01-Pre-Modernismo
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PRÉ-MODERNISMO
1. INTRODUÇÃO 3. CARACTERÍSTICAS
O Pré-modernismo não constitui um estilo de Apesar de o Pré-modernismo não constituir
época e, sim, uma fase de transição da literatura bra- uma “escola literária”, pode-se perceber alguns pon-
sileira, pois os primeiros vinte anos do século XX a- tos comuns nas principais obras desse período:
presentaram uma vasta e diversificada produção Ruptura com o passado - mesmo havendo
literária. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo posturas conservadoras, na época, alguns
genérico que designa a produção literária de alguns autores optaram pela originalidade e liber-
autores que, não sendo ainda modernos, já promovem dade, como é o caso de Augusto dos Anjos,
rupturas com o passado. com sua poesia que era uma verdadeira a-
Nesta época, ainda podem-se encontrar as mais fronta à poesia parnasiana ainda em vigor e
variadas tendências e estilos literários, uma vez que também de Lima Barreto, que criticava a u-
poetas parnasianos e simbolistas continuavam a pro- tilização de linguagem pomposa.
duzir. Os chamados pré modernistas começaram a Denúncia da realidade brasileira - a lite-
desenvolver um novo regionalismo, além da preocu- ratura da época nega o Brasil literário her-
pação com uma literatura política e até apresentavam dado do Romantismo e mostra o Brasil não
propostas realmente inovadoras, como no caso de oficial do sertão nordestino, dos caboclos
Augusto dos Anjos, na poesia. interioranos, dos subúrbios.
Regionalismo - monta-se um vasto painel
2. CONTEXTO HISTÓRICO
brasileiro: o Norte e o Nordeste, com Eu-
A Europa se preparava para a Primeira clides da Cunha; o Vale do Paraíba e o inte-
Guerra Mundial; rior paulista, com Monteiro Lobato; o
Iniciou-se no Brasil a “República do café- Espírito Santo, com Graça Aranha; o su-
com-leite” dos grandes proprietários rurais búrbio carioca, com Lima Barreto.
em substituição à “República da espada” Preferência por tipos humanos margina-
dos marechais Deodoro da Fonseca e Flori- lizados - Os escritores pré-modernistas a-
ano Peixoto. presentam em suas obras o sertanejo
Esta época foi marcada pelo auge da eco- nordestino, o caipira, os funcionários públi-
nomia cafeeira no Sudeste, pela entrada de cos, os mulatos etc.
grandes levas de imigrantes no país, nota- Contemporaneidade política, econômica
damente de italianos, pelo esplendor da e social - a distância entre a realidade e a
Amazônia, com o ciclo da borracha e pelo ficção diminui. Lima Barreto, na obra Tris-
surto de urbanização de São Paulo. te Fim de Policarpo Quaresma, retrata o
O grande progresso acentuou os fortes con- governo de Floriano e a Revolta da Arma-
trastes da realidade brasileira; por isso, nes- da; Euclides da Cunha, em Os Sertões, rela-
se período ocorreram várias agitações ta a Guerra de Canudos; Monteiro Lobato,
sociais: em Cidades Mortas, mostra a passagem do
1. na Bahia, ocorreu a Revolta de Canudos; café pelo Vale do Paraíba Paulista e Graça
2. o Ceará viveu vários conflitos que tiveram como Aranha, em Canaã, traz um documento so-
figura central o padre Cícero, o famoso “Padim bre a imigração alemã no Espírito Santo.
Cíço”;
4. AUTORES
3. o sertão viveu o tempo do cangaço, com a lendá-
ria figura de Lampião; a) Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha
4. no Rio de Janeiro, houve a “Revolta da Vacina”. (1866 - 1909) foi militar e engenheiro e, após deixar
5. também no Rio de Janeiro, tivemos a “Revolta da o exército, torna-se correspondente jornalístico e é
Chibata”, rebelião liderada por João Cândido, o enviado a Canudos, na Bahia, para cobrir a “Guerra
“Almirante Negro”; de Canudos’; desta experiência, publica Os Sertões.
