Revista 10 2008
Revista 10 2008
Revista 10 2008
I. protocolo de documentos dia- forme o Decreto Estadual n.º 47.400/ com cobertura vegetal, conforme
riamente, no período das 8:00 às 02, emitido no ato do pedido de Resolução Conjunta SMA/IBAMA n.º
16:00 horas, exceto para o Poupa Licenciamento. 01 01 de 17/02/1994. Delimitar a área
Tempo de São Bernardo do Campo 3. Cópias simples do RG e CPF, objeto de supressão de vegetação
que deverá seguir as normas do interessado e de seu representan- nativa ou as árvores isoladas
estabelecidas pelo Programa Poupa te, no caso de pessoa física, ou do indicadas para supressão, áreas es-
Tempo; cartão do CNPJ, no caso de pessoa pecialmente protegidas (APP, Reser-
II. atendimento técnico às quin- jurídica. 01 (02)* va Legal, Área Verde e etc), bem
tas feiras, no período das 8:00 às como as áreas objeto de compensa-
4. Matrícula do imóvel atualiza- ção e recuperação. 01
16:00 horas, com atendimentos, pre- da em 180 dias, ou demais documen-
ferencialmente, conjuntos; tos comprobatórios da titularidade. 9. Planta com o projeto a ser im-
III. para casos específicos ou de Caso o requerente não seja proprie- plantado ou a licenciar (Planta de Si-
maior complexidade com prévio tário do imóvel, deverão ser apresen- tuação Pretendida), onde deverão ser
agendamento de horário. tados os documentos citados, bem demarcadas, em escala, as áreas
como outros que comprovem a sua utilizadas (existentes e futuras),
DISPOSIÇÕES FINAIS edificações projetadas ou a regulari-
aquisição, registrado no Cartório de
Artigo 8º - O GTI dará apoio às Títulos de Documentos ou com o re- zar, obras de terraplenagem e inter-
Equipes Técnicas do DUSM e conhecimento de firma das assina- venções previstas, sistema de trata-
DEPRN, para os trabalhos de padro- turas. mento dos efluentes sanitários e/ou
nização dos procedimentos no regis- gerados pela atividade, bem como os
tro de processos, requerimentos e Obs.: No caso de imóvel locado poços ou fontes de abastecimento de
informações. (alugado) apresentar, também, cópia água (mina ou corpo d’ água). Deve-
do contrato de locação ou arrenda- rão ser demarcadas, ainda, as Áreas
Artigo 9º - A CPRN, por meio da mento. 01 (02)*
Assistente Técnica Elza T. M. de Mata de 1ª Categoria (art. 2º,
Takahashi, prestará o apoio e acom- 5. Cópia do Contrato Social, no inciso V, da Lei Estadual n.º 1172/76),
panhamento da implantação dos no- caso de empreendimentos sob a res- que incidem na propriedade, além
vos procedimentos. ponsabilidade de pessoa jurídica. 01 das Áreas de Preservação Perma-
6. Certidão da Prefeitura Muni- nente definidas pelo Código Flores-
Artigo 10 - Esta Portaria entra- tal e Resoluções CONAMA n.º 302/
rá em vigor na data de sua publica- cipal, atualizada em até 180 dias, con-
forme dispõe a Resolução SMA nº 26 02 e 303/02. No caso de propriedade
ção. (Republicada por ter saído rural, apresentar proposta de área
com incorreções) de 23/08/2005, que especifique as
para averbação de Reserva Legal
diretrizes de uso e ocupação do solo
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS - contemplando, no mínimo, 20% da
e informe se a obra ou o empreendi-
DUSM e DEPRN área total do imóvel.
mento estão em conformidade com
Para o licenciamento de empre- o Plano Diretor e/ou demais legisla- Obs.: A planta deverá apresen-
endimentos, atividades e obras loca- ções municipais 01 tar quadro de áreas com os valores
lizadas na Área de Proteção aos Ma- de área ocupada, construída e imper-
7. Planta do Sistema Cartográ-
nanciais e Serra do Itapeti, com su- meabilizada, bem como ser assina-
fico Metropolitano da EMPLASA, es-
pressão de vegetação ou intervenção da pelo proprietário e por técnico ha-
calas 1:10.000 ou 1:2.000, com a de-
em Área de Preservação Permanen- bilitado junto ao CREA.04
limitação, em escala, do perímetro do
te, que exijam a análise integrada 10. Plantas baixas, de cortes e
imóvel, assinada pelo responsável
apenas do Departamento Estadual de fachadas das construções, assinadas
técnico. 01
Proteção de Recursos Naturais - pelo proprietário e pelo responsável
DEPRN e do Departamento de Uso 8. Levantamento planialtimétrico
técnico. 01
do Solo Metropolitano - DUSM cadastral atualizado do imóvel (Plan-
ta de Situação Existente), georefe- 11. Laudo de Caracterização da
ITEM RELAÇÃO DE DOCUMEN- Vegetação objeto do pedido, compa-
TOS VIAS renciado com coordenadas UTM,
curvas de nível de metro em metro, tível com o registro presente no le-
1. Requerimento de Licencia- representação dos corpos d’ água vantamento planialtimétrico, conten-
mento Ambiental Integrado. 02 (03)* (nascentes, córregos, rios, lagos e do as seguintes informações:
2. Comprovantes de Pagamen- represas), vias e caminhos internos, * Para supressão de vegetação
to de Preço de Análise para expedi- confrontantes e edificações existen- nativa - identificação do(s) tipo(s) e
ção de Alvarás e Autorizações, con- tes. Demarcar e quantificar a área estágio(s) de desenvolvimento da
vegetação nativa que recobre(m) a(s) cópia simples). 13.969/97, da Associação Brasileira
área(s) objeto do pedido, conforme 12. Laudo de Caracterização da de Normas Técnicas (ABNT), assi-
Resolução CONAMA n.º 1, de 31/01/ Fauna Silvestre, quando couber, con- nado pelo responsável técnico,
94, Resolução Conjunta IBAMA/SMA forme Portaria DEPRN nº 42 de 23/ quando não houver rede pública de
n.º 1, de 17/02/94 e Resolução n.º 7/ 10/2000. 01 coleta de esgoto. O sistema deverá
96 (para Mata Atlântica), Resolução ser locado no projeto básico de im-
SMA n.º 55, de 13/10/95 (para Cerra- 13. Projeto de terraplenagem, no plantação do empreendimento, bem
do), ou legislação municipal, cuja có- caso de movimento de terra, que como, os pontos onde foram
pia deverá ser anexada; quantifique os volumes de corte e efetuados os testes para obtenção
aterro, indique as áreas de emprésti- da respectiva taxa de infiltração.
* Para supressão de árvores iso- mo e bota-fora, defina o ângulo de
ladas - Identificação das espécies Deverá ainda, ser informada a altu-
inclinação dos taludes resultantes da ra do lençol freático 01
(nome popular e científico) indicadas obra, bem como estabeleça as me-
para supressão e das espécies didas necessárias para drenagem 16. Informar a periodicidade de
arbóreas especialmente protegidas das águas pluviais e cobertura vege- remoção do lodo proveniente da lim-
(espécies imunes de corte, patrimô- tal das áreas expostas, assinado pelo peza da fossa séptica, quando cou-
nio ambiental ou ameaçadas de responsável técnico 01 ber, e de remoção dos resíduos sóli-
extinção); dos.
14. Certidão do órgão responsá-
* Medidas compensatórias para vel pelo serviço de abastecimento de 17. ART - Anotação de Respon-
realização da obra ou empreendi- água e/ou de coleta de esgotos ou sabilidade Técnica emitida pelo(s)
mento; comprovante de pagamento de con- profissional(is) que responde(m) pe-
* Fotografias atuais, com indica- ta de água e esgoto, quando o em- los projetos que compõem o empre-
ção da direção da tomada das fotos preendimento for servido por rede endimento. 01
na planta e/ou indicação da(s) área(s) pública. * a quantidade de vias indicada
objeto do pedido em foto aérea ou 15. Projeto do sistema de trata- entre (parêntesis) é válida para os
imagem de satélite. mento e disposição final dos esgo- empreendimentos e atividades loca-
* Anotação de Responsabilida- tos, contendo plantas e cortes com lizados nas áreas de atuação das
de Técnica (ART) recolhida por pro- as devidas dimensões, e memorial Equipes Unificadas de São Paulo e
fissional legalmente habilitado junto de cálculo que considere a capaci- Cantareira, sujeitas ao regime do
ao conselho de classe profissional dade máxima de ocupantes e a ati- Balcão Único, conforme Artigo 1º,
para elaboração do Laudo de Carac- vidade desenvolvida, de acordo com parágrafo 2º da Resolução SMA 03/
terização da Vegetação (original ou as Normas NBR-7229/93 e NBR- 08.
Resolução do Secretário de Estado do Meio Ambiente - SMA n. 14, de 13.3.2008 (DO-ESP 14.3.2008)
Dispõe sobre os procedimentos blico Federal ou Estadual poderá supressão de vegetação nativa para
para supressão de vegetação nativa prescrever outras normas que aten- o parcelamento do solo ou para qual-
para parcelamento do solo ou qual- dam às peculiaridades locais; quer edificação na área urbana, nes-
quer edificação em área urbana. Considerando a conveniência de te último caso ressalvadas as
O Secretário de Estado do Meio serem definidos os critérios básicos edificações para obras de interesse
Ambiente, Considerando o estabele- e as diretrizes gerais para a emissão público objeto da Resolução SMA 13-
cido no artigo 14 alínea “a” da Lei de autorizações para supressão de 2008, deverá atender ao disposto
Federal nº 4.771, de 15 de setembro vegetação nativa para parcelamento nesta Resolução e demais normas
de 1965, que define que além dos do solo ou qualquer edificação para legais pertinentes, mediante a apre-
preceitos gerais a que está sujeita a fins urbanos, resolve: sentação de estudo técnico específi-
utilização das florestas, o Poder Pú- Artigo 1º - A autorização para co.
Artigo 2° - A autorização para como Áreas Verdes as áreas de pre- ser constituída Área Verde correspon-
supressão de vegetação nativa para servação permanente, obedecendo- dente a, no mínimo, 20 % (vinte por
parcelamento do solo ou qualquer se as disposições da Resolução cento) da área total do imóvel.
edificação na área urbana poderá ser CONAMA 369-2006. Parágrafo único - Inexistindo
fornecida mediante o atendimento § 2° - Existindo dois ou mais es- área recoberta com vegetação nati-
das seguintes condicionantes: tágios de regeneração dentro da pro- va no percentual previsto no caput,
I) somente poderá ser concedi- priedade objeto de análise, será apli- será exigida assinatura de termo de
da autorização para supressão de cado o critério correspondente ao compromisso para recomposição flo-
vegetação quando garantida a pre- estágio de regeneração mais avan- restal da área verde mediante o plan-
servação da vegetação nativa em çado. tio de espécies nativas, admitindo-se
área correspondente a, no mínimo, § 3º - Em se tratando de propri- o plantio de espécies exóticas como
20% da área da propriedade. edade localizada em perímetro urba- pioneiras.
II) respeitado o disposto no no definido após a edição da Lei Fe- Artigo 5º - Na análise técnica
inciso I, a autorização para supres- deral 11428-2006 a supressão de dos pedidos de supressão de vege-
são de vegetação poderá ser conce- vegetação nativa em estágio avança- tação deverá ser avaliada a locali-
dida para até 70% da área do frag- do de regeneração não poderá ser zação da vegetação a ser suprimida
mento de vegetação nativa existente autorizada. verificando se esta se encontra em
na propriedade, no caso de vegeta- § 4º - Nos pedidos de solicita- áreas indicadas para preservação e
ção em estágio inicial de regenera- ção de supressão de vegetação para criação de unidades de conservação
ção, e para até 50% da área do frag- lotes localizados em loteamentos já de proteção integral ou em áreas
mento de vegetação existente na pro- implantados, deverão ser verificadas prioritárias para implantação de áreas
priedade, no caso de vegetação nati- as Áreas Verdes existentes no verdes urbanas, reservas legais ou
va em estágio médio de regeneração. loteamento, que se cobertas por ve- de reservas particulares do patri-
III) respeitado o disposto no getação nativa poderão ser conside- mônio natural e para restauração de
inciso I, em se tratando de proprie- radas para fim de atendimento ao corredores ecológicos interligando
dade localizada em perímetro urba- percentual de vegetação a ser pre- fragmentos de vegetação nativa,
no definido antes da edição da Lei servada, levando-se em conta, nes- conforme o “Projeto Diretrizes para
Federal 11.428-2006, a supressão de tes casos, a área total do fragmento Conservação e Restauração da
vegetação em estágio avançado de de vegetação existente dentro do Biodiversidade no Estado de São
regeneração poderá ser concedida loteamento, bem como a área total Paulo”, coordenado pelo Programa
para até 30% da área ocupada pelo do mesmo. Biota-FAPESP.
fragmento de vegetação nativa exis- Artigo 3º - A autorização para Parágrafo único - No caso de
tente na propriedade. supressão de vegetação nativa para pedidos de supressão de vegetação
IV) a vegetação remanescente o parcelamento do solo ou para qual- nas áreas indicadas no caput pode-
na propriedade deverá ser averbada quer edificação na área urbana, so- rão ser exigidas medidas compensa-
à margem da matrícula do imóvel no mente será concedida quando em tórias suplementares em função da
Cartório de Registro de Imóveis com- conformidade com o Plano Diretor ou importância ecológica do fragmento.
petente como Área Verde, sendo dis- mediante autorização do Município. Artigo 6° - Esta Resolução en-
pensada a averbação no caso de lo- Artigo 4° - Nos processos de tra em vigor na data de sua publica-
tes com área inferior a 1.000 m2. licenciamento em propriedades des- ção, revogadas as disposições ante-
§ 1° - Poderão ser averbadas providas de vegetação nativa deverá riores.
