Questões de Aprendizagem
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Questões de Aprendizagem
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● QUESTÕES DE APRENDIZAGEM:
○ CONCEITUE, CLASSIFIQUE E CITE AS NOMENCLATURAS DA NEOPLASIA.
Neoplasia literalmente significa “novo crescimento”. As neoplasias, portanto, desfrutam de certo grau de
autonomia e tendem a aumentar de tamanho independentemente de seu ambiente local. Sua autonomia,
porém, não é absolutamente completa.
■ Focar em: Benigno, maligno, invasivo, in situ e não invasivo.
Benigno (CRESCIMENTO PROGRESSIVO E LENTO, NÃO ULCÉRA): Um tumor é benigno quando suas
características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que este
permanecerá localizado, sendo tratável com a remoção cirúrgica. O paciente afetado geralmente sobrevive.
Vale ressaltar, porém, que os tumores benignos podem produzir mais do que massas localizadas e, algumas
vezes, são responsáveis por significativa morbidade e letalidade.
Maligno (CRESCIMENTO RÁPIDO): O termo maligno, aplicado a uma neoplasia, indica que a lesão pode
invadir e destruir estruturas adjacentes, disseminar-se para locais distantes (metástases) e levar à morte. Os
tumores malignos são coletivamente denominados cânceres, termo derivado da palavra “caranguejo”, em
latim – ou seja, eles se aderem a região na qual estejam “de maneira obstinada”, semelhante ao
comportamento do caranguejo. Nem todos os tumores malignos apresentam evolução letal. Os mais
agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a designação maligno constitui um “alerta vermelho”.
Invasivo:
Conceito: Refere-se à capacidade de uma neoplasia maligna penetrar e invadir tecidos adjacentes,
destruindo a arquitetura tecidual normal.
In Situ:
Conceito: Tumores "in situ" são aqueles que permanecem confinados ao tecido de origem, sem invadir
camadas adjacentes. Apesar de serem tecnicamente malignos devido à sua origem, não invadiram o tecido
vizinho, portanto, não têm potencial metastático neste estágio.
Nomenclatura: Um exemplo comum é o carcinoma in situ, como o carcinoma ductal in situ (DCIS) na mama.
Não Invasivo:
Conceito: Refere-se a neoplasias que não possuem a capacidade de invadir tecidos adjacentes. Esse termo
geralmente é aplicado a tumores benignos ou a tumores malignos em estágios iniciais, como aqueles em fase
"in situ".
As células cancerosas também ignoram os sinais que deveriam levá-las a interromper sua divisão. Por
exemplo, se células normais, cultivadas em uma placa de Petri, estão cheias de vizinhos por todos os lados,
elas não vão mais se dividir. As células cancerosas, no entanto, continuam se dividindo e se empilhadas
umas sobre as outras em camadas irregulares. O ambiente em uma placa de Petri é diferente do ambiente
no organismo humano, mas os cientistas pensam que a perda de inibição de contato em células
cancerosas cultivadas em placas de Petri reflete a perda de um mecanismo que normalmente mantém o
equilíbrio do tecido no corpo. Outra marca registrada das células cancerosas é sua "imortalidade
replicativa", um termo extravagante para denominar o fato que elas podem se dividir muitas vezes mais do
que uma célula normal do corpo. Em geral, as células humanas podem passar por apenas aproximadamente
40-60 rodadas de divisão antes de perderem a capacidade de se dividir, "envelhecer" e, finalmente, morrer.
As células cancerosas podem se dividir muitas vezes mais do que isso, em grande parte porque elas
expressam uma enzima chamada telomerase, a qual reverte o desgaste das extremidades do cromossomo
que normalmente acontece durante cada divisão celular. Há outras diferenças entre as células cancerosas e
as células normais que não estão diretamente relacionadas ao ciclo celular. Essas diferenças contribuem
para seu crescimento, divisão e formação de tumores. Por exemplo, as células cancerosas obtêm a
capacidade de migrar para outras partes do corpo, um processo chamado metástase , e de promover o
crescimento de novos vasos sanguíneos, um processo chamado angiogênese (que fornece uma fonte de
oxigênio e nutrientes às células tumorais). As células cancerosas também não se submetem à morte celular
programada, ou apoptose, sob condições em que as células normais o fariam (por exemplo, devido a danos
no DNA). Além disso, pesquisas recentes mostram que as células cancerosas podem sofrer alterações
metabólicas que auxiliam um aumento do crescimento e da divisão celular.
Como se desenvolve o câncer: As células possuem diversos mecanismos para restringir a divisão celular,
consertar danos no DNA e impedir o desenvolvimento de câncer. Por causa disso, considera-se que o
câncer se desenvolve por um processo com múltiplas etapas, no qual vários mecanismos devem falhar
antes que uma massa crítica seja atingida e as células tornem-se cancerosas. Especificamente, a maioria
dos cânceres surge quando células adquirem uma série de mutações - fase S (g1- S) (alterações no DNA)
que fazem com que se dividam mais rapidamente, escapem dos controles internos e externos da divisão e
evitem a morte celular programada. Como funcionaria esse processo? Em um exemplo hipotético, uma
célula pode, primeiramente, perder a atividade de um inibidor do ciclo celular, um evento que faria as
descendentes da célula se dividirem um pouco mais rapidamente. É improvável que sejam cancerosas, mas
podem formar um tumor benigno, uma massa de células que se dividem em excesso, mas não têm o
potencial para invadir outros tecidos (desenvolver metástases). Ao longo do tempo, pode ocorrer uma
mutação em uma das células descendentes, causando o aumento da atividade de um regulador positivo do
ciclo celular. A mutação, por si só, não pode causar câncer também, mas os descendentes dessa célula se
dividiriam ainda mais rápido, criando uma maior concentração de células na qual poderia ocorrer uma
terceira mutação. Finalmente, uma célula pode conseguir mutações suficientes para assumir as
características de uma célula cancerosa e dar origem a um tumor maligno, um grupo de células que se
divide excessivamente e pode invadir outros tecidos.
