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PORTUGAL

ATLAS DO AMBIENTE

NOTCIA EXPLICATIVA

CARTA DE NASCENTES MINERAIS

MINISTRIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS


DIRECO-GERAL DO AMBIENTE
LISBOA - 1995
1

PORTUGAL
ATLAS DO AMBIENTE

NOTCIA EXPLICATIVA
I.20

CARTA DE NASCENTES MINERAIS

Elaborada por Carlos M. Asceno Calado


Gelogo

MINISTRIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS


DIRECO-GERAL DO AMBIENTE
LISBOA - 1995

NDICE

Resumo...............................................................................
Summary.............................................................................
Rsum...............................................................................
Introduo
Nota prvia....................................................................
Conceitos de gua mineral e regime jurdico .................
Nota histrica e econmica............................................
Antecedentes cartogrficos.............................................
Informao utilizada.................................................................
Mtodo de representao
Critrio geral...................................................................
Mineralizao total..........................................................
Temperatura.....................................................................
Tipos hidrogeoqumicos...................................................
Factores geolgicos..........................................................
Descrio da Carta....................................................................
Interesse da Carta......................................................................
Referncias bibliogrficas..........................................................
Apndice
Glossrio.........................................................................
Lista das nascentes............................................................

Resumo
A presente Carta das Nascentes Minerais foi concebida numa perspectiva hidrogeolgica
orientada para o ensino, em especial virada para os problemas do ambiente e do ordenamento do
territrio. Por isso tem simplificaes do ponto de vista cientfico em favor de maior facilidade de
leitura. Pretende, sobretudo, evidenciar relaes entre caractersticas fsico-qumicas essenciais de cada
tipo de gua e o correspondente ambiente litolgico e geo-estrutural.
Figuram todas as guas actualmente classificadas como minerais pela legislao
portuguesa, assim como muitas outras que se consideram minerais de um ponto de vista
hidrogeoqumico, independentemente do interesse econmico.
Podem-se definir duas grandes provncias hidrominerais em Portugal continental: numa
predominam guas cuja composio qumica resulta da simples dissoluo das rochas em presena,
provncia cujos contornos envolvem a Bacia Terciria dos rios Tejo e Sado, as Orlas MesoCenozicas e a parte sul do Macio Hesprico; noutra provncia (coincidente com a Zona CentroIbrica) ressalta um grande nmero de nascentes de gua cuja mineralizao estar controlada por
fluidos gerados em profundidade, em processos metamrficos e/ou magmticos.
Nos afloramentos ps-paleozicos da primeira provncia brotam guas com
mineralizaes elevadas, por vezes superiores a 10 000 mg/l, principalmente cloretadas sdicas e
o

sulfatadas clcicas, associadas a evaporitos, algumas delas com temperaturas entre os 20 e os 40 C.


J nas zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa, as guas cloretadas e sulfatadas distinguem-se das
anteriores, designadamente pelos altos teores de ies metlicos. As ocorrncias esto relacionadas com
a presena de formaes metalferas importantes.
Na segunda grande provncia destacam-se as guas sulfreas sdicas (ou sulfreas
alcalinas) e as gasocarbnicas (com CO livre geralmente superior a 1000 mg/l), estas
2

circunscritas Sub-Zona da Galiza Mdia/Trs-os-Montes. Ocorrem em macios granitides de idade


hercnica ou, mais raramente, nas formaes metassedimentares encaixantes. A mineralizao
anmala para tais ambientes geoqumicos, nomeadamente as concentraes em carbono inorgnico
total, flor, boro, bromo, tungstnio e amnio, e muitas delas tm temperaturas elevadas, com um
o

mximo nas Caldas de Chaves (75 C). As nascentes esto condicionadas por falhas activas.
No conhecido nenhum caso de gua mineral relacionada com o vulcanismo tercirio.

Summary
This Map of Mineral Waters was designed taking into account in a hydrogeological
point of view for scholar use, environmental purposes and land use planning; so, it is simplified for
reading facility. Mainly it intends emphasise relationships between some essencial chemical and
physical features of the waters and its geological frames.
All springs classified as mineral waters under the Portuguese law are plotted as well as
many others considered as mineral by only a geological concept.
There are two large hydromineral provinces in Portugal: the domain of mineral waters
resulting from rock dissolution (Tertiary Bassin of the Tagus and Sado rivers, Meso-Cenozoic
Margins and the south part of the Hesperian Massif); and the other one (Centre Iberian Zone of the
Hesperian Massif) with predominance of waters controlled by deep fluids, generated in metamorphic
and/or magmatic processes.
Inside the first province one distinguishes very mineralized waters issuing in the posPaleozoic terraines, in association with evaporites, some of them with TDS >10 000 mg/l, mainly of
o

sodium chloride and calcic sulphate types, some ones with temperatures between 20 and 40 C. In

the Ossa-Morena Zone and South Portuguese Zone the presence of ore bodies in the metasedimentary
formations justify that occurrence of waters of chloride and sulphate types with high metallic ions
contents.
The second province is the province of the sulphide alkaline springs and the CO -rich
2

waters (these ones in the Middle Galicia/Trs-os-Montes Sub-zone) normaly issuing in granitic
outcrops of hercynian age. Some chemical components such as the total Inorganic Carbon, fluorine,
boron, bromine, wolfram and ammonium exist in anormal levels. These springs are controlled by
o
active faults, and some of them are very hot (maximum 75 C at Caldas de Chaves).
There are no known springs related to Tertiary vulcanism.

Rsum
Cette Carte des Eaux Minrales a et conue sous une perspective hydrogologique mais
oriente vers l'enseignement des sciences de l'environnement physique et de l'amnagement du
territoire. Pour cette raison elle est un petit peu simplifie du point de vue scientifique. Elle a le but
principal de rendre evidentes les relations entre les caractristiques physico-chimiques des eaux et les
conditions gologiques. Toutes les eaux classifies comme minrales par la loi portugaise y figurent
et beacoup d'autres qui le sont d'un point de vue hydrogologique seulement.
Nous pouvons dfinir deux grandes provinces hydrominrales: l'une o la composition
chimique des eaux devient, surtout, de la dissolution des roches (cas des eaux du Bassin Tertiaire du
Bas-Tage et du Sado, des Bordures Meso-Cnozoiques et des zones Ossa-Morena et Sud-Portugaise du
Massif Hesprique); et une autre province (la Zone Centro-Ibrique du Massif Hesprique) avec des
eaux o la composition est conditionne par des fluides dont l'origine est en profondeur, par
mtamorphisme et/ou par magmatisme.
Dans les terrains post-Paleozoiques de la premire province il y a des eaux trs
minralises, parfois >10 000 mg/l, surtout chlorures sodiques et sulfates calciques, associes des
o

vaporites, quelques unes avec des tempratures entre 20 et 40 C. Dans les zones Ossa-Morena et
Sud-Portugaise il y a aussi des eaux chlorures et sulfates mais diffrentes des autres par ses
concentrations leves en ions mtalliques, lies des gisements metallifres importants.
Dans la seconde province se dtachent les sulfures sodiques et les carbogaseuses
(CO libre gnralement >1000 mg/l), celles-ci circonscrites la Sous-Zone de Galice Moyenne/Trs2

os-Montes. Presque toutes les sources se situent dans des massifs de roches granitoides tardihercyniennes. Sa minralisation n'est pas normal pour l'environnement gochimique (concentrations
leves de carbone inorganique total, fluor, bore, brome, tungstne et ammonium, par exemple) et
o

beaucoup d'eux sont trs chaudes, avec un maximum Caldas de Chaves (75 C). Les sources sont
contrles par des failles actives.
On ne connait pas d'eaux minrales lies au volcanisme tertiaire.