Federal nº 6.938, de 31 de agosto de I. A vegetação comprovada- não seja alvo de obrigações judiciais
1981, e nos artigos 2º, 4º e 7º da Lei mente não abrigue espécies da fauna ou administrativas determinando sua
Estadual nº 9.509, de 20 de março e flora silvestres ameaçadas de recuperação, não apresentem passi-
de 1997, e Considerando os resulta- extinção, assim declaradas pela vos ambientais e mediante anuência
dos obtidos pela equipe de pesqui- União ou pelos Estados, e a interven- do Poder Público.
sadores do Projeto Biota FAPESP e ção solicitada não ponha em risco a III. Áreas particulares, desde que
as informações presentes no mapa sobrevivência destas espécies; não seja alvo de obrigações judiciais
de “Áreas prioritárias para incremen- II. Inexista alternativa técnica e ou administrativas determinando sua
to da conectividade” e “Áreas locacional à obra ou empreendimen- recuperação, não apresentem passi-
prioritárias para criação de Unidades to proposto. vos ambientais e mediante anuência
de Conservação” resultantes do Pro- do proprietário, comprovada a
jeto Biota FAPESP; Art. 4º - A concessão de autori-
zação para supressão de vegetação, dominialidade da área.
Considerando a situação atual considerando as escalas de classifi- Art. 6º - Nos municípios com
da cobertura vegetal no Estado, a cação presentes no mapa “Áreas baixo índice de cobertura vegetal na-
importância da manutenção e recu- prioritárias para incremento da tiva (menor que 5% de seu territó-
peração da conectividade efetiva en- conectividade”, deverá atender os rio) conforme “Inventário Florestal da
tre os fragmentos existentes e levan- seguintes critérios: Vegetação Natural do Estado de São
do em conta a vocação das diferen- Paulo”, elaborado pelo Instituto Flo-
I. Dentro da escala de 6 a 8 de-
tes Unidades de Gerenciamento de restal da Secretaria do Meio Ambi-
verá ser compensada área equivalen-
Recursos Hídricos (UGRHI), resolve: ente, ou outro que venha substituí-
te a 6 (seis) vezes a área autorizada.
Art. 1º - A análise dos pedidos lo, a concessão de autorização para
II. Dentro da escala de 3 a 5 de-
de supressão de vegetação nativa no supressão de vegetação nativa, em
verá ser compensada área equivalen-
Estado de São Paulo, nos imóveis áreas não enquadradas nas situa-
te a 2 (duas) vezes a área autoriza-
rurais, deverá considerar as catego- ções previstas nos incisos I e II do
da.
rias de importância para a manuten- artigo 4º, estará condicionada a com-
ção e restauração da conectividade III. Dentro da escala de 1 a 2 pensação de área equivalente a 1
biológica definidos no mapa denomi- deverá ser seguida a legislação flo- (uma) vez a área autorizada, dentro
nado “Áreas Prioritárias para Incre- restal em vigor. do mesmo município.
mento para Conectividade” do Proje- Art. 5º - A compensação de que Art. 7º - Os pedidos para supres-
to BIOTA FAPESP. trata o artigo 4º deverá ser implanta- são de vegetação nativa em proprie-
Parágrafo único - O mapa refe- da, apenas, mediante recuperação de dades inseridas integral ou parcial-
rido no caput está disponível no por- áreas degradadas. mente em áreas indicadas para cria-
tal da Secretaria de Meio Ambiente Parágrafo 1° - A compensação ção de Unidades de Conservação
no endereço www.ambiente.sp.gov. deverá ser efetuada preferencialmen- pelo Projeto Biota FAPESP deverão
br-21projetos-default.asp#4. te dentro das áreas prioritárias para ser alvo de manifestação do órgão
Art. 2º - Para a solicitação de su- competente do SIEFLOR.
manutenção e implantação da
pressão de vegetação nativa dentro conectividade com classificação de 5 Art. 8º - O disposto nesta reso-
dos limites das áreas demarcadas a 8, priorizando-se as áreas de pre- lução não se aplica para supressão
como prioritárias para incremento da servação permanente definidas pela de vegetação nativa em estágio pio-
conectividade, no mapa do Projeto Lei Federal 4771-65 e de interligação neiro ou árvores isoladas, e para as
BIOTA FAPESP, deverá ser apresen- de fragmentos florestais remanes- obras de interesse público na forma
tado pelo solicitante estudo de fauna centes na paisagem regional. definida pela Resolução SMA 13-
e flora, independente do estágio de 2008
Parágrafo 2° - Poderão ser utili-
regeneração em que se encontrar a Art. 9º - O disposto nesta reso-
zadas como áreas para compensa-
vegetação a ser suprimida. lução será aplicado, sem prejuízo e
ção:
Art. 3º - Respeitadas as limita- complementarmente a outras dispo-
ções legais, a supressão de vegeta- I. Áreas constantes do Banco de sições e compensações definidas na
ção nativa ou sua exploração nestas Áreas para Recuperação Florestal da legislação em vigor.
áreas é passível de autorização des- Secretaria do Meio Ambiente. Art. 10 - Esta resolução entra em
de que: II. Áreas públicas, desde que vigor na data de sua publicação.
O artigo 275, inciso II, letra “b”, conciliação, como prevê o artigo 277 cesso e os meios que garantam a
do Código de Processo Civil, prevê do Código de Processo Civil, que em celeridade de sua tramitação”.
que se observará o procedimento “su- geral é marcada para dali a mais no- De outro lado, não constitui cau-
mário”, nas causas, qualquer que venta dias. Assim, já se passou meio sa de nulidade do processo, preferir o
seja o valor, de cobrança ao ano, no mínimo, só para a audiência juiz ou o condomínio, o procedimento
condômino, de quaisquer quantias de conciliação. “ordinário” ao atual “sumário”, pois não
devidas ao condomínio. Ou seja, o procedimento “sumá- causa qualquer prejuízo ao réu, con-
O procedimento denominado rio” não atende mais a necessidade forme entendimento jurisprudencial.
“sumário” foi criado para que deter- dos condomínios, de cobrar rapida- A concluir-se que está deixando
minados tipos de ações tivessem o mente as taxas em atraso. Não há de ter aplicação, na prática, o proce-
seu andamento mais rápido. Tanto é mais vantagem alguma. Tanto é que dimento “sumário”.
que o artigo 277 prevê que o juiz deve os próprios juizes, em número consi-
designar a audiência de conciliação, derável, têm transformado o proce- Apesar das várias alterações
a ser realizada no prazo de trinta dias. dimento, de “sumário” para “ordiná- que tem sofrido o Código de Proces-
rio”, determinando a citação do Réu so Civil, para acelerar e simplificar o
Em virtude do acúmulo de pro- andamento das ações, os condomí-
cessos e o número insuficiente de para contestar a ação, independen-
temente de audiência, a fim de não nios ainda necessitam de outras que
juízes e auxiliares, em hipótese algu- lhes favoreçam, com relação à co-
ma o juiz consegue designar audiên- ser retardada a cobrança e para que
não se perca tanto tempo com audi- brança dos inadimplentes.
cia de conciliação no prazo de trinta Frise-se que o não pagamento
dias. Normalmente, as audiências ências não realizadas por falta de ci-
tação. de taxas condominiais e a demora
são designadas num prazo médio de processual na sua cobrança, como
noventa dias. O procedimento “sumário” teve é sabido, causam problemas sociais
Além disso, há muitos casos em por objetivo dar maior celeridade ao que não podem ser ignorados, em
que o condômino faleceu, ou está em processo, mas na prática isso não razão do aumento do valor das ta-
local ignorado, ou o apartamento está está ocorrendo, implicando em vári- xas condominiais, pois os demais
vago ou alugado a pessoas que não as redesignações de audiências. condôminos têm que cobrir a
dão o endereço do locador. Nessas A transformação de procedimen- inadimplência, durante todo o perío-
hipóteses, as audiências designadas to de “sumário” para “ordinário”, aten- do de uma demorada ação judicial.
para dali a três meses, não se reali- de o previsto na Constituição Fede- (*) O autor é advogado, forma-
zam, por falta de citação do devedor. ral, artigo 5º, LXXVIII (incluído pela do pela Faculdade de Direito da Uni-
O condomínio então pede a expedi- Emenda Constitucional nº 45, de versidade Mackenzie e sócio da Ad-
ção de ofícios para localização do 2004), que diz que “a todos, no âm- vocacia Daphnis Citti de Lauro e da
Réu e, depois de localizado, requer a bito judicial e administrativo, são as- Citti Assessoria Imobiliária (e-mail:
designação de nova audiência de segurados a razoável duração do pro- [email protected]).
rio em Araçatuba (SP), Marcelo certidão acautelatória - como o pró- averbação ou averbações efetivadas
Augusto Santana de Melo, assim se prio nome diz - como ato que levado no prazo de dez dias (artigo 615-A,
pronunciou: ao registro competente acautela o §1º).
Entendemos que a averbação terceiro de boa-fé que o imóvel po- Essa comunicação também po-
premonitória é o instrumento proces- derá ser objeto de restrição judicial. derá efetivar-se por meio eletrônico,
sual-registrário adequado para outor- Ao mesmo tempo em que proporcio- desde que o autor da execução te-
gar maior segurança ao mercado na ao exeqüente a possibilidade de nha providenciado o cadastro de sua
imobiliário que há anos vem sofren- se resguardar da dilapidação do assinatura digital – artigo 1° da Lei
do com a fraude de execução, tam- patrimônio do devedor. 11.419/06 - devendo ser observado
bém configurada, sem dúvidas, a A segurança jurídica almejada que, no caso de atos eletrônicos, se-
consagração do princípio da concen- pela Certidão Acautelatória, portan- rão considerados tempestivos os efe-
tração no Registro de Imóveis.3 to, está presente quando da tivados até às 24h do último dia. O
Acompanha esse entendimento efetuação da reserva de bens no re- descumprimento gera direito à repa-
o procurador de justiça, secretário- gistro de imóveis, mediante apresen- ração. Outra das possíveis penas
geral do Instituto Brasileiro de Direito tação de certidão comprobatória do pela não realização da comunicação
Processual (IBDP) e doutor em Direi- ajuizamento da execução, com iden- ao juízo competente é não agasalhar
to Processual pela USP, Petrônio tificação das partes e valor da causa. o ato sob o manto da fraude à execu-
Calmon Filho que, resumidamente, De forma que como já salientou Sér- ção, na medida em que a execução
consagra o princípio da concentra- gio Jacomino: “aquele que não cui- deve ser norteada pelo princípio da
ção: dou de registrar não pode pretender menor onerosidade para o devedor.
opor o direito contra aquele que foi Entretanto, tal argumento não se
Não precisamos ficar presos às
diligente e o fez.”5 harmoniza com os princípios
questões que a lei estabelece de
maneira estrita. Qualquer motivo que Além disso, a segurança jurídi- registrais, pois com a publicização na
se considere relevante tem de ser ca encontra respaldo na tempora- matrícula do imóvel, a circulação do
averbado, até porque compete aos lidade de tal ato. Afinal, a ausência bem encontra-se comprometida e
eventuais destinatários, que somos de prévia citação, postula uma medi- não há como alegar desconhecimen-
todos nós da sociedade, ter a orien- da de duração limitada e reversível. to do adquirente após a averbação.
tação devida para saber se aquilo que De tal sorte que a averbação de tal Logo, é possível ver a inserção
está sendo averbado pode ou não ter ato perdurará até a formalização da do artigo 615-A, que assegura a pro-
relevância. O Registrador deveria penhora sobre bens suficientes para teção aos terceiros de boa-fé, a
buscar essa não-limitação, exata- cobrir o valor da dívida, sendo can- otimização e alargamento do princí-
mente tirando a pecha de que as celadas as averbações destas certi- pio da publicidade, agasalhado pela
averbações resultariam em algum dões nos bens que não tenham sido Lei dos Registros Públicos, deixan-
prejuízo. Qualquer pessoa pode com- objeto de penhora. do de exigir, para tanto, o aperfeiço-
prar qualquer bem, ainda que cons- amento da penhora. Averbada a Cer-
Quanto aos objetos da Certidão
tem mil averbações. O importante é tidão Premonitória ou Acautelatória,
Acautelatória, esta poderá abranger
o comprador saber o que elas signifi- os bens afetados pela medida não
tanto os bens imóveis como os bens
cam.4 poderão ser, a princípio, livremente
móveis: veículos, ações, quotas so-
alienados pelo devedor. A eventual
Note-se, então, que essas ma- ciais etc. Sendo que a natureza do
negociação valerá apenas inter par-
nifestações corroboram com o prin- bem determinará o órgão competen-
tes, não podendo ser oposta à exe-
cípio da concentração idealizado pelo te para sua prática.
cução, pois resta configurado fraude
Desembargador Décio Antônio Erpen Nestes casos, é dispensado o à execução nos termos do artigo 593
e por mim, na defesa do adquirente mandado judicial. Procedida a medi- e §3º do artigo 615-A, do CPC. Isto
de boa-fé. da, contudo, cabe ao exeqüente co- é, o credor poderá buscar o bem na
Neste passo, podemos definir a municar ao juízo da execução a esfera patrimonial de terceiro.
