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Pensamento crítico em enfermagem e Processo de tomada de

decisão clínica em enfermagem


➢ Pensamento crítico em enfermagem
Desde o tempo de Florence Nightingale, as autoridades em enfermagem reconheceram
a necessidade da inteligência na tomada de decisão para a assistência em
enfermagem.
O pensamento crítico em enfermagem é um componente essencial da responsabilidade
profissional e da qualidade da assistência de enfermagem.
O pensamento crítico é o processo cognitivo, ativo e organizado. É utilizado na análise
cuidada do nosso raciocínio e do raciocíneo dos outros.
O pensamento crítico obriga-nos a questionarmo-nos sobre:

• O que sei, realmente, acerca desta situação de cuidados de enfermagem?


• De que modo o sei?
• Quais as escolhas possíveis de que disponho?

O pensamento crítico requer um pensar de modo lúcido e conciso, com rigor, e de agir
com base naquilo que conhece.
O pensamento crítico requer não só competências cognitivas, mas também disposição
ou tendência da pessoa para fazer perguntas, ficar bem informado, ser honesto face a
preconceitos, estar sempre disposto a reconsiderar e a pensar com lucidez nas
questões.
O pensamento crítico:

• É centrado nos objetivos


• Permite formular juízos baseados nas evidências e não nas suposições
• Baseado na ciência e no método científico
• Requer conhecimentos, habilidades e experiência
• Processo constante de (re) avaliação
• Pensamento centrado em estratégias de maximização do potencial humano

Segundo Banning, 2006 “O pensamento crítico é um componente importante da


prática profissional. É a imagem de marca do praticante de enfermagem
competente…”
O pensamento crítico é visto como um processo cognitivo, apoiando a capacidade de
análise e avaliando os componentes essenciais de um problema e as suas soluções
possíveis.
O pensamento crítico é uma capacidade transferível que pode ser suportada pelo
conhecimento em enfermagem.

As características de um pensador crítico incluem:

• mente aberta
• procura da verdade
• autoconfiança,
• abordagem sistemática para a resolução do problema
• entusiasmo

Assistência em enfermagem
Implica a capacidade de decisão, pelo que é necessário, que o enfermeiro que pensa na
assistência, adote um pensamento crítico-reflexivo para a tomada de decisão em
enfermagem. Mantendo uma atividade interrogativa, o enfermeiro questiona com
oportunidade, certifica-se da informação utilizável e das interpretações sobre o seu
significado, apoiando-se nos factos e não em conjeturas. Desta forma, o enfermeiro
utiliza uma abordagem organizada e sistemática, que facilita a obtenção da informação,
a resolução de problemas e tomada de decisão sustentada em princípios científicos e no
método científico.

➢ Processo de tomada de decisão clínica em enfermagem


Fases do processo de tomada de decisão clínica em enfermagem:

• Reconhecimento e delimitação do problema - os cuidados de enfermagem


acontecem ao nível das dimensões humanas, é necessário procurarar aquilo que
está para além das evidências
• Reunião de informação relevante - quanta mais informação relevante for
reunida, melhor será a qualidade da decisão
• Inferir ou deduzir soluções possíveis para o problema/situação
• Testagem de soluções – processo de consideração dos possíveis efeitos da opção
ou escolha de cada uma das soluções consideradas
• Avaliação das soluções – adequação à situação e da sua exequibilidade
• Implementação da tomada de decisão – opção por uma das soluções
consideradas

Tomar decisões implica que, relativamente a algo ou alguém, sejamos capazes de definir
aquilo que é mais pertinente em termos de atuação ou ação.
A tomada de decisão é influenciada por padrões amplos e especificos (padrões de
enfermagem e diretrizes). Os padrões e princípios não existem para serem seguidos
cegamente.
Na tomada de decisão deve usar-se o pensamento crítico para reconhecermos se a
situação real difere dos princípios.
Não tomar uma decisão é uma decisão.

