Teorico
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em Oncologia
Introdução à Oncologia
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Revisor Técnico:
Prof. Dr. Julio Cesar
Introdução à Oncologia
• Introdução;
• Epidemiologia;
• Fisiopatologia;
• Nomenclatura dos Tumores;
• Estadiamento;
• Fatores de Risco para o Câncer;
• Medidas de Prevenção.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender o processo de evolução do câncer e sua relação com a promoção da saúde e
com a prevenção da doença.
UNIDADE Introdução à Oncologia
Introdução
O câncer agrega um conjunto de doenças com mais de 100 diferentes tipos, que têm
como características em comum a malignidade, diferentes tipos morfológicos, com cres-
cimento celular desordenado e dividindo-se descontroladamente, formando os tumores,
que podem invadir tecidos vizinhos ou órgãos, ou se disseminar para outros órgãos.
Por longo período, a cura do câncer pareceu improvável, porém, com a evolução do
conhecimento científico e os avanços tecnológicos foi possível melhorar a qualidade de
vida em pacientes cuja doença persiste, e observar remissão completa em alguns casos
de neoplasias. Esses benéficos no tratamento evoluem crescentemente, transformando
os grandes avanços científicos em sucessos terapêuticos.
Epidemiologia
O câncer é considerado no mundo como principal problema de saúde pública, em vá-
rios países, é o causador de morte de pessoas antes dos 70 anos de idade. A incidência e
mortalidade por câncer, em parte, relaciona-se com o envelhecimento e crescimento da
população, como também o aumento da incidência de vários fatores de risco, fortemente
pautados nos hábitos de vida, na cultura e exposição a fatores ambientais.
Fisiopatologia
O crescimento e a divisão celular são processos cuidadosamente controlados, que
dependem da interação precisa de múltiplos fatores reguladores. Na neoplasia, em vez
de um processo normal, a nova célula não obedece às leis do crescimento em razão das
perdas de restrições fisiológicas ao crescimento e à divisão celular. As três principais
classes de genes envolvidos no desenvolvimento do câncer são: oncogenes, genes
supressores de tumores e genes de reparo do DNA.
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Os oncogenes são genes derivados de proto-oncogenes celulares que com algum
estímulo podem reproduzir-se de forma desordenada, resultando em tumores.
Os genes de reparo do DNA são capazes de reparar danos no DNA da célula e pre-
venir mutação dos genes, regulando o crescimento da célula e apoptose. Essa condição
é resultado da habilidade da célula normal.
Você Sabia?
O processo de formação dos tumores malignos também é denominado carcinogênese
ou oncogênese, e que normalmente acontece vagarosamente e pode levar anos para
que o tumor seja visível aos exames de imagens, ou mesmo palpável. A exposição a dife-
rentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção
e progressão.
Figura 1
Fonte: Adaptada de inca.gov.br
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UNIDADE Introdução à Oncologia
apresenta genoma alterado, mas não expresso, com fenótipo ainda normal, ou seja, as
células estão somente preparadas/iniciadas para a ação de um segundo agente;
Figura 2
Fonte: Adaptada de inca.gov.br
Figura 3
Fonte: Adaptada de inca.gov.br
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• Estágio de progressão: Caracteriza-se pela multiplicação descontrolada e irre-
versível das células alteradas, transformando-as em um tumor caracterizado por
alterações na taxa de crescimento, potencial invasivo e frequência de metástases.
Nesse estágio, o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras
manifestações clínicas da doença.
Figura 4
Fonte: Adaptada de inca.gov.br
Câncer
Figura 5
Fonte: Adaptada de inca.gov.br
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UNIDADE Introdução à Oncologia
Em casos de metástases, as células do novo tumor podem ser diferentes das células
do tumor primário, porém, têm características semelhantes. Dessa forma, fica mais
difícil obter sucesso no tratamento.
Agentes Canceriogênicos
Figura 6
Fonte: Adaptada de inis.iaea.org
Exemplos:
• Condroma: refere-se ao tumor benigno do tecido cartilaginoso;
• Lipoma: refere-se ao tumor benigno do tecido gorduroso;
• Adenoma: refere-se ao tumor benigno do tecido glandular.
