Direito Processual Penal

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

“Você é totalmente responsável por construir a vida que sempre

sonhou viver”.
OAB 42º

Direito Processual Penal


Professor Guilherme Madeira

- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1. Lei Processual Penal no Espaço (art. 1º do Código Processual Penal).


A lei penal no espaço rege-se pelos princípios da territorialidade, ou seja,
aplica-se aos atos praticados no exterior, a legislação estrangeira. Já em
relação aos atos praticados no Brasil, será aplicada a legislação brasileira.

2. Lei Processual Penal no Tempo (art. 2º do Código Processual Penal).


Uma vez promulgada e vigente determinada lei processual, ela deve ser
imediatamente aplicada aos processos em curso, mesmo que seja mais
gravosa.

Exceção: Se o direito material for mais benéfico ao réu, a norma toda


retroage, ainda que o direito processual não seja.

- INQUÉRITO POLICIAL

1. Características:
- Obrigatório;
Obrigatório para a autoridade policial.

- Dispensável;
Dispensável para a ação penal.

- Inquisitivo;
Não há contraditório no inquérito policial, mas existem atenuações, sendo
elas:
 O advogado poderá requerer diligências, conforme dispõe o art. 14 do
Código Processual Penal;
 O delegado não é obrigado a cumprir as diligências requeridas pelo
advogado da parte.

- Sigiloso;
Súmula Vinculante 14: “É direito do advogado aos atos de investigação já
documentados”. Ou seja, o sigilo do inquérito não se aplica ao advogado.

- Escrito;
O inquérito policial é realizado de forma escrita.

- Indisponível;
A autoridade policial não pode arquivar o Inquérito Policial/Quem arquiva o
inquérito é o promotor de justiça.
Obs.: Não é obrigatória a presença de advogado no inquérito policial, salvo
hipótese do art. 14-A do Código Processual Penal.

2. Início do Inquérito Policial


2.1.1.Crimes de Ação Penal Pública Incondicional
Nessa hipótese o inquérito policial poderá ser iniciado das seguintes formas:

 De ofício;
 Requisição (ordem) do juiz ou do promotor/ministério pública;
 Requerimento do ofendido (abertura do boletim de ocorrência).
Em casos de abertura de boletim de ocorrência, o delegado poderá indeferir
e, desta decisão cabe recurso para o Chefe de Polícia (varia de estado para
estado).

Obs.: A denúncia anônima, em regra, não permite a instauração do


inquérito policial, entretanto, permite a investigação preliminar e, a partir
dela, a instauração do inquérito policial.

Em exceção, se a denúncia anônima for acompanhada de provas, poderá


ser instaurado o inquérito policial.

2.1.2.Crimes de Ação Penal Privada/Ação Penal Pública


Condicionada
Nessa hipótese o inquérito policial poderá ser iniciado da seguinte forma:

 Manifestação/Representação do ofendido ou de seu representante


legal (advogado);

3. Desenvolvimento do Inquérito Policial


- Reprodução simulada dos fatos/Reconstituição (art. 7º do CPP).
 O investigado não é obrigado a participar da reconstituição;
 É possível a reconstituição, salvo se, violar a moralidade ou ordem
pública;

 Obs.: Em um caso de estupro, a reconstituição dos fatos viola a


moralidade, portanto, não poderá ser realizada.

 Quando existe risco para a integridade física do investigado, por


exemplo, risco ao linchamento, viola a ordem pública, portanto a
reconstituição não poderá ser realizada.

- Identificação Criminal
A Constituição Federal diz que, civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses legais, datiloscópica (impressão
digital), fotográfica (através de fotos) e genética (retirada de material
genético, ex., sangue) - Lei nº 12.037/2009.

4. Final do Inquérito Policial


1º - É realizado um relatório pela autoridade policial, conforme dispõe o art.
10 do CPP;

2º - O referido relatório é encaminhado ao fórum;


3º - O fórum encaminha ao Ministério Público/Promotoria;

4º - Assim, o Ministério Público poderá:


 Oferecer denúncia;
Quando há indícios de autoria e provas da materialidade.

 Propor o arquivamento (art. 28 do CPP).


A promotoria propõe o arquivamento do inquérito policial, caso o juiz
concorde, o inquérito será arquivado.

Caso o juiz não concorde, é aplicado o art. 28 e, encaminhado os autos ao


procurador geral, o qual poderá insistir no arquivamento, ele próprio
oferecer denúncia ou poderá designar outro promotor para denunciar.

Obs.: A remessa do juiz ao procurador somente será realizada se, o pedido


de arquivamento for teratológico.

Ainda, cabe ressaltar que, se a vítima discordar do pedido de arquivamento,


está poderá interpor recurso para o Procurador Geral de Justiça;

 Hipótese de Desarquivamento do Inquérito Policial


Somente ocorrerá caso surjam novas provas, ou seja, provas que tragam
um novo dado ao inquérito policial.

 Requerer diligências imprescindíveis ao oferecimento da


denúncia.
O juiz não poderá indeferir as diligências requeridas pelo Ministério Público.

5. Juiz das Garantias (art. 3A e seguintes).


Trata-se do juiz responsável pelo controle da legalidade da investigação,
atuando até o oferecimento da denúncia.

5.1. Competências do Juiz das Garantias


As competências do juiz das garantias são enumeradas no artigo 3B do
Código de Processo Penal.

5.2. Prazo do Inquérito Policial


- 5 Dias caso o indivíduo esteja preso
Neste caso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
autoridade policial e ouvido o ministério público, prorrogar, uma única vez,
a duração do inquérito por até 15 dias.

- 15 Dias caso o indivíduo esteja em liberdade.

6. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)


O art. 28ª do Código Processual Penal dispõe que “Não sendo caso de
arquivamento e tenho o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e, com pena mínima inferior a quatro anos, o Ministério Público
poderá propor acordo de não persecução penal”.
 STF decidiu que o Acordo de Não Persecução Penal não cabe para
crimes de injuria racial;

 STF decidiu que o Acordo de Não Persecução Penal não é direito


subjetivo do réu, mas para o promotor negar, é necessária a
motivação.

 STF/STJ decidiram que o ANPP é cabível em caso de desclassificação.

6.1. Requisitos para a proposta do ANPP


1º não sendo caso de arquivamento;
2º não sendo crime com violência ou grave ameaça;
3º não sendo caso de reincidência;
4º não tendo usado o ANPP nos últimos 05 anos;
5º não sendo caso de Lei Maria da Penha;
6º tendo havido confissão;
7º crime com pena mínima inferior a quatro anos.

6.2. Proposta do Ministério Público


Prestação de Serviço à Comunidade com diminuição de pena de 1/3 a 2/3.

Você também pode gostar