Mundo em Disputa - Marcia Tiburi
Mundo em Disputa - Marcia Tiburi
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Copyright © Marcia Tiburi, 2024
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Um selo da
promoções.
T431m
recurso digital
Formato: epub
CDU: 32:1
Produzido no Brasil
2024
À memória de Adriana Dias, feminista anticapacitista que,
INTRODUÇÃO AO PROBLEMA
naturalizada
da compreensibilidade
mundo criptografado
é o esvaziamento subjetivo
criativas
A imaginação tecnoantropófaga
Referências bibliográficas
INTRODUÇÃO AO PROBLEMA
A DISPUTA SOBRE A IDEIA DE MUNDO
certas épocas, ela levou à prisão, como aconteceu com Galileu Galilei,
projeta do que revela algo sobre ele. Efetivamente, algo como “o mundo”
neguentropia, que ele está, ao mesmo tempo, cada vez maior e cada vez
na famosa fita do matemático do século xix, uma coisa passa pela outra,
conceitos, noções e imagens mentais que nos são dadas ou que nós
permite o jogo da dominação entre ideias. Por ser uma ideia geral, ela
seja, das coisas que acontecem e que podem ser reconhecidas como
acontecimentos. Determinar o que acontece implica gerir um mundo. O
das palavras e das imagens, é parte fundamental dos jogos de poder que
agem linguisticamente.
dados que nos são fornecidos para que possamos compreender. É essa
politicamente.
primeira grande narrativa foi instaurada pelo macho dominante (que não
a serviço do poder) como uma ameaça a todas (todes e todos) que não
distopia.
Trabalhei cada um dos tópicos como atos de pensamento dispostos
para obedecer.
um todo. Acredito que o livro, como objeto utópico, é uma boa pedra
uma ferida que se cura de dentro para fora. Se a ideia de mundo é uma
distopia real enquanto aponta para fora dela. Outra iconologia política
buscamos.
Ao reler o meu próprio trabalho, percebo que se inscreve
Às leitoras e aos leitores, desejo uma boa viagem pelas páginas que
1 Na língua do povo Kuna, que habitava entre o Panamá e a Colômbia antes da invasão do
território heterodenominado “América”, Abya Yala significa “terra que floresce”, “terra
madura”, “terra em seu total esplendor”. Organizações e instituições de povos andinos usam o
termo para se referir ao continente americano. Ver “Os povos indígenas na América Latina:
avanços na última década e desafios pendentes para a garantia de seus direitos”, publicado em
3 A banda de Möbius é uma figura da geometria projetiva. Trata-se de uma imagem útil pela
qual se visualiza o entrelaçamento de linguagem e política como duas faces de uma mesma fita,
em que exterior e interior são o mesmo devido a uma torção das superfícies. Recuando no
tempo, vemos que, em Aristóteles, as definições do zoon logikon [animal racional] e do zoon
politikon [animal político] se assemelham a essa estrutura. A banda de Möbius pode ser também
um esboço útil da relação entre teoria e prática, entre discurso e ação. Enquanto ela nos permite
visualizar a torção, o momento em que uma coisa se torna outra, ou seja, o ponto de encontro
entre dois lados opostos implicados entre si, nos serve também para visualizar o caráter de
projetividade, ou seja, a condução de um lado ao outro. Nesse sentido, a imagem expõe uma
topologia não estática, com a qual podemos pensar questões políticas, sobretudo aquela que nos
toca desde a “11a Tese sobre Feuerbach”: como superar a simples interpretação do mundo e
transformá-lo.
