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Enfermagem

em Oncologia
Introdução à Oncologia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Regina Aparecida Cabral

Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira

Revisor Técnico:
Prof. Dr. Julio Cesar
Introdução à Oncologia

• Introdução;
• Epidemiologia;
• Fisiopatologia;
• Nomenclatura dos Tumores;
• Estadiamento;
• Fatores de Risco para o Câncer;
• Medidas de Prevenção.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender o processo de evolução do câncer e sua relação com a promoção da saúde e
com a prevenção da doença.
UNIDADE Introdução à Oncologia

Introdução
O câncer agrega um conjunto de doenças com mais de 100 diferentes tipos, que têm
como características em comum a malignidade, diferentes tipos morfológicos, com cres-
cimento celular desordenado e dividindo-se descontroladamente, formando os tumores,
que podem invadir tecidos vizinhos ou órgãos, ou se disseminar para outros órgãos.
Por longo período, a cura do câncer pareceu improvável, porém, com a evolução do
conhecimento científico e os avanços tecnológicos foi possível melhorar a qualidade de
vida em pacientes cuja doença persiste, e observar remissão completa em alguns casos
de neoplasias. Esses benéficos no tratamento evoluem crescentemente, transformando
os grandes avanços científicos em sucessos terapêuticos.

Epidemiologia
O câncer é considerado no mundo como principal problema de saúde pública, em vá-
rios países, é o causador de morte de pessoas antes dos 70 anos de idade. A incidência e
mortalidade por câncer, em parte, relaciona-se com o envelhecimento e crescimento da
população, como também o aumento da incidência de vários fatores de risco, fortemente
pautados nos hábitos de vida, na cultura e exposição a fatores ambientais.

A estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão


625 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer
de pele não melanoma). O câncer de pele não melanoma será o mais
incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil
cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). Os tipos
de câncer mais frequentes em homens, à exceção do câncer de pele não
melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), es-
tômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Nas mulheres, exceto o câncer de
pele não melanoma, os cânceres de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%),
colo do útero (7,5%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%) figurarão entre os
principais. O câncer de pele não melanoma representará 27,1% de todos
os casos de câncer em homens e 29,5% em mulheres. (INCA, 2020)

Incidência do Câncer no Brasil, disponível em: https://bit.ly/3fU1Zoh

Fisiopatologia
O crescimento e a divisão celular são processos cuidadosamente controlados, que
dependem da interação precisa de múltiplos fatores reguladores. Na neoplasia, em vez
de um processo normal, a nova célula não obedece às leis do crescimento em razão das
perdas de restrições fisiológicas ao crescimento e à divisão celular. As três principais
classes de genes envolvidos no desenvolvimento do câncer são: oncogenes, genes
supressores de tumores e genes de reparo do DNA.

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Os oncogenes são genes derivados de proto-oncogenes celulares que com algum
estímulo podem reproduzir-se de forma desordenada, resultando em tumores.

Os genes supressores de tumores atuam como reguladores negativos de crescimento


celular, ou seja, reparam erros no DNA ou indicam a apoptose. São considerados re-
cessivos no seu modo de ação, ao contrário do efeito dominante das mutações em on-
cogenes. Quando os genes supressores do tumor não fazem sua função corretamente,
o crescimento celular fica desorganizado e sem controle, podendo levar ao surgimento
do câncer.

Os genes de reparo do DNA são capazes de reparar danos no DNA da célula e pre-
venir mutação dos genes, regulando o crescimento da célula e apoptose. Essa condição
é resultado da habilidade da célula normal.

Sendo assim, o câncer surge quando mutações alteram o controle do crescimento


em células normais, diretamente, provocando crescimento celular, ou, indiretamente,
impedindo os mecanismos normais que restringem a divisão celular.

Você Sabia?
O processo de formação dos tumores malignos também é denominado carcinogênese
ou oncogênese, e que normalmente acontece vagarosamente e pode levar anos para
que o tumor seja visível aos exames de imagens, ou mesmo palpável. A exposição a dife-
rentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção
e progressão.

Figura 1
Fonte: Adaptada de inca.gov.br

A carcinogênese é um processo dinâmico, caracterizado pelas etapas de iniciação, promo-


ção e progressão.

• Estágio de iniciação: Constitui o primeiro passo para o desenvolvimento da neoplasia.