Introduo
Nota prvia
A problemtica das guas minerais no pode ser abordada fora do contexto
geral do ciclo hidrolgico, embora constitua uma especialidade dentro da
Hidrogeologia, em particular da Hidrogeoqumica.
No estudo das guas minerais importa ter presente a distino entre "gua"
no sentido qumico (H O) e "gua" no sentido vulgar, pois neste ltimo deve entender2
se por H2O + substncias dissolvidas (mineralizao). A questo pode parecer
acadmica pois, na natureza, qualquer gua sempre mais ou menos mineralizada,
mesmo a prpria gua da chuva. A molcula de H2O, devido sua estrutura bipolar,
tem uma grande capacidade para reagir com as outras substncias. O reparo feito
para que no se julgue que, em certos tipos de guas com componentes
mineralizadores de origem profunda, as molculas de H2O tm, forosamente, igual
origem profunda.
No que respeita origem das molculas de H2O da gua subterrnea, ela
pode ser meterica ou juvenil. So situaes particulares de gua de origem meterica
a gua conata e a regenerada.
As propores relativas em que gua de cada uma destas origens entra
numa determinada gua subterrnea varivel: exclusivamente de origem meterica na
esmagadora maioria dos casos; noutros, parte pode ser de origem juvenil. Esta ltima
situao tem sido admitida em guas muito quentes, por exemplo em zonas de
vulcanismo activo, mas aps os trabalhos de investigao de Goguel (1953) e de Craig
(1963) pensa-se que a fraco juvenil no ultrapassar os 10% (Panichi & Gonfiantini,
1981).
No que respeita mineralizao, ela provm de um conjunto de fenmenos
mais ou menos complexos de interaco H2O-gases-rocha, fundamentalmente
reaces de equilbrio qumico entre a gua circulante e os minerais que constituem as
rochas lixiviadas durante o percurso subterrneo (cf. Schoeller, 1962; Hem, 1970;
Appelo & Postma, 1993; Nordstrom & Munoz, 1994). Em certas guas, porm,
determinados componentes s se explicam admitindo uma origem em fenmenos
geolgicos que ocorrem a grandes profundidades: metamorfismo, magmatismo,

desgaseificaes por levantamento crustal ("uplift"), etc. Sero, portanto, componentes


de origem juvenil (Franko et al., 1975).
So factores importantes no processo de interaco gua-rocha: o tempo
de residncia da gua no subsolo e o gradiente geotrmico.
De acordo com a classificao gentica de Valery Ivanov, h uma
regularidade universal na distribuio dos diferentes tipos de gua mineral,
observando-se caractersticas semelhantes quando so semelhantes as condies
geoqumicas e geo-estruturais. Para este autor, h trs situaes fundamentais que
justificam as mineralizaes das guas (Ivanov, 1979):
(A) Vulcanismo activo recente: ocorrem guas muito quentes
mineralizadas por influncia de gases vulcnicos e termometamrficos. As guas
minerais destes ambientes caracterizam-se pela presena de gases tais como
CO +H S, ou CO +N .
2
2
2
2
(B) Processos magmticos e termometamrficos profundos: neles
gerado CO2 que se introduz na gua subterrnea de origem e composio
qumica primria diferentes. Aqui a composio gasosa da gua representada,
sobretudo, por CO2.
(C) Ausncia de magmatismo e de processos termometamrficos: aqui a
mineralizao da gua resulta, principalmente, da dissoluo dos minerais que
formam a rocha e de reaces bioqumicas. Nestes casos os gases dominantes
so os mesmos da atmosfera, ou os devidos s reaces bioqumicas (e,
eventualmente, termoqumicas), tais como CH4, H2S, CO2 e N2.
Vemos assim que a composio qumica de uma gua subterrnea a
assinatura de um longo processo hidrogeoqumico, ou seja: a marca da sua vida
geolgica.
Em apndice presente Notcia Explicativa vai um glossrio dos termos
destacados em itlico no texto, tendo em vista ajudar os menos familiarizados com a
terminologia hidrogeolgica e geolgica.

Conceitos de gua mineral e regime jurdico


7

No h uma definio universal de gua mineral; as vrias definies em


uso assentam, basicamente, num de dois critrios, ou perspectivas: num critrio
estritamente geolgico/hidrogeoqumico, ou num critrio que poderemos chamar de
utilitarista, porque enfatiza uma utilidade.
De um ponto de vista estritamente geolgico s deve designar-se por gua
mineral uma gua cuja mineralizao total, ou alguns dos seus componentes, excede o
que se pode considerar normal para guas subterrneas por exemplo: mineralizao
total >1000 mg/l; total de CO livre >1000 mg/l (nalguns pases bastam 500 mg/l, ou
2
mesmo s 250 mg/l); sulfurao total >1 mg/l; flor >2 mg/l; ltio >1 mg/l; estrncio
>10 mg/l; bromo >5 mg; iodo >1 mg/l; ferro II >10 mg/l; mangans >10 mg/l; brio >5
mg/l; slica >50 mg/l, etc.
corrente designar por termal toda a gua cuja temperatura de
o
emergncia excede 20 C; no entanto, muitos gelogos preferem indexar o limite
temperatura mdia anual do ar da regio da nascente, considerando termal quando a
ultrapassa. Para White (1957), por exemplo, so termais as que excedem a temperatura
mdia do ar em 5o C ou mais; e para Henry Schoeller as que excedem em mais de 4o C
(Schoeller, 1962).
Nos casos em que uma gua seja, simultaneamente, termal e mineral (no
sentido geolgico) chamar-se- termomineral; e acratotermal se for termal
mas com um total de substncias dissolvidas insignificante.
Quando se designa por mineral devido utilidade, o uso pode ser:
medicinal, com fins teraputicos, ou industrial, se serve como matria prima para
extraco de substncias teis contidas na gua (sais, certos elementos raros, gases,
etc.). No entanto, tambm aceite como gua mineral a que, simplesmente, possui
grande qualidade para consumir como bebida, pelos seus efeitos benficos para a
sade humana, sem, contudo, necessitar de ser uma gua medicinal. sobretudo com
base neste valor de uso (e por isso valor econmico) que a maior parte dos pases fixa a
definio de gua mineral para efeitos jurdico-administrativos.
Em Portugal, na primeira lei sobre guas minerais (Decreto de 1892,
publicado no Dirio do Governo n 225, de 5 de Outubro), o termo gua mineral era
sinnimo de gua minero-medicinal, isto , a gua deveria ter propriedades
teraputicas. Por essa razo s eram ministradas em balnerios, embora tambm
pudessem ser vendidas engarrafadas (em farmcias), ou ser objecto de extraco de
sais, tambm estes para uso medicinal.

O mesmo critrio foi mantido no Decreto n 5787-F (10 de Maio de 1919)


e, posteriormente, no Decreto-lei n 15 401, de 1928 (Dirio do Governo de 20 de
Abril), se bem que a partir de ento tambm se admitisse o engarrafamento para
consumo corrente.
Sobre a evoluo da legislao portuguesa relativa s guas minerais, no
perodo 1892-1960, veja-se o trabalho de Manuel Marques da Mata (Mata, 1960).
A actual legislao portuguesa relativa a recursos geolgicos (Decretolei n. 90/90, de 16 de Maro) designa por recursos hidrominerais (art. 3) as
guas que tm interesse econmico devido s suas caractersticas fsico-qumicas e
divide-as em dois grupos: guas minerais naturais e guas minero-industriais.
Para ser classificada no primeiro grupo a gua tem que ser "...bacteriologicamente
prpria, de circulao profunda, com particularidades fsico-qumicas estveis na
origem dentro da gama de flutuaes naturais, de que resultam propriedades
teraputicas ou simplesmente efeitos favorveis sade". Ao segundo grupo pertencem
as "... guas naturais subterrneas que permitem a extraco econmica de substncias
nelas contidas".
Os recursos hidrominerais so do domnio pblico do Estado (Dec.-lei
n. 90/90, art. 1), regime jurdico que vigora desde o Decreto de 1892 citado; e os
direitos para a respectiva prospeco, pesquisa e explorao adquirem-se por contratos
administrativos (id., art. 9). As zonas onde ocorrem esto sujeitas a (ou passveis de)
servides administrativas, mormente para proporcionar trabalhos de pesquisa (id., art.s.
15 e 32), para satisfazer as necessidades da explorao (id., art. 23), para a defesa e
salvaguarda dos aquferos e captaes (id., art.s 12, 42, 43 e 44), ou para acautelar
exploraes futuras (id., art. 36).
As condies e regras para a prospeco, pesquisa e explorao das
guas minerais naturais e das minero-industriais esto regulamentadas,
respectivamente, pelos Decretos-lei n 86/90 e 85/90. A tutela, no continente, compete
ao Instituto Geolgico e Mineiro, organismo do Ministrio da Indstria e Energia; e
nas regies autnomas dos Aores e da Madeira aos organismos regionais.