À medida que o tumor progride, normalmente aumentam cada vez mais as mutações de suas células.
Cânceres em estágio avançado podem apresentar alterações importantes em seus genomas, inclusive
mutações de grande escala como a perda ou duplicação de cromossomos inteiros. Como é que surgem
essas alterações? Em alguns casos, ao menos, parece que elas ocorrem por causa das mutações inativadas
nos próprios genes que mantêm o genoma estável (isto é, os genes que impedem a ocorrência de mutações
ou sua transmissão).
Esses genes codificam proteínas que percebem e reparam dano ao DNA, interceptam agentes químicos
ligantes de DNA, mantêm os caps dos telômeros nas pontas dos cromossomos e desempenham outros
papéis-chave de manutenção. Se um desses genes estiver mutado e não funcional, outras mutações podem
se acumular rapidamente. Então, se uma célula tem um fator de estabilidade genômica não funcional, suas
descendentes podem atingir uma massa crítica de mutações necessárias para o câncer muito mais
rapidamente que células normais.
Diferentes tipos de câncer envolvem diferentes tipos de mutações, e cada tumor individual tem um
conjunto único de alterações genéticas. De modo geral, contudo, mutações em dois tipos de reguladores do
ciclo celular podem promover o desenvolvimento de câncer: reguladores positivos podem ser superativados
(tornarem-se oncogênicos), enquanto reguladores negativos, também chamados de supressores de tumor,
podem ser inativados.
Oncogenes
Reguladores positivos do ciclo celular podem estar superativados no câncer. Por exemplo, um receptor de
fator de crescimento pode enviar sinais mesmo quando fatores de crescimento não estão presentes, ou
uma ciclina pode ser expressada em níveis anormalmente elevados. As formas muito ativas (promotoras de
câncer) desses genes são chamadas de oncogenes, enquanto as formas normais, ainda não mutadas, são
chamadas de proto-oncogenes. Este sistema de nomenclatura reflete que um proto-oncogene normal pode
se transformar em um oncogene se ele sofrer mutação de tal maneira que sua atividade seja aumentada.
Quantas cópias de genes devem sofrer mutação? Mutações que transformam proto-oncogenes em
oncogenes podem ter diferentes formas. Algumas mudam a sequência de aminoácidos da proteína,
alterando seu formato e prendendo-a em um estado "sempre ligado". Outras envolvem amplificação, na
qual uma célula ganha cópias extras de um gene e, assim, começa a fabricar proteínas demais. Ainda em
outros casos, um erro na reparação do DNA pode conectar um proto-oncogene a parte de um gene
diferente, produzindo uma proteína "combo" com atividade desregulada
Muitas das proteínas que transmitem sinais de fator de crescimento são codificadas por proto-oncogenes.
Normalmente, essas proteínas dirigem a progressão do ciclo celular apenas quando fatores de crescimento
estão disponíveis. Entretanto, se uma das proteínas se torna hiperativa devido à mutação, ela pode
transmitir sinais mesmo quando não há fator de crescimento presente. No diagrama acima, o receptor do
fator de crescimento, a proteína Ras, e a enzima de sinalização Raf, são todos codificados por
proto-oncogenes.
Formas hiperativas dessas proteínas são comumente encontradas em células de câncer. Por exemplo,
mutações oncogênicas da Ras são encontradas em aproximadamente 90% dos cânceres pancreáticos. Ras
é uma proteína G, significando que ela alterna entre uma forma inativa (ligada a uma pequena molécula de
GDP) e uma forma ativa (ligada a uma molécula parecida, GTP). Mutações cancerígenas frequentemente
mudam a estrutura da Ras de modo que ela não mais possa mudar para a forma inativa, ou então o faz
muito lentamente, deixando a proteína presa em um estado "ligado" (veja o desenho acima)
Supressores de tumor
Os reguladores negativos do ciclo celular podem estar menos ativos (ou mesmo não funcionais) em células
cancerosas. Por exemplo, uma proteína que interrompe a progressão do ciclo celular em resposta a danos
no DNA pode não mais perceber o dano ou desencadear uma resposta. Os genes que normalmente
bloqueiam a progressão do ciclo celular são conhecidos como supressores de tumor. Os supressores de
tumor previnem a formação de tumores cancerosos quando estão funcionando corretamente, e tumores
podem se formar quando eles sofrem mutações de modo que não funcionem mais.