4 Civilização aqui tem um sentido substantivo, didático e retórico, por ser uma palavra
5 “Die Philosophen haben die Welt nur verschieden interpretiert; es kommt aber darauf an, sie
zu verändern.” Karl Marx, Thesen über Feuerbach. [Nach dem mit dem Marxschen Manuskript
que faz parte da modernidade capitalista e que chega até nossa época
antes da análise.
aceitável, ou seja, que pode ser desfrutada pelo gosto, não é dirigida aos
exploradas, aos pobres que não têm direito ao “bom gosto”, mas que
estética: o “melhor” não estará ao alcance das massas aduladas com lixo
política.
intenção desse nome feio, abreviado com essa sigla chamativa, é expor a
psicopoder.
faz com as ideias de Deus e tantas outras, mas, para isso, precisa ser
mundo que deve ser apresentada para formar o espelho das crenças e
distópicas e das guerras contra o povo, bem como das lutas por
para entender o que a política faz conosco e o que podemos fazer com
ela, é preciso tomar ciência de como esses códigos são acionados, como
Leben [Reflexões sobre a vida danificada], que também poderia ser o subtítulo deste livro.
ela mesma, como mercadoria. Tendo sido proposta como o melhor dos
consciências.
cujo serviço ela foi submetida. Precisamos nos defender desse sistema
opressão.
conceito político utópico que foi devorado pelo sistema, cujo potencial
corpos.
Espero que as palavras deste livro possam ir além das armas. Que
movimentos transformadores está cada vez mais rara. Ela tem sido
prcc.
Nota
11 A frase “um outro mundo possível” pode ter sido inspirada numa frase citada do poeta Paul
Éluard. “Il y a assurément un autre monde, mais il est dans celui-ci et, pour atteindre à sa pleine
perfection, il faut qu'il soit bien reconnu et qu'on en fasse profession. L’homme doit chercher son
état à venir dans le présent, et le ciel, non point au-dessus de la terre, mais en soi” [“Existe
certamente um outro mundo, mas ele está neste, e para atingir a sua perfeição total, é preciso que
ele seja bem reconhecido e professado. O homem deve procurar o seu estado futuro no presente,
e o céu, não acima da terra, mas dentro de si”]. Paul Éluard, Oeuvres complètes, 1968, p. 986.
A ARTILHARIA IDEOLÓGICA NA PRODUÇÃO DE
UMA ESTRUTURA DESESTRUTURANTE
lo. Não seria por menos que os neoliberais estocariam ideias e capital
em vez de alimentos, algo que eles sabem que nunca vai lhes faltar, pelo
menos até o fim do mundo, que faz parte do seu projeto tanatopolítico –
podendo, desse modo, imaginar como seria possível fugir deles. É uma
12
economia psicopolítica do choque, que administra a vida cotidiana e
contra a linguagem.
12 Sobre o choque como estratégia, remeto ao livro: Christoph Türcke, Sociedade excitada:
14
Mark Fisher utilizou a expressão “realismo capitalista” sinalizando
posição pessimista desses autores deve ser levada muito a sério, embora
com ética. Uma estética do pessimismo precisa ser substituída por uma
parte disso. Como diz Fisher, a catástrofe não está à espera, nem já
tudo.
luta não passa de barulho, pois ela é inútil. Diante do pressuposto de que
não há alternativa, não deve haver luta capaz de produzir saídas que
sem sentido e sem responsabilidade com esse mesmo mundo e com toda
normalização e da naturalização.
seu rumo por acaso, mas um projeto racional. Trata-se de uma forma
é abalar sem matar. Quem sobrevive não se torna mais forte, quando
espectro.
uma violência que age sobre nosso aparelho sensorial, sobre nossos
Tudo o que é destruído pode ser substituído por mercadorias novas que
14 O movimento do realismo capitalista surgiu em Berlim nos anos 1960 e teve Sigmar Polke
como um dos seus principais expoentes. O movimento satirizava o realismo socialista soviético e
a pop art estadunidense, cujo intuito era a produção massificada da arte para o consumo.
16 Na lógica do sistema, a ideia de que é possível um mundo melhor do que o conhecido deve
ser impedida de avançar. Por isso mesmo, a velha frase de Margaret Thatcher – “There is no
oficial. Ela foi o slogan do capitalismo neoliberal a deixar claro que não há espaço para mais
nada e que não adianta pensar em alternativas. O sistema sacrificial não admite questionamento.
O fato de Thatcher ser uma mulher apenas aciona a distopia sobre a qual o patriarcapitalismo
19 Paul B. Preciado, “Multitudes queer: Notes pour une politiques des ‘anormaux’”, 2003, pp.
17-25.
