grandes tensões, as rochas
entram em rutura mais dificilmente → comportamento plástico
o neste caso, a deformação ocorre em regime dúctil (dobras)

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Na Natureza, os materiais geológicos exibem (geralmente) vários tipos de


comportamentos, que dependem das condições de temperatura e da pressão de
fluidos em que a deformação se processa. São fatores que variam de acordo com o
nível estrutural em que os materiais geológicos se encontram.
Diferentes parâmetros, como os abaixo referidos, variam com a profundidade,
criando diferentes condições que afetam o comportamento dos materiais.
• composição química/mineralógica
• temperatura
o aumento da temperatura e pressão (confinante) origina condições em
que se torna difícil alcançar a rutura dos materiais – a deformação
processa-se em regime dúctil

• pressão dos fluidos intersticiais (nomeadamente a água)


o nas zonas mais superficiais, a porosidade dos materiais é mais elevada
e os espaços podem estar ocupados por fluidos
o esta situação favorece a existência de uma deformação em regime
frágil – por conseguinte, uma maior tendência para a rutura dos
materiais

Estruturas geológicas originadas por deformação: dobras e falhas


A deformação que se encontra registada nos mais variados materiais geológicos é
uma resposta complexa desses materiais (rochas, cristais, sedimentos…) quando são
sujeitos à atuação de um campo de tensões durante um certo intervalo de tempo.
De modo geral, pode-se dizer que:
o em níveis estruturais pouco profundos ocorre uma deformação em regime
frágil – materiais experimentam rutura devido à perda de coesão
o neste tipo de deformação podemos incluir estruturas geológicas como
as falhas
o em níveis estruturais mais profundos, a deformação ocorre em regime dúctil
o possibilidade de formação de estruturas geológicas como as dobras
Vamos destacar as falhas e as dobras como exemplo de estruturas geológicas
resultantes dos processos de deformação.
Falhas
Elementos geométricos que caracterizam uma falha
Plano de falha Superfície de fratura ao longo da qual ocorreu o
movimento dos blocos
̅̅̅̅̅
Rejeito (𝑨𝑨 )′ Comprimento / distância entre dois pontos que
anteriormente à atuação da falha estavam em contacto
(caracteriza o movimento relativo da falha)
Teto (bloco superior) Bloco que se encontra acima do plano de falha
Muro (bloco inferior) Bloco que se encontra abaixo do plano de falha
Atitude (plano de Qualquer plano pode ser referenciado espacialmente
falha) através da sua direção e da sua inclinação

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De acordo com o movimento relativo entre os dois blocos, as falhas podem ser
classificadas como:
Tipos de falhas
Normal O bloco superior (teto) desce relativamente ao bloco inferior
(muro), segundo uma trajetória paralela à linha de máxima
inclinação do plano de falha.
Este tipo de estrutura resulta da atuação de tensões distensivas,
como as que existem em zonas divergentes de placas.
Inversa Subida do teto em relação ao muro, segundo uma trajetória
paralela à linha de máxima inclinação do plano de falha.
Resultam da ação de tensões compressivas (zonas de colisão
de placas).
De desligamento Falhas resultantes da ação de tensões cisalhantes.
Os blocos fraturados apresentam (geralmente) movimentos
laterais e paralelos à direção do plano de falha.
São frequentes ao nível dos limites conservativos de placas.

Em muitas zonas de falha a superfície de fratura apresenta-se polida e estriada ou com


sulcos, testemunhando o movimento de um bloco relativamente ao outro.
Estas superfícies (que apresentam estrias de fricção) proporcionam aos geólogos uma
forma de determinar a direção do movimento relativo dos blocos ao longo do plano
de falha.

Dobras
Tipo de deformação que se traduz pelo encurvamento de camadas inicialmente
planas.
Podem ser estruturas macroscópicas ou microscópicas.
São as dobras macroscópicas aquelas que geralmente despertam mais a atenção,
dada a sua espetacularidade num afloramento.
As dobras podem ser descritas tendo em conta certos elementos caracterizadores da
sua geometria. Quando observamos uma superfície dobrada, dependendo da secção
analisada, é importante definir as linhas de máxima curvatura e de mínima curvatura.
Elementos geométricos caracterizadores de uma obra
Zona de charneira Zona que contém os pontos de máxima curvatura da
superfície dobrada
Flancos Região plana da dobra situada de um e do outro lado da zona
de charneira
Eixo da dobra Linha imaginária que deslocada paralelamente a si própria
gera a superfície dobrada (só existe em dobras cilíndricas)
Na prática, corresponde à linha imaginária que está na
interseção dos dois flancos da dobra
Plano axial Superfície imaginária que contém as linhas de charneira de
todas as superfícies dobradas.
Muitas vezes pode ser um plano de simetria da dobra.
Perfil da dobra Secção perpendicular ao eixo da dobra.

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Para a classificação das dobras ser feita com mais rigor, é comum classificar as dobras
tendo em consideração:
• a sua orientação no espaço
o relativamente à posição espacial, podem apresentar:
▪ abertura virada para baixo – antiforma
▪ abertura virada para cima – sinforma
▪ abertura orientada lateralmente – dobra neutra
• a idade relativa da sequência de estratos
▪ sempre que seja possível determinar a idade das camadas e
verificar que o núcleo (conjunto de camadas mais internas da
dobra)
• de uma antiforma é ocupado pelas formações mais
antigas – anticlinal
• de um sinforma é ocupado pelas camadas mais recentes
– sinclinal
A utilização destes dois últimos termos implica que seja conhecida a sequência de
deposição dos estratos = que seja bem conhecida a datação relativa das camadas
que constituem as dobras consideradas.
Quando a ordem de deposição dos estratos não está bem definida, é preferível
utilizar a utilização (pelo menos temporariamente), dos termos antiforma e sinforma.
Os termos anticlinal e sinclinal aplicam-se (essencialmente) a séries de rochas
sedimentares ou a sequências vulcânicas.
Para caracterizar, num certo local, as dobras, os geólogos necessitam de determinar
(com muita precisão) a sequência temporal das camadas num dado afloramento –
(polaridade estratigráfica).
Frequentemente os geólogos têm de referenciar no espaço determinadas superfícies
planares, como uma superfície de estratificação, um plano de falha ou um plano axial.
Ma definição de um dado plano no espaço é necessário determinar a sua atitude =
posição geométrica, definida pela sua:
╘ direção
o ângulo entre a linha N-S e a linha de interseção do plano dado com o
plano horizontal (linha horizontal do plano)

╘ inclinação
o ângulo definido entre a linha de maior declive da superfície planar
considerada com um plano horizontal
o o valor deste ângulo varia entre 0º e 90º

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Carta geológica de uma região:


► instrumento de grande importância no trabalho de campo
► para a sua elaboração, é necessário:
o traçar limites entre diferentes litologias
o registar particularidades estruturais (falhas, dobras, …)
► geralmente, são necessários estudos complementares mais detalhados,
realizados sobretudo laboratorialmente – para apoiar alguns dados de campo
Estas informações são posteriormente lançadas na carta através de sinais
convencionais que constam da legenda impressa na carta.