Ressalta-se, contudo, salvo me- penhora, tratando-se de imóveis, por- vido à violação do artigo 14, IV, se-
lhor juízo, que a averbação acaute- que a finalidade da medida do artigo gunda parte, pelo exeqüente, sendo
latória ou premonitória não caracteri- 615-A é similar. Reiterando que o considerado litigância de má-fé, nos
za, por si só, a fraude à execução. exeqüente já se encontra protegido, termos do artigo 18, do CPC.
Digamos que são feitas cinco convenientemente, contra eventuais Neste contexto, é interessante
averbações em cinco bens do deve- fraudes. observar que a ação de reparação
dor, para garantia do credor. Porém, Contudo, tal interpretação não processar-se-á em autos apartados,
o devedor pode ter muitos outros imó- pode prevalecer, em face de que a sendo admitida a compensação, nos
veis. Desta forma, a alienação de notícia de uma ação executória é bem termos do artigo 739-B, do CPC.
bem em que conste a averbação diferente da constituição da penho- Obviamente, essa sanção não se
pode ensejar fraude à execução tão- ra. Advertir os terceiros de boa-fé da aplica em todo e qualquer caso que
somente quando o devedor não tiver existência de litígio, cujos efeitos po- o(s) objeto(s) da averbação exceder
patrimônio para respaldar seu débi- derão respingar sobre aquele bem, o valor da execução.
to. distingue do ato de publicizar que Humberto Theodoro Junior cita
Dessa forma, se a execução fi- aquele bem é objeto de penhora por como exemplo de prática abusiva
car desguarnecida de bens, a fraude ordem judicial, sendo, salvo paga- dessa medida, a hipótese de já exis-
é legalmente presumida, não se de- mento ou sucesso do devedor na tindo bem sobre o qual o credor exer-
vendo perquirir a boa-fé ou má-fé do demanda, objeto de adjudicação (ar- ce direito de retenção ou garantia
adquirente, graças ao sistema de tigo 685-A, do CPC), de alienação por real, este ainda procede averbação
publicidade da averbação, nos Regis- iniciativa particular (artigo 685-CPC) premonitória sobre outros bens do
tros Públicos, do ajuizamento da exe- ou alienação em hasta pública, se o executado, salvo se a garantia dis-
cução. exeqüente não optar pelas formas ponível seja manifestamente insufi-
Segundo Humberto Theodoro anteriores (artigos 686 e seguintes, ciente para cobrir todo o crédito
Junior, essa presunção não é abso- do CPC). aforado.
luta, não se equiparando a penhora Ademais, o artigo 646 do CPC Nessa linha de pensamento, o
aperfeiçoada, ainda mais se o exe- define como objeto da execução por Desembargador Décio Antônio
cutado continue a dispor de bens para quantia certa a expropriação de bens Erpen, com a argúcia que lhe é pe-
satisfazer o crédito pleiteado. do devedor, a fim de satisfazer o di- culiar, já levantou uma questão no
De outro lado, o Desembargador reito do credor. Como foi dito, a mínimo preocupante: Como reparar
Araken de Assis - lembrando que a averbação cautelar não abrange a esse abuso quando o credor está sob
polêmica reside no fato da averbação constrição judicial. Soma-se a isso, o manto da assistência judiciária gra-
acautelatória não se enquadrar no que a adjudicação, alienação particu- tuita?
artigo 240 da LRP, pois prescinde dos lar e a alienação em hasta pública
Sob esse enfoque, salienta o
trâmites ulteriores da demanda - afir- devem ser antecedidas da penhora,
eminente doutrinador que se poderia
ma que se trata de presunção juris et conforme o Direito Pátrio. dizer que o dano seria irreparável, o
juris , em face da publicidade Observe que no caso da certi- que não atende à intenção do legis-
fornecida pela averbação no álbum dão acautelatória, ao credor cabe o lador que busca instaurar essa me-
imobiliário. O intuito da medida, sali- direito de escolher onde será feita a dida para dar concretude ao princí-
enta o autor, é antecipar a eficácia averbação. De tal forma que para pio da efetividade do processo.
perante terceiros que decorreria da coibir abuso na utilização dessa prer- Realizada a penhora em
averbação da penhora. rogativa, o legislador preconizou no quantos bens bastarem para solver
Sustenta ainda, o eminente ju- artigo 615-A, §4º, o qual determina a dívida, o Juiz determinará o can-
rista, conseqüentemente, a desne- que o uso dissociado da finalidade da celamento do excesso, de ofício ou
cessidade de converter a averbação criação do instituto enseja à parte pre- a requerimento da parte, a qual, in-
do ajuizamento em averbação da judicada o direito à indenização, de- clusive, poderá ser realizada por meio
eletrônico. Veja que aqui, nos termos do trônico IRIB, n° 2870. Ano VII. São
Por derradeiro, cabe ainda dei- artigo 659, § 6º do CPC, o mandado Paulo, 13 de março de 2007.
xar consignado que a Lei 11.382/06 de penhora também poderá ser efe- Acessado em 13 de março de 2007.
também facilitou o ingresso da penho- tivado por transmissão eletrônica, fato 4. JACOMINO, Sérgio. Averba-
ra no Registro de Imóveis, ao deter- que impreterivelmente acabará acon- ção Premonitória: segurança do trá-
minar que essa, agora, será averbada tecendo. fico jurídico imobiliário. Boletim Ele-
(CPC, art.659, §4º), e não mais re- Com efeito, observa-se que en- trônico IRIB, n° 2791, Ano VII. São
gistrada. O procedimento registral da tre os diversos problemas que sur- Paulo, 11 de janeiro de 2007.
penhora - que anteriormente era efe- gem para os operadores do Direito 5. SILVA, Jaqueline Mielke;
tivado no álbum imobiliário por regis- com o advento das Leis 11.419/06 e XAVIER, José Tadeu Neves,
tro - ocasionava dificuldade em pro- 11.382/06, está a reformulação dos SALDANHA; Jânia Maria Lopes. A
ceder ao ato, em virtude do princípio tradicionais conceitos processuais. Nova Execução de Títulos Executi-
da qualificação; modificando-se o ato Afinal, tais diplomas legais mitigaram vos Extrajudiciais. 1° ed. Porto Ale-
registral para averbação, a qualifica- o formalismo exarcebado, principal- gre: Verbo Jurídico, 2007.
ção do título deixa de ser tão rigoro- mente, neste campo jurídico e privi-
6. THEODORO JÚNIOR,
sa, bastando que o título contenha o legiaram as partes, aumentando sua
Humberto. A reforma da execução do
nome e qualificação do credor/ participação e responsabilidade no
título extrajudicial: Lei n° 11.382, de
exeqüente; do devedor/executado; o destino da execução judicial. Renun-
6 de dezembro de 2006. Rio de Ja-
valor da dívida ou da avaliação do cia-se à rigidez da forma, para inserir
neiro: Forense, 2007.
imóvel; nome do depositário; descri- o uso do meio eletrônico na trami-
ção do imóvel ou certidão da matrí- tação de processos judiciais, comu- NOTAS
cula; para ser trazida ao álbum imo- nicação de atos e transmissão de 1 ESPECIALISTA EM DIREITO
biliário. peças processuais. É o Direito ade- IMOBILIÁRIO REGISTRAL , REGIS-
Não obstante isso, estando o quando-se aos tempos virtuais. TRADOR E TABELIÃO DE PROTES-
imóvel em nome de terceiro que não Por outro lado, e aqui cabe fa- TO EM SAPUCAIA DO SUL
o executado, a ordem de averbação zer uma ressalva, o Direito não pode 2 JACOMINO, Sérgio.
deverá ser devolvida, com nota de sucumbir à efemeridade do mundo Averbação Premonitória: segurança
impugnação. Outrossim, poderá ser digital, sob pena de eliminar a segu- do tráfico jurídico imobiliário. Boletim
procedida a averbação, no caso de rança jurídica. A adoção das facilida- Eletrônico IRIB, n° 2791, Ano VII. São
reconhecimento de fraude à execu- des eletrônicas é benéfica, enquanto Paulo, 11 de janeiro de 2007.
ção. os dados encontram-se devidamen- 3 MELO, Marcelo Augusto
te protegidos, sendo assegurado às Santana de. Averbação Premo-
No Rio Grande do Sul, se o títu-
partes à inviolabilidade das informa- nitória introduzida pela Lei 11.382/
lo não preencher os requisitos legal-
ções que ali constam (adulteração, 2006. Boletim Eletrônico IRIB, n°
formais, deverá o registrador noticiar
falsificação de documento etc.). 2865, Ano VII. São Paulo, 9 de mar-
a existência da penhora através de
Referências Bibliográficas ço de 2007.
averbação na matrícula e/ou à mar-
gem da transcrição (art. 396 da Con- 1. ASSIS, Araken de. Manual da 4 CALMON FILHO, Petrônio.
solidação Normativa Notarial e Execução. 11ª ed. São Paulo, Revis- Progresso e registro: novas tendên-
ta dos Tribunais , 2007. cias. Boletim Eletrônico IRIB, n° 3007,
Registral).
Ano VII. São Paulo, 21 de junho de
As penhoras oriundas de execu- 2. CALMON FILHO, Petrônio.
2007.
ção fiscal serão averbadas mediante Progresso e registro: novas tendên-
5 JACOMINO, Sérgio. Boletim
a simples entrega, pelo oficial de jus- cias. Boletim Eletrônico IRIB, n° 3007,
Eletrônico IRIB, n° 3007, Ano VII. São
tiça, da cópia autenticada da inicial, Ano VII. São Paulo, 21 de junho de
Paulo, 21 de junho de 2007.
do despacho judicial e do auto de 2007. (*) O autor é Registrador e Ta-
penhora, nos termos da Lei de Exe- 3. ERPEN, Décio Antônio. A for- belião de Protesto em Sapucaia do
cuções Fiscais. ma além do conteúdo. Boletim ele- Sul, RS
gital é única para aquele documen- gem cifrada há duas figuras: cessário conhecer a correspondente
to. – o emissor e CHAVE PRIVADA.
Em segundo lugar, a assinatura – o receptor. Assim, cada interlocutor deve
digital fica invalidada se houver qual- possuir o seu par de chaves – uma
Notem, ainda, que há um pon-
quer alteração posterior, mesmo de chave pública para cifrar e outra pri-
to fraco nas comunicações cifradas
uma vírgula. vada para decifrar.
