Tribunal Regional Eleitoral de Goiás

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/10/2024

Número: 0600455-58.2024.6.09.0019
Classe: AGRAVO no(a) REl
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: LUDMILLA ROCHA CUNHA RIBEIRO - Jurista 1
Última distribuição : 25/09/2024
Assuntos: Impugnação ao Registro de Candidatura, Cargo - Vereador, Registro de Candidatura -
DRAP Partido/Coligação
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
PRA LUZIÂNIA SEGUIR MUDANDO[Federação BRASIL DA
ESPERANÇA - FE BRASIL(PT/PC do B/PV) / UNIÃO / PP /
REPUBLICANOS / PDT / MDB / DC / PSB / PSD / AVANTE] -
LUZIÂNIA - GO (AGRAVANTE)
TALITA SILVERIO HAYASAKI (ADVOGADO)
YASMIN MELO RODRIGUES (ADVOGADO)
DYOGO CROSARA (ADVOGADO)
LAURA FERREIRA ALVES DE CARVALHO (ADVOGADO)
WANDIR ALLAN DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
PERLA MORAIS RORIZ (ADVOGADO)
25 - PRD - PARTIDO RENOVACAO DEMOCRATICA
LUZIANIA - GO - MUNICIPAL (AGRAVADA)
HYULLEY AQUINO MACHADO registrado(a) civilmente
como HYULLEY AQUINO MACHADO (ADVOGADO)
RYTHIELLY DE SOUZA DUARTE (ADVOGADO)

Outros participantes
Procurador Regional Eleitoral de Goiás (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
37900510 26/09/2024 Acórdão Acórdão
21:26
 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS

ACÓRDÃO

AGRAVO (1000) - PROCESSO N. 0600455-58.2024.6.09.0019 - LUZIÂNIA/GOIÁS.

RELATOR: MÁRCIO ANTÔNIO DE SOUSA MORAES JÚNIOR: MÁRCIO ANTÔNIO DE

SOUSA MORAES JÚNIOR
AGRAVANTE: PRA LUZIÂNIA SEGUIR MUDANDO[FEDERAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA -
FE BRASIL(PT/PC DO B/PV) / UNIÃO / PP / REPUBLICANOS / PDT / MDB / DC / PSB / PSD /
AVANTE] - LUZIÂNIA - GO
ADVOGADO: TALITA SILVERIO HAYASAKI - OAB/GO19704
ADVOGADO: YASMIN MELO RODRIGUES - OAB/DF47801
ADVOGADO: DYOGO CROSARA - OAB/GO23523-A
ADVOGADO: LAURA FERREIRA ALVES DE CARVALHO - OAB/GO34601-A
ADVOGADO: WANDIR ALLAN DE OLIVEIRA - OAB/GO27673-A
ADVOGADO: PERLA MORAIS RORIZ - OAB/GO40841
AGRAVADA: 25 - PRD - PARTIDO RENOVACAO DEMOCRATICA LUZIANIA - GO -
MUNICIPAL
ADVOGADO: HYULLEY AQUINO MACHADO - OAB/GO18481-A
ADVOGADO: RYTHIELLY DE SOUZA DUARTE - OAB/GO65584

EMENTA

AGRAVO INTERNO EM RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES DE 2024.

DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS - DRAP. PRD.
ÓRGÃO MUNICIPAL SUSPENSO NO DIA DA CONVENÇÃO. PROVIMENTO.

Resumo do Caso

Trata-se de agravo interno interposto pela Coligação "Pra Luziânia Seguir Mudando"
contra decisão que manteve o deferimento do Demonstrativo de Regularidade dos
Atos Partidários (DRAP) do Partido Renovador Democrático (PRD) de Luziânia.

Fundamentação Jurídica

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Num. 37900510 - Pág. 1
O Diretório Municipal do Partido Democracia Cristã (DC) estava suspenso por não
informar o número do CNPJ no prazo de 30 dias da anotação, nos termos do art. 35, §
10, da Resolução TSE n.º 23.571/2018. Assim, não preenche os requisitos
indispensáveis previstos no art. 2º, inciso I, da Resolução TSE n.º 23.609/2019, já que
não se encontrava ativo na data da convenção partidária.

A situação irregular do órgão diretivo do partido na circunscrição, em razão da

ausência de CNPJ, inviabiliza o deferimento do pedido de registro do DRAP.
Precedentes.

Conclusão

O agravo foi provido, para indeferir o Demonstrativo de Regularidade dos Atos

Partidários do PRD de Luziânia.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral
de Goiás, por unanimidade, em conhecer e dar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do relator.

Goiânia, 26/09/2024.