6. em São Paulo, tiveram início os movimentos gre- Apesar de influenciado pela visão determinis-
vistas por melhores condições de trabalho. ta, cientificista e naturalista do mundo, faz, em sua
obra, denúncia da realidade brasileira, trazendo à to-
na as reais condições do nordestino. O motivo da
guerra em Canudos era, aparentemente, político, pois
o grupo daquela região era considerado um foro mo-
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narquista, pondo em risco o regime republicano; po- um Brasil agrário e ignorante, cheio de vícios e ver-
rém o que se viu no confronto foi o extermínio de mi- mes. Seu ideal de país era um Brasil moderno, esti-
lhares de pessoas em condições de vida subumana mulado pela ciência e pelo progresso.
que lutavam contra a estrutura social vigente. De fazendeiro, Lobato passou ao ramo editori-
A obra Os Sertões é dividida pelo autor em três al, sendo um de seus fundadores em nosso país. Cri-
partes: ou a Monteiro Lobato & Cia., a primeira editora
1 A terra = em que descreve detalhadamente a regi- nacional, e mais tarde a Companhia Editora Nacional
ão, sua geologia, seu clima, seu relevo; e a Editora Nacional, e mais tarde a Companhia Edi-
2. O homem = em que faz um elaborado trabalho so- tora Nacional e a Editora Brasiliense.
bre a etnologia brasileira, a gênese dos mestiços, a Na década de 30, envolveu-se na luta pela de-
ação do meio na formação das raças. Nesta parte, fesa das reservas naturais brasileiras, que vinham
introduz a figura mística de Antônio Maciel - o sendo inescrupulosamente exploradas por grandes
Antônio Conselheiro. empresas multinacionais. Com a publicação de "O
3. A luta = em que relata o conflito; neste ponto, há a escândalo do petróleo” (1936) denuncia o jogo de in-
denúncia das barbaridades no dia-a-dia dos seus teresses que envolve a extração do petróleo e o en-
acontecimentos. volvimento das autoridades brasileiras com os
Publicou ainda Peru versus Bolívia, Contras- interesses internacionais. Em 1941, já durante a dita-
tes e confrontos e À margem da história. dura de Vargas, foi preso por ataques ao governo,
provocando uma grande comoção no país inteiro.
b) Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 - A Obra
1922) não teve o prestígio e o reconhecimento em vi- Como escritor literário, Monteiro Lobato situa-
da; era criticado por não apresentar cuidado no estilo. se entre os autores regionalistas do Pré-Modernismo
Vítima de preconceitos (era mestiço) em suas obras, e destaca-se no gênero conto. Os universos retratados
há traços biográficos e sua característica mais mar- geralmente são os vilarejos decadentes e as popula-
cante era a visão da realidade brasileira em tom de ções do Vale do Paraíba, quando da crise do plantio
denúncia. Critica o nacionalismo ufanista, exagerado do café.
e utópico, o militarismo republicano, a educação re- Escritor sem qualquer pretensão de promover
cebida pelas mulheres, destinada ao casamento (de- renovação psicológica ou estética, Lobato foi antes
fendia o voto feminino). Seu estilo, tão criticado, de tudo um contador de histórias, de casos interessan-
aproxima-se da linguagem jornalística, é leve e fluen- tes, preso ainda a certos modelos realistas. Dono de
te. um estilo cuidadoso, não perdeu oportunidade para
Em Triste fim de Policarpo Quaresma, faz uma criticar certos hábitos brasileiros, como a cópia de
profecia sobre os regimes autoritários nazi-facistas modelos estrangeiros, nossa subserviência ao capita-
que insurgiram na década de 30. Policarpo é um per- lismo internacional, o carneirismo das massas eleito-
sonagem quixotesco, de nacionalismo absurdo que rais, o nacionalismo ufanista cego etc.
quer assegurar o nacionalismo puro, as tradições bra- Ficou famoso o seu polêmico artigo intitulado
sileiras mais legítimas, porém é manipulado pelo ma- “Paranóia ou mistificação?”, publicado no jornal O
rechal Floriano. Estado de S. Paulo, em 1917. Nele, Lobato criticou
Publicou também: Recordações do escrivão I- violentamente a exposição de pintura expressionista
saías Caminha, Numa e Ninfa, Vida e Morte de M. J. de Anita Malfatti, pintora paulista recém-chegada da
Gonzaga de Sá, Clara dos Anjos; sátira: Os bruzun- Europa, considerando seu trabalho resultado de uma
dangas, Coisas do Reino do Jambom; conto: História deformação mental.
e sonhos. Além de ter escrito literatura “adulta”, Lobato
Monteiro Lobato: o moderno antimo- foi também um dos primeiros autores de literatura in-
dernista fantil em nosso país e em toda a América Latina. Per-
Monteiro Lobato (1882-1948) paulista de sonagens como Narizinho, Pedrinho, Emília, Rabicó,
Taubaté, foi um dos escritores brasileiros de maior Visconde de Sabugosa, dona Benta e a negra velha
prestígio, por sua atuação como intelectual polêmico Tia Anastácia ficaram conhecidas por inúmeras gera-
e autor de histórias infantis. ções de crianças de vários países, e chegaram à tele-
Sua ação, além do círculo literário, estende-se visão brasileira, na década de 70, com o seriado O
também ao plano da luta política e social. Moralista e sítio do Pica-pau Amarelo. Lobato aproveita para
doutrinador, aspirava ao progresso material e mental transmitir às crianças valores morais, conhecimentos
do povo brasileiro. Com sua personagem Jeca Tatu, sobre nosso país, nossas tradições, nossa língua etc.
