Resumão de Literatura - Parte 12-1

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Escolas Literárias

Resumão PARTE 12
1. CONTEXTO HISTÓRICO: O final do século XIX e início do século XX, na Europa, foi marcado pela competição entre as grandes potências em relação à expansão
imperialista, ou seja, a exploração econômica de países subdesenvolvidos. Isso gerou, portanto, um clima de tensão entre as nações dominantes e causou o crescimento de
discursos nacionalistas que fomentavam essa rivalidade, desencadeando a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). No Brasil acontecia, nessa época, a transição do regime
monárquico para o republicano. É o chamado período da República Velha, muitas vezes também denominado de “República do Café com Leite”, graças à oligarquia promovida
pelos grandes latifundiários dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Eram eles os responsáveis por decidir os rumos da política e da economia brasileiras. Também eram
influentes outras camadas da classe dominante, como o Exército e a burguesia industrial, que ganhava força especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. O surgimento
do modo de produção industrial brasileiro trouxe consigo o aumento da urbanização e criou novos estratos sociais, como o proletariado e o subproletariado. Além disso, com
a consolidação da economia cafeeira, declinava cada vez mais a cultura de cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro. Ao poucos, formava-se um abismo cada vez maior entre o
PRÉ-MODERNISMO povo e os dirigentes da República, que também, por sua vez, viam-se em um conflito de interesses: de um lado, o grupo de latifundiários representantes do tradicionalismo
INÍCIO: 1902- agrário brasileiro, até pouco tempo escravocrata; de outro, a burguesia industrial incipiente, influenciável pelos fluxos financeiros e interesses do capital europeu e
publicação DE “Os estadunidense. Os primeiros anos do Brasil republicano ficaram também conhecidos como período da República da Espada, marcado pelo autoritarismo do Exército e por
Sertões (Euclides da insurreições como a Revolta da Armada, a Guerra de Canudos e a Revolução Federalista.
Cunha) e Canaã (Graça A abolição da escravatura escancarou as fronteiras do país para a chegada de imigrantes europeus e asiáticos, com vistas a substituir a mão de obra escrava nas lavouras.
2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Aranha). Os negros alforriados, por sua vez, não tiveram qualquer direito à integração cidadã: três séculos de escravatura naturalizaram socialmente essa condição e foram basilares
FIM: 1922 – Semana❑de Nacionalismo crítico/temático: preferência pela abordagem
para o racismo estrutural como um dos componentes da fundação das desigualdades❑
da república. Fase
Umade nova
transição e sincretismo
massa (Parnasianismo/Simbolismo/modernistas);
de desempregados e desvalidos formava-se e agravavam-se
Artes Modernas sociais,
as colocandosociais.
desigualdades em evidência um Brasil miserável e marginalizado, um Brasil ❑ Heterogeneidade entre as características das obras do período;
não oficial, que as promessas de modernização do governo republicano tentavam ❑ Denúncia da realidade brasileira;
um período de transição no universo artístico. Essa
O pré-modernismo não foi uma escola literária, mas

dos
movimentos artísticos da época, ao mesmo tempo em que
delineou aquilo que depois seria conhecido como

encobrir. Além disso, já teve início um repúdio pelas escolas literárias importadas ❑ Caráter documental;
da Europa, em busca de uma expressão artística de fato brasileira. ❑ Tipos humanos marginalizados;
❑ Renovação da linguagem literária: alguns autores optaram pela incorporação ❑ Investigação e denúncia dos problemas sociais (miséria, abismos sociais, conflitos);
características

de elementos da linguagem coloquial na linguagem literária, ampliando o léxico ❑ Aproximação da obra literária ao contexto sócio-político-econômico;
das obras para regionalismos, expressões populares, neologismos e gírias. ❑ Marginalização dos personagens principais (caipira, mulato, sertanejo);
Também❑houve Euclides da Cunha (1866-1909)
certa aproximação - escritor,literária
entre a linguagem poeta,eensaísta, ❑
jornalista,
a jornalística. historiador, (descrição
naturalismo sociólogo, minuciosa
geógrafo, poeta e engenheiro
dos personagens brasileiro.
e dos Ocupou a cadeira 7 na
cenários);
Outros escritores, por sua
Academia vez, preferiram
Brasileira de Letras proposta
de 1903 adiferente: a poetização
1906. Publicou ❑ Regionalismo
da Campanha
Os Sertões: (valorização
de Canudos, emda cultura
1902, popular
a qual brasileira);
é dividida em três partes: A Terra, o Homem, A
linguagem científica. ❑
Luta. Essa obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também Utilização
a Guerra dede verbos
Canudos na(1896-1897)
forma simples ao escrever.
no interior da Bahia.
❑ Graça Aranha (1868-1931) - escritor, diplomata maranhense e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e organizador da Semana de Arte Moderna
de 1922. Sua obra que merece destaque é Canaã, publicada em 1902. Ela aborda sobre a migração alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que
algumas

merecem destaque são: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).
❑ Monteiro Lobato (1882-1948) - escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro que ficou muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo, como, por
exemplo, a série de livros do Sítio do Picapau Amarelo. Em 1918 publica Urupês, uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica Cidades
Mortas, livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
recuperou