21 Em Como conversar com um fascista (2015), Ridículo político: uma investigação sobre o
turbotecnomachonazifascismo ou seja lá o nome que se queira dar ao mal que devemos superar
manipulação, ao mesmo tempo, ela é a própria forma-mercadoria ao alcance de todos nas redes
sociais. Esse “bem” nunca esteve tão disponível e a preço tão baixo para o gozo das gentes.
PARTE 1
CÓDIGOS DISTÓPICOS
CARCERI: NO ESPELHO DAS PRISÕES
DISTÓPICAS
qualquer saída.
1
Marguerite Yourcenar percebeu nelas o espírito de um tempo
que vemos são alegorias do paradoxo que nos fazem saber que já não se
assombro.
continua o mesmo.
ser vivida, tal como parece ser a proposta do mundo atormentador dos
Carceri.
possível.
meu mundo são, portanto, limites das imagens sempre controladas por
de nossas vidas – saber que somos um corpo que crê no que percebe –
permutáveis.
informacionais.
2 Aby Warburg, Histórias de fantasma para gente grande. Escritos, esboços e conferências,
2015.
prcc para marcar o caráter de facção criminosa que constitui essa frente
do crime, considerando que as leis e normas que regem esse sistema são
possível, ou seja, uma não vida. Não se trata mais de lutar contra uma
para criar a norma “científica” e “moral” que garantirá que ninguém saia
do lugar que ocupa. Cada um deve “ficar no seu lugar”, ou “ficar no seu
não resiste sem a ordem que impôs aos corpos num procedimento
moldável.
introjetar sua pobreza e ater-se a ela em sua forma de ser, assim como
aos marcadores que estipulam o que devem ser. Esses marcadores são
sempre estéticos. Isso quer dizer que não basta ser classificado, é preciso
nos corpos por meio da percepção, campo a ser colonizado pela oferta
7
de sensações e da administração do sentimento de gosto. O sistema se
novo órgão.
de mentira a ser aceita como verdade, no qual a vida real deve ser vivida
prcc encarcera corpos para seus próprios fins. Contudo, não é possível
lidar livremente com elas. É isso que tem sido feito com a ideia de
interrompido com urgência para salvar vidas que minuto a minuto são
4 Rita Laura Segato, Las estructuras elementares de la violencia: ensayos sobre género entre la
5 É o caso do famoso sobrinho de Freud, Edward Bernays, autor do livro Propaganda: comment
6 Edward Herman, Noam Chomsky, Manufacturing Consent: The Political Economy of The
9 Marcia Tiburi, Andréa Costa Dias, Sociedade fissurada: para pensar as drogas e a banalidade
do vício, 2012.
10 Pauline Grosjean escreveu um livro intitulado Patriarcapitalisme: En finir avec les inégalités
como um sistema no qual as normas culturais são o produto, a matriz e a justificação das
15 Michael Löwy, “Negatividad y utopía del movimiento altermundista”, 2007, pp. 43-47.
MUNDO COMO IDEIA MATRIZ ONDE SER É
ESTAR SITUADO
não seria aceito pela Igreja da época, assim como, mais tarde, ocorreu
prcc faz também tem algo de barroco, e, não por acaso, Descartes está
18
nos seus fundamentos teóricos. Nele, uma fabulação particular (o
codificado.
noção de que habitamos algum lugar, é uma ideia matriz. Uma ideia
matriz não somente permite situar outras ideias, objetos e fatos, mas
capaz de perceber um mundo. Isso quer dizer que mundo não é apenas
operações linguísticas.
sistema se confunde.
A compreensibilidade como fator de reconhecimento do mundo é o
pode ser reconhecido como algo que pode ser representado. A própria
mercado precisa dos corpos e de uma ideia fabulosa à qual esses corpos
Tal é a função da ideia de mundo, no qual ser é estar situado. Todo ser
conforme regras estipuladas, sem que se permita olhar para fora dele.
articulada.
pressupondo uma ideia de mundo, uma certa noção de limite onde tudo
que permite sustentar sistemas que se colocam como mundo, tal como é
o prcc.