Um dos mais importantes supressores de tumor é a proteína p53 - induz a apoptose., que desempenha
um papel-chave na resposta celular ao dano no DNA. A p53 age primeiramente ao final de G (controlando a
transição de G para S), onde ela bloqueia a progressão do ciclo celular em resposta a um DNA danificado e
a outras condições desfavoráveis
Quando o DNA de uma célula é danificado, uma proteína sensora ativa a p53, que interrompe o ciclo celular
no final de G desencadeando a produção de um inibidor do ciclo celular. Essa pausa dá tempo para o
reparo do DNA, que também depende da p53, cuja segunda função é ativar enzimas de reparação do DNA.
Se o dano for consertado, a p53 irá liberar a célula, permitindo que ela continue através do ciclo celular. Se
o dano não for passível de conserto, a p53 irá desempenhar seu terceiro e último papel: desencadear a
apoptose (morte celular programada) de modo que o DNA danificado não seja passado adiante.
Em células cancerosas, a p53 geralmente está ausente, não funcional ou menos ativa que o normal. Por
exemplo, muitos tumores cancerosos têm uma forma mutante da p53 que não consegue mais se ligar ao
DNA. Como a p53 age ligando-se a genes-alvo e ativando sua transcrição, a proteína mutante não ligante é
incapaz de realizar o seu trabalho. Quando a p53 está deficiente, uma célula com DNA danificado pode
proceder com a divisão celular. As células-filha de tal divisão provavelmente irão herdar mutações devido
ao DNA não reparado da célula-mãe. Ao longo de gerações, células com a p53 defeituosa tendem a
acumular mutações, algumas das quais podem transformar proto-oncogenes em oncogenes ou inativar
outros supressores de tumor.
A proteína p53 é o gene mais comumente mutado nos cânceres humanos, e células cancerosas sem
mutações na p53 provavelmente inativam a p53 por meio de outros mecanismos (e.g., atividade aumentada
de proteínas que causam a reciclagem da p53)
A prevenção e a detecção precoce do câncer de colo de útero no Brasil seguem diretrizes estabelecidas pelo
Ministério da Saúde, que incluem a realização do exame preventivo (Papanicolau) e a vacinação contra o
HPV (papilomavírus humano). Abaixo estão os principais pontos focados na prevenção e detecção precoce:
O exame preventivo, também conhecido como exame citopatológico ou Papanicolau, é a principal estratégia
de rastreamento do câncer de colo de útero. Ele identifica alterações nas células do colo do útero que
podem evoluir para câncer, além de detectar lesões precursoras e o próprio câncer em estágios iniciais.
HOMENS TRANS E PESSOAS NÃO BINÁRIAS DESTINADAS A MULHERES AO NASCER.
● Indicação: O Ministério da Saúde recomenda que todas as mulheres sexualmente ativas, na faixa
etária de 25 a 64 anos, realizem o exame preventivo.
● Intervalos:
○ Primeiros Dois Exames: Devem ser realizados anualmente. Se os dois primeiros exames
tiverem resultados normais, o exame pode ser realizado a cada três anos.
○ Casos Especiais: Mulheres fora da faixa etária recomendada (abaixo de 25 anos ou acima
de 64 anos) devem discutir com seu médico a necessidade do exame, especialmente se
houver fatores de risco adicionais.
● Objetivo: Identificar precocemente lesões precursoras que podem ser tratadas antes de evoluírem
para câncer invasivo, além de detectar o câncer em estágios iniciais, quando as chances de cura
são maiores.
2. Vacinação contra o HPV:
A vacinação contra o HPV é uma estratégia preventiva fundamental, pois o HPV é o principal agente
causador do câncer de colo de útero.
Além do exame preventivo e da vacinação, o Ministério da Saúde recomenda outras medidas para a
prevenção do câncer de colo de útero:
● Uso de preservativos: Reduz o risco de infecção pelo HPV, embora não ofereça proteção completa.
● Educação sexual: Promover a conscientização sobre a transmissão do HPV e a importância da
vacinação e do exame preventivo.
● Tratamento de lesões precursoras: Mulheres com resultados alterados no Papanicolau devem ser
encaminhadas para diagnóstico e tratamento das lesões precursoras, evitando a progressão para
câncer.
4. Acompanhamento e Seguimento:
Mulheres que apresentam alterações no exame preventivo são encaminhadas para exames
complementares, como a colposcopia, e para tratamento, quando necessário. A continuidade do
acompanhamento é crucial para evitar a progressão das lesões.
O câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é uma das neoplasias malignas mais
comuns entre as mulheres, especialmente em países em desenvolvimento. A seguir, estão as principais
características da fisiopatologia, sinais/sintomas, diagnóstico e tratamento desse tipo de câncer.
Fisiopatologia:
O câncer de colo do útero geralmente se desenvolve a partir de lesões precursoras causadas pela infecção
persistente por tipos oncogênicos do papilomavírus humano (HPV), principalmente os tipos 16 e 18.
● Infecção pelo HPV: A infecção pelo HPV é transmitida principalmente por via sexual. Em muitas
mulheres, a infecção é transitória e o sistema imunológico consegue eliminá-la. No entanto, em
alguns casos, a infecção persiste e pode levar à transformação neoplásica das células do epitélio
cervical.
● Lesões Precursoras: A infecção persistente pelo HPV pode causar alterações celulares conhecidas
como neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Essas lesões podem ser classificadas em graus (NIC I, II
e III) com base na gravidade da displasia celular. As lesões de alto grau (NIC II e III) têm maior
probabilidade de progredir para câncer invasivo.