(por exemplo, para fins militares ou
O documento eletrônico assina- de espionagem). Divulgada amplamente a chave
do digitalmente por TIAGO poderá pública, qualquer pessoa poderá CI-
Esse ponto fraco é a necessida-
ser entregue a CARLOS, que o guar- FRAR mensagens destinadas a um
de de informar a chave de
dará como quiser, em seu computa- determinado receptor.
codificação ao receptor, para que
dor, ou em CDs, ou outra mídia de Mas, somente este receptor po-
ele possa decifrá-la.
armazenamento. derá DECIFRÁ-LAS, já que somen-
Se o envio dessa chave não for
CARLOS poderá apresentar o te ele conhece a chave privada.
feito com segurança, ela pode cair
documento eletrônico a um terceiro, Notem que este sistema não
em mãos de terceiros, permitindo a
FERNANDO, que poderá acreditar: produz assinaturas digitais.
estes decifrar a mensagem supos-
– que o documento provém de tamente sigilosa. Ele serve, apenas, para a sua fi-
TIAGO, nalidade original, qual seja:
Seria, então, altamente vantajo-
– bem como que não foi adul- so se existisse um mecanismo que O estabelecimento de comuni-
terado posteriormente. permitisse enviar mensagens cifra- cações sigilosas, SEM COMPARTI-
Assim, um documento eletrôni- das sem que o emissor e o receptor LHAMENTO DE CHAVES DE CODI-
co, com sua correspondente assina- tivessem que compartilhar a mes- FICAÇÃO.
tura digital, pode substituir o papel ma chave de codificação/decodifi- Entretanto, já em 1977 foi inven-
como meio de prova, assumindo a cação. tado um sistema de criptografia
função de prova documental. Em outras palavras: a existên- assimétrica (ou seja, com duas cha-
A assinatura digital não se as- cia de uma chave única para cifrar ves) QUE FUNCIONA NO CAMI-
semelha em nada a uma assinatura e decifrar é arriscada. NHO INVERSO.
manuscrita. São necessárias duas chaves Isto é, CIFRA com a chave pri-
No caso do papel, cada assina- vada e DECIFRA com a pública.
Para evitar o inconveniente de
tura manuscrita é única, porque as uma chave única, criou-se, um siste- NASCEU O CONCEITO DE ASSI-
moléculas da tinta se misturam às ma pelo qual se utilizaria: NATURA DIGITAL.
moléculas do papel. A assinatura digital nada mais é
– uma chave para CIFRAR
Não é possível reaproveitar que o emprego deste “caminho inver-
– e outra chave para DECIFRAR
aquela tinta e o seu exclusivo dese- so”, em que o documento eletrônico
nho, em outro documento. Este método de cifrar e decifrar é cifrado com a chave privada.
mensagens por meio de chaves di-
Já no caso dos bits, eles não Somente quem possua a chave
ferentes foi denominado CRIPTO- privada pode cifrar. Por exemplo, ci-
são únicos. Pelo contrário, são facil-
GRAFIA ASSIMÉTRICA ou CRIP- frar a sua assinatura, por meio de
mente reproduzíveis.
TOGRAFIA DE CHAVE PÚBLICA. uma chave exclusiva.
Em vista disso, a assinatura di-
Como funciona esse sistema Mas qualquer um que conhe-
gital precisou ser concebida como
uma operação de criptografia, que Há uma CHAVE PÚBLICA, no ça a chave pública poderá decifrá-
é a arte de escrever em cifra ou em sentido de que qualquer pessoa pode lo, isto é, conferir aquela assinatura.
código. CIFRAR uma mensagem com ela A atuação da OAB
Observem que, em uma mensa- Mas, para DECIFRÁ-LA, é ne- Em 14 de outubro de 2002, a Or-
dem dos Advogados do Brasil, por qualidade deste titular, de inscrito empresas que, no momento, estão
seu Conselho Federal, pôs em funci- como advogado em seus quadros. aptas a fornecer certificação digital.
onamento oficial a ICP (Infra-Estru- Assim, todo aquele que receber E-MAIL Seguro Pessoal
tura de Chaves Públicas) com a fina- pela internet uma mensagem assina- A segurança que você precisa
lidade de emitir certificados eletrôni- da por certificados emitidos pela ICP- em seu dia-a-dia.
cos a todos os advogados do país. OAB poderá reconhecer que o reme-
Hoje você já pode utilizar em sua
O sistema já se encontra ope- tente é advogado regularmente ins-
comunicação pessoal um produto
rando na Seccional de São Paulo, que crito, sem nunca tê-lo visto.
que lhe oferece a proteção necessá-
inicialmente desenvolveu e testou o Basta que seja instalado, no ria ao seu dia-a-dia devido aos avan-
modelo, podendo ser visto em <http:/ computador do destinatário, o certifi- ços da tecnologia de certificação di-
/cert.oabsp.org.br>, onde advogados cado do Conselho Federal da Ordem gital.
paulistas já podem gratuitamente re- dos Advogados do Brasil, para que
quisitar o seu certificado. Com o e-Mail XXXXXX suas
todos os certificados dos advogados
mensagens eletrônicas podem ser
Outras Seccionais em breve brasileiros sejam automaticamente
enviadas com sua assinatura digital,
também oferecerão o serviço. validados.
além de permitir o envio e a leitura
De acordo com a estrutura da Como se verá no final deste ar- de conteúdos sigilosos.
ICP-OAB, são emitidos certificados tigo, os atos praticados pelo advoga-
O que o e-Mail XXXXXX pode
eletrônicos aos advogados pela do no exercício da profissão poderão
fazer
Seccional em que estão inscritos, se apresentar em formato eletrônico,
sendo cada uma das Seccionais, por enviados remotamente pela internet. – Assinar mensagens eletrôni-
seu turno, certificada pela Ordem dos cas comprovando sua autoria
A informatização do processo ju-
Advogados do Brasil. dicial tende a paulatinamente elimi- – Proteger o sigilo de suas men-
Os certificados eletrônicos dos nar o uso do papel, algo que somen- sagens, e arquivos anexados, com
advogados são hábeis a provar a te poderá ser realizado de forma se- criptografia forte.
identidade de inscrito nos quadros da gura com o uso das assinaturas digi- Um certificado digital é um ar-
Ordem dos Advogados do Brasil, para tais. quivo no computador que identifica
fins exclusivamente profissionais. NOTA IMPORTANTE: você. Alguns aplicativos de software
Estes certificados são uma es- utilizam esse arquivo para compro-
O texto que se segue é um in-
pécie de versão eletrônica da Cartei- var sua identidade para outra pessoa
forme publicitário.
ra de Identidade de Advogado, con- ou outro computador.
Por uma questão de ética, não
ferida pela entidade, nos termos da Soluções de E-mail XXXXXX
fornecemos o nome da empresa
lei. Corporativo
anunciante em particular, uma das
Assim, em 2002 foi aprovado o várias fornecedoras de certificados Proteja informações confidenci-
Provimento nº 97, que: “Institui a digitais. ais de sua empresa utilizando em sua
Infra-Estrutura de Chaves Públicas rede mensagens codificadas e
Também procuramos omitir o
da Ordem dos Advogados do Brasil certificações digitais. A XXXXXX ofe-
nome do seu produto.
e dá outras providências”, criando-se rece as melhores soluções para se-
um novo meio de identificação pro- Sugerimos a pesquisa nos vários gurança de seu ambiente corporativo.
fissional em formato eletrônico. mecanismos de busca, na Internet,
Atenção
sob o verbete “certificados digitais”.
Os certificados emitidos pela Or- O e-Mail XXXXXX é compatível
dem dos Advogados do Brasil, além Os leitores encontrarão grande
com o Outlook Express e recomen-
da declaração da identidade de seu número de informações técnicas para
dado para troca de informações pes-
titular, indicam um atributo que so- completar o que foi aqui exposto. soais, para transações comerciais
mente esta entidade pode conferir: a Demais disso, saberão quais as eletrônicas.
A inscrição deve ser feita pela Excel e arquivos de imagem, entre tras providências.
máquina que receberá o certificado outros; Art. 10. A distribuição da petição
digital. – Verificação de documentos as- inicial e a juntada da contestação, dos
Assinador de Documentos sinados digitalmente; recursos e das petições em geral, to-
XXXXXX – Proteção (criptografia) de do- dos em formato digital, nos autos de
A maneira rápida e prática de as- cumentos; processo eletrônico, podem ser fei-
sinar documentos eletrônicos. tas diretamente pelos advogados pú-
– Eliminação de papel.
blicos e privados, sem necessidade
Com o advento das assinaturas Praticidade para contadores da intervenção do cartório ou secre-
eletrônicas, imprimir documentos
Com a resolução CFC n.º 1020/ taria judicial, situação em que a autu-
passou a ser mera formalidade, um
05, que trata das formalidades da es- ação deverá se dar de forma auto-
hábito do passado.
crituração contábil de forma eletrôni- mática, fornecendo-se recibo eletrô-
Descubra como a assinatura ca, os documentos em papel podem nico de protocolo.
eletrônica com certificado digital dá ser digitalizados e armazenados em Veja-se que a petição inicial, a
ao documento o mesmo valor jurídi- meio eletrônico ou magnético, ou ain- contestação, os recursos e as peti-
co atribuído a documentos assinados da criados de forma inteiramente di- ções em geral já podem ser
de próprio punho. gital. protocoladas sem a necessidade de
Daí a necessidade de reconhe- Utilize o Assinador de Documen- comparecimento pessoal do advoga-
cer sua autenticidade e encontrar tos XXXXXX para garantir a autenti- do e/ou de seus estagiários.
uma forma de assiná-los, transmiti- cidade de arquivos contendo Balan- Os documentos eletrônicos são
los e armazená-los também eletroni- ço Patrimonial, Livro Diário, Livro Ra- considerados originais
camente. zão, além dos demais livros exigidos
Art. 11. Os documentos produ-
O Assinador de Documentos por lei.
zidos eletronicamente e juntados aos
XXXXXX é uma ferramenta desen- Importante: o usuário que rece-
processos eletrônicos com garantia
volvida para permitir que os usuários ber um documento assinado digital-
da origem e de seu signatário, na for-
possam assinar e verificar digitalmen- mente precisa ter o Assinador de Do-
ma estabelecida nesta Lei, serão con-
te seus documentos eletrônicos, em cumentos XXXXXX ou qualquer ou-
siderados originais para todos os efei-
seu próprio computador. tro programa verificador de assinatu-
tos legais.
Além de possuir integração com ras digitais.
o repositório de certificados do A procuração ad judicia pode ser
Já existe lei sobre a utilização da
Windows, o Assinador de Documen- assinada digitalmente
informática no processo civil
tos XXXXXX possui também um Lei nº 11.419, de 19 de dezem- A lei 11.419/06 acrescentou o se-
repositório próprio, oferecendo aos bro de 2006 (consultar o Portal da guinte parágrafo ao art. 38 do CPC:
usuários Windows ou Linux uma ma- Legislação do Diário das Leis Imobi- Parágrafo único do art. 38 do Có-
neira simples e produtiva para liário) digo de Processo Civil. A procura-
gerenciar seus certificados digitais. Dispõe sobre a informatização ção pode ser assinada digitalmente
Principais características: do processo judicial; altera a Lei nº com base em certificado emitido por
Assinatura digital de arquivos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Autoridade Certificadora creden-
salvos em formato Word, PowerPoint, Código de Processo Civil; e dá ou- ciada, na forma da lei específica.”
(*) O autor é Advogado, Professor de Direito Imobiliário. Autor dos livros: Direito Imobiliário, Uma Abordagem
Didática, edição particular; Títulos de Crédito, Editora Plêiade; Contratos Mercantis, Editora Graph Press; Despesas
Ordinárias e Extraordinárias de Condomínio, Editora Juarez de Oliveira. Autor do curso a distância, por correspondên-
cia, sobre locação de imóveis, da empresa Diário das Leis. E-mail: [email protected]
mento. São aplicáveis as Súmulas 211/STJ, 282/STF e laudo avaliatório. Nesse sentido, confiram-se os seguin-
356/STF. tes precedentes:
2. (...) “Agravo regimental. Execução fiscal. Nulidade de
3. Recurso especial não conhecido” (REsp 626.527/ arrematação. Impugnação da avaliação. Desnecessidade.
CE, DJU de 12.12.06). Arrematação de bem por preço vil. Nulidade. Preceden-
tes. Desnecessidade de análise de matéria fático-
Portanto não enseja interposição de recurso especi- probatória. Precedentes.
al matéria que não foi ventilada no acórdão atacado e que
tampouco foi objeto de análise em sede de embargos Caracteriza-se o preço vil quando o preço de
declaratórios. arrematação do bem é inferior ao da metade do valor da
avaliação. Desnecessidade de análise de matéria fático-
Por outro lado, o apelo merece ser conhecido pela probatória para se chegar a esta conclusão. Precedentes
alínea “c” do permissivo constitucional, em razão de ter do STJ.
sido demonstrado o dissídio jurisprudencial.
2. A arrematação realizada por preço vil, nula torna-
Ultrapassado o juízo de admissibilidade, passo ao se a mesma. Ademais, para a sua decretação, não é ne-
exame do recurso. cessário que o executado impugne a avaliação. Prece-
Colhe-se do voto condutor do acórdão recorrido: dentes do STJ.
