Cervicites

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

P R O F .

C A R L O S E D U A R D O

C E RV I C I T E S
GINECOLOGIA Prof. Carlos Eduardo Martins| Cervicites 2

INTRODUÇÃO

PROF. CARLOS
EDUARDO MARTINS
Caro colega,

Meu nome é Carlos Eduardo e atualmente sou um dos


professores de Ginecologia do time do Estratégia. Apesar de
hoje estar do outro lado, não se engane, eu também já estive no
seu lugar, nesse momento de tanta ansiedade e indefinição.
Fui aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo e prestei prova de Residência para Ginecologia e
Obstetrícia ao final do meu sexto ano de graduação. Lembro-me
de como era difícil organizar os estudos sem um cronograma e
sem um material focado nas provas. Eu era obrigado a recorrer
a resumos de colegas e aos livros médicos, que muitas vezes
não eram muito práticos. Apesar da dificuldade, fui aprovado na
Residência Médica que tanto almejava no Hospital das Clínicas da
FMUSP. Atualmente, sou Médico Preceptor da Clínica Obstétrica
do HCFMUSP, sendo responsável por cuidar da organização
didática dos estágios de internato do quinto e do sexto anos
médicos e das atividades acadêmicas dos Residentes do programa
de Obstetrícia e Ginecologia da mesma instituição.
Por meio da minha experiência pessoal e profissional,
associada ao contato diário com candidatos e recém-aprovados
na prova de Residência, posso dizer que estudar com um
material focado nas provas de Residência é a melhor maneira de
alcançar uma boa preparação. Uma boa base teórica mesclada
com exercícios que sedimentam o conteúdo facilita muito o
aprendizado. Aproveite este material desenvolvido com muito
cuidado pela nossa equipe de professores. Seu empenho
associado às ferramentas que estamos disponibilizando será o
caminho mais seguro rumo à tão sonhada vaga de Residência.

Um grande abraço e bons estudos!

Estratégia MED @dr.carlosmartins

@estrategiamed @estrategiamed
Estratégia
MED
t.me/estrategiamed /estrategiamed
GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 4
2.0 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 4
3.0 QUADRO CLÍNICO 5
4.0 ETIOLOGIA 6
4 .1 . CLAMÍDIA 6

4 .2 . GONOCOCO 6

5.0 DIAGNÓSTICO 6
6.0 TRATAMENTO 7
7.0 RASTREAMENTO E PREVENÇÃO 9
8.0 LISTA DE QUESTÕES 10
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11
10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 11

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 3


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO
As cervicites são infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), provas para focar e otimizar seus estudos.
cujo desfecho impacta de maneira importante na ocorrência de A prevalência exata das cervicites é algo difícil de definir, pois
complicações ginecológicas e materno-fetais. A interface do tema os critérios diagnósticos variam de acordo com os estudos, além de
com outras especialidades e com outras doenças ginecológicas faz ser uma infecção assintomática, na maioria das vezes, o que dificulta
com que seja um tema frequente nas provas de Residência. o levantamento de casos. Estima-se que elas afetem de 35% a 45%
Esse tema aparece de forma isolada em algumas questões, da população feminina. Os agentes mais envolvidos na infecção
porém muitas vezes associado a conhecimentos sobre a doença são a Chlamydia trachomatis (CT) e a Neisseria gonorrhoeae
inflamatória pélvica, sua principal complicação. Por meio de uma (NG); porém também pode ser causada por Trichomonas vaginalis,
análise ampla das questões de provas de Residência Médica de todo Herpes simplex virus e Mycoplasma genitalium. Mais adiante no
o país, encontramos que esses temas em conjunto correspondem material abordaremos cada uma delas com detalhes.
a quase 4% de todas as questões avaliadas. É muito importante Então, vamos iniciar mais uma etapa no seu caminho até a
que você tenha conhecimento sobre a relevância de cada tema nas tão sonhada vaga de Residência Médica? Venha comigo!!!

CAPÍTULO

2.0 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa


endocervical (epitélio colunar do colo), geralmente de origem
infecciosa, podendo ser dividida em gonocócica (causada pela
Neisseria gonorrhoeae) e não gonocócica. Apesar da afecção mais
comum ser da endocérvice, o epitélio escamoso (ectocérvice)
também pode ser afetado, sobretudo nas infecções por herpes e
por tricomonas. Os mecanismos patogênicos dos agentes principais
(clamídia e gonococo) são desenvolvidos para o epitélio colunar.
Os principais fatores de risco para cervicites estão
relacionados ao comportamento sexual de risco e estão resumidos
abaixo:

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 4


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

FATORES DE RISCO

Idade jovem

Baixo nível socioeconômico

Múltiplos parceiros

Antecedente de IST

Uso irregular de preservativos

CAPÍTULO

3.0 QUADRO CLÍNICO


A maior parte das pacientes apresenta-se assintomática nas cervicites. Em cerca de 30% dos casos podem surgir sintomas. A
sintomatologia pode ser bastante variável de acordo com o agente etiológico, porém alguns sintomas são comuns a todas as cervicites.
Os sintomas mais comuns são: secreção vaginal mucopurulenta e sangramento após relação sexual ou entre as menstruações. As
pacientes podem apresentar também disúria, dispareunia e irritação vulvovaginal. No exame físico, pode ser visualizado edema do colo
uterino com exacerbação da ectopia e descarga mucopurulenta pelo orifício externo (vide imagem abaixo).