● Progressão para Câncer: Se não tratadas, as lesões precursoras podem evoluir para um carcinoma
invasivo, que pode se disseminar localmente para tecidos adjacentes e, eventualmente, para órgãos
distantes através de metástases.
2. Sinais e Sintomas:
O câncer de colo do útero em estágios iniciais geralmente é assintomático, o que reforça a importância do
rastreamento preventivo. À medida que a doença progride, os sintomas podem incluir:
● Sangramento vaginal anormal: O sintoma mais comum, que pode ocorrer após a relação sexual,
entre os períodos menstruais ou na pós-menopausa.
● Corrimento vaginal: Pode ser aquoso, rosa ou com cheiro desagradável.
● Dor pélvica: Dor na região pélvica, que pode estar associada ou não ao ato sexual (dispareunia).
● Sintomas urinários e intestinais: Em estágios mais avançados, o tumor pode comprimir estruturas
adjacentes, causando dificuldade para urinar, dor ao urinar (disúria) e alterações intestinais.
3. Diagnóstico:
O diagnóstico do câncer de colo do útero envolve várias etapas, começando com o rastreamento e seguindo
com exames diagnósticos confirmatórios:
4. Tratamento:
O tratamento do câncer de colo do útero depende do estágio da doença, das características do tumor e das
condições clínicas da paciente. As principais opções incluem:
● Cirurgia:
○ Conização: Procedimento cirúrgico para remover lesões precursoras ou tumores muito
iniciais. É realizado em casos de câncer in situ ou microinvasivo.
○ Histerectomia: Remoção do útero, indicada para tumores localizados no colo do útero.
Pode ser uma histerectomia simples ou radical (que inclui a remoção de tecidos adjacentes
e linfonodos).
● Radioterapia:
○ Radioterapia Externa: Aplicação de radiação na pelve para destruir células tumorais.
○ Braquiterapia: Técnica em que a fonte de radiação é colocada diretamente no colo do
útero ou próximo ao tumor.
● Quimioterapia:
○ Pode ser utilizada em combinação com a radioterapia (quimiorradiação) para tratar
tumores localmente avançados ou como tratamento paliativo em casos de doença
metastática.
● Terapia-alvo: Embora não seja comum, algumas pacientes podem ser candidatas a terapias-alvo
em casos de câncer avançado.
● Cuidados Paliativos: Em casos avançados e metastáticos, os cuidados paliativos são focados no
alívio dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.
● Criocirurgia
Resumo:
● Fisiopatologia: Infecção persistente pelo HPV leva a lesões precursoras que podem evoluir para
câncer invasivo.
● Sinais e Sintomas: Incluem sangramento vaginal anormal, corrimento, dor pélvica e sintomas
urinários/intestinais em estágios avançados.
● Diagnóstico: Feito por exame preventivo, colposcopia, biópsia e exames de imagem.
● Tratamento: Inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia e cuidados paliativos, dependendo do
estágio da doença.
A prevenção, incluindo vacinação contra HPV e realização regular do exame preventivo, é crucial para
reduzir a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero.
SALPINGOOFORECTOMIA BILATERAL
O papilomavírus humano (HPV) é um vírus DNA amplamente conhecido por sua associação com o
desenvolvimento de lesões benignas, como verrugas, e neoplasias malignas, como o câncer de colo do
útero. A seguir, explicarei o mecanismo do HPV e sua relação com o desenvolvimento de neoplasias
cervicais, com foco nos tipos oncológicos e não oncológicos, especialmente o HPV 16 e 18.
1. Mecanismo do HPV:
● Estrutura Viral: O HPV é um vírus de DNA de fita dupla, que infecta células epiteliais da pele e
mucosas. Sua infecção ocorre principalmente através de contato sexual, mas também pode ocorrer
por contato direto com lesões.
● Ciclo de Vida do HPV: O HPV infecta as células basais do epitélio através de microabrasões na
pele ou mucosa. Após a infecção, o vírus utiliza a maquinaria celular para replicar seu DNA e
produzir novas partículas virais, que se dispersam quando as células infectadas são descamadas.
● Oncoproteínas E6 e E7: Em infecções persistentes pelos tipos oncogênicos de HPV, como os tipos
16 e 18, as proteínas virais E6 e E7 são fundamentais para a transformação neoplásica das células
infectadas. Essas proteínas interferem no controle do ciclo celular, promovendo a imortalização
celular e o acúmulo de mutações.
2. Tipos de HPV:
Os HPV são classificados em tipos de baixo risco (não oncológicos) e de alto risco (oncogênicos) com base
no seu potencial para causar câncer.
● Integração Viral: Em infecções persistentes pelos tipos de HPV de alto risco, o DNA viral pode se
integrar ao DNA do hospedeiro, um passo crucial na carcinogênese. Essa integração
frequentemente resulta na expressão contínua e descontrolada das oncoproteínas E6 e E7.
● Inativação de p53 (Pela Proteína E6):
○ A proteína E6 do HPV 16 e 18 se liga à proteína supressora de tumor p53, marcando-a para
degradação proteossômica. A p53 normalmente desempenha um papel crucial na resposta
ao dano do DNA, promovendo a parada do ciclo celular e a apoptose de células com
mutações. Com a inativação da p53, as células infectadas continuam a se dividir,
acumulando mutações que podem levar à transformação maligna.