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Os tumores originados de tecidos epiteliais diferenciam-se conforme os aspectos fun-
cionais no tecido de origem, tais como:
• Carcinomas: quando originados do tecido epitelial não glandular, por exemplo, o
carcinoma basocelular da face de origem ectodérmica, carcinoma de células transi-
cionais de origem mesodérmica, e carcinoma broncogênico de origem endodérmica;
• Adenocarcinoma: são aqueles originados do tecido epitelial glandular (glându-
las e esboços glandulares, ou que apresenta atividade secretora). Nesse caso,
deve-se indicar o órgão de origem sempre que possível, por exemplo, adeno-
carcinoma gástrico.
Estadiamento
Estágio ou estádio é um sistema de classificação baseado na extensão anatômica apa-
rente da neoplasia maligna. Um sistema universal de estadiamento permite a comparação
de cânceres de origem celulares semelhantes. A classificação ajuda a definir o plano tera-
pêutico e o diagnóstico em cada cliente, contribuir para pesquisa sobre o câncer humano,
comparar resultados de tratamento entre instituições e analisar estatísticas mundiais.
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UNIDADE Introdução à Oncologia
Quadro 1
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Marcadores Tumorais, disponível em: https://bit.ly/327LUD3
TNM – Classificação de Tumores Malignos, disponível em: https://bit.ly/2QbiGk6
Quadro 2
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Uma notícia favorável é que parte desses fatores ambientais depende do compor-
tamento do indivíduo, que pode ser modificado, reduzindo o risco de desenvolver um
câncer. Algumas dessas mudanças dependem somente do indivíduo, enquanto outras
requerem alterações em nível populacional e comunitário.
Importante ressaltar que um alto percentual de mortes por câncer pode ser evitado,
mas, para isso acontecer, todos devem contribuir para modificar o risco de desenvolvi-
mento do câncer.
Uso de tabaco
É a principal causa dos cânceres de pulmão, laringe, cavidade oral e esôfago. Tem
um importante papel nos cânceres de bexiga, leucemia mieloide, pâncreas, colo do
útero e outros.
Alimentação inadequada
Uma alimentação rica em gordura saturada e pobre em frutas, legumes e verduras
aumenta o risco dos cânceres de mama, cólon, próstata e esôfago. Uma alimentação
rica em alimentos de alta densidade energética aumenta o risco de ganho de peso de
desenvolvimento da obesidade, que é um fator de risco para diversos tipos de câncer.
Inatividade física
A prática regular de atividade física diminui o risco de câncer de cólon e reto, de
mama (na pós-menopausa) e de endométrio; além disso, reduz o risco de desenvolver
obesidade (fator de risco para diversos tipos de câncer).
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Obesidade
É um fator de risco importante para os cânceres de endométrio, próstata, rim, vesí-
cula biliar e mama.
Você Sabia?
O risco de desenvolver câncer de cavidade oral é aumentado quando há associação ao fumo.
Agentes infecciosos
Eles respondem por 18% dos cânceres no mundo. O vírus do papiloma humano
(HPV), o vírus da hepatite B e a bactéria Helicobacter pylori respondem pela maioria
dos cânceres associados a infecções.
Exposições ocupacionais
Substâncias encontradas no ambiente de trabalho, tais como: asbesto, arsênio,
benzeno, sílica, radiação, agrotóxico, poeira de madeira e de couro e fumaça do
tabaco são carcinogênicos.
A poluição tabagista ambiental é a principal poluição em ambientes fechados, segun-
do a OMS, sendo classificada como tabagismo passivo.
A poluição ambiental, da água, do ar e do solo respondem por 1% a 4% dos cânceres
em países desenvolvidos.
A radiação ionizante e as drogas utilizadas no tratamento quimioterápico aumentam
o risco de leucemia, câncer de pulmão e mama em profissionais expostos a altas ou
moderadas doses desses métodos terapêuticos.
Nível socioeconômico
A associação do nível socioeconômico com vários tipos de cânceres provavelmente
se refere ao seu papel como marcador do modo de vida e de exposição das pessoas a
outros fatores de risco do câncer.
Comportamento sexual
Iniciar precocemente as atividades sexuais, possuir parceiro(a) sexual com múltiplas
parcerias e possuir múltiplos parceiro(a)s sexuais são fatores relacionados ao desenvol-
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vimento de infecção pelo HPV, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento
do câncer do colo do útero.
Idade
O risco da maioria dos cânceres aumenta com a idade e, por esse motivo, eles ocor-
rem mais frequentemente no grupo de pessoas com idade avançada.
Etnia ou raça
Os riscos de câncer variam entre grupos humanos de diferentes raças ou etnias. Algu-
mas dessas diferenças podem refletir características genéticas específicas, enquanto ou-
tras podem estar relacionadas a estilos de vida e exposições ambientais. Alguns grupos
étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer, como a leucemia linfocítica,
que é rara em orientais, e os negros dificilmente desenvolvem o Sarcoma de Ewing (uma
forma de tumor ósseo).
