I - 20 Carta de Nascentes Minerais
I - 20 Carta de Nascentes Minerais
I - 20 Carta de Nascentes Minerais
ATLAS DO AMBIENTE
NOTÍCIA EXPLICATIVA
1
PORTUGAL
ATLAS DO AMBIENTE
NOTÍCIA EXPLICATIVA
I.20
Resumo...............................................................................
Summary.............................................................................
Résumé...............................................................................
Introdução
Nota prévia....................................................................
Conceitos de água mineral e regime jurídico .................
Critério geral...................................................................
Mineralização total..........................................................
Temperatura.....................................................................
Tipos hidrogeoquímicos...................................................
Factores geológicos..........................................................
Descrição da Carta....................................................................
Interesse da Carta......................................................................
Referências bibliográficas..........................................................
Apêndice
Glossário.........................................................................
3
Resumo
A presente Carta das Nascentes Minerais foi concebida numa perspectiva hidrogeológica
orientada para o ensino, em especial virada para os problemas do ambiente e do ordenamento do
território. Por isso tem simplificações do ponto de vista científico em favor de maior facilidade de
leitura. Pretende, sobretudo, evidenciar relações entre características físico-químicas essenciais de cada
tipo de água e o correspondente ambiente litológico e geo-estrutural.
Figuram todas as águas actualmente classificadas como minerais pela legislação
portuguesa, assim como muitas outras que se consideram minerais de um ponto de vista
hidrogeoquímico, independentemente do interesse económico.
Podem-se definir duas grandes províncias hidrominerais em Portugal continental: numa
predominam águas cuja composição química resulta da simples dissolução das rochas em presença,
província cujos contornos envolvem a «Bacia Terciária dos rios Tejo e Sado», as «Orlas Meso-
Cenozóicas» e a parte sul do Maciço Hespérico; noutra província (coincidente com a Zona Centro-
Ibérica) ressalta um grande número de nascentes de água cuja mineralização estará controlada por
fluidos gerados em profundidade, em processos metamórficos e/ou magmáticos.
Nos afloramentos pós-paleozóicos da primeira província brotam águas com
mineralizações elevadas, por vezes superiores a 10 000 mg/l, principalmente cloretadas sódicas e
o o
sulfatadas cálcicas, associadas a evaporitos, algumas delas com temperaturas entre os 20 e os 40 C.
Já nas zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa, as águas cloretadas e sulfatadas distinguem-se das
anteriores, designadamente pelos altos teores de iões metálicos. As ocorrências estão relacionadas com
a presença de formações metalíferas importantes.
Na segunda grande província destacam-se as águas «sulfúreas sódicas» (ou «sulfúreas
alcalinas») e as «gasocarbónicas» (com CO livre geralmente superior a 1000 mg/l), estas
2
circunscritas à Sub-Zona da Galiza Média/Trás-os-Montes. Ocorrem em maciços granitóides de idade
hercínica ou, mais raramente, nas formações metassedimentares encaixantes. A mineralização é
anómala para tais ambientes geoquímicos, nomeadamente as concentrações em carbono inorgânico
total, flúor, boro, bromo, tungsténio e amónio, e muitas delas têm temperaturas elevadas, com um
o
máximo nas Caldas de Chaves (75 C). As nascentes estão condicionadas por falhas activas.
Não é conhecido nenhum caso de água mineral relacionada com o vulcanismo terciário.
Summary
This Map of Mineral Waters was designed taking into account in a hydrogeological
point of view for scholar use, environmental purposes and land use planning; so, it is simplified for
reading facility. Mainly it intends emphasise relationships between some essencial chemical and
physical features of the waters and its geological frames.
All springs classified as mineral waters under the Portuguese law are plotted as well as
many others considered as mineral by only a geological concept.
There are two large hydromineral provinces in Portugal: the domain of mineral waters
resulting from rock dissolution (Tertiary Bassin of the Tagus and Sado rivers, Meso-Cenozoic
Margins and the south part of the Hesperian Massif); and the other one (Centre Iberian Zone of the
Hesperian Massif) with predominance of waters controlled by deep fluids, generated in metamorphic
and/or magmatic processes.
Inside the first province one distinguishes very mineralized waters issuing in the pos-
Paleozoic terraines, in association with evaporites, some of them with TDS >10 000 mg/l, mainly of
o o
sodium chloride and calcic sulphate types, some ones with temperatures between 20 and 40 C. In
the Ossa-Morena Zone and South Portuguese Zone the presence of ore bodies in the metasedimentary
formations justify that occurrence of waters of chloride and sulphate types with high metallic ions
contents.