● Inativação de Rb (Pela Proteína E7):
○ A proteína E7 se liga à proteína do retinoblastoma (Rb), outro importante supressor
tumoral. A Rb controla a progressão do ciclo celular ao se ligar a fatores de transcrição,
impedindo a entrada prematura na fase S do ciclo celular. A inativação da Rb pela E7
resulta em proliferação celular descontrolada.
● Instabilidade Genômica: A atividade das oncoproteínas E6 e E7 promove a proliferação celular
sem os controles normais, levando à instabilidade genômica. As células acumulam mutações
adicionais, o que favorece a progressão de lesões precursoras (como NIC II e III) para carcinoma
invasivo.
● Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC): A infecção persistente pelo HPV 16 e 18 pode causar
alterações displásicas no epitélio cervical, classificadas como NIC I (displasia leve), NIC II (displasia
moderada) e NIC III (displasia grave ou carcinoma in situ). Essas lesões são precursoras do câncer
de colo do útero.
● Progressão para Câncer Invasivo: Se as lesões precursoras não forem detectadas e tratadas, elas
podem evoluir para carcinoma invasivo do colo do útero. O câncer de colo do útero pode ser do
tipo carcinoma de células escamosas (mais comum) ou adenocarcinoma (associado ao HPV 18).
Resumo:
● HPV 16 e 18: São os tipos de alto risco mais associados ao câncer de colo do útero, responsáveis
por 70% dos casos.
● Mecanismo Oncogênico: O HPV 16 e 18 expressam oncoproteínas E6 e E7, que inativam p53 e Rb,
levando à proliferação celular descontrolada e ao acúmulo de mutações.
● Desenvolvimento de Neoplasias: A infecção persistente pelo HPV de alto risco pode evoluir de
lesões precursoras (NIC) para carcinoma invasivo, se não for detectada e tratada precocemente.
A vacinação contra HPV e a realização regular do exame preventivo são as principais estratégias de
prevenção do câncer de colo do útero, visando interromper o ciclo de infecção e progressão da doença.
Fisiologia
A próstata desempenha um papel crucial na função reprodutiva masculina, contribuindo com fluidos que
compõem o sêmen. Sua atividade é regulada por hormônios androgênicos, como a testosterona, que são
convertidos em diidrotestosterona (DHT) dentro da glândula, um hormônio que estimula o crescimento
prostático.
A fisiologia do câncer de próstata é dominada pela regulação hormonal, especialmente pelos androgênios e
o receptor de androgênios, que impulsionam o crescimento do câncer. As alterações genéticas e
moleculares nas células prostáticas, combinadas com um microambiente tumoral favorável, permitem que o
câncer prospere e se espalhe. Em estágios avançados, o tumor pode desenvolver resistência ao tratamento
hormonal, tornando o manejo clínico mais desafiador.
1. Influência Hormonal
4. Progressão e Resistência
Patologia
A patologia do câncer de próstata é caracterizada por uma série de alterações histológicas, genéticas e
moleculares que levam à transformação maligna do tecido prostático. O câncer geralmente progride de
lesões precursoras, como a neoplasia intraepitelial prostática (PIN), para adenocarcinoma invasivo. Com o
avanço da doença, o tumor pode se disseminar localmente e para locais distantes, com predileção por
metástase óssea. O sistema de classificação de Gleason e as características moleculares do tumor são
fundamentais para determinar o prognóstico e orientar o tratamento.
1. Histopatologia
● Tipo Histológico Principal: O tipo mais comum de câncer de próstata é o adenocarcinoma, que se
origina nas células glandulares da próstata. Essas células são responsáveis pela secreção de fluido
prostático e, quando transformadas malignamente, perdem sua arquitetura glandular normal.
● Arquitetura Microscópica: Sob o microscópio, o adenocarcinoma da próstata apresenta glândulas
pequenas, irregulares, mal formadas e com núcleos hipercromáticos (de coloração mais escura
devido ao aumento do DNA nuclear). Essas glândulas são menores e menos definidas do que as
glândulas normais, frequentemente sem o revestimento basal, que está presente nas glândulas
prostáticas normais.
● Infiltração do Estroma: À medida que o tumor cresce, ele infiltra o estroma prostático, rompendo
a arquitetura glandular normal. O estroma pode exibir uma reação desmoplásica (formação de
novo tecido conjuntivo) em resposta à invasão tumoral.
3. Lesões Precursoras
5. Disseminação e Metástase
● Invasão Local: O câncer de próstata tende a crescer localmente, invadindo tecidos adjacentes,
como vesículas seminais, bexiga e uretra.
● Metástase Linfática: A disseminação para os linfonodos pélvicos é uma das primeiras etapas da
disseminação metastática. A metástase linfática é um importante fator prognóstico negativo.
● Metástase Óssea: A metástase óssea é característica do câncer de próstata avançado. As lesões
ósseas são predominantemente osteoblásticas, o que significa que induzem a formação de novo
tecido ósseo, em contraste com as lesões osteolíticas vistas em outros tipos de câncer. Essas lesões
causam dor intensa e podem levar a fraturas patológicas.
6. Resistência à Terapia
Manifestações Clínicas
O diagnóstico diferencial do câncer de próstata envolve a distinção entre esse carcinoma e outras
condições que afetam a próstata, como a hiperplasia prostática benigna (HPB) e a prostatite. Essas
condições podem apresentar sintomas semelhantes, especialmente nos estágios iniciais, mas possuem
diferentes implicações clínicas e tratamentos. Abaixo, descrevo as principais características do diagnóstico
diferencial e os exames clínicos e laboratoriais utilizados.