MÁRCIO ANTÔNIO DE SOUSA MORAES JÚNIOR

Desembargador Eleitoral Relator

RELATÓRIO

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Num. 37900510 - Pág. 2
Trata-se de agravo interno interposto pela Coligação "Pra Luziânia Seguir Mudando"
contra decisão que manteve o deferimento do Demonstrativo de Regularidade de Atos
Partidários (DRAP) do Partido Renovação Democrática (PRD) de Luziânia.

A coligação agravante não questiona a validade da emissão do CNPJ do PRD,

reconhecendo que o número foi devidamente apresentado pelo partido, mas sustenta
que a convenção partidária realizada no dia 5 de agosto de 2024 foi promovida por
órgão partidário municipal que constava com anotação suspensa no Sistema de
Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP) em razão da omissão no envio dos
dados do CNPJ à Justiça Eleitoral dentro do prazo estabelecido. Alega que a emissão
do CNPJ não afasta a irregularidade, uma vez que a anotação do órgão partidário
estava suspensa à época da convenção, o que inviabilizaria sua validade.

Os agravantes afirmam que, na data da convenção, não há provas de que o CNPJ

havia sido enviado à Justiça Eleitoral, e sim, que o órgão partidário municipal
permanecia com anotação suspensa até o dia 6 de agosto de 2024, um dia após a
realização da convenção.

Dessa forma, a nulidade da convenção partidária, segundo a coligação, seria

incontestável, já que foi realizada durante o período em que o órgão estava
formalmente irregular. Sustentam que o deferimento do DRAP contraria disposições
constitucionais e legislação eleitoral, além de divergir do entendimento consolidado do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a validade de atos partidários praticados por
órgãos com anotação suspensa.

Por fim, a coligação requer o provimento do agravo interno, com a reforma da decisão
agravada, seja por juízo de retratação ou deliberação colegiada, nos termos do artigo
118 do Regimento Interno, para que o recurso eleitoral seja provido e seja julgada
procedente a impugnação ao DRAP, declarando-se a nulidade da convenção
partidária e, consequentemente, a invalidade do DRAP deferido.

VOTO

O presente agravo interno é próprio e tempestivo, bem como preenche os demais

requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual dele conheço.

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A decisão agravada foi proferida nos seguintes termos:

A questão central envolve a alegação de que o órgão de direção municipal

do PRD estaria suspenso no Sistema de Gerenciamento de Informações
Partidárias (SGIP) por não ter informado o número de CNPJ no prazo legal
de 30 dias após a anotação do órgão de direção.

A Lei n.º 9.504/1997 e a Resolução TSE n.º 23.609/2019 exigem que os

partidos políticos tenham seu estatuto registrado no TSE e órgãos de
direção constituídos na circunscrição até a data da convenção,
devidamente anotados na Justiça Eleitoral.

Por sua vez, a Resolução TSE n.º 23.571/2018 estabelece que o número
de CNPJ deve ser informado no prazo de 30 dias da anotação, sob pena
de suspensão da anotação partidária.

No caso, apesar de o PRD estar suspenso no SGIP, até dia 06/08/2004,

constatou-se que o CNPJ foi emitido antes da convenção, no dia 2 de
agosto de 2024, sanando a irregularidade que impedia o funcionamento
regular do partido.

Portanto, a suspensão visualizada no sistema da Justiça Eleitoral não

reflete a situação real do partido à época da convenção, que ocorreu no
dia 05/08/2024, o que afasta a alegada irregularidade.

Diante disso, repito, não há fundamento para o indeferimento do DRAP, já

que a única pendência existente - a falta de CNPJ - foi regularizada antes
da convenção.

Quanto à aplicação das sanções do art. 45 da Resolução TSE n.º

23.609/2019, deixo de condenar a recorrente, pois não há evidências de
má-fé ou litigância temerária, uma vez que à época da convenção havia
dúvida legítima quanto à regularidade do partido, que ainda aparecia como
suspenso no sistema da Justiça Eleitoral.

Ante o exposto, acompanhando o parecer da Procuradoria Regional

Eleitoral, CONHEÇO e NEGO PROVIMENTO ao recurso eleitoral,
mantendo a sentença que deferiu o DRAP do PARTIDO RENOVAÇÃO
DEMOCRÁTICA - PRD, para concorrer às Eleições Municipais de 2024 no
município de Luziânia-GO.

Pois bem.

Conforme assinalado na decisão atacada, a questão central dos autos refere-se à

alegação de que o órgão de direção municipal do Partido Renovação Democrática
(PRD) estaria suspenso no Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias
(SGIP), por não ter informado o número do CNPJ no prazo legal de 30 dias após a sua

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anotação.