Nota histrica e econmica

Portugal tem longa tradio no uso de guas minerais para fins medicinais
(termalismo); disso so testemunhos histricos as runas de balnerios romanos, nos
mesmos stios onde ainda hoje se encontram algumas estncias termais importantes:
Caldas de Chaves, Caldas do Gers, Termas de S. Vicente, Termas de S. Pedro do Sul
(antigas Caldas de Lafes), Caldas das Taipas, Caldas de Vizela, etc. (Torres et al.,
1930, vol. I; Acciaiuoli, 1952, vol. I).
A esta tradio junta-se a da extraco de sal de cozinha de certas guas
subterrneas muito salgadas, de que so exemplo as salinas de Rio Maior (Fonte da
Pipa), explorao que remonta a tempos anteriores ao sculo XII e prossegue ainda
hoje. Outras exploraes semelhantes houve perto da Batalha (as Salgadas, ou
Brancas) e perto de Leiria (as de Porto Moniz).
tradio de uso h a acrescentar uma longa lista de estudos cientficos
que as guas minerais motivaram em Portugal desde o sculo XVIII, quer estudos
mdico-hidrolgicos, quer estudos de qumica analtica (Acciaiuoli, 1952, vol. 1). Henry
Schoeller, grande vulto da Hidrogeologia deste sculo, sublinhava o facto dizendo que
"poucos pases se interessaram tanto pelas guas termominerais como Portugal, como
o testemunham as belas publicaes que tenho na minha biblioteca" (Schoeller, 1982).
A explorao de guas minerais, quer no termalismo, quer na indstria de
engarrafamento, reveste-se hoje de considervel importncia scio-econmica,
sobretudo, o termalismo, porquanto as estncias termais constituem plos de animao
econmica local, graas aos fluxos tursticos que originam.
Quer o consumo de gua engarrafada quer a frequncia das termas, tem
evoludo de modo crescente nas ltimas dcadas (Calado, 1987). Enquanto que em
1970, por exemplo, a produo de gua mineral engarrafada foi de pouco mais de 50
milhes de litros e o nmero de inscries nas termas no alcanou os 60 000 curistas,
em 1992 os nmeros registados foram, respectivamente, 285,6 milhes de litros e 102
399 curistas (Fernandes & Cruz, 1993).
A maior parte da frequncia termal por pessoas com doenas reumticas
e msculo-esquelticas e do foro da otorrinolaringologia (sinusites, rinites, faringites,
etc.).
Sobre as vocaes teraputicas das estncias termais e algumas estatsticas
mdicas h extensa bibliografia; das publicaes mais recentes recomenda-se:
ANIAMM, 1984; DGGM-DGT, 1990; Sousa, 1993; Valentim, 1993.
Em Portugal continental h, actualmente, 51 concesses de gua mineral
em actividade: 35 exclusivamente em termalismo; 8 exclusivamente para
engarrafamento; e 8 em termalismo e engarrafamento, simultaneamente.

Antecedentes cartogrficos
A primeira carta portuguesa sobre guas minerais (das desenhadas com
uma perspectiva hidrogeolgica) deve-se a Luis Acciaiuoli e integra a obra Le
Portugal Hydromineral (Acciaiuoli, 1952); a segunda, j mais elaborada, na escala 1:1
000 000, da autoria de Fernando Moitinho de Almeida, com a colaborao de J.
Costa Moura (Almeida & Moura, 1970).

Informao utilizada
Quase todas as nascentes representadas esto referidas na bibliografia
citada, outras so do conhecimento pessoal do Autor.
No que respeita caracterizao qumica usaram-se todas as fontes de
informao disponveis, principalmente: Le Portugal Hydrologique et Climatique
(Torres et al., 1930-1934); Le Portugal Hydromineral (Acciaiuoli, 1952); e
Inventrio Hidrolgico de Portugal (Almeida & Almeida, 1966-1988). A consulta
de obras mais antigas, embora sem dados analticos, foi tambm de extrema utilidade.
Merecem destaque o Aquilgio Medicinal (Fonseca Henriques, 1726), os livros de
Francisco Tavares (1810) e Alfredo Luiz Lopes (1892), assim como algumas das obras
referidas na bibliografia organizada por Luis Acciaiuoli (1944).
Estando a presente Carta j impressa foi publicado um catlogo (DGGM,
1992) de todas as guas em explorao data, em Portugal continental, quer no
termalismo, quer no engarrafamento, contendo informao interessante, nomeadamente
resultados de anlises qumicas recentes.
No que respeita ao fundo geolgico, a base de trabalho utilizada foi a Carta
Geolgica do Atlas do Ambiente (Real, 1982). As principais fontes de dados e
informao foram: a Carta Geolgica de Portugal, dos Servios Geolgicos de
Portugal, na escala 1:500 000 (Teixeira, 1968); a Carta Geomorfolgica de Portugal
(Ferreira, 1981); o Mapa Tectnico de la Pennsula Ibrica y Baleares (Julivert et al.,
1972 e 1974); e a Carta Neotectnica de Portugal (Cabral & Ribeiro, 1989).

11

Mtodo de representao
Critrio geral
Cada "nascente" da Carta deve ser entendida como representao do local
de descarga natural de um aqufero cuja gua tem as caractersticas fsico-qumicas
assinaladas, e no como uma "raridade" isolada, pois, na maioria dos casos, h vrios
pontos de gua com quimismo semelhante na mesma zona. No sendo possvel
assinal-los a todos, por limitaes de escala, escolheu-se a nascente que se considerou
mais representativa.
Caracterizar de forma sinttica uma gua mineral (que uma soluo
natural complexa) implica recorrer ao artifcio que sempre qualquer classificao. No
caso particular das guas medicinais o problema complica-se ainda mais, na medida
em que, do ponto de vista mdico, h classificaes que enfatizam certos componentes
qumicos com importncia fisiolgica (cf. Moret, 1946), mesmo que eles estejam em
quantidades vestigirias na soluo.
A Carta do Atlas, porm, tem uma perspectiva hidrogeolgica e por isso
cada "nascente" caracterizada pelos seguintes parmetros que se julgam mais
adequados a uma leitura fcil: Mineralizao total (em mg/l), atravs do tamanho do
crculo; Temperatura (valor mximo registado na nascente); e uma cor a sublinhar o
essencial da composio qumica.
Os nomes das guas (ou das nascentes) so os referidos pela bibliografia,
ou os consagrados por documentos oficiais, mas muitas destas guas so conhecidas
localmente por Fonte Santa, gua Santa, Fonte das Virtudes, etc. J no Alto Alentejo e
na regio vizinha da Beira Baixa, as sulfreas so conhecidas pelo nome de Fadagosa,
corruptela de Fedegosa, i.e. que fede, ftida.
O termo "caldas" corresponde, tradicionalmente, a uma gua quente (cf.
Fonseca Henriques, 1726).
A "nascente" Alfama, em Lisboa, representa um grupo de nascentes que
brotavam na parte baixa deste bairro lisboeta, algumas delas exploradas em balnerios
desactivados j no presente sculo (Alcaarias do Duque, Banhos de D. Clara, Banhos
do Doutor, etc.). A palavra Alfama deriva do rabe, significando "nascente quente".

Mineralizao total
Agruparam-se as diferentes guas de acordo com as classes habituais em
hidrogeoqumica:
< 1000 mg/l (gua doce)
1000 -10 000 mg/l (gua salobra)
10 000 -100 000 mg/l (gua salgada)
> 100 000 mg/l (salmoura)
Subdividiu-se a primeira das classes em: < 200 mg/l; 200-600 mg/l e 6001000 mg/l.
Esta subdiviso permite realar a maior disponibilidade de certas litologias
para a dissoluo, comparativamente a outras, bem como destacar a relativa anomalia da
gua sulfrea sdica em rochas granticas, onde as guas subterrneas tpicas tm um
total de substncias dissolvidas abaixo da centena de mg/l.
No se conhece no territrio nenhum caso de gua com mineralizao
igual ou superior a 100 000 mg/l.
Temperatura
Seguiu-se a conveno adoptada no Atlas dos Recursos Geotrmicos da
Europa (CEC, 1988), tomando-se os 20o C como limite mnimo a partir do qual se
pode considerar uma gua como termal, mas subdividiu-se o intervalo 20-100o C em
duas classes correntemente usadas em classificaes geotrmicas: 20o-50o C (muito
baixa entalpia); e 50o-100o C (baixa entalpia).
Todas as temperaturas de emergncia conhecidas em Portugal continental
(e mesmo em sondagens profundas) so inferiores a 100o C.

Tipos hidrogeoqumicos

13

Na definio dos grupos hidrogeoqumicos (e escolha das respectivas


cores) a preocupao principal foi facilitar ao leitor a visualizao imediata quanto ao
essencial da composio qumica de cada gua e, ao mesmo tempo, dar uma imagem de
conjunto da relao entre essas caractersticas e as condies geolgicas regionais.
Este princpio levou a no usar representaes grficas correntemente adoptadas na
cartografia da especialidade e antes se preferiu uma forma que - embora inspirada na
classificao do Prof. Herculano de Carvalho (Carvalho, 1961) - pareceu mais
adequada aos propsitos enunciados.
Considera-se que h em Portugal nove tipos hidrogeoqumicos bem
definidos e a cada um atribuiu-se uma cor prpria: Sulfrea sdica; Gasocarbnica;
Bicarbonatada sdica; Bicarbonatada clcica e/ou magnesiana; Cloretada
sdica; Cloretada sdica em ambiente metalfero; Sulfatada clcica em
ambiente evaportico; Sulfatada clcica em ambiente metalfero e Oxidrilada.
O grupo Sulfidricada no corresponde exactamente a um tipo qumico
independente mas, apenas, a uma "sobrecarga" de algumas guas cloretadas sdicas e
sulfatadas clcicas de zonas sedimentares e metassedimentares que, apesar de terem em
comum com as sulfreas sdicas (das zonas granticas) o cheiro a gs sulfdrico, se
distinguem claramente destas por um conjunto de outras caractersticas fsico-qumicas.
Dado o significado hidrogeoqumico do facto entendeu-se dar-lhe o merecido relevo.
As guas sulfreas sdicas (que talvez seja prefervel chamar
sulfreas alcalinas) caracterizam-se no apenas pelo conhecido cheiro a "ovos
podres" mas por um conjunto de parmetros fsico-qumicos que as distinguem de
outras guas com cheiro idntico:
- cheiro ftido (a gs sulfdrico), mais ou menos intenso, na emergncia;
- pH francamente alcalino, na maioria dos casos entre 8 e 9,5;
- mineralizao total moderada, geralmente entre 200 e 500 mg/l;
- presena de enxofre na soluo no estado reduzido, maioritariamente
sob a forma de HS-, mas com SO42- diminuto;
- teores elevados de flor, quase sempre entre 10 e 25 mg/l;
+
- teores discretos de NH4 (em geral entre 0,1 e 0,6 mg/l), mas sem
acompanhamento dos ies nitrato e nitrito;
- presena de alumnio, boro, bromo e tungstnio em concentraes
anormais;