“No caso em tela, o valor da arrematação não pode 3. Agravo Regimental improvido” (AgRg nos EDcl no
ser considerado vil. É que o valor alcançado no leilão Ag 454.247/SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJU de 19.05.03);
corresponde aproximadamente 33,3% da reavaliação dos “Execução - Arrematação - Imóvel - “Preço vil” - Con-
bens constritados. Pacífico o entendimento desta Corte ceito.
de que para que se considere vil o preço alcançado em
arrematação, mister seja inferior a 30% da avaliação” (fls. 1. O conceito de preço vil resulta da comparação entre
59-60). o valor de mercado do bem penhorado e aquele da
arrematação.
Admite-se a arrematação em segundo leilão por va-
lor inferior ao da avaliação, consoante se depreende da 2. Em se tratando de arrematação de imóveis, presu-
dicção da Súmula 128/STJ: me-se vil o lance inferior a 50% do valor da avaliação atua-
lizado. O respeito aos arts. 620 e 692 do CPC exige a atu-
“Na execução fiscal haverá segundo leilão, se no pri- alização dos valores dos bens que irão à hasta pública.
meiro não houver lanço superior à avaliação.”
3. Recurso provido” (REsp 448.575/MA, Rel. Min.
Contudo a aquisição do bem, a despeito da possibili- Humberto Gomes de Barros, DJU de 22.09.03).
dade de se dar por valor menor ao da avaliação, não pode
ocorrer por valor vil, ante o prescrito no artigo 692 do CPC, Assim, o julgado hostilizado merece reforma, em ra-
assim redigido: zão de ter concluído que, em segundo leilão, não se ca-
racteriza como sendo vil o preço que alcança o equivalen-
“Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda te a 33,3% do valor do bem.
praça ou leilão, ofereça preço vil.”
Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial.
Firmou-se nesta Corte o entendimento de que se
caracteriza o preço vil quando a venda judicial da coisa É como voto.
não alcançar, ao menos, a metade do valor constante do Brasília, 26 de junho de 2007
Vistos etc., acorda, em Turma, a 8ª Câmara Cível do No entanto, o referido dispositivo legal, por invadir
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorpo- seara de competência legislativa da União, foi declarado
rando neste o relatório de fls., na conformidade da ata inconstitucional por este Egrégio Sodalício, quando do jul-
dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimida- gamento da ADI nº 1.0000.04.410449-5/000, de Relatoria
de de Votos, em confirmar a sentença no reexame neces- do Ilustre Des. Antônio Hélio Silva.
sário. De outro norte, como bem asseverado pelo douto Juiz
Belo Horizonte, 11 de outubro de 2007. a quo:
Des. Roney Oliveira - Relator “(...) a Lei Federal nº 7.433/82 dispõe sobre a docu-
mentação necessária para a lavratura da escritura públi-
VOTO ca, quando da efetivação deste tipo de ato jurídico. O re-
Trata-se de reexame necessário em face da r. sen- ferido dispositivo legal, regulamentado pelo Decreto nº
tença de fls. 100/103, que concedeu a segurança 93.240/86, estabelece a exigibilidade da expedição de
impetrada por João Batista Ribeiro, determinando à titular certidão negativa de débito fiscal relativa ao imóvel alie-
do 3º Ofício de Notas da Comarca de Caratinga, a lavratura nado. Contudo, pode o adquirente dispensar a apresenta-
da escritura de compra e venda do imóvel objeto do lití- ção da certidão, caso em que responderá pelo pagamen-
gio, sem a exigência de apresentação da certidão negati- to de eventual débito tributário relativo ao imóvel (Dec.
va de débitos da alienante para com a Fazenda Pública 93.240/88, art. 1º, § 2º).
Estadual. Em sendo o débito relativo ao imóvel, pode o
Decorreu in albis o prazo para apresentação de ape- adquirente dispensar a apresentação da certidão, caso
lo voluntário. em que se responsabilizará pelo pagamento do aludido
tributo. Noutro caso, sendo o débito relativo à pessoa do
Instada a se manifestar, opinou a douta Procurado-
alienante, deve a Fazenda Pública valer-se dos meios le-
ria-Geral de Justiça pela confirmação da decisão
gais para cobrá-lo e não utilizar-se de outras vias para
monocrática (fls. 108/111).
recebimento do que entende que lhe é devido” (fl. 102).
É o relatório.
Assim, não pode servir de óbice à lavratura da escri-
Conheço da remessa necessária. tura pública de compra e venda de imóvel a exigência de
No caso em apreço, não vejo como deixar de presti- certidão referente a débitos porventura existentes quanto
giar a bem lançada sentença primeva, eis que o douto à pessoa do alienante, a não ser que reste provado qual-
Magistrado, com destreza, deu o adequado deslinde à quer tipo de fraude, o que, in casu, não ocorreu.
causa. Com tais considerações, confirmo, no reexame ne-
cessário, a bem lançada sentença, por seus próprios e
Com efeito, o artigo 32, da Lei Estadual n. 14.699/03,
jurídicos fundamentos.
na parte em que altera a redação do artigo 219, V, § 2º, da
Lei Estadual n. 6.763/75, determina aos notários, no ato Custas, na forma da lei.
da lavratura da escritura pública, a exigência de apresen- Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembar-
tação de certidão negativa de débitos tributários, quando gador(es): Fernando Bráulio e Silas Vieira.
Acordam, em Terceira Câmara de Direito Privado do par Ripert er Boulanger, Paris, Libraire Générale, 1952, T.
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a II/22, nº 54). No mesmo sentido Geny (Benny, Des Droits
seguinte decisão: “deram provimento ao recurso, v.u.”, de sus les Lettres Missives, V. I, nº 29, apud Orlando Gomes,
conformidade com o voto do Relator, que integra este ob. cit.) e Josserand (Josserand, Derecho Civil, trad. Es-
acórdão. panhola, V. II, nºs 32 e 33, apud Orlando Gomes, ob. cit.,
O julgamento teve a participação dos Desembargadores pág. 46).
Caetano Lagrasta (Presidente, sem voto), Adilson de O que caracteriza essencialmente um contrato de
Andrade e Maria Olívia Alves. adesão é a uniformidade e abstratividade do conteúdo das
São Paulo, 17 de outubro de 2006. cláusulas preestabelecidas. Tais condições gerais aplicam-
se a uma série teoricamente infinita de contratos. A idéia
Beretta da Silveira, Relator. de contratualidade pela adesão é meramente formal e se
VOTO aperfeiçoa como o consentimento livre do aderente. E,
Trata-se de ação de revisão contratual julgada pro- para se reconhecer a ilegalidade de alguma cláusula do
cedente em parte pela r. sentença de folhas, de relatório contrato mesmo de adesão, haverá de estar demonstra-
adotado. da a abusividade expressa, não sendo bastante o argu-
mento de que se trata de contrato de adesão.
Apela a requerida alegando, em resumo, que a cor-
reção das parcelas foi estabelecida com base na varia- Não se vislumbra, aqui, abusividade de porte a viciar
ção do IPC-Fipe nos termos do contrato, devendo ser jul- o contrato.
gado improcedente o pedido inicial. Resta examinar, por fim, a alegação de ter havido
É o relatório. “lesão enorme”, ou onerosidade excessiva.
e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se ob. citada, pág. 88).
transforma em contrato, desde que a aceitação seja opor- Nesse sentido esta Câmara já deitou vozes: Apel. nº
tuna (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito 238.451.4/3-00, de São Bernardo do Campo, 3ª Câmara
Civil, vol. III, Rio de Janeiro, 1978, pp. 40 e 41). Se a lei, de Direito Privado, rel. Des. Beretta da Silveira, Apel. nº
porém, exige forma especial, somente uma vez dela re- 340.219.4/4-00, de São Paulo, 3ª Câmara de Direito Pri-
vestido o contrato estará perfeito (J. M. Carvalho Santos, vado, rel. Des. Beretta da Silveira, Apel. nº 393.494.4/0-
Código Civil Brasileiro Interpretado, vol. XV, pág. 53). A com- 00, de Sumaré, 3ª Câmara de Direito Privado, rel. Des.
plexidade de certas convenções nascidas das necessida- Beretta da Silveira.
des econômicas modernas, porém, muitas vezes engen-
dra dificuldades na determinação do momento de “perfei- Nem uma coisa ou outra se vislumbra na contratação
ção” do contrato, onde se poderá verificar o equilíbrio entre as partes, daí a não configuração da onerosidade
contratual ou a sua falta (Patrick de Fontbressin, de excessiva ou da lesão enorme, até porque a alegada des-
l’Influence de l’Acceptation du Concept de Prix sur l’Évolution proporção teria surgido somente após a realização do
du Droit des Contrats, in Revue de Droit Civil, 1986, p. 674)”. negócio entre as partes.
No caso da excessiva onerosidade superveniente, Não se vislumbra nenhuma abusividade nas cláusu-
tais circunstâncias relevam se e enquanto ligadas direta- las contratuais, que, mesmo vistas sob o manto do código
mente ao conteúdo do contrato, alterando o valor das pres- consumerista, não comportam revisão. O índice de corre-
tações, ainda que sem influir sobre a atividade das par- ção das prestações foi livremente pactuado, qual seja, o
tes. Por outro lado, enquanto os efeitos da lesão incidem IPC-Fipe, não se podendo perder de vista que tal índice é
sobre o plano da validade do negócio, os da excessiva legal e aceito pelo mercado imobiliário.
onerosidade superveniente atuam sobre a sua eficácia Ante o exposto, dá-se provimento ao recurso para se
(Ruy Rosado de Aguiar Júnior, Extinção dos Contratos por julgar improcedente o pedido inicial, invertidos os encar-
Incumprimento do Devedor, pp. 40 a 44 e 152 a 159, in gos da sucumbência.
serve de residência. Diz que a Emenda Constitucional 26, hipótese de litisconsórcio necessário, à luz do art. 47 da
de 14/02/2000, não recepcionou o artigo 3º, VII, da Lei lei processual, mas facultativo, todo imóvel, incluída a
8.009/90. Mencionando doutrina e precedentes meação da mulher, está sujeito à execução, porque a fi-
jurisprudenciais, requer o provimento da apelação para ança foi prestada conjuntamente.
inversão do julgado para anular a penhora ou preservar a Cuidando-se de fiança prestada em conjunto, “im-
sua meação no imóvel (fls. 23/30). porta em compromisso de solidariedade entre elas, salvo
Recurso recebido e respondido (fls. 39/42). se houver declaração de reserva do benefício e da divi-
É o relatório no essencial. são, sendo lícito ao credor acionar qualquer um deles à
sua livre escolha (CC, art. 904), podendo exigir a dívida
Promoveu o locador Aldo de Oliveira Ceron contra o de algum dos co-devedores” (Extinto II TACiv - Ap. s/ Rev.
fiador Adolpho Kamide e os locatários Elídio Martins Neto 590.619-0/7, 9ª Câm., rel. Juiz, hoje Des. Irineu Pedrotti).
e Valdecira Donato da Matta ação de execução de alu-
gueres e encargos da locação (fls. 32/36). Nem há se falar em impenhorabilidade diante da vi-
gência do art. 82 da Lei 8.245/91, que acresceu exceção
Após a citação dos executados procedeu-se à pe- ao art. 3º, da Lei 8.009/90.
nhora do imóvel do fiador (fl. 50). Em 25/09/99 o fiador e a
executada foram intimados da constrição (fl. 50v). O bem de família, instituído pela Lei 8.009, é passí-
vel de constrição judicial por obrigação derivada de fiança
Não integrante do pólo passivo da execução, dada a em contrato de locação, em face da superveniente legis-
natureza da constrição realizada em bem de raiz, que lação inquilinária. Sendo a apelante fiadora do ajuste
enseja a imprescindibilidade de intimação do cônjuge locativo, não há como se lhe estender o benefício da
(CPC/669, § único), a embargante e também fiadora impenhorabilidade do bem de família.