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 5


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

CAPÍTULO

4.0 ETIOLOGIA
Apesar de haver a possibilidade de uma abordagem sindrômica para o diagnóstico e para o tratamento das cervicites, cada agente
etiológico está associado a diferentes manifestações clínicas e complicações, e esse conhecimento pode aparecer nas questões de provas de
Residência.

4 .1 . CLAMÍDIA

A Chlamydia trachomatis é uma bactéria gram-negativa e intracelular obrigatória. Ela é responsável pela maior parte das cervicites e
é considerada a IST bacteriana mais comum no mundo, superando a sífilis e a gonorreia.
Mais de 70% dos casos são assintomáticos, mas quando há manifestação clínica, os principais sintomas são: edema de colo, hiperemia,
mucorreia, acentuação da ectopia, dor à mobilização do colo e sangramento pós-coito ou intermenstrual. Na cervicite por clamídia não
costuma haver secreção purulenta saindo pelo colo.

4 .2 . GONOCOCO

A infecção por Neisseria gonorrhoeae apresenta uma As principais manifestações clínicas são: secreção purulenta
prevalência bem menor que a infecção por clamídia. O gonococo é ou mucopurulenta endocervical, sangramento endocervical e
uma bactéria diplococo gram-negativa, não flagelada, encapsulada, edema cervical. Pode haver outras manifestações, como disúria e
intracelular e anaeróbia facultativa. bartolinite, que é a infecção das glândulas de Bartholin (todas as
Devido ao processo inflamatório ocasionado em resposta à informações sobre essa doença estão no livro de doenças da vulva
infecção gonocócica, a cervicite por esse agente costuma apresentar e da vagina).
um quadro mais exuberante e sintomático que as demais. Devido Existem outras etiologias para as cervicites, mas que são
ao quadro clínico e às complicações, a cervicite por gonococo pouco abordadas pelas provas de Residência.
costuma ser mais abordada pelas provas.

CAPÍTULO

5.0 DIAGNÓSTICO
Como já foi citado, as cervicites são assintomáticas em sua e N. gonorrhoeae pode ser feito pela detecção do material genético
maioria. Apenas em cerca de 30% dos casos é possível realizar dos agentes infecciosos por biologia molecular. Esse método é o
o diagnóstico pelo quadro clínico. Apesar disso, não é possível de escolha para todos os casos, sintomáticos e assintomáticos”. O
confirmar o agente etiológico pelas manifestações clínicas, diagnóstico pode ser feito por um método chamado NAAT (Nucleic
havendo necessidade de propedêutica complementar. Muitas Acid Amplification Test), também chamado de PCR (Polymerase
vezes, pela indisponibilidade ou pelo alto custo dos testes, utiliza- Chain Reaction) ou pela captura híbrida que é menos sensível que
se uma abordagem sindrômica de tratamento e uma busca ativa de o NAAT. Existem outros métodos de diagnóstico, como a avaliação
parceiros que devem ser avaliados e tratados. da secreção cervical com coloração de GRAM, porém são pouco
Segundo o Ministério da Saúde, em seu protocolo de 2020: sensíveis e quase não são cobrados pelas provas.
“O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por C. trachomatis

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 6


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

CAPÍTULO

6.0 TRATAMENTO
O tratamento, sempre que possível, deve verificar o patógeno envolvido na infecção, porém isso nem sempre é possível e devemos
cobrir os agentes mais comuns. Há um mnemônico para guardarmos o tratamento para cada um dos agentes etiológicos da cervicite:

G C
O L
N AZITROMICINA
O M
CEFTRIAXONE Í
O DOXICICLINA
C I
O A

Abaixo, um quadro com o tratamento preconizado pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas
com Infecções Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde, 2020).

CONDIÇÃO CLÍNICA TRATAMENTO

Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única,


Infecção anogenital não complicada e da faringe (uretra,
MAIS
colo do útero e reto)
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única.

Ceftriaxona 1g IM ou IV/dia por ao menos 7 dias


Infecção gonocócica disseminada MAIS
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única

Conjuntivite gonocócica no adulto Ceftriaxona 1 g, IM, dose única.

Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única


OU
Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, 7 dias (exceto gestantes).
Infecção por clamídia
OBS.: na gestação deve ser coletado teste de controle
após três semanas do fim do tratamento, para confirmar
êxito terapêutico.