1. Câncer de Próstata
3. Prostatite
● Características: A prostatite é uma inflamação da próstata, que pode ser aguda ou crônica. Pode
ser causada por infecção bacteriana ou não infecciosa.
● Sintomas: Dor pélvica, dor ao urinar, febre (na prostatite aguda), disúria, dor perineal, dor ao
ejacular, sintomas urinários irritativos (como a urgência), além de possível febre e mal-estar geral
na forma aguda.
● Fatores de Risco: Infecções urinárias recorrentes, instrumentação urológica recente, trauma
pélvico.
● Faz o exame de urina.
Fosfatase alcalina
Testosterona serica
Biopsia
A Escala de Gleason é um sistema de classificação histopatológica utilizado para avaliar a agressividade dos
adenocarcinomas da próstata com base na arquitetura das glândulas tumorais. Desenvolvida por Donald
Gleason em 1966, essa escala é fundamental para prever o comportamento biológico do câncer de próstata
e orientar as decisões terapêuticas. Abaixo, detalho os principais aspectos da Escala de Gleason.
1. Padrão 1:
○ Glândulas pequenas, uniformes e bem diferenciadas, que se assemelham muito às
glândulas prostáticas normais. Este padrão é raro e, na prática moderna, praticamente não
é mais utilizado.
2. Padrão 2:
○ Glândulas maiores, ainda bem formadas, mas com mais espaçamento entre elas. Ainda são
relativamente bem diferenciadas, mas com algumas irregularidades.
3. Padrão 3:
○ Glândulas discretas, de tamanho variável, com bordas irregulares. As glândulas ainda estão
individualizadas, mas começam a se infiltrar no tecido adjacente. Este é o padrão mais
baixo considerado maligno e comum em tumores menos agressivos.
4. Padrão 4:
○ Glândulas fusionadas, formando aglomerados ou faixas contínuas. Há perda da estrutura
glandular discreta, indicando maior agressividade. Este padrão é característico de tumores
mais avançados e agressivos.
5. Padrão 5:
○ Ausência quase total de formação glandular. As células tumorais crescem em padrões
sólidos ou em folhas, indicando um tumor altamente agressivo e mal diferenciado.
● Gleason 6 (3+3): Tumores bem diferenciados. Este tipo de câncer tende a crescer lentamente e tem
menor probabilidade de se espalhar para outras partes do corpo. Pacientes com Gleason 6 podem
ser candidatos à vigilância ativa, em vez de tratamento imediato.
● Gleason 7 (3+4 ou 4+3): Tumores moderadamente diferenciados. Gleason 7 é uma categoria
intermediária, onde o padrão dominante (3 ou 4) influencia a agressividade do tumor. Tumores com
4+3 são considerados mais agressivos do que 3+4.
● Gleason 8-10 (4+4, 4+5, 5+4, 5+5): Tumores mal diferenciados. Estes tumores são mais propensos
a se espalhar rapidamente e têm um prognóstico pior. Tratamentos mais agressivos, como cirurgia,
radioterapia ou terapia hormonal, são geralmente recomendados.
Nos últimos anos, houve uma atualização no sistema de Gleason para refletir melhor o comportamento
biológico dos tumores. Essa nova classificação agrupa as pontuações em cinco grupos de grau (Grade
Groups), que ajudam a simplificar a comunicação entre médicos e pacientes:
1. Hábitos Saudáveis:
○ Alimentação: Dietas ricas em frutas, vegetais e grãos integrais, e pobres em gorduras
saturadas, podem reduzir o risco de câncer de próstata. O consumo de alimentos como
tomate (rico em licopeno), brócolis, peixe, e soja pode ter um efeito protetor.
○ Exercício Físico: A prática regular de atividade física está associada a uma menor
incidência de câncer de próstata, além de contribuir para o controle de peso e melhora
geral da saúde.
○ Controle de Peso: A obesidade está associada a um risco aumentado de câncer de
próstata agressivo. Manter um peso saudável é uma medida preventiva importante.
2. Redução de Fatores de Risco:
○ Álcool e Tabaco: Limitar o consumo de álcool e evitar o tabagismo são medidas que
podem contribuir para a redução do risco de câncer de próstata e de outras doenças.
○ Fatores Genéticos: Homens com histórico familiar de câncer de próstata têm um risco
aumentado. Embora não seja possível alterar os fatores genéticos, esses homens devem
estar cientes de seu risco aumentado e discutir a detecção precoce com seus médicos.
A detecção precoce é crucial para identificar o câncer de próstata em estágios iniciais, quando as chances
de tratamento curativo são maiores. No entanto, a estratégia de detecção precoce deve ser individualizada,
considerando os benefícios e riscos dos exames.
O Ministério da Saúde do Brasil, através de suas políticas públicas, promove a prevenção e o controle do
câncer de próstata no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Essas políticas fazem parte de uma
abordagem integrada para o cuidado à saúde do homem.
A campanha "Novembro Azul" é uma iniciativa do Ministério da Saúde e de diversas entidades para
conscientizar os homens sobre a importância do cuidado com a saúde, com foco na prevenção e detecção
precoce do câncer de próstata. Durante o mês de novembro, são realizadas ações educativas, além de
maior disponibilidade de exames preventivos.