Sayoko Kamide dela foi intimada em 13/11/99, ou
cientificada, como se vê da sua assinatura lançada no De outra parte, o disposto no artigo 6º, da Constitui-
verso do auto de penhora (v. fl. 50v). ção Federal, com a redação conferida pela Emenda Cons-
titucional nº 26, de 14/02/2000, é norma de natureza
Assim, se a mulher não foi citada porque a execução programática e, por isso, destituída de eficácia plena e
contra si não foi intentada, mas apenas intimada da pe- imediata, não é auto-aplicável, pelo que o bem de família
nhora em execução movida contra o marido, há entendi- responde pelo débito do fiador de contrato de locação,
mento que ela pode embargar a execução (RTJ 100/401), nos termos do disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei 8.009/
porque se tornou litisconsorte passiva (RTJ 94/460), como 90 (Lei 8.245/91, art. 82).
também há entendimento que não pode, porque não inte-
gra o pólo passivo, e sim o marido (RTJ 88/656; RT 650/ De se ponderar, ademais, que as regras
107), cumprindo-lhe oferecer embargos de terceiro (CPC/ programáticas do art. 6º, da Constituição Federal, visam
1.046), como sucedeu, pugnando pela nulidade do pro- à erradicação da pobreza, da marginalização e da redu-
cesso ou da penhora do imóvel, porque descumprido o ção das desigualdades sociais e regionais, para que pos-
art. 47 e seu § único do CPC ou, alternativamente, pela samos viver em uma sociedade mais justa, fraterna e so-
exclusão da sua meação. lidária, como já decidiu a então 8ª Câmara, do extinto
Segundo Tribunal de Alçada Civil (AI 762.320-0/0 - Rel.
Data venia, não há se falar em litisconsórcio neces- Juiz, hoje Des. Renzo Leonardi). Porém, como acentua-
sário (CPC/47) a gerar a nulidade do processo desde a do pelo eminente Relator, que se extrai do corpo do voto,
citação e nem em insubsistência da penhora, como ale- “esse escopo estatal deve ser buscado mediante o
gado pela apelante. implemento de políticas públicas assistenciais, como o
De ser lembrado que, na execução por título execu- Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, criado pela
tivo judicial ou extrajudicial, o litisconsórcio, em regra, é EC nº 31”, e não transferir esse ônus aos particulares.
facultativo e sua ausência não prejudica, em nada, o êxito A respeito, o então C. Segundo Tribunal de Alçada
da execução (Araken de Assis, “Manual do Processo de decidiu, voto do eminente Juiz, hoje Des. Amaral Vieira,
Execução”, RT, 4ª ed., p. 214). Não há litisconsórcio ne- que “O direito de moradia introduzido no artigo 6º da Cons-
cessário (CPC/47) na execução, “exceto se o patrimônio tituição Federal pela Emenda nº 26, de 14 de fevereiro de
de um deles não bastar à satisfação do crédito, e a de 2000, porque não regulamentado na Constituição, como
uniformidade do resultado final no procedimento” (autor e nela previsto (‘na forma desta Constituição’), tem caráter
obra cit., p. 215), que não é o caso. exclusivamente programático, valendo como um norte para
Por outro lado, por disposição de lei, os fiadores são o poder público e o legislador infraconstitucional, mas não
garantes solidários da dívida como um todo, se não se tendo eficácia plena enquanto não regulamentado, preva-
reservaram o benefício da divisão (art. 1.493, caput, do lecendo destarte as exceções previstas no artigo 3º da Lei
CC/1916 e 829, caput , do CC/2002). E, a garantia n. 8.009/90, norma que dispõe sobre a impenhorabilidade
fidejussória solidária não induz a exigência de litisconsórcio do bem de família” (EI 587.652-02/0, 4ª Câmara - J. em
dos fiadores, ausente norma ajustada em sentido oposto. 13/6/2001). Nesse sentido: AI 737.896-0/0 - Rel. Des.
Embora a ação de execução tenha sido promovida Orlando Pistoresi - J. em 23/5/2002.
apenas contra o marido e fiador, não se vislumbrando a Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.
22 DIÁRIO DAS LEIS IMOBILIÁRIO (DLI) 1º DECÊNDIO ABRIL/2008 – Nº 10
JURISPRUDÊNCIA CAR
JURISPRUDÊNCIA CART
TORÁRIA
REGISTRO DE IMÓVEIS – DUPLICIDADE DE TÍTULOS QUE SE APRE-
SENTAM CONTRADITÓRIOS E EXCLUDENTES – TRANSFERÊNCIA DE
DIREITO REAL DE PROPRIEDADE SOBRE O MESMO IMÓVEL – PRIO-
RIDADE DO TÍTULO QUE TEM NUMERAÇÃO MAIS BAIXA NO PROTO-
COLO – NEGATIVA AO REGISTRO MANTIDA (CSM/SP)
ACÓRDÃO nhora e sua adjudicação são anteriores àquelas realiza-
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apela- das no outro feito, no qual se produziu o título antagônico
ção Cível nº 689-6/5, da Comarca de Birigui, em que é (no caso, uma carta de arrematação).
apelante o Banco Nossa Caixa S/A e apelado o Oficial de A douta Procuradoria de Justiça opinou pelo
Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pes- improvimento, para que não houvesse maltrato ao princí-
soa Jurídica da mesma Comarca. pio da prioridade (fls. 96/98).
Acordam os Desembargadores do Conselho Superi- É o relatório.
or da Magistratura, por votação unânime, em negar provi- 2. De início, pode ser observado que se trata de Pro-
mento ao recurso, de conformidade com o voto do relator cedimento de Dúvida Inversa, na qual se denegou o re-
que fica fazendo parte integrante do presente julgado. gistro pretendido.
Participaram do julgamento, com votos vencedores, Decidiu-se com acerto.
os Desembargadores Celso Luiz Limongi, Presidente do
Inegavelmente, houve o ingresso no fólio de outro
Tribunal de Justiça e Caio Eduardo Canguçu de Almeida,
título contraditório, dias antes, relativo ao mesmo bem (fls.
Vice-Presidente do Tribunal de Justiça.
57 e 61/63).
São Paulo, 19 de abril de 2007
Assim, impossível se acolher a postulação sem mal-
Gilberto Passos de Freitas, tratar o princípio da prioridade.
Corregedor Geral da Justiça e Relator Em caso idêntico (Processo CG n° 829/2005), a
VOTO Corregedoria Geral da Justiça assim já se pronunciou:
Registro de Imóveis. Dúvida inversamente susci- Registro de Imóveis - Duplicidade de títulos de trans-
tada. Duplicidade de títulos, que se apresentam con- ferência de direitos reais sobre os mesmos imóveis que
traditórios e excludentes, acerca da transferência do se apresentam contraditórios e excludentes - Prioridade
direito real de propriedade sobre o mesmo imóvel. do título que tiver numeração mais baixa no Protocolo -
Prioridade do título que tem numeração mais baixa Inafastabilidade do exame pelo oficial registrador -
no Protocolo. Inafastabilidade do exame pelo oficial Inviabilidade de bloqueio das matrículas - Recurso parci-
registrador. Recurso improvido para manter a negati- almente provido.
va ao registro. (...)
1. Cuida-se de recurso interposto contra sentença Nos termos do art. 186 da Lei n. 6.015/1973, “O nú-
proferida (fls. 69/71) pela MMª Juíza Corregedora Perma- mero de ordem determinará a prioridade do título, e esta
nente do Oficial de Registro de Imóveis e anexos de Birigui, a preferência dos direitos reais, ainda que apresentados
que, em procedimento de Dúvida Inversa, negou acesso pela mesma pessoa mais de um título simultaneamente”.
ao fólio da Carta de Adjudicação aqui trazida a fls. 07/53.
Conforme se tem entendido, à luz dessa regra, uma
Assim se decidiu em razão do ingresso e registro de vez apresentados a registro títulos pelos quais se transfe-
outro título contraditório, dias antes, relativo ao mesmo rem direitos reais relativos ao mesmo imóvel, que sejam
bem. contraditórios e reciprocamente excludentes, terá priori-
Houve recurso a fls. 75/80, no qual há insurgência dade de exame aquele que ostentar numeração mais bai-
contra tal entendimento. Sustenta o apelante que sua pe- xa no Protocolo, com preferência, ainda, de registro, se
1º DECÊNDIO ABRIL/2008 – Nº 10 DIÁRIO DAS LEIS IMOBILIÁRIO (DLI) 23
JURISPRUDÊNCIA
JURISPR CART
UDÊNCIA CAR TORÁRIA
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apela- Após processamento do feito, sem constar
ção Cível nº 667-6/5, da Comarca de Ribeirão Pires, em impugnação da parte interessada, com manifestação
que é apelante Otto Richard Topic e apelado o Oficial de do representante do Ministério Público, a dúvida foi
Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pes- julgada procedente para o fim de manter a recusa do
soa Jurídica da mesma Comarca. Oficial em registrar o título, acolhendo a Meritíssima
provimento ao recurso, de conformidade com o voto do Inconformado com a respeitável decisão interpôs o
relator que fica fazendo parte integrante do presente interessado Otto Richard Topic, tempestivamente, o pre-
julgado. sente recurso.
Participaram do julgamento, com votos vencedores, Em preliminar, argúi a nulidade da sentença proferi-
os Desembargadores Celso Luiz Limongi, Presidente do da, por cerceamento do seu direito de defesa, em razão
Tribunal de Justiça e Caio Eduardo Canguçu de Almeida, de não ter sido juntada aos autos, antes da prolação da
Vice-Presidente do Tribunal de Justiça. sentença, sua impugnação à dúvida,tempestivamente
São Paulo, 19 de abril de 2007. apresentada. Assim, segundo entende, não puderam ser
considerados na decisão recorrida os seus argumentos,
Gilberto Passos de Freitas,
com violação do procedimento legal estatuído no art. 198
Corregedor Geral da Justiça e Relator
da Lei n. 6.015/1973.
VOTO
No mérito, sustenta que o equívoco na indicação do
Registro de Imóveis - Dúvida registral - Apresen-
seu estado civil na escritura por meio da qual adquiriu o
tação tempestiva de impugnação com juntada tardia,
bem foi sanado na escritura de re-ratificação posterior-
após a prolação da sentença - Violação à garantia do
mente lavrada, a permitir o registro pretendido.
contraditório - Interessado que teve obstada a possi-
bilidade de participar na formação do convencimento Já com relação à descrição do imóvel, argumenta
da autoridade julgadora - Nulidade do processo e da que a matrícula correspondente foi aberta com base nos
sentença proferida - Recurso provido. dados então existentes no assento registral, reproduzi-
dos no título levado a registro, não constituindo, tampouco,
1. Cuidam os autos de dúvida de registro de imóveis
óbice ao ato pretendido (fls. 104 a 118).
suscitada pelo Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e
Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de A Douta Procuradoria Geral de Justiça opinou no
Ribeirão Pires, referente ao ingresso no registro de escri- sentido do acolhimento da preliminar de nulidade da sen-
tura pública de venda e compra de imóvel, recusado em tença, por violação às regras do devido processo legal
virtude de erro na escritura pública por meio da qual o administrativo, e, no mérito, pelo improvimento do apelo
alienante adquiriu o bem e deficiência na matrícula quan- (fls. 131 a 137).
dúvida, a partir da decisão de fls. 64, deve ser acolhida. Como já decidido por este Colendo Conselho Supe-
Com efeito, conforme se verifica dos autos, suscita- rior da Magistratura, em acórdão da lavra do eminente
da a dúvida pelo Oficial Registrador, foi o Recorrente no- Desembargador Sérgio Augusto Nigro Conceição, então
tificado, no dia 18.07.2006 (fls. 98), para oferecer Corregedor Geral da Justiça:
impugnação, tendo cumprido tal ônus com a apresenta- “Registro de Imóveis - Dúvida - Inobservância do
ção em protocolo de sua manifestação em 31.07.2006 (fls. procedimento legal - Impugnação que somente foi junta-
72), ou seja, dentro do prazo de 15 dias previsto no art. da aos autos depois do julgamento, embora
198, III, da Lei n. 6.015/1973. tempestivamente apresentada - Nulidade da decisão -
“Não se pode transferir o usu- mesmo em favor do nu proprietário rito e não a letra, pois que a letra é
fruto por alienação; mas o seu exer- poderia ele ser alienado para recom- morta, e o espírito é vivo.
cício pode ceder-se por título gratui- por a plena propriedade, nem mes- Nos primeiros tempos do direi-
to ou oneroso”. Literalmente, este é mo pela renúncia, já que a renúncia to, a interpretação era puramente li-
o texto contido no art. 1393 do Códi- é uma das formas de alienação, e teral, porque, como diz JHERING, “in
go Civil Brasileiro de 2002, vigoran- pode ser gratuita ou onerosa. Um espíritu del derecho romano, III, p.
do desde 2003. verdadeiro entrave estaria estabele- 147”, citado por Clóvis, na pág. 59 da
“O usufruto só se pode transfe- cido. sua monumental obra de 1908, “Teo-
rir por alienação ao proprietário da Clóvis foi minucioso. Reale não ria Geral do Direito Civil”, “o apego à
coisa; mas o seu exercício pode ce- foi imprudente. Apenas eliminou pa- palavra é um desses fenômenos que,
der-se por título gratuito ou oneroso”. lavras inúteis, pois é certo que em no direito como em outros ramos do
Este é o texto redigido por Clóvis favor do nu proprietário não existe tal saber caracteriza a falda de madure-
Beveláquia, no Código Civil Brasilei- proibição, o art. 1410, I, lá está de za e de desenvolvimento intelectual”
ro, em 1916. forma clara permitindo que o usufru- (in princípio erat verbum).