The second province is the province of the sulphide alkaline springs and the CO -rich
2
waters (these ones in the Middle Galicia/Trás-os-Montes Sub-zone) normaly issuing in granitic
outcrops of hercynian age. Some chemical components such as the total Inorganic Carbon, fluorine,
boron, bromine, wolfram and ammonium exist in anormal levels. These springs are controlled by
o
active faults, and some of them are very hot (maximum 75 C at Caldas de Chaves).
There are no known springs related to Tertiary vulcanism.
Résumé
Cette Carte des Eaux Minérales a eté conçue sous une perspective hydrogéologique mais
orientée vers l'enseignement des sciences de l'environnement physique et de l'aménagement du
territoire. Pour cette raison elle est un petit peu simplifiée du point de vue scientifique. Elle a le but
principal de rendre evidentes les relations entre les caractéristiques physico-chimiques des eaux et les
conditions géologiques. Toutes les eaux classifiées comme minérales par la loi portugaise y figurent
et beacoup d'autres qui le sont d'un point de vue hydrogéologique seulement.
Nous pouvons définir deux grandes provinces hydrominérales: l'une où la composition
chimique des eaux devient, surtout, de la dissolution des roches (cas des eaux du Bassin Tertiaire du
Bas-Tage et du Sado, des Bordures Meso-Cénozoiques et des zones Ossa-Morena et Sud-Portugaise du
Massif Hespérique); et une autre province (la Zone Centro-Ibérique du Massif Hespérique) avec des
eaux où la composition est conditionnée par des fluides dont l'origine est en profondeur, par
métamorphisme et/ou par magmatisme.
Dans les terrains post-Paleozoiques de la première province il y a des eaux très
minéralisées, parfois >10 000 mg/l, surtout chlorurées sodiques et sulfatées calciques, associées à des
o o
évaporites, quelques unes avec des températures entre 20 et 40 C. Dans les zones Ossa-Morena et
Sud-Portugaise il y a aussi des eaux chlorurées et sulfatées mais différentes des autres par ses
concentrations élevées en ions métalliques, liées à des gisements metallifères importants.
Dans la seconde province se détachent les «sulfurées sodiques» et les «carbogaseuses»
(CO libre généralement >1000 mg/l), celles-ci circonscrites à la Sous-Zone de Galice Moyenne/Trás-
2
os-Montes. Presque toutes les sources se situent dans des massifs de roches granitoides tardi-
hercyniennes. Sa minéralisation n'est pas normal pour l'environnement géochimique (concentrations
élevées de carbone inorganique total, fluor, bore, brome, tungstène et ammonium, par exemple) et
o
beaucoup d'eux sont très chaudes, avec un maximum à Caldas de Chaves (75 C). Les sources sont
contrôlées par des failles actives.
On ne connait pas d'eaux minérales liées au volcanisme tertiaire.
5
Introdução
Nota prévia
A problemática das águas minerais não pode ser abordada fora do contexto
geral do ciclo hidrológico, embora constitua uma especialidade dentro da
Hidrogeologia, em particular da Hidrogeoquímica.
No estudo das águas minerais importa ter presente a distinção entre "água"
no sentido químico (H O) e "água" no sentido vulgar, pois neste último deve entender-
2
se por H2O + substâncias dissolvidas (mineralização). A questão pode parecer
académica pois, na natureza, qualquer água é sempre mais ou menos mineralizada,
mesmo a própria água da chuva. A molécula de H2O, devido à sua estrutura bipolar,
tem uma grande capacidade para reagir com as outras substâncias. O reparo é feito
para que não se julgue que, em certos tipos de águas com componentes
mineralizadores de origem profunda, as moléculas de H2O têm, forçosamente, igual
origem profunda.
No que respeita à origem das moléculas de H2O da água subterrânea, ela
pode ser meteórica ou juvenil. São situações particulares de água de origem meteórica
a água conata e a regenerada.
As proporções relativas em que água de cada uma destas origens entra
numa determinada água subterrânea é variável: exclusivamente de origem meteórica na
esmagadora maioria dos casos; noutros, parte pode ser de origem juvenil. Esta última
situação tem sido admitida em águas muito quentes, por exemplo em zonas de
vulcanismo activo, mas após os trabalhos de investigação de Goguel (1953) e de Craig
(1963) pensa-se que a fracção juvenil não ultrapassará os 10% (Panichi & Gonfiantini,
1981).