Corresponde à interação do agente iniciador com o DNA da célula alvo. O agente ini-
ciador pode ser químico, biológico ou físico, capaz de modificar de forma permanente,
direta e irreversível, a estrutura molecular do DNA celular. Portanto, a célula iniciada

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UNIDADE Introdução à Oncologia

apresenta genoma alterado, mas não expresso, com fenótipo ainda normal, ou seja, as
células estão somente preparadas/iniciadas para a ação de um segundo agente;

Figura 2
Fonte: Adaptada de inca.gov.br

• Estágio de promoção: Nesse estágio, há expressão da alteração do genoma ocor-


rida na iniciação. Em geral, os agentes promotores não reagem diretamente com o
material genético da célula, mas afetam sua expressão por diferentes mecanismos.
Por exemplo, interagem com receptores da membrana celular, com os receptores
dos fatores de crescimento, com proteínas de membranas reguladoras de canais
de íons, ou ainda, com proteínas nucleares indutoras de mitose. Dessa forma, os
cancerígenos promotores estimulam a proliferação celular, resultando em expansão
clonal das células iniciadas e modulando a expressão fenotípica da alteração do
genoma. No entanto, essas alterações podem ser reversíveis, com a interrupção do
contato aos agentes promotores;

Figura 3
Fonte: Adaptada de inca.gov.br

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• Estágio de progressão: Caracteriza-se pela multiplicação descontrolada e irre-
versível das células alteradas, transformando-as em um tumor caracterizado por
alterações na taxa de crescimento, potencial invasivo e frequência de metástases.
Nesse estágio, o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras
manifestações clínicas da doença.

Figura 4
Fonte: Adaptada de inca.gov.br

Câncer
Figura 5
Fonte: Adaptada de inca.gov.br

Você sabe o que é metástase?


Os tumores malignos têm essa propriedade, que é a capacidade de invadir tecidos
vizinhos e de se disseminar para outros órgãos. Sendo assim, a metástase estabe-
lece o crescimento neoplásico secundário, à distância, sem continuidade com o foco
primitivo, ou seja, ocorre quando as células cancerosas viajam através da corrente
sanguínea ou dos vasos linfáticos para outras áreas do corpo.

Antes das células cancerígenas se disseminarem para outras partes do


corpo, elas passam por várias mudanças:
• Precisam se desprender do tumor primário e entrar na corrente sanguí-
nea ou sistema linfático, que as transportará para outra parte do corpo;
• Em algum momento, elas precisam aderir à parede de um vaso sanguí-
neo ou linfático e alcançar um novo órgão;
• Precisam ser capazes de crescer e se multiplicar em sua nova localização;
• Precisam ser capazes de evitar ataques do sistema imunológico do corpo
(INSTITUTO ONCOGUIA, 2019).

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Em casos de metástases, as células do novo tumor podem ser diferentes das células
do tumor primário, porém, têm características semelhantes. Dessa forma, fica mais
difícil obter sucesso no tratamento.

A imagem abaixo mostra as etapas do desenvolvimento do câncer.

Agentes Canceriogênicos

Figura 6
Fonte: Adaptada de inis.iaea.org

Nomenclatura dos Tumores


A denominação dos tumores tem por referência sua histogenicidade e histopatologia,
ou seja, é feita de acordo com seu tecido de origem.

As neoplasias benignas são designadas pelo acréscimo do sufixo -oma (tumor) ao


nome do tecido que as originou.

Exemplos:
• Condroma: refere-se ao tumor benigno do tecido cartilaginoso;
• Lipoma: refere-se ao tumor benigno do tecido gorduroso;
• Adenoma: refere-se ao tumor benigno do tecido glandular.

Para as neoplasias malignas, é necessário considerar o tecido embrionário e o tipo,


ou célula, que lhe deu origem. Assim, temos:

Nos tumores originados de tecidos mesenquimais, utiliza-se o sufixo -sarcoma (raiz


sarc “carne”), precedido pelo nome de tecido ou célula que o originou, tais como:
• Condrossarcoma: tumor maligno do tecido cartilaginoso;
• Lipossarcoma: tumor maligno do tecido gorduroso.

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Os tumores originados de tecidos epiteliais diferenciam-se conforme os aspectos fun-
cionais no tecido de origem, tais como:
• Carcinomas: quando originados do tecido epitelial não glandular, por exemplo, o
carcinoma basocelular da face de origem ectodérmica, carcinoma de células transi-
cionais de origem mesodérmica, e carcinoma broncogênico de origem endodérmica;
• Adenocarcinoma: são aqueles originados do tecido epitelial glandular (glându-
las e esboços glandulares, ou que apresenta atividade secretora). Nesse caso,
deve-se indicar o órgão de origem sempre que possível, por exemplo, adeno-
carcinoma gástrico.