A que estão ligados os processos que conduzem à deformação dos materiais


geológicos?
╘ à dinâmica da litosfera

Em muitas áreas onde se observam estruturas geológicas (falhas, dobras…) podem


observar-se outras transformações nos materiais, como: profundas alterações
mineralógicas e texturais (unidade seguinte).

2.5. Metamorfismo
╘ É o processo geológico que consiste num conjunto de transformações
mineralógicas, químicas e estruturais que ocorrem no estado sólido – em
rochas sujeitas a estados de tensão, a temperatura e pressão diferentes da sua
génese.
╘ Ocorre em certos contextos tectónicos, como nas zonas de subducção, em
cadeias orogénicas ou na proximidade da instalação de um magma no seio de
rochas preexistentes.

Diferentes materiais geológicos podem ser conduzidos a níveis estruturais diferentes


daqueles que presidiram à sua génese. As rochas, quando submetidas a condições
termodinâmicas substancialmente diferentes das existentes aquando da sua origem,
tornam-se instáveis, reajustando-se às novas condições ambientais.

Fatores de metamorfismo
Processos metamórficos → ocorrem quando as rochas preexistentes são submetidas
a condições termodinâmicas diferentes das existentes na altura da sua formação.
Como resposta às novas condições, os materiais geológicos instáveis modificam-se
gradualmente até alcançarem um estado de equilíbrio compatível com o novo
ambiente.

A maioria das modificações induzidas durante o processo metamórfico depende da


atuação de um conjunto de fatores de metamorfismo.

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Que fatores condicionam o metamorfismo (atuando em enormes intervalos de


tempo)?
╘ Tensões (pressões)
╘ Calor
╘ Composição dos fluidos

Tensão
• Quando se aplica uma força numa determinada área → o material fica sujeito
a um estado de tensão
o Os materiais geológicos, no decurso da sua evolução em
profundidade, são sujeitos à atuação de diferentes tipos de tensão
• O metamorfismo é um processo geológico intimamente ligado à geodinâmica
interna. As rochas metamórficas são formadas a diferentes profundidades:
o À medida que as rochas aumentam de profundidade na crusta
terrestre, são sujeitas a campos de tensões devido:
❖ ao peso exercido pela coluna de material suprajacente
➢ tensão litostática
▪ é, pelo menos para profundidades superiores a 3km, exercida de igual
modo em todas as direções
• origina a diminuição de volume dos materiais rochosos, aumentando a
sua densidade (massa por volume)
❖ aos movimentos tectónicos
➢ tensão não litostática / dirigida
▪ a maioria das rochas exibe o efeito de um outro tipo de tensão → uma vez
que as forças não são exercidas de igual modo em todas as direções
▪ tem implicações ao nível do aspeto macroscópico e microscópico de uma
rocha metamórfica
▪ produz uma orientação preferencial de certos minerais – tendem a ficar
alinhados perpendicularmente à direção da força (→ |||)
▪ as rochas, quando sujeitas a estas tensões, podem ser:
• comprimidas – a tensão atuante é do tipo compressivo
• estiradas – a tensão atuante é do tipo trativo

Os processos metamórficos ocorrem em regiões do Globo terrestre que não estão ao


alcance do ser humano, ao contrário do que acontece com alguns processos, como:
╘ sedimentogénese
╘ vulcanismo

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Calor
 afeta de forma significativa as rochas quanto à sua:
o mineralogia
o textura
 tem grande importância no processo de formação das rochas metamórficas
Existe um aumento da temperatura com a profundidade. Os materiais geológicos, à
medida que aprofundam no interior da litosfera, ficam sujeitos a temperaturas
elevadas – mesmo não sendo suficientes para os fundir, provocam alterações
importantes nos seus minerais constituintes.
A rocha ajusta-se aos novos valores de temperatura:
• estabelecendo-se… → novas ligações atómicas
• surgindo… → novas redes cristalinas
• aparecendo… → outros minerais (mais estáveis segundo as novas condições)

Outra fonte de calor importante nestes processos provém:


╘ do contacto entre rochas e intrusões magmáticas
o quando um magma ascende na crusta e se instala nas rochas
suprajacentes, vai sobreaquecê-las, originando um processo
metamórfico característico
╘ se as rochas forem sujeitas a temperaturas próximas dos 800ºC, os materiais
começam a fundir → verifica-se a transição do domínio metamórfico para o
domínio do magmatismo

Fluidos
 fluidos que circulam nas rochas sujeitas a processos metamórficos
o causam muitas das alterações químicas e mineralógicas que ocorrem
durante o processo de metamorfismo
 entre os fluidos…
o considera-se a água aquecida a elevadas pressões, que pode
transportar vários iões em solução
o os fluidos libertados durante a instalação de um corpo magmático são
importantes para desencadear ou acelerar processos de
metamorfismo
 estas soluções vão reagir com as rochas → alteram a sua composição química
e mineralógica → substituem, por vezes, certos minerais existentes nas rochas
No decurso do processo metamórfico, a água que existe em certos minerais
hidratados pode também ser libertada, constituindo um fluido capaz de induzir
transformações nas rochas.

Tempo
 os fenómenos relacionados com o metamorfismo são extremamente lentos,
por isso, também é de considerar o tempo como um dos fatores relevantes
para a formação de rochas metamórficas.

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Rochas metamórficas
Tipo de rochas que constitui, geralmente, o núcleo de muitas cadeias montanhosas
recentes (Alpes, Himalaias…).
Em muitas áreas continentais estáveis (cratões), embora superficialmente se
apresentem cobertas por rochas sedimentares, estas rochas assentam
discordantemente sobre rochas metamórficas.
Em muitos casos, é um tipo de rochas fortemente deformado, por vezes intruído por
rochas magmáticas.

