Formação de Palavras: Conhecimento, Representação E Uso
Formação de Palavras: Conhecimento, Representação E Uso
Formação de Palavras: Conhecimento, Representação E Uso
MARGARIDA BASILIO
(PUC-Rio / CNPq)
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A especificação é necessária, dado que há formas simbólicas visuais, para além das gráficas
e das unidades de línguas de sinais: formas simbólicas como cruzes, estrelas, caveiras, ban-
deiras nacionais etc., a meu ver, não constituem itens lexicais.
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Neste sentido, podemos constatar que a gramática clássica expressa uma excelente intuição ao
conceber a palavra indivisível como elemento mínimo fundamental da análise linguística.
Estudos Linguísticos/Linguistic Studies, 10, Edições Colibri/CLUNL, Lisboa, 2015, pp. 103-115
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As dimensões da palavra não serão discutidas nesse trabalho, mas ressalto que a palavra
gráfica apresenta uma contraparte de valor menos concreto e mais relevante, a saber, o seu
potencial de evocação.
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Alguns destes problemas passam a ser mais visíveis agora, com a utilização da internet para
a formação de corpora de análise. Temos, assim, o polo oposto à restritividade da imagina-
ção do linguista no lexicalismo: a abrangência excessiva de formações de pertinência ques-
tionável em relação ao corpo de conhecimento descritivo, concentrado na língua culta.
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Embora Bybee (1985) tenha como foco construções flexionais.
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É difícil dizer se podemos falar em pensamento em uso como algo distinto de língua em
uso, mas prefiro colocar a possibilidade, sobretudo por causa da interpretação mais comum
da expressão “língua em uso”, que, em geral, não contempla a atividade de reflexão interna,
da qual podem advir novas associações lexicais.
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Aliás, há outra discussão, que versa sobre a identificação ou não entre conhecimento do
mundo e conhecimento científico ou técnico, a qual, entretanto, está fora do escopo deste
trabalho.
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Bybee (1985) analisa uma situação análoga em referência a flexões de tempo e modo na
conjugação verbal. V. nota 5.
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Aliás, por incrível que pareça, esta situação é melhor representada na proposta lexicalista de
Chomsky, que concebeu entradas lexicais “neutras”, com dupla escolha de categoria, de tal
modo que consequências sintáticas e semânticas dependeriam de cada uma das escolhas.
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