Entretanto, caro(a) aluno(a), atente-se para as exceções:


• As exceções são representadas por alguns adenocarcinomas que são denominados
simplesmente carcinomas, por exemplo, carcinoma de mama;
• Alguns tumores têm a sua denominação consagrada pelo uso, embora de forma
inadequada. Exemplificando: melanoma, que é o tumor maligno originário da
proliferação dos melanócitos; e linfoma, que é o tumor maligno originário da
proliferação de linfócitos;
• Existem tumores cujos nomes se referem ao do cientista que primeiro os descreveu,
sendo denominados epônimos, por exemplo, linfoma de Burkitt; sarcoma de Ewing;
sarcoma de Kaposi; tumor de Wilms; doença de Hodkin; dentre outros. Isso se deve
à demora em esclarecer sua origem, ou simplesmente à consagração pelo uso.

Neoplasias Definicoes e Nomenclatura. Disponível em: https://youtu.be/zU7zggY44iA

Estadiamento
Estágio ou estádio é um sistema de classificação baseado na extensão anatômica apa-
rente da neoplasia maligna. Um sistema universal de estadiamento permite a comparação
de cânceres de origem celulares semelhantes. A classificação ajuda a definir o plano tera-
pêutico e o diagnóstico em cada cliente, contribuir para pesquisa sobre o câncer humano,
comparar resultados de tratamento entre instituições e analisar estatísticas mundiais.

O estadiamento consiste na avaliação da extensão da doença no sítio de origem,


nos órgãos e estruturas vizinhas, nos linfonodos regionais e à distância. O diagnóstico
completo de uma neoplasia maligna é fundamental para o estadiamento e planejamento
terapêutico. Os dados de anamnese, exame físico completo com locorregional detalha-
do, exames complementares e biópsia do resultado e histopatológico devem ser consi-
derados em conjunto.

Embora várias patologias têm sistemas de estadiamento próprios, o mais aceito e


recomendado universalmente é o preconizado pela União Internacional para o Con-
trole do Câncer (UICC), representado pela sigla TNM.

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Esse sistema envolve avaliação de três componentes básicos:


• Extensão local do tumor (T);
• Ausência ou presença de gânglios ou nódulos linfáticos regionais (N);
• Ausência ou presença de metástase à distância (M).

Assim, esse estadiamento é basicamente anatômico, não considera outros fatores


relativos ao tumor, ao paciente e ao tratamento que podem influenciar no prognóstico,
varia com a história natural de cada neoplasia e com a progressão e disseminação, e
considera o contexto de cada tumor.

Quadro 1

• TX: Tu primário não pode ser avaliado;


• T0: Não é evidência Tu primário;
T –Tumor primário (Tu) • Tis: Tu in situ;
• T1 a T4: variam com o diâmetro do tu e extensão local.

• NX: Linfonodos regionais não podem ser avaliados;


N – Linfonodo (N) • N0: Sem evidência de envolvimento de linfonodos regionais;
• N1 – 1: Envolvimento progressivo de linfonodos regionais.

• MX: Não podem ser avaliadas;


M – Metástase • M0: Não há metástase à distância;
à distância • M1: Presença de metástases à distância.

É importante ressaltar que existem outras formas de estadiamento, por exemplo,


quando expressam a classificação do tumor através de letras maiúsculas (A, B, C, D),
como observado na classificação dos cânceres de próstata, bexiga e intestino. Outro
exemplo que difere é verificado no estadiamento dos tumores ovarianos, conforme
orientação da UICC e Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia – Figo.

Os parâmetros de estadiamento devem incluir os fatores relacionados ao


tumor e ao hospedeiro, quais sejam:
• Órgão e tecido de origem do tumor;
• Classificação histopatológica do tumor;
• Extensão do tumor primário: tamanho ou volume; invasão de tecidos
adjacentes; comprometimento de nervos, vasos ou sistema linfático;
• Locais das metástases detectadas;
• Dosagem de marcadores tumorais;
• Estado funcional do paciente. (INCA, 2019)

Você sabe o que são os marcadores tumorais?


Os marcadores tumorais são substâncias dosadas no sangue ou em tecidos de pa-
cientes com doenças malignas, comumente elas não estão presentes, ou aparecem
em quantidades menores em indivíduos normais.