No que respeita à mineralização, ela provém de um conjunto de fenómenos
mais ou menos complexos de interacção «H2O-gases-rocha», fundamentalmente
reacções de equilíbrio químico entre a água circulante e os minerais que constituem as
rochas lixiviadas durante o percurso subterrâneo (cf. Schoeller, 1962; Hem, 1970;
Appelo & Postma, 1993; Nordstrom & Munoz, 1994). Em certas águas, porém,
determinados componentes só se explicam admitindo uma origem em fenómenos
geológicos que ocorrem a grandes profundidades: metamorfismo, magmatismo,
desgaseificações por levantamento crustal ("uplift"), etc. Serão, portanto, componentes
de origem juvenil (Franko et al., 1975).
São factores importantes no processo de interacção água-rocha: o tempo
de residência da água no subsolo e o gradiente geotérmico.
De acordo com a classificação genética de Valery Ivanov, há uma
regularidade universal na distribuição dos diferentes tipos de água mineral,
observando-se características semelhantes quando são semelhantes as condições
geoquímicas e geo-estruturais. Para este autor, há três situações fundamentais que
justificam as mineralizações das águas (Ivanov, 1979):
7
Não há uma definição universal de «água mineral»; as várias definições em
uso assentam, basicamente, num de dois critérios, ou perspectivas: num critério
estritamente geológico/hidrogeoquímico, ou num critério que poderemos chamar de
utilitarista, porque enfatiza uma utilidade.
De um ponto de vista estritamente geológico só deve designar-se por água
mineral uma água cuja mineralização total, ou alguns dos seus componentes, excede o
que se pode considerar normal para águas subterrâneas por exemplo: mineralização
total >1000 mg/l; total de CO livre >1000 mg/l (nalguns países bastam 500 mg/l, ou
2
mesmo só 250 mg/l); sulfuração total >1 mg/l; flúor >2 mg/l; lítio >1 mg/l; estrôncio
>10 mg/l; bromo >5 mg; iodo >1 mg/l; ferro II >10 mg/l; manganês >10 mg/l; bário >5
mg/l; sílica >50 mg/l, etc.
É corrente designar por “termal” toda a água cuja temperatura de
o
emergência excede 20 C; no entanto, muitos geólogos preferem indexar o limite à
temperatura média anual do ar da região da nascente, considerando termal quando a
ultrapassa. Para White (1957), por exemplo, são termais as que excedem a temperatura
média do ar em 5o C ou mais; e para Henry Schoeller as que excedem em mais de 4o C
(Schoeller, 1962).
Nos casos em que uma água seja, simultaneamente, termal e mineral (no
sentido geológico) chamar-se-á “termomineral”; e “acratotermal” se for «termal»
mas com um total de substâncias dissolvidas insignificante.
Quando se designa por «mineral» devido à utilidade, o uso pode ser:
«medicinal», com fins terapêuticos, ou «industrial», se serve como matéria prima para
extracção de substâncias úteis contidas na água (sais, certos elementos raros, gases,
etc.). No entanto, também é aceite como água mineral a que, simplesmente, possui
grande qualidade para consumir como bebida, pelos seus efeitos benéficos para a
saúde humana, sem, contudo, necessitar de ser uma água medicinal. É sobretudo com
base neste valor de uso (e por isso valor económico) que a maior parte dos países fixa a
definição de água mineral para efeitos jurídico-administrativos.
Em Portugal, na primeira lei sobre águas minerais (Decreto de 1892,
publicado no Diário do Governo nº 225, de 5 de Outubro), o termo «água mineral» era
sinónimo de «água minero-medicinal», isto é, a água deveria ter propriedades
terapêuticas. Por essa razão só eram ministradas em balneários, embora também
pudessem ser vendidas engarrafadas (em farmácias), ou ser objecto de extracção de
sais, também estes para uso medicinal.
O mesmo critério foi mantido no Decreto nº 5787-F (10 de Maio de 1919)
e, posteriormente, no Decreto-lei nº 15 401, de 1928 (Diário do Governo de 20 de
Abril), se bem que a partir de então também se admitisse o engarrafamento para
consumo corrente.
Sobre a evolução da legislação portuguesa relativa às águas minerais, no
período 1892-1960, veja-se o trabalho de Manuel Marques da Mata (Mata, 1960).
9
Portugal tem longa tradição no uso de águas minerais para fins medicinais
(termalismo); disso são testemunhos históricos as ruínas de balneários romanos, nos
mesmos sítios onde ainda hoje se encontram algumas estâncias termais importantes:
Caldas de Chaves, Caldas do Gerês, Termas de S. Vicente, Termas de S. Pedro do Sul
(antigas Caldas de Lafões), Caldas das Taipas, Caldas de Vizela, etc. (Torres et al.,
1930, vol. I; Acciaiuoli, 1952, vol. I).