- teores relativamente elevados de slica, em geral entre 10 e 15% da


mineralizao total;
- o io bicarbonato , em geral, o dominante no grupo aninico ( >50%
do total de meq/l do grupo); em menos casos o cloreto que domina, e
o fluoreto o segundo, ou o terceiro, anio em abundncia;
- no grupo catinico predomina sempre o io sdio, com mais de 75%
dos meq/l do grupo;
- grande parte tem temperaturas de emergncia superior da mdia anual
do ar da regio e muitas delas so quentes;
- o azoto o gs dominante na soluo.
Dentre as guas com estas caractersticas possvel distinguir alguns subgrupos (Machado, 1988).
Uma outra caracterstica importante o carbono inorgnico total ser
francamente superior ao da gua subterrnea vulgar dos terrenos granticos (Carvalho
et al., 1990). Na verdade, a composio qumica das guas sulfreas alcalinas
peculiar, sem semelhana com as sulfidricadas das Orlas Meso-Cenozicas e do Baixo
Alentejo. Estudos recentes sugerem que a mineralizao tpica tem origem em
processos hidrogeoqumicos iniciados em zonas profundas da crusta terrestre,
geradores de produtos tais como CO , H S, NH , NaCl, HCl, HF, B (Almeida &
2

Calado, 1993).
A utilizao de geotermmetros qumicos aponta para temperaturas em
o
profundidade por vezes superiores a 100 C (Aires-Barros, 1979; Almeida, 1979,
1982; Almeida & Calado, 1993).
Na vizinha Espanha, guas com quimismo idntico encontram-se na Galiza,
Castela-Leo, parte norte da Estremadura e nos Pirinus, igualmente em zonas
granticas.
As guas gasocarbnicas (grupo em que o CO

livre, i.e. no

combinado, excede 500 mg/l) distinguem-se, fundamentalmente, por :


- expressiva libertao de gs (CO2) na nascente;
- pH ligeiramente cido, na gama 6-7;
- teores de CO2 livre superiores a 1 000 mg/l, salvo nas Caldas de
Chaves, em que pouco excede 500 mg/l;
15

- mineralizaes totais elevadas, muito superiores a 1 g/l;


- teores de flor >1 mg/l (excepto Melgao), mas sem ultrapassar 8 mg/l,
assim como teores anmalos de boro (chegam a 0,77 mg/l) e bromo;
- so todas bicarbonatadas sdicas, com excepo da gua de Melgao,
que bicarbonatada clcica;
- so todas frias, com excepo das Caldas de Chaves (75o C).
No caso destas guas pode dizer-se que as suas caractersticas fsicoqumicas no se explicam apenas por dissoluo das rochas granticas em que
circulam. Tambm aqui foroso recorrer a fenmenos geoqumicos gerados em
zonas profundas da crosta terreste, ou mesmo em zonas superiores do manto, para
explicar quantidades to elevadas de CO e as concentraes de certos componentes
2

como o flor, o boro e o bromo. Clculos feitos com os geotermmetros qumicos


o
clssicos conduzem a temperaturas de circulao em profundidade superiores a 100 C
(Machado, 1992).
Facto comum a estes ltimos dois tipos de gua o teor anmalo de flor,
que no resulta da dissoluo de fluorite, como era suposto, mas antes ter uma gnese
profunda, relacionada com fenmenos de levantamento crustal (Calado & Almeida,
1993), fenmenos que afectam, sobretudo, o norte e o centro do Pas (Ribeiro &
Almeida, 1982).
guas gasocarbnicas semelhantes s portuguesas podem ver-se em
Espanha, na regio galega (Verin e Mondariz, por exemplo).
As guas classificadas como Bicarbonatada, Cloretada e Sulfatada so
guas onde predomina (mais de 50% do total dos meq/l, no respectivo grupo aninico),
o io bicarbonato, o io cloreto e o io sulfato, respectivamente. Quando nenhum dos
anies excede os 50% dos meq/l assinalam-se os dois mais abundantes (clorosulfatada, por exemplo).
O mesmo significado tem a classificao de Sdica e de Clcica.
Os dois tipos referidos a "ambiente metalfero" foram criados para
realar algumas nascentes que ocorrem em terrenos fortemente mineralizados do
Macio Hesprico, em geral sob a forma de sulfuretos metlicos. Estas guas tm
perfis qumicos muito diferentes das cloretadas e das sulfatadas das Orlas MesoCenozicas; por exemplo, contm concentraes elevadas de elementos metlicos (tais

como cobre, chumbo, zinco), o que no acontece com as guas das orlas sedimentares.
As guas sulfatadas so extremamente cidas.
O tipo Oxidrilada foi criado para representar a gua mineral de
Cabeo de Vide (Alto Alentejo), um caso mpar no panorama hidrolgico portugus,
at pelo pH excepcional em redor dos 11,5. Embora referida tradicionalmente como
uma gua sulfrea (na verdade exala o cheiro caracterstico) apresenta outras
caractersticas que a distinguem substancialmente das sulfreas alcalinas do centro e
norte do Pas: no tem formas de carbono combinado, o que constitui uma raridade
hidrogeoqumica. Os ies oxidrilo (OH-) e cloreto predominam no grupo aninico; e
no catinico predomina o sdio, embora em proporo menos elevada do que nas
sulfreas alcalinas tpicas. Tambm no tem elevados teores de flor caractersticos das
guas sulfreas das regies granticas.

Factores geolgicos
O fundo geolgico da Carta uma simplificao da cartografia geolgica
que serviu de base de trabalho. Fundiram-se na mesma mancha formaes vizinhas
com afinidades do ponto de vista hidrogeoqumico, e desenharam-se, de forma
esquemtica, as zonas diapricas, a faixa piritosa alentejana, etc., que determinam o
quimismo de certas guas. Igualmente se assinalam alguns acidentes tectnicos,
designadamente algumas das falhas activas do territrio, mas s aqueles que
presumimos controlarem circuitos hidrominerais, nomeadamente funcionando como
condutas para a ascenso de fluidos quentes e mineralizados de origem profunda. Por
essa razo no figura a grande "falha da Messejana", por exemplo, uma vez que no h
nenhuma gua cuja mineralizao, ou temperatura, esteja condicionada por ela.
Envolvendo determinados conjuntos de unidades litolgicas marcaram-se
os limites das unidades paleogeogrficas e tectnicas do Pas (designadas na Carta por
"Grandes Unidades Geolgicas"), porque elas correspondem a grandes provncias
geoqumicas: I - Macio Hesprico, com as zonas Centro-Ibrica (esta com a Sub-zona
Galiza Mdia/Trs-os-Montes), Ossa-Morena e Sul Portuguesa; II - Orlas MesoCenozicas ocidental e algarvia; e III - Bacia Terciria do Tejo e Sado (cf. Ribeiro et
al., 1979).