Processo de enfermagem
O processo de enfermagem é a metodologia científica do trabalho de enfermagem.
Processo - é uma maneira sistemática de agir, um método ordenado, um procedimento
metodológico e uma atuação dinâmica.
O processo de enfermagem permite organizar e prestar os cuidados de enfermagem de
que o utente necessita. Para que a sua aplicação seja satisfatória é necessário a
integração de elementos de pensamento crítico que permitem fazer juízos de valor e
implementar ações racionais.

Fármaco

Etiologia (cauda do problema)

As intervenções em enfermagem têm que estar sempre relacionadas com a etiologia


O processo de enfermagem é usado para identificar, diagnosticar e tratar relações
humanas à saúde e doença.
O processo de enfermagem tem 5 fases:
1. apreciação inicial
2. diagnóstico de enfermagem
3. planeamento
4. implementação
5. avaliação

O processo de enfermagem é um processo contínuo e dinâmico, que permite alterar os


cuidados à medida que se alteram as necessidades do utente.
O processo de enfermagem permite:

• promover cuidados de enfermagem individualizados


• dar resposta ás necessidades do utente, de forma atempada e constante, para
melhorar, ou manter o nível de saúde do utente

1. Apreciação inicial
A apreciação inicial inclui 2 fases.
a) Colhem-se dados, confirmam-se dados de uma fonte primária e de fontes
secundárias
b) Analisam-se os dados com base para a elaboração de diagnósticos de
enfermagem e de um plano individual de cuidados de enfermagem
Objetivos da apreciação inicial: construir uma base de dados sobre a necessidades do
utente, os problemas de saúde e as reações a esses problemas.

a) Colheita de dados
• Colhem-se dados objetivos e subjetivos. Os dados objetivos são observações ou
medições que se fazem durante a apreciação inicial. Os dados subjetivos são as
perceções que o utente tem dos seus problemas de saúde.
• Realiza-se uma entrevista para se recolher a história de saúde do utente
Entrevista: conversa organizada com o utente, no sentido de se obter a sua história de
saúde e informações sobre a doença atual.

• Dados biográficos
• Motivo pelo qual procura cuidados de saúde
• Doenças ou preocupações de saúde
• História pregressa
• História ambiental
• História psicossocial e cultural
• Análise de sistemas ou padrões funcionais de saúde
• Exame físico, avaliação dos sinais vitais, observação, auscultação, palpação e
percurssão
• Observação do comportamento do utente
• Diagnóstico e dados laboratoriais
• Processo clínico – recurso de informações adicionais e um meio de comprovar a
coerência e congruência das observações pessoais
• Outras fontes de dados – restantes elementos da equipa dos cuidados de saúde,
familiares e pessoas significativas. A pesquisa bibliográfica permite aumentar os
conhecimentos sobre os sintomas, o tratamento e o prognóstico de uma
determinada situação.
b) Interpretação dos dados da apreciação inicial e elaboração de juízos de
enfermegem
Para a obtenção de êxito na interpretação dos dados da apreciação inicial é
fundamental que haja um pensamento crítico.

• Interpretação e validação dos dados. A validação requer que os dados sejam


comparados com outras fontes (familiares, utente ou com outros elementos da
equipa de saúde)
• Agrupamento dos dados – organizar as informações por grupos significativos e
utilizáveis
• Registo de dados – deve ser feito de forma detalhada e rigorosa

2. Diagnóstico de enfermagem
É um juízo clínico acerca de reações individuais, familiares ou comunitárias, a
problemas de saúde reais ou potenciais, ou a processos de vida.
Objetivo do diagnóstico de enfermagem: identificar reações reais ou potenciais do
utente.
Diagnóstico de enfermagem real (D.E.R): descreve a reação do indivíduo a condições de
saúde ou a processos de vida que existem, de facto, numa pessoa, numa família, ou na
comunidade.
Exemplo: Uma mulher que deu à luz há 2 horas apresenta distensão da bexiga,
tem polaquiuria, e refere urgência urinária continuada, tem um diagnóstico de
enfermagem real de retenção urinária relacionada com edema do perineo a seguir a
parto vaginal.
Diagnóstico de enfermagem (D.E.P): descreve as reações do indivíduo a condições de
saúde ou processos de vida que se podem desenvolver numa pessoa, família ou
comunidade, vulnerável.
Exemplo: Um obeso com lesão da medula está em risco de diminuição da
integridade cutânea.
3. Planemanto
Planeamento: é a componente do comportamento de enfermagem em que se fixam os
objetivos centrados no utente e se programam intervenções para se atingir objetivos.
Nesta fase, também se estabelecem os objetivos e resultados esperados. Estes indicam
as reações, previstas, do utente.
Cada um destes objetivos e resultados esperados deve ter uma moldura temporal, para
avaliação, a qual dependerá da natureza do problema, da etiologia, da situação geral
do utente e da instituição onde o tratamento está a ser efetuado.