A esta tradição junta-se a da extracção de «sal de cozinha» de certas águas
subterrâneas muito salgadas, de que são exemplo as salinas de Rio Maior (Fonte da
Pipa), exploração que remonta a tempos anteriores ao século XII e prossegue ainda
hoje. Outras explorações semelhantes houve perto da Batalha (as Salgadas, ou
Brancas) e perto de Leiria (as de Porto Moniz).
À tradição de uso há a acrescentar uma longa lista de estudos científicos
que as águas minerais motivaram em Portugal desde o século XVIII, quer estudos
médico-hidrológicos, quer estudos de química analítica (Acciaiuoli, 1952, vol. 1). Henry
Schoeller, grande vulto da Hidrogeologia deste século, sublinhava o facto dizendo que
"poucos países se interessaram tanto pelas águas termominerais como Portugal, como
o testemunham as belas publicações que tenho na minha biblioteca" (Schoeller, 1982).
A exploração de águas minerais, quer no termalismo, quer na indústria de
engarrafamento, reveste-se hoje de considerável importância sócio-económica,
sobretudo, o termalismo, porquanto as estâncias termais constituem pólos de animação
económica local, graças aos fluxos turísticos que originam.
Quer o consumo de água engarrafada quer a frequência das termas, tem
evoluído de modo crescente nas últimas décadas (Calado, 1987). Enquanto que em
1970, por exemplo, a produção de água mineral engarrafada foi de pouco mais de 50
milhões de litros e o número de inscrições nas termas não alcançou os 60 000 curistas,
em 1992 os números registados foram, respectivamente, 285,6 milhões de litros e 102
399 curistas (Fernandes & Cruz, 1993).
A maior parte da frequência termal é por pessoas com «doenças reumáticas
e músculo-esqueléticas» e do foro da otorrinolaringologia (sinusites, rinites, faringites,
etc.).
Sobre as vocações terapêuticas das estâncias termais e algumas estatísticas
médicas há extensa bibliografia; das publicações mais recentes recomenda-se:
ANIAMM, 1984; DGGM-DGT, 1990; Sousa, 1993; Valentim, 1993.
Em Portugal continental há, actualmente, 51 concessões de água mineral
em actividade: 35 exclusivamente em termalismo; 8 exclusivamente para
engarrafamento; e 8 em termalismo e engarrafamento, simultaneamente.
Antecedentes cartográficos
Informação utilizada
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Método de representação
Critério geral
Subdividiu-se a primeira das classes em: < 200 mg/l; 200-600 mg/l e 600-
1000 mg/l.
Temperatura
Tipos hidrogeoquímicos
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Na definição dos grupos hidrogeoquímicos (e escolha das respectivas
cores) a preocupação principal foi facilitar ao leitor a visualização imediata quanto ao
essencial da composição química de cada água e, ao mesmo tempo, dar uma imagem de
conjunto da relação entre essas características e as condições geológicas regionais.
Este princípio levou a não usar representações gráficas correntemente adoptadas na
cartografia da especialidade e antes se preferiu uma forma que - embora inspirada na
classificação do Prof. Herculano de Carvalho (Carvalho, 1961) - pareceu mais
adequada aos propósitos enunciados.
Considera-se que há em Portugal nove tipos hidrogeoquímicos bem
definidos e a cada um atribuiu-se uma cor própria: Sulfúrea sódica; Gasocarbónica;
Bicarbonatada sódica; Bicarbonatada cálcica e/ou magnesiana; Cloretada
sódica; Cloretada sódica em ambiente metalífero; Sulfatada cálcica em
ambiente evaporítico; Sulfatada cálcica em ambiente metalífero e Oxidrilada.
O grupo “Sulfidricada” não corresponde exactamente a um tipo químico
independente mas, apenas, a uma "sobrecarga" de algumas águas cloretadas sódicas e
sulfatadas cálcicas de zonas sedimentares e metassedimentares que, apesar de terem em
comum com as sulfúreas sódicas (das zonas graníticas) o cheiro a gás sulfídrico, se
distinguem claramente destas por um conjunto de outras características físico-químicas.
Dado o significado hidrogeoquímico do facto entendeu-se dar-lhe o merecido relevo.
15
- mineralizações totais elevadas, muito superiores a 1 g/l;
- teores de flúor >1 mg/l (excepto Melgaço), mas sem ultrapassar 8 mg/l,
assim como teores anómalos de boro (chegam a 0,77 mg/l) e bromo;
- são todas bicarbonatadas sódicas, com excepção da água de Melgaço,
que é bicarbonatada cálcica;
- são todas frias, com excepção das Caldas de Chaves (75o C).
Factores geológicos
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Descrição da Carta
Esta Carta não deve ser considerada um inventário exaustivo das águas
minerais do nosso território, mas pode dizer-se que a cobertura feita é bastante
representativa de todos os tipos hidrogeoquímicos existentes e dos diferentes
ambientes e unidades geológicas; não figura nela uma dezena de nascentes alentejanas
interessantes sobre as quais não há dados analíticos suficientes para caracterização
hidrogeoquímica.