Notas
16 As palavras de Milton Friedman são explícitas nesse caso: “Quando a crise acontece, as ações
que são tomadas dependem das ideias que estão à disposição. Esta, eu acredito, é a nossa função
até que o politicamente impossível se torne o politicamente inevitável.” Milton Friedman apud
18 Carolyn Merchant, The Death of Nature: Women, Ecology, and the Scientific Revolution,
2019.
como fundamento e contorno de toda experiência possível. Ver Hans-Georg Gadamer, Verdade e
todo. De fato, a noção de todo ou universal pode ser abstrata, mas não
mundo por parte das classes exploradoras não teria êxito apenas por
aderir a um mundo que não era o seu, e a forma pela qual poderiam
de aderir.
programados.
calcular sobre o que tem ou pode vir a ter valor, ou seja, o que pode ou
mundo tem um imenso valor nesse sistema, pois ela define a própria
universal, que deve ser válida para todos. Ela articula o conjunto do
em que os fatos são desenhados por quem detém o poder, mas apenas
24 Ver Gar Alperovitz, Lew Daly, Apropriação indébita: como os ricos estão tomando a nossa
herança comum, 2010; Ladislau Dowbor, A era do capital improdutivo: por que oito famílias
25 Vilém Flusser, O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação, 2007, p.
83.
A FUNÇÃO CODIFICADORA DA DISTOPIA
guardada quanto uma energia que ele pode liberar. Nesse sentido, chamo
distópico.
Criar um código é criar uma escritura. Uma escritura pode dar lugar a
Nesse mundo – onde, não é demais repetir, tudo o que existe é rebaixado
garantir a coesão do mundo que ele cria e, por isso, não admite a
algoritmo.
(em que pobres deverão ser submetidos aos privilégios dos ricos) e uma
humano.
esquecer que “ele consiste num tecido artificial que esconde uma
29
natureza sem significado, sem sentido, por ele representada”. Flusser
humana.
o mundo.
seja, em uma codificação que produz ação, será repetido por cada
transmitem, pois ela é o próprio sistema, uma engrenagem sem vida que
29 Ibidem.
30 Ibidem, p. 90.
31 “A mão imprime formas (informiert) nas coisas que pega. E assim surgem dois mundos ao
redor do homem: o mundo da ‘natureza’ das coisas existentes (vorhanden) e a serem agarradas, e
o mundo da ‘cultura’, das coisas disponíveis (zuhanden), informadas. De fato, tem se tornado
cada vez mais evidente que a mão não deixa em paz as coisas informadas, e sim continua
agitando-as até que se esgote a informação que contêm. A mão consome a cultura e a transforma
em lixo. Portanto, não são dois mundos que circundam o homem, mas sim três: o da natureza, o
da cultura e o do lixo. Esse lixo tem se tornado cada vez mais interessante: diversas áreas do
dedicado a estudá-lo. O que se constata é que o lixo retorna para a natureza. A história humana,
portanto, não é uma linha reta traçada da natureza à cultura. Trata-se de um círculo, que gira da
natureza à cultura, da cultura ao lixo, do lixo à natureza, e assim por diante.” Ibidem, pp. 60-61.
33 Maria da Graça Jacintho Setton, “A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: uma leitura
34 Maturana diz que há tantos “domínios cognitivos quantos forem os domínios de ações –
definido no domínio experiencial do observador pelo critério que ele ou ela usa para aceitar
ações que ele ou ela aceita como próprias deste domínio”. Humberto Maturana, Cognição,
35 Meu objetivo neste trabalho não é resenhar cada um desses autores, mas apontar para
37 O tema do “macho como valor” escapa ao objetivo deste trabalho e estará tratado em um
futuro livro meu que se encontra em desenvolvimento. Remeto à leitura de: Roswitha Scholz, “O
valor é o homem. Teses sobre a socialização pelo valor e a relação entre os sexos”, 2016, pp. 15-
36.