3.Principais
❑ Lima Barreto (1881-1922) - escritor e jornalista brasileiro. Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, rompe com o nacionalista ufanista e faz críticas
autores e ao positivismo. Destaque: Triste Fim de Policarpo Quaresma, escrito numa linguagem coloquial. Nela, o autor faz crítica à sociedade urbana da época.
obras❑ Augusto do Anjos (1884-1914) - Considerado por muitos um simbolista, Augusto dos Anjos teve grande destaque no período pré-moderno. O "poeta da morte“,
pelos temas inquietantes e sombrios explorados, ocupou a cadeira n°1 da Academia Paraibana de Letras. Sua única obra publicada em vida, Eu (1912), reúne
modernismo.

diversos poemas que chocam pelos temas, pela agressividade, pelo uso de uma linguagem coloquial e cotidiana, bem como o de palavras consideradas
científicas e antipoéticas.
produção

❑ João Simões Lopes Neto (1865 – 1916) – o escritor e empresário sul-rio-grandense e brasileiro procurou em sua produção literária valorizar a história e
tradições do gaúcho. Livros publicados em vida: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913), Casos do Romualdo (1914).
❑ João do Rio (1881 – 1921) - pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, um jornalista, cronista, contista, romancista, tradutor e
Pré-modernismo é como ficou conhecido o período literário brasileiro que
vai de 1902 até 1922. Na Europa, o período que antecedeu ao modernismo foi
marcado pela tensão política entre os países imperialistas e pelo surgimento
dos movimentos de vanguarda. Já no Brasil, a Proclamação da República, o
surgimento das favelas e a Guerra de Canudos são alguns fatos históricos que
levaram os autores desse período a realizarem críticas sociais, econômicas e
políticas em suas obras.
Por ser um período de transição, o pré-modernismo apresenta traços de
estilos do século XIX, como: realismo, naturalismo, parnasianismo e simbolismo.
Além disso, é marcado por um nacionalismo crítico, ou seja, sem idealizações
românticas. Desse modo, autores como Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro
Lobato mostraram, em prosa, um Brasil sem retoques, enquanto o poeta
Augusto dos Anjos revelava sua descrença na espécie humana.
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO

❑ Não é escola literária;


❑ Fase de transição e sincretismo
(Parnasianismo/Simbolismo/modernistas)
❑ Denúncia da realidade brasileira;
❑ Regionalismo;
❑ Caráter documental;
❑ Linguagem conservadora;
❑ Tipos humanos marginalizados
PRINCIPAIS AUTORES DO PRÉ-MODERNISMO

EUCLIDES DA CUNHA GRAÇA ARANHA LIMA BARRETO MONTEIRO LOBATO SIMÕES LOPES NETO ALGUSTO DOS ANJOS JOÃO DO RIO
Lima Barreto

• Nasceu e morreu (1881/1922), no Rio de Janeiro.


• Funcionário público e jornalista
• Linguagem coloquial
• Retrata a população pobre e oprimida do subúrbio carioca,
as periferias urbanas, a divisão de classes, a exclusão social,
os pobres e os rejeitados.
• Luta contra o preconceito
• Bom humor/ Ironia

Romance principal: Triste Fim de Policarpo Quaresma


O Brasil da Marginalização Urbana

O negro Os excluídos
O funcionário público
Demolições para a construção da Avenida Central
(hoje Avenida Rio Branco)

Lima Barreto
Monteiro Lobato

• Linguagem culta, conservadora.


• Retratava o interior de SP;
• Caboclo caipira (Jeca Tatu);
• Criticava o atraso do país, mas se colocou contra o
Modernismo;
• Figura polêmica;
• Criticado por preconceito;
• Escreveu literatura infantil e literatura “para adulto”.