por exemplo - um típico caipira acomodado e mise- Augusto dos Anjos: O átomo e o cos-
rável do interior paulista -, Lobato critica a face de mos
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LITERATURA
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Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser defini- a) Trata-se de Monteiro Lobato, que, por meio de
da como: textos críticos e sinceros, discutiu a realidade
a) a necesidade de superar, em termos de um pro- brasileira do início deste século.
grama definido, as estéticas românticas e rea- b) Trata-se de Menotti Del Picchia, poeta e dra-
listas. maturgo da fase crítica do Modernismo, isto é,
b) a pretensão de dar um caráter definitivametne a primeira geração.
brasileiro à nossa literatura, que julgavam por c) Monteiro Lobato, autor do fragmento acima,
demais europeizada. dedicou-se apenas à literatura infantil.
c) uma preocupação com o estudo e com a obser- d) Mário de Andrade, criador também da figura
vação da realidade brasileira. de Macunaíma, é o célebre autor do texto da-
d) a necessidade de fazer crítica social, já que o do.
Realismo havia sido ineficaz nessa matéria. e) Poucos autores modernos brasileiros criaram
e) o aproveitamento estético do que havia de me- figuras regionalistas marcantes como Jeca Ta-
lhor na herança literária brasileira, desde suas tu. Seu criador idealizou uma ilha, chamada
primeiras manifestações. “Pasárgada”.
3 De conseqüências trágicas no processo de aniqui- 5 (UNESP) Volume contendo doze histórias tira-
lação dos “fanáticos” de Antônio Conselheiro, das do sertão paulista, foi citado por Rui Barbosa,
ocorrida no interior da Bahia em fins do século em discurso no Senado, apontando o personagem
XIX, deu origem a várias obras fundamentais pa- Jeca Tatu como o protótipo do camponês brasilei-
ra um melhor conhecimento do país e de seu inte- ro. Aponte o autor e sua obra:
rior. Entre as seguintes, assinale a de maior a) Monteiro Lobato – Urupês.
ressonância: b) Lima Barreto – Cemitério dos vivos.
a) Pelo sertão - de Afonso Anjos. c) Monteiro Lobato – Cidades mortas.
b) Os Sertões - de Euclides da Cunha. d) Coelho Neto – Fogo fátuo.
c) O Rei dos Jagunços - de Manuel Benício. e) Euclides da Cunha – Contrastes e confrontos.
d) Sertão - de Coelho Neto.
e) Grande Sertão: Veredas - de Guimarães Rosa.
6 (FEI) Uma das obras citadas abaixo foi escrita
por Lima Barreto. Assinale-a:
4 Leia o texto: a) Canaã.
Para comer, negociar uma barganha, ingerir b) Os sertões.
um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posi- c) Triste fim de Policarpo Quaresma.
ção será desastre infalível. Há de ser de cócoras. d) Eu.
Nos mercados, para onde leva a quitanda do- e) Urupês.
mingueira, é de cócoras, como um faquir do brama-
puta, que vigia os cachimbos de brehaúva ou o feixe
de três palmitos. 7 (UFRS) Uma atitude comum caracteriza a postu-
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e ra literária de autores pré-modernistas, a exemplo
feio na realidade! de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... e Euclides da Cunha.
Quando comparece às feiras, todo mundo logo Pode ela ser definida como:
adivinha o que ele traz; sempre coisas que a natureza a) a necessidade de superar, em termos de um
derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de programa definido, as estéticas românticas e
espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jissara, realistas.
guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pinhões, b) a pretensão de dar um caráter definitivamente
cestinhas, samburás, tipitis, pios de caçador; ou uten- brasileiro à nossa literatura, que julgavam por
sílios de madeira mole – gamelas, pilõeszinhos colhe- demais europeizada.
res de pau. c) uma preocupação com o estudo e com a obser-
Seu grande cuidado é espremer todas as conse- vação da realidade brasileira.
qüências da lei do menor esforço – e nisto vai longe. d) a necessidade de fazer crítica social, já que o
Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.
Sobre o criador do célebre Jeca Tatu, é correto a- e) o aproveitamento estético do que havia de me-
firmar: lhor na herança literária brasileira, desde suas
primeiras manifestações.
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GABARITO
Estudo dirigido
1 Arraial, urbs monstruosa, povoado novo, tapera
colossal.
2
a) “Os sertões”.
b) Romance.
3
a) Uma revolta contra as condições de vida da-
quele povo, que o governo procurou tratar co-
mo algo político.
b) Antônio Conselheiro.
Exercícios
1 C
2 C
3 B
4 A
5 A
6 C
7 A
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