19
subjacente às formações Meso-Cenozóicas, em resultado de reactivação tectónica
sofrida pelo soco antigo no final do Terciário (cf. Ribeiro & Almeida, 1981).
Já na Bacia do Tejo e Sado, em particular nos terrenos a sul do rio Tejo,
são relativamente raras as águas especialmente mineralizadas, devido a predominarem
afloramentos constituídos, essencialmente, por areias siliciosas, material muito pouco
mobilizável quimicamente. As poucas ocorrências de água significativamente
mineralizada localizam-se em aluviões quaternárias de fácies salobra (vasa do Tejo),
como é o caso do Mouchão da Póvoa; noutras, como a da Charneca do Fairro, perto de
Santarém, a mineralização resulta de formações de fácies lacustre com intercalações
argilosas muito salgadas. As águas sulfatadas devem-se à presença de margas
gessíferas; e as águas bicarbonatadas, cálcicas e/ou magnesianas, à preponderância de
calcários, mais ou menos dolomíticos, ou mesmo de dolomias.
Também nesta Bacia se notam algumas nascentes com temperaturas
anómalas em estreita relação com falhas importantes (cf. Andrade, 1933).
21
23
Interesse da Carta
(1). Verifica-se que algumas nascentes estão algo afastadaas da posição geográfica devida, pelo que esta
lista de coordenadas ajudará às necessárias correcções. Os casos mais graves são os das Caldas da
Cavaca, Touca, Ganhoteira, Telheiro, Fonte Santa de Benémola e Fonte Santa da Quarteira, que devem
ser deslocadas, respectivamente: 3mm para SE, 4mm para SSE, 5mm para ESE, 4mm para NE, 5
mm para SSW e 3mm para ESE.
25
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Apêndice
1. GLOSSÁRIO
Aquífero (u-í): Em sentido geral, o que contém água (do latim aqua=água + fero=que
tem). Em sentido hidrogeológico: formação geológica, ou estrato, saturada de
água e donde é possível extraí-la em quantidade apreciável para satisfazer
necessidades humanas.
Classificação genética: Classificação hidroquímica que se baseia na origem, na génese,
da composição química da água.
Conata (água): O mesmo que congénita, ou singenética. Diz-se de uma água que é
contemporânea dos sedimentos de cuja evolução resultou a actual rocha
hospedeira (aquífero). Tal é o caso de águas que ficaram aprisionadas em
sedimentos do fundo de pequenos mares, ou de lagos estuarinos. São
verdadeiras águas fósseis, verdadeiras relíquias da água original, embora já
substancialmente modificadas por reacções entretanto ocorridas, dado o longo
tempo de permanência no aquífero. Em geral são fortemente mineralizadas.
Exotérmica (reacção): Diz-se da reacção química que liberta calor.
Falha activa: Falha que rejogou, ou que se formou, em tempos geológicos recentes.
Nos estudos de neotectónica feitos em Portugal têm-se considerado os dois
últimos milhões de anos.
Hidrogeologia: Em sentido original, antigo, era o estudo das águas naturais enquanto
factor geodinâmico. Em sentido moderno, mais restrito, é o estudo dos factores
que regem a formação, acumulação, circulação e propriedades físicas e químicas
das águas subterrâneas.
Juvenil (água): É a água que nunca esteve no ciclo hidrológico. Pode provir do
arrefecimento de um magma de que fazia parte (água magmática residual), ou
resultar da síntese de hidrogénio do interior da Terra com oxigénio atmosférico,
em condições de altas pressões e temperaturas.
S2O32-.
Tempo de residência (da água no subsolo): Período de tempo em que uma água
permaneceu no subsolo, isto é, que mediou entre a infiltração (da água meteórica)
e a sua emergência numa nascente ou numa captação. Em geral, num mesmo
aquífero, a um maior tempo de residência corresponde uma maior quantidade de
substâncias dissolvidas.