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 7


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

Notas:
1. Em março/2017, o Ministério da Saúde lançou uma norma técnica recomendando ceftriaxona 500 mg IM
em substituição ao ciprofloxacino em todo o território nacional, considerando o alto índice de resistência.
Algumas questões mais antigas podem apresentar o tratamento com uso de ciprofloxacino 500 mg VO em
dose única em vez de ceftriaxona.

2. Na indisponibilidade de ceftriaxona, poderá ser utilizada outra cefalosporina de terceira geração no trata-
mento de infecção pelo gonococo, como a cefotaxima 1.000 mg, IM, dose única.

Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde)

Tratamento recomendado para cervicite, uretrite e infecção retal por gonococo (segundo CDC 2021)

Regime recomendado:
• Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única (para pacientes com menos de 150 kg). Para pacientes com mais de 150 kg deve
ser empregado 1g por via IM em dose única.

Alternativos:
• Gentamicina 240mg IM em dose única
MAIS
Azitromicina 2g VO em dose única
OU
• Cefexime 800mg VO em dose única

OBS. 1: o tratamento para clamídia deve ser considerado se a possibilidade de infecção por esse agente não for
excluída.
O tratamento recomendado para clamídia é: doxiciclina 100 mg, 12/12 horas, por 7 dias.
OBS. 2: o CDC 2015 não considera ciprofloxacino como opção de tratamento.

Tratamento recomendado para cervicite, uretrite e infecção retal por clamídia (segundo CDC 2021)

Regimes recomendados:
• Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12h, por 7 dias.

Alternativos:
• Azitromicina 1g VO em dose única
• Levofloxacino 500mg 1x/dia por 7 dias

OBS. 1: o tratamento para gonococo deve ser considerado se a prevalência da gonorreia for alta na população avaliada.

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 8


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

Em geral, o regime terapêutico mais cobrado pelas provas de Residência é o do Ministério da Saúde, com
o uso de e de azitromicina em dose única. Porém, é importante atentar-se para a bibliografia da prova que você
prestará.

CAPÍTULO

7.0 RASTREAMENTO E PREVENÇÃO


O rastreamento para clamídia e gonococo não é moleculares de detecção das bactérias no conteúdo cervical.
recomendado pelo Ministério da Saúde, porém o CDC recomenda O objetivo do rastreamento nessas populações é reduzir o
o screening em mulheres com menos de 25 anos e com vida sexual risco de complicações associado às cervicites, além de testar e tratar
ativa e em mulheres com mais de 25 anos e com fatores de risco os parceiros. Os programas de rastreamento demonstram reduzir
para infecção (parceiro novo, múltiplos parceiros, parceiro que tem a incidência de doença inflamatória pélvica, que é a complicação
relações sexuais com outras pessoas, parceiro com diagnóstico mais comum da cervicite.
de outra IST). Esse rastreamento deve ser realizado com testes

Todos os parceiros devem ser tratados para CT e NG se o último contato foi antes do diagnóstico. O
tratamento deve ser igual ao da paciente com cervicite.

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 9


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

Resolva questões pelo computador


Copie o link abaixo e cole no seu navegador
para acessar o site

https://estr.at/31iGwg4

Resolva questões pelo app


Aponte a câmera do seu celular para
o QR Code abaixo e acesse o app

Baixe na Google Play Baixe na App Store

Baixe o app Estratégia MED


Aponte a câmera do seu celular para o
QR Code ou busque na sua loja de apps.

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 10


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

CAPÍTULO

9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Tratado de ginecologia Febrasgo / editores Cesar Eduardo Fernandes, Marcos Felipe Silva de Sá; coordenação Agnaldo Lopes da Silva Filho
[et al.]. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
2. HOFFMAN, Barbara L. et al. Ginecologia de Williams. Artmed Editora, 2014.
3. Centers for Disease Control and Prevention. "2015 Sexually transmitted diseases treatment guidelines (2015).
4. Brasil, et al. "Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis." (2015).
5. Berek, Jonathan S. Berek & Novak's gynecology. Lippincott Williams & Wilkins, 2019.

CAPÍTULO

10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Já está sabendo tudo sobre cervicites? Espero que sim! Este material contempla a maior parte dos tópicos cobrados pelas provas
de Residência, mas se você quer aprofundar seu estudo e gabaritar todas as questões, não deixe de checar nosso livro digital com a teoria
completa.
Se surgirem mais dúvidas sobre o tema deste resumo ou sobre algo referente a outros conteúdos, não hesite em entrar no nosso Fórum
de Dúvidas e envie sua questão. Estamos atentos e responderemos brevemente.
Mantenha seu foco nos estudos, pois o objetivo está próximo. Até mais!
Grande abraço

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 11


GINECOLOGIA Cervicites Estratégia
MED

Prof. Carlos Eduardo Martins | Resumo Estratégico | 2023 12

Você também pode gostar