Hereditariedade
Com o desenvolvimento da tecnologia e os avanços no campo da genética, muitos es-
tudos mostram que a origem dos tumores pode ser desencadeada por fatores hereditários.
Os tumores hereditários mais comuns são os de mama, colorretal e próstata. As
mutações germinativas já identificadas nos genes supressores de BRCA 1 e BRCA 2
são responsáveis por 40 a 60% dos casos de câncer de mama e ovário. Outros tumores
hereditários mais raros são os retinoblastomas, polipose, neuroblastoma e carcinoma
medular de tireoide.
No entanto, os estudos muito têm contribuído para os casos hereditários, pois ava-
liam os indivíduos e famílias com história de câncer e possibilitam recomendações espe-
cíficas de exames preventivos de rastreamento para o diagnóstico precoce. Grupos de
estudos nacionais e internacionais estabeleceram critérios para rastrear pessoas assin-
tomáticas com predisposição para o câncer hereditário. Alguns dos critérios apontam
que, quando houver pelo menos duas pessoas afetadas pelo câncer de mama na família,
em pelo menos duas gerações e, principalmente, com diagnóstico antes dos 50 anos,
deve-se suspeitar do caráter hereditário da doença.
Gênero
Quanto ao gênero, certos cânceres ocorrem em apenas um sexo, devido a diferen-
ças anatômicas, como próstata e colo do útero; enquanto outros ocorrem em ambos os
sexos, mas com taxas significativas diferentes entre um sexo e outro, como o câncer da
bexiga (muito mais frequente no homem que na mulher) e o da mama (mais frequente
na mulher que no homem).
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Assim, quanto aos fatores de risco veja a imagem a seguir:
Figura 7
Fonte: Adaptada inca.gov.br
Medidas de Prevenção
Você sabe como prevenir o câncer?
Com conhecimento dos fatores predisponentes para o câncer, passa a ser possível a
programação de medidas preventivas, de rastreamento e ou detecção precoce.
De um modo geral, eliminar ou reduzir a exposição aos fatores de risco modificáveis
é uma medida de prevenção adequada para vários tipos de cânceres.
O câncer ocupacional possui o mais alto potencial de prevenção uma vez que se co-
nhece o local e o momento exato da exposição, o que permite interromper a exposição
mediante a substituição do produto cancerígeno ou da tecnologia empregada.
Assim, a participação efetiva dos profissionais de saúde nos programas de educação
comunitária para adoção de hábitos saudáveis de vida – parar de fumar, ter uma alimenta-
ção rica em fibras e frutas e pobre em gordura animal, limitar a ingestão de bebidas alcoó-
licas, praticar atividade física regularmente e controlar o peso – é de extrema importância.
A participação de membros da comunidade em atividades educativas pode ser uma
das estratégias para a informação e divulgação das medidas de controle do câncer. Para
isso acontecer, os profissionais de saúde devem instruí-los, orientando-os, em primeiro
lugar, quanto às possíveis medidas alimentares e comportamentais que valem a pena
serem estimuladas: evitar obesidade e sobrepeso, sedentarismo, fumo, alimentos de alta
concentração calórica e ingestão alcoólica em excesso.
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Figura 8
Fonte: Adaptada de wcrf.org
O(a) enfermeiro(a), no seu papel educador, deve cumprir e fazer cumprir as ações e
diretrizes traçadas pela política nacional de prevenção e controle do câncer, no que diz:
Ter um conjunto de ações estabelecidas e contínuas, que levem à conscientização da
população quanto aos fatores de riscos de câncer, que promovam a detecção precoce
do câncer e que deem acesso a um tratamento de qualidade, equitativo e em todo o
território nacional.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
A situação do câncer no Brasil
https://bit.ly/31YJdE3
Infecções
https://bit.ly/2PIx0Ru
Incidência de Câncer no Brasil
https://bit.ly/39Yruke
Estadiamento
https://bit.ly/3t7tyxV
ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer
https://bit.ly/3s9TvLX
Curso de atualização – ABC do câncer: Abordagens Básicas para o Controle do Câncer
https://bit.ly/3uBF1WR
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Referências
FIGUEIREDO, N. M. A. Enfermagem oncológica: conceitos e prática. 1. Ed. São
Caetano: Yendis, 2009.
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