A legislação eleitoral aplicável, especialmente a Lei nº 9.504/1997, art. 10, § 1º, I e II e

a Resolução TSE nº 23.609/2019, art. 2º, inciso I, estabelecem que os partidos
políticos tenham seu estatuto registrado no TSE e seus órgãos de direção
devidamente constituídos e anotados na Justiça Eleitoral até a data das convenções
partidárias.

No caso em análise, é incontroverso que o único motivo para a suspensão do órgão

municipal do PRD no SGIP foi a ausência do CNPJ. Entretanto, também constitui fato
incontroverso que, no dia 2 de agosto de 2024, o CNPJ já havia sido emitido, conforme
comprovado nos autos.

Em suas razões, o agravante sustenta que, embora o CNPJ tenha sido emitido antes
da convenção, o órgão partidário permanecia suspenso na circunscrição do pleito, por
determinação do TRE/GO, até o dia 06 de agosto de 2024.

De fato, ao reanalisar os autos, verifico que assiste razão ao recorrente. A anotação do

órgão provisório do Partido Renovação Democrática (PRD) de Luziânia ocorreu em
02/04/2024. Veja-se:

Portanto, o partido teve aproximadamente três meses para providenciar a emissão de

seu CNPJ, mas, por desídia, comunicou a emissão desse documento ao Tribunal
Regional Eleitoral somente em 06/08/2024, após a realização de sua convenção, que
ocorreu no dia 05/08/2024.

Nesse contexto, na data da convenção, o partido estava suspenso e, portanto, não

poderá participar das eleições. Confira-se o que estabelece a legislação:

Art. 2º Poderão participar das eleições: I - o partido político que, até 6

(seis) meses antes da data do pleito, tenha registrado seu estatuto no TSE
e tenha, até a data da convenção, órgão de direção definitivo ou provisório
constituído na circunscrição, devidamente anotado no tribunal eleitoral
competente, de acordo com o respectivo estatuto partidário (Lei nº
9.504/1997, art. 4º; Lei nº 9.096/1995, art. 10, § 1º, I e II; e Res.-TSE nº
23.571/2018, arts. 35 e 43) (Incluído pela Resolução nº 23.675/2021).

Nesse sentido é a jurisprudência.

DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS.

ELEIÇÕES 2022. CARGOS DE GOVERNADOR E VICE-GOVERNADOR.
PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA - PCO. AUSÊNCIA DE CNPJ. NÃO
PREENCHIMENTO DAS CONDIÇÕES PARA PARTICIPAR DA ELEIÇÃO.
PRECEDENTES DO TSE E DESTA CORTE. INDEFERIMENTO DO
REGISTRO.

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 1 - Trata-se de Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP)
pertinente ao registro do PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA - PCO para
concorrer às eleições majoritárias de 2022 no Estado do Rio de Janeiro
para os cargos de Governador e Vice-Governador.

2 - O Diretório Estadual da grei está suspenso por não informar o

número do CNPJ no prazo de 30 dias da anotação, nos termos do art.
35, § 10, da Resolução TSE n.º 23.571/2018. Assim, não preenche os
requisitos indispensáveis previstos no art. 2º, inciso I, da Resolução
TSE n.º 23.609/2019, já que não se encontra devidamente constituído
na circunscrição.

3 - Apesar da notificação dos diretórios nacional e estadual da agremiação

pela Presidência desta Corte para regularizar a situação e da intimação
nestes autos para manifestação, não foi demonstrada a regular inscrição
no CNPJ. Apresentação de comprovante de situação cadastral com
registro "325-5 Órgão de Direção Nacional de Partido" , que não supre a
falha verificada.

4 - A situação irregular do órgão diretivo da grei na circunscrição,

decorrente da ausência do CNPJ, inviabiliza o deferimento do pedido de
registro do DRAP do partido, de acordo com precedentes do TSE e deste
Regional, sendo aferida por força do disposto no art. 35, inciso I, alínea "a"
da Resolução TSE n.º 23.609/2019.

5 - Indeferimento do registro apresentado, declarando o partido inapto para

concorrer às eleições majoritárias de 2022 no Estado do Rio de Janeiro
para os cargos de Governador e Vice-Governador.

REGISTRO DE CANDIDATURA nº060296763, Acórdão TRE/RJ; Des.

Alessandra De Araujo Bilac Moreira Pinto, Publicação: PSESS - Publicado
em Sessão, 26/08/2022. (grifei)

Diante do exposto, o provimento do agravo para indeferir o pedido de registro do

Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) do Partido Renovação
Democrática (PRD) é a medida que se impõe.

É o voto, que dou por publicado em sessão.

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