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Marcadores Tumorais, disponível em: https://bit.ly/327LUD3
TNM – Classificação de Tumores Malignos, disponível em: https://bit.ly/2QbiGk6

Veja no quadro a seguir, como é realizado o estadiamento do câncer colorretal:

Quadro 2

• TX: Tumor primário não pode ser avaliado;


• T0: Sem evidência de tumor primário;
• Tis: Carcinoma in situ: intra-epitelial ou invasão da lâmina própria;
• T1: Tumor invade a submucosa;
Tumor primário (T) • T2: Tumor invade a muscular própria;
• T3: Tumor invade além da muscular própria, sem ultrapassar a sub-
serosa ou os tecidos desperitonizados pericólicos ou perirretais;
• T4: Tumor invade diretamente utros órgãos ou estruturas e/ou
perfura o peritônio visceral.

• NX: N Não podem ser avaliados;


• NO: Ausênsia de metástase linfonodal;
Linfonodo regionais (N) • N1: Metástase para 1-3 linfonodos;
• N2: Metástase para mais de 4 linfonodos.

• MX: M Não pode ser avaliadas;


Metástase (M) • M0: Ausência de metástase;
• M1: Presença de metástase.

Fonte: Adaptada de sbcp.org.br

Fatores de Risco para o Câncer


Fator de risco é definido como a probabilidade de um indivíduo sadio, em exposição
a um agente, poder desenvolver uma doença ou algum dano. O câncer pode ser de-
senvolvido por fatores multicausais ou uni causais. Um pré-requisito para a prevenção
do câncer consiste na identificação dos determinantes do risco à doença. Os fatores de
riscos podem ser divididos em modificáveis e não modificáveis.
De maneira adversa, os fatores de proteção são aqueles que reduzem esse
risco. Exemplo: ingestão diária de pelo menos cinco porções de frutas, legumes
e verduras.

Fatores de Risco Modificáveis


Diversos fatores de risco classificados como modificáveis já foram identificados como:
uso de tabaco e álcool, hábitos alimentares inadequados, inatividade física, agentes in-
fecciosos, radiação ultravioleta, exposições ocupacionais, poluição ambiental, radiação
ionizante, alimentos contaminados, obesidade e situação socioeconômica.
Acrescenta-se nessa relação o uso de drogas hormonais, fatores reprodutivos e imu-
nossupressão.

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UNIDADE Introdução à Oncologia

A exposição a esses fatores é cumulativa com o tempo e, desse modo, o risco de


câncer também aumenta com a idade.

Assim, podemos dizer que: o risco individual de câncer é o resultado da interação


entre os fatores modificáveis e os não modificáveis.

Uma notícia favorável é que parte desses fatores ambientais depende do compor-
tamento do indivíduo, que pode ser modificado, reduzindo o risco de desenvolver um
câncer. Algumas dessas mudanças dependem somente do indivíduo, enquanto outras
requerem alterações em nível populacional e comunitário.

Um exemplo de uma modificação em nível individual é a interrupção do uso do taba-


co e, em nível comunitário, a introdução de uma vacina para o controle de um agente
infeccioso associado com o desenvolvimento do câncer, como o vírus da hepatite B.

Importante ressaltar que um alto percentual de mortes por câncer pode ser evitado,
mas, para isso acontecer, todos devem contribuir para modificar o risco de desenvolvi-
mento do câncer.

Conheça a relação dos principais fatores de risco modificáveis:

Uso de tabaco
É a principal causa dos cânceres de pulmão, laringe, cavidade oral e esôfago. Tem
um importante papel nos cânceres de bexiga, leucemia mieloide, pâncreas, colo do
útero e outros.

Câncer: prevenção − Superando o tabagismo. Disponível em: https://youtu.be/ex8tI2A-RzI

Alimentação inadequada
Uma alimentação rica em gordura saturada e pobre em frutas, legumes e verduras
aumenta o risco dos cânceres de mama, cólon, próstata e esôfago. Uma alimentação
rica em alimentos de alta densidade energética aumenta o risco de ganho de peso de
desenvolvimento da obesidade, que é um fator de risco para diversos tipos de câncer.

No entanto, consumir frutas, legumes e verduras diminui o risco de cânceres de pul-


mão, pâncreas, cólon e reto, próstata, esôfago, boca, faringe e laringe.

Ainda assim, a contaminação de alimentos pode ocorrer naturalmente, como no


caso das aflatoxinas (câncer de fígado).

Alimentação e cancêr dicas de preveção. Disponível em: https://bit.ly/3d4qu0f

Inatividade física
A prática regular de atividade física diminui o risco de câncer de cólon e reto, de
mama (na pós-menopausa) e de endométrio; além disso, reduz o risco de desenvolver
obesidade (fator de risco para diversos tipos de câncer).

