1 Ef Due C 27.6.24 TC
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Tópicos de correção
- O Parlamento Europeu (PE) enquanto órgão principal da União que integra o quadro institucional único
(art. 3.º, 1, 1.º trav., do TUE);
- A eleição por sufrágio direto e universal e a legitimidade democrática: a representação dos cidadãos da
União, degressivamente proporcional, no PE; as bases jurídicas de direito originário relevantes, em especial
arts. 9.º, 10.º, 2 e 4, e 14.º, do TUE; arts. 20.º, 2, b), e 22.º, 2 do TFUE;
- A evolução da competência do PE, em especial quanto à participação no processo de tomada de
decisão/processo legislativo: os marcos do Acto Único Europeu (cooperação), Tratado de Maastricht (co-
decisão) e Tratado de Lisboa (procedimento legislativo ordinário);
- A competência do PE à luz do Tratado de Lisboa: em especial as funções legislativa e orçamental, exercidas
conjuntamente com o Conselho (art. 14.º do TUE); as funções de controlo político e consultivas (art. 14.º do
TUE); a participação do PE no procedimento de ius tractuum da União: a evolução registada com o Tratado
de Lisboa e os casos de aprovação do PE; o direito à informação em todas as fases do processo (art. 218.º,
6 e 10, do TFUE);
- As regras e os procedimentos específicos da Política Externa e de Segurança Comum e o diminuto papel do
PE (art. 24.º, 1 e 36.º do TUE).
II
a) Já foi utilizado alguma vez um dos processos de revisão simplificados dos Tratados?
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- A utilização do processo de revisão simplificado previsto no n.º 6 do artigo 48.º do TUE: os casos de revisão
do TFUE por decisão do Conselho Europeu e a revisão dos artigos 136.º (política monetária), 349.º (regiões
ultraperiféricas) e 355.º [e Anexo II] (âmbito de aplicação territorial dos Tratados), todos do TFUE.
b) Qual a natureza jurídica das “sanções” aplicadas à Rússia pela União Europeia no
quadro da guerra Rússia-Ucrânia?
- Os domínios materiais abrangidos nas atribuições da União: a ação externa da União e a Política Externa
de Segurança Comum [PESC]; bases jurídicas: artigos 21.º e ss. do TUE, em especial, o capítulo 2 do Título V
do TUE (disposições específicas relativas à PESC) e art. 205.º e ss. do TFUE;
- As bases jurídicas para adoção de medidas restritivas no âmbito da ação externa/PESC (art. 215.º, 1, TFUE)
e a o seu reflexo não PESC (art. 215.º, 2, do TFUE);
- a exceção em matéria de competência do Tribunal de Justiça da União Europeia (art. 24.º, 1, do TUE e arts.
215.º, 3 e 275.º do TFUE).
- Enquadramento no âmbito dos princípios gerais da União Europeia: o princípio da responsabilidade dos
Estados membros por incumprimento do direito da União, de fonte jurisprudencial; e, em geral, o princípio
da tutela jurisdicional efetiva, segundo o qual os Estados membros devem criar as vias de recurso
necessárias para a assegurar nos domínios abrangidos pelo direito da União (art. 19.º, 1, segundo parágrafo,
do TUE);
- Explicitação dos três princípios que decorrem da jurisprudência dos tribunais da União; i) na falta de
regulamentação da União, incumbe aos Estados membros a designação dos órgãos jurisdicionais
competentes e as modalidades processuais das ações judiciais destinadas a assegurar a plena proteção dos
direitos conferidos aos cidadãos pelo direito da União (autonomia); ii) os meios nacionais não podem ser
menos favoráveis do que os relativos a pedidos similares de natureza interna (equivalência); iii) os meios
nacionais não podem tornar impossível ou excessivamente difícil, na prática, a proteção dos direitos
conferidos pelo direito da União (efetividade); v.g. acórdãos Francovich ou Brasserie du Pêcheur.
III
Maria, com dupla nacionalidade (espanhola e francesa), reside, desde o seu nascimento,
sempre em Paris. No início de 2024, Maria casou-se com Adam, canadiano.
Na semana passada, o requerimento foi indeferido pela autoridade francesa, com base
nos seguintes fundamentos:
i. A diretiva invocada só se aplica aos cidadãos que residam num Estado-Membro que não
aquele de que são nacionais. Tal não é o caso de Maria, uma vez que, sendo nacional,
natural e residente d[n]a França, a nacionalidade espanhola de Maria não pode ser
considerada.
ii. Em todo o caso, a lei francesa que procedeu à transposição da Diretiva 2004/38/CE já
foi revogada, pelo que esta diretiva não é invocável por Maria na ordem jurídica
francesa.
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Considerando o número significativo de casos problemáticos relacionados com a dupla
nacionalidade, a Comissão Europeia submeteu à apreciação do Parlamento Europeu uma
proposta legislativa, com vista a regular os termos de atribuição da nacionalidade de um Estado-
Membro a pessoas já titulares da nacionalidade de um outro Estado-Membro, tendo em conta
que está em causa uma matéria abrangida pela competência partilhada da União ou, em última
instância, pela respetiva competência implícita.
a) Pronuncie-se sobre cada um dos argumentos (i) e ii)) invocados pela autoridade francesa.
i) Analisar o argumento à luz das normas jurídicas aplicáveis (maxime, art. 20.º, n.º 1 e n.º 2, alínea
a), e art. 21.º do TFUE, art. 45.º da CDFUE e art. 3.º, n.º 1, da Diretiva 2004/38/CE); Invocar a
jurisprudência relevante para a resolução do caso, nomeadamente o Acórdão Micheletti e o
Acórdão McCarthy;
ii) Identificar as características de uma diretiva, sobretudo com base no artigo 288.º do TFUE;
Enquadrar a questão subjacente no tema de incumprimento (superveniente) por um Estado-
Membro do dever de transposição de uma diretiva, problematizando a possibilidade de atribuir
“efeito direto” à diretiva in casu, à luz da jurisprudência aplicável, designadamente o Acórdão Van
Duyn e o Acórdão Hansa.
- Analisar a relação inter-institucional entre a Comissão e o Parlamento Europeu, sobretudo à luz do artigo
17.º do TUE;
- Destacar que a moção de censura é um mecanismo de control/’accountability’ que o Parlamento Europeu
exerce sobre a Comissão “enquanto colégio” e não individualmente sobre a Presidente desta instituição (cfr.
artigo 17.º, n.º 8, do TUE);
- Referir que, em todo o caso, a adoção da moção de censura não compete ao Presidente do Parlamento
Europeu (cfr. artigo 234.º do TFUE).
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Duração: 120 minutos.
Cotação: Grupo I – 5 valores. Grupo II – 6 valores: 2 valores por cada questão. Grupo III – 8 valores:
alínea a) 3,5 valores; alínea b) 3 valores; alínea c) – 1,5 valores.
Redação e sistematização: 1 valor.