17

Descrio da Carta
Esta Carta no deve ser considerada um inventrio exaustivo das guas
minerais do nosso territrio, mas pode dizer-se que a cobertura feita bastante
representativa de todos os tipos hidrogeoqumicos existentes e dos diferentes
ambientes e unidades geolgicas; no figura nela uma dezena de nascentes alentejanas
interessantes sobre as quais no h dados analticos suficientes para caracterizao
hidrogeoqumica.
Assim, esto representadas:
a) Todas as nascentes, ou grupos de nascentes de guas reconhecidas
oficialmente como minerais; e
b) um grande nmero de ocorrncias que, pela sua composio qumica,
podem ser consideradas como minerais segundo um critrio
estritamente hidrogeolgico, algumas das quais j estiveram
classificadas oficialmente como minerais.
No figuram na Carta as "guas de nascente" (veja-se o Decreto-lei n
90/90, art. 6), chamadas "guas de mesa" pela anterior legislao, tanto mais que so
guas de composio qumica vulgar, que no se distinguem das guas comuns da
respectiva regio. Tambm no figuram muitas guas a que o povo atribui propriedades
curativas (por exemplo, em doenas de pele), ou simplesmente digestivas, tanto mais
que a composio qumica aparenta no ter nada de extraordinrio. O Inventrio
Hidrolgico de Portugal (Almeida & Almeida, 1966-1988) descreve muitas destas
guas.
As guas representadas na Carta emergem, ou emergiam, espontaneamente
superfcie do terreno. Muitas esto agora captadas por meio de poos tubulares
(furos).
Pode ver-se que h uma certa regionalizao na distribuio dos tipos
hidrogeoqumicos, explicvel pela semelhana das condies geoqumicas e geoestruturais. Quanto s temperaturas de emergncia, v-se que as guas mais quentes se
localizam na Zona Centro Ibrica, a maioria em estreita relao de vizinhana com
falhas activas, pelo que se admite que fluidos quentes, de origem profunda, esto
ascendendo em circulao forada a favor das zonas de maior permeabilidade

(fracturas abertas) associadas a estas falhas, por um mecanismo de bombagem ssmica


(Ribeiro & Almeida, 1981). Porm, nem sobre todas as falhas activas h nascentes
quentes, assim como se nota que no h nascentes quentes no Nordeste trasmontano,
nem a sul do rio Tejo, excepo feita s da serra de Monchique e anomalia (relativa)
da Fontinha da Atalaia, em Tavira.
De um ponto de vista hidrogeoqumico, podemos dizer que em Portugal
continental h dois grandes domnios:
a) dos terrenos ps-Paleozico (Bacia Terciria dos rios Tejo e Sado, e
Orlas Meso-Cenozicas); e
b) dos terrenos paleozicos e pr-cmbricos, isto , todo o afloramento do
Macio Hesprico.

No primeiro grande domnio prevalecem as rochas sedimentares, de fcies


marinha e continental, essencialmente rochas carbonatadas: calcrios, dolomias, margas,
arenitos, areias de duna, etc. No Macio Hesprico dominam dois ambientes
geolgicos: o das rochas xistentas e o das rochas granticas.
Nas orlas Meso-Cenozicas, sobressaem guas muito mineralizadas,
sobretudo cloretadas sdicas e sulfatadas clcicas, a denunciar a presena de
formaes ricas em evaporitos, quer de margas salgadas, quer com gesso finamente
disseminado na rocha, quer mesmo de jazigos de sal gema e de gesso. So
especialmente importantes as zonas diapricas da Orla Ocidental: regio de bidosCaldas da Rainha, Soure, etc. (cf. Choffat, 1893).
Em algumas guas - como as das Caldas da Rainha, de Monte Real e do
Cabo Mondego - nota-se o cheiro a gs sulfdrico, formado a partir do sulfato (do
gesso), atravs de um processo bioqumico desenvolvido por sulfobactrias.
Certas guas como as das Caldas da Rainha, as do grupo Amieira/Azenha
(perto de Soure), as da Fonte Quente (Leiria), as do Vimeiro, as dos Cucos (perto de
Torres Vedras), as do Estoril, as de Alfama (Lisboa), manifestam temperaturas de
emergncia entre 25o e 35o C, bastante acima da temperatura mdia anual do ar nas
respectivas regies. Este calor pode provir das reaces bioqumicas referidas
(exotrmicas), ou mesmo de fluxos de calor provenientes do Macio Hesprico,

19

subjacente s formaes Meso-Cenozicas, em resultado de reactivao tectnica


sofrida pelo soco antigo no final do Tercirio (cf. Ribeiro & Almeida, 1981).
J na Bacia do Tejo e Sado, em particular nos terrenos a sul do rio Tejo,
so relativamente raras as guas especialmente mineralizadas, devido a predominarem
afloramentos constitudos, essencialmente, por areias siliciosas, material muito pouco
mobilizvel quimicamente. As poucas ocorrncias de gua significativamente
mineralizada localizam-se em aluvies quaternrias de fcies salobra (vasa do Tejo),
como o caso do Moucho da Pvoa; noutras, como a da Charneca do Fairro, perto de
Santarm, a mineralizao resulta de formaes de fcies lacustre com intercalaes
argilosas muito salgadas. As guas sulfatadas devem-se presena de margas
gessferas; e as guas bicarbonatadas, clcicas e/ou magnesianas, preponderncia de
calcrios, mais ou menos dolomticos, ou mesmo de dolomias.
Tambm nesta Bacia se notam algumas nascentes com temperaturas
anmalas em estreita relao com falhas importantes (cf. Andrade, 1933).
No outro grande domnio hidrogeoqumico que o Macio Hesprico
consideramos a existncia de duas unidades distintas: uma que coincide com a Zona
Centro-Ibrica; e a outra que compreende as zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa.
A primeira tem o exclusivo da ocorrncia de guas sulfreas sdicas alcalinas e das
guas gasocarbnicas, estas ltimas confinadas Sub-zona Galiza Mdia/Trs-osMontes.
Ambos os tipos ocorrem associados a rochas granitides hercnicas
(intrabatlitos, ou na sua bordadura), preferencialmente a granitos sin- a tarditectnicos relativamente terceira fase de deformao da orogenia (Calado, 1993a) e
estreitamente ligados a falhas activas. So dois tipos de gua subterrnea
completamente anmalos relativamente ao seu contexto geolgico, como se pode
verificar comparando esta Carta com as Cartas de Qualidade Qumica das guas
Subterrneas do Atlas do Ambiente (Paradela, 1987).
Grande nmero das guas sulfreas so quentes (a mais quente atinge
cerca de 69o C, em S. Pedro do Sul), ou mesmo que frias, tm temperaturas superiores
mdia anual do ar na maior parte dos casos. Das guas gasocarbnicas s a das
Caldas de Chaves quente: 73,5o C nas nascentes e 75o C boca de um furo de
captao com cerca de centena e meia de metros. a gua mais quente do territrio
continental.
Quer as guas sulfreas alcalinas quer as gasocarbnicas, aparecem
associadas a falhas hercnicas reactivadas nos ltimos dois milhes de anos. Elas sero

responsveis pela ascenso de fluidos de origem mantlica (cf. Choffat, 1917; Almeida,
1982; Baptista et al., 1993).
Nas zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa no se encontram guas dos
dois tipos anteriormente referidos. Aqui predominam, sobretudo na zona Sul
Portuguesa, guas sulfatadas (geralmente muito cidas) e guas cloretadas, em ambos
os casos com teores elevados de elementos metlicos (ferro, cobre, zinco, prata, por
exemplo), a denunciar a presena de terrenos excepcionalmente mineralizados, alguns
dos quais so alvo de explorao mineira (Aljustrel, Neves-Corvo, S. Domingos, etc.).
Nos casos das nascentes sul alentejanas da ribeira de Oeiras (p. ex. a gua
Santa da Morena) e do rio Vasco, a presena de H2S e de HS- resultar de
fenmenos de oxi-reduo envolvendo a barita que ocorre em abundncia naqueles
locais.
Adoptando a classificao de Ivanov (ob. cit.), conclumos que em Portugal
Continental h duas provncias hidrominerais (ver Fig. 1): uma onde predominam
guas cuja mineralizao deriva, sobretudo, de dissoluo dos minerais das rochas e de
reaces bioqumicas, provncia esta formada pela Bacia Terciria do Tejo e Sado +
Orlas Meso-Cenozicas + a parte sul do Macio Hesprico (o conjunto Zona de
Ossa/Morena e Zona Sul Portuguesa); e a outra provncia limitada parte central e
norte do Macio Hesprico (a Zona Centro Ibrica, com a sua Sub-Zona Galiza
Mdia/Trs-os-Montes), onde predominam guas minerais relacionadas com
processos termometamrficos profundos e/ou magmticos.
Na Fig. 2, diagrama de Piper, confrontam-se algumas guas-tipo referidas.