Mineralogia das rochas metamórficas


╘ minerais que constituem as rochas: mais estáveis em ambientes semelhantes
àqueles que estiveram presentes durante a sua formação
╘ quando estas condições se alteram, os minerais podem experimentar
transformações
Quando sujeitos a novas condições de pressão e temperatura, a composição
mineralógica e o arranjo dos minerais rochosos presentes tornam-se instáveis.

originam-se diferentes
Novas condições materiais rochosos podem ocorrem processos de
associações minerais e/ou
termodinâmicas ser transformados recristalização
diferentes texturas

•devido aos novos arranjos


das partículas

Recristalização:
► verifica-se pela alteração da estrutura cristalina do mineral
► pode ocorrer induzida pela circulação de fluidos que alteram a composição
química dos minerais preexistentes
Os minerais de argila (comuns em rochas sedimentares) que tinham sido formados
(por exemplo) pela transformação dos feldspatos, quando são conduzidos a grandes
profundidades e encontram elevadas pressões e temperaturas (ordem dos 600ºC)
transformam-se noutros minerais → muito mais estáveis nessas novas condições.
Como distinguir rochas metamórficas de outro tipo de rochas?
╘ Mineralogia característica
Alguns minerais são específicos de ambientes metamórficos e podem caracterizar
as condições presentes num determinado contexto metamórfico. De entre esses
minerais, podemos citar: Clorite, Estaurolite, Silimanite, Granada, Cianite, Andaluzite,
Epídoto
Alguns ensaios efetuados permitem compreender a interação entre fatores de
metamorfismo e o aparecimento de certos minerais nas rochas metamórficas.
Andaluzite, silimanite e cianite (/distena) → são aluminossilicatos (Al2SiO5)
╘ Sob diferentes condições de pressão e de temperatura, experimentam
transformação polimórfica

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A identificação de certos grupos de minerais em rochas que numa dada zona foram
afetadas por metamorfismo pode ser utilizada na caracterização das condições
termodinâmicas reinantes durante o processo metamórfico.
No caso dos polimorfos de Al2SiO5 podemos referir que se existir na rocha:
╘ Andaluzite
o Essa rocha formou-se sob condições de baixa
pressão e de baixa a média temperatura
╘ Cianite
o Condições de elevadas pressões
╘ Silimanite
o Condições de elevadas temperaturas

Quando um dado mineral permite inferir as condições em que uma dada rocha
metamórfica foi gerada, é designado mineral-índice. Deste modo é possível
identificar diferentes graus de metamorfismo pela presença de minerais indicadores
das condições de pressão e de temperatura em que a rocha que os contém foi gerada
→ funcionam como “paleobarómetros” ou “paleotermómetros”.
Tendo em conta as condições de pressão e temperatura existentes aquando a génese
de uma rocha metamórfica, pode considerar-se:
╘ Metamorfismo de baixo grau
╘ Metamorfismo de médio grau
╘ Metamorfismo de alto grau
As diferentes zonas metamórficas são delimitadas por superfícies de igual grau de
metamorfismo → isógradas → são definidas pelos pontos onde ocorrem pela
primeira vez determinados minerais-índice.

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Tipos de metamorfismo
De acordo com dados de campo e alguns dados laboratoriais, tendo em conta os
contextos de ocorrência do metamorfismo, são habitualmente definidos vários tipos
de metamorfismo. Destacam-se:
Metamorfismo
Regional De contacto
Ocorre nas zonas profundas da instalação de rochas
Tipo de metamorfismo que intrusivas.
afeta extensas áreas na
crusta terrestre. Antes de consolidar, o calor e os fluidos libertados pelo
magma, ao propagarem-se às rochas encaixantes, vão
Tem origem em processos alterar os minerais existentes nessas rochas.
que envolvem (por vezes)
uma sequência de As rochas que se encontram junto à intrusão são
fenómenos relacionados fortemente aquecidas e alteradas, desenvolvendo-se
com a formação de cadeias uma zona de alteração mineralógica e estrutural →
montanhosas (orogenia). auréola de metamorfismo. Neste metamorfismo de
extensão local, o principal fator de metamorfismo é o
Intimamente ligado a calor (também é conhecido como metamorfismo
processos relacionados com térmico) e os fluidos que são emanados da massa em
a convergência de placas → fusão.
contexto tectónico em que
podem ocorrer condições A extensão da auréola de metamorfismo depende da:
de elevadas temperaturas e - Dimensão do corpo intrusivo que se instala
condições de pressão que
variam de moderadas a Quando ocorre uma intrusão magmática, como o calor
altas. libertado é elevado, podem originar-se auréolas de
metamorfismo com mais de 100m de extensão.
Podem formar-se diferentes
tipos de rochas. Cada zona dessa auréola tem características relativas ao
Sugere-se observar: modo como o calor e os fluidos afetaram a rocha
- Ardósia encaixante.
- Filito
- Micaxisto Corneanas: rochas metamórficas que se originam nas
- Gnaisse zonas mais próximas do corpo intrusivo → é um termo
que pode ser utilizado quando se designa as rochas
Quando as condições de resultantes de metamorfismo de contacto a partir de
tensão e de temperatura rochas argilosas.
ultrapassam determinados
valores, nomeadamente Calcários (por processos de metamorfismo de contacto)
temperaturas na ordem dos → mármores
800ºC, ocorrem processos Arenitos → quartzitos
de fusão parcial, iniciando-
se a transição do A variedade de rochas resultantes do metamorfismo de
metamorfismo para o contacto depende do tipo de rocha-mãe (protólito) onde
magmatismo o corpo magmático se instala = da natureza da rocha
(ultrametamorfismo) encaixante, dos fluidos que circulam nessa rocha e a
temperatura da massa em fusão.

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Texturas das rochas metamórficas


Durante os processos metamórficos, são produzidos novos arranjos mineralógicos.
Pode existir ainda alteração da composição química das rochas iniciais.

Textura de uma rocha é determinada por:


► Tamanho
► Forma
► Arranjo dos minerais que a constituem

Durante o processo metamórfico, alguns minerais (em especial as micas, ou outros


com hábito tabular ou lamelar) conferem às rochas metamórficas aspetos peculiares,
quando estas resultam da atuação conjunta de tensões orientadas e temperaturas
elevadas.
Um tipo de característica textural, considerada com um importante critério de
classificação de uma dada rocha metamórfica, é a existência ou ausência de foliação.
Foliação → estrutura planar originada durante os processos metamórficos; resulta
quer de um alinhamento preferencial de certos minerais anteriores ao processo
metamórfico (como as micas) quer da orientação de novos minerais formados durante
o processo de recristalização.
A que está associada a existência de Foliação?