Existiria alguma diferença funda- tuário renuncie o seu direito, e é evi- É incrível, mas existem registra-
mental entre um e outro texto? dente que ao renunciar, esse direito dores que insistem em devolver es-
irá de encontro à nua propriedade, crituras públicas, através das quais
Ao suprir a frase, “o usufruto só reconstituindo a plena propriedade
se pode transferir, por alienação, ao o pleno proprietário transfere a nua
em favor do nu proprietário, passan- propriedade a um e o usufruto a ou-
proprietário da coisa”, teria o legisla- do este a exercer a propriedade ple-
dor de alguma forma autorizado os tro, ou vice e versa, nu proprietário e
na. usufrutuário, conjuntamente, transfe-
encarregados de aplicar a lei a im- Essa renuncia poderá ser a títu-
pugnar as escrituras públicas pelas rem cada qual o seu direito a uma
lo gratuito ou oneroso, e é evidente única pessoa, recompondo nela a
quais o pleno proprietário de um imó- também que a renuncia é uma das
vel bipartisse o direito de proprieda- consolidação da propriedade plena.
formas de alienação. Justificam a recusa com estas
de, alienando o usufruto a uma pes-
soa e a nua propriedade a outra? É evidente também, que a proi- palavras: “não se pode transferir o
bição contida no art. 717 do velho usufruto por alienação”. Justificam o
Estaria o pleno proprietário im- Código e mantida no art. 1313 do atu- seu raciocínio mencionando o
pedido de instituir o usufruto, a título al Código, só pode existir depois que art.1313 do Código Civil.
gratuito ou oneroso, ficando com a o usufruto for constituído. É ao usu- Para esses registradores reco-
nua propriedade? frutuário que o legislador disse: “O mendamos a leitura dos vários au-
Obviamente não. Porque se as- usufruto não pode ser alienado”. Po- tores que se dispuseram a publi-
sim fosse, a constituição do usufruto rém, é elementar, que ele disse com car códigos comentados. Os traba-
por ato “inter vivos” desapareceria do as exceções acima, e não de uma lhos maravilhosos do ilustre regis-
nosso direito. Por outro lado, o usu- forma absoluta, pois a lei é obra ex- trador, professor e doutor ADEMAR
fruto uma vez constituído, não pode- clusiva do homem, e nasceu estúpi- FIORANELLI, além dos pareceres
ria ser consolidado à nua proprieda- da e cruel nos frágeis começos da de ilustres juristas, entre eles
de, porque se a proibição fosse inter- razão humana. Mas, fosse ela, em- WALTER CENEVIVA e AFRÂNIO DE
pretada com apego à palavra, nem bora divina, cumpriria seguir o espí- CARVALHO.
Muito se discute sobre a possi- direito privado, os interesses do con- a dificuldade imposta, sem conside-
bilidade de reconhecimento da per- domínio também entram em conflito rarmos posteriormente o problema
sonalidade jurídica aos Condomínios com um ou uns dos condôminos, re- que surgirá para alienação do bem,
dentro do âmbito da finalidade e de querendo que àquele entre em juízo em razão da provisoriedade da con-
sua constituição. Alguns estudiosos pleiteando a cobrança e não rara- dição de condômino, em alguns ca-
e até mesmo a jurisprudência, vêm mente a execução da unidade au- sos.
defendendo a possibilidade de este tônoma para solver as obrigações Vale lembrar aqui que os estu-
ente adjudicar unidades autônomas condominiais. Assim, no caso de co- diosos, que negam a existência de
dos condôminos inadimplentes, ten- brança/execução de quotas condomi- personalidade jurídica ao Condomí-
do em vista a realidade dos negócios niais, o condomínio tem legitimidade nio, prendem-se, quase que unica-
jurídicos e a complexidade das rela- para propor a demanda judicial. Ao mente, pela ausência de vontade dos
ções civis imporem a admissão do seu término, não havendo o paga- condôminos de constituir uma asso-
condomínio como pessoa distinta dos mento, o imóvel poderá ser arrema- ciação. Sustentam em apertadas li-
condôminos. Em que pesem estas tado por terceiro, cuja carta será re- nhas que, primeiramente, não há
considerações, ao condomínio gistrada no Registro de Imóveis. previsão legal nesse sentido. Em se-
edilício já são assegurados alguns Caso o Condomínio queira ad- gundo lugar, que o rol das pessoas
direitos, como o de, por exemplo, judicar, o advogado deverá apresen- jurídicas é taxativo, não podendo o
postular em juízo (capacidade tar uma relação dos condôminos em julgador estender a personalidade
postulatória). juízo para permitir a expedição da jurídica aos entes, se a lei não o fez.
Como as pessoas jurídicas de carta em nome dos proprietários. Veja Em terceiro lugar e principalmente,
na ausência da vontade de associar- mitar aquilo que o legislador não o ados. Entretanto, defender uma po-
se. fez. sição distinta é refutar a realidade.
A falta de disciplina legal não é nada mais razoável do que conside- bre alienação em hasta pública. Con-
motivo de escusa para impossibilitar rá-lo com personalidade jurídica para clui o autor, afirmando que “se pro-
a adjudicação pelo condomínio, pois as aquisições de que necessite e au- blemas para isto há, toca ao Estado
ao particular, pelo princípio da legali- torizadas por sua assembléia geral.¹ resolvê-los.”
dade, tudo que não lhe é expressa- Ocorre que para a efetivação do Nesse mesmo sentido, a juris-
mente vedado por lei, pode ser exer- Direito neste ponto específico, en- prudência tem manifestado favoravel-
cido. Aliás, a interpretação restritiva quanto não houver uma norma con- mente ao registro, senão vejamos:
nos institutos civilísticos deve cons- creta definindo o assunto, continua- Em melhor e detida análise do
tar na lei (caso de renúncia, etc.), não rá a jurisprudência servindo de fonte presente caso, estou a firmar enten-
podendo os operadores do direito li- para a resolução dos problemas cri- dimento de que o condomínio possui
personalidade jurídica para adquirir Como se pode perceber, admitir veio em boa hora, a fim de regula-
imóvel, desde que preenchidos al- a personalidade jurídica do condomí- mentar esse tão polêmico tema.
guns requisitos legais.³ nio é a interpretação, que além de Finalmente, enquanto a matéria
CONDOMÍNIO. ADJUDICA- coadunar-se com a atividade dos não for regulamentada e caso o re-
ÇÃO DE UNIDADE. LANÇAMEN- condomínios atuais, facilita o ingres- gistrador venha qualificar negativa-
TO REGISTRAL. POSSIBILIDADE so da Carta de Adjudicação expedida mente o título, sugere-se ao Oficial
ATRAVÉS DA PESSOA DO SÍNDI- em favor do condomínio no fólio real, do Registro de Imóveis solicitar ao
CO. Tendo o condomínio adjudica- dando efetiva publicidade e seguran- próprio Juízo do feito, para que seja
do uma unidade, em decorrência ça jurídica aos negócios feitos sob o determinado o ato de registro da Car-
de ação de cobrança, fica o síndi- manto do Poder Judiciário. O condo- ta de Adjudicação em nome do con-
co, legitimado a efetuar o registro mínio edilício nada mais é do que um domínio, nos termos em que fora
da propriedade em nome do con- tipo peculiar de associação, ou seja, expedida, ou então, por provocação
domínio adjudicante. APELO PRO- “união de pessoas que se organizam da parte, suscitar dúvida.
VIDO. Com relação a este aresto para fins não econômicos”6, tendo
NOTAS
do Tribunal Gaúcho, que teve por “legitimidade para adquirir bens imó-
veis em decorrência de execuções”7. 1. FRANCO, J. Nascimento.
fundamento a cobrança de quotas
Revista de Direito Imobiliário do IRIB.
condominiais, isto é, não se apli- Portanto, negar ao condomínio
RODRIGUES, Marcelo Guimarães,
cando o art. 63 da Lei nº 4.591/64, a possibilidade de adjudicar o imó-
Sentença da Vara de Registros Pú-
os julgadores reconheceram a exis- vel torna inócua a capacidade
blicos, da Comarca da Capital do
tência de personalidade jurídica ao postulatória e posterga a desocupa-
Estado de Minas Gerais.
condomínio e aplicaram o Direito ção do bem pelo condômino inadim-
ao caso concreto, com fundamen- plente. É claro que a adjudicação 2. MILMAN, Fábio. Observações
to na analogia, nos costumes e nos deverá ocorrer através de autoriza- proferidas no V Simpósio de Direito Imo-
princípios gerais do Direito, mas ção da Assembléia Geral, especial- biliário. Associação Gaúcha dos Advo-
não na lei, atividade esta de juris- mente convocada, com intuito de le- gados do Direito Imobiliário Empresari-
dição, que não compete ao Regis- gitimar o condomínio a adquirir o al (AGADIE), em outubro de 2007.
4
trador. bem imóvel. 3. Marcelo Guimarães, Senten-
Interessante, também, é a ques- Neste passo, adjudicado o bem ça da Vara de Registros Públicos, da
tão suscitada pelo brilhante advoga- pelo condomínio, este representado Comarca da Capital do Estado de
do Flor Edison da Silva Filho5: pela pessoa do síndico (nos termos Minas Gerais.
Se o condomínio pode ter em- do artigo 1.348, II, do Código Civil) 4. TJRS. Apelação Cível nº
pregados, se o condomínio pode ad- deve requerer o registro do título ju- 70017684036, 17ª Câmara Cível.
quirir bens móveis em geral, se o con- dicial perante o Registro de Imóveis.
5. EDISON, Flor. Boletim Jurídi-
domínio tem inscrição no CNPJ da Em caso de posterior alienação para
co da AGADIE nº 63, p. 3 e 4:
receita federal, se o condomínio é ti- terceiros, assinará o contrato, a pes-
6. SALLES, Venício Antônio de
tular de conta corrente bancária, se soa que responde como síndico no
Paula. Decisão da 1ª Vara RPSP de
o condomínio recolhe tributos, se o momento da lavratura da escritura-
São Paulo, em 12/2/2004.
condomínio pode litigar em busca de pública, demonstrando sua legitimi-
dade através da Ata de eleição pela 7. SALLES, Venício Antônio de
seus direitos e pode ser processado
Assembléia, juntamente com a Ata de Paula. Decisão da 1ª Vara RPSP de
quando der causa a prejuízos, se o
Autorização da Venda. São Paulo, em 12/2/2004.
condomínio naturalmente tem vida
autônoma em relação aos condô- Assim, urge a aprovação do Pro- (*) O autor é Registrador / Tabe-
minos, por que o condomínio não jeto de Lei n° 874/07, de autoria do lião de Protesto em Sapucaia do Sul,
poderia adquirir imóvel? Deputado Ricardo Izar (PTB-SP) que RS.