21

23

Interesse da Carta

A Carta de Nascentes Minerais (Carta I.20 do Atlas do Ambiente),


impressa em 1992, faz a sntese da informao disponvel, mas dispersa, quanto a
ocorrncias de guas minerais no territrio continental; por isso ser til para os vrios
graus do ensino, em particular no domnio das geocincias. Deseja-se tambm que seja
motivadora de reflexo e estimuladora de investigao cientfica, quer fundamental quer
aplicada. Tais estudos so indispensveis em qualquer projecto de explorao e, alm
disso, contribuem para o melhor conhecimento geolgico do nosso territrio, podendo
tambm dar boas pistas para pesquisa de substncias minerais teis, tais como sal
gema, gesso, petrleo, elementos metlicos, gases, etc.
As guas minerais fazem parte de ecossistemas regionais e tm um
reconhecido valor econmico; por isso, devem ser devidamente consideradas no
planeamento regional e, por fora, no ordenamento do territrio, exigindo medidas
cautelares que garantam a sustentabilidade e o crescimento das exploraes existentes
e viabilizem a explorao futura das guas hoje subaproveitadas. A definio de
permetros de proteco uma das medidas necessrias (cf. Silar, 1974; Nunes, 1974;
Calado, 1993). Tambm para este fim a Carta pode ser til.
Neste sentido, anexa-se uma lista de todas as guas assinaladas na Carta e
algumas outras nascentes vizinhas, de natureza qumica semelhante (ver Apndice). Vai
ordenada por distritos e respectivos concelhos, indicando-se o nmero de folha da
Carta Militar de Portugal, escala 1:25 000 (dos antigos Servios Cartogrficos do
Exrcito) e as coordenadas rectangulares (aproximadas) referidas ao Ponto
Fictcio. Na coluna Uso d-se informao sobre o tipo de aproveitamento que a gua
tem, ou teve no passado, ou quanto sua vocao de aproveitamento. Das assinaladas
com M (de medicinal) s 43 correspondem a balnerios oficialmente reconhecidos. As
referidas com E (de engarrafamento) significa que so aproveitadas na oficina de
engarrafamento mais prxima, 16 data da redaco desta Notcia. Contudo, a lista tem
apenas um valor indicativo, pelo que no dispensa, para inventrios regionais de
pormenor, da adequada completagem com levantamentos de campo, nomeadamente no

que respeita inventariao dos pontos de gua e determinao mais precisa das
respectivas coordenadas cartogrficas (1).

A presente Notcia Explicativa contm um grande nmero de referncias


bibliogrficas, pretendendo dar pistas a quem quiser aprofundar os assuntos s
aflorados.
Para uma maximizao da informao contida na Carta recomenda-se o
seu cruzamento com outras cartas do Atlas relativas ao Ambiente Fsico,
particularmente com a Carta Hipsomtrica, Carta Geolgica, Carta Litolgica, Carta de
Intensidade Ssmica e com as cartas sobre Qualidade das guas Subterrneas.
Recomenda-se igualmente a consulta da cartografia geolgica e geomorfolgica que
serviu preparao da Carta, bem como outra documentao geolgica publicada pelo
Instituto Geolgico e Mineiro, designadamente as folhas da Carta Geolgica de
Portugal, na escala 1:50 000.

(1). Verifica-se que algumas nascentes esto algo afastadaas da posio geogrfica devida, pelo que esta
lista de coordenadas ajudar s necessrias correces. Os casos mais graves so os das Caldas da
Cavaca, Touca, Ganhoteira, Telheiro, Fonte Santa de Benmola e Fonte Santa da Quarteira, que devem
ser deslocadas, respectivamente: 3mm para SE, 4mm para SSE, 5mm para ESE, 4mm para NE, 5
mm para SSW e 3mm para ESE.

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Sousa, A. V. C. B.
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O Termalismo Portugus e as suas Realidades. In Cmara Municipal de Chaves Ed. "As
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Portugal e Galiza". Curso de Divulgao (Chaves, 19-21 Abril 1991). pp. 147-162.
Tavares, F.
1810

Teixeira, C.
1968

Instruces e cautelas prticas sobre a natureza, diferentes espcies, virtudes em geral e uso
legtimo das guas minerais, principalmente de Caldas; com a notcia daquelas que so
conhecidas em cada uma das Provncias do Reino de Portugal..... Lisboa.

Carta Geolgica de Portugal, escala 1:500 000. Servios Geolgicos de Portugal. Lisboa.

Torres, A.; Narciso, A.; Lepierre, C. & Luzes, O.

29

1930-1935

Le Portugal Hydrologique et Climatique. D.-Geral Minas e Servios Geolgicos. Lisboa.


4 vols. 812 p.

Valentim, R. R.
1993
Aspectos Tericos e Prticos da Medicina Hidrolgica (Quimismo das guas). In Cmara
Municipal de Chaves Ed. "As Termas e a Clnica Geral. Noes Bsicas para Mdicos
Generalistas do Norte de Portugal e Galiza", Curso de Divulgao (Chaves, 19-21 Abril
de 1991): pp. 47-87.
Vrios Autores
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Magmatic, Connate and Metamorphic Waters. Geol. Soc. Amer. Bull., Vol. 68(12),
pp. 1659-1682. New Haven.

Apndice

1. GLOSSRIO
Aqufero (u-): Em sentido geral, o que contm gua (do latim aqua=gua + fero=que
tem). Em sentido hidrogeolgico: formao geolgica, ou estrato, saturada de
gua e donde possvel extra-la em quantidade aprecivel para satisfazer
necessidades humanas.
Classificao gentica: Classificao hidroqumica que se baseia na origem, na gnese,
da composio qumica da gua.
Conata (gua): O mesmo que congnita, ou singentica. Diz-se de uma gua que
contempornea dos sedimentos de cuja evoluo resultou a actual rocha
hospedeira (aqufero). Tal o caso de guas que ficaram aprisionadas em
sedimentos do fundo de pequenos mares, ou de lagos estuarinos. So
verdadeiras guas fsseis, verdadeiras relquias da gua original, embora j
substancialmente modificadas por reaces entretanto ocorridas, dado o longo
tempo de permanncia no aqufero. Em geral so fortemente mineralizadas.
Exotrmica (reaco): Diz-se da reaco qumica que liberta calor.
Falha activa: Falha que rejogou, ou que se formou, em tempos geolgicos recentes.
Nos estudos de neotectnica feitos em Portugal tm-se considerado os dois
ltimos milhes de anos.
Gradiente geotrmico: Taxa de variao da temperatura do subsolo em funo da
profundidade, devido ao fluxo de calor vindo do interior da Terra. A partir dos
o
50-100 metros de profundidade o gradiente , em mdia, da ordem dos 30 C
por km. Este valor difere de regio para regio consoante as condies
geolgicas presentes.
Hidrogeologia: Em sentido original, antigo, era o estudo das guas naturais enquanto
factor geodinmico. Em sentido moderno, mais restrito, o estudo dos factores
que regem a formao, acumulao, circulao e propriedades fsicas e qumicas
das guas subterrneas.
Hidrogeoqumica: O mesmo que geoqumica da gua subterrnea. Parte da
Hidrogeologia que se dedica ao estudo das relaes entre a composio qumica
das guas e as condies (mineralgicas, tectnicas, estruturais, etc.) que regulam
os processos de interaco gua-rocha.
Juvenil (gua): a gua que nunca esteve no ciclo hidrolgico. Pode provir do
arrefecimento de um magma de que fazia parte (gua magmtica residual), ou
resultar da sntese de hidrognio do interior da Terra com oxignio atmosfrico,
em condies de altas presses e temperaturas.
Lixiviao (de uma rocha): Dissoluo e mobilizao (transporte) das substncias
solveis contidas na rocha, por aco da gua meterica.
31

Meterica (gua): Constitui o ramo areo do ciclo hidrolgico e toma a forma de


chuva, granizo, neve, etc.
Mineralizao total (de uma gua): Somatrio das concentraes dos slidos
dissolvidos - quer na forma inica, quer no dissociados -, determinados
individualmente por anlise qumica. Geralmente expressa em miligramas por
litro de gua (mg/l). O mesmo que Total de Slidos Dissolvidos (TSD).
Regenerada (gua): gua, de origem meterica, que depois de ter andado no ciclo
hidrolgico esteve longamente aprisionada numa rocha sedimentar, ou hidratava
alguns minerais, e que volta a circular por ter sido expulsa por compresso dessa
rocha, ou por efeito de termometamorfismo.
Sulfurao total: Quantidade de enxofre reduzido (S com valncia 2-) presente na
gua, onde pode encontrar-se sob vrias formas, principalmente H2S, HS-,
S2O32-.
Tempo de residncia (da gua no subsolo): Perodo de tempo em que uma gua
permaneceu no subsolo, isto , que mediou entre a infiltrao (da gua meterica)
e a sua emergncia numa nascente ou numa captao. Em geral, num mesmo
aqufero, a um maior tempo de residncia corresponde uma maior quantidade de
substncias dissolvidas.