A CIRCULAÇÃO DA INFORMAÇÃO E A
REPETIÇÃO DO CÓDIGO
crer e agir.
a realidade.
mercado da enganação.
las é estratégico.
estimular que pessoas pobres acreditem que são ricas, ou que mulheres
disso.
“ideologia de gênero”, por exemplo, serve como chave que visa a ocultar
gênero serve para acionar o ataque àquelas pessoas e grupos que ousam
reproduzida no prcc.
torna também uma questão de cálculo, do que vale mais e do que vale
menos.
O cálculo pressupõe que o que é inteiro pode ser tomado por partes,
ou é algo que pode ser reproduzido. O que pode ser tomado por partes
vale para as coisas e corpos submetidos aos valores estéticos – que são
repetidos.
campo simbólico. O cálculo não se faz mais sobre a verdade, mas sobre
a mentira.
falsas geram um novo mundo falso. A forma lógica das coisas continua
mecanismo que não pode ser conhecido, pois está espalhado e atuando
42 Sobre o “desejo mórbido de liquidez”, ver Bernard Maris, Gilles Dostaler, Capitalisme et
pulsion de mort: Freud et Keynes, 2009, pp. 8-9. Segundo os autores, “Ce qu’enseignent Freud
et Keynes, […] c’est que ce désir d’équilibre qui appartient au capitalisme, toujours présent,
mais toujours repoussé dans la croissance, n’est autre qu'une pulsion de mort. Détruire, puis se
détruire et mourir constituent aussi l'esprit du capitalisme” [“o que Freud e Keynes nos ensinam
[…] é que o desejo de equilíbrio que pertence ao capitalismo, sempre presente, mas sempre
empurrado para o crescimento, não é outra coisa senão uma pulsão de morte. Destruir, depois
Assim como a proibição sempre abriu as portas para um produto mais tóxico ainda, assim
mesmo quando as pessoas ainda não sucumbiram a ele, elas veem-se privadas dos meios de
resistência pelos mecanismos de censura, tanto os externos quanto os implantados dentro delas
45 Ibidem, p. 16.
é esse traço que pode ser visto nos gestos e no design que os contém em
48
sua base.
passa pelo design, ou seja, pelo desenho de uma ideia que obedece antes
são a ação do corpo vivo que pode ser vista. Ele é a informação que
pelo seu limite, pela sua forma e por seu conteúdo interno, do qual a
49
forma surgiu. O conceito de limite remonta à noção de contorno, que
mundo.
de notar o mundo.
limite, pois o design não é o sujeito, mas aquilo que, desenhando o lugar
e macroscópicas.
prática, não deve deixar espaço vazio e corpos vivos desde que sejam
em outro.
da autoridade.
o sofá e com os corpos humanos que são os donos do sofá, assim como
democráticas possíveis.
No império do design, o mundo é uma questão e uma produção
53
“conceitográfica”, baseada em fórmulas aplicadas e replicadas à
a distopia e a utopia.
“mau”) foi cunhado em 1818 por Jeremy Bentham e, depois, usado por
Stuart Mill para criticar o governo de sua época. Anthony Burgess, autor
portanto, de descarte.
mercadorias.
Mundo pode ser definido como tudo o que existe. Contudo, esse
perigosas.
sistema hipnótico que utiliza jogos retóricos para sustentar o transe dos
corpos dos quais ele depende para se manter. Trata-se, nesse caso, de
que as igrejas que estão em busca de lucro crescem como seitas no prcc,
dele.
criado. Esse protótipo “global” é como uma peça de design que deve ser
universalizada.
Notas
56 Recomendo o excelente trabalho de Eduardo Marks de Marques sobre o tema: “From Utopian
Hope to Dystopian Despair: Late Capitalism, Transhumanism and the Immanence of Marxist
58 Silvia Rivera Cusicanqui, Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos
descolonizadores, 2010.