Romance principal: Urupês


São Paulo - rural
O Brasil Caipira
Anacrônico(desacordo
com a época)

Inerme(indefeso)

analfabeto

Obtuso(bronco,
estúpido)

Tema de Monteiro Lobato


Urupês (Jeca Tatu) Cidades Mortas
Euclides da Cunha (1866-1909)
Nasceu no Rio de Janeiro
Engenheiro – Militar – Jornalista
• Intérprete do Brasil
• Sertão da Bahia
• Denúncia
• Análise psicológica

Principal obra:
• Os Sertões > A terra/O homem/A luta
NORDESTE RURAL

Brasil Rural

Anacrônico
Ignorado
Brutalizado
Fanatizado
O CANGAÇO
OS
SERTÕES
Graça Aranha

• Nasceu no Maranhão(1868-1931)
• Análise histórica do Brasil em relação à
imigração;
• Natureza;
• Mais tarde, rompe com os padrões
convencionais e adere ao Modernismo;
• Romance de ideias (discussão sobre o
Brasil).
Romance principal: Canaã (Os imigrantes Milkau e
Lentz representam duas ideologias postas em debate: o
contraste entre o universalismo (Milkau) e o racismo (Lentz)
Brasil dos imigrantes: Terra de Canaã
Com a abolição da escravatura o Brasil passou a importar mão-de-obra
estrangeira. Surgem os conflitos de adaptação e questões raciais.
Graça Aranha: Canaã
Augusto dos Nasceu na Paraíba (1884-1914
)
Anjos
Características de sua obra:
Escritor do mau gosto, do horrível, do escárnio, dos vermes;
Linguagem culta, técnica, linguagem popular – palavras do

• cotidiano (modernista);
• Poesia com termos científicos(vocábulos das ciências médicas, da biologia
vegetal, da filosofia) – influência do cientificismo e do positivismo;
• Pessimismo – influência de Baudelaire e de Schopenhauer;
• Existencialista (vivemos pra morrer... Como assim??); Angústia da vida ( a
ciência nem tudo explica...); Morte (orgânica);

• Materialismo;
Obra:
• Sua obra representa o sincretismo entre o Parnasianismo(forma) e o
Eu e Outras Poesias Simbolismo (musicalidade, figuras, imagens)
(1912)
Brasil
Urbano civilizado politizado refinado

Rio de
Janeiro
CRÔNICA: A ERA DO AUTOMÓVEL
(João do Rio, Vida vertiginosa)

E, subitamente, é a era do Automóvel. O monstro transformador irrompeu, bufando, por entre os escombros da
cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e
novas aspirações. Quando os meus olhos se abriram para as agruras e também para os prazeres da vida, a cidade,
toda estreita e toda de mau piso, eriçava o pedregulho contra o animal de lenda, que acabava de ser inventado em
França. Só pelas ruas esguias dois pequenos e lamentáveis corredores tinham tido a ousadia de aparecer. Um, o
primeiro, de Patrocínio, quando chegou, foi motivo de escandalosa atenção. Gente de guarda-chuva debaixo do braço
parava estarrecida como se estivesse vendo um bicho de Marte ou um aparelho de morte imediata. Oito dias depois, o
jornalista e alguns amigos, acreditando voar com três quilômetros por hora, rebentavam a máquina de encontro às
árvores da rua da Passagem. O outro, tão lento e parado que mais parecia uma tartaruga bulhenta, deitava tanta
fumaça que, ao vê-lo passar, várias damas sufocavam.
A imprensa, arauto do progresso, e a elegância, modelo de esnobismo, eram os precursores da era automobilística.
Mas ninguém adivinhava essa era. Quem poderia pensar na influência futura do automóvel diante da máquina quebrada
de Patrocínio? Quem imaginaria velocidades enormes na carriola dificultosa que o conde Guerra Duval cedia aos clubes
infantis como um brinco idêntico aos balanços e aos pôneis mansos? Ninguém! absolutamente ninguém.
- Ah! Um automóvel, aquela máquina que cheira mal?
- Pois viajei nele.
- Infeliz.
Para que ele se firmasse foi necessária a transfiguração da cidade. E a transfiguração se fez: ruas arrasaram-se,
avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou, arrastando
desvairadamente uma catadupa de automóveis. Agora, nós vivemos positivamente nos momentos do automóvel, em
que o chofer é rei, é soberano, é tirano.
QUESTÃO 1

QUESTÃO 2
QUESTÃO 3

QUESTÃO 4
QUESTÃO 5
QUESTÃO 6
QUESTÃO 7
QUESTÃO 8 (
QUESTÃO 9
QUESTÃO 10
GABARITO: 1D, 2B, 3B, 4D, 5C, 6C, 7E, 8,E , 9E, 10C

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