2. Nascentes Minerais representadas na Carta I.20
Distrito de Aveiro
CURIA Anadia 208 171,90 384,28 M
VALE DA MÓ Anadia 208 177,74 386,10 M
CALDAS DE S. JORGE Sta Maria da Feira 144 169,10 444,45 M
CALDAS DE S. JORGE/VILAR Sta Maria da Feira 144 168,04 446,64 M
LUSO Mealhada 219 179,24 379,50 M+E
Distrito de Beja
ALJUSTREL Aljustrel 529 195,78 101,90 --
VITÓRIA Beja 520 212,18 110,70 M
FONTE DE SANTANA Moura 502 274,50 138,12 M
MOURA Moura 501 259,92 130,96 M
PIZÕES Moura 512 258,24 129,12 E
ÁGUA SANTA Mértola 557 226,62 71,79 M
ÁGUA SANTA DA MORENA Mértola 558 234,03 75,05 M
ÁGUAS SANTAS DO VASCÃO Mértola 566 240,36 60,00 M
MÉRTOLA/BARRANCO DAS VINHAS Mértola 558 242,18 76,60 M
S. DOMINGOS (Água Forte) Mértola 559 256,26 78,24 --
FERRADURA (Banhos da) Serpa 524 271,50 113,26 M
Distrito de Braga
CALDELAS Amares 042 179,32 522,08 M
EIROGO/MOSQUEIRO Barcelos 055 161,28 511,52 M
EIROGO/CASTANHEIRINHOS Barcelos 055 161,94 511,12 M
EIROGO/QUINTA DO EIROGO Barcelos 055 161,71 510,88 M
BARCELOS/PENEDO DO ENXOFRE Barcelos 069 158,60 506,50 M
CRESPOS Braga 056 181,40 516,22 M
CAVEZ (Ponte de) Cabec. de Basto 073 220,14 504,94 M
PEDRAÇA (F.te Santa) Cabec. de Basto 072 214,58 503,84 M
CALDAS DE VARZIELAS Guimarães 057 194,22 510,64 M
CALDAS DAS TAIPAS Guimarães 070 182,56 501,90 M
CALDAS DE VIZELA/LAMEIRAS Guimarães 099 185,34 489,76 M
CALDAS DE VIZELA/MOURISCO Guimarães 099 185,48 489,32 M
AJUDE/VERIM Povoa de Lanhoso 057 184,90 519,50 M
ÁGUA DO GRADOURO/FASTIO Terras de Bouro 043 190,78 529,94 E
CALDAS DO GERÊS Terras de Bouro 043 197,66 528,92 M
SOTO Terras de Bouro 043 185,74 528,02 M
DOSSÃOS Vila Verde 042 172,14 523,08 M
GESTAL/AZENHA VELHA Vila Verde 056 176,48 516,46 M
Distrito de Bragança
ALFAIÃO Bragança 038 316,82 532,46 M
CASTRO DE AVELÃS Bragança 037 309,16 538,46 M
CALDAS DE S. LOURENÇO Carraz. de Ansiäes 103 263,64 480,54 M
SEIXO (F.te Santa) Carraz. de Ansiäes 129 272,62 464,20 M
LAGOAÇA (F.te Santa) Freixo Esp. à Cinta 120 315,70 474,88 M
ZAMBULHAL Freixo Esp. à Cinta 142-A 313,07 455,62 --
ESCARLEDO Mac. de Cavaleiros 078 306,42 503,78 M
ABELHEIRA (Banhos da) Mac. de Cavaleiros 078 306,42 501,52 M
BEM SAûDE/BARREIROS Moncorvo 118 287,46 478,10 M
SAMPAIO Vila Flor 105 287,10 481,24 M+E
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SAMPAIO/RIBEIRA DE FELGAR Vila Flor 105 287,16 481,90 M
BEM SAûDE Vila Flor 118 286,74 479,16 M
BEM SAûDE/CURRAIS DO LEITÃO Vila Flor 118 285,92 478,50 M
BEM SAûDE/MURO DO REGATO Vila Flor 118 287,00 478,00 M
ANGUEIRA (F.te Santa) Vimioso 066 342,98 518,02 M
TERRONHA Vimioso 066 336,68 511,46 M
MOIMENTA DA RAIA Vinhais 011 296,48 553,32 M
SANTA CRUZ (Banho de) Vinhais 024 299,24 548,46 M
SEGIREI/SANDIM Vinhais 022 277,44 543,40 M
Distrito de Coimbra
MONTOURO Cantanhede 207 156,38 388,06 M
ARRIFANA Condeixa 250 167,48 347,36 M
CABO MONDEGO* Figueira da Foz 238 134,24 357,26 --
VERRIDE/TANQUE DO BRULHO Montemor-o-Velho 239 149,82 351,66 M
AÇUDE DA REGADA Oliveira do Hospital 211 218,12 382,48 M