Frequente em rochas que experimentaram deformação em condições de


metamorfismo de baixo grau.
Pode ser reconhecida em rochas metamórficas como:
╘ ardósias
╘ filitos
Clivagem

Os processos metamórficos levam à ocorrência de orientação paralela dos


minerais lamelares como: moscovite e minerais de argila.
Este tipo de estrutura conduz ao aparecimento de planos de clivagem
favoráveis à existência de fissilidade = facilidade de a rocha se dividir em
lâminas.
As superfícies de clivagem numa rocha (como o filito), em consequência
do desenvolvimento dos minerais micáceos, conferem a esta rocha um
brilho: sedoso/lustroso nas superfícies de foliação.
O aumento do grau de metamorfismo (médio) permite a existência de
significativos fenómenos de recristalização.
Verifica-se, concomitantemente, um maior desenvolvimento dos cristais,
nomeadamente: micas, quartzo e feldspatos.
Xistosidade

É uma forma de foliação desenvolvida pela orientação paralela de minerais


tabulares e lamelares em rochas metamórficas de grão grosseiro (visível a
olho nu), como nos micaxistos.
Devido ao maior desenvolvimento dos minerais, nomeadamente micas,
estes podem ser facilmente distinguidos à vista desarmada.
Micaxisto: comparativamente ao filito e à ardósia, apresenta menor
fissilidade.

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Tipo de foliação gerada por diferenciação em bandas por efeito de


tensões dirigidas.
Pode ser identificada (por exemplo) em certas rochas de alto grau de
Gnáissico
Bandado
metamorfismo (como o gnaisse).
Face aos intensos fenómenos de recristalização, nomeadamente de
minerais não lamelares (Ex: quartzo e feldspato), estes vão ser separados
de outros como a biotite e as anfíbolas, formando-se bandas alternadas
destes minerais – o que lhe confere o bandado característico.

► Presença de certos minerais com hábito tabular / lamelar – como micas – que
sob a ação de tensões não litostáticas / dirigidas tendem a ficar orientados
numa posição perpendicular à da tensão que afetou a rocha
► Foliação na rocha:
o pode ser muito evidente ou mais subtil
o em certas rochas só é através de uma observação ao microscópio
petrográfico é que o tipo de textura pode ser determinado com maior
precisão
Clivagem, Xistosidade e Bandado Gnáissico → 3 tipos de foliação muito
característicos de rochas de baixo, médio e alto grau de metamorfismo
(respetivamente)
Textura não foliada / granoblástica
 outro tipo de textura que pode ser identificada em rochas metamórficas
 rochas como: quartzito, mármore e as corneanas
 apresentam textura granoblástica e por vezes são o resultado de processos
metamórficos relacionados com o metamorfismo de contacto.
O estudo de rochas metamórficas é importante na medida em que pode:
╘ auxiliar os geólogos a compreenderem melhor os processos resultantes da
dinâmica interna do nosso planeta
A evolução dos processos de metamorfismo é normalmente contínua e gradual.
Pode ser muito difícil delimitar os domínios da diagénese e do metamorfismo, pelo
que, muitas vezes, além do trabalho de campo, é necessário realizar estudos
profundos em laboratório.
Os levantamentos de campo têm como finalidade:
╘ identificar, nos afloramentos, as relações entre litologias
o contextualizar os processos geológicos inerentes à sua formação

Vitória Ramos [email protected]


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3. Recursos geológicos – exploração sustentada


Fontes energéticas, água, produtos minerais metálicos e não metálicos são recursos
geológicos que estão na base da organização das sociedades industrializadas.
Vestuário, habitação, automóveis, aviões, computadores – tudo é fabricado com
materiais extraídos da Terra.
Desde sempre, a Humanidade esteve mais ou menos dependente dos recursos da
Terra.
A diferença em relação ao passado é que hoje exploramos muito mais esses recursos
do que os nossos antepassados.
O desenvolvimento operado nas sociedades humanas e a consequente evolução e
explosão demográfica conduziram à utilização de maiores quantidades de recursos.
Com o avanço tecnológico, o ser humano está cada vez mais dependente dos
recursos geológicos.

3.1. Recursos renováveis e recursos não renováveis


Recursos geológicos = todos os bens de natureza geológica existentes na crusta
terrestre e que são passíveis de aproveitamento.
Qualquer substância de natureza geológica (sólida, líquida ou gasosa), ou o calor
geotérmico, pode ser classificada como recurso geológico.
O aproveitamento desses recursos depende da sua concentração na crusta terrestre
→ para permitir a rentabilidade da sua exploração.

Recursos geológicos de um país:


► Existem na parte acessível da crusta terrestre
► Podem ser identificados ou não identificados
Reserva → recurso geológico conhecido que possa ser explorado dos pontos de
vista legal e económico.

Recursos não
Recursos identificados
identificados
Custo de
Economicamente extração
Reservas
rendíveis
Depósitos
Depósitos conhecidos, mas que
Economicamente hipotéticos
atualmente não podem ser
não rendíveis
explorados

Grau de conhecimento geológico

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Em teoria, todos os depósitos podem tornar-se reservas.


Basta (exemplo) o aumento do preço do respetivo recurso ou o desenvolvimento de
tecnologia que permita a sua extração com custos mais baixos.
Aspeto importante a ter em conta quando se fala de recursos geológicos:
 Geralmente, são recursos não renováveis → recursos com um processo de
formação muito lento e, face às taxas diversas de consumo, rapidamente se
esgotam – não é possível a sua renovação à escala da vida humana
Outros recursos geológicos podem (Ex: água) podem ser repostos à medida que são
consumidos → recursos renováveis

Águas subterrâneas
• Se forem utilizadas a um ritmo mais elevado do que a taxa de reposição,
podem tornar-se um recurso não renovável
Uma alternativa à grande utilização dos recursos geológicos não renováveis pode
passar pela reciclagem dos materiais que samos no nosso dia a dia e em cuja
composição entram esses recursos.

Fontes de energia
Vivemos num mundo cada vez mais industrializado. Os recursos energéticos tornam-
se vitais.
O que fez aumentar extraordinariamente os consumos energéticos (em especial o
consumo dos combustíveis fósseis)?
• Crescimento económico
• Aumento demográfico

Combustíveis fósseis
Resultam de transformações de matéria orgânica, como já vimos.
Podem ocorrer na crusta terrestre sob 3 formas:
 Petróleo bruto (líquido)
 Carvão (sólido)
 Gás natural (gasoso)
Dada a morosidade dos processos que intervêm na sua génese: os combustíveis
fósseis são considerados recursos não renováveis.
O uso intensivo dos combustíveis fósseis (juntamente com a desflorestação) tem
contribuído para o aumento na atmosfera de gases causadores do efeito de estufa →
graves alterações climáticas.
A partir da Revolução Industrial o aumento do consumo de combustíveis fósseis foi
cerca de 30%. Isto conduziu a um aumento da temperatura atmosférica de 0,6ºC.