60 Ibidem, p. 32.
universal e o particular, o conceito e a instância singular, acaba por se revelar na ciência atual
administração. Tudo, inclusive o indivíduo humano, para não falar do animal, se converte num
conflito entre a ciência que serve para administrar e reificar, entre o espírito público e a
aparelho conceptual antes que a percepção ocorra, o cidadão vê a priori o mundo como a matéria
com a qual ele o produz para si próprio”. Theodor Adorno, Max Horkheimer, op. cit., 1984, p.
41.
62 Milton Santos, Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal,
2001, p. 18.
63 Ibidem, p. 17-18.
64 Eduardo Grüner, “La Tragedia, o el fundamento perdido de lo político”, 2002, pp. 13-50.
mercadorias, da informação e dos meios de comunicação de massas, até mesmo das lógicas
produtivas, mas não há mundialização da força de trabalho. O capitalismo mundial, quase que
desigual” de custos laborais e suas diferentes regiões. Ver também Samir Amin, Capitalismo,
Sem ela, o mercado não pode se vender a si mesmo. Ela age para que o
bem.
impulsos que o sujeito não admite como seus e que, no entanto, lhe
66
pertencem são atribuídos ao objecto: a vítima em potencial.” No fundo,
o sistema confia nos algozes que ele mesmo cria para manter-se em pé.
dizem os autores, sua escolha não é livre, mas obedece às leis de sua
diversão.
O indivíduo humano, essa unidade de corpo e espírito, busca evitar
tudo o que lhe pareça incognoscível – evita, portanto, tudo o que possa
pelo mundo afora como forma genérica e, por assim dizer, metonímica
ser seguido. Éthos é uma palavra que podemos traduzir por moral, por
“outro mundo possível” com o qual se pode sonhar (mas apenas nas
homogênea e plastificada.
era do capitalismo.
Notas
67 Ibidem.
VENTRILOQUACIDADE, PRÓTESES
COGNITIVAS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE
rituais cotidianos.
parte disso.
mundo feita de clichês e modas controladas por uma polícia do texto que
garantida. O sujeito não precisa saber “onde” está, mas deve ter a
pelo sistema.
para instaurar uma verdade, mesmo que seu conteúdo não seja
órbita como insetos girando em torno de uma luz que nada quer dizer.
Notas
69 Ernst Robert Curtius, Literatura europeia e Idade Média latina, 1996, p. 332.
habitar.
apenas porque é preciso repetir o que diz o guru, mesmo que ele seja um
naturalização.
do poder, a prova disso é que começa a ser imitada como forma de vida
Ao afirmar que o prcc é um programa, quero dizer que ele vai muito
são interiorizadas pelos corpos que ele precisa oprimir para se manter. O
prcc é programado por imagens, ou seja, por superfícies que são telas
Esse sistema, por sua vez, é entrópico, ou seja, ele busca sempre voltar
ao seu grau zero, o que só é possível se a informação que ele lança sobre
desmontada.
PARTE 2
CÓDIGOS UTÓPICOS
O SUCESSO DO FIM DA UTOPIA OU O PODER
DE UMA NARRATIVA
não haverá justiça para os que foram injustiçados pelo prcc. Quando
Walter Benjamin falava que não haveria justiça para os mortos, ele já
substituído por uma ética da imaginação política que não deve, por sua
não humana no planeta ameaçado pelo que Rita Segato definiu como
3
sendo uma frente colonial-estatal-empresarial-midiática-cristã, resumo
caracteriza o prcc.
do prcc, ela mesma uma economia linguística que afeta o sistema como
apagamento.
fim, a pós-modernidade.
Assim como aconteceu com o fim da história e o fim da arte, da
milenaristas, o fim da utopia nunca foi um fim definitivo. Fim quer dizer
moda teórica que vale tanto pelo excesso de brilho espetaculoso quanto
era uma questão política e que esse era um destino inusual para uma
o que se imagina.
viver sem utopias e deixaram uma porta aberta para que ela voltasse,
cultural.
papéis, sem terra ou sem teto. Todos são representações das forças e
de matar.