2. Nascentes Minerais representadas na Carta I.20

Nome

Carta Militar
Folha (SCE)

Concelho

Coord. *
M
P

Uso *

Distrito de Aveiro
CURIA
VALE DA M
CALDAS DE S. JORGE
CALDAS DE S. JORGE/VILAR
LUSO

Anadia
Anadia
Sta Maria da Feira
Sta Maria da Feira
Mealhada

208
208
144
144
219

171,90
177,74
169,10
168,04
179,24

384,28
386,10
444,45
446,64
379,50

M
M
M
M
M+E

Aljustrel
Beja
Moura
Moura
Moura
Mrtola
Mrtola
Mrtola
Mrtola
Mrtola
Serpa

529
520
502
501
512
557
558
566
558
559
524

195,78
212,18
274,50
259,92
258,24
226,62
234,03
240,36
242,18
256,26
271,50

101,90
110,70
138,12
130,96
129,12
71,79
75,05
60,00
76,60
78,24
113,26

--

Amares
Barcelos
Barcelos
Barcelos
Barcelos
Braga
Cabec. de Basto
Cabec. de Basto
Guimares
Guimares
Guimares
Guimares
Povoa de Lanhoso
Terras de Bouro
Terras de Bouro
Terras de Bouro
Vila Verde
Vila Verde

042
055
055
055
069
056
073
072
057
070
099
099
057
043
043
043
042
056

179,32
161,28
161,94
161,71
158,60
181,40
220,14
214,58
194,22
182,56
185,34
185,48
184,90
190,78
197,66
185,74
172,14
176,48

522,08
511,52
511,12
510,88
506,50
516,22
504,94
503,84
510,64
501,90
489,76
489,32
519,50
529,94
528,92
528,02
523,08
516,46

M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
E
M
M
M
M

Bragana
Bragana
Carraz. de Ansies
Carraz. de Ansies
Freixo Esp. Cinta
Freixo Esp. Cinta
Mac. de Cavaleiros
Mac. de Cavaleiros
Moncorvo
Vila Flor

038
037
103
129
120
142-A
078
078
118
105

316,82
309,16
263,64
272,62
315,70
313,07
306,42
306,42
287,46
287,10

532,46
538,46
480,54
464,20
474,88
455,62
503,78
501,52
478,10
481,24

M
M
M
M
M

Distrito de Beja
ALJUSTREL
VITRIA
FONTE DE SANTANA
MOURA
PIZES
GUA SANTA
GUA SANTA DA MORENA
GUAS SANTAS DO VASCO
MRTOLA/BARRANCO DAS VINHAS
S. DOMINGOS (gua Forte)
FERRADURA (Banhos da)

M
M
M
E
M
M
M
M
-M

Distrito de Braga
CALDELAS
EIROGO/MOSQUEIRO
EIROGO/CASTANHEIRINHOS
EIROGO/QUINTA DO EIROGO
BARCELOS/PENEDO DO ENXOFRE
CRESPOS
CAVEZ (Ponte de)
PEDRAA (F.te Santa)
CALDAS DE VARZIELAS
CALDAS DAS TAIPAS
CALDAS DE VIZELA/LAMEIRAS
CALDAS DE VIZELA/MOURISCO
AJUDE/VERIM
GUA DO GRADOURO/FASTIO
CALDAS DO GERS
SOTO
DOSSOS
GESTAL/AZENHA VELHA

Distrito de Bragana
ALFAIO
CASTRO DE AVELS
CALDAS DE S. LOURENO
SEIXO (F.te Santa)
LAGOAA (F.te Santa)
ZAMBULHAL
ESCARLEDO
ABELHEIRA (Banhos da)
BEM SADE/BARREIROS
SAMPAIO

33

-M
M
M
M+E

SAMPAIO/RIBEIRA DE FELGAR
BEM SADE
BEM SADE/CURRAIS DO LEITO
BEM SADE/MURO DO REGATO
ANGUEIRA (F.te Santa)
TERRONHA
MOIMENTA DA RAIA
SANTA CRUZ (Banho de)
SEGIREI/SANDIM

Vila Flor
Vila Flor
Vila Flor
Vila Flor
Vimioso
Vimioso
Vinhais
Vinhais
Vinhais

105
118
118
118
066
066
011
024
022

287,16
286,74
285,92
287,00
342,98
336,68
296,48
299,24
277,44

481,90
479,16
478,50
478,00
518,02
511,46
553,32
548,46
543,40

M
M
M
M
M
M
M
M
M

Castelo Branco
Castelo Branco
Covilh
Fundo
Fundo
Fundo
Idanha-a-Nova
Idanha-a-Nova
Penamacor
Proena-a-Nova
Proena-a-Nova
Sert
V. Velha de Rdo

315-A
280
234
256
269
256
315-B
271
257
313
313
288
314

265,10
262,12
243,30
253,96
264,02
259,78
284,44
307,38
279,12
224,08
216,06
191,78
237,76

298,38
320,48
366,34
345,58
336,16
346,80
298,93
337,68
348,84
295,21
299,30
310,62
297,36

M
M
M
E
M
M
M
M
M
M
M
M+I
M

Cantanhede
Condeixa
Figueira da Foz
Montemor-o-Velho
Oliveira do Hospital
Oliveira do Hospital
Oliveira do Hospital
Oliveira do Hospital
Soure
Soure
Tbua
Tbua

207
250
238
239
211
222
222
211
249
249
221
210

156,38
167,48
134,24
149,82
218,12
224,66
224,16
219,28
147,66
148,30
215,22
210,88

388,06
347,36
357,26
351,66
382,48
373,16
372,86
382,28
347,59
346,96
378,04
380,24

M
M

Montemor-o-Novo
vora

422
480

186,88
219,22

207,52
156,52

---

Lagoa
Lagos
Lagos
Loul
Loul
Monchique
Monchique
Monchique
Olho
Tavira
Tavira
Tavira
Vila do Bispo
Vila do Bispo

603
603
602
597
606
585
585
577
608
599
608
581
602
601

167,06
154,10
148,18
211,10
204,64
167,96
162,60
165,42
233,88
244,42
242,95
227,72
138,60
134,90

17,30
17,22
15,10
26,94
11,98
36,96
35,80
40,94
10,64
20,94
17,44
42,28
11,25
15,92

---

Distrito de Castelo Branco


FONTE FADAGOSA
S. LUS (F.te Santa)
UNHAIS DA SERRA
ALARDO
ALPREADE (F.te Santa)
TOUCA
FONTE SANTA
MONFORTINHO (F.te Santa)
GUAS (F.te Santa)
FONTE FADAGOSA
FADAGOSA DE PRACANA
FOZ DA SERT*
FONTE DAS VIRTUDES

Distrito de Coimbra
MONTOURO
ARRIFANA
CABO MONDEGO*
VERRIDE/TANQUE DO BRULHO
AUDE DA REGADA
CALDAS DE S. PAULO
CALDAS DE S. PAULO/RAPADA
REGADA/QUINTA DAS ROSADAS
AMIEIRA
AZENHA
S. GERALDO
VRZEA NEGRA

-M
M
M
M
M
M
M
M
M

Distrito de vora
BARROSAS
GANHOTEIRA

Distrito de Faro
FERRAGUDO/SEIXOSAS
MEIA PRAIA
VALVERDE
BENMOLA (F.te Santa)
QUARTEIRA (F.te Santa)
ALFERCE (F.te Santa))
CALDAS DE MONCHIQUE)
MALHADA QUENTE (F.te Santa)
OLHEIROS DA FUSETA
FONTE SALGADA
FONTINHA DA ATALAIA
TELHEIRO
SALEMA
SINCEIRA

M
M
M
M
M+E
M
M
M
M
M
M
M

Distrito de Guarda
CALDAS DA CAVACA
ALMEIDA (F.te Santa)
SANTO AMARO
SANTO ANTNIO (Banhos de)
CHINCHELA//ABELHO
CALDAS DE MANTEIGAS
CALDAS DE MANTEIGAS/F.TE SANTA
AREOLA/GUA DO POIO
LONGROIVA (Banhos de)
PURGATIVA
CHINCHELA
RIBAPINHEL
CALDAS DO CR
CHO DA PENA
VILA DO TOURO/PEGA
CTIMOS
PISO/ALDEIA NOVA
VILARES (F.te do Banho)
LAGARTEIRA (F.te Santa)

Aguiar da Beira
Almeida
Celorico da Beira
Celorico da Beira
Fig. de Cast. Rodrigo
Manteigas
Manteigas
Meda
Meda
Meda
Pinhel
Pinhel
Sabugal
Sabugal
Sabugal
Trancoso
Trancoso
Trancoso
V. Nova de Foz Ca

168
183
202
180
171
224
224
150
150
150
171
171
215
225
215
170
180
181
129

246,58
299,66
256,36
263,68
291,42
249,88
250,06
269,44
277,82
278,14
291,22
290,86
292,58
274,58
287,18
275,92
259,20
270,78
269,94

422,88
419,98
399,16
412,50
428,34
379,68
379,54
445,38
444,54
444,38
428,70
424,58
386,78
372,68
385,06
428,22
417,08
416,22
461,18

M
M
M
M
M
M
M
M
M

Alcobaa
Alcobaa
Batalha
Caldas da Rainha
Caldas da Rainha
Caldas da Rainha
Caldas da Rainha
Leiria
Leiria
Leiria
bidos