Vitória Ramos [email protected]


Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

Até 2100, se nada mudar, essa elevação de temperatura será de cerca de 6ºC – efeito
desastroso sobre as condições climáticas da maioria dos países.
Este problema tende a agravar-se. Porquê?
► Os países em vias de desenvolvimento gastam metade da energia consumida
pelos países industrializados – conforme esses países vão progredindo assim
também vão aumentando os seus consumos energéticos
China e Índia
► Exemplos típicos dessa evolução. Durante o ano de 2004, verificou-se um
aumento de 4,4% dos respetivos consumos energéticos.
A localização das diferentes reservas dos combustíveis fósseis está concentrada em
regiões restritas do Globo → graves conflitos entre os diversos países.
Além disso, todos estes combustíveis são fortemente poluidores e têm, assim, fortes
impactes na qualidade de vida das populações.
Na atualidade, quer-se encontrar outras fontes de energia alternativas aos
combustíveis fósseis. Exemplos:
► Energia nuclear
► Energias renováveis

Energia nuclear: sonho ou pesadelo?


No início, foi descrita como a potencial fonte energética para a Humanidade.
Rapidamente, foi associada ao fabrico de armas de destruição maciça, com
capacidade para eliminar a civilização humana.
Esta dicotomia entre defensores e opositores da energia nuclear como alternativa aos
combustíveis fósseis ainda hoje levante polémicas na sociedade.

A forma de obter energia a partir de minerais radioativos é substancialmente


diferente da que se utiliza com combustíveis fósseis.
Combustíveis fósseis: a energia libertada durante uma combustão provém das
ligações químicas de compostos que os constituem.
A energia nuclear envolve:
╘ Mudanças dos núcleos atómicos dos materiais utilizados nessas reações
╘ Exemplo:
o A partir da cisão do U-235 libertam-se grandes quantidades de energia
sob a forma de calor
o Este calor é aproveitado numa central nuclear para provocar a
vaporização da água
o O vapor será utilizado na produção de eletricidade

Vitória Ramos [email protected]


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A produção de energia elétrica envolvendo reações nucleares tem sido muito


polémica. Porquê?

╘ Implica elevados custos ambientais


o podem ocorrer acidentes nas centrais nucleares
o os resíduos produzidos durante o processo são altamente prejudiciais
para a vida
▪ os níveis de radioatividade dos resíduos mantêm-se elevados
durante centenas ou milhares de anos
• requerem um tratamento especial, principalmente no
que se refere a segurança do seu local de
armazenamento
▪ encontrar locais suficientemente seguros de forma a evitar a
contaminação de organismos e de solos é uma das maiores
dificuldades da utilização deste tipo de energia
• a exposição de indivíduos a elevados níveis de
radioatividade pode provocar:
o cancros
o atrasos mentais em crianças em desenvolvimento
uterino
o malformações fetais
o etc.

A utilização de energia nuclear (minerais radioativos), se não for gerida de forma


sustentada, conduzirá ao seu rápido esgotamento (a maior parte destes bens
geológicos são recursos não renováveis).

Energias renováveis
Energia geotérmica
╘ é um recurso geológico que pode ser usado como fonte de energia
╘ as zonas de elevado gradiente geotérmico (Ex: zonas vulcânicas) são muito
importantes para:
o aproveitamento da energia geotérmica
▪ este aproveitamento implica a existência de um fluido
(normalmente a água) que transporta o calor do interior d Terra
para a superfície
• a água pode resultar da infiltração ou ser injetada no
sistema geotérmico por intermédio de poços
• a temperatura da água pode ser da ordem dos 150ºC ou
inferior
• em Portugal continental, as temperaturas são
relativamente baixas e relacionam-se com grandes
acidentes tectónicos

Vitória Ramos [email protected]


Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

╘ água termal
o toda a água de origem subterrânea que tem uma temperatura superior
em, pelo menos, 4ºC à temperatura atmosférica média da região.
o No continente, nunca excedem os 80ºC
▪ É frequente valores compreendidos entre os 20ºC e os 30ºC
╘ Mais recentemente, o aproveitamento deste tipo de energia tem vindo a ser
utilizado para outros fins além da terapia balnear
╘ Têm sido realizados projetos experimentais em estufas e piscicultura
╘ Açores
o Aproveitamento da energia geotérmica de vapor de água a alta
temperatura.
o Este aproveitamento foi iniciado em 1980 em S. Miguel → construção
da central geotérmica da Ribeira Grande
o A temperatura do fluido geotérmico é muito elevada
▪ O calor libertado pode ser aproveitado para a produção de
energia elétrica
A energia geotérmica cobre apenas 1% das necessidades do planeta. Os EUA
produzem 26,2% da energia geotérmica obtida mundialmente.

O aproveitamento dos recursos geotérmicos apresenta múltiplas vantagens (pouco


poluentes e, se utilizados de forma equilibrada, são renováveis):
Recursos geotérmicos
Vantagens Desvantagens
• Eficiência energética em locais de • Escassez de locais com potencial
elevado potencial geotérmico geotérmico
• Baixa emissão de CO2 quando • Rapidamente esgotados se usados
comparada com a dos a uma taxa muito elevada
combustíveis fósseis • Emissão de CO2
• Baixo custo em zonas de elevado • Alguma poluição atmosférica na
potencial geotérmico região
• Reduzida alteração dos solos • Poluição sonora, cheiros
• Impactes ambientais moderados desagradáveis (H2S)
• Potenciadora de desenvolvimento • Elevados custos de instalação e de
local segurança

Vitória Ramos [email protected]


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Energia eólica
╘ A tecnologia envolvida no aproveitamento deste tipo de energia é a forma de
obtenção de energia que mais se tem desenvolvido nos últimos tempos.
╘ O maior produtor deste tipo de energia, na atualidade, é a Alemanha, com
30,7% da produção mundial.
╘ Até 2010 a Europa terá duplicado a produção deste tipo de energia
╘ Portugal:
o Grande parte da energia elétrica do futuro irá ser produzida no mar – é
aí que os aerogeradores serão instalados
Energia eólica
Vantagens Desvantagens
• O vento só é explorável a 20%, em
• Os aerogeradores são facilmente média
desmontados • É difícil integrar um aerogerador
• Pequena ocupação do solo na paisagem
• As pás podem ser instaladas junto • Se o vento é fraco, o barulho do
de caminhos de fácil acesso movimento das pás é
incomodativo

Energia hídrica
╘ É a forma de energia renovável mais utilizada no Mundo
╘ Fornece 20% da energia gasta mundialmente
╘ Hoje em dia, debate-se o forte impacte que a construção das grandes
barragens pode ter sob o ponto de vista ecológico e social
╘ A barragem das Três Gargantas (China) fez deslocar mais de um milhão de
pessoas.
╘ O país com maior produção deste tipo é o Canadá, com 11,8% da produção
mundial
Energia eólica
Vantagens Desvantagens
• A construção de barragens obriga à
• A produção de eletricidade
inundação de grandes áreas,
é contínua
potencialmente ricas em fauna e flora, e
• As barragens podem
obriga à deslocação de populações
permitir regularizar os
• As barragens perturbam a vida dos peixes
cursos de água
e das plantas aquáticas e terrestres
• A água aprisionada pode
envolventes
ser utilizada na irrigação e
• Impedem a deposição de sedimentos no
noutros fins
litoral
• A energia produzida pode
• Facilitam a erosão da costa
ser armazenada
• Pode existir risco de rutura destas

Além das fontes energéticas renováveis mencionadas, podem-se ainda considerar


outras: energia solar, biomassa ou até hidrogénio (ultimamente utilizado como
combustível, principalmente nos transportes).