7 George Wilhelm Friedrich Hegel, Vorlesungen über die Ästhetik. Erster und zweiter Teil, 2008.
9 Fredric Jameson, Archaeologies of the Future: The Desire Called Utopia and Other Science
Fictions, 2005.
diversos países no século xx. Mas ela assumiu cada vez mais a feição do
hoje chamado pelos povos andinos de Abya Yala –, faz parte dessa
o que foi vivido, criando unidade de luta com base em uma identidade
12 Eduardo Marks de Marques, “From Utopian Hope to Dystopian Despair: Late Capitalism,
2014, p. 258.
13 Silvia Rivera Cusicanqui, Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos
descolonizadores, 2010.
UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL OU COMO O
PRCC SERÁ SUPERADO POR ALTERNATIVAS
CRIATIVAS
para viver a experiência humana com bases existenciais foi lançado por
terra, mas se pode sempre comprar esse lugar. O passe à classe social,
em nossos dias.
estilo de vida, o que sempre foi oferecido pelos reis e príncipes, pelas
sensorial torturante.
18 Ibidem, p. 356.
A LIBERTAÇÃO DA IMAGINAÇÃO COMO
CAMINHO PARA A DEMOCRACIA RADICAL
– como se fossem uma alegria pura que deve ser vivida por todos.
fazer parte dele parece ser a única possibilidade. Por isso, pensar em
ideia como essa será tratado por muita gente com o desdém que faz
19 Como tentei mostrar, nos últimos anos, em diversos trabalhos que partiram de uma filosofia
psicopoder que instauraram o jogo de linguagem do fascismo atual, guerra explícita contra o
mundo.
22 Chantal Mouffe, The Democratic Paradox, 2000; Ernesto Laclau, A razão populista, 2013;
Ernesto Laclau, Chantal Mouffe. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política
“imaginação no poder”, lema de maio de 68 que apareceu pichado nas ruas de Paris. “A
se ocupa uma rua, uma universidade, uma fábrica, cada vez é um novo desafio, e não só
espaço, dar outro ritmo ao tempo. É uma faculdade estética, o que não quer dizer que só cria
26 Fazer o outro dizer o que não disse, criar um personagem em cima de uma pessoa real e agir
como se esse ente imaginário estivesse presente, é disso que se trata na falácia do espantalho.
Baseada na criação de um duplo, é esse personagem ficcional que deve ser atacado no lugar da
pessoa real. É essa pessoa, cujo corpo e cuja presença são descartados, que é transformada em
um boneco num jogo de argumentos. O ônus por ter sido transformada em espantalho é
do duplo, ou seja, atacando uma posição que não é defendida pela pessoa real. A falácia não é
simplesmente o argumento, mas toda a situação do argumento como vemos acontecer com as
fake news pelas quais entramos no devir espantalho na era da desinformação planificada. Assim
como se coloca palha dentro de uma roupa para simular a presença de um ser humano, a falácia
do espantalho surge quando palavras são colocadas na boca de alguém. Esse alguém continua ali,
imaginárias que foram construídas com elas. Essas prisões, hoje, são
grilhões.
foi cálculo, e por isso o espaço para a poesia foi sendo encurtado com o
obedece à ordem, não se faz com fórmulas. Ela implica uma outra forma
para impedir que se desenvolvam relações com o que está fora dos seus
muros e da rigidez discursiva que alimenta moralismos sexuais,
por definição, sem aberturas. Não há janelas para ver mais longe, nem
shoppings centers, ou diante das vitrines virtuais, assim como diante das
mesmo que produz a lixiviação subjetiva que só pode ser enfrentada por
política sempre foi uma questão de alteridade humana, até que ela se
apartou da ética e, com isso, passou a ser puro e simples jogo de poder.
possibilidade é uma tarefa ética a ser realizada por cada um e por todos.
confinamento cultural massas inteiras que ali foram lançadas sem acesso
ser acolhido como objeto de reflexão, pois ele nos espera desarmado.
28 Em Tristes trópicos, o antropólogo Claude Lévi-Strauss fala dessa característica dos povos
indígenas que ele encontrou no Brasil. Eles teriam essa “abertura ao outro”.
ideologia que elas de fato são, é preciso buscar o modo como elas
do sistema.
totem que vem ao chão, faz ainda mais sentido quando vemos uma
autorreflexiva.