gia, a não ser nos dois anos no meu ção os serviços afetos por lei, às mi- car o anexim “o uso do cachimbo faz
curso de normalista, na Escola Nor- nhas atribuições de cartorário, quer a boca torta”, continuei valorizando os
mal de Casa Branca, nos idos de os inseridos na área do Registro Ci- serviços cartorários nas suas múlti-
1937 e 1938. Tive um ótimo profes- vil, como na área do antigo tabe- plas modalidades, através do BOLE-
sor, cujo nome declino com respeito lionato, hoje notarial. A beleza, a im- TIM CARTORÁRIO, que hoje tem um
e saudade: LEÔNIDAS HORTA DE portância, o valor e a finalidade de valor social e profissional comprova-
MACEDO. A sociologia, como ciên- todos os serviços cartorários, esta- damente imenso. Todo cartorário
cia, estuda o social, ou mais didati- vam, está e sempre estará na sua fi- deve ser um sociólogo para sentir o
camente esclarecendo, estuda a so- nalidade, pois todos eles são eminen- valor dos serviços que realiza, e
ciedade em seu todo, e no todo soci- temente sociais. O interesse individu- realizá-los bem, NUNCA erronea-
al estão todas as atividades al dos que participavam do ato mente, nunca incorretamente, nunca
cartorárias. Quando em 1939 ingres- cartorário, já nos idos de 1939, eu (perdõem-me o termo que vou em-
sei abruptamente nas atividades sentia, vivia e valorizava o ato pregar) “porcamente”. Conheci
cartorárias, eu nada sabia sobre os cartorário, pois a finalidade de todos cartorários que causavam-me admi-
serviços que iria realizá-los; mas, re- eles eram, são e sempre serão emi- ração, e dentre eles (para ser mais
alizando-os senti que os serviços nentemente sociais. Nunca ví na ati- claro e preciso), um causava-me ad-
cartorários, na sua essência, todos vidade cartorária, em qualquer de miração especial, foi o senhor Wilson
eles, são eminentemente sociais. suas áreas, uma função individualis- Bueno Alves, pela forma perfeita com
Procurei executá-los da forma mais ta, pois, em todos eles o predomínio que executava e executa seus servi-
correta possível, dado seu predomi- do INTERESSE SOCIAL SE SOBRE- ços. De personalidade impositiva, de
nante fim, embora muitos envolvam PUJA, quer na perfeição de sua prá- acentuada dedicação aos serviços
interesses e direitos eminentemente tica, quer na sua finalidade. Lamen- que realizava no cartório do qual era
individuais. Se o individuo, em suas tável, muitos cartorários, do meu pas- titular aqui em São Paulo e hoje em
atividades, age segundo seus interes- sado e de longo tempo, só viam em Osasco, SP, com o passar do tempo
ses legítimos, o seu agir estará sem- tais serviços o resultado de sua exe- tornou-se em amizade, que ainda
pre submisso ao interesse social, in- cução ou prática: PERCEPÇÃO DOS perdura, com este componente: ad-
clusive os serviços cartorários. O fim EMOLUMENTOS. Toda a minha vida, miração. Este preâmbulo tem esta fi-
social dos serviços cartorários, levou- eu a dediquei na execução de servi- nalidade: destacar o valor da perso-
me a interessar pela sua perfeita, cor- ços cartorários... pois, durante toda nalidade do senhor Wilson Bueno
reta e legal execução. Como ex-es- a minha vida, só fui cartorário, e nes- Alves e o seu amor e sua dedicação
tudante normalista, interessei-me em sa atividade profissionalizei-me. Apo- aos serviços que realiza no cartório
que está sob sua direção. Mais do efetiva máquina de fiscalização tribu- do. Os notários e registradores, além
que a perfeição dos serviços que o tária do país. Ninguém compra ou de responderem pessoalmente e so-
cartorário realiza, está o valor que ele vende um imóvel sem que essa tran- lidariamente pelos tributos que têm
dá aos seus serviços. Sempre dei va- sação seja imediatamente informada obrigação de fiscalizar, são responsá-
lor aos serviços cartorários. Os ser- à Receita Federal, pelo notário ou veis diretos por todos os atos pratica-
viços cartorários que deixei de reali- pelo registrador, para se verificar a dos no cartório. Quando se reconhe-
zar foi porque, no meu entender, se compatibilidade das declarações de ce uma firma, autentica-se um docu-
os praticasse, estaria comprometen- renda com o patrimônio. Nenhuma mento, lavra-se uma escritura, regis-
do a minha atividade de cartorário. escritura é lavrada se não for apre- tra-se um imóvel, notifica-se uma pes-
Publicamente aqui destaco que igual sentada a certidão de regularidade soa, protesta-se um título, outorga-se
comportamento vi e vejo nos servi- com o IPTU, ou sem que o compra- uma procuração pública, em todos
ços cartorários que ao seu final tem dor, assuma total responsabilidade esses atos, muito além do carimbo do
a assinatura de Wilson Bueno Alves, pelo pagamento desse imposto, além cartório, agrega-se a esse documen-
pois só quem assim age e valoriza do pagamento do Imposto de Trans- to um seguro, baseado na responsa-
os serviços do cartorário, como ele missão “Inter Vivos” (ITBI). Nenhuma bilidade e fé pública do tabelião.
os valoriza, sente o valor e a impor- construção é averbada sem a com- Osasco, 30 de Janeiro de 2008".
tância da FUNÇÃO SOCIAL DOS provação do recolhimento das con-
O autor de tal exposição, cujo
SERVIÇOS DO CARTÓRIO, desta- tribuições previdenciárias dos operá-
nome lamentavelmente ignoro, resi-
cada por um candidato a provimen- rios que trabalharam na respectiva
de no Acre. Certamente nele pulsa o
to, por concurso, numa comarca do obra, com apresentação, no Regis-
espírito de luta, que seus antepassa-
Estado do Acre. O Sr. Wilson fez uma tro de Imóveis, da Certidão Negativa
dos acreanos, liderados por um gaú-
placa com os tais dizeres, exposto de Débitos do INSS.
cho, que por mercê de seu ideal e de
pelo candidato que realizou o concur- Graças aos registradores civis, sua luta, fez com que hoje o Acre in-
so (e por certo foi aprovado) naquele que informam gratuitamente o INSS tegrasse o território Nacional. Bem lon-
Estado, e a colocou no cartório que todos os óbitos ocorridos no mês, o ge, a FUNÇÃO SOCIAL DOS CARTO-
está sob sua direção. Tornou-se pú- sistema previdenciário brasileiro eco- RÁRIOS, com perfeição e objetivida-
blica, o que eu sempre vi nos servi- nomiza milhões de reais com a sus- de foi DESTACADA. Ao autor da ex-
ços cartorários: SUA FUNÇÃO SO- pensão imediata do pagamento de posição transcrita minha sincera ad-
CIAL. benefícios, que, sem essa informa- miração, pois, como já exposto no iní-
“ A FUNÇÃO SOCIAL DOS ção, continuariam a ser pagos cio, sempre vi e continuo vendo a
CARTÓRIOS indevidamente. FUNÇÃO SOCIAL DE TODOS OS
No Brasil, hoje em dia, os cartó- A responsabilidade é um dos pi- SERVIÇOS CARTORÁRIOS, embo-
rios vão muito além de sua função lares do sistema registral brasileiro, ra, lamentavelmente, muitos cartorá-
de registrar. Os cartorários são a mais que é exemplo e modelo para o mun- rios não a vejam.
Respostas: Nos termos do art. 1.345 do Código Civil, o adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante,
em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios, tendo em vista que tais despesas se revestem de
natureza propter rem, ou seja, acompanham o imóvel a que se vinculam; por isso o novo adquirente responderá pelo
pagamento dos eventuais débitos condominiais não quitados pelo alienante. O novo proprietário, ora arrematante,
deverá ajuizar contra o antigo proprietário, ora alienante, uma ação regressiva, cobrando o respectivo reembolso. Nos
termos do inciso IV, do art. 3º, da Lei 8.009/90, o imóvel, como bem de família, poderá ser penhorado em virtude de
cobrança de impostos, taxas e contribuições devidos em função do imóvel familiar. O imóvel instituído como bem de
família, nos termos do art. 1.715 do Código Civil, também poderá ser penhorado por despesas condominiais. Sobre
apuração de valores impugnados, é caso para processo de conhecimento envolvendo alta indagação nas vias ordi-
nárias, sujeitas a provas e perícias contábeis, a fim de se obter um valor líquido, certo e exigível para a devida cobran-
ça. Entretanto, veja no DLI e em nosso site www.diariodasleis.com.br a seguinte matéria: DLI nº 6, ano 1998 - (Jurispru-
dência) Arrematante. Débito condominial anterior à hasta. Exoneração. Exoneração do condomínio arrematante de
débito anterior a expropriação judicial. Com a nova redação do parágrafo único do art. 4º, da Lei nº 4.591/64, é pessoal,
contemporânea a constituição do débito, a responsabilidade do condomínio. Ficou esvaziada a clave propter rem para
tais obrigações. Houve inobservância, pelo Juiz da arrematação, do aludido dispositivo, complementado e reforçado
pelo art. 2º, parágrafo 2º, da Lei nº 7.433/85. Sem embargo, a jurisprudência desta Corte, é predominantemente favorá-
vel a isentar o arrematante dos débitos condominiais anteriores a hasta, sobretudo quando o leiloeiro recebeu e cum-
priu ordens do Juiz, para a oferta, livre de tais pendências. Recurso provido parcialmente para excluir da cobrança
despesas condominiais anteriores à arrematação. Rel.: Juiz Severiano Ignacio Aragão - Julg: 28/05/97 Apelação Cível
3234/97, J. 46785 Sétima Câmara - Unânime. (TJRJ, DJRJ 09.12.97, p. 92)
pode ocorrer mudança do estado civil. A segunda via de óbito, achei um tanto quanto absurda, uma vez que a
declaração de óbito é apenas declaratória, e quem declarou não precisa de obrigatoriamente ter conhecimento
de todos os dados do falecido. (M.M.B. – São Carlos, SP)
Resposta: Conforme matéria publicada no DLI nº 6, ano 2007 (Legislação Estadual e Municipal): Conclusões aprovadas
pelo grupo de estudos instituído pela Corregedoria Geral da Justiça, sobre a aplicação da Lei Federal nº 11.441/2007, no ítem
4.11.4 e 4.11.6, exige-se apenas a Certidão atualizada (90 dias) de Casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casa-
dos, bem como a Certidão de propriedade, ônus e alienações dos imóveis, atualizada (30 dias), não exigindo o mesmo para a
certidão de óbito. A Resolução do Presidente do Conselho Nacional de Justiça nº 35, de 24.04.2007, arts 22 e segts., publicada
no DLI nº 16, ano 2007 (Legislação Federal), também não exige certidão atualizada de óbito. Entretanto, a certidão de óbito é
passível de retificação. Exemplo: quando da certidão não consta a profissão de lavrador do falecido, a fim de obter aposentado-
ria rural para a viúva.
Resposta: Será necessário saber das normas legais que traçaram os limites territoriais, com seus característicos, bem
como as plantas oficiais de propriedade das Prefeituras. Em matéria de Direito Processual Civil, em havendo dúvida sobre os
limites territoriais de duas comarcas, a competência para o julgamento das ações imobiliárias se firma pela prevenção, por
aplicação analógica da regra do art. 107 do Código de Processo Civil. IMÓVEIS SITUADOS EM DUAS COMARCAS – DLI nº
10/1992, pág. 29/30: 1 - As divisas entre comarcas, são estabelecidas em Lei, que leva em consideração vários fatores.
Fixam elas a competência territorial das autoridades. Na fixação de divisas entre comarcas não são considerados contudo,
os imóveis que podem ser por elas atingidos. Assim, alguns imóveis, pela sua localização, podem ser cortados em suas áreas
pelas divisas estabelecidas em lei. 2. Isso ocorrendo, estabelece o art. 169, no seu item II, da Lei 6.015/73, que os registros
relativos a imóveis situados em comarcas ou circunscrição limítrofes serão feitos em todas elas. 3. Como se faz a matrícula
do imóvel e o registro, se tal ocorrer? Decidiu o Conselho Superior da Magistratura, em oposição ao entendimento do Oficial
e do magistrado de primeira instância que “Os registros devem se referir ao todo, não apenas às parcelas localizadas nesse
ou naquele Município, bastando a existência de referências recíprocas nos dois registros acerca da circunstância” (Cf. Ap.
Cível n.º 13.549-0/5 - Limeira - DJ. 7.jan.1992, p. 31). LEI DE REGISTROS PÚBLICOS: Art. 27. Quando a lei criar novo
cartório, e enquanto este não for instalado, os registros continuarão a ser feitos no cartório que sofreu o desmembramento,
não sendo necessário repeti-los no novo ofício. Parágrafo único. O arquivo do antigo cartório continuará a pertencer-lhe. Art.
169. Todos os atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no cartório da situação do imóvel, salvo: I - as
averbações, que serão efetuadas na matrícula ou à margem do registro a que se referirem, ainda que o imóvel tenha passado
a pertencer a outra circunscrição; II - os registros relativos a imóveis situados em comarcas ou circunscrições limítrofes, que
serão feitos em todas elas, devendo os Registros de Imóveis fazer constar dos registros tal ocorrência.(Inciso alterado pela
Lei nº 10.267/2001, DOU 29.08.2001). Nota: Assim dispunha o inciso alterado: II - os registros relativos a imóveis situados em
comarcas ou circunscrições limítrofes, que serão feitos em todas elas. Art. 170. O desmembramento territorial posterior ao
registro não exige sua repetição no novo cartório. Art. 229. Se o registro anterior foi efetuado em outra circunscrição, a
matrícula será aberta com os elementos constantes do título apresentado e da certidão atualizada daquele registro, a qual
ficará arquivada em cartório. Art. 237. Ainda que o imóvel esteja matriculado, não se fará registro que dependa da apresenta-
ção de título anterior, a fim de que se preserve a continuidade do registro.
OBS .: Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado.
Veja os índices completos em nosso site: www.diariodasleis.com.br