Vitória Ramos [email protected]


Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

Importância das diferentes fontes de energia e os problemas que envolvem a sua


obtenção → podemos inferir duas regras fundamentais (para minimizar os efeitos da
sua carência):
► Reduzir os consumos
► Procurar energias alternativas renováveis

Recursos minerais
Elementos químicos:
╘ Fazem parte dos mais variados minerais
o estes minerais estão disseminados numa grande variedade de rochas
╘ na maior parte das zonas terrestres, qualquer elemento pode ser encontrado
ligado a outros elementos em quantidades semelhantes às que são frequentes
na composição média da crusta. Ex:
o um granito vulgar contém o elemento Ferro em pequenas
quantidades, numa percentagem próxima da média desse elemento
na crusta terrestre.
╘ Apenas em zonas muito restritas do planeta podemos encontra-os em
concentrações superiores à da sua concentração média na crusta terrestre.

Clarke → concentração média de um elemento químico na crusta terrestre (exprime-


se em partes por milhão – ppm – ou gramas por tonelada – g/t)
Existe um jazigo natural quando → a concentração média de um determinado
elemento químico aí identificado é muito superior ao seu clarke.
Minério → quando um mineral ou um agregado de minerais sólido ocorre na
Natureza, com interesse económico e a partir do qual se pode obter, após
beneficiação, um ou mais constituintes.
Certos minerais contêm determinados metais. Os mais comuns são os sulfuretos.
Exploração dos jazigos
• é feito segundo métodos diferentes, de acordo com as características dos
jazigos
o a céu aberto – Ex: mina de cobre no Chile
o em poços ou galerias – quando o minério se situa em zonas mais ou
menos profundas
• outro processo que é muito utilizado na exploração de ouro e diamante:
o quando estes minerais ocorrem em jazigos de origem secundária
(resultantes da meteorização das rochas que continham esses minerais)
▪ os minerais resistentes são transportados pela água,
concentrando-se em certas zonas dos cursos de água → jazigos
que são chamados de: placers
• os minerais mais densos depositam-se nas zonas do rio
onde a velocidade das águas diminui

Vitória Ramos [email protected]


Exame Nacional de Biologia e Geologia 2022/2023

Distribuição dos recursos minerais no Mundo:


 bastante irregulares
 países mais beneficiados com as riquezas mineiras:
oÁfrica do Sul
▪ África → continente com maior quantidade de jazigos minerais
o Austrália
o Canadá
o China
o Estados Unidos
o Rússia
 Muitos dos países detentores dessas riquezas não são os mais desenvolvidos
– desde a sua exploração até à valorização e aproveitamento no fabrico de
bens de consumo há que considerar a importância dos recursos como o
avanço tecnológico dessas regiões e o mercado

Exploração mineira:
► Pode provocar impactes ambientais graves numa dada região, como:
o Desflorestação
o Remoção de camadas de solo
o Implementação de infraestruturas – edifícios e vias de comunicação
(desde que não tenham sido tomadas as medidas de proteção
necessárias)

► Durante o processo extrativo, é necessário realizar um determinado tipo de


operações de separação dos componentes mineralógicos que não têm nesse
momento valor económico.
Ganga (/estéreis) → parte não aproveitável que acompanha o minério extraído dos
jazigos
Escombreira → acumulação dos produtos não úteis (que constituem a ganga) e que
formam junto às explorações mineiras depósitos superficiais
╘ Muitas vezes contêm substâncias tóxicas que podem contaminar os solos e as
águas subterrâneas – se não forem devidamente tratadas

Reabilitação de uma exploração mineira:


╘ Pode abranger processos naturais
╘ Na maioria das vezes:
o Exige intervenções com vista ao controlo dos processos corrosivos,
sobretudo das escombreiras
o Quando os estéreis são muito finos (caso das minas de Jales) é
necessária a impermeabilização dos solos com vista à proteção das
águas subterrâneas.
o Pode-se verificar um aproveitamento sob o ponto de vista turístico dos
sítios mineiros (como atualmente se quer fazer com as minas de São
Domingos).

Vitória Ramos [email protected]


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As rochas como materiais de construção


A face mais visível das rochas e da sua importância como recurso geológico, após
extração do meio natural, é a sua utilização em:
• Construção civil
o Cimento → produzido a partir de calcários e areias
o Construção dos monumentos portugueses – utilizadas diversas rochas
dos 3 tipos
• Pavimentação
• Estatuária

Igreja e Torre dos Clérigos (Porto) → construída com “granito do Porto”; foram
recentemente objetos de limpeza e de consolidação pois apresentavam sujidade,
desintegração arenosa (elevada humidade do Porto → provoca alteração das biotites
do granito). Verificou-se deposição de SO2 e NOX.
Torre de Belém → assenta sobre um afloramento basáltico – dá mais solidez às suas
fundações; construída em calcário do Cretácico. Os calcários são de diversos tipos
(desde os margosos até ao coralígeno); foi sujeita a obras de conservação.

Quanto mais frequente uma rocha for numa região, mais frequente será como
material de construção.
╘ Granito
o É abundante no norte do país, Beiras e Alentejo
o Utilizado como pedra de construção e pedra ornamental
o Constitui as sés das principais cidades do norte do país (Braga, Porto,
Lamego)

╘ Calcário
o As formações calcárias portuguesas provêm de formações Mesozoicas,
quer do Jurássico quer do Cretácico.
o Calcário cristalino compacto → provém do cretácico;
▪ rocha muito especial
▪ contém fósseis de certos moluscos
▪ vulgarmente conhecido por “lioz”
▪ pode ser encontrado em monumentos como: Convento de
Mafra e Torre de Belém
Outras rochas, como mármore, brechas e basaltos estão também presentes como
pedra de construção em muitos monumentos.