“correria”, frases como “não ter tempo para nada” e o sonho abstrato do
pensar sobre os jogos de poder lançados sobre seus corpos enquanto seu
otimismo vazio segue livre como se não houvesse crítica possível nem
produzidas.
que a maior parte não tem a menor chance nessa tentativa – deve-se à
uma distopia para o mundo que é antecipada como ideal em cada gesto,
lidos e ditos nos palanques, nos púlpitos, nas telas de televisão, bem
outras palavras, são patamares com base nos quais pensamos, sentimos e
mundo.
Podemos dizer que a utopia está para a tragédia assim como a distopia
uma consciência que inserisse entre ela e aquilo que ela pensa um
30 Lyman Tower Sargent, “The Three Faces of Utopianism Revisited”, 1994, pp. 1-37.
33 Sugiro a leitura da obra da filósofa brasileira Suzana Albornoz, que escreveu belos livros em
diálogo com pensadores da utopia como Ernst Bloch. Em Ética e utopia: ensaio sobre Ernst
Bloch, ela apresenta diversos questionamentos sobre o abandono do tema da utopia e apresenta
35 “A nostalgia materialista de conceber o objeto quer o contrário: só sem imagens seria possível
pensar o objeto plenamente. Uma tal ausência de imagens converge com a interdição teológica às
imagens. O materialismo a seculariza na medida em que não permite que se pinte a utopia
positivamente; esse é o teor de sua negatividade. Ele está de acordo com a teologia lá onde é
maximamente materialista. Sua nostalgia seria a ressurreição da carne; para o idealismo, para o
reino do espírito absoluto, essa nostalgia é totalmente estranha. O ponto de fuga do materialismo
histórico seria a sua própria suspensão, a liberação do espírito do primado das necessidades
materiais no estado de sua realização. É somente com o ímpeto corporal apaziguado que o
espírito se reconciliaria e se tornaria aquilo que há muito ele não faz senão prometer, uma vez
que sob o encanto das condições materiais ele recusa a satisfação das necessidades materiais.”
Ibidem.
A IMAGINAÇÃO TECNOANTROPÓFAGA
produção da vida. Uma utopia que seja atual não é aquela vazia, que
humanos com ela. De fato, o termo ajuda na reflexão e nos fazeres sobre
mastigamos com vontade para nossa própria nutrição. Tudo isso pode
aprisionante.
Notas
nos obriga a uma escolha por uma delas, mas possibilita uma reflexão
nasce da reflexão crítica. Isso quer dizer que ninguém pode alcançar a
uma vitória abstrata que abandona o que foi vivido. A vitória implica a
corpos e à vida.
não burguesa e não consumista, mas desengajada da luta que vai além
fraqueza da utopia é muito fraco para ter peso sobre a luta dos coletivos
ação.
O “pessimismo prático” anda junto com o otimismo do vazio do
criar sentido com base na imaginação como faculdade que conecta o ser
Isso quer dizer que a própria vida como ela é vivida se transformou
ordem de cada comunista consciente dos esforços e dos sacrifícios que são pedidos a quem
Semeraro faz a reconstituição das aparições da palavra utopia nos textos de Gramsci conectando-
terrorismo dos Estados capitalistas não tem freio. De fato, a reação dos
morte digna, pelo direito à mobilidade universal, pelo direito a ter uma
uma guerra contra os povos da Terra por ele condenados. Suas armas
das pessoas na forma de massas ignaras precisa ter fim. Contra isso,
precisamos fomentar a reflexão crítica e a superação de nossas fronteiras
42 David Bondia Garcia. “La revolución de los Derechos Humanos emergentes: el inicio del
43 Por meio do “direito cosmopolita” de Kant, alguém poderia reivindicar cidadania para além
dos Estados e, dessa forma, garantir proteção em nível internacional para indivíduos perseguidos
por Estados. Absolutamente decisiva no campo do Direito, a noção de mundo está na base de
uma teoria democrática propriamente cosmopolita que seja capaz de unir direito e cidadania
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