Lançada em 2009, essa política visa facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de
saúde, especialmente na faixa etária de 20 a 59 anos. A política aborda aspectos de saúde preventiva e
curativa, incluindo a detecção precoce do câncer de próstata e a promoção de hábitos de vida saudáveis.
LINHA AZUL
1. Metástase Óssea:
○ Descrição: As metástases ósseas são as mais comuns e uma característica marcante do
câncer de próstata avançado. O esqueleto é o principal alvo metastático, sendo as
vértebras, costelas, pelve e fêmur os ossos mais frequentemente afetados.
○ Mecanismo de Disseminação: A disseminação para os ossos geralmente ocorre por via
hematogênica, através do plexo venoso vertebral (plexo de Batson), que permite a
passagem direta das células tumorais para a coluna vertebral.
○ Características Clínicas: As metástases ósseas do câncer de próstata são tipicamente
osteoblásticas (formadoras de osso), diferindo de muitas outras neoplasias que causam
metástases osteolíticas (destrutivas). Os pacientes podem apresentar dor óssea intensa,
fraturas patológicas e elevação da fosfatase alcalina sérica, que reflete a atividade
osteoblástica.
2. Metástase Linfonodal:
○ Descrição: Os linfonodos regionais são frequentemente o primeiro local de metástase do
câncer de próstata. Inicialmente, os linfonodos pélvicos (como os ilíacos e obturatórios)
são afetados, seguidos pelos linfonodos para-aórticos.
○ Mecanismo de Disseminação: As células tumorais se espalham através do sistema
linfático, primeiro para os linfonodos regionais e, em estágios mais avançados, para
linfonodos distantes.
○ Características Clínicas: A linfadenopatia (aumento dos linfonodos) pode ser palpável em
casos avançados, embora nem sempre cause sintomas óbvios.
3. Metástase Pulmonar:
○ Descrição: Embora menos comum que as metástases ósseas e linfonodais, os pulmões
também podem ser um sítio de metástase no câncer de próstata avançado.
○ Mecanismo de Disseminação: A disseminação para os pulmões ocorre por via
hematogênica. O câncer de próstata pode atingir os pulmões diretamente através da
circulação sistêmica.
○ Características Clínicas: As metástases pulmonares podem ser assintomáticas ou causar
sintomas como tosse, dor torácica e dispneia, dependendo da extensão do
comprometimento pulmonar.
4. Metástase Hepática:
○ Descrição: O fígado é outro local comum de metástase em casos de câncer de próstata
avançado, embora seja menos frequente que as metástases ósseas.
○ Mecanismo de Disseminação: A disseminação para o fígado geralmente ocorre através da
circulação sistêmica, onde as células tumorais podem se alojar no parênquima hepático.
○ Características Clínicas: As metástases hepáticas podem causar sintomas como dor
abdominal, hepatomegalia (aumento do fígado) e, em casos avançados, icterícia. No
entanto, muitas vezes as metástases hepáticas são silenciosas e descobertas apenas em
exames de imagem.
5. Outros Sítios de Metástase:
○ Embora menos comuns, outros órgãos como as glândulas adrenais, o cérebro e os rins
também podem ser afetados por metástases em estágios avançados de câncer de próstata.
Esses sítios metastáticos estão associados a um prognóstico pior e são geralmente vistos
em pacientes com doença amplamente disseminada.
Considerações Clínicas
Características
● Morfologia: Não formam massas sólidas; as células malignas estão dispersas no sangue e na
medula óssea.
● Crescimento: O crescimento é difuso e pode afetar a produção normal de células sanguíneas,
levando a anemia, infecções e hemorragias.
● Tratamento: O tratamento frequentemente envolve quimioterapia sistêmica, terapia alvo e
transplante de medula óssea.
Comparação entre Câncer Sólido e Não Sólido
Característica Câncer Sólido Câncer Não Sólido
Estrutura Massa sólida Células dispersas
Localização Órgãos e tecidos Sangue e medula óssea
Exemplos Carcinomas, sarcomas Leucemias, linfomas
Crescimento Local com possibilidade de metástase Difuso, infiltrado no sangue
A LMA ocorre por transformação maligna das células jovens (blastos) que irão dar origem a linhagem
mieloide do sangue (parte dos leucócitos, hemácias e plaquetas).
Mais comum em adultos acima dos 60 anos, no sexo masculino e em brancos. Porém, atinge todas as
idades.
● Prognóstico:
○ O prognóstico varia amplamente dependendo de fatores como idade, estado geral do
paciente, características citogenéticas e moleculares da doença. A taxa de sobrevivência
em cinco anos é geralmente inferior a 30% em adultos.
● Formas de Apresentação:
○ Sintomas iniciais incluem fadiga, febre, hemorragias (petequias, equimoses), dor óssea e
infecções recorrentes. A infiltração da medula óssea leva à anemia e trombocitopenia.
● Epidemiologia:
○ A LMA representa aproximadamente 25% das leucemias em adultos. A incidência é de
cerca de 3,6 casos por 100.000 habitantes por ano, com variações geográficas e étnicas.
A LMC é a transformação maligna das células adultas da série mieloide. Curso inicial lento. Risco de
transformação blastica ao longo dos anos
A LMC é causada por um defeito de um cromossoma, que se torna mais curto do que o usual, chamado
de cromossoma Filadélfia. Este defeito não é transmitido dos pais para os filhos, e sim adquirido durante
a vida. Adultos entre 30 e 50 anos, sendo muito rara em crianças e jovens. O aumento do baço e/ou
fígado, associado a uma contagem de leucócitos muito elevada no hemograma, é um achado típico da
LMC.