Vitória Ramos [email protected]


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Meteorização física Meteorização biológica Meteorização química


- Expansão devido ao
- Alteração dos silicatos
gelo;
por bactérias e fungos;
- Expansão provocada
- Dissociação da calcite
pela hidratação de certos
por algas e bactérias;
minerais argilosos; - Contaminantes da
- Desagregação mecânica
- Dilatação diferencial dos atmosfera (SO2, NO2,
provocada por certos
minerais das rochas O3…);
líquenes;
submetidas a variações - Alteração provocada
- Formação de um solo
de temperatura; pela humidade existente.
incipiente por ação de
- Choques vibracionais
líquenes – permite a
(origem sísmica ou
instalação de musgos e
mecânica – tráfego, sinos,
outras plantas.
concertos musicais…)

Como resultado da exposição aos variados agentes de alteração, os monumentos


apresentam patologias mais ou menos acentuadas face ao envelhecimento das
rochas que os constituem.

Águas subterrâneas
Água → bem vital para toda a biosfera
O ser humano não pode sobreviver mais do que poucos dias sem ela e, mesmo nas
zonas mais secas e áridas, as plantas e os animais precisam de um certo teor de água.
É, e sempre foi, um fator determinante no estabelecimento da vida em geral e das
populações humanas em particular.
Água
► circula na Natureza
o ora constituindo diferentes reservatórios no meio abiótico (oceanos,
rios, glaciares)
o ora fazendo parte dos seres vivos

O movimento da água no nosso planeta é contínuo e interminável


► ciclo hidrológico
o as águas subterrâneas integram a componente que não é diretamente
observada pelo ser humano e a mais lenta do ciclo
Hidrologia → é a ciência que estuda a ocorrência e distribuição, o movimento e os
fenómenos físicos e químicas de todas as águas existentes no planeta e das suas
relações com o ambiente.
Um dos ramos da Hidrologia é a Hidrogeologia → objetivo: estudo do
armazenamento, circulação e distribuição das águas nas formações
geológicas, tendo em conta:
╘ as suas propriedades físicas e químicas
╘ as suas interações com o meio abiótico e biológico
╘ as suas respostas às ações de natureza antrópica

Vitória Ramos [email protected]


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Reservatórios de água subterrânea – aquíferos


Rochas → podem funcionar como reservatório de água, armazenando maiores ou
menores quantidades desta, consoante as suas características.
Através de técnicas apropriadas, pode-se ter acesso à água que circula
subterraneamente.

Aquífero → formação geológica que permite a circulação e o armazenamento de


água nos seus espaços vazios, possibilitando geralmente o aproveitamento dessa
pelo ser humano, de forma economicamente rentável e sem impactes ambientais
negativos.
A água que escorre à superfície concentra-se em linhas de água que confluem e
formam ribeiros e rios cujo destino final são lagos e/ou oceanos.
As águas superficiais começam a infiltrar-se no solo por ação da gravidade. Após a
infiltração, a água que não fica retida no solo por capilaridade atinge a zona de
saturação das formações geológicas subjacentes, onde se movimenta e onde pode
ser armazenada, indo fazer parte das águas subterrâneas.
Estas águas podem ser armazenadas em dois tipos de aquíferos:
► Aquíferos livres
Formação geológica que permite…
► Armazenamento e circulação de água nos espaços vazios dos seus materiais
► Existe uma superfície em que a água está em contacto direto com o ar (à pressão
atmosférica)

Zona de recarga: zona que contribui para a realimentação do aquífero


► Através da qual ocorre infiltração da água
► Corresponde às camadas superficiais

Podem ser superficiais → facilita a sua exploração e recarga e a sua contaminação.


Durante o seu percurso descendente, a água atravessa diversas zonas com
características específicas:

Zona de
Zona intermédia Franja capilar
evapotranspiração
Zona onde se processam Zona onde ocorre um
trocas com a atmosfera, Zona de um aquífero livre intenso movimento
por: para a qual passa a água ascendente de água a
- Evaporação direta, à que não é libertada partir da zona de
superfície através da saturação, por
- Evaporação através das evapotranspiração. fenómenos de
plantas (transpiração) capilaridade.

Vitória Ramos [email protected]


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Nível freático (/hidrostático) → nível máximo que a água atinge num local e num
dado momento;
╘ Num furo que atravesse, total ou parcialmente, um aquífero livre, o nível da
água / nível freático coincidirá com o nível superior do aquífero – a água está
à mesma pressão que a pressão atmosférica.

Zona de aeração → zona situada imediatamente abaixo da superfície topográfica e


acima do nível freático;
╘ Nesta zona, os espaços vazios entre as partículas estão parcialmente
preenchidos por gases (essencialmente ar e vapor de água)
╘ A água contida nesta zona pode:
a. ser utilizada pelas raízes das plantas
b. contribuir para o aumento das reservas de água subterrânea

Zona de saturação → apresenta na base uma camada impermeável; o seu limite


superior é o nível freático
╘ pode ser constituída por diferentes níveis ou camadas de solo ou formações
rochosas
o onde todos os espaços vazios ou fraturas existentes estão
completamente preenchidos por água

► Aquíferos confinados / cativos


Formação geológica onde a água se acumula e movimenta.
A água está limitada no topo e na base por materiais geológicos impermeáveis.
A pressão da água é superior à pressão atmosférica. A recarga nos aquíferos cativos
é feita lateralmente; não é realizada através das camadas suprajacentes à formação
onde a água subterrânea é armazenada e circula (como acontece nos aq. livres).

Captação das águas subterrâneas:


► Pode ser feita nos dois tipos de aquíferos, através de:
o Furos (captações) realizados por empresas especializadas em
hidrologia

► Quando a captação de água ocorre num aquífero cativo:


o Como a água se encontra a uma pressão maior à P.A., esta subirá até à
cota correspondente ao nível freático.
▪ Uma captação nestas condições designa-se → captação
artesiana

o Se a captação é feita num local onde o nível hidrostático ultrapassa o


nível topográfico, a água extravasa naturalmente a boca da captação
▪ Não é necessário qualquer sistema de bobagem
• Captação artesiana repuxante

Vitória Ramos [email protected]


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Parâmetros característicos dos aquíferos


A quantidade de água que pode existir numa determinada formação geológica com
possibilidade de constituir um aquífero está dependente do volume de espaços
vazios existentes entre a matéria sólida que constitui os respetivos materiais
geológicos.