CALDAS DE S. PAULO Oliveira do Hospital 222 224,66 373,16 M
CALDAS DE S. PAULO/RAPADA Oliveira do Hospital 222 224,16 372,86 M
REGADA/QUINTA DAS ROSADAS Oliveira do Hospital 211 219,28 382,28 M
AMIEIRA Soure 249 147,66 347,59 M
AZENHA Soure 249 148,30 346,96 M
S. GERALDO Tábua 221 215,22 378,04 M
VÁRZEA NEGRA Tábua 210 210,88 380,24 M
Distrito de Évora
BARROSAS Montemor-o-Novo 422 186,88 207,52 --
GANHOTEIRA Évora 480 219,22 156,52 --
Distrito de Faro
FERRAGUDO/SEIXOSAS Lagoa 603 167,06 17,30 --
MEIA PRAIA Lagos 603 154,10 17,22 --
VALVERDE Lagos 602 148,18 15,10 M
BENÉMOLA (F.te Santa) Loulé 597 211,10 26,94 M
QUARTEIRA (F.te Santa) Loulé 606 204,64 11,98 M
ALFERCE (F.te Santa)) Monchique 585 167,96 36,96 M
CALDAS DE MONCHIQUE) Monchique 585 162,60 35,80 M+E
MALHADA QUENTE (F.te Santa) Monchique 577 165,42 40,94 M
OLHEIROS DA FUSETA Olhäo 608 233,88 10,64 M
FONTE SALGADA Tavira 599 244,42 20,94 M
FONTINHA DA ATALAIA Tavira 608 242,95 17,44 M
TELHEIRO Tavira 581 227,72 42,28 M
SALEMA Vila do Bispo 602 138,60 11,25 M
SINCEIRA Vila do Bispo 601 134,90 15,92 M
Distrito de Guarda
CALDAS DA CAVACA Aguiar da Beira 168 246,58 422,88 M
ALMEIDA (F.te Santa) Almeida 183 299,66 419,98 M
SANTO AMARO Celorico da Beira 202 256,36 399,16 M
SANTO ANTÓNIO (Banhos de) Celorico da Beira 180 263,68 412,50 M
CHINCHELA//ABELHÃO Figª. de Cast. Rodrigo 171 291,42 428,34 M
CALDAS DE MANTEIGAS Manteigas 224 249,88 379,68 M
CALDAS DE MANTEIGAS/F.TE SANTA Manteigas 224 250,06 379,54 M
AREOLA/ÁGUA DO POIO Meda 150 269,44 445,38 M
LONGROIVA (Banhos de) Meda 150 277,82 444,54 M
PURGATIVA Meda 150 278,14 444,38 --
CHINCHELA Pinhel 171 291,22 428,70 M
RIBAPINHEL Pinhel 171 290,86 424,58 M
CALDAS DO CRÓ Sabugal 215 292,58 386,78 M
CHÃO DA PENA Sabugal 225 274,58 372,68 M
VILA DO TOURO/PEGA Sabugal 215 287,18 385,06 M
CÓTIMOS Trancoso 170 275,92 428,22 M
PISÃO/ALDEIA NOVA Trancoso 180 259,20 417,08 M
VILARES (F.te do Banho) Trancoso 181 270,78 416,22 M
LAGARTEIRA (F.te Santa) V. Nova de Foz Côa 129 269,94 461,18 M
Distrito de Leiria
PIEDADE Alcobaça 317 125,34 289,38 M
SALIR/PONTA DA BARRA Alcobaça 316 113,15 282,94 M
SALGADAS Batalha 308 141,30 296,90 M
ÁGUAS SANTAS Caldas da Rainha 326 111,78 271,44 M
CALDAS DA RAINHA Caldas da Rainha 326 113,90 271,06 M
SALIR/ALFÂNDEGA VELHA Caldas da Rainha 316 112,82 282,60 M
SERRA DO BOURO Caldas da Rainha 326 109,94 275,36 M
FONTE QUENTE Leiria 297 142,70 308,96 M
MONTE REAL Leiria 273 136,92 321,08 M
PORTO MONIZ Leiria 297 141,30 308,36 I
ÓBIDOS/CALDAS DAS GAEIRAS Óbidos 338 113,52 267,62 M
Distrito de Lisboa
CONVENTO DA VISITAÇÃO Alenquer 362 115,46 244,76 M
ESTORIL Cascais 430 90,18 193,90 M
ESTORIL (Banho da Poça) Cascais 430 90,44 193,48 M
ALFAMA/ALCAÇARIAS DO DUQUE Lisboa 431 113,40 194,18 M
SANTA MARTA Mafra 388 88,54 222,32 M
S. MARÇAL Oeiras 431 105,04 195,92 E
CASAIS DE CÂMARA Sintra 417 104,08 204,28 M
PEDRÓGÃOS Sobral de Mte Agraço 389 111,64 229,64 E
CHARNIXE Torres Vedras 374 95,68 232,72 M
CUCOS Torres Vedras 375 104,10 236,44 M