● Faixa Etária:
○ Mais comum em adultos, especialmente entre 50 e 70 anos.
● Prognóstico:
○ O prognóstico melhorou significativamente com o uso de inibidores de tirosina quinase
(ex.: imatinibe). A sobrevida média é superior a 10 anos na fase crônica, mas pode ser
menor nas fases acelerada e blástica.
● Formas de Apresentação:
○ Inicialmente assintomática ou com sintomas leves como fadiga e esplenomegalia. Com a
progressão, pode haver aumento da leucocitose e sintomas relacionados à crise blástica
(semelhança com LMA).
● Epidemiologia:
○ Representa cerca de 15% das leucemias em adultos. A incidência é de aproximadamente
1,5 a 2,0 casos por 100.000 habitantes por ano.
Prognóstico
Esfregaço Sanguíneo
● Descrição: Avaliação morfológica das células sanguíneas através de um esfregaço corado.
● Importância: Permite a identificação de células imaturas (blastos), que são indicativas de
leucemia, além de outras anormalidades celulares.
Citometria de Fluxo
● Descrição: Técnica que permite a análise fenotípica das células sanguíneas.
● Utilidade: Identificação de subtipos de leucemia com base na expressão de marcadores de
superfície celular. É crucial para diferenciar leucemias agudas (LMA, LLA) e crônicas (LMC, LLC).
Exames Clínicos
Avaliação Clínica
● Descrição: Inclui a anamnese detalhada e exame físico.
● Sinais e Sintomas Comuns:
○ Fadiga, palidez, febre, sudorese noturna, perda de peso inexplicada.
○ Hemorragias e equimoses devido à trombocitopenia.
○ Linfadenopatia e esplenomegalia.
Exames de Imagem
● Ultrassonografia Abdominal: Para avaliar esplenomegalia e hepatomegalia.
● Tomografia Computadorizada (TC): Pode ser utilizada para investigar linfonodos aumentados ou
massas mediastinais.
Diagnóstico Diferencial
É importante considerar outras condições que podem mimetizar as manifestações clínicas das leucemias,
tais como:
● Anemia ferropriva.
● Síndromes mielodisplásicas.
● Linfomas.
● Infecções virais (ex.: HIV, mononucleose).
○ Descreva o tratamento das leucemias e suas indicações.
O tratamento das leucemias é altamente dependente do tipo específico da doença, da fase em que se
encontra, das características genéticas das células leucêmicas e das condições clínicas do paciente. A
abordagem terapêutica pode incluir quimioterapia, terapia alvo, radioterapia, transplante de medula óssea
e cuidados paliativos. A seguir, descrevem-se os principais tipos de leucemia e suas respectivas opções de
tratamento.
Tratamento:
- Quimioterapia Intensiva:
- Regimes como o protocolo de Berlin-Frankfurt-Münster (BFM) são frequentemente utilizados.
- Indução com agentes como vincristina, prednisona, asparaginase e daunorrubicina.
- Terapia de Manutenção:
- Inclui metotrexato, mercaptopurina e prednisona por um período prolongado.
- Terapia Alvo:
- Para pacientes com mutações específicas, como a fusão BCR-ABL, pode ser utilizada a imatinibe ou
outros inibidores de tirosina quinase.
Indicações:
- Tratamento inicial para todos os pacientes diagnosticados com LLA.
- TCTH em pacientes com alto risco de recidiva ou falha na resposta à quimioterapia.
- Quimioterapia de Consolidação:
- Após a remissão, ciclos adicionais de quimioterapia são administrados para eliminar células residuais.
- Terapia Alvo:
- Inibidores de FLT3 (como midostaurina) para pacientes com mutações FLT3.
- Inibidores de IDH (como ivosidenibe e enasidenibe) para leucemias com mutações IDH.
Indicações:
- Quimioterapia é o tratamento padrão para todos os pacientes com LMA.
- TCTH em casos de alto risco ou recidiva.
Tratamento:
- Observação Vigilante:
- Em estágios iniciais e assintomáticos, pode ser adotada uma abordagem de "watchful waiting".
- Terapia Alvo:
- Inibidores de BTK (como ibrutinibe) e inibidores de BCL-2 (como venetoclax) são opções eficazes.
Indicações:
- Tratamento ativo em pacientes sintomáticos ou com progressão da doença.
- Terapias alvo em pacientes com características genéticas específicas ou resistência à quimioterapia.
Tratamento:
- Terapia Alvo:
- Inibidores de tirosina quinase, como imatinibe, nilotinibe e dasatinibe, são o tratamento de primeira
linha.
Indicações:
- Tratamento contínuo com inibidores de tirosina quinase para todos os pacientes diagnosticados.
- TCTH em situações de falha no tratamento ou evolução para fase acelerada/blástica.
Considerações Finais
O manejo das leucemias deve ser individualizado, levando em consideração fatores como idade, estado
geral do paciente, presença de comorbidades e características moleculares da doença. O
acompanhamento regular e a monitorização da resposta ao tratamento são cruciais para otimizar os
resultados e ajustar as estratégias terapêuticas conforme necessário.
Referências
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