Em hidrogeologia, é importante:
➔ Quantificar a capacidade de um aquífero para armazenar água
➔ Determinar a viabilidade da sua extração

Torna-se necessário utilizar diversos parâmetros, como:


 Porosidade (N)
o quantifica o volume máximo de água que um dado material pode
comportar; corresponde à sua saturação.
o define-se como a relação entre o volume de vazios (Vv) e volume total
da amostra (Vt) – normalmente em %

𝑉𝑣
𝑁= × 100
𝑉𝑡
o depende do:
▪ tamanho e da forma dos grãos
▪ grau de compactação do material geológico
• menos compacta → maior o espaço entre os vários grãos

o consoante o material geológico, a porosidade é muito variável


▪ rochas metamórficas e magmáticas
• apresentam valores inferiores a 3%
▪ materiais sedimentares (areias, argilas…)
• podem atingir de 30% a 40% – em casos especiais 60%
▪ rochas sedimentares muito compactas (como certo tipo de
calcários)
• valores podem ser inferiores a 3%

 Permeabilidade
o avalia a capacidade de movimentação da água num dado aquífero
o é a propriedade que um dado material geológico apresenta em se
deixar atravessar pela água

A qualidade de uma captação depende quer da porosidade, quer da permeabilidade


do respetivo aquífero.
São ambos parâmetros importantes que devem ser tidos em conta quando se procura
extrair água de um aquífero.

Vitória Ramos [email protected]


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Valores indicativos do coeficiente de permeabilidade e da porosidade de algumas


formações aquíferas.

Coeficiente de
Material geológico Porosidade (%)
permeabilidade (m/dia)
Aluvião 200 20
Arenito 2 10
Basalto 0,05 5
Calcário 50 3
Granito 0,02 0,5
Tufo vulcânico 0,01 10
Xisto 0,02 1

Formações geológicas com…

╘ alta porosidade e alta permeabilidade → bons aquíferos


╘ alta porosidade e baixa permeabilidade → pode conter uma elevada
quantidade de água, mas flui lentamente (difícil de bombear desse local)
o formações argilosas

Composição química das águas subterrâneas


Águas subterrâneas:
• apresentam características muito próprias e que se relacionam com o contexto
geológico da região onde são captadas
• nunca são puras, mas soluções (em regra) muito diluídas, de numerosas
substâncias
• variam de local para local, como é comprovado facilmente através da
degustação de vários tipos de água provenientes de diferentes regiões
• permanecem muito tempo em contacto com as formações geológicas que
atravessam – é possível estabelecer uma relação entre a litologia inerente a
essas formações e a composição química da água

Rochas magmáticas e metamórficas → fornecem água de boa e excelente


qualidade com baixas concentrações em sais dissolvidos
Rochas sedimentares → fornecem água de boa qualidade, mas:
- As que são captadas em arenitos podem ser mais ricas em sódio
- As provenientes de rochas carbonatadas são mais ricas em cálcio e magnésio
- As formações sedimentares evaporíticas (sal-gema, etc.) podem originar
águas muito salinas (impróprias para consumo doméstico)

Águas que se encontram a maiores profundidades:


╘ seguem percursos mais longos (mais tempo em contacto com as rochas)
o tornam-se mais ricas em sais dissolvidos

Vitória Ramos [email protected]


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Denominação / caracterização da água (sob o ponto de vista legal)


Tem em conta:
• composição química da água
• propriedades terapêuticas de uma água
• dureza da água
o reflete o seu teor global em iões alcalino-terrosos (essencialmente de
cálcio e magnésio)
o geralmente expressa em mg/l de CaCO3
o uma água é dura quando necessita de quantidades consideráveis de
sabão para produzir espuma
o ocasionam alguns problemas, uma vez que devido ao calor tendem a
formar-se incrustações de carbonatos (pode levar à destruição de
caldeiras e outros aparelhos)
▪ nas nossas casas usam-se corretores de dureza (em forma de
pastilhas) que evitam esse tipo de inconvenientes
o sob o ponto de vista sanitário, as águas duras não apresentam
convenientes

Portugal águas para


consumo
► em Portugal, e de acordo com a humano
legislação, as águas
subterrâneas destinadas ao
consumo humano podem ser engarrafada
classificadas como: tratamento sem
tratamento
• águas minerais naturais
• águas de nascente
sem com
água da rede propriedades propriedades
terapêuticas terapêuticas

água de água mineral


nascente natural

Gestão sustentável das águas subterrâneas


Composição química da água subterrânea é o resultado da sua história:
o do tipo de água meteórica infiltrado
o do tempo de permanência no reservatório geológico
o do tipo de minerais geológicos em que circula
o da interferência com outros aquíferos ou com águas superficiais
o da ocorrência da tipologia de ações antrópicas
o das metodologias de extração
o etc.

Vitória Ramos [email protected]


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Procura-se uma gestão sustentável dos recursos naturais, em especial das águas
subterrâneas.
A composição química destas é influenciada por muitos fatores, como:
╘ natureza e teor de certos gases da atmosfera
╘ produtos resultantes da alteração das rochas
╘ reações de dissolução e de precipitação que ocorrem no subsolo
╘ plantas → extraem do solo certos componentes químicos e introduzem outros

Atividades antrópicas:
▪ podem introduzir impactes negativos muito diversificados e significativos na
composição das águas subterrâneas
extração de água subterrânea de forma não controlada Rejeição de efluentes
nos aquíferos costeiros → sua degradação industriais e domésticos
e as atividades agrícolas
extração de água doce nestes sistemas → entrada de → degradação da
água salgada no aquífero, tornando-o impróprio para o qualidade da água
fornecimento de água às populações subterrânea
Agricultura → utilização de doses maciças de adubos e pesticidas, com vista à
melhoria da produção agrícola → muitas substâncias que não foram assimiladas
pelas plantas (fosfatos, nitratos…) acabem por atingir os aquíferos →
contaminando as águas subterrâneas
A deposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários origina materiais
lixiviantes altamente nocivos. No caso de atingirem um aquífero, podem
contaminar de forma irreversível a qualidade das águas.

Após a poluição de um aquífero a sua recuperação é praticamente impossível → o


tempo e os custos envolvidos numa eventual recuperação são tidos como
incomportáveis.
A exploração dos recursos geológicos deve assentar em decisões que:
➔ evitem o rápido esgotamento das reservas
➔ minimizem os impactes ambientais dessas atividades

Exploração sustentada dos recursos geológicos


╘ tem de estar enquadrada num modelo global de desenvolvimento que
permita que as gerações atuais satisfaçam as suas necessidades sem pôr em
risco a possibilidade de as gerações futuras virem a satisfazer as suas próprias.
╘ tem de ser o resultado de um compromisso entre: ciência, tecnologia,
sociedade, economia e ambiente que vise:
o preservar o planeta
o satisfazer as necessidades básicas de todas as pessoas em qualquer
zona do Globo
Só deste modo podem abrir-se perspetivas de um horizonte no qual se vislumbre a
harmonia entre o ser humano e a Natureza.

Vitória Ramos [email protected]

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