VIMEIRO Torres Vedras 361 97,00 246,68 M+E
MOUCHÃO DA PÓVOA V. Franca de Xira 403 119,92 210,08 M
Distrito de Portalegre
OUGUELA (Fonte da Graça) Campo Maior 386 295,34 235,20 --
FONTE DA MEALHADA Castelo de Vide 335 258,72 271,74 E
FONTE DA VILA Castelo de Vide 335 258,32 272,36 M
RIBEIRINHO/VITALIS Castelo de Vide 335 258,06 271,54 E
FADAGOSA DO MONTE DA PEDRA Crato 345 231,66 267,50 M
CABEÇO DE VIDE Fronteira 370 247,90 240,90 M
FADAGOSA DA COMENDA Gavião 345 229,88 267,30 M
FADAGOSA DA COMENDA/BRAÇAL Gavião 333 227,66 270,36 M
FADAGOSA DO TEJO Gavião 332 212,26 279,18 M
FADAGOSAS DA RIBEIRA DE SOR Gavião 345 225,50 265,12 M
FADAGOSA DO PEREIRO Marvão 336 264,50 279,76 M
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FADAGOSA DE NISA Nisa 334 237,72 275,74 M
Distrito de Porto
VARÕES Amarante 100 207,02 480,66 M
CALDAS DAS MURTAS Amarante 113 205,35 477,78 M
CALDAS DAS MURTAS/S. GONÇALO Amarante 113 204,76 478,04 M
CALDAS DAS MURTAS/PATARATAS Amarante 113 204,18 477,96 M
MIGUAS/PONTE DE FRENDE* Baião 126 216,92 462,02 M
VALBOM* Gondomar 122 163,86 462,30 I
CALDAS DE CANAVESES Marco de Canaveses 124 198,19 469,92 M
C. DE CANAVESES/FTE DE ANDRÃES Marco de Canaveses 112 198,05 471,55 M
C. DE CANAVESES/PONTINHA Marco de Canaveses 124 199,80 469,74 M
S. VICENTE Penafiel 124 186,48 461,04 M
ENTRE-OS-RIOS/CURVEIRA Penafiel 135 186,26 459,64 M
ENTRE-OS-RIOS/QUINTA DA TORRE Penafiel 135 186,42 458,82 M
CALDAS DA SAUDE Santo Tirso 098 170,00 488,98 M
S. MIGUEL D´AVES/AMIEIRO GALEGO Santo Tirso 098 176,52 489,38 M
Distrito de Santarém
LADEIRA DE ENVENDOS Mação 313 223,40 293,50 M+E
FADAGOSA DE MAÇÃO Mação 322 214,88 289,34 M
FADAGOSA DE MAÇÃO/CARATÃO Mação 322 214,64 289,66 M
FADAGOSA DE MAÇÃO/EIRAS Mação 322 215,44 289,34 M
FONTE DA PIPA Rio Maior 339 130,26 266,46 I
CHARNECA DO FAIRRO Santarém 341 153,98 260,22 M
AGROAL V. Nova de Ourém 299 173,95 301,22 M
Distrito de Setúbal
PARAÍSO Almada 442 104,50 189,78 --
Distrito de Viseu
TÊDO Armamar 138 242,92 457,44 M
CARVALHAL Castro Daire 157 216,82 431,62 M
CAMBRES Lamego 126 226,84 462,08 M+E
ABRUNHOSA Mangualde 190 241,36 401,28 M
NAGOSA (F.te Santa) Moimenta da Beira 138 244,60 451,59 M
CALDAS DA FELGUEIRA Nelas 200 222,78 391,14 M
URGEIRIÇA Nelas 200 220,64 393,76 --
SEZURES Penalva do Castelo 179 243,86 412,43 M
PIAR* Resende 126 218,70 461,00 M
CALDAS DE AREGOS Resende 136 210,34 459,10 M
S. PEDRO DO SUL S. Pedro do Sul 177 203,42 418,90 M
S. PEDRO DO SUL/VAU S. Pedro do Sul 177 202,72 417,94 M
GRANJAL Santa Comba Dão 210 202,90 382,56 M
POCINHOS SANTOS/PONTE
DO FUMO Tabuaço 139 252,12 457,92 M
CALDAS DE SANGEMIL Tondela 199 213,94 395,18 M
ALCAFACHE (Banhos de) Viseu 189 222,32 404,16 M
Observ.
Nome*: Localização provável.
Coord.*: Coordenadas rectangulares (em km) referidas ao Ponto Fictício
(M: distância ao eixo dos yy; P: distância ao eixo dos xx).
Uso*: Utilização actual ou no passado, ou utilização potencial
(M, Medicinal; E, Engarrafamento e I, Indústria).
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