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Obesidade
É um fator de risco importante para os cânceres de endométrio, próstata, rim, vesí-
cula biliar e mama.

Consumo excessivo de bebidas alcoólicas


O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode causar cânceres de boca, faringe, laringe,
esôfago, fígado, mama e cólon e reto.

Você Sabia?
O risco de desenvolver câncer de cavidade oral é aumentado quando há associação ao fumo.

Agentes infecciosos
Eles respondem por 18% dos cânceres no mundo. O vírus do papiloma humano
(HPV), o vírus da hepatite B e a bactéria Helicobacter pylori respondem pela maioria
dos cânceres associados a infecções.

Radiação ultravioleta/ionizante ultravioleta


A luz do sol é a maior fonte de raios ultravioleta causadores do câncer de pele. Ioni-
zante: a mais importante radiação ionizante é proveniente dos Raios X, mas ela também
pode ocorrer na natureza em pequenas quantidades.

Exposições ocupacionais
Substâncias encontradas no ambiente de trabalho, tais como: asbesto, arsênio,
benzeno, sílica, radiação, agrotóxico, poeira de madeira e de couro e fumaça do
tabaco são carcinogênicos.
A poluição tabagista ambiental é a principal poluição em ambientes fechados, segun-
do a OMS, sendo classificada como tabagismo passivo.
A poluição ambiental, da água, do ar e do solo respondem por 1% a 4% dos cânceres
em países desenvolvidos.
A radiação ionizante e as drogas utilizadas no tratamento quimioterápico aumentam
o risco de leucemia, câncer de pulmão e mama em profissionais expostos a altas ou
moderadas doses desses métodos terapêuticos.

Nível socioeconômico
A associação do nível socioeconômico com vários tipos de cânceres provavelmente
se refere ao seu papel como marcador do modo de vida e de exposição das pessoas a
outros fatores de risco do câncer.

Comportamento sexual
Iniciar precocemente as atividades sexuais, possuir parceiro(a) sexual com múltiplas
parcerias e possuir múltiplos parceiro(a)s sexuais são fatores relacionados ao desenvol-

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vimento de infecção pelo HPV, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento
do câncer do colo do útero.

Fatores de risco não modificáveis


Nesse grupo estão relacionados os fatores de risco que não dependem do comporta-
mento, hábitos e práticas individuais ou coletivas. Também são conhecidos como fatores
de risco inerentes ao indivíduo. São eles: idade, gênero, etnia/raça e herança genética
ou hereditariedade.

Idade
O risco da maioria dos cânceres aumenta com a idade e, por esse motivo, eles ocor-
rem mais frequentemente no grupo de pessoas com idade avançada.

Etnia ou raça
Os riscos de câncer variam entre grupos humanos de diferentes raças ou etnias. Algu-
mas dessas diferenças podem refletir características genéticas específicas, enquanto ou-
tras podem estar relacionadas a estilos de vida e exposições ambientais. Alguns grupos
étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer, como a leucemia linfocítica,
que é rara em orientais, e os negros dificilmente desenvolvem o Sarcoma de Ewing (uma
forma de tumor ósseo).

Hereditariedade
Com o desenvolvimento da tecnologia e os avanços no campo da genética, muitos es-
tudos mostram que a origem dos tumores pode ser desencadeada por fatores hereditários.
Os tumores hereditários mais comuns são os de mama, colorretal e próstata. As
mutações germinativas já identificadas nos genes supressores de BRCA 1 e BRCA 2
são responsáveis por 40 a 60% dos casos de câncer de mama e ovário. Outros tumores
hereditários mais raros são os retinoblastomas, polipose, neuroblastoma e carcinoma
medular de tireoide.
No entanto, os estudos muito têm contribuído para os casos hereditários, pois ava-
liam os indivíduos e famílias com história de câncer e possibilitam recomendações espe-
cíficas de exames preventivos de rastreamento para o diagnóstico precoce. Grupos de
estudos nacionais e internacionais estabeleceram critérios para rastrear pessoas assin-
tomáticas com predisposição para o câncer hereditário. Alguns dos critérios apontam
que, quando houver pelo menos duas pessoas afetadas pelo câncer de mama na família,
em pelo menos duas gerações e, principalmente, com diagnóstico antes dos 50 anos,
deve-se suspeitar do caráter hereditário da doença.

