Resumo Aula 26.09

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O objetivo do artigo é entender como a digitalização da música está mudando a

forma como consumimos música e se isso realmente faz com que os objetos
físicos, como CDs e discos de vinil, percam importância.

### Introdução

Magaudda começa o artigo introduzindo a ideia de que a "desmaterialização" dos bens


culturais, como a música, não elimina o papel dos objetos materiais nas práticas de consumo.
Ele argumenta que, embora a digitalização da música tenha tornado os formatos físicos menos
relevantes, os objetos materiais ainda são centrais nas práticas cotidianas. Para explorar essa
ideia, ele utiliza uma abordagem chamada "teoria da prática", que examina o comportamento
humano através da interação entre pessoas, objetos e significados. O estudo se baseia em
entrevistas com jovens italianos para entender a relação entre a digitalização e o uso de
objetos materiais na escuta de música【5†source】.

### Metodologia de Coleta e Análise de Dados

A pesquisa de Magaudda é baseada em 25 entrevistas semi-estruturadas com jovens


consumidores italianos de música digital, com idades entre 15 e 30 anos. As entrevistas,
realizadas entre 2005 e 2006, focaram nas tecnologias de escuta de música usadas pelos
entrevistados em suas vidas diárias, como iPods, discos rígidos e discos de vinil. A análise dos
dados foi realizada através de uma abordagem chamada "teoria fundamentada", na qual
Magaudda buscou identificar padrões e temas emergentes nas narrativas dos entrevistados,
especialmente relacionados à relação entre os consumidores e a materialidade da música
digital【5†source】.

### Digitalização da Música e Seu Consumo

Neste tópico, Magaudda discute como a digitalização da música transformou o mercado de


consumo, com o surgimento de formatos digitais como o MP3, serviços de compartilhamento
de arquivos e lojas de música online. No entanto, ele desafia a ideia de que a digitalização
resulta em uma perda de materialidade. Embora a música agora seja "imaterial", o uso de
dispositivos materiais, como iPods e discos rígidos, é essencial para acessar e armazenar essas
músicas. Ele também destaca o crescimento no mercado de dispositivos materiais associados à
música digital, como fones de ouvido e acessórios para iPods【5†source】.

### Materialidade, Teoria da Prática e o 'Circuito de Prática'

Magaudda introduz aqui seu modelo teórico chamado "circuito de prática". Este modelo é
uma ferramenta para entender as mudanças nas práticas sociais, dividindo-as em três
componentes: **objetos materiais** (como iPods e discos de vinil), **significados e
representações culturais** (como as percepções sociais sobre esses objetos) e **atividades
corporais e ações** (como as pessoas realmente usam esses objetos). O "circuito de prática"
serve para explicar como essas três dimensões se interconectam e moldam as mudanças nas
práticas de consumo【5†source】.

### Exemplo 1: Apropriação de um Novo Objeto – O iPod

O primeiro exemplo que Magaudda apresenta é o iPod. Ele explica como esse novo dispositivo
reconfigurou as práticas de consumo de música. O iPod permitiu que as pessoas levassem
grandes bibliotecas de música com elas, mas também transformou o status social e o
relacionamento das pessoas com a música. Magaudda destaca como os consumidores
personalizam seus iPods (por exemplo, usando capas únicas), mostrando que, mesmo com a
digitalização, o iPod ainda é um objeto físico que as pessoas se apropriam de maneiras
pessoais e simbólicas【5†source】.

### Exemplo 2: Reconfiguração de um Objeto Existente – O Disco Rígido Externo

Neste exemplo, Magaudda discute como o disco rígido, originalmente projetado para
armazenar dados de computador, se tornou uma parte essencial do consumo de música. Os
discos rígidos são agora usados para armazenar vastas coleções de música digital. Isso exigiu
que os consumidores desenvolvessem novas habilidades e estratégias, como a necessidade de
fazer backups para evitar a perda de música devido a falhas técnicas. Este exemplo mostra
como um objeto de outra prática (TI) foi integrado ao mundo do consumo musical【5†source】.

### Exemplo 3: Reapropriação de um Objeto Antigo e Obsoleto – O Disco de Vinil

O terceiro exemplo explora o ressurgimento do disco de vinil. Embora o vinil tenha sido
amplamente substituído por CDs e formatos digitais, ele nunca desapareceu completamente,
especialmente em subculturas musicais. Para alguns consumidores, o vinil oferece uma
experiência de escuta mais autêntica e tangível, o que contrasta com a natureza imaterial da
música digital. Magaudda usa este exemplo para mostrar que a digitalização não elimina a
relevância dos objetos materiais, mas pode, de fato, revitalizar objetos antigos ao dar-lhes
novos significados【5†source】.

### Conclusão

Magaudda conclui argumentando que, embora a digitalização da música tenha transformado a


maneira como consumimos música, ela não levou à "desmaterialização". Em vez disso, os
objetos materiais continuam a desempenhar um papel central nas práticas de consumo. Ele
sugere que a digitalização, ao contrário de eliminar a materialidade, levou a uma
"rematerialização", na qual os dispositivos e objetos relacionados à música digital se tornaram
ainda mais importantes. Ele também reforça que seu modelo de "circuito de prática" pode ser
usado para entender outros domínios de consumo digital, como filmes, jogos e
livros【5†source】.

Esse resumo ajuda a entender como a digitalização afeta a relação entre consumidores e
objetos materiais no contexto do consumo de música.

### Pontos Positivos:

O artigo usa uma perspectiva teórica que foca em como os objetos materiais, as
representações culturais e as atividades práticas interagem. Isso é útil para uma análise
profunda e holística das práticas de consumo.

2. **Exploração detalhada da materialidade no contexto digital**: Magaudda desafia a noção


popular de que a digitalização elimina a relevância dos objetos materiais, destacando que
dispositivos físicos como iPods, discos rígidos e vinis ainda desempenham um papel
importante no consumo de música.

3. **Dados empíricos sólidos**: A base do estudo são 25 entrevistas narrativas semi-


estruturadas com jovens consumidores de música digital, o que proporciona uma
compreensão concreta e realista das práticas de consumo.
4. **Integração de exemplos variados**: O uso de três objetos distintos (iPod, disco rígido e
vinil) oferece uma visão diversificada de como diferentes tipos de materialidade interagem
com a digitalização. Isso enriquece a análise e torna as conclusões mais abrangentes.

5. **Modelo teórico útil ('Circuito de Prática')**: Magaudda desenvolve um modelo visual e


analítico que pode ser aplicado não apenas ao consumo de música, mas também a outros
domínios de consumo digital, tornando-o uma ferramenta prática para futuras pesquisas.

### Pontos Negativos:

2. **Falta de análise aprofundada de outras tecnologias digitais**: O artigo se concentra


principalmente em tecnologias físicas e em como elas interagem com a música digital. Não há
muita discussão sobre como tecnologias puramente digitais (como serviços de streaming)
afetam a materialidade no consumo de música.

3. **Dados relativamente antigos**: As entrevistas foram conduzidas entre 2005 e 2006, e o


artigo foi publicado em 2011. Isso significa que algumas tecnologias discutidas, como o iPod, já
perderam parte de sua relevância no cenário atual, o que pode reduzir a aplicabilidade das
conclusões ao consumo de música mais recente (por exemplo, o impacto do streaming).

4. **Pouca atenção ao papel da indústria musical**: O foco está nas práticas dos
consumidores, mas o papel das mudanças nas estratégias das gravadoras e dos provedores de
serviços de música digital é menos explorado. Isso poderia oferecer um contexto mais
completo.

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