317
316
308
326
326
316
326
297
273
297
338

125,34
113,15
141,30
111,78
113,90
112,82
109,94
142,70
136,92
141,30
113,52

289,38
282,94
296,90
271,44
271,06
282,60
275,36
308,96
321,08
308,36
267,62

M
M
M
M
M
M
M
M
M
I
M

Alenquer
Cascais
Cascais
Lisboa
Mafra
Oeiras
Sintra
Sobral de Mte Agrao
Torres Vedras
Torres Vedras
Torres Vedras
V. Franca de Xira

362
430
430
431
388
431
417
389
374
375
361
403

115,46
90,18
90,44
113,40
88,54
105,04
104,08
111,64
95,68
104,10
97,00
119,92

244,76
193,90
193,48
194,18
222,32
195,92
204,28
229,64
232,72
236,44
246,68
210,08

M
M
M
M
M
E
M
E
M
M
M+E
M

Campo Maior
Castelo de Vide
Castelo de Vide
Castelo de Vide
Crato
Fronteira
Gavio
Gavio
Gavio
Gavio
Marvo

386
335
335
335
345
370
345
333
332
345
336

295,34
258,72
258,32
258,06
231,66
247,90
229,88
227,66
212,26
225,50
264,50

235,20
271,74
272,36
271,54
267,50
240,90
267,30
270,36
279,18
265,12
279,76

--

-M
M
M
M
M
M
M
M
M

Distrito de Leiria
PIEDADE
SALIR/PONTA DA BARRA
SALGADAS
GUAS SANTAS
CALDAS DA RAINHA
SALIR/ALFNDEGA VELHA
SERRA DO BOURO
FONTE QUENTE
MONTE REAL
PORTO MONIZ
BIDOS/CALDAS DAS GAEIRAS

Distrito de Lisboa
CONVENTO DA VISITAO
ESTORIL
ESTORIL (Banho da Poa)
ALFAMA/ALCAARIAS DO DUQUE
SANTA MARTA
S. MARAL
CASAIS DE CMARA
PEDRGOS
CHARNIXE
CUCOS
VIMEIRO
MOUCHO DA PVOA

Distrito de Portalegre
OUGUELA (Fonte da Graa)
FONTE DA MEALHADA
FONTE DA VILA
RIBEIRINHO/VITALIS
FADAGOSA DO MONTE DA PEDRA
CABEO DE VIDE
FADAGOSA DA COMENDA
FADAGOSA DA COMENDA/BRAAL
FADAGOSA DO TEJO
FADAGOSAS DA RIBEIRA DE SOR
FADAGOSA DO PEREIRO

35

E
M
E
M
M
M
M
M
M
M

FADAGOSA DE NISA

Nisa

334

237,72

275,74

Amarante
Amarante
Amarante
Amarante
Baio
Gondomar
Marco de Canaveses
Marco de Canaveses
Marco de Canaveses
Penafiel
Penafiel
Penafiel
Santo Tirso
Santo Tirso

100
113
113
113
126
122
124
112
124
124
135
135
098
098

207,02
205,35
204,76
204,18
216,92
163,86
198,19
198,05
199,80
186,48
186,26
186,42
170,00
176,52

480,66
477,78
478,04
477,96
462,02
462,30
469,92
471,55
469,74
461,04
459,64
458,82
488,98
489,38

M
M
M
M
M
I
M
M
M
M
M
M
M
M

Mao
Mao
Mao
Mao
Rio Maior
Santarm
V. Nova de Ourm

313
322
322
322
339
341
299

223,40
214,88
214,64
215,44
130,26
153,98
173,95

293,50
289,34
289,66
289,34
266,46
260,22
301,22

M+E
M
M
M
I
M
M

Almada

442

104,50

189,78

--

Arcos de Valdevez
Arcos de Valdevez
Arcos de Valdevez
Melgao
Melgao
Mono
Mono
Mono
Mono
Mono
Mono
Paredes de Coura
Ponte da Barca
Valena

016
029
029
001
004
003
003
003
003
003
003
007
029
007

180,60
171,48
175,22
187,58
184,26
171,78
178,92
181,20
181,84
180,94
180,86
161,24
173,82
155,58

541,96
536,60
537,54
570,68
567,92
567,83
566,39
568,50
568,44
568,20
568,34
551,23
537,32
557,86

M
M
M
M+E
M
M
M
M
M
M
M
E
M
M

Chaves
Boticas
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Chaves
Montalegre

047
046
022
060
061
060
060
060
060
060
060
061
021
032

254,90
233,63
277,70
246,42
248,40
246,18
246,44
246,30
247,22
246,54
246,58
248,60
255,40
220,30

530,00
525,21
544,70
518,32
517,26
519,10
516,42
515,28
515,58
517,06
517,46
517,12
542,42
535,78

M
M+E
M
M+E
M+E
M+E
M+E
M+E
M+E
M+E
M+E
M+E
M
M

Distrito de Porto
VARES
CALDAS DAS MURTAS
CALDAS DAS MURTAS/S. GONALO
CALDAS DAS MURTAS/PATARATAS
MIGUAS/PONTE DE FRENDE*
VALBOM*
CALDAS DE CANAVESES
C. DE CANAVESES/FTE DE ANDRES
C. DE CANAVESES/PONTINHA
S. VICENTE
ENTRE-OS-RIOS/CURVEIRA
ENTRE-OS-RIOS/QUINTA DA TORRE
CALDAS DA SAUDE
S. MIGUEL DAVES/AMIEIRO GALEGO

Distrito de Santarm
LADEIRA DE ENVENDOS
FADAGOSA DE MAO
FADAGOSA DE MAO/CARATO
FADAGOSA DE MAO/EIRAS
FONTE DA PIPA
CHARNECA DO FAIRRO
AGROAL

Distrito de Setbal
PARASO

Distrito de Viana do Castelo


PASSADOURO
PADREIRO (F.te das Virtudes)
PADREIRO/FOZ DO VEZ *
MELGAO
PENSO (F.te Santa) *
CALDAS DE MONO
VALINHA (F.te Santa)
CORGA DO VERGUEIRAL/AGUIEIRO
CORGA DO VERGUEIRAL/BEMPOSTA
CORGA DO VERGUEIRAL/CACHADA
CORGA DO VERGUEIRAL/VALADARES
GRICHES
PADREIRO/BRAVES (F.te Santa)
S. PEDRO DA TORRE

Distrito de Vila Real


CALDAS DE CHAVES
CARVALHELHOS
SEGIREI/PONTINHA
VIDAGO (Hotel Palace)
VIDAGO/AREAL
VIDAGO/CAMPILHO
VIDAGO/FONTE MARIA
VIDAGO/FONTE REIGAZ
VIDAGO/LAMA DE VALOURA
VIDAGO/OURA
VIDAGO/SALUS
VIDAGO/VILA VERDE
VILARELHO DA RAIA
CALDAS DO RIO *

CALDAS DO CARLO
CALDAS DE MOLEDO
PEDRAS SALGADAS/SABROSO
P. SALGADAS/FONTE ROMANA
P. SALGADAS/GRANDE ALCALINA

Mura
Peso da Rgua
V. Pouca de Aguiar
V. Pouca de Aguiar
V. Pouca de Aguiar

103
126
060
060
074

Armamar
Castro Daire
Lamego
Mangualde
Moimenta da Beira
Nelas
Nelas
Penalva do Castelo
Resende
Resende
S. Pedro do Sul
S. Pedro do Sul
Santa Comba Do

138
157
126
190
138
200
200
179
126
136
177
177
210

Tabuao
Tondela
Viseu

139
199
189

263,74
225,08
245,14
243,94
243,98

484,86
465,12
511,18
510,58
508,70

M
M
M+E
M+E
M+E

242,92
216,82
226,84
241,36
244,60
222,78
220,64
243,86
218,70
210,34
203,42
202,72
202,90

457,44
431,62
462,08
401,28
451,59
391,14
393,76
412,43
461,00
459,10
418,90
417,94
382,56

M
M
M+E
M
M
M
-M
M
M
M
M
M

252,12
213,94
222,32

457,92
395,18
404,16

M
M
M

Distrito de Viseu
TDO
CARVALHAL
CAMBRES
ABRUNHOSA
NAGOSA (F.te Santa)
CALDAS DA FELGUEIRA
URGEIRIA
SEZURES
PIAR*
CALDAS DE AREGOS
S. PEDRO DO SUL
S. PEDRO DO SUL/VAU
GRANJAL
POCINHOS SANTOS/PONTE
DO FUMO
CALDAS DE SANGEMIL
ALCAFACHE (Banhos de)

Observ.
Nome*:
Coord.*:
Uso*:

Localizao provvel.
Coordenadas rectangulares (em km) referidas ao Ponto Fictcio
(M: distncia ao eixo dos yy; P: distncia ao eixo dos xx).
Utilizao actual ou no passado, ou utilizao potencial
(M, Medicinal; E, Engarrafamento e I, Indstria).

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