Linhas orientadoras para a elaboração dos objetivos e resultados esperados:

• Focalizados no utente - os resultados e os objetivos devem refletir o


comportamento e as reações, esperados, do utente, em consequência, das
intervenções de enfermagem
Exemplo: o utente vai deambular pelo corredor 3 vezes por dia

• Ter em mente apenas um objetivo ou resultado


• Fixar resultados que sejam passíveis de observação (através da observação deve
ser possível ver se houve alterações)
Exemplo: os pulmões, à auscultação, estão desobstruídos até 22/08
• Fixar objetivos que possam ser medidos - os objetivos e os resultados
esperados são fixados para fornecer um padrão, segundo o qual pode avaliar
(medir) a reação do utente a cuidados de enfermagem.
Exemplo: a temperatura corporal mantém-se nos 37ºC

Quando o objetivo ou resultado é estabelecido em termos mensuráveis, permite,


objetivamente, quantificar alterações no estado do utente. São utilizados adjetivos
vagos como “normal”, “aceitável”, “estável” ou “suficiente”.

Linhas orientadoras para a elaboração de objetivos e resultados esperados:

• Indicar, claramente, o limite temporal - a moldura temporal, para o objetivo e


resultado esperado, diz-nos o momento em que a reação esperada deve
ocorrer. A variável temporal promove a responsabilização, na prestação e
gestação de cuidados.
• Falar com o utente sobre o assunto - o estabelecimento de objetivos e
resultados esperados, entre utente e prestador de cuidados pode aumentar a
motivação e a colaboração do utente.
• Ser realista – os objetivos e resultados esperados devem ser traçados de forma
a que possam ser atingidos.

Planemento de cuidados Escolher as intervenções de enfermagem adequadas

Para escolher as intervenções adequadas é necessário ser competente em 3 áreas:

• Ter conhecimentos da base científica das intervenções


• Ter competências necessárias a nível psicomotor e interpessoal para as executar
• Ser capaz de funcionar, numa determinada instituição, utilizando com eficácia
os recursos de saúde disponíveis

Na escolha das intervenções é fundamental ter em conta os seguintes fatores:

• As características do diagnóstico de enfermagem


• Os resultados esperados e os objetivos
• Base de conhecimentos e investigação da intervenção
• Viabilidade da intervenção
• Aceitação por parte do utente
• Competência do enfermeiro que presta os cuidados
Podem ocorrer 3 tipos de intervenções:

• Intervenções iniciadas por enfermeiros


• Intervenções iniciadas por outros técnicos
• Intervenções em colaboração (cuidados que requerem a combinação de
conhecimentos, competências e especialização de vários profissionais de
cuidados de saúde)

4. Implementação
É o comportamento de enfermagem, no que concerne às ações necessárias à
consecução dos objetivos e dos resultados esperados dos cuidados de enfermagem.
Competências de implementação:

• Cognitivas – aplicação de conhecimentos de enfermagem


• Interpessoais – essenciais para uma ação eficaz de enfermagem
• Psicomotoras – requerem a integração de atividades cognitivas e motoras (deve
saber anatomia e farmacologia – cognitivas; técnica de preparar e administrar
um injetável - motora)

5. Avaliação
Esta fase permite medir a reação do utente às ações de enfermagem e o seu progresso,
no sentido de serem atingidos os objetivos.
Plano de cuidado: é um plano descritivo, que coordena os cuidados de enfermagem,
promove a continuidade dos cuidados, e contém uma relação de critérios de resultados
a usar na avaliação de cuidados.

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