Gênero
Quanto ao gênero, certos cânceres ocorrem em apenas um sexo, devido a diferen-
ças anatômicas, como próstata e colo do útero; enquanto outros ocorrem em ambos os
sexos, mas com taxas significativas diferentes entre um sexo e outro, como o câncer da
bexiga (muito mais frequente no homem que na mulher) e o da mama (mais frequente
na mulher que no homem).

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Assim, quanto aos fatores de risco veja a imagem a seguir:

Figura 7
Fonte: Adaptada inca.gov.br

Medidas de Prevenção
Você sabe como prevenir o câncer?

Com conhecimento dos fatores predisponentes para o câncer, passa a ser possível a
programação de medidas preventivas, de rastreamento e ou detecção precoce.
De um modo geral, eliminar ou reduzir a exposição aos fatores de risco modificáveis
é uma medida de prevenção adequada para vários tipos de cânceres.
O câncer ocupacional possui o mais alto potencial de prevenção uma vez que se co-
nhece o local e o momento exato da exposição, o que permite interromper a exposição
mediante a substituição do produto cancerígeno ou da tecnologia empregada.
Assim, a participação efetiva dos profissionais de saúde nos programas de educação
comunitária para adoção de hábitos saudáveis de vida – parar de fumar, ter uma alimenta-
ção rica em fibras e frutas e pobre em gordura animal, limitar a ingestão de bebidas alcoó-
licas, praticar atividade física regularmente e controlar o peso – é de extrema importância.
A participação de membros da comunidade em atividades educativas pode ser uma
das estratégias para a informação e divulgação das medidas de controle do câncer. Para
isso acontecer, os profissionais de saúde devem instruí-los, orientando-os, em primeiro
lugar, quanto às possíveis medidas alimentares e comportamentais que valem a pena
serem estimuladas: evitar obesidade e sobrepeso, sedentarismo, fumo, alimentos de alta
concentração calórica e ingestão alcoólica em excesso.

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UNIDADE Introdução à Oncologia

Quanto à prevenção secundária do câncer, é fundamental detectar e tratar doenças


pré-malignas, como as lesões causadas pelo vírus HPV, os pólipos intestinais, infecção
pelo vírus da hepatite C e outras infecções.

Os avanços na descoberta de infecções virais, como agentes causadores dos diferen-


tes tipos de câncer, também têm propiciado investigações científicas no desenvolvimen-
to de vacinas contra os vírus, como ocorre com o HPV e vírus da hepatite, gerando
assim a resposta imunológica do organismo.

Figura 8
Fonte: Adaptada de wcrf.org

O papel do(a) enfermeiro(a) em oncologia não é somente prestar assistência ao pa-


ciente durante o tratamento, mas também atuar na prevenção da doença. A constata-
ção de que as medidas preventivas têm sido a maior defesa na luta contra o câncer e a
possibilidade de diagnosticar mais precocemente possível algumas neoplasias malignas
resultam em uma mudança substancial no perfil epidemiológico da doença.

O(a) enfermeiro(a), no seu papel educador, deve cumprir e fazer cumprir as ações e
diretrizes traçadas pela política nacional de prevenção e controle do câncer, no que diz:
Ter um conjunto de ações estabelecidas e contínuas, que levem à conscientização da
população quanto aos fatores de riscos de câncer, que promovam a detecção precoce
do câncer e que deem acesso a um tratamento de qualidade, equitativo e em todo o
território nacional.

Portaria Nº 874, de 16 de Maio de 2013. Disponível: https://bit.ly/3rYWBTa

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
A situação do câncer no Brasil
https://bit.ly/31YJdE3
Infecções
https://bit.ly/2PIx0Ru
Incidência de Câncer no Brasil
https://bit.ly/39Yruke
Estadiamento
https://bit.ly/3t7tyxV
ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer
https://bit.ly/3s9TvLX
Curso de atualização – ABC do câncer: Abordagens Básicas para o Controle do Câncer
https://bit.ly/3uBF1WR

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Referências
FIGUEIREDO, N. M. A. Enfermagem oncológica: conceitos e prática. 1. Ed. São
Caetano: Yendis, 2009.

FONSECA, S. M.; PEREIRA, S. R. (Coord.). Enfermagem em oncologia. São Paulo:


Atheneu, 2014.

LOPES, A. Oncologia para a graduação. 1. Ed. Ribeirão Preto: Tecmed, 2008.

MOHALLEN, A. G. C.; RODRIGUES, A. B. Enfermagem oncológica. Barueri